UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA DISCIPLINA TÓPICOS ESPECIAIS EM FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO E LACTAÇÃO EPIDÍDIMO Doutorando: Rodrigo V. de Oliveira Orientador: Arlindo Alencar de Araripe Moura INTRODUÇÃO Túbulo seminífero Epidídimo Testículo Túbulo seminífero Espermatogônia Espermatócito primário Espermatócito secundário Espermátides Célula de Sertoli EPIDÍDIMO • É um orgão delgado que se estende entre os polos do testículo ao longo de sua borda medial, e possui em seu interior um ducto longo e enovelado circundado por uma camada de células musculares lisas. Touro: 40m Varrão: 60m Cavalo: 80m Figura 1. Corte histológico longitudinal epididimário (40x). DIVISÃO ANATÔMICA E HISTOLOGIA REGIONAL DO EPIDÍDIMO cabeça corpo cauda Epitélio pseudoestratificado alto com cílios longos e baixa concentração de espermatozóides; Epitélio pseudoestraificado colunar com estereocílios estereocílios encurvados e o vacúolos supranucleares, maior lúmen ductal e concentração de espermatozóides, Epitelio pseudoestratificado baixo, com poucos estereocílios, com lúmen amplo repleto de espermatozóides Canais eferentes Cabeça Corpo proximal Corpo distal Corpo Figura 1. Histologia regional do Marengo et al., 2008 epidídimo. Lúmen Epitélio Céls. Principais Absorção e secreção Leucócito Céls. Musculares lisas Cél. Basal Junções Tight Cél. Apical Cél. Clear Secreção de prótons Retirada substâncias do lúmen Figura 1. Secção transversal do ducto epididimário. EPITÉLIO EPIDIDIMÁRIO • Manutenção: – Dependente de Testosterona (T4) • Testicular – T4 (5a redutase) DHT – T4 (aromatase P450) E2 – IGF e EGF Ligação dos canais eferentes EPITÉLIO EPIDIDIMÁRIO • Região da cabeça (canais eferentes): – Epitélio + absorção • Cl • COH • Na • Região do corpo – Epitélio _ secreção • L-carnitina • Inositol • Ptns FUNÇÕES EPIDIDIMÁRIAS • Concentração – Ductos eferentes • Maturação – Cabeça e corpo (cauda) • Transporte • Proteção • Armazenamento – Quiescente: Cauda (+ 15 dias) Marengo et al., 2008 CONCENTRAÇÃO ESPERMÁTICA • Reabsorção do fluído testicular (90%) • Ductos eferentes – capilares fenestrados • Células Principais – Canais Na+ Zhou et al., 2001 MATURAÇÃO ESPERMÁTICA • Processo sequencial do desenvolvimento da capacidade fecundante dos espermatozóides ao longo do seu transporte epididimário. • Aspectos: morfológicos,bioquímicos e funcionais • Dinâmica do perfil protéico do epididimário => Maturação espermática fluído (Dacheux et al., 2003) Ovos fertilizados ou prenhez (%) cabeça corpo cauda Cooper et al., 2007 Gráfico 1. A capacidade fecundante de espermatozóides (eixo y) obtidos de diferentes regiões epididimárias (eixo x) após a inseminação artificial em várias espécies. Tabela 1. Transito epididimário dos espermatozóides em diferentes espécies Cabeça Corpo Cauda Total Touro 2 2 10 14 Varrão 3 2 9 14 Garanhão 2 3 5 10 Rato 3 3 5 11 Homem 2 1 5 8 FLUÍDO EPIDIMÁRIO • Complexidade dinâmica • Hiperosmótico (360-400 mOsm) – Imobiliza os sptz • pH = 6,5 • Composição: – componentes orgânicos (MM): inositol, glutamato – Íons inorgânicos: K, Cl, Ca e Na – Proteínas Dacheux and Dacheux, 2002 CONCENTRAÇÃO DAS PROTEÍNAS EPIDIDIMÁRIAS Porção Inicial da cabeça: 2-4 mg/ml Porção final da cabeça (máximo) : 50-60 mg/ml Cauda do epidídimo: 20-30 mg/ml Fouchecourt et al., 2000 PROTEÍNAS EPIDIDIMÁRIAS • Osteopontina • Manosidase e Galactosidase • Lactoferrina – Defesa; (+ garanhões) • α-L-fucosidase – Modificações carbohidratos de ptns de membrana Catepsina D (peptidase) • • Prostaglandina d sintetase (PGDS) – Interação com ptns hidrofóbicas, hormônios (T4) • NCP2 (HE1, CTP, Proteína transportadora de colesterol) – Estabilidade da membrana espermática • GPX (glutationa peroxidase): – estresse