XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. PRODUTIVIDADE PRECOCE DE LINHAGENS E CULTIVARES DE PIMENTÃO EM CULTIVO PROTEGIDO Paulo Ricardo dos Santos 1 , Franciele Miranda de Moura 2 , José Guimarães Neto 3 , Fabian Santana Silva 4 , Amanda Michelle Santos de Lima 5 , Ítalo Jhonny Nunes Costa 6 e Roberto de Albuquerque Melo 7 Introdução O pimentão (Capsicum annuum L.) está entre as principais hortaliças cultivadas no Brasil (Rufino & Penteado, 2006), e seu consumo vem crescendo, cujo cultivo é uma atividade significativa para o setor agrícola nacional, estando entre as dez mais importantes no mercado hortifrutigranjeiro (Filgueira, 2000). Apresenta grande diversidade de formas (Blank et al., 1995) e sabores, permitindo serem consumidos frescos verdes ou maduros, no entanto o consumo de frutos verdes é bem mais expressivo (Oliveira et al., 2003), ou processado em forma de conservas, molhos, ou na forma de pó, como flavorizante ou corante. No Brasil existe uma grande variabilidade quanto ao formato do fruto, tamanho, cores e sabor que pode ser observada pela preferência local nos diferentes centros consumidores. Os estados de São Paulo, Minas Gerais e Ceará, juntos, produziram em 2006 aproximadamente 112 mil t. Em 2011, apenas o estado de São Paulo comercializou 29.291t (Agrianual, 2012). Em 2007, o Brasil exportou aproximadamente 6.364,6 t de pimentas e pimentões, movimentando cerca de US$ 20 milhões (Matos, 2010). Em Pernambuco, na região Agreste e Zona da Mata, onde a hortaliça é predominantemente cultivada por pequenos produtores desprovidos de modernos recursos tecnológicos, destacam-se os municípios de Camocim de São Félix, Bezerros, Gravatá, Brejo da Madre de Deus, São Joaquim do Monte, Sairé, Ibimirim, João Alfredo e Chã Grande, e na Paraíba, Boqueirão, Lagoa Seca e Alhandra (CEASA/PE, 2012). Inexistem informações sobre a quantidade de pimentão comercializada na CEASA-PE, mas na Central de Abastecimentos de São Paulo (CEAGESP) foram comercializadas 50.308 t em 2010 e 29.291 t, até o mês de julho de 2011 (Agrianual, 2012). O pimentão é produzido na maioria das áreas em campos abertos , mas tem se adaptado ao cultivo protegido. Essa nova tecnologia associada à irrigação localizada tem promovido acréscimos de produtividade da cultura (Matos, 2010) devido ao melhor controle nos tratos culturais, a extensão do tempo de colheita e safras melhores mesmo em condições ambientais adversas e em diferentes épocas, alcançando maiores preços no mercado (Henz et al., 2007; Silva et al., 1999). Apesar da exigência por temperaturas mais amenas e o cultivo em casa de vegetação se caracterizar pelo acentuado aumento na temperatura do ambiente, a produção de pimentão em sistema hidropônico vem crescendo a cada dia entre produtores que buscam atender um mercado diferenciado. O objetivo deste trabalho foi avaliar a produtividade pre coce de linhagens e caracteres de fruto em pimentões cultivados em ambiente protegido, em sistema hidropônico. Material e métodos O experimento foi realizado em casa de vegetação no Departamento de Agronomia, Área de Fitotecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Recife, PE, com latitude de 8º10’52’’S e longitude de 34º54’47’’W, entre os meses de junho de 2013 a outubro 2013. O material experimental foi constituído por quatro linhagens (L-6, L-7, L-18 e L-19) e três cultivares comerciais como testemunhas (All Big, Atlantis e