A VISÃO MARXISTA DO PROGRESSO TÉCNICO Marx foi o primeiro economista a seguir os efeitos do progresso técnico no sistema econômico em sua totalidade. Marx não dissociava a possibilidade de expansão capitalista, da utilização crescente do progresso técnico, uma vez que este era a principal arma da concorrência capitalista, portanto, da concentração e centralização dos capitais. Os impactos negativos da grande indústria, que era o vetor da modernização da produção capitalista – entre eles a destruição de formas antigas de produção familiar, a alienação do trabalhador, o aumento da exploração capitalista através do incremento da mais-valia relativa e a formação de um”exército”de desempregados - se explicavam pela formação social em que ela se inseria. Superado o Capitalismo como formação social, a grande indústria seria expropriada e os benefícios do progresso técnico se voltariam para os trabalhadores. A visão do pensamento neoclássico convencional Os neoclássicos convencionais defendem que não se deve atribuir qualquer sentido valorativo em relação à adoção ou não do progresso técnico. • A inovação tecnológica dependeria do avanço do conhecimento científico e das artes técnicas, o que estaria permanentemente acontecendo fora do sistema produtivo. • A possibilidade de mudança técnica seria algo que aconteceria a depender do preço relativo dos fatores de produção. Uma técnica avançada, embutida em uma máquina ou em um processo de produção disponíveis no mercado, seria utilizada quando os preços destes bens que a incorporassem pudessem ser comparativamente vantajosos em relação ao preço dos fatores que seriam substituídos. Só o mercado deve orientar uma mudança técnica, e um valor afirmativo deve ser dado ao equilíbrio que através dela se venha obter, sendo uma questão menos relevante o rumo e a velocidade com que o progresso técnico é incorporado pelo sistema produtivo. A visão contemporânea A visão contemporânea ressalta o impacto econômico das políticas públicas de ciência e tecnologia e das instituições integrantes do sistema nacional de inovações tecnológicas. Tão ou mais importante que os preços relativos para a decisão empresarial de introduzir uma inovação, visando a maior competitividade, é o funcionamento do sistema de geração de tecnologias e os mecanismos de endogenização da demanda pela pesquisa e desenvolvimento, P&D. O arcabouço institucional da ciência e da tecnologia, ou a maneira como se organiza e funciona a pesquisa básica e a aplicada e os mecanismos de difusão em um determinado país ou região, é um fator decisivo nos processos de indução e absorção de inovações tecnológicas. O papel da C&T na afirmação da soberania nacional A afirmação de uma nação, a continuidade de sua independência, a soberania e as relações comerciais mais equilibradas que estabelece com o resto do mundo são progressivamente dependentes da Ciência e da Tecnologia. Ciência e Tecnologia não são somente elementos da cultura de um povo, de uma sociedade, mas são também elementos delimitadores de um perfil moderno de qualquer Estado ou nação. Sem uma ciência e uma tecnologia nacionais não se consegue promover o desenvolvimento econômico, valorizar devidamente os produtos de exportação e também não se tem sucesso em educar, nutrir e tornar saudáveis os cidadãos de um país. No Brasil: • há necessidade de que certos conhecimentos sejam adaptados à realidade brasileira; • há necessidade de sermos menos dependentes de produtos importados e mais eficientes na exportação de produtos novos. Estas necessidades nos obrigam a sermos eficientes na geração autóctone do conhecimento, aquela que se dá no próprio local onde se faz necessária. Por que a tecnologia importada não substitui a geração autóctone A importância de uma produção autônoma em Ciência e Tecnologia que leve a uma menor dependência da importação de conhecimentos se justifica, porque a transferência de tecnologia não esgota o elenco da diversidade das necessidades de inovações e não apresenta um grau variável de adaptabilidade ao ambiente e às particularidades de mercados nacionais com especificidades culturais inquestionáveis. A efetividade da transferência de tecnologia, que deve ser medida pela capacidade de ir além de soluções tópicas e localizadas de problemas, somente se verifica quando acompanhada da possibilidade de se produzir conhecimento autóctone, que é aquele nacionalmente localizado. Somente por esta via é que serão geradas oportunidades de investimentos que ajudam a superar o modelo de economia complementar e a reduzir os eventuais desequilíbrios econômicos