THAÍSE SOUSA BRITO DE ALMEIDA ANA PAULA OLIVEIRA PERFIL DOS PORTADORES DE LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO ATENDIDOS NO AMBULATORIO DE REUMATOLOGIA DO HOSPITAL DE BASE DO DISTRITO FEDERAL EM 2010. Monografia apresentada ao curso de graduação em enfermagem da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em enfermagem. Orientador: Profª. MCs. Neuza Moreira de Matos Brasília 2010 Monografia de autoria de Ana Paula de Oliveira e Thaise Sousa Brito de Almeida intitulada “Perfil dos portadores de Lúpus Eritematoso Sistêmico atendidos no Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal no segundo semestre de 2010”, apresentada como requisito para obtenção do grau de Bacharel em enfermagem da Universidade Católica de Brasília em 24 de novembro de 2010, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: _________________________________________________________________ Prof.MSc. Neuza Moreira de Matos Orientadora Enfermagem - UCB _________________________________________________________________ Prof.Dra. Leila B. D. Gottems Enfermagem - UCB _________________________________________________________________ Prof. Especialista. Adailton Almeida Mendonça Enfermagem – UCB Brasília 2010 Esta monografia é dedicada aos nossos pais, maridos, filhos e a todos os pacientes do Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal, que gentilmente aceitaram participar da pesquisa. AGRADECIMENTOS Agradecemos em primeiro lugar a Deus que iluminou o nosso caminho durante esta caminhada. Às pessoas que, por seu valor, nos auxiliaram a cumprir este percurso: À profª. Neuza Moreira, pela paciência na orientação, dedicação, competência e incentivo que tornaram possível a conclusão desta monografia. Ao profº. Adailton, pelo convívio, pelo apoio, pela compreensão e pela amizade. Aos amigos, por suas palavras de incentivo e carinho demonstrado durante nosso convívio. Aos pacientes, sem os quais esta pesquisa não poderia ser realizada. Aos familiares, pela compreensão dos momentos juntos que tivemos que abrir mão nestes últimos tempos, pelo apoio e carinho. Por fim a todos aqueles que de alguma forma doaram um pouco de si para que a conclusão deste trabalho se tornasse possível. “Nenhum trabalho de qualidade pode ser feito sem concentração e auto-sacrifício, esforço e dúvida”. Max Beerbohm RESUMO OLIVEIRA, Ana Paula de, ALMEIDA, Thaíse Sousa Brito de. Perfil dos Portadores de Lúpus Eritematoso Sistêmico Atendidos no Ambulatório De Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal em 2010. 48 f. Taguatinga-DF, Universidade Católica de Brasília. Taguatinga, 2010. O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença auto-imune, multissistêmico com curso clínico flutuante. Este estudo teve como objetivo identificar o perfil dos portadores de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) atendidos no Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal. Foi realizado um estudo descritivo com caráter quantitativo e correlacional. Para isso, usou-se como instrumento, um roteiro de entrevista com questões estruturadas. Foram estudados 50 pacientes com diagnóstico de Lúpus Eritematoso Sistêmico pelos critérios “American College of Rheumatology”. Na análise dos dados foi utilizado o programa SPSS 17.0 para Windows. Foram realizadas as análises descritivas com média, desvio padrão, freqüência relativa e freqüência absoluta. Utilizou-se o qui-quadrado para associar as variáveis: renda e escolaridade a quantidade de crises. O nível de significância adotado foi p≤0,05. Marcada pela predileção pelo sexo feminino o LES afeta principalmente as mulheres em seu período de vida reprodutiva, sendo a idade média de início da doença 24 anos. O perfil encontrado na amostra foi mulheres pardas, casadas, com idade média de 37anos. Os resultados demonstraram diferenças significativas na correlação do LES com o sexo feminino e raça parda (p=0,009). Enquanto que na correlação das variáveis renda e escolaridade a quantidade de crises não houve diferenças significativas. Palavras chaves: Lúpus Eritematoso Sistêmico. Epidemiologia. Perfil. ABSTRACT OLIVEIRA, Ana Paula de, ALMEIDA, Thais Sousa Brito. Profile of Patients with Systemic Lupus Erythematosus in the Outpatient Rheumatology, Hospital of the Federal District in 2010. 48 f. Taguatinga-DF, Catholic University of Brasilia, 2010. Systemic Lupus Erythematosus (SLE) is an autoimmune disease, multi-systemic with fluctuating clinical course. This study aimed to identify the profile of patients with Systemic Lupus Erythematosus (SLE) attended at the rheumatology clinic of the Central Hospital of the Federal District. We conducted a descriptive study with a quantitative and correlational characteristics. So, we used as an instrument, an interview form with questions structured. We studied 50 patients diagnosed as SLE by the criteria of "American College of Rheumatology." In the data analysis was carried out using SPSS 17.0 for Windows. Descriptive analysis was undertaken with mean, standard deviation, relative frequency and absolute frequency. We used the chi-square to associate variables income and education with the number of crises. The level of significance was p ≤ 0.05. Marked by a predominance of female, SLE primarily affects women in their reproductive life span, the average age of onset 24 years. The profile found in the sample was skinned women, married, with a mean age of 37anos. The results showed significant differences in correlation with SLE and female mulattos (p = 0.009). While the correlation of the variables income and education the number of crises were no significant_differences Keywords: Systemic Lupus Erythematosus. Epidemiology. Profile. