APLICAÇÃO DA GESTÃO DA MELHORIA DE PROCESSOS NAS CÉLULAS DE PRODUÇÃO DA KLABIN SACOS INDUSTRIAIS – UNIDADE LAGES I APPLICATION IMPROVEMENT PROCESS IN KLABIN SACOS INDUSTRIAIS’ PRODUCTION CELLS – UNIT LAGES I Sabrina Manfroi E-mail: [email protected] Carlos Eduardo de Liz E-mail: [email protected] Johnny Rocha Jordan E-mail: [email protected] *Universidade do Planalto Catarinense – UNIPLAC, Lages, SC RESUMO: O objeto de estudo deste trabalho procura demonstrar a importância de se manter uma linha de análise estrutural contínua da gestão à vista como estratégia preponderante no processo produtivo, facilitando o fluxo de informações entre o nível estratégico e o nível operacional da empresa. Além de fazer o acompanhamento dos indicadores, este trabalho apresenta a padronização no fluxo de informações das células de produção, acompanhando o desempenho da planta através da gestão da melhoria de processos e redução de lacunas comparando resultados. Palavras-chave: Gestão da melhoria, Gestão à Vista, processo e produção e gestão da informação. ABSTRACT: The aim of this work it tries to show the importance of maintaining a line of structural analysis of the ongoing management to the view as a strategy to play in the production process, thereby facilitating the flow of information between the strategic level and the operational level of the company. In addition to the monitoring of the indicators, this work is the standardisation in the flow of information of the cells of production, in line with the performance of the plant by means of the management of the improvement of the procedures and reduction of loopholes if we compare results. Keywords: Management Improvement, Gestão à Vista, process, production and management of information. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br 1. INTRODUÇÃO O ambiente concorrencial atual demanda empresas com foco no mercado e voltadas às necessidades de seus clientes, buscando sempre aumentar sua produtividade, melhorar a qualidade de seus produtos e reduzir os custos de produção, como forma de aumentar sua competitividade. A sinergia destes itens representados pelo trinômio produtividade – qualidade – custo, quando atingida, resulta em um expressivo diferencial competitivo, mas a sua obtenção trilha pela existência e pelo efetivo controle dos processos internos e externos da empresa. Dentre esses processos, o gerenciamento das informações se revela de uma singular importância, justamente em razão da complexidade que existe para levar a informação certa, no tempo certo, ao lugar certo. Algumas empresas compartilham essas informações com seus funcionários, mas nem sempre de uma forma eficaz e/ou eficiente. Partindo para a célula de produção, é comum adotar-se os princípios da Gestão à Vista, mas ainda assim, deparando-se com informações desatualizadas ou de difícil acesso. A gestão não é realizada de forma sistêmica, não atingindo assim seu principal foco que é de obter bons indicadores para que a gestão seja efetiva e gere a melhor relação custo/benefício contribuindo para a macro estratégia da empresa. O intuito deste trabalho é utilizar a Gestão à Vista para o desdobramento das estratégias em prioridades claras e as relacionar com resultados tangíveis que a empresa e seus colaboradores precisam buscar, transformando a tarefa estratégica em uma tarefa de todos, unindo o acompanhamento do andamento do negócio à utilização de um sistema de gestão focado no gerenciamento da melhoria de processos. 2. DEFINIÇÃO DA OPORTUNIDADE A Klabin é a maior produtora, exportadora e recicladora de papéis do Brasil. Com mais de 110 anos ela possui 17 unidades industriais dividas em florestal, papel cartão, papéis, embalagens de papelão ondulado e sacos industriais. A unidade escolhida como objeto de estudo é a Klabin Sacos Industriais Unidade Lages I, esta unidade produz sacos industriais. A estrutura da gestão da melhoria é feita através do Programa Klabin Superar, de acordo com a figura 1 e é formado pela equipe da coordenação do programa, comitê diretivo, pilares, TIM (Time Interno de Melhoria) e GIGA (Grupo Interno de Gestão Autônoma) com foco em redução de perdas. O Programa Klabin Superar tem a função de dar apoio aos pilares e líderes de célula para o bom funcionamento do uso e fluxo de informações do sistema de Gestão à Vista. A linha piloto escolhida foi a linha 7 pois foi a primeira linha a implementar o GIGA (Grupo Interno de Gestão Autônoma) dentro da empresa cujo o objetivo é aprimorar o conhecimento do processo e da estrutura da máquina, de forma a tornar os operadores autônomos e tem capacidade de fazer produtos com maior valor agregado no final do processo. