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COMENTÁRIOS
MUÇULMANO PRECONIZA A RECUSA DE VACINA “NÃO ISLÂMICA”
por Ruth Elkins, 28 Janeiro de 2007
Um importante médico islâmico está preconizando aos muçulmanos britânicos que não vacinem suas crianças contra doenças
como sarampo, caxumba e rubéola porque tais vacinas contém substâncias que as tornam ilegais para muçulmanos. O Dr.
Abdul Majid Katme chefe da Associação Médica Islâmica diz que quase yodas aas vacinas contém um “haram” não islâmico
derivado de tecidos humanos ou animais e que os pais muçulmanos melhor fariam se deixassem os sistemas imunitários das
crianças se desenvolverem sozinhos. Dr. Katme, um médico psiquiatra do National Health Sistem declarou: “Se você
amamentou sua criança por dois anos – como diz o Corão – e come alimentos Corânicos, como azeitonas ou sementes, faz
suas abluções cada vez que ora, então você terá um sistema de defesa forte”. O Departamento de Saúde e a Associação
Britânica de Medicina criticaram o Dr. Katme, dizendo que suas sugestões provavelmente aumentarão as taxas de infecções
nas comunidades islâmicas. Outros grupos muçulmanos também condenaram a sugestões.
Fonte: www.independent.co.uk
Boato sobre suco de folhas de oliveira causa morte na Grécia Karolos Grohmann, Reuters 30/01/2007
ATENAS - A cobertura de televisão sobre os suposto poderes de cura das folhas de oliveira causou exaltação na Grécia, e
resultou em uma morte violenta. As notícias na mídia, na última semana, sobre a suposta capacidade das folhas de curar
doenças, incluindo câncer, têm desencadeado uma dura resposta de médicos e farmacêuticos. "Neste país em que
charlatões triunfam, você é o que diz ser", disse o cardiologista e ex-ministro da Saúde Dimitris Kremastinos à mídia grega, na
terça-feira. Na semana passada, vários programas de debate, inclusive na televisão estatal, disseram que uma bebida
consistente e verde, feita de folhas cruas de oliva com água, batidas no liquidificador, estava fazendo maravilhas por
pacientes com câncer. Vários convidados idosos disseram ter sido curados pela bebida e autodenominados "terapeutas"
fizeram o suco na televisão, ao vivo. Supermercados na ilha de Creta e em Atenas começaram a estocar as folhas que, em
alguns casos, custavam mais do que o próprio óleo de oliva, famoso por seus benefícios à saúde e conhecido como "líquido
de ouro" na Grécia. Uma discussão no fim de semana entre dois irmãos, sobre se deveriam ou não dar o suco para um outro
irmão, que tem câncer, terminou com um esfaqueando o outro até a morte. "Quando uma questão como essa leva ao
assassinato de um irmão sobre o suco da folha, então o frenesi se tornou incontrolável", disse Kremastinos ao jornal
Eleftherotypia. Cientistas dizem que apenas médicos podem provar ou não os benefícios da bebida. Kremastinos disse não
haver provas científicas para dar crédito às afirmações, e que anos de análises seriam necessários para se chegar a uma
conclusão. "Eu sugiro que esta loucura pare para que cientistas possam continuar seu trabalho", disse o professor de química
da Universidade de Tessalonica, Eugene Kokalou
Fonte: http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2007/jan/30/280.htm
Pólio se espalha desde a Nigéria. DANIEL BALINT-KURTI, Associated Press, 5 /05/ 2005 LAGOS, Nigeria
Quase dois anos após religiosos islâmicos radicais ordenarem aos pais que recusassem a vacinação antipólio para suas
crianças por medo que isto fizesse parte de um complô dos E.E.U.U. contra os islâmicos, as repercussões ainda são
sentidas. Uma cepa de vírus da Nigéria que causa a doença incapacitante foi identificada tão distante quanto a Indonésia. A
agência de saúde das Nações Unidas diz que o mundo ainda tem chance de atender à meta de conter a pólio até o fim do
ano, mas outros peritos estão pessimistas. Em Kano, maior cidade do norte da Nigéria, muitos residentes ainda recusam
vacinar suas crianças, não apenas contra a pólio, mas para outras doenças da infância como o sarampo. “Eles disseram que
a vacina punha em risco nossas filhas. Agora eles pensam diferente. Ainda não me convenci”. Declarou Mustafá Belarabe, 37
anos e pai de quarto filhos. Ele acrescentou que suas crianças não seriam vacinadas citando o “complô internacional do
ocidente contra os muçulmanos”. O imã, Ibrahim Abubakar, de 50 anos de idade, da cidade Kano foi enfático: “O boicote da
vacina antipólio foi necessário para atender à injunção religiosa que nos diz para buscarmos investigar uma coisa quando
tivermos dúvidas.”, e acrescentou, “eu não concordo que exportamos a pólio para qualquer outro país; se estes países
tivessem feito a vacinação... eles não teriam nenhum caso”. Esta semana, a Indonésia declarou que a pólio reemergiu no país
pela primeira vez em uma década e os cientistas disseram que a cepa muito provavelmente veio da Nigéria. Quinze outros
países onde a pólio fora erradicada foram reinfectados pela Nigéria desde 2003 quando líderes islâmicos do norte iniciaram
um boicote, alegando que as campanhas de imunização eram parte de um complô dos E.E.U.U. para infectar muçulmanos
com AIDS ou torná-los inférteis. Autoridades americanas repetidamente disseram que nada havia de real nas alegações.