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 9 2. OBJETIVOS ..................................................................................................................................................11 2.1. OBJETIVO GERAL ........................................................................................................................................ 11 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................................................. 11 3. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................................................12 3.1. LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: UM BREVE HISTÓRICO......................................................................... 12 3.2. FATORES QUE INFLUENCIAM O SURGIMENTO E EXARCEBAÇÃO DO LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO ... 13 3.2.1. Hormônios e Sexo ............................................................................................................................... 13 3.2.2. Genética ............................................................................................................................................. 14 3.2.3. Fatores ambientais ............................................................................................................................ 14 3.2.4. Raça e condição socioeconômica ....................................................................................................... 16 3.3. FISIOPATOLOGIA DO LES ............................................................................................................................ 16 3.4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DO LES ............................................................................................................ 17 3.5. DIAGNÓSTICO DO LES ................................................................................................................................ 21 3.6. TRATAMENTO DO LES ................................................................................................................................ 22 3.7. OS EFEITOS DA IMUNIZAÇÃO EM PACIENTES LÚPICOS .............................................................................. 25 3.8. PROGNÓSTICO DO LES ............................................................................................................................... 27 4. METODOLOGIA ...........................................................................................................................................29 4.1. POPULAÇÃO DA PESQUISA ......................................................................................................................... 29 4.2. COLETA DE DADOS ..................................................................................................................................... 29 4.3. CRITÉRIO DE INCLUSÃO .............................................................................................................................. 30 4.4. CRITÉRIO DE EXCLUSÃO ............................................................................................................................. 30 4.5. ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ................................................................................................................ 30 5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS .............................................................................................................32 6. DISCUSSÃO .................................................................................................................................................36 8. CONCLUSÃO ................................................................................................................................................39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................................40 APÊNDICE A– TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ................................................................45 APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA ........................................................................................................46 APÊNDICE C– BANNER....................................................................................................................................47 ANEXO A – PARECER DE APROVAÇÃO DA FUNDAÇÃO DE ENSINO E PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE- SES COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA ........................................................................................................................48 1. INTRODUÇÃO O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma patologia autoimune, multissistêmica, recorrente com uma apresentação clínica variável e uma história natural imprevisível sendo, progressiva e potencialmente fatal, se não tratada (FERREIRA et al., 2008, p. 200). De acordo com Santos (2009), o lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença de grande impacto social e econômico, porque interfere na capacidade produtiva, podendo evoluir para complicações e sequelas que acabam dificultando o ingresso dos doentes no mercado de trabalho. Em sua amostra, 65,45% declaram-se inativos; destes 62,12% afirmaram que não estavam executando uma atividade remunerada em decorrência de sua doença. Segundo Sato et al. (1991, p. 57) no Brasil trabalhos avaliando populações de pacientes lúpicos são escassos.Pesquisadores norte-americanos verificaram uma relação entre raça e características sociais e econômicas na morbidade do LES (PETRI et al.,1991 apud SANTOS, 2009, p.23). Couto et al. (2008, p.250) corrobora com Petri e também coloca que baseada em diversos estudos preditores demográficos também influenciam no desenvolvimento da doença. Já Bittencourt, Beserra e Nórega (2008, p.27) são bastante cautelosas em suas afirmações. De acordo com elas, o desenvolvimento da doença está