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Figura 1: Esquema da integração entre os componentes da gestão da melhoria. Fonte: Documentação interna Unidade Sacos Industriais – Lages I. Programa Klabin Superar. 2011 2.1- MODELO DE GESTÃO À VISTA A Gestão à Vista originou-se do Andon, através do sistema Toyota de produção. “O andon é um controle visual que transmite informações importantes e sinaliza a necessidade de ação imediata por parte dos supervisores.” (SHINGO, 1996, p.108). Ele auxilia o processo de melhoria através da eliminação de problemas reincidentes, busca estabilizar a célula de produção ao qual está instalado, proporciona o aprendizado com os problemas e força a identificação rápida de problemas. Vantagens do uso da Gestão à Vista: facilita a troca de informações, integração e comunicação entre colaboradores, pilares, grupos de melhoria e gestão de célula. Para Liker (2005) alguns cuidados devem ser tomados com sua utilização da Gestão à Vista referente as informações, as quais devem ter frequência definida, se as informações estiverem desatualizadas a Gestão à Vista corre o risco de perder seu valor, ficando sem sentido a sua utilização. A finalidade da utilização da Gestão à Vista é envolver os colaboradores e fazer com que eles participem das ações e do conhecimento dos problemas e lacunas expostas. O modelo utilizado anteriormente tinha muitas informações, pouco controle sobre as informações e gerava certa confusão na hora da análise e sequenciamento de ideias e desdobramento de perdas. 2.2- INDICADORES Os indicadores de desempenho são divididos entre indicadores chave de performance da empresa (KPI) e dos indicadores operacionais (OPI). KPI é o sistema de medida para verificar o andamento da empresa indicando as metas a serem atingidas e o realizado na fábrica. Os indicadores são definidos pelos stakeholders e originados pelo plano de negócios e pela política de sustentabilidade. O objetivo desses indicadores são: identificação das perdas, apoio no desdobramento de perdas e na solução de problemas, padronização de atividades e VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br definição de parâmetros visando um processo de melhoria contínua. Os indicadores definidos para acompanhamento da Gestão à Vista são acidente com afastamento (ACA), acidente sem afastamento (ASA), eficácia total de equipamentos – OEE (Overall Equipment Effectiveness), horas de treinamento, número de quebras, primeiros socorros, número de reclamações, refugo e volume de produção. 2.3- ENGENHARIA DE PROCESSOS Na Klabin Sacos a engenharia de processos juntamente com a gestão da melhoria tem a função de dar suporte aos grupos de melhoria e a gestão de célula, apoiando na solução de problemas, atualização de indicadores, padronização de atividades sempre visando um processo de melhoria contínua. 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Os principais métodos tecnológicos estudados são descritos a seguir. MASP: É um método utilizado para auxiliar os líderes de célula no levantamento, identificação de dados que comprovem fatos que causam problemas e através desse método é gerada a análise de problemas. Segundo Campos (2004) o MASP, método de análise e solução de problemas, foi criada por Kaoru Ishikawa na década de 50 o qual é composto pelas ferramentas básicas da qualidade. O MASP é dividido em 8 passos focados no problema onde o primeiro passo é a identificação, o segundo passo é a observação e investigação, o terceiro passo é a análise e descoberta das causas fundamentais, o quarto passo gera o plano de ação para bloqueio das causas do problema, no quinto passo realiza-se a ação e execução do plano de ação, no sexto passo é feita a verificação do resultado das ações e pesquisa de melhorias, a padronização, execução das melhorias e prevenção da recorrência do problema acontece no sétimo passo e a conclusão e recapitulação de todo o processo e planejamento das ações futuras acontecem no oitavo passo. PDCA: Surgiu na