FUPAC – Fundação Presidente Antônio Carlos Faculdade Presidente Antônio Carlos de Uberlândia CURSO: MEDICINA VETERINÁRIA DISCIPLINA: FISIOPATOLOGIA DA REPRODUÇÃO ANIMAL Anatomia da Reprodução Masculina Prof. MSc. Bênner Geraldo Alves Uberlândia – MG Brasil 2011 Anatomia da Reprodução Masculina Testículo e Bolsa Escrotal Gônadas masculinas localizam-se exteriormente no abdômen em forma de bolsa derivada da pele e fáscia da parede abdominal. Cada um situa-se dentro do processo vaginal, extensão separada do peritônio que passa através da parede abdominal pelo canal inguinal. Os anéis inguinais interno e externo são as aberturas profunda e superficial do canal inguinal. Os vasos sanguíneos e nervos atingem os testículos no cordão espermático, que se localiza dentro do processo vaginal; o duto deferente acompanha os vasos, porém abandona-os no orifício do processo vaginal para juntar-se à uretra. O canal inguinal também dá passagem a vasos e nervos que suprem a genitália externa. Os espermatozóides abandonam os testículos pelos canais eferentes que penetram no duto tortuoso dos epidídimos, continuando no duto deferente reto. Durante a descida testicular, a gônada migra caudalmente dentro do abdômen para o anel inguinal interno, atravessa então a parede abdominal, emergindo no anel inguinal superficial. A descida é precedida pela formação do processo vaginal, uma dilatação peritoneal. 2 Figura 1 - Vista lateral do testículo do garanhão O tamanho testicular varia durante o ano nos reprodutores estacionais (carneiro, garanhão, camelo) a remoção de um testículo resulta em considerável aumento da gônada remanescente. No animal criptorquídeo unilateral, a remoção do testículo que se encontra na bolsa escrotal pode ser acompanhada da descida do testículo abdominal à medida que este aumenta de tamanho. As células intersticiais (Leydig), situadas entre os túbulos seminíferos, secretam os hormônios masculinos para o interior das veias testiculares e vasos linfáticos. As células espermatogênicas do túbulo dividem-se e diferenciam-se para formar os espermatozóides. Imediatamente antes da puberdade, as células sustentaculares (Sertoli) do túbulo formam uma barreira que isola as células germinativas em diferenciação da circulação geral. As células de Sertoli contribuem para a produção de fluidos pelo túbulo e podem produzir o fator inibidor Mulleriano encontrado na rete testis de machos adultos. As células sustentaculares não aumentam em número após a puberdade ter sido atingida. Este fato pode limitar a espermiogênese. A produção espermática diária varia de acordo com a espécie, porém calcula-se em torno de 15 a 30 x 10^6 espermatozóides/grama de tecido testicular. A produção espermática aumenta de acordo com a idade no período póspuberdade e está sujeita a modificações estacionais em muitas espécies. 3 A castração de machos pré-púberes suprime o desenvolvimento sexual. Figura 2 – Esquema do sistema tubular do testículo e epidídimo do touro Termorregulação Testicular Os testículos dos mamíferos devem ser mantidos em temperatura inferior à do corpo. Características anatômicas dos testículos e da bolsa escrotal permitem a regulação da temperatura testicular. Receptores de temperatura situados na pele escrotal podem proporcionar respostas que tendem a baixar a temperatura corpórea total, provocando dificuldade de respiração e sudorese. A pele escrotal é falha em gordura subcutânea, é extremamente dotada de glândulas sudoríparas, e o seu componente muscular (dartos) propicia alterar a espessura e a área superficial do escroto, além de variar a proximidade de contato dos testículos com a parede corpórea. As vantagens oferecidas por estes mecanismos são favorecidas pela especial relação das veias e artérias. Em todos os animais 4 domésticos, a artéria testicular é uma estrutura enrolada em forma de cone. Estas espirais arteriais estão intimamente ligadas pelo chamado plexo pampiniforme das veias testiculares. Neste mecanismo de contracorrente, o sangue arterial que entra nos testículos é resfriado pelo sangue venoso que os deixa. No carneiro a temperatura sofre