associado à predisposição genética e aos fatores ambientais como luz ultravioleta e alguns medicamentos. Couto et al. (2008, p.249 e 251) enfatizou que pacientes crônicos e o idoso atualmente demandam cada vez mais admissões em UTIs sendo que um número considerável procede do Serviço de Reumatologia - mormente aqueles portadores de LES, condição crônica com múltiplo acometimento orgânico. Acrescenta ainda que o lúpus eritematoso sistêmico é uma doença crônica com um índice de mortalidade maior que a da população geral na proporção de 1,5 a 5 vezes. A doença é muito variável em severidade, indo de casos leves até casos graves, debilitantes e potencialmente letais, acarretando danos funcionais e consequências sociais com grande prejuízo à qualidade de vida dos que contraem a doença. Cinquenta por cento dos pacientes com LES apresentam lesão permanente em órgão-alvo (TISKIEVICZ, 2008, p.16). Rocha et al. (2000, p. 222), ao comentar o fato do nível sócio-econômico ser apontado como fator possível de alterar o curso da doença, afirma que esse quadro se deve a precariedade em relação à capacidade de compreensão do esquema terapêutico e aderência ao tratamento. Santos (2009) concorda com essa opinião e acrescenta que o grau de escolaridade é um importante indicador social. 9 O conhecimento do perfil socioeconômico e demográfico dos doentes lúpicos vinculados ao regime de atendimento ambulatorial é essencial para o planejamento de ações educativas e assistenciais dirigidas a esse grupo, bem como facilita a administração de recursos, muitas vezes, escassos, face às solicitações crescentes dentro de uma unidade hospitalar. Quando se refere ao fator raça, é importante ressaltar que, embora existam no Brasil estudos que tentem caracterizar a população quanto à raça ou cor, estudar a incidência de LES numa determinada raça em nosso país chega a ser problemático em virtude da grande diversidade de misturas de raças. Além disso, as questões sociais geralmente influenciam na autorreferência e, portanto, nem sempre corresponde à realidade (VILAR, RODRIGUES E SATO.,2003, p.349). Diante disso e pelo fato de uma das pesquisadoras ser portadora de LES e ter familiares também portadores houve o interesse em se pesquisar sobre o assunto durante a graduação. Observa-se que muitos profissionais de saúde não têm idéia da dimensão do assunto, o que gera preocupação. O LES tem manifestações clínicas variáveis. Conhecer esse perfil permite à equipe de saúde melhor sistematização da assistência o que, consequentemente, para os portadores refletirá em melhor atendimento e entendimento sobre o seu estado de saúde, o que proporcionará também melhor qualidade de vida. O estudo dessa temática requer um conhecimento prévio da doença, incluindo suas principais manifestações clínicas, prognóstico, dados demográficos e socioeconômicos, dúvidas freqüentes em relação à imunização bem como medidas terapêuticas que auxiliem na promoção da qualidade de vida dos pacientes, auxiliando-os no enfrentamento da doença. O Hospital de Base do Distrito Federal - HBDF foi escolhido como campo para coleta de dados por ser referência em Brasília. Em março de 2009, Paulo Ribeiro publicou no HUB notícias que dados estatísticos demonstram que 0,5% da população mundial é acometida pelo lúpus e que no DF não há estimativa oficial. No Brasil foram realizados poucos estudos no que se refere ao perfil do portador de LES sendo que, no Distrito Federal (DF) ainda não foi encontrado nenhum caso que estivesse registrado na literatura. Então, partindo do princípio que fatores como sexo, raça, nível socioeconômico, entre outros, podem estar relacionados com o desencadeamento e evolução da doença e que geograficamente o DF situa-se na região Centro-Oeste e abriga uma população bastante diversificada, um estudo sobre LES, referenciado nessas características se torna válido e interessante. 10 2. OBJETIVOS 2.1. OBJETIVO GERAL Conhecer o perfil dos portadores de lúpus eritematoso sistêmico (LES) atendidos no Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal, em 2010. 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Identificar a correlação entre freqüência do LES, sexo e raça. 2. Correlacionar as variáveis renda e escolaridade com a quantidade de crises lúpicas; e 3. Apresentar subsídios para melhorar o atendimento do serviço no Ambulatório de Reumatologia do HBDF a partir do perfil levantado. 11 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1. LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: UM BREVE HISTÓRICO Há 400 a.C. Hipócrates descreveu o lúpus eritematoso como lesões erosivas no rosto (herpes Esthiomeonos). Em 1826, Rayer identificou o lúpus com o nome fluxo sebáceo. Em 1851, Pierre Cazeane, médico francês, observou lesões na pele e comparou-as à mordida de um lobo e, em decorrência disso, deu-se o nome de lúpus eritematoso que significa: lúpus= lobo e eritematoso = vermelhidão (Sato, 1999 apud SPINELLI, 2002, p.14). Em 1895, um médico canadense, Sir Willian Osler, trabalhando na época em Baltimore, observou que o LES podia afetar órgãos internos sem a ocorrência de lesões na pele, então adicionou ao nome a palavra sistêmica que quer dizer “Todo”. Desse dia em diante, passou então a se chamar lúpus eritematoso sistêmico (LES) (GOMESI et al., 2004, p.02). Em 1948, Dr. Malcom Hargraves descreveu a célula LE, uma célula em partículas, encontrada no sangue de pacientes com lúpus eritematoso sistêmico o que propiciou um melhor diagnóstico da doença. A sua descoberta permitiu que os médicos identificassem mais casos de LE usando simplesmente um exame sangüíneo. Como resultado, durante os anos seguintes, o número de casos de LES cresceu com regularidade. Desde 1954, várias proteínas incomuns (anticorpos) que agem contra os tecidos do paciente foram associadas ao lúpus eritematoso sistêmico. A detecção dessas proteínas anormais tem sido usada para desenvolver testes mais sensíveis ao LES, como teste antinuclear antibody. Além disso, foi o primeiro a introduzir os glicocorticóides no tratamento de pessoas com LES (Wallace et al., 2006 apud LOUREIRO, 2008). Spinelli et al. (2002, p.14) descreve o LES como uma doença inflamatória crônica, autoimune, multissistêmica, de etiologia a esclarecer com curso clínico e prognóstico variável, que causa principalmente lesões na pele, dor e inchaço nas articulações, mas que pode também causar inflamação em diversos outros órgãos, como os rins, membranas que recobrem o pulmão, vasos sanguíneos, sistema nervoso e alterações nas células sanguíneas. Pode, ainda, acometer indivíduos de qualquer idade. 