década de 1930 através das pesquisas e trabalhos de W. Shewart, físico e matemático. Esta ferramenta foi aplicada por W.E. Deming, sendo também conhecida como ciclo de Deming. “Existem dois tipos de metas que se procura atingir em qualquer organização: resultados que desejamos melhorar e resultados que desejamos manter. Nos dois casos utilizamos o método PDCA.” (FALCONI, 2009, p. 25). O modelo proposto por Shewart estabelece a seqüência de análise de problemas iniciado pelo (P - plan: planejar) onde é planejado o que se quer atingir seguido pelo (D - do: fazer) através da execução do planejado pela equipe, o terceiro passo é o (C - check: checar, verificar) onde os resultados do realizado são checados e comparados ao planejado e por fim é realizado o (A - act: agir, ajustar) onde entra o processo de ação de tomada de decisão para evitar a recorrência dos problemas. Para Campos (1994) o PDCA é a utilização do método para colocar em prática o controle. O “P – plan” cria os itens de controle e metas para acompanhá-los, estabelecendo maneiras e procedimentos-padrão para atingir as metas estabelecidas. O “D – do” tem foco em torno da educação e treinamento baseados nos procedimentos-padrão buscando sustentabilidade para a execução do trabalho e atividades que estão inseridas na realização da manutenção e medições de qualidade. Neste momento há coleta de dados e execução de tarefas. O “C – check” checa resultados obtidos e compará-los com as metas planejadas. O “A – action” age nos desvios detectados (no sentido de fazer correções definitivas e evitando reincidências) e manter os procedimentos nos resultados aceitáveis. Na sequência observa-se a figura ilustrativa dos passos do PDCA com as principais atividades desempenhadas em cada etapa. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Figura 2 -Ciclo PDCA de controle de processos. Fonte: Campos, 2004, p.34 Para a utilização do PDCA não basta que as ações sejam realizadas é preciso verificar a consistência dessas ações, os prazos e se o objetivo foi atingido. Para evitar a reincidência é necessário rever o plano de ação e avaliar se há necessidade de gerar novas ações. SDCA: O ciclo SDCA é utilizado para inserir o processo de padronização e busca pela melhoria contínua, para Marshall et al.(2008) o S é o standart ou padrão onde é feita a reflexão das ações planejadas e padronizadas. Para Falconi (2009) o SDCA é que o PDCA utilizado para manter, assim a fase P se torna focada em padronização fazendo o S (standardize) do padrão. “O SDCA é prioritário e o seu bom funcionamento que torna possível que as melhorias sejam contínuas e duradouras.” (FALCONI, 2009, p. 104). Para manter os itens de controle os padrões são criados e acompanhados desde o gerente até o operador, aqui é a fase S do ciclo SDCA. Dentro deste mesmo ciclo a fase D é focada em treinamento e execução do padrão criado, o check da aplicação é feito na fase C através de acompanhamento da Gestão à Vista, gráficos de acompanhamento e auditorias. A fase A do SDCA gera as análises de anomalias, caso elas não tenham sido eliminadas, elas retornam para o ciclo PDCA na fase A em busca de um novo planejamento para melhorar. 5- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A descrição da metodologia que segue é embasada nos seguintes autores: Thiollent (1988) e Vergara (2009). A pesquisa desenvolvida classifica-se quanto aos objetivos como descritiva, pois está buscando a observação, análise, classificação, interpretação do meio físico e social estudado estabelecendo associação entre variáveis e causa e efeito. Definiu-se o tema Gestão à Vista e as ações prioritárias de modo a tornar o trabalho útil e relevante para a organização, neste tipo de pesquisa haverá a troca de informações e reflexão do que acontece na teoria e na ação. Escolheu-se como método a pesquisa-ação porque é o método que melhor se adapta ao tema proposto em estudo. O tema definido busca incentivar o processo de aprendizagem das pessoas envolvidas através de troca de informações, experiências e discussões. Quanto à abordagem trata-se de uma pesquisa qualitativa com viés quantitativo, pois segundo Vergara (2009) esse tipo de pesquisa motiva os sujeitos a se envolverem com os problemas e com as ações para as tratativas. Estimula o estudo e a troca de informações durante a condução do trabalho analisando os procedimentos e as mudanças no decorrer da VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br pesquisa e da implementação, assim como no comparativo com os resultados. Seu objetivo é compreender e descrever a situação proposta. Ainda quanto à abordagem trata-se de uma pesquisa quantitativa, pois representa uma amostra da realidade. 