A ARTICULAÇÃO ENTRE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA COM O ENSINO MÉDIO DA EJA Marcia Costa Graichen Murbach1 Lice Helena Ferreira 2 Mariléia Cavallari3 Grupo de Trabalho – Educação de Jovens e Adultos Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O presente relato mostra o início de uma proposta de situação didática dentro da perspectiva de alfabetização científica com abordagem interdisciplinar após estudos preliminares inseridos no caderno III – Ciências da Natureza da segunda etapa de formação de professores do PNEM – Pacto Nacional pelo fortalecimento do Ensino Médio, MEC, Governo Federal. A proposta buscou levantar questões de investigação científica tendo como disparador a questão levantada pelos alunos e alunas de uma turma de Biologia do Ensino Médio da EJA – Educação de Jovens e Adultos do CEEBJA Paulo Freire em Curitiba: “Por que a conta de luz está tão cara?” A experiência mostra as diferentes visões dos educandos sobre o tema e a inclusão dos conteúdos curriculares previstos dentro das possibilidades de formação humana e integral na prática docente. Palavras-chave: Ciências da Natureza. Alfabetização Científica. Educação de Jovens e Adultos. Interdisciplinaridade. Mestranda em Educação Matemática pelo Programa de Pós Graduação em Ciências e Educação Matemática – UFPR. Pedagoga e Professora da Educação Básica do Estado do Paraná, atuando na Educação de Jovens e Adultos. Orientadora de estudos da formação de professores - Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio. E-mail: [email protected]. 2 Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná. Graduação em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná. Professora da Educação Básica do Estado do Paraná, atuando na Educação de Jovens e Adultos. E-mail: [email protected] 3 Graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual de Londrina. Licenciada em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Filadélfia- UNIFIL Professora da Educação Básica do Estado do Paraná, atuando na Educação de Jovens e Adultos. 1 ISSN 2176-1396 37521 Introdução A proposta discutida na formação continuada de professores, Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio – PNEM4, busca um processo de formação humana e integral dos educandos. Nessa perspectiva, a segunda etapa de formação discute as áreas de conhecimento e suas especificidades. Muito além de fragmentar o conteúdo curricular em momentos estanques e de pouco significado a intenção é a articulação das diferentes disciplinas com os conhecimentos prévios dos educandos. Sasseron e Carvalho (2011) apontam em seu artigo, Alfabetização Científica: uma revisão bibliográfica, a importância de um currículo de ciências que articule as mudanças sócio-históricas e conteúdos e citam Bybee e DeBoer quando afirmam: O currículo de ciências deve ser relevante para a vida de todos os estudantes, e não só para aqueles que pretendem seguir carreiras científicas, e os métodos de instrução devem demonstrar cuidados para a diversidade de habilidades e interesses dos estudantes. (1994, p.376) Por esse viés se incorpora a ideia de que o currículo de ciências precisa dialogar com a formação pessoal e que os educandos necessitam de conhecimentos em vários campos das ciências e perceber como esses saberes se transformam na formação das sociedades. Enfatizar a Alfabetização Científica como formadora de um sujeito protagonista em suas ações, crítico a respeito das responsabilidades e implicações que possam surgir para com a sociedade e o ambiente a partir dos conhecimentos científicos apreendidos, vai muito além de tratar o ensino apenas como aprendizagem de conceitos e métodos. A Educação de Jovens e Adultos, diversa e naturalmente inclusiva, se propõe na aproximação dos conhecimentos historicamente construídos pelos alunos aos conceitos e métodos representados no currículo escolar o que se integra à visão de alfabetização proposta por Freire (1975, p. 142): Só assim a alfabetização cobra sentido. É a consequência de uma reflexão que o homem começa a fazer sobre sua própria capacidade de refletir. Sobre sua posição no mundo. Sobre o mundo mesmo. Sobre o seu trabalho. Sobre seu poder de transformar o mundo. Sobre o encontro das consciências. Reflexão sobre a alfabetização, que deixa assim de ser algo externo ao homem, para ser dele mesmo. Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio – PNEM. Proposta do Ministério da Educação que tem como objetivo oferecer formação continuada aos professores do Ensino Médio nas 27 unidades da Federação. Usaremos a sigla PNEM a partir desse ponto para identificar a formação. 