12 3.2. FATORES QUE INFLUENCIAM O SURGIMENTO E EXARCEBAÇÃO DO LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO Vários fatores são apontados como capazes de influenciar nas formas de manifestação da doença, entre eles estão descritos: o elemento sexo, idade do início da doença, fatores genéticos e ambientais (a exposição à luz ultravioleta), raça e condição socioeconômica (ROCHA et al., 2000, p.222). 3.2.1. Hormônios e Sexo Segundo Brunner e Suddart (2005, p.1718) e Tiskievicz (2008, p.22 e 23), há evidências de que o LES seja mais freqüente nas mulheres em decorrência da atividade hormonal. O estrogênio modula a atividade dos linfócitos T e ativa uma população de células B autoimunes associadas que expressam o marcador antigênico na célula B (CD5). A imunorregulação é um processo que equilibra a resposta imune, ou seja, a resposta imune bem sucedida elimina o antígeno incitante (corpo estranho) e quando este é eliminado a resposta volta a um nível normal. O LES ocorre devido a uma alteração na imunorregulação, onde o sistema imune se torna incapaz de diferenciar entre o “próprio” e o “não próprio”. De acordo com Cunha & Staub (1999, p.479), os hormônios sexuais femininos estão envolvidos na patogênese do LES. Diz também que o estrogênio afeta diversas funções biológicas, incluindo reações imunes e inflamatórias. Isso acontece porque os estrogênios modulam a produção de monocinas pró-inflamatórias. Paralelo a esse evento, os estrogênios estimulam as respostas das células T e aumentam os níveis de imunoglobulina. Vários estudos como, por exemplo, o de Tiskievicz (2008), Cunha & Staub (1999) e Coelho (2003) incriminam os estrogênios no desencadeamento ou aceleração do LES, entre os quais foram encontrados: relação entre estrogênio sintético encontrado nos contraceptivos orais e exarcebação do LES; efeito do período menstrual na atividade da doença; efeito adverso da gravidez no LES; alta incidência de LES entre pacientes com síndrome de Klinefelter (indivíduos do sexo masculino que apresentam cromatina sexual e cariótipo geralmente 47, XXY); e a baixa incidência da doença após a menopausa. O estrogênio aumenta a produção de auto-anticorpos que podem levar a depressão da imunidade celular (Hochberg, 1997 e Cameron, 1999 apud COELHO, 2003, p.39). 13 3.2.2. Genética Segundo Cunha & Staub (1999, p.477), a suscetibilidade ao lúpus eritematoso sistêmico depende de múltiplos genes. Ele afirma que alguns autores acreditam que um indivíduo deve herdar, no mínimo, três a quatro genes de suscetibilidade (são genes que aumentam o risco relativo para doença) para que o LES possa se desenvolver. De 10 a 16% dos portadores de LES apresentam história familiar (parentes de primeiro e segundo grau). Tiskievicz (2008, p.15), em sua dissertação, afirma que embora o LES possa ser transmitido de pais para filhos, não é uma doença hereditária, de modo que isso ocorre porque algumas pessoas herdam alguns fatores genéticos que contribuem para suscetibilidade da doença. Cunha & Staub (1999, p.477) completa afirmando que os genes mais fortemente associados às doenças em humanos estão localizados no braço curto do cromossomo 6, na região que codifica o MHC (gene do complexo maior de histocompatibilidade). A predisposição para o LES envolve também polimorfismo no HLA (antígeno leucocitário humano) classe II, o qual também está associado à presença de anticorpos antiENA e anti-DNA e HLA classe III. Os anticorpos anti-ENA e anti-DNA são específicos para o LES. Tiskievicz (2008), afirma: O LES mostra uma agregação familiar forte, com freqüência aumentada entre parentes de primeiro grau e alta concordância entre gêmeos idênticos. Além disso, pode coexistir com história familiar de outras doenças autoimunes órgãoespecífico (TISKIEVICZ, 2008, p.16). É importante salientar que a doença é concordante em gêmeos monozigóticos em não mais do que 58% dos casos, dado que aponta para a existência de fatores ambientais necessários para a deflagração da doença (CUNHA & STAUB, 1999, p. 477-478). 3.2.3. Fatores ambientais De acordo com Cunha & Staub (1999, p.478), dentre os fatores ambientais, a exposição à luz ultravioleta (UV) tem papel definido, sendo o principal fator de exarcebação da doença. Segundo esses autores, mais de 70% dos pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES), quando expostos aos raios ultravioletas, seus sintomas se agravam ou se tornam intensos. 