entre as nações. É por meio da produção nacional do conhecimento científico-tecnológico que surgem as possibilidades de explorar as vantagens de comércio internacional, obtendo lucros extraordinários, mediante a incorporação em”primeira mão”, de inovações de processos e produtos, o que não é possível pela via da importação de tecnologia. A dependência tecnológica como fator de retardamento do desenvolvimento econômico tem sido salientada por vários estudiosos. Da mesma forma que é uma utopia pensar-se em auto-suficiência em termos de conhecimento, é, por outro lado, altamente desejável depender menos da pesquisa realizada fora das fronteiras do Brasil. Renunciar à geração autóctone do conhecimento e a uma presença em temas avançados de pesquisa significa manter um elevado grau de vulnerabilidade da economia e colocar questões essenciais, como a segurança alimentar e a saúde da população, fora do controle das decisões nacionais. A cooperação internacional em ciência e tecnologia, bem como nos demais setores, faz parte do convívio das nações. Entretanto, ela se deve dar em condições de trocas iguais. O Brasil tem forte potencial para a geração de conhecimento, mas ainda carece de um mecanismo que faça com que este conhecimento alcance o setor produtivo. Comparando-se o Brasil com a Coréia, observa-se que a produção acadêmica dos dois países é semelhante. Porém a quantidade de trabalhos acadêmicos transformada em pedidos de patentes na Coréia é mais de trinta vezes maior que no Brasil. No Brasil, há ainda incongruência entre o volume de produção científica e a escassez de inovações. A expansão do conhecimento não é proporcional ao aproveitamento econômico desse conhecimento. Alguns problemas foram detectados por pesquisadores: • Cultura de propriedade intelectual incipiente – o conhecimento como fonte de geração de inovação e de riqueza precisa, antes de qualquer coisa, estar protegido (situação que vem sendo alterada). • A reputação / notoriedade do pesquisador parece ser mais importante que o benefício social da exploração comercial do objeto da patente. • Há pouco incentivo e cultura para a fixação de Doutores em empresas (expectativa de mudança com a Lei de Inovação). A situação é ainda mais grave quando se compara o Brasil com países como a Inglaterra, a França e a Alemanha. O Brasil precisa capitalizar mais sua cultura científica. Os produtos da geração de conhecimento no Brasil comparados com outros países. TIPOS DE PESQUISA A pesquisa compreende qualquer atividade criativa e sistemática realizada com o fim de incrementar o acervo do conhecimento científico e o uso desse acervo de conhecimentos para conceber novas aplicações. Para realizar uma pesquisa de cunho científico, é de fundamental importância que o pesquisador tenha uma clara distinção dos diversos tipos de conhecimento e uma sólida fundamentação epistemológica. Quanto à natureza Pesquisa básica Tem como objetivo principal a busca do saber. Pesquisa teórica • Trata-se da pesquisa que é ”dedicada a reconstruir teoria, conceitos, idéias, ideologias, polêmicas, tendo em vista, em termos imediatos, aprimorar fundamentos teóricos”. • Esse tipo de pesquisa é orientado no sentido de reconstruir teorias, quadros de referência, condições explicativas da realidade, polêmicas e discussões pertinentes. • A pesquisa teórica não implica imediata intervenção na realidade, mas nem por isso deixa de ser importante, pois seu papel é decisivo na criação de condições para a intervenção. • “O conhecimento teórico adequado acarreta rigor conceitual, análise acurada, desempenho lógico, argumentação diversificada, capacidade explicativa”. Pesquisa empírica É a pesquisa dedicada ao tratamento da”face empírica e factual da realidade; produz e analisa dados, procedendo sempre pela via do controle empírico e factual”. • A valorização desse tipo de pesquisa está na possibilidade que oferece maior concretude às argumentações, por mais tênue que possa ser a base factual. • O significado dos dados empíricos depende do referencial teórico, mas esses dados agregam impacto pertinente, “sobretudo no sentido de facilitarem a aproximação prática”. Pesquisa aplicada Busca de solução para problemas concretos e imediatos. • Muitas vezes pesquisas básicas possuem grande importância em nossa vida. É o caso da eletricidade. Quando os primeiros cientistas começaram a pesquisá-la, o único objetivo era a curiosidade. • Ligada à práxis, ou seja, à prática histórica em termos de conhecimento científico para fins explícitos de intervenção; não esconde a ideologia, mas sem perder o rigor metodológico.