4 37522 As questões do cotidiano, aquelas às quais cada um reage de maneira adversa, dentro da sua cultura e que em muitos momentos suscitam debates controversos, podem dar a reflexão necessária para o início de uma abordagem pedagógica voltada à alfabetização científica, desenvolvendo a investigação com caráter sócio-científico e desenvolvendo conceitos que antes eram tratados apenas no senso comum. Foi com o olhar voltado ao enriquecimento pessoal dos educandos e ao trabalho pedagógico significativo que essa proposta foi iniciada com a turma de Biologia do Ensino Médio no CEEBJA Paulo Freire, buscando o ensino pela pesquisa e o diálogo entre as disciplinas e as diversas áreas de conhecimento. Os Fundamentos Metodológicos No contexto de formação do PNEM, de modo geral, destacam-se quatro perspectivas fundamentais a partir das quais se objetiva promover o diálogo e a reflexão dos professores de Ensino Médio, as quais apresentam profunda coesão com o que se tem discutido acerca da natureza e especificidade da Educação de Jovens e Adultos: a discussão sobre os educandos do Ensino Médio, a consideração de suas experiências e de suas necessidades de aprendizagem; a definição dos conhecimentos relevantes a serem trabalhados de forma contextualizada, a fim de adquirirem sentido e significado; a opção por práticas pedagógicas que priorizem a articulação entre os conteúdos dos diferentes componentes curriculares; a avaliação de práticas e conhecimentos de forma a possibilitar a compreensão de alunos e professores acerca do percurso de construção destes conhecimentos, a fim de identificar dificuldades e avanços, de modo a orientar o planejamento da prática pedagógica (BRASIL, 2014, p. 5). Nesse sentido, colocou-se como objetivo nesta segunda etapa de estudos do PNEM, a leitura e reflexão acerca da articulação entre os conhecimentos das diferentes áreas e disciplinas do currículo e de metodologias que permitam superar as práticas sectárias que “fatiam” o conhecimento em disciplinas que não dialogam entre si. Foi nesse contexto que surgiu e se implementou a experiência pedagógica que aqui se relata. Em um primeiro momento, refletiu-se acerca da própria epistemologia do conhecimento sobre a realidade. A visão que cada professor - tão sujeito histórico e, portanto, eivado de experiências concretas e simbólicas, quanto os educandos - tem de conhecimentos, ciência e realidade, condicionará a forma como este professor apresentará, discutirá e realizará atividades pedagógicas com seus educandos em sala de aula. 37523 Dessa forma, torna-se essencial retomar a perspectiva da realidade como uma totalidade concreta5, da qual se “retira”, seleciona fatos (conhecimentos/conteúdos) em um contexto disciplinar e seus respectivos objetos de estudo e de trabalho pedagógico. Para a efetivação da integração curricular, conforme proposto nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, é fundamental que se mude o foco da “parte” (e das possíveis relações entre as “partes” - o que se constitui em uma visão empobrecida de interdisciplinaridade) para uma relação mais dialética entre totalidade e parte (s), parte (s) e totalidade. Esse modo de ver o mundo e o conhecimento é o que torna possível uma relação, de fato, interdisciplinar. A interdisciplinaridade e a contextualização sócio histórica são elementos essenciais na perspectiva de conhecimento apresentada nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná (PARANÁ, 2008a; 2008b). Ambas tornam-se também fundamentais quando se adota a perspectiva de realidade (e conhecimento desta realidade) como uma totalidade concreta. Metodologicamente é possível observar a possibilidade de trabalho pedagógico nesta perspectiva quando se pensa no complexo temático e nas relações entre os conteúdos que estruturam um componente curricular a partir de Elementos Articuladores: A proposta dos Elementos Articuladores se aproxima daquilo que Pistrak (2000) denomina por Sistema de Complexos Temáticos, isto é, aquilo que permite ampliar o conhecimento da realidade estabelecendo relações e nexos entre os fenômenos sociais e culturais. A organização do trabalho pedagógico através de um sistema de complexo temático garante uma compreensão da realidade atual de acordo com o método dialético pelo qual se estudam os fenômenos ou temas articulados entre si e com os nexos com a realidade atual mais geral, numa