6- DESENVOLVIMENTO DO PROJETO Para desenvolver conhecimento, habilidades e implementar o piloto do modelo de Gestão à Vista foi realizada a análise das informações contidas na Gestão à Vista e a linha de raciocínio utilizada. Na sequência foi montado pela equipe um protótipo otimizando as informações, este protótipo foi levado para a reunião com os participantes do estudo (coordenador do Programa Klabin Superar, coordenador de produção, gerente de produção, líderes de célula operadores) mostrando os objetivos da nova metodologia utilizada no acompanhamento da linha de produção. Definiu-se o modelo a ser utilizado tanto para a Gestão à Vista quanto para a reunião operacional (chamado de Programa Treinar na Klabin Sacos Industriais) onde a sequência de informações seria a mesma. Para que o modelo ficasse apto a utilização e teste piloto foi desenvolvido algumas atividades envolvendo pilares, líderes de célula e equipe do programa para dar suporte. Foram definidos os indicadores a serem acompanhados a nível fabril e de linha, levantamento das áreas envolvidas, definição do novo modelo de planilha de gestão de linha. Foram definidos os responsáveis e os prazos pela atualização dos indicadores. Para que as análises dos indicadores e das lacunas aconteça é necessário desdobrar esses indicadores e a forma como eles se desdobram está representado na figura 3. Figura 3: Desdobramento de indicadores da Klabin S.A. Fonte: Documentação interna Unidade Sacos Industriais – Lages I. Programa Klabin Superar. 2011 A visualização dos objetivos, deployments/desdobramentos e perdas acontecem através de pilares, células de produção, gestão de rotina e melhoria, engenharia de processos e VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br grupos de melhoria. Após a identificação dessas lacunas são geradas ações para buscar a meta desejada, priorizando e colocando prazos para sua realização. Essas ações são distribuídas entre os grupos e times de melhoria, células de gestão e ações individuais. A atuação dos operadores junto aos líderes de célula se dará a partir da análise de problemas, feita no Programa Treinar. Para que se concretizasse a padronização das informações foram necessárias alterações na planilha de gestão utilizada para controle dos indicadores, ações e gestão da célula de produção. Conforme o quadro da sequência pode-se observar os indicadores que passaram a ser visualizados e acompanhados na Gestão à Vista, alguns eram acompanhados somente pelos pilares e para garantir o controle acrescentou-se na planilha de gestão de célula. KPI Indicadores OPI Unidade de medida Antes Depois Antes Depois Produção Sacos X X X Reclamações Número X X X Refugo % X X X OEE % X X X Número de Quebras Número X X Acidente com Afastamento Número X X Acidente sem Afastamento Número X X Primeiros Socorros Número X X Auxílio Enfermidade Dias Perdidos X X Relato de Incidentes Número X X Quadro 1: Comparativo dos indicadores antes x depois do estudo. Fonte: Manfroi (2011). Os indicadores acrescentados passaram a ser utilizados na gestão da célula, gerando novos gráficos a serem utilizados na visualização de perdas/lacunas e treinar. Antes era feito acompanhamento somente dos indicadores da célula e dentre os indicadores tínhamos produção, número de reclamações, OEE e refugo (%). Na situação atual foram mantidos os indicadores acompanhados antes e foram acrescentados os indicadores de número de quebras, acidente com afastamento, acidente sem afastamento, primeiros socorros, auxílio enfermidade e relato de incidentes. Além do acréscimo desses indicadores para a célula foi acrescentado também o consolidado geral da unidade de Sacos Lages I onde mostra por indicador a somatória de todas as células de produção, assim é possível visualizar o geral e a situação da célula. 