14 O desencadeamento do LES pela exposição aos raios ultravioletas poderia ser explicado pela indução de células supressoras ou pelo aumento do apoptose dos queratinócitos (Wallace, 1999 apud COELHO, 2003, p.39). Segundo Cunha & Staub (1999, p.478), a exposição do DNA de células epidérmicas à luz ultravioleta aumenta os dímeros de timina do DNA (ligação covalente entre resíduos de timina adjacentes dentro de uma molécula de DNA, muitas vezes, catalisado por radiação UV) o que torna estes ácidos nucléicos imunogênicos, ou seja, induz uma resposta imune específica. Estão na lista de fatores ambientais: alimentação, exposição a agentes infecciosos, drogas e tabaco (CUNHA & STAUB, 1999, p. 478). Dietas hipercalóricas ou com alto teor de gorduras saturadas ou brotos podem eventualmente promover o desenvolvimento da doença em indivíduos predispostos. No que se refere aos agentes infecciosos, acredita-se que têm função na indução e perpetuação do lúpus eritematoso sistêmico, no entanto, ressalva-se que este é um assunto ainda de intenso debate (CUNHA & STAUB, 1999, p. 478). Conforme Cunha & Staub (1999, p.478), algumas viroses podem induzir o aparecimento do lúpus eritematoso sistêmico (LES) ao ativarem de maneira policlonal os linfócitos T e B. As drogas como Hidralazina, Procainamida, Izoniazida, Hidantoina, Clorpromazina, Metildopa, D- penicilamina e Interferon-alfa podem predispor ao LES. O lúpus induzido por drogas é diferente das formas habituais da doença, predominando manifestações cutâneasarticulares e serosites (CUNHA & STAUB, 1999, p. 478). No que diz respeito ao tabagismo, Araújo et al. (2008, p.304) diz que o tabaco parece exercer papel importante na patogênese da doença, uma vez que os componentes do cigarro podem influenciar a autoimunidade. Afirma também que a fumaça do cigarro contém componentes potencialmente tóxicos (nicotina e monóxido de carbono) que podem funcionar como desencadeadores de reações no sistema imune contra proteínas e contra o DNA de cadeia dupla, através de indução de mutações, ativação de genes supressores tumorais e oncogênese, danos oxidativos aos componentes nucleares. De forma similar, a fumaça do cigarro pode induzir mutagenese em linfócitos B e T policlonais, produzindo fatores imuno-modulatórios (ARAÚJO et al.,2008, p.305). 15 3.2.4. Raça e condição socioeconômica Quanto ao fator raça e sua influência no desenvolvimento do LES, encontra-se muitas divergências de dados em relação à incidência e prevalência. Enquanto Prado et al. (2007) conclui em seus estudos que há uma predominância na raça branca, Rocha et al. (2000) conclui em sua amostra que há uma incidência elevada de LES em mulatos. Rocha et al. (2000, p.222) ao comentar o fato do nível socioeconômico ser apontado como fator possível de alterar o curso da doença, afirma que essa questão se deve a precariedade em relação à capacidade de compreensão do esquema terapêutico e aderência ao tratamento. Santos (2009, p.15) complementa dizendo que a ausência de adesão ao tratamento proposto prejudica a obtenção de resultados pretendidos com a terapêutica medicamentosa. No Brasil, deve ser considerada, além dos aspectos genéticos, a escolaridade e a renda. A desigualdade de acesso às escolas e outros suportes sociais, entre as diferentes etnias, pode ser justificada, principalmente, em decorrência da história da imigração dos negros no Brasil que foram trazidos sob a condição de mão de obra não remunerada. Existe uma longa discussão em relação à etnia e à adesão ao tratamento no LES (SANTOS, 2009, p.60). 3.3. FISIOPATOLOGIA DO LES Bennett e Plum (1997, p. 1325) citam que o sistema imunológico produz proteínas chamadas anticorpos para proteger o corpo de viroses, bactérias e outros corpos estranhos. Esses corpos estranhos são chamados antígenos. Em uma desordem imunológica como o lúpus, o sistema defensivo perde sua habilidade de diferenciar entre substâncias de corpos estranhos (antígenos) e de suas próprias células e tecidos. O sistema imunológico passa então a direcionar anticorpos contra si mesmo. Esses anticorpos, chamados autoanticorpos, reagem com elementos do próprio organismo formando complexos imunológicos. São esses complexos imunológicos que acabam crescendo nos diversos tecidos e podem causar inflamação, danos aos tecidos e dor. Bennett e Plum (1997, p.1327) descrevem ainda que o mecanismo de ação do lúpus eritematoso sistêmico se dá após a degradação anormal das células e certos antígenos (sobretudo nucleares) são processados por macrófago, linfócitos B e células dentríticas. O complexo de histocompatibilidade maior peptídico (CHCM) estimula a expansão de células T auxiliares (CD4) autorreativas que, através da liberação de citocinas (IL-6, IL-4), induzem 16 ativação, proliferação e diferenciação das células B autorreativas em células produtoras de anticorpos, com consequente produção de quantidades excessivas de anticorpos contra muitos antígenos nucleares. Por conseguinte, surge um perfil imunológico típico no paciente com LES, desenvolvimento de níveis elevados de anticorpos antinucleares (ANA), sobretudo contra o DNA, Sm, RNP, Ro, La e outros. Ocorrem numerosas anormalidades imunes em pacientes com LES, porém pouco se sabe sobre quais anormalidades são primárias ou secundárias. Abbas, Lichtman e Pober (2000, p.438) mostram que em todos os indivíduos existe o potencial para a autoimunidade, porque, durante seu desenvolvimento, os linfócitos podem expressar receptores específicos para antígenos próprios. Muitos desses antígenos são rapidamente acessíveis ao sistema imune, à tolerância aos próprios é normalmente mantida por processos de seleção que evitam a maturação de alguns linfócitos específicos de autoantígenos e por mecanismos que inativam ou apagam os linfócitos autorreativos. 