Valdor). O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, com três repetições e sete tratamentos, sendo a unidade experimental constituída por três vasos, cada um deles com uma planta. Mudas de pimentão com 35 dias após o semeio foram transplantadas para vasos de 5L, contendo como substrato fibra de coco. As plantas foram mantidas em sistema hidropônico, as quais receberam diariamente solução nutritiva via sistema de gotejo pressurizado. Cada parcela foi colhida separadamente, colhendo-se os frutos quando atingiam o ponto máximo de crescimento para comercialização. As plantas foram avaliadas quanto aos seguintes características: diâmetro médio do fruto (DF), comprimento médio do fruto (CF), espessura média do pericarpo (EP) e o número médio de lóculos (NL) e produtividade precoce (PP), tomada como o somatório das três primeiras colheitas. Os dados coletados foram submetidos à análise da variância e as médias comparadas pelo teste de Scott Knott a 5% de significância (Pimentel, 2000). As análises estatísticas foram efetuadas através do programa Genes (Cruz, 2006). 1 Paulo Ricardo dos Santos é estudante de Mestrado do Programa de Pós-graduação em Melhoramento Genético de Planta da UFRPE. E-mail: [email protected] 2 Franciele Miranda de Moura é estudante de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros, s/ n, Dois Irmãos, Recife, PE. CEP: 52171-900. E-mail: [email protected] 3 José Guimarães Neto é estudante de Agronomia da UFRPE. E-mail: [email protected] 4 Fabian Santana Silva é T écnico em Agropecuária da UFRPE. E-mail: [email protected] 5 Amanda Michelle Santos de Lima é estudante de Agronomia da UFRPE. 6 Ítalo Jhonny Nunes Costa é estudante do Mestrado em Melhoramento Genético de Planta da UFRPE. E -mail: [email protected] 7 Roberto de Albuquerque Melo é Professor Adjunto do Departamento de Agronomia, UFRPE. E-mail: [email protected] XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. Resultados e Discussão De acordo com os resultados obtidos para as características avaliadas das quatro linhagens e das três cultivares comerciais, foi possível observar que o maior valor do coeficiente de variação foi de 14,60% (PP) e o menor valor 6,51% (CF). Dessa forma, os dados apresentam boa precisão experimental em todos os caracteres agronômicos analisados. Para as características: diâmetro de fruto (DF), comprimento de fruto (CF), espessura de pericarpo (EP) e produtividade precoce (PP) foi verificado diferenças significativas entre as médias das linhagens e cultivares avaliadas, com exceção do número de lóculos (Tabela 1). A linhagem L7 e a cultivar comercial All Big apresentaram os menores valores de diâmetro médio dos frutos, com 64,92 e 54,48 mm, respectivamente. Também apresentaram os menores valores de comprimento médio dos frutos, junto com a linhagem L-18, com 76,64, 81,03 e 80,11 mm, respectivamente. A cultivar All Big apresentou a menor espessura média do pericarpo (EP), com média de 4,51. Quanto à produtividade, a cultivar Valdor apresentou 26,44 t de frutos por hectare , foi a mais produtiva, diferindo significativamente de todos os tratamentos, seguida de Atlantis e da linhagem L-6. De acordo com Charlo et al. (2009), o cultivo em substratos com a utilização de fertirrigação promove o incremento de produtividade e da qualidade dos frutos produzidos, uma vez que fornecem nutriente em quantidades necessárias para cada estádio de desenvolvimento da cultura. A produção de pimentão em sistema hidropônico vem crescendo a cada dia entre produtores que buscam atender um mercado diferenciado. São necessárias pesquisas que permitam a identificação de cultivares mais produtivas para esse sistema de produção levando-se em consideração a região de cultivo. Referências Agrianual 2012 - Anuário da Agricultura Brasileira. São Paulo: FNP. Informa Economics South América, 2012. 