6.1- LAYOUT DE GESTÃO À VISTA Num primeiro momento a Gestão à Vista para a linha piloto foi dividida em dois espaços de gerenciamento, as primeiras seis colunas são referentes à gestão da célula de produção e as duas últimas colunas são destinadas as informações do Grupo Interno de Gestão Autônoma. “É mais prudente fazer um piloto das principais atividades antes de sua VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br implementação total.” (DENNIS, 2007, p. 76). O modelo utilizado como piloto é ilustrado na figura abaixo. Figura 4: Layout final Gestão à Vista depois da pesquisa. Fonte: Documentação interna Unidade Sacos Industriais – Lages I. Programa Klabin Superar. 2011 Entre as seis primeiras colunas, as cinco primeiras seguem a mesma linha de desdobramento e a última difere devido à necessidade da fábrica. Abaixo segue a descrição do layout da Gestão à Vista demonstrado na figura acima, lembrando que do item (a) ao (f) referem-se as cinco primeiras colunas, o item (g) refere-se a primeira linha da sétima e da oitava coluna, o item (h) está ligado a todas as colunas por se tratar de padrões e o item (i) refere-se a sexta coluna: a) Indicadores de desempenho da fábrica – KPI: É o consolidado de todas as células de produção. Os KPI visualizados em nível fabril na coluna de segurança serão total geral da fábrica em números de acidentes com afastamento, acidente sem afastamento, primeiros socorros, auxilio enfermidade e relato de incidente. Para a coluna de qualidade será acompanhado o total geral da fábrica de números de reclamações de clientes. Para a coluna de volume serão acompanhados o total geral de volume produzido em sacos e o consolidado da OEE da fábrica. Na coluna custos será analisado o percentual geral da fábrica em refugo. Para a coluna de manutenção a visualização será o total da fábrica em número de quebras. Para educação e treinamento serão acompanhadas as horas de treinamentos totais da fábrica. b) Indicadores de desempenho da célula – OPI: É possível fazer a análise da contribuição da célula, positiva ou negativamente, em relação ao total fabril. c) Deployment, desdobramento ou estratificação do problema: É o inicio do caminho para encontrar as causas das perdas e busca o processo apropriado para a análise dessas perdas (do nível macro para o nível micro). O desdobramento somente será possível quando comparado com a meta planejada versus o realizado, identificando os objetivos prioritários e planejando as ações de melhoria. d) Análise do problema: Esta análise poderá ser realizada através das ferramentas de qualidade, as quais também são utilizadas no MASP. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br e) Plano de ação: São geradas ações para sanar as lacunas, toda ação deve ter um responsável pela sua realização, local a ser aplicado, como será executada a ação, data de encerramento e gráfico de acompanhamento das ações. f) Tabela de monitoramento: A tabela de monitoramento determina os próximos passos a serem seguidos, pois analisa a situação do processo relacionando-o com as ações já implementadas, pendentes e demais ferramentas a serem utilizadas. g) Análise diária: Neste momento o líder da célula analisará a produção e o refugo diário, agindo nas lacunas que necessitam de ações imediatas. h) Padrões: Após o ciclo de análise, quando as ações forem bem sucedidas e desejase manter a melhoria obtida teremos a padronização das tarefas com alguns padrões expostos na Gestão à Vista conforme a necessidade da célula e do gestor da célula e outros arquivados em local de fácil acesso a todos os colaboradores. i) Coluna de desenvolvimento de pessoas: A linha de analise desta coluna inicia com a visualização do KPI horas de treinamento, no segundo momento analisa-se o radar chart onde é denominada a forma de visualização de como a equipe está em nível de treinamentos específicos e quais lacunas devem ser sanadas, juntamente com o plano de ação. Visualiza-se também a matriz de treinamento, a qual mostra em quais procedimentos e padrões os colaboradores foram treinados. Na quinta linha tem-se o cronograma de treinamentos, cronograma do Programa Treinar e comunicados em geral. E a última linha usa-se para deixar expostos os procedimentos recentes e a planilha AIA (Avaliação de Impacto Ambiental). 