interdependência transformadora. (PARANÁ, 2008b, p. 53. Nota de Rodapé). De acordo com os encaminhamentos propostos no Caderno III – Ciências da Natureza (BRASIL, 2014), deveríamos, a partir da proposição de uma abordagem pedagógicacurricular, planejar uma unidade de ensino envolvendo componentes curriculares da área Ciências da Natureza de forma interdisciplinar, para ser aplicada e discutida em sala de aula. É importante destacar que no contexto do PNEM, recomenda-se que todos os professores que participam do processo de Formação, independentemente de sua área de atuação, contribuam com as discussões e a elaboração das atividades, pois o objetivo é 5 De acordo com Kosik (1976, p.35-6), a realidade concreta deve ser entendida como “um todo estruturado, dialético, no qual ou do qual um fato qualquer (classe de fatos, conjunto de fatos) pode vir a ser racionalmente compreendido. (...) Os fatos são conhecimento da realidade se são compreendidos como fatos de um todo dialético (...)”. (KOSIK, 1976, p. 35-6). 37524 aprofundar as discussões sobre a articulação entre conhecimentos das diferentes disciplinas e áreas, a partir da realidade escolar, dado que “a perspectiva de integração curricular posta pelas DCNEM exige que os professores ampliem suas compreensões sobre a totalidade dos componentes curriculares, na forma de disciplinas e outras possibilidades de organização do conhecimento escolar” (BRASIL, 2014, p. 4). A ideia central das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio assumida pelos autores dos Cadernos do PNEM é a defesa da pesquisa como princípio pedagógico (BRASIL, 2014, p. 33). Na esteira deste princípio são propostos alguns encaminhamentos metodológicos para a realização de atividades pedagógicas com os alunos. Os pressupostos didático-pedagógicos estão alicerçados na convicção de que a pesquisa como princípio pedagógico não pode se limitar à mera repetição de experimentos que tenham como propósito comprovar uma teoria que lhe sirva de base. Pelo contrário. É fundamental organizar um processo pedagógico que leve os educandos a questionarem a realidade de forma sistematizada. Para isto, por outro lado, é necessário que o professor realize o levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos (obviamente não apenas na Educação de Jovens e Adultos, mas especialmente nela) por meio de problematizações relevantes e questões provocativas (ao modo socrático, é importante saber perguntar, provocar!). De fato, é preciso levar o educando a “olhar de forma sistematizada para a realidade”, para que ele possa perceber que é necessário investigar os fenômenos da realidade em suas múltiplas facetas e determinações, que os fenômenos sociais, políticos, econômicos e culturais têm causas, efeitos e consequências, e que são, portanto, fatos de uma realidade sócio histórica produzida pelos seres humanos em suas relações sociais. Uma das abordagens propostas pelos autores do Caderno denomina-se “problematização da realidade por meio de momentos pedagógicos” e tem origem nas ideias de Paulo Freire (BRASIL, 2014, p. 34). Segundo as orientações contidas no Caderno, o primeiro momento pedagógico é a “investigação temática” por meio da qual se faz um estudo da realidade. O momento seguinte é a problematização para em seguida organizar-se o conhecimento. A etapa final é a aplicação, a qual não significa necessariamente uma aplicação prática por assim dizer, e sim uma fase na qual os “argumentos e conhecimentos elaborados são organizados e publicizados, há uma releitura da problematização inicial e ampliação da compreensão da temática, bem como a elaboração de novos questionamentos” (BRASIL, 37525 2014, p. 36). Em outras palavras, este momento pedagógico representa o momento de síntese, de reelaboração dos conhecimentos prévios, momento no qual se observa a passagem do senso comum ao conhecimento científico. No espectro dos princípios metodológicos apontados nos parágrafos anteriores e da necessidade de realizar o que nos foi solicitado no processo de formação do PNEM realizamos a experiência pedagógica que relatamos a seguir. “Por que a Conta de Luz está tão cara?” – Relato de uma experiência Com o propósito de identificar no contexto de referência dos educandos um tema que fosse relevante e, ao mesmo tempo, apresentasse articulação com os conteúdos estruturantes da disciplina de Biologia e possibilidades de interações entre trabalho, ciência, tecnologia e sociedade, observou-se, inicialmente, os comentários entre os alunos. Dentre os comentários, o mais recorrente era a respeito do alto custo da energia elétrica com os recentes aumentos tarifários. Assim, emergiu um problema de pesquisa que atenderia ao que nos havia sido solicitado nas atividades de formação do Pacto: elaborar o planejamento de uma unidade didática com a abordagem CTS - Ciência, Tecnologia e Sociedade (BRASIL, 2014, p. 23). Em sala, então, para direcionar a discussão e investigar o conhecimento prévio dos educandos a respeito da questão, fez-se a seguinte indagação: “Vocês sabem por que a conta de luz está tão alta?”