3.4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DO LES Classificada como o protótipo da doença autoimune sistêmica, suas manifestações polimórficas e a inexistência de exame laboratorial sensível dificulta o seu diagnóstico. As manifestações clínicas do LES são clássicas e podem ser encontradas em 36% a 90% dos pacientes, embora sejam extremamente variáveis, pois dependem do órgão ou sistema acometido. As manifestações clínicas mais freqüentes da doença em atividade são: emagrecimento, fadiga, febre, inflamações de pleura ou pericárdio, nefrite, anemia, leucopenia, linfopenia plaquetopenia, fotossensibilidade, erupções de pele, serosite, vasculite e comprometimento do sistema nervoso central (SATO et al., 1994, p.06). Como aponta Bezerra et al. (2005, p.340), o lúpus eritematoso sistêmico apresenta um aspecto clínico bastante variado, incluindo não somente achados clínicos clássicos, mas outras manifestações mais raras que devem ser reconhecidas como parte da doença. No início, o LES pode acometer apenas um sistema orgânico (com ocorrência subsequente de manifestações clínicas adicionais) ou ser multissistêmico. A gravidade varia de leve e intermitente a persistente e fulminante. A maioria dos pacientes sofre exacerbações intercaladas por períodos de relativa quiescência (repouso). Ocorrem remições verdadeiras, assintomáticas e sem necessidade de tratamento, em até 20% dos casos, entretanto, não 17 costumam ser permanentes. Os sintomas sistêmicos costumam ser proeminente (FONSECA et al., 2006, p. 2038). Estudo de Costallat et al. (1995, p. 25) mostra que as manifestações musculoesqueléticas, como artrites (inflamação das articulações) e ou artralgias (dor nas articulações) são freqüentes e constituem as manifestações iniciais mais comuns da doença, tendo uma incidência variável entre 53% e 95% durante o curso da enfermidade, enquanto as miosites (inflamação muscular) ocorrem em 5% a 11% dos casos. As pequenas articulações das mãos, punhos e joelhos são os locais mais freqüentemente acometidos. Fonseca et al. (2006, p. 2039) mostra ainda que se pode observar edema simétrico nas articulações das mãos, joelhos, inchação difusa das mãos e pés. As deformidades articulares são comuns e, em 10% dos pacientes, surgem deformidades dos dedos das mãos em pescoço de cisne e ulnar nas articulações. Magalhães, Donadi e Louzada. (2003, p.412) identificaram que necrose óssea avascular se desenvolve em 4% a 9% dos pacientes, em geral como complicação de longo tempo de uso de corticóides, síndrome antifosfolípide ou vasculite localizada. Osteoporose pode ocorrer, sendo causada por inatividade, inflamação crônica e terapia prolongada com corticóides. Fonseca et al. (2006, p. 2039) complementa mostrando que a necrose isquêmica do osso é uma causa comum de dor no quadril, no joelho ou no ombro em pacientes que recebem glicocorticóides. A queda dos cabelos ocorre habitualmente em placas, mais pode ser extensa; cabelos freqüentemente voltam a crescer nas lesões de LES (FONSECA et al., 2006, p. 2039). De acordo com Rocha et al. (2000, p. 225) cerca de 90% dos pacientes com LES eventualmente têm algum tipo de manifestação cutânea que pode ou não ser específica da doença, e que incluem uma série de lesões, especialmente nas áreas expostas ao sol. Em mais de 50% dos casos ocorre fotossensibilidade, resultando em erupções cutâneas após exposição à luz UVB, ou seja, após exposição à luz solar. As manifestações cutâneas mais específicas foram classificadas, do ponto de vista histopatológico, em três grandes grupos, que são apresentados na Tabela 1 (YOSHINARI E BONFÁ., 2000, p.105). 18 Tabela 1 - Grupos de Manifestações Cutâneas do Ponto de Vista Histopatológico 1. LE cutâneo agudo: é representado pelo "rash" malar ou dermatite em "asa de borboleta"; ocorre em 20% a 60% dos casos; geralmente são lesões eritematosas, elevadas, pruriginosas ou dolorosas, fotossensíveis, às vezes com necroses e ulcerações superficiais, que preservam o sulco nasolabial e não deixam cicatrizes. 2. Lúpus cutâneo subagudo (LCSA): caracteriza-se pela presença de lesões pápuloescamosas ou anulares não cicatriciais, distribuídas principalmente nas áreas de exposição ao sol, com uma área central hipopigmentada. 3. Lúpus cutâneo crônico: representado em sua maioria por lesões discóides que podem ocorrer sem outras manifestações sistêmicas ou ser uma manifestação do quadro lúpico sistematizado (15% a 30% dos casos). As lesões são caracteristicamente esféricas ou ovais, bem demarcadas, eritematosas, com formação escamosa aderente, podendo apresentar cicatriz atrófica hipopigmentada na porção central das lesões. O comprometimento renal constitui uma das mais graves manifestações do LES, diagnosticado por meio de alteração do sedimento urinário, com a presença de hematúria e/ou proteinúria, a maioria dos quadros renais aparece nos primeiros cinco anos de início da doença, e pode ser a apresentação inicial em apenas 5% a 25% dos casos. Cerca de 5% dos casos progride para falência renal crônica, requerendo diálise ou transplante renal, porém, não é uma manifestação comum do início da doença, mas pode ser detectado em qualquer momento do seu curso, o que determina uma monitorização cuidadosa e regular no segmento desses pacientes. (ROCHA et al., 2000, p. 226). Quanto ao Sistema Nervoso, Fonseca et al. (2006, p. 2038) apontam que qualquer região do cérebro pode ser afetada pelo LES, como as meninges, a medula espinhal e os nervos cranianos e periféricos. Os eventos do Sistema Nervoso Central (SNC) podem ser isolados ou múltiplos e, com freqüência, ocorrem quando o LES está ativo em outros sistemas orgânicos. A disfunção cognitiva leve é a manifestação mais freqüente. As cefaléias são comuns e podem ser semelhantes às enxaquecas. Podem ocorrer convulsões de qualquer tipo. A depressão e a ansiedade são freqüentes, as manifestações menos freqüentes incluem pirose, estados confusionais agudos, distúrbios de movimentos e distúrbio de humor. 