6.3- MÉTODO DE ANÁLISE DO FLUXO DE INFORMAÇÕES O método e as ferramentas de solução de problemas devem ser escolhidos de acordo com a necessidade e o andamento das atividades, por essa razão escolheu-se o PDCA/SDCA como metodologia para fazer o giro das informações da Gestão à Vista e definiu-se o MASP como metodologia empregada no fluxo de informações da Gestão à Vista e célula de produção. O objetivo do uso dessas ferramentas é os líderes e os operadores de célula criarem a cultura de focar em atividades de melhoria contínua, trocando a busca pela solução de problemas com foco na rotina pela gestão da melhoria como um todo, o qual é o grande objetivo a ser alcançado na grande maioria das organizações. A qualidade das informações que determinará a eficácia das ações. A análise do problema faz com que as pessoas trabalhem em grupo buscando um objetivo comum: atingir a meta do indicador. Etapa P – plan: planejar – A análise inicial será de responsabilidade do líder de célula, iniciando o giro do PDCA/SDCA no fluxo de informações da Gestão à Vista. Neste momento as metas definidas serão comparadas com o que foi realizado no mês avaliando os indicadores e o desempenho da célula de produção no período. O líder fará o desdobramento das principais perdas e identificará o motivo das perdas. O ciclo de planejamento (P) fica nas três primeiras linhas da Gestão à Vista. Etapa D – do: fazer, desenvolver, executar – o líder de célula leva o planejamento feito na etapa A para o Programa Treinar, onde juntamente com os operadores fará a análise das principais causas através das ferramentas da qualidade. Essa etapa engloba o treinamento, educação, coleta de dados, definição de as ações a serem desempenhadas para eliminar os problemas. A etapa D fica na quarta e quinta linha da Gestão à Vista. Etapa C – check: verificar, controlar, checar – É o comparativo entre o planejado, o realizado nas etapas anteriores e as ações executadas serão monitorados neste momento através dos resultados. Etapa A – action: agir, ação – O ciclo do PDCA finaliza nesta etapa. Se o resultado do controle das ações demonstrou-se negativo, não atingindo os objetivos propostos, é necessário agir nos desvios encontrados. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Etapa S – standard: padronização – Esta etapa só acontece se o resultado do controle das ações demonstrou-se positivo, eliminando as perdas, fechando assim o ciclo SDCA. A padronização é criada pelos líderes e operadores. O cumprimento dos padrões é feito pelos operadores. Este ciclo acontece no fluxo de informações da Gestão à Vista conforme ilustrado na figura a seguir. Figura 5: Ligação entre o método PDCA/SDCA com a Gestão à Vista e o MASP. Fonte: Manfroi (2011). A partir da análise de informações giradas dentro dos ciclos PDCA e SDCA na Gestão à Vista temos o controle do fluxo de informações que é definido através da metodologia MASP. A etapa 1 do MASP acontece através da identificação do problema através da análise dos indicadores, coleta de dados, comportamento histórico dos dados, desdobramento de perdas e definição do problema. Observa-se a recorrência e o prazo para a resolução do problema. Na etapa 2 é realizada a observação e investigação do problema priorizando a inibição de reincidência dos problemas. Na etapa de investigação é essencial a participação da equipe na coleta de dados e estudo do problema para buscar a melhoria contínua. Na etapa 3 acontece a análise e descoberta das causas fundamentais do problema onde são lançadas hipóteses e coletas de dados até atingir a análise das principais causas. O plano de ação para bloqueio das causas do problema é realizado na etapa 4 através da ferramenta 5W2H, reuniões e discussões com as pessoas envolvidas. É importante tomar ações nas causas e não no efeito do problema identificado. Na etapa 5 são realizadas as ações e execução do plano de ação divulgando o plano e o cronograma para todas as pessoas envolvidas no estudo do MASP. Através da etapa 6 é realizada a verificação do resultado das ações e pesquisa de melhorias. Se a causa do problema não foi bloqueada é necessário retornar para a etapa de observação do PDCA, caso a causa tenha sido bloqueada pode-se realizar a padronização do ciclo SDCA. A padronização, execução das melhorias e prevenção da recorrência do problema acontece na VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br etapa 7 após o efetivo bloqueio do problema, previne-se a reincidência e executam-se as melhorias acompanhando os resultados e fazendo a gestão da melhoria. Nesta etapa é inserida a criação e revisão de padrões, os colaboradores são treinados através do Programa Treinar. Na etapa 8 é feita a conclusão e recapitulação de todo o processo e planejamento das ações futuras, encerrando o MASP, gerando o planejamento das futuras ações para sanar problemas recentes e reincidências. 