. As respostas obtidas, quase que em sua totalidade (em uma turma de trinta e oito educandos da Educação de Jovens e Adultos), foram de que este aumento se devia “aos roubos que estão acontecendo” e “à corrupção no Brasil”. Poucos educandos afirmaram não saber a razão. Para encaminhar a questão na direção de uma pesquisa, questionou-se se de fato seriam estas as razões. Se tais afirmações não seriam apenas uma repetição descontextualizada do que se tem divulgado na mídia recentemente. Para “se tirar a dúvida”, foi solicitado aos educandos que trouxessem para as próximas aulas tudo o que eles descobrissem sobre o tema. Nas aulas seguintes foi reservado um tempo para que os educandos apresentassem suas descobertas. Assim, surgiram os seguintes elementos relacionados à questão norteadora, a saber: o surgimento das bandeiras – visões ideológicas e políticas de parte do grupo; que parte dos valores pagos serão utilizados para financiar as ações governamentais no setor 37526 elétrico, dentre elas o subsídio às tarifas das famílias de baixa renda e pagamentos de indenizações a empresas; a regra de rateio da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), que prevê que os consumidores da região sul, sudeste e centro-oeste sejam responsáveis por pagar 80% dos empréstimos governamentais realizados no e para o setor, enquanto as Regiões Norte e Nordeste pagam 20%; que as tarifas são diferenciadas nas regiões brasileiras, dentre outras questões. Com relação à produção de energia – que é o subtema que mais se relaciona com a área de Biologia e seus conteúdos estruturantes6 - mais três questões foram abordadas pelos educandos. A primeira diz respeito a uma usina nos Pampas Gaúchos inaugurada em 2001 que funcionaria a partir do gás fornecido pela Argentina durante 20 anos. Ocorre que desde 2008 a distribuição do gás foi interrompida. Essa usina causa bilhões de reais de prejuízo. Outra questão apontada refere-se aos Parques Eólicos do Nordeste que estão prontos há mais de 20 anos e não estão em funcionamento devido à falta de linhas de transmissão. A terceira questão apresentada relaciona-se ao atraso em obras da área de fornecimento de energia, como o caso de Angra 3, que deixa de produzir e faturar em torno de 156 milhões e das hidrelétricas, como a de Santo Antônio, em Rondônia. A partir destas informações pesquisadas e apresentadas pelos educandos passou-se a trabalhar textos e outros materiais sobre o funcionamento das usinas hidrelétricas, nucleares, eólicas e a gás, e como esta energia é transmitida. Em unidades didáticas futuras serão discutidas questões relativas aos impactos ambientais e ao desenvolvimento sustentável. Ao final das discussões chegou-se à consideração de que são vários os fatores responsáveis pela conjuntura atual e que um dos principais determinantes é a falta de planejamento e a má gestão pública. Para finalizar o trabalho e realizar uma avaliação, realizou-se um momento de síntese para ser possível observar em que medida houve uma reelaboração significativa dos conhecimentos prévios pelos educandos, bem como para contemplar o momento metodológico da “aplicação”, solicitou-se aos educandos que respondessem por escrito 6 As Diretrizes Curriculares da Educação Básica para a disciplina de Biologia estão organizadas na forma de conteúdos estruturantes, os quais são compreendidos como “saberes, conhecimentos de grande amplitude, que identificam e organizam os campos de estudo de uma disciplina escolar” (PARANÁ, 2008, p.55). Considerou-se que o tema estudado faz parte do conteúdo estruturante “Biodiversidade”, o qual tem, dentre outros, como conteúdo básico “dinâmica dos ecossistemas: relações entre os seres vivos e interdependência com o meio ambiente”, do qual decorrem, além de outros, os seguintes conteúdos específicos “Compreender a importância e valorizar a diversidade biológica para manutenção dos ecossistemas; reconhecer as relações de interdependências entre os seres vivos e destes com o meio em que vivem; compreender a evolução histórica da construção dos conhecimentos biotecnológicos aplicados à melhoria da qualidade de vida da população e à solução de problemas sócio-ambientais” (PARANÁ, 2008a, p. 74). 