uma queda de 4ºC em seu curso do anel até a superfície testicular. No cachaço, o escroto é menos penduloso e a sudorese menos eficiente, tais fatos podem demonstrar a menor diferença entre as temperaturas escrotais e retais (2,3ºC). Figura 3 – Trato Reprodutivo Masculino dos Animais Domésticos 5 6 Epidídimo No epidídimo são reconhecidos 3 partes anatômicas. A cabeça do epidídimo, onde um número variável de dútulos eferentes ligam-se ao duto do epidídimo. Em seguida a cabeça liga-se ao corpo do epidídimo que termina na cauda do epidídimo. A cabeça, corpo e cauda do epidídimo são claramente menos diferenciados no garanhão do que em outras espécies domésticas. Grandes volumes de fluidos abandonam os testículos diariamente, sendo que a maioria é absorvida na cabeça do epidídimo. O transporte dos sptz através do epidídimo leva cerca de 9 a 13 dias nas espécies domésticas. A maturação dos sptz ocorre durante a passagem através do epidídimo; a motilidade aumenta à medida que os sptz entram no corpo do epidídimo. O ambiente dos sptz na cauda do epidídimo subministra fatores que aumentam o valor da habilidade fertilizante; os sptz desta região promovem maior fertilidade do que aqueles do corpo do epidídimo. Os espermatozóides armazenados no epidídimo retêm a capacidade fertilizante por várias semanas; a cauda do epidídimo é o principal órgão de armazenamento e contém cerca de 75% de todos os espermatozóides epididimários. A especial habilidade da cauda 7 do epidídimo para estocar sptz está relacionada com a temperatura do escroto e ação do hormônio sexual masculino. Testículo e Epidídimo - Diferenças Entre Espécies Bovinos: Testículo: pendular. Epidídimo: cabeça dorsal, corpo posterior e cauda ventral. Pequenos Ruminantes: Testículo: pendular. Epidídimo: cabeça dorsal, corpo posterior e cauda ventral. Eqüinos: Testículo: posição horizontal, na região inguinal. Epidídimo: cabeça anterior, corpo dorso lateral e cauda posterior. Suínos: Testículo: posição perineal. Epidídimo: cabeça ventral, cauda dorsal. Cão: Testículo: horizontal. Epidídimo: cabeça anterior, corpo dorso medial, cauda posterior. Gato: Testículo perineal. Epidídimo: cabeça anterior, corpo dorso medial, cauda posterior. Funções do Aparelho Reprodutivo Produção de Gametas; Produção de Hormônio; Transporte de Gametas; Excreção de Urina e Ejaculação. 8 Função do Testículo Produção de Hormônios: Células de Leydig (adjacente aos túbulos seminíferos): Produz testosterona, estimulando a espermatogênese. São controladas pelo estímulo do LH para a secreção de testosterona. Células de Sertoli (túbulos seminíferos): Controla a produção de FSH pela hipófise, regulando a taxa de produção de espermatozóides nos túbulos seminíferos. INIBINA: Atua inibindo o FSH e regulando assim a produção de espermatozóide. Função do Epidídimo Transporte de espermatozóides; Absorção (cabeça e cauda); Concentração de sptz (cauda); Maturação espermática (cabeça); Importantes alterações físicas e citoquímicas, aumento da capacidade motora e de fertilização; Ganho de motilidade (cabeça e cauda); Ganho de fertilidade (cauda); Tempo de trânsito no epidídimo: Touro: 7 dias Carneiro: 16 dias Suíno: 12 dias Garanhão: 8 a 12 dias Glândulas Acessórias A próstata, as glândulas vesiculares e as glândulas bulbouretrais emitem suas secreções para dentro da uretra onde, por ocasião da ejaculação, são misturadas com a 9 suspensão fluida de espermatozóides e com as secreções ampolares dos dutos deferentes. Todas as glândulas acessórias são classificadas como lobularramificadotubular com musculatura lisa. Glândulas Vesiculares São órgãos glandulares pares que estão ausentes nos carnívoros e que, portanto não se acredita serem essenciais para a reprodução. Ruminantes: é a maior glândula acessória no touro, carneiro e bode. São órgãos compactos com superfície lobulada. No touro adulto medem 10-12 cm de comprimento, 5cm de largura e 3 cm de espessura. Em pequenos ruminantes é menor e mais arredondada, medindo 2,5 a 4 cm de comprimento, 2 a 2,5cm de largura e 1 a 1,5 cm de espessura. Cada glândula consiste de um tubo saculado de paredes