O desenvolvimento do potencial humano Florence de Faria Brasil Vianna [email protected] UFRJ • ERA DA GLOBALIZAÇÃO •SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO •MÍDIAS DIGITAIS •TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ASPECTOS POSITIVOS DA GLOBALIZAÇÃO: •INTEGRAÇÃO ENTRE POVOS •ACESSO QUASE INSTANTÂNEO ÀS INFORMAÇÕES •COMUNICAÇÃO QUASE QUE IMEDIATA SUPERANDO AS BARREIRAS DO TEMPO E DO ESPAÇO •“MUNDIALIZAÇÃO DO SABER” O LADO PERVERSO: A MESMA GLOBALIZAÇÃO QUE POSSIBILITA A APROXIMAÇÃO , O ENCONTRO, O ACESSO AO SABER POR TODOS OS HOMENS E MULHERES PROVOCA O AUMENTO DE DIVERSOS TIPOS DE EXCLUSÃO QUE PASSAM PELA EXCLUSÃO SOCIAL •Computadores ainda restritos a universidades, empresas e lares de alta renda •No Brasil apenas 13 milhões de habitantes (7,77% da população) têm acesso a rede O que dizer então com relação àqueles que: •Não são capazes de ler, escrever, preencher formulários e interpretar textos? •No Brasil estima-se que 20 milhões são analfabetos •35 milhões de pessoas maiores de 14 anos não completaram os 4 primeiros anos de escolaridade COMO PENSAR NO DESENVOLVIMENTO DO POTENCIAL HUMANO A PARTIR DESTA REALIDADE? POR ONDE COMEÇAR? O QUE OFERECER? QUAIS REFERENCIAIS SUBSIDIARIAM QUALQUER AÇÃO NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO PLENO DO HOMEM? PROJETOS DE INCLUSÃO DIGITAL Tecnologia, Educação, Inclusão e Alfabetização AÇÕES DE LETRAMENTO DIGITAL COM POPULAÇÕES SOCIALMENTE EXCLUÍDAS QUAL INCLUSÃO QUEREMOS? PRIMEIROS PASSOS PARA ORGANIZAÇÃO DO PROJETO COMO PAULO FREIRE PENSARIA A ALFABETIZAÇÃO DIGITAL? •A proposta de formação dos professores e dos alunos parte dos princípios freireanos que compreendem o processo de alfabetização como a aquisição da autonomia do educando de fazer uso da escrita e da leitura para poder interpretar o mundo, o seu cotidiano, a sua realidade, enfim a sua vida. Assim, a intenção dos educadores é promover o uso das novas tecnologias na alfabetização de Jovens e Adultos para que os educandos possam, utilizando o recurso tecnológico, se alfabetizar e aprofundar sua inserção na sociedade do conhecimento. Alfabetizar-se de modo que possam ler e escrever o mundo de uma forma crítica e consciente. As primeiras atividades nos alertaram que: •não podemos perder o foco de que qualquer que seja a atividade que iremos desenvolver no laboratório deve ser importante para o aluno, deve atender a uma necessidade dele e ser pensada a partir de sua compreensão de mundo •A inclusão digital dos alunos passava necessariamente pela inclusão digital dos professores. ANGÚSTIAS E QUESTÕES •COMO ALGUÉM QUE NÃO SABE LER PODE USAR O COMPUTADOR? •NÓS TEREMOS QUE DAR AULA DE INFORMÁTICA? •O QUE FAREMOS PRIMEIRO? ENSINAR A USAR O MOUSE? TECLADO? •VAMOS PRECISAR DE MUITAS PESSOAS PARA AJUDAR? ALGUNS TEMAS GERADORES.... • OS SONHOS •O BRASIL QUE TEMOS E O BRASIL QUE QUEREMOS •LISTAS, RECEITAS, NOMES.... Aos poucos o computador vai ganhando sonhos, vai “conversando” com aquelas pessoas cheias de histórias de vida, vai registrando idéias... E as pessoas vão refletindo... São sonhos de quem sonha com uma vida melhor..... Os recursos do computador devem ser introduzidos de acordo com a significação e o interesse dos alunos. RELATOS E REFLEXÕES A PARTIR DA INTERAÇÃO COM OS EDUCANDOS O ERRO, A AUTO-ESTIMA, A LEITURA... Aos poucos os alunos vão aprendendo os cliques que os ajudam a rever seus erros, vão descobrindo os recursos da máquina que os ajuda a aprender.... “Ficam mais atentos à forma de escrever e essa preocupação está sendo transferida para as atividades de sala e os erros