Análise de Conteúdo Por Marcio Gonçalves Textos BAUER, M. W. Análise de Conteúdo Clássica: uma revisão. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa Qualitativa com Texto, Imagem e Som: um manual prático. 3ª Ed. Petrópolis: Vozes, 2004. (Capítulo 8, p. 189-217). VALENTIM, M. L. P. Análise de conteúdo. In: VALENTIM, M. L. P. (Org.) Métodos qualitativos de pesquisa em Ciência da Informação. São Paulo: Polis, 2005. (Capítulo 6. 119-134. Com complemento de: METODOLOGIAS PARA ESTUDO DOS USUÁRIOS DE INFORMAÇÃO CIENTIFICA E TECNOLÓGICA MURILO BASTOS DA CUNHA Departamento de Biblioteconomia, Universidade de Brasília, Brasília, D.F. R. Bibliotecon. Brasília 10 (2): 5-19 jul./dez. 1982 Como diferem, em suas reportagens sobre ciência e tecnologia, os jornais populares e especializados? A televisão comercial trata sua audiência de maneira diferente que uma televisão pública? Que informação trazem os memorandos internos de uma organização comercial? Na década de 40, a análise de conteúdo passa a ser aplicada em algumas pesquisas, mais especificamente, àquelas realizadas pela Escola de Jornalismo da Universidade de Colúmbia nos EUA. Após a Segunda Guerra Mundial, vários estudos aplicaram esta metodologia com o objetivo em jornais. Berelson e Lazarsfeld contribuíram para a evolução do método quando publicaram, em 1948, o livro The analysis of communications content. A partir de 60, utilizavam a análise de conteúdo, aplicando, ou não, distintas abordagens: -Quantitativa (frequência e ocorrências) -Qualitativa (símbolos) -Qualitativa (signos) Possui relação estreita com: Linguística Semântica Lexicologia Análise do discurso Análise documental Duas funções: - Heurística: análise de conteúdo “para ver o que dá” - “Administração da prova”: análise de conteúdo “para servir de prova”. De acordo com Berelson análise de conteúdo é "uma técnica de pesquisa que tem o objetivo de fazer uma descrição sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação"'. A análise de conteúdo tem sido usada para determinar a ênfase relativa ou a frequência de vários fenômenos da comunicação, tais como: estilo, tendências, propaganda, mudança no conteúdo, legibilidade, riqueza de vocabulário, etc. DEPENDE DO TIPO DE DISCURSO, DA INTERPRETAÇÃO E O DO OBJETIVO DA ANÁLISE Esse método é bastante diferente dos outros tipos de pesquisa porque, em lugar de entrevistar ou observar pessoas, o pesquisador trata com registros já existentes e faz inferências a partir deles. Esses registros podem ser cartas, conversações pessoais, entrevistas não-estruturadas, livros, programas de televisão, documentos pessoais, poemas, jornais, artigos, etc. Os objetivos da análise de conteúdo são bastante amplos, variando de uma área científica para outra. Porém, a análise de conteúdo é usada para responder a questões clássicas, tais como: "Quem diz o que, para quem, como, por que e com que efeito?" É importante mencionar aqui que a análise de conteúdo é muito utilizada na Biblioteconomia e Ciência da Informação. "Sem análise de conteúdo e sem a sua análise não existiria a seleção, a análise de assuntos, pouca recuperação e transferência da informação, poucos serviços de auxílio aos usuários" PENLAND, P. R. "Contem analysis". In: Encyclopedia of Library and Information Science. New York, Mareei Dekker, 1971, v. 5, p. 637 e 641. As fases que fazem parte da análise: -A pré-análise; - A exploração do material e - O tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. -Análise de exploração (análise não dirigida): objetiva explorar, buscando a elaboração de hipóteses. Esse tipo de análise não permite padronização, uma vez que faz apelo à intuição e à experiência. · Análise de verificação (análise dirigida): a intenção é a verificação de uma hipótese, como objetivo é definido, podendo-se quantificar os resultados e aplicar regras. É sistemática. · Análise quantitativa: visa a identificar a freqüência dos temas, palavras ou símbolos considerados. · Análise qualitativa: fica mais na esfera do subjetivo, baseia-se na presença ou ausência de uma determinada característica. · Análise direta: consiste em contabilizar as respostas tal qual elas aparecem. · Análise indireta: pode apoiar-se em um conteúdo quantificado, um resultado claro e manisfesto, mas vai além, podendo buscar uma interpretação mais sutil, obter por inferência algo subentendido pelo autor. · Escolha das categorias de análise: são os grupos em função dos quais o conteúdo será classificado e, eventualmente, quantificado. Podem originar-se do documento a ser analisado, de algum conhecimento geral na área ou de atividade no qual ele se insere. A definição das categorias assume posição importantíssima, uma vez que elas fazem a ligação entre os objetivos da pesquisa e os seus resultados. · Problemas oriundos da quantificação do conteúdo: em se desejando quantificar, deve-se escolher índices para categorizar e decidir o tamanho dos elementos em cima dos quais vai se decompor o conteúdo. A dificuldade de análise relaciona-se à ambigüidade, à variedade e à complexidade das fontes. A análise de conteúdo apresenta algumas vantagens, a saber: a)é útil para medir a legibilidade de um texto ou comunicação; b) pode ser utilizada para analisar questões relacionadas com as atitudes, interesses e valores culturais de um determinado grupo; c) apesar de historicamente ter sido mais utilizada na área de comunicação, a técnica é também apropriada para se estudar fenômenos sociais em outras áreas do conhecimento; d) a grande vantagem é a segurança do método. Caso seja necessário repetir toda a pesquisa ela pode ser feita facilmente porque o pesquisador pode ter acesso aos dados sem nenhuma dificuldade. Isto, normalmente, não pode por exemplo ser feito numa pesquisa baseada num levantamento. A desvantagem mais comum se relaciona com o volume de informação a ser analisado. Não é um método fácil de pesquisa; normalmente ele requer atividades trabalhosas, especialmente "porque ele envolve o exame de enorme quantidade de materiais, além do trabalho preliminar de escolha de categorias, definição de unidades, etc." KERLINGER, F. N. Foundations of behavioral research. 2. ed. New York, Holt, Rinehart and Winston, 1973, p. 530-531. Dissertação de mestrado Alexandre Medeiros Correia de Sousa defendida no IBICT em 2006 Para o trabalho de coleta de dados da reconstituição da “Mesa das quartas-feiras” serão utilizadas as fichas remanescentes de catálogo analítico do século XX na Biblioteca de Manguinhos e ainda presente em suas dependências. O catálogo de controle dos periódicos da biblioteca também será explorado para determinar os títulos disponíveis no acervo da época histórica estudada, assim como outros documentos internos da biblioteca que possam oferecer subsídios informacionais a esta fase do trabalho.