muito espessas, dobrado sobre si mesmo de modo tortuoso. Em touros, se distendido, este tubo tem aproximadamente 25 cm de comprimento. Eqüinos: são dois sacos alongados e um tanto piriforme que se situam em cada lado da parte caudal da superfície dorsal da bexiga urinária. Cada vesícula consiste numa extremidade cega arredondada (Fundo); uma parte média, ligeiramente mais estreita (Corpo); e uma parte constrita (Colo ou ducto). Tem aproximadamente 15 a 20 cm de comprimento, e seu diâmetro maior é de aproximadamente 5cm. Suínos: são extremamente grandes, consistindo de duas massas piramidais, cada uma delas medindo de 12 a 17 cm de comprimento, 6 a 8 cm de largura e 3 a 5cm de espessura. Os dutos coletores de ambos os lados se unem para formar o duto excretor. Glândula Bulbouretral São estruturas pares deitadas dorsalmente de cada lado da uretra pélvica. Não está presente no cão. Ruminantes: medem no touro 2,8 cm de comprimento por 1,8 cm de largura. A parte proximal está coberta pelo músculo bulboesponjoso e, portanto pode não ser notada por via retal. Cada glândula tem um ducto que se abre na parede dorsal da uretra. Nos pequenos ruminantes mede 1 cm de diâmetro. No touro e carneiro é uma glândula tubuloalveolar e no bode é somente tubular. 10 Eqüinos: tem comprimento de 4 a 5 cm e 2 a 3 cm de largura. É composta por epitélio tubuloalveolar. Cada glândula tem de 6 a 8 dutos excretores que se abrem na uretra. Suínos: são muito grandes e densas. São cilíndricas e medem aproximadamente 15 cm de comprimento por 2 a 3 cm de largura. É composta por epitélio tubuloalveolar. Cada glândula tem um ducto excretor saindo da parte caudal e abrindo na uretra. Carnívoros: no gato tem diâmetro de 5 mm, está caudalmente à próstata. Tem um componente tubular e abre-se na raiz do pênis. Próstata Está presente em todas as espécies de mamíferos domésticos. É mais importante em cães, pelas patologias que a acometem. Consiste em duas partes, a parte disseminada, que consiste de elementos glandulares ao longo da uretra e o corpo situado atrás da entrada do duto deferente (ocorre no porco e no touro). Os pequenos ruminantes possuem somente a parte disseminada e os eqüinos e carnívoros somente o corpo. Ruminantes: é bilobulada e localiza-se na superfície dorsal da uretra. Mede 3,5 a 4 cm de comprimento e 1 a 1,5 cm de largura. Os dutos prostáticos se abrem em fileiras no interior da uretra. Eqüinos: situa-se no colo da bexiga e início da uretra. Consiste em dois lobos laterais e um istimo de ligação de 3 cm de comprimento. Cada lobo mede 5 a 9 cm de comprimento, 3 a 6 cm de profundidade e 1 cm de largura. Há de 15 a 20 ductos prostáticos de cada lado, que perfuram a uretra. Suínos: o corpo da glândula é relativamente pequeno, localizado na superfície dorsal da uretra. A parte disseminada é maior e circunda a parte pélvica da uretra e está coberta pelo músculo uretral. Carnívoros: é relativamente grande, de cor amarelada e estrutura densa. É globular e circunda o colo da bexiga urinária e a uretra em sua junção. Em cães com menos de 2 meses de idade a glândula está em posição abdominal enquanto que em animais de 2 a 8 meses está na posição pélvica. Após a maturidade sexual a próstata aumenta de tamanho e com aumento da idade muda de posição de pélvica para abdominal. 11 Depois dos 10 anos de idade a próstata pode ser considerada órgão abdominal. Pode ser palpada pelo reto. A parte disseminada é representada por pequeno número de lóbulos na parede da uretra. No gato tem forma bulbar e mede 10 a 12 mm de comprimento. A glândula cobre a uretra dorsalmente. Função Apesar de fornecer um veículo líquido para o transporte dos sptz, a função das glândulas acessórias é obscura, embora muito se saiba sobre os agentes químicos específicos com que elas contribuem para as ejaculações. A frutose e o ácido cítrico são componentes importantes da secreção das glândulas vesiculares dos ruminantes domésticos. Os spts da cauda do epidídimo são capazes de fertilizar quando inseminados sem a adição de secreções das glândulas acessórias. 12 Figura 4 – Diagrama das Genitálias Pélvicas 13