ortográficos diminuíram. Eles mesmos procuram corrigir os erros apontados pelo recurso do computador”. Muitos despertaram para a leitura através das aulas. “Hoje mesmo, na sala, três que não liam, leram. É porque eu estou tomando a leitura individual, então antes de vir para aula eles fizeram o texto para poder digitar, tomei a leitura deles e os que não conseguiam ler, leram, inclusive uma senhora de 60 e poucos anos... a Dona Conceição, leu hoje”. “...está sendo importante, porque o teclado traz as letras grandes, bem legível, tudo “individualzinho” assim e para eles é ótimo”. AÇÕES E REAÇÕES DOS EDUCANDOS NO LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA DOIS EDUCANDOS E UM COMPUTADOR ...a dinâmica da classe se alterou , de individualistas, sozinhos, isolados, começaram a se relacionar muito melhor, por terem que trabalhar em duplas... Esse companheirismo do laboratório está sendo transferido para sala de aula, eles estão mais solidários com aqueles que têm dificuldade, estão mais espontâneos e lidando melhor com o erro. A FALA DOS EDUCANDOS SOBRE A EXPERIÊNCIA O que o computador ajuda? Nossa... ajuda a praticar, escrever. Não tá certo? A gente vê a letra, testa, escreve direitinho. A gente aprende mais, não é? Aprende na sala de aula também? Isso, a professora perguntou... quem conhece as letras? Eu conheço, conheço todas. Que nem é D I A – dia. Tá certo, né? É gostoso, é bom demais. E quando você volta, no outro dia, ta aí ainda o que você escreveu... É mesmo! Muito bom, maravilhoso. Obrigado, senhor! “Isso aí é legal, é porque é o sonho de todo mundo, né? Todo mundo quer ter um computador na sua casa né, porque hoje em dia ce vê que as coisas tão aumentando 100%, todas as coisas que você vai num banco, tudo é computador”. E é a primeira vez que você tem contato com o computador? Foi aqui. Eu só via, mas para operar... Pra você ver, eu arrumei um desse aqui (e aponta para o teclado) só para ficar treinando em casa. (...) Eu não preciso mais ficar olhando a onde está a letra. Tem muitas pessoas que ficam com o dedo assim, procurando aonde é que está o L, onde está O . Então, eu já não faço isso. Se for para eu escrever qualquer coisa eu sei onde as letras tá tudo. É legal por isso, as vezes eu chego em casa, eu termino de jantar e fico.... MOMENTO ATUAL O PROCESSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA E EM SERVIÇO DOS EDUCADORES COM A UTILIZAÇÃO DO AMBIENTE CONSTRUCTORE É SÒ O COMEÇO! O diálogo é um eixo orientador na formação do grupo. A promoção de um projeto direcionado à inclusão digital dos educandos deve se encaminhar na direção da inclusão digital das educadoras. Não se pode estar ao lado do outro num processo de inclusão se o ponto de partida não for a própria história de inclusão. A prática de formação dos professores está pautada no levantamento de temas geradores. É importante que possam emergir da prática vivenciada e discutida coletivamente a partir de dois pólos: • qual a ligação desse tema com a alfabetização de adultos? •como a tecnologia pode me ajudar em relação a esse tema? O ouvir o outro e com ele dialogar é de suma importância para o redimensionamento da prática, no grupo de formadores e de educadores. O desenvolvimento do potencial humano passa por muitas portas, muitos caminhos. Se passa pelos direitos básicos de sobrevivência, passa também pelo direito de poder fazer escolhas conscientemente. Escolhas que só são possíveis se tiverem acesso as diversas formas de comunicação desenvolvidas pela humanidade. A inclusão digital de jovens e adultos não alfabetizados é uma exigência ética