7- RESULTADOS E CONCLUSÃO Realizou-se a aplicação das metodologias MASP, PDCA e SDCA, adequando o modelo às condições da gestão da melhoria de processos da unidade Lages I da Klabin Sacos Industriais. Relatou-se a importância do acompanhamento dos indicadores e seu papel na Gestão à Vista, tanto na visualização fabril quanto na visualização da célula de produção. Estudou-se a Gestão à Vista, sua aplicação, vantagens, forma de implementação e importância de divulgação através do Programa Treinar. Houve uma reorganização na estrutura de montagem da Gestão à Vista, melhorando o entendimento e a visualização das informações. Através do estudo foi proposta uma nova estrutura de Gestão à Vista com as devidas modificações e foco na melhoria do fluxo de informações, divulgação de indicadores, visualização de indicadores e análise de perdas. Foi realizada a aplicação do uso da gestão da melhoria de processos no acompanhamento do desempenho das células de produção e controle de perdas sistêmicas através da análise do problema. Realizou-se a avaliação e comparação do fluxo de informações das células de produção através das planilhas de gestão gerando gráficos comparativos entre o último trimestre de 2009 e o último trimestre de 2010. Resultado KPI último trimestre do ano Unidade de medida Meta 2009 Produção Sacos 3.620.868 3.515.886 3.649.190 3.369.805 Reclamações Número 0 0 0 0,33 Refugo % 5,40 4,96 5,10 4,94 OEE % 34,50 33,74 34,50 31,88 Número de Quebras Número 26 33,67 24 33 Acidente com Afastamento Número 0 0 0 0 Acidente sem Afastamento Número 0 0 0 0 Primeiros Socorros Número 0 0 0 0 Auxílio Enfermidade Dias Perdidos Sem registro Sem registro 0 3,67 Relato de Incidentes Número 0 1 0 1 Indicadores Meta 2010 Real 2010 Resultado Real 2009 x Real 2010 Real 2009 VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Horas de Treinamento Fábrica Horas 2,83 3,56 3,51 4,05 Quadro 2: Comparativo do trimestre - indicadores antes x depois. Fonte: Manfroi (2011). Ainda que alguns indicadores tenham queda em seus valores reais, a sua tratativa e análise na Gestão à Vista se mostra mais fácil e acessível para discussões, gerar ações, bloquear problemas e obteve grande aceitação pela equipe. Conclui-se que este trabalho alcançou os resultados esperados nos objetivos específicos e no objetivo geral procurando dar ênfase à discussão sobre o fluxo de informações e a Gestão à Vista nas células de produção focando na gestão da melhoria de processos. Constatou-se que para obter melhores resultados é necessária a interação de todas as pessoas envolvidas. Foi verificada a importância de criar condições para que o fluxo de informações funcione de maneira a integrar as pessoas e as áreas envolvidas gerando uniformidade na visão de indicadores, eficácia na comunicação, melhores análises na redução de perdas e promoção de melhorias, estimulando o trabalho em equipe e desenvolvendo as pessoas. Para finalizar o estudo foi realizada uma pesquisa de satisfação quanto ao fluxo de informações da Gestão à Vista. Essa pesquisa foi realizada entre 6 líderes de célula (dentre eles, o líder da linha piloto) e entre 24 operadores da linha piloto, os quais tem contato direto com a Gestão à Vista e o Programa Treinar, totalizando 30 participantes na pesquisa. O critério de escolha se deu por acessibilidade não probabilística, os operadores escolhidos são colaboradores diretos da linha piloto, possuem mesmo nível de conhecimento e comprometimento com a célula de produção. A pesquisa foi dividida em 15 questões de múltipla escolha, cujas opções eram respondidas com “concordo”, “concordo parcialmente”, “discordo”, “discordo parcialmente” e com espaço para comentários, de acordo com o quadro 3. Perguntas 1. A Gestão à Vista facilitou a integração entre os pilares, célula de produção e o fluxo de informações. 2. O acesso aos indicadores da fábrica para a operação e os líderes de célula melhorou. Concordo Concordo Parcialmente Discordo Discordo parcialmente Comentários 57% 40% 3% 0% A demora da atualização de alguns indicadores prejudica o fluxo de informações. 