O impacto da exploração do petróleo na Nigéria e quais as lições a tirar para a GuinéBissau? 1. Objectivo da apresentação Apresentar os resultados da visita de estudo à Nigéria organizada de 19 a 27 de Fevereiro de 2005 pelas seguintes organizações: UICN, WWF, PRCM e FIBA: Descrever o contexto após mais de 50 anos de exploração do petróleo na Nigéria, Tirar lições para atenuar os impactos negativos de uma eventual exploração do petróleo na Guiné-Bissau. 2. Contexto Na Nigéria a população é oficialmente de 137 milhões, embora atinja os 180 milhões distribuídas por 350 tribos Tem uma superfície de 924.000 km2 dividida em 36 estados federados A exploração do petróleo na Nigéria é a primeira exploração de petróleo em África. A campanha de prospecção começou em 1937 O primeiro poço foi explorado em 1958 com 5.000 barris por dia. Até então foram descobertos e explorados 98 campos petrolíferos Estes campos encontram-se em terra, nas zonas húmidas e no mar, no Delta do Rio Niger, Cuja a população é de 7 milhões de habitantes, A superfície da exploração é de 31.000 km2, 5 Estados, 12 tribos e 1.500 comunidades Há uma grande pressão por parte da sociedade civil nigeriana sobre as empresas petrolíferas (ONG, Associações de Jovens, Estados, etc) 3. O petróleo, um sector chave na economia Nigéria recebeu durante os 50 anos da exploração do petróleo cerca de 300 biliões de USD A produção do petróleo totaliza 2,2 M de barris por dia (Shell 300.000 barris/dia). Existem 6 grandes sociedades a explorar o petróleo da Nigéria: SHELL , MOBIL, CHEVRON, AGIP, ELF TEXACO. O Estado nigeriano detém entre 55 a 60% das acções destas sociedades petrolíferas . Cobra licenças de exploração que podem ir até 20.000.000 USD, O Estado cobra às empresas taxas sobres os lucros que podem ir até 80%, Por causa da sabotagem e roubo a Shell perde 1.200 dias de trabalho e cerca de 4.000.000 de barris por ano, Durante os 50 anos de exploração de petróleo, estima-se que a Nigéria perdeu entre 9 a 12 milhões de barris por derrame, Sofreu durante este mesmo período cerca de 4.000 acidentes, O Ministério nigeriano encarregue do Petróleo, estimou que no ano 2004, por razões de sabotagem perdeu diariamente cerca de 10 milhões de USD por dia, Empregam 12.000 pessoas, das quais 5.000 são empregos ocasionais. 90% da mão de obra é nigeriana. 87 estações de bombagens, 6.400 km de canalizações, 2 terminais de exportação, 90% das receitas em divisa, 80% das receitas do Estado ou seja 15 mil milhões de USD por ano; 4. Abandono de outros Sectores por causa do Petróleo Antes da exploração do petróleo a Nigéria era um país produtor de Cacau, Amendoim, óleo de palma, Baunilha, plantas medicinais, peles, algodão, café... Actualmente a agricultura não representa quase nada na economia do país, A pesca foi destruída e transformou-se numa actividade feminina; As receitas do petróleo são geridas separadamente dos outros sectores da economia do país. 45% receitas vai para o governo federal e 55% para os estados incluindo o de Abuja, o que provocou a revolta dos do Delta. Actualmente as empresas petrolíferas para acalmar um pouco a revolta dos Estados do DELTA, criaram o Fundo Desenvolvimento de Delta (5 Estados de Delta) gerido por uma comissão local de forma participativa, num valor de 250 milhões de USD por ano, Serve para indemnizar os agricultores e comunidades cujas terras foram ocupadas ou contaminadas pelo “pipiline” ou pela exploração do petróleo e também as comunidades pesqueiras, Este Fundo é aplicado: na canalização de água potável (quando há contaminação de água) ou ainda desenvolvem outras actividades económicas (piscultura, aquacultura,...) e actividades sociais (construção de escolas, centro de saúde, hospitais, centros de formação profissional,....) Para além disso as empresas petrolíferas desenvolvem Projectos de Desenvolvimento Comunitário e negociam directamente com a comunidade 5. Impactos negativos nas populações Há uma completa dependência do petróleo, Todos, incluindo o Estado, contam com este recurso e negligenciam os outros sectores; Criação de um grande desnível de vida entre os ricos (petróleo) e os pobres (que não beneficiam desta riqueza); Os valores sociais e morais postos em causa; A degradação dos indicadores de saúde; Baixo nível de educação; Paz social comprometida; 6. O petróleo, fonte de poluição múltipla Derrame (falta de política de substituição das instalações, sabotagem...) ; Queima de gases; O desenvolvimento da caça (pessoas das Sociedades terão exterminado animais através da caça; Impacte na água, nos mangais e nos fundos marinhos através da utilização de dispersantes; Aumento da concentração de metais pesados na água dos rios; Lixo de outras fontes que não são o petróleo; Intensificação sobre a pesca. 7. Lições para a Guiné-Bissau Ter consciência que o petróleo não é um produto duradouro. Saber que o grande desafio é investir o dinheiro proveniente do petróleo nos sectores da saúde, educação e outros sectores duradouros (pesca, energia renovável, agricultura, comércio...) Criação de um quadro legal (leis e convenções) e estruturas encarregues da gestão ambiental Criação do fundo ecológico para financiar as estruturas e planos de acção ambiental (acompanhamento da qualidade do meio), Elaboração do estudo de impacte social, ambiental e na saúde da população e identificação dos papéis de cada parte (governo, indústria e sociedade civil). Elaboração de um Atlas de vulnerabilidade das zonas. Criação de um fundo de desenvolvimento para as comunidades locais e reforço da sua independência no que diz respeito ao petróleo. Reforço das capacidades de boa governação (transparência, co-gestão) O controlo da tecnologia do petróleo e a nacionalização progressiva da exploração, 8. Conclusões: Petróleo deve servir de motor da economia; Deve-se proteger os outros sectores da economia; Os seus recursos devem ser repartidos equitativamente (luta contra a pobreza...) ; Instaurar uma boa governação; Assegurar a paz social; Lutar contra a poluição e limitar o impacte ambiental. Bissau, 29 de Setembro de 2006 Obrigado pela atenção ! Tomane Camará (Deputado da Nação) C.P. 606 - Bissau Telefone/Fax: 00 245 25 13 65; Tlm: 245 720 01 21/ 245 660 24 48 Email: [email protected] [email protected] [email protected] Site: www.adbissau.org