oxidativo • beta-N-acetil-hexosaminidase, – Interação sptz-zp • • • • PGDS (prostaglandin D2 synthase), E-RAPB (epididymal retinoic acid-binding protein). CRISP (cystein-rich secretory protein) Clusterina (+) Moura et al., 2006; Aitken et al., 2007; Dacheux et al., 2009 CRISP (cystein-rich secretory protein) • Múltiplas isoformas • Fusão sptz-oócito • Crisp-1 D (30 kDa) CAPACITAÇ ÃO Roberts et al., 2006 CLUSTERINA • Glicoproteína – Heterodímero (S-S) – a: 38 kDa/b: 36 kDa) • Ep. Epididimário e Céls. de Sertoli – Membrana espermática • Proteção espermática (danos oxidativos) Bailey et al., 2002; Moreno et al., 2002 EPIDIDIMOSSOMOS • São vesículas membranosas ricas em proteínas liberadas pelo epitélio epididimário, através de um processo de secreção apócrina. • Perfil protéico: – – – – – Glicosilfosfatidinositol P25b: PP26h: Ligação a zona pelúcida HE5: Fator inibitório da migração de macrofágos Ubiquitina: seleção espermática Glutationa peroxidase: estresse oxidatixo • Função (?) – Transporte de ptns à membrana espermática – Proteção contra proteases luminais Cornwall (2009) epididimossomos Figura 3. Diagrama esquemático da secreção apócrina no epitélio epididimário DIFERÊNCIAÇÃO ESPERMÁTICA NO EPIDIDÍMO • Reorganização da membrana plasmática • Migração da Gota Citoplasmática • Remoção seletiva das células espermáticas anormais • Condensação da cromatina • Aquisição da capacidade fecundante – Aquisição da motilidade progressiva – Capacidade de ligação zona pelúcida – Capacidade de fertilização e sobrevivência embrionária REORGANIZAÇÃO DA MEMBRANA ESPERMÁTICA E ACROSSOMA • Alteração do teor de fosfolipídios: (+ fluidez e estabilidade) Carneiro: (+) taxa de esteróis/fosfolipídios (0:26=>0:44) Suínos: (-) fosfatidiletanolamina (+) fosfatidilcolina. • Alteração perfil protéico • (-) testiculares: clusterina, albumina, transferrina e PGDS • (+) epididimárias MIGRAÇÃO DA GOTA CITOPLASMÁTICA • Gota citoplasmática – Região: • Difusão água • Entrada de osmólitos – Canais de K e Cl – Liberação: • ejaculação Rao et al., 1980; Yeung et al., 2005 REMOÇÃO SELETIVA DAS CÉLULAS ANORMAIS • Durante o transito epididimário – Fagocitose (Céls. Epiteliais dos Ductos eferentes e macrofágos na cauda do epidídimo) • (-) Céls. Anormalidades: cabeça, acrossomo e peça intermediária – Marcador para fagocitose • Secreção epidimária – Ubiquitina (18,5 kDa) – Ubiquinação ptns de membrana BASKA et al., 2008; HORN et al., 2002 CONDENSAÇÃO DA CROMATINA Região epididimária: Porção final da cabeça e corpo + PONTES (S-S) ENTRE RESÍDUOS DE CISTEÍNA EM NUCLEOPROTEÍNAS AQUISIÇÃO DA CAPACIDADE DE FERTILIZAÇÃO Movimento vibratório Movimento progressivo Capacidade de ligação a zona pelúcida Fertilização Movimento progressivo Capacidade de Fertilização Manutenção do desenvolvimento embrionário AÇÃO DE COMPONENTES DO FLUÍDO EPIDIDIMÁRIO NO DESENVOLVIMENTO DA RESISTÊNCIA ESPERMÁTICA AO ESTRESSE OSMÓTICO 1. Desidratação => Quiescência sptz 2. Reserva de osmólitos intracelular glutamato GFC L-carnitina H2O ejaculação taurina Mio-inositol cabeça Glicerolfosfocolina: GFC Soluto impermeável + cauda Resistência Estresses osmóticos INFERTILIDADE CAUSADA POR ALTERAÇÕES EPIDIDIMÁRIAS • Angulosidade flagelar: – Ratos knockouT C-ros • Proto-oncogene • Fluído epidimário: – (+) K+ – (+) pH – (-) fosfato • Espermatozóide – (-) mio-inositol e glutamato • Não ultrapassa a junção útero-tubária Cooper et al., 2007; Yeung et al., 1998 Considerações finais • A elucidação da fisiologia epididimária proporciona uma maior compreensão de outras áreas de estudo relacionadas da ação de andrógenos, proteção de células a danos oxidativos bem como diagnósticos e tratamentos de doenças do epidídimo. Rodrigo V. de Oliveira [email protected]