80% 20% 0% 0% 3. O acesso aos indicadores da célula de produção para a operação e os líderes de célula melhorou. 83% 17% 0% 0% 4. A Gestão à Vista é entendida através do Programa Treinar. 67% 33% 0% 0% 5. A identificação e estratificação das perdas são acessíveis e visíveis. 67% 33% 0% 0% 6. Os pilares fornecem informações sobre KPI e OPI. 43% 50% 7% 0% 7. O trabalho do líder de 80% 20% 0% 0% Interação positiva entre os indicadores, líderes e operadores de célula, trazendo foco maior na tratativa das perdas, melhorando assim a gestão da informação. O Programa Treinar é entendido pela operação como um espaço de estudo da Gestão à Vista, onde ocorre o aprimoramento, planejamento e geração dos planos de ação. As estratificações das perdas são realizadas com frequência e ficam disponíveis para acesso na Gestão à Vista. Alguns OPI não são fornecidos diretamente pelos pilares, os gestores têm acesso a um sistema interno de banco de dados. A Gestão à Vista atua um elo entre VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br célula facilitou. 8. Os OPI estão alinhados com os KPI da fábrica. 9. Existem ações para as tratativas das perdas. os objetivos da empresa e da operação, facilitando o trabalho da liderança através da clareza nas informações. 60% 40% 0% 0% 63% 33% 4% 0% 10. Os acompanhamentos diários são realizados. 40% 47% 10% 3% 11. Os padrões são conhecidos pelos operadores. 60% 40% 0% 0% 70% 17% 10% 3% 87% 13% 0% 0% 12. A Gestão à Vista é de fácil preenchimento/alimentação. 13. A Gestão à Vista é de fácil acesso. 14. O líder de célula reconhece a importância da Gestão à Vista. 100% 0% 0% 0% 15. O operador de célula reconhece a importância da Gestão à Vista. 87% 13% 0% 0% É papel do líder manter os OPI atualizados juntamente com a operação, porém alguns acompanhamentos não tem sido tratados com a profundidade necessária. A maioria dos padrões é criada pelos operadores, no Programa Treinar há espaço para o treinamento e/ou criação de novos padrões. A Gestão à Vista é fundamental para o líder demonstrar como estão os resultados, facilitando o alinhamento e entendimento das perdas para toda a equipe envolvida. Quadro 3: Resultado pesquisa de satisfação. Fonte: Manfroi (2011). Através da pesquisa de satisfação da Gestão à Vista pode-se perceber o impacto gerado na linha piloto e na liderança dos demais gestores. Ao finalizar este projeto o piloto da Gestão à Vista foi replicado para as demais células de produção da unidade, para a unidade da Argentina e para a unidade de Goiana. 8- REFERÊNCIAS CAMPOS, Vicente Falconi. Gerenciamento da rotina do trabalho do dia-a-dia. Ed. DG, 1994. ______ . TQC – Controle da Qualidade Total (no estilo japonês). 8ª Ed. Nova Lima – MG: INDG Tecnologia e Serviços Ltda, 2004. DEMING, W. Edwards (Willian Edwards). Tradução de Heloisa Martins Costa. A nova economia para a indústria, o governo e a educação. Rio de Janeiro: Ed. Qualitymark. 1997. DENNIS, Pascal. Fazendo acontecer a coisa certa: Um Guia de Planejamento e Execução para Líderes. São Paulo, Lean Institute Brasil, 2007. FALCONI, Vicente. O verdadeiro poder. Nova Lima: INDG Tecnologia e Serviços Ltda, 2009. Klabin. Disponível em: <http://www.klabin.com.br>. Acesso em: 24 out. 2010. LIKER, Jeffrey K. O modelo Toyota: 14 princípios de gestão do maior fabricante do mundo. 1ª Ed. ISBN, 2005. MANFROI, Sabrina. Aplicação da gestão da melhoria de processos nas células de produção da Klabin Sacos Industriais. 2011. 99 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Curso de Engenharia de Produção, Universidade do Planalto Catarinense, Lages, 2011. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br MARSHALL JUNIOR, Isnard, et al. Gestão da qualidade. – 9ª Ed. – Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008. KLABIN S.A. Programa Klabin Superar. Documentação interna Unidade Sacos Industriais. Lages, SC. 2011. Não paginado. THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez: Autores associados, 1988. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 11ª Ed. São Paulo: Atlas, 2009. SHINGO, Shingeo. O Sistema Toyota de Produção do ponto de vista da Engenharia de Produção; tradução Eduardo Schaan. – 2.ed. – Porto Alegre: Artmed, 1996. 296 p. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br