19 Manifestações neuropsiquiátricas, gastrointestinais e cardiopulmonares podem estar presentes durante o curso da doença em proporções que variam entre 7% e 80% dos casos (CAMARGO & OLIVEIRA., 2005, p.120). O acometimento neuropsiquiátrico em crianças e adolescentes no LES ocorre em aproximadamente 50% dos pacientes (22 a 71%), geralmente, durante a evolução da doença e inclui diversas manifestações como a convulsão, parestesia (sensações cutâneas subjetivas (ex., frio, calor, formigamento, pressão, etc.) e hemiparesia (paralisia parcial de um lado do corpo), cefaléia, alterações do humor, psicose, ansiedade, depressão e dificuldade de concentração (BARBOSA et al.,2006, p. 330). Afirma Kakehasi et al. (2001, p.610) que as manifestações neuropsiquiátricas no LES ocorrem em uma freqüência que varia de 14% a 75% dos pacientes, de forma isolada ou em associação com comprometimento de outros sistemas. A convulsão e a psicose são as manifestações mais comuns, incidentes em 8 a 26% e 12 a 37% dos casos, respectivamente. Os distúrbios afetivos, a cefaléia e os déficits de nervos cranianos não são incomuns. Fonseca et al. (2006, p. 2040) mostram que os sintomas gastrointestinais comuns consiste em náuseas, diarréias. Os sintomas podem resultar da peritonite lúpica (inflamação do peritônio, uma membrana serosa que reveste parte da cavidade abdominal) e podem anunciar uma exarcebação do LES. A vasculite intestinal (inflamação do vaso sanguíneo) é a manifestação mais perigosa, apresentando-se com dor abdominal aguda em cólica, vômitos e diarréias. Pode ocorrer perfuração intestinal, exigindo geralmente uma cirurgia. No sistema cardiopulmonar, a pericardite é a manifestação mais frequente, porém, podem ocorrer derrames que, às vezes, levam ao tamponamento, já a pericardite constritiva é rara. A miocardite (inflamação do tecido cardíaco) pode causar arritmias, morte súbita e/ou insuficiência cardíaca. A pleurisia (inflamação da pleura, membrana que recobre o pulmão) e os derrames pleurais são manifestações comuns. A pneumanite (inflamação no interior do tecido pulmonar) lúpica provoca febre, dispnéia e tosse (FONSECA et al., 2006, p. 2040). 20 3.5. DIAGNÓSTICO DO LES O diagnóstico do LES é estabelecido com base na presença de pelo menos quatro dos onze critérios propostos pelo American College of Rheumatology, citados a seguir: (Tan et al., 1982 apud SATO et al., 2002, p.363). 1. Eritema malar: lesão eritematosa fixa em região malar, plana ou em relevo. 2. Lesão discóide: lesão eritematosa, infiltrada, com escamas queratóticas aderidas e tampões foliculares, que evolui com cicatriz atrófica e discromia. 3. Fotossensibilidade: exantema cutâneo como reação não usual à exposição da luz solar, de acordo com a história do paciente ou observado pelo médico. 4. Úlceras orais/nasais: úlceras orais ou nasofaríngeas, usualmente indolores, observadas pelo médico. 5. Artrite: artrite não erosiva envolvendo duas ou mais articulações periféricas, caracterizadas por dor e edema ou derrame articular. 6. Serosite: pleuris (caracterizada por história convincente de dor pleurítica, ou atrito auscultado pelo médico ou evidência de derrame pleural) ou pericardite (documentado por eletrocardiograma, atrito ou evidência de derrame pericárdico). 7. Comprometimento renal: proteinúria persistente (>0,5g/dia ou 3+) ou cilindrúria anormal. 8. Alterações neurológicas: convulsão (na ausência de outra causa) ou psicose (na ausência de outra causa). 9. Alterações hematológicas: anemia hemolítica ou leucopenia (menor que 4.000/ml em duas ou mais ocasiões) ou linfopenia (menor que 1.500/ml em duas ou mais ocasiões) ou plaquetopenia (menor que 100.000/ml na ausência de outra causa). 10. Alterações imunológicas: anticorpo anti-DNA nativo ou anti-Sm ou presença de anticorpo antifosfolípide baseado em: a) níveis anormais de IgG ou IgM anticardiolipina; b) teste positivo para anticoagulante lúpico ou teste falso positivo para sífilis, por, no mínimo, seis meses. 11. Anticorpos antinucleares: título anormal de anticorpo antinuclear por imunofluorescência indireta ou método equivalente, em qualquer época, e na ausência de drogas conhecidas por estarem associadas à síndrome do lúpus induzido por drogas. 21 Estando presente ou havendo suspeita de dois dos 11 critérios já é recomendada a solicitação da pesquisa de anticorpos antinucleares (AAN). De acordo com Sato et al. (2002, p.363), esses critérios foram criados com o objetivo de uniformizar o diagnóstico clínico para o LES, entretanto, embora raro, já houve relatos de pacientes positivos que apresentaram menos que quatro sintomas . É importante salientar que uma avaliação laboratorial detalhada (hemogramas, EAS e FAN1) é necessária para um diagnóstico de LES. O diagnóstico de lúpus em atividade é importante, uma vez que o prognóstico depende do tratamento precoce da doença. A falta desse diagnóstico pode levar a consequências graves, como insuficiência renal e até mesmo óbito. Em seu estudo, Appenzeller, Marine e Costallat. (2004, p.196) afirmaram que um diagnóstico precoce culmina em uma melhora no índice de sobrevida dos portadores de LES. Porém, de acordo com Matjje e Turato. (2006), o LES é um mal reconhecido em decorrência da grande variedade de sintomas. Santos et al. (2009, p.20) concorda com Matjje e Turato indo além em suas observações, dizendo que o LES tem curso clínico flutuante e seu tratamento é composto por medidas gerais e uso de medicamentos. 3.6. TRATAMENTO DO LES Embora o LES seja considerado um protótipo da doença autoimune e um problema fatal de saúde, atualmente, com os avanços da medicina são possíveis encontrar diversas condutas terapêuticas, sendo assim, há melhores expectativas de vida (APPENZELLER & MARINE & COSTALLAT., 2004 p.200 e 203). Sato et al. (2002, p.364) ao estudarem a melhor forma de tratamento do LES, elaboraram algumas recomendações terapêuticas não-farmacológicas, entre as quais estão: educar o paciente, informando ele e sua família sobre a patologia, sua evolução, tratamento e recursos diagnósticos; dar apoio psicológico; estimular atividade física regular; evitar o tabagismo, pois este diminui a eficácia dos antimaláricos. O autor ressalta também a importância do repouso nos períodos de atividade sistêmica da doença e incentiva uma dieta balanceada com considerável redução de sal, carboidratos e lipídios. 