Governadores regionais da Nigéria bloquearam a campanha de vacinação das Nações Unidas por muitos meses até que se
satisfizeram em maio de 2004 com a pureza de uma vacina importada, ironicamente da Indonésia, Os religiosos disseram que
um suprimento de um país muçulmano poderia ser confiável. Desde que a imunização foi restaurada em julho na Nigéria a
pólio retrocedeu rapidamente.
Três notícias dos tempos atuais mostram como as crenças religiosas são muito fortes. Se
acrescentarmos aos fatos a posição da Igreja Católica com referência ao aborto, uso de
preservativos, células-tronco, clonagem, os “criacionistas” americanos que abjuram Darwin até hoje,
para não se falar das superstições e práticas curativas de religiosos e curandeiros de todo tipo no
Brasil, teremos um quadro desalentador para o trabalho na saúde pública.
Isto, no entanto, não é decorrente de pura ignorância. Trata-se de crenças adquiridas culturalmente
e profundamente arraigadas no caráter das pessoas. Aparentemente não há meios de modificá-las
uma vez instaladas. Tais convicções acontecem em todas as classes sociais inclusive com níveis
instrucionais elevados, embora neste caso com menos freqüência.
Isto resume um pouco as mudanças dramáticas ocorridas durante o século XX principalmente na
sua segunda metade. Embora haja muita discussão filosófica envolvida, quase sempre
incompreensível para a maioria das pessoas, o fato é que conscientemente ou não, se está, no
cotidiano, diante de dilemas existenciais que afetam a vida de todos.
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Tanto há uma valorização dos “milagres da fé”, muitas vezes em desafio às explicações científicas
numa falsa e oportunista oposição entre um paradigma e outro, ou seja, a fé e a ciência, quanto,
conforme o caso, uma exigência um tanto indevida dos poderes da ciência. É possível encontrar
alguém num ritual de exacerbação mística usando telefones celulares ou portando próteses que lhes
mantém a vida sem que por nenhum momento reflitam sobre este fato. A vida é, para todos os
efeitos, um dom divino. Não é possível contestar isto publicamente sem criar um desconforto mesmo
naqueles que não crêem nisto, mas não querem polemizar. Entretanto cobra-se implacavelmente
resultados miraculosos da ciência como um “Deus ex-machina” que pode curar as doenças através
de remédios que sobrepujarão as condições de vida determinantes destas afecções. Por exemplo: a
tuberculose, a hanseníase, as doenças infecto-parasitárias e toda a gama de patologias decorrentes
da pobreza.
Se é constatação que em saúde pública não há milagres e na medicina assistencial eles são
raríssimos, senão inexistentes, os discursos políticos mais afinados com as crenças dos eleitores
prometem soluções quase metafísicas para problemas concretos e difíceis de resolver.
Há uma enorme pauta de situações a exigir que se tomem decisões políticas.
O que fazer com:
- A lei do SUS que não funciona;
- Os indicadores de saúde nacionais que, por mais maquiagem que se faça, são insatisfatórios;
- A baixa eficiência da epidemiologia brasileira;
- O desperdício de recursos aplicados na saúde;
- A desenfreada corrupção nas gestões da saúde pública;
- A alienação dos partidos políticos da temática de saúde pública;
- A alienação dos eleitores com relação aos partidos políticos;
- A elitização dos debates nacionais sobre a condição sócio sanitária das populações;
- A exacerbação das representações da “cidadania direta”, menos legítimas do que a obtida pelo
sufrágio universal, mas que vem se impondo nas instituições públicas, como é o caso do Conselho
Nacional de Saúde onde o Ministro de Estado – representante do Presidente da República – perdeu
suas prerrogativas e o Congresso Nacional nunca teve presença.
E muitos outros assuntos.
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Muçulmano preconiza a recusa de vacina "não