37527 novamente a questão inicial (“por que a conta de luz está tão cara”) e também se ele (o educando) teria alguma sugestão para mudar esta situação. Considerações Finais Tanto a formação no âmbito do Pacto quanto a concretização desta experiência pedagógica contribuíram para que fosse possível avançarmos em algumas questões relativas a nossa prática docente que consideramos fundamentais. Há muito como professores conhecemos o discurso teórico que nos orienta no sentido de considerar o aluno/educando como sujeito ativo do processo pedagógico. Ocorre que, poucas vezes, foi possível vivenciar em nossa experiência concreta, práticas mais efetivas nas quais os educandos sejam de fato protagonistas da construção do seu conhecimento, sem abdicarmos do nosso papel (e responsabilidade) de mediadores do processo pedagógico. De fato, este é um aprendizado em construção. Como promover um diálogo mais efetivo entre diferentes sujeitos históricos na Educação de Jovens e Adultos e diferentes trajetórias docentes? Tal contexto nos remeteu à constatação de que é necessária uma nova sensibilidade na mediação pedagógica, pois nesse espaço de múltiplas visões e experiências culturais, sociais e históricas é preciso construir (ou reconstruir) o conhecimento em conjunto com educandos diversos sendo nós mesmos educadores também diversos. Para tanto, é preciso que deixemos de vir para a escola para “dar aula” com o conteúdo e o processo “prontos”. É preciso coragem para fazer diferente. É necessário estarmos abertos para observar, provocar e problematizar a fim de que aspectos relacionados aos temas (e não mais simplesmente conteúdos) possam emergir do diálogo com seres humanos concretos que estão nesse momento na condição de “nossos alunos”. É necessário que nós mesmos tenhamos uma nova perspectiva de ciência e conhecimento, como já referido no decorrer deste trabalho. Uma perspectiva mais totalizadora para que possamos desenvolver a capacidade pedagógica de “pinçar” fatos e fenômenos, estabelecer relações entre eles e conexões com a realidade concreta, direcionando o caminho pedagógico a seguir, a partir do diálogo pedagógico. Esta é uma experiência que se abre às questões interdisciplinares a partir do rico envolvimento do grupo e da disponibilidade da professora, nesse caminho que ainda está sendo percorrido se percebeu a necessidade de envolvimento de outras disciplinas, como a sociologia, a história e a filosofia. Um percurso que está sendo trilhado durante os encontros 37528 que se seguem e com intenções pedagógicas voltadas ao conhecimento das Ciências da Natureza e das áreas de conhecimento que se entrelaçaram como perspectiva de um caminhar conjunto, autêntico e voltado à descoberta. Assim, provisoriamente, podemos concluir que a experiência pedagógica aqui relatada em muito contribuiu para que pudéssemos vislumbrar novas perspectivas metodológicas na Educação de Jovens e Adultos. REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Formação de professores do ensino médio, Etapa II - Caderno III: Ciências da Natureza Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica;– Curitiba: UFPR/Setor de Educação, 2014. BYBEE, R.W. DEBOER, G.E. (1994). Research on Goals for the Science Curriculum, In: Gabel, D.L.(ed.), Handbook of Research in Science Teaching and Learning, New York, McMillan. FREIRE, P. Educação como prática da Liberdade. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975. KOSIK, K. Dialética do concreto. Tradução de Célia Neves e Alderico Toríbio. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976. PARANÁ. Secretaria De Estado Da Educação. Superintendência Da Educação. Departamento De Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Biologia. Curitiba, PR: SEED/SUED/DEB, 2008a. PARANÁ. Secretaria De Estado Da Educação. Superintendência Da Educação. Departamento De Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Educação Física. Curitiba, PR: SEED/SUED/DEB, 2008b. SASSERON, L.H. CARVALHO, A, M. Alfabetização Científica: Uma revisão bibliográfica. Investigações no Ensino de Ciências, v.16, p57-77, 2011. Faculdade de Educação, USP. SP. Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/ienci/artigos/Artigo_ID254/v16_n1_a2011.pdf>. Acesso em: 01 ago. 2015.