1 FAN: (fator antinuclear) como o próprio nome diz, são anticorpos contra estruturas das nossas próprias células, principalmente contra o núcleo celular. É na verdade um conjunto de anticorpos, contra diferentes estruturas das células, podendo indicar várias doenças auto-imunes diferentes. 22 Os protetores solares têm papel fundamental no arsenal terapêutico do lúpus, pois, são agentes químicos que absorvem a luz ultravioleta (UV), podendo bloquear as radiações UVA, UVB ou ambas (RIBEIRO et al., 2008,p. 285). A radiação ultravioleta B é a principal causadora de fotossensibilidade, capaz de desencadear lesões cutâneas, por isso, devem ser utilizados protetores solares com fator de proteção solar (FPS) de 15 ou mais, diversas vezes ao dia (SATO et al., 2002, p.364). Ribeiro et al. (2008, p.285) corrobora e ressalta que, embora se possa atingir maior proteção solar com os maiores níveis de fator protetor, a diferença entre o bloqueio solar do fator 15 (93% de proteção) e do fator 50 é de apenas 5% (98% de proteção). É essencial o controle rigoroso dos fatores de risco cardiovascular tais como: glicemia, hipertensão arterial, dislipidemia e obesidade, para manter um nível satisfatório no que se refere à qualidade de vida (BORBA et al., 2009, p. 17). Segundo Cunha & Staub (1999, p.476), as dietas hipercalóricas ou com alto teor de gorduras saturadas ou brotos (como por exemplo, a alfafa) eventualmente pode promover o desenvolvimento da doença em indivíduos geneticamente predispostos. Já Borba et al. (2008, p.197) discorda e é taxativo afirmando que não há evidência científica de que alimentos possam influenciar o desencadeamento ou a evolução da doença, no entanto, aconselha uma dieta balanceada. No que se refere ao tratamento farmacológico, este deve ser individualizado, pois depende do sistema acometido e da gravidade do problema (BORBA et al., 2009, p.17). De acordo com Borba et al. (2009, p.17-20), quando múltiplos órgãos forem acometidos o tratamento é direcionado para o comprometimento mais grave. Afirmam também que, independente do órgão afetado, é indicado o uso contínuo de antimaláricos mesmo nos períodos de remissão da doença. O principal antimalárico utilizado é o sulfato de hidroxicloroquina, indicado com o objetivo de reduzir a atividade da doença, poupar o uso de corticóides e em pacientes controlados, reduzir a possibilidade de novo surto de atividade. Os corticóides têm efeitos metabólicos diversos e intensos, modificam a resposta imunológica a diversos estímulos. Em doenças do colágeno como é o caso do lúpus eritematoso sistêmico é utilizado durante a exarcebação ou como terapia de manutenção em casos selecionados (Dicionário de Especialidades Farmacêuticas, 2009). Segundo Gaete et al. (2009, p.1369) os corticóides (glicocorticóides) modulam a resposta imune mediante a interação entre os receptores ativados de glicocorticóides e fatores de transcrição (fator nuclear e proteína ativadora – 1). Desta maneira bloqueiam a ativação de linfócitos e 23 macrófagos, interferindo assim na produção de interleucinas e fator de necrose tumoral. Finalmente, este bloqueio inibe a proliferação de células T, células T citotóxicas, atividade microbicida e resposta imune antígeno específica. Os corticóides se usados em longo prazo, apresentam uma lista imensa de efeitos colaterais indesejáveis, que variam desde problemas estéticos até infecções graves por imunossupressão. O principal efeito colateral do corticóide é a síndrome de Cushing (SATO et al., 2002, p.364). A síndrome de Cushing caracteriza-se principalmente pela desfiguração cosmética (moon face2, giba dorsal3, estrias), ganho de peso com acúmulo de gordura centripetamente (região abdominal), redução da tolerância a carboidratos, fragilidade vascular, pele fina, miopatia e fraqueza muscular, hipertensão arterial, osteoporose, maior suscetibilidade a infecções e alterações psiquiátricas (FAIÇAL et al., 1998, p.69). Os glicocorticóides (GC) são fármacos muito utilizados no tratamento de pacientes lúpicos, sendo as doses estabelecidas de acordo com a gravidade da doença. Pulsoterapia é a injeção intravenosa de 1mg de metilpredinisolona (15-20 mg/kg/dia) durante três dias consecutivos. O uso prolongado de glicocorticóide é deletério, por isso, aos pacientes que não conseguem atingir uma dose de manutenção aceitável, está indicada a associação de outras drogas com ação poupadora de glicocorticóides, tais como: antimaláricos, Azatioprina e Metotrexate (SATO et al., 2002, p.364). Um aspecto importante na abordagem terapêutica é a reavaliação clínica e laboratorial frequente e minuciosa com o objetivo de detectar e tratar precocemente as recidivas da doença e prevenir ou minorar os efeitos secundários da terapia imunossupressora (FERREIRA et al., 2008 , p.203). No tratamento é indispensável a participação ativa do paciente para que se possa manter um nível satisfatório de saúde (MATJJE & TURATO, 2006). 2 3 Moon face: Face em forma de “lua cheia” Giba dorsal: Acúmulo de gordura gerando uma proeminência dorsal da coluna. 24 3.7. OS EFEITOS DA IMUNIZAÇÃO EM PACIENTES LÚPICOS A infecção frequentemente associada à imunossupressão tem sido implicada como a principal causa de óbito no LES (APPENZELLER, MARINE & COSTALLAT, 2004, p.204). Segundo Luz, Sousa e Ciconelle (2007, p.106), pacientes com doenças reumatológicas apresentam uma maior prevalência de doenças infecciosas quando comparados com a população geral; isso se deve à deficiência imune da doença de base ou pelo uso da terapia imunossupressora. Len, Terreni e Hilário. (2002, p.220) acrescenta que os motivos para essa suscetibilidade às infecções são a presença de leucopenia com linfopenia associada e as frequentes internações. Assim como os processos inflamatórios específicos de cada órgão, as infecções são responsáveis por altos índices de morbidade. Ocorrem com frequência e com gravidade variáveis e podem ser causadas por bactérias, fungos e vírus (Len, Terreni