Dermatopatias crônicas em equinos:
relato de dez casos
Carlos Eduardo P. dos Santos¹, Jânio M. Santúrio² & Luiz Carlos Marques³
unesp
¹Doutorando em Medicina Veterinária / Área de Clínica Médica / FCAV-UNESP
²Universidade Federal de Santa Maria / Laboratório de Pesquisas Micológicas
³Universidade Estadual Paulista, Campus de Jaboticabal / Departamento de Clínica e Cirurgia
Introdução e objetivos
A
C
E
B
Dermatopatias caracterizadas por injúrias localizadas,
agudas ou crônicas, são comuns em equideos. Podem
evoluir desencadeando transtornos sistêmicos que culminam
com a morte do animal. Ressalta-se a necessidade de
diagnóstico diferencial entre lesões cutâneas crônicas, dada
à similitude entre elas, facilidade de desenvolvimento de
tecido de granulação por vezes mascarado por tratamentos
empíricos abrasivos. O objetivo deste trabalho é descrever as
principais características clínicas e morfológicas de dez
casos de dermatopatias crônicas em equinos, refratários à
terapêutica medicamentosa.
D
Material e métodos
F
Figura 1: Equinos acometidos por pitiose cutânea. Em A
lesão rasada ao centro com bordas elevadas comum nas
evoluções abaixo de 30 dias. Em B detalhe da lesão. Em
C e E lesões acima de 60 dias. Detalhamento de ambas
em D e F. Nas evoluções mais tardias é comum elevação
no centro da lesão e bordas rasadas. Invariavelmente os
animais apresentam emaciação progressiva.
A
C
B
D
Figura 2: Equinos acometidos por sarcóide cutâneo. Em A, B
e C sarcóides fibroblásticos. Em B reincidente após 4
intervenções cirúrgicas. Em D sarcóide do tipo verrucoso.
Nestes casos não houve nenhuma influência no escore
corporal.
A
B
Figura 3: Equino apresentando extenso tecido de
granulação devido a múltiplas escoriaçoes provocadas por
ataque de Panthera onca em A. Em B detalhe da lesão
úmida e granulomatosa.
Equinos com lesões cutâneas crônicas foram atendidos em
datas distintas por veterinários de campo para propósitos
terapêuticos e acompanhados pelo setor de Clínica Médica
Veterinária da UFMT. O direcionamento do diagnóstico
baseou-se na epidemiologia, aspecto clínico, velocidade de
desenvolvimento e distribuição das lesões. A confirmação do
diagnóstico foi realizada em cortes histológicos de tecidos,
colhidos através de biópsias incisionais, conservados em
formalina a 10% e corados pela hematoxilina-eosina (HE) e
Grocott.
Resultados e discussão
Em cinco casos (50%) identificou-se pitiose (Figuras 1A-1F),
dessa estratificação, quatro eram oriundos do bioma
Pantanal (80%) e um do cerrado (20%). Sarcóide (Figuras
2A-2D) foi diagnosticado em quatro oportunidades (40%)
distribuídos na mesma proporção nos dois biomas. Apenas
em
um
dos
casos
(Figura
3A-3B)
oriundo
do Pantanal (10%), diagnosticou-se tecido de granulação
inespecífico. As lesões de pitiose, frequentemente vistas em
membros, eram ulceradas, invariavelmente úmidas,
circunscritas, com diâmetros variáveis e apresentavam sinus
com drenagem de exsudato serossanguinolento e material
semelhante a corais (kunkers). Ainda, os animais
apresentavam prurido, emaciação e claudicação. Os
sarcóides vistos predominantemente no abdômen e face,
apresentavam-se ligeiramente úmidos ou dessecados e
esfoliantes por vezes ulcerados. O tecido de granulação,
diagnosticado em membro, era caracterizado por tecido
exuberante de aspecto granulomatoso, úmido, com secreção.
A pitiose dentre as dermatopatias estudadas, apresentou
maior gravidade com relação a evolução, sendo que um dos
animais evoluiu para êxito letal, a despeito da regressão mais
facilitada nas outras enfermidades, por vezes de cura
espontânea. Desta forma, o diagnóstico diferencial, deve ser
estabelecido o mais precoce possível, pois o sucesso
terapêutico dessas enfermidades é fortemente aliado à
temporalidade de evolução das feridas. Esta casuística pode
mudar em conformidade com epidemiologia e condições
ambientais da região estudada, considerando outros estudos
nos quais os sarcóides foram mais frequentemente
diagnosticados.
Agradecimentos a CAPES pela concessão de bolsa programa Prodoutoral e
FAPEMAT pelo financiamento do projeto. Processo 002.282/2007
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