UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DEPARTAMENTO DE VETERINÁRIA
IMPORTÂNCIA DO EXAME ULTRASSONOGRÁFICO NO
DIAGNÓSTICO DE LESÕES DO TARSO DE EQUINOS:
RELATO DE CASO
Brunna Patrícia Almeida da Fonseca1; Daniel Queiroz França2; Maria Cristina Ferrarini
Nunes Soares Hage3
1-Professora Adjunta / Orientadora, Universidade Federal de Viçosa
2- Estudante de graduação e bolsista de Iniciação Científica PROBIC/CNPq , Universidade Federal de Viçosa
3- Professora Adjunta, Universidade Federal de Viçosa
INTRODUÇÃO
RELATO DE CASO
A ultrassonografia tem sido utilizada como uma valiosa modalidade
diagnóstica das lesões articulares dos equinos. Como técnica
complementar ao exame radiográfico, permite uma avaliação mais
detalhada das estruturas tendíneas, ligamentosas e superfícies
ósseas. Afecções do tarso são responsáveis por 80% dos casos de
claudicação discreta associada à dor crônica do membro pélvico de
equinos. O exame ultrassonográfico dessa região, assim como
outras articulações, fornece imagens capazes de localizar e
caracterizar o grau de uma lesão. Sua complexa anatomia,
entretanto, com tendões e ligamentos percorrendo múltiplas
direções e inúmeras estruturas sinoviais, faz dessa técnica um
desafio para os profissionais que trabalham com diagnóstico por
imagem. Distensão de estruturas sinoviais e aumento de volume
local são as indicações mais comuns para que se realize essa
modalidade de diagnóstico.
Dois equinos machos, com 1 e 3 anos de idade e pertencentes às
raças Campolina e Mangalarga Marchador foram atendidos no
Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa / MG com
histórico de aumento de volume na face dorsal do tarso. Ao exame
físico, os animais não apresentaram qualquer grau de claudicação
nem respondiam à dor quando o local, apresentando consistência
flutuante, era palpado. Uma vez que os exames radiográficos
também não demonstraram alterações, os equinos foram
encaminhados ao setor de ultrassonografia quando, então,
diagnosticados com tendinite do tendão extensor digital longo e
sinovite da bainha do mesmo tendão, demonstrada pela ruptura de
sua cápsula fibrosa (figura 2).
C
Ultrassonografia
FONTE: Mary Beth Whitcomb. Ultrasonography of the equine tarsus. In: ANUALCONVENTION OF THE
AMERICAN ASSOCIATION OF EQUINE PRACTIONERS, 52, 2006, San Antonio.Proocerdings... Texas,
2006. p.13-30.
A avaliação ultrassonográfica do tarso de equinos é dividida em
quatro regiões (dorsal, medial, lateral e plantar) devido ao grande
número de estruturas presentes. Ligamento colateral, tendão flexor
digital superficial, tendão extensor digital longo (figura 1), tendão
gastrocnêmio e peroneus tertius são as estruturas mais comumente
afetadas, caracterizando aumento de volume periarticular e/ou
efusão sinovial. Transdutores lineares com uma frequência de 7 -14
MHz são
usados na avaliação das estruturas do tarso,
caracterizando uma profundidade de 4-6 cm. O uso de almofada
acústica não se faz necessário, porém pode ajudar na avaliação de
proeminências ósseas.
B
A
B
A
1
2
3
1
2
3
FIGURA 1 Imagens ultrassonográficas transversal (A) e
longitudinal (B) das estruturas presentes na face dorsal do tarso,
mostrando: (1) tendão extensor digital longo; (2) peroneus tertius e
(3) músculo tibial cranial, demonstrando seu padrão normal.
FIGURA 2 - Sequência de imagens ultrassonográficas transversias
demonstrando (A) Tendão extensor digital longo, (B) ruptura de sua bainha e (C)
bainha tendínea rompida e presença de fluido.
Apesar da sinovite da articulação tarsocrural ter sido descrita como
uma maior prevalência nos achados ultrassonográficos da região
dorsal do tarso, a tenossinovite do tendão extensor digital longo pode
ser diagnosticada em equinos atletas com histórico de trauma ou
lesões crônicas. Indicadores ultrassonográficos de tenossinovite
podem ser, em sua maior parte, não específicos. Exceção, porém, é
a presença de um grande volume de detritos fluidos em uma bainha
de tendão estendida, caracterizando imagens com regiões
hipoecóicas, aumento de volume local, claudicação e dor à palpação.
CONCLUSÃO
O presente relato de caso exalta a contribuição dos tecidos moles
dentro das afecções do tarso dos equinos, assim como a importância
do diagnóstico ultrassonográfico dessas lesões.
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