408 p. Blank, A.F.; Souza, R.J. de; Gomes, L.A.A. Produção de pimentão em estufa. Lavras: UFLA, 1995. 15p. CEASA-PE. Calendário de comercialização. Recife: Central de Abastecimento Alimentar de Pernambuco, 2012. <http://www.ceasape.org.br/calend_municipios.php>. 01 Out. 2012. Charlo, H.C.O.; Castoldi, R.; Fernandes, C.; Vargas, P.F.; Braz, L.T. Cultivo de híbridos de pimentão amarelo em fibra da casca de coco. Horticultura Brasileira, v. 27, p. 155-159, 2009. Cruz, C.D. 2001. Programa genes: versão Windows. Viçosa: UFV. 648p. Filgueira, F. A. R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV, 2008. 421 p. Henz, G.P.; Costa, C.S.R. da; Carvalho, S.; Banci, C. A. Caderno Técnico: Como cultivar pimentão. Revista Cultivar Hortaliças e Frutas, Pelotas, nº 42, 2007. 6p. Matos, F.A.C. Evolução, Tendência, Perspectivas e Desafio Futuro do Agronegócio da Olericultura no Brasil e Distrito Federal. EMATER/DF – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal. 2010. 27 p. <http://www.emater.df.gov.br/sites/200/229/00001806.pdf>. 14 Out. 2013. Nascimento, W. N.; Boiteux, L. S. Produção de sementes de pimentão em Brasília. Horticultura Brasileira, v. 10, p. 125-6, 1992. Oliveira, R.M.B.; Oliveira, F.A.; Viana, J.S.; Moura, F.M.; Santos, C.G. Manejo da irrigação e da adubação nitrogenada sobre a qualidade dos frutos do pimentão em condições controladas. Horticultura Brasileira, v. 21, n. 2, p. 376-377, 2003. Pimentel, G. F. 2000 Curso de Estatística Experimental 14. ed. Piracicaba: Degaspari, 477p. Rufino, J.L.S.; Penteado, D.C.S. Importância econômica, perspectivas e potencialidades do mercado para pimenta. Informe Agropecuário, v. 27, n. 235, p. 7-15, 2006. Silva, M.A.G. da; Boaretto, A.E.; Melo, A.M.T.; Fernandes, H.M.G.; Scivittaro, W. B. Rendimento e qualidade de frutos de pimentão cultivado em ambiente protegido em função do nitrogênio e potássio aplicados em cobertura. Scientia Agricola, São Paulo, v. 56, n. 4 (suplemento), p. 1199-1207, 1999. Tabela 1. Estimativas dos quadrados médios para cinco características de fruto de pimentão. Recife, UFRPE, 2013. XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. Quadrados Médios 1 FV BLOCOS GL DF CF EP NL PP 2 21,60 75,76 0,21 0,01 ns 0,28 HÍBRIDOS 6 431,46** 651,46** 3,48** 0,24 68,43** RESÍDUO 12 48,55 35,01 0,21 0,10 7,50 9,28 6,51 6,79 9,20 14,60 CV % (1) DF = diâmetro de fruto (mm); CF = comprimento de fruto (mm); EP = espessura do pericarpo (mm); NL = número de lóculos e PP = produtividade precoce (t ha-1 ). Tabela 2. Comparação entre médias para cinco características de fruto de pimentão. Recife, UFRPE, 2013. GENÓTIPOS DF (mm) CF (mm) ES (mm) NL PP (t ha-1 ) L-6 86,52 a 90,29 b 7,55 a 3,84 19,97 b L-7 64,92 b 81,03 c 7,36 a 2,97 15,17 c L-18 86,07 a 80,11 c 7,18 a 3,61 17,38 c L-19 74,97 a 89,20 b 7,18 a 3,65 18,72 c All Big 54,48 b 76,64 c 4,51 b 3,41 11,61 c Atlantis 74,28 a 98,98 b 6,91 a 3,26 22,01 b Valdor 84,18 119,49 7,31 a 3,34 26,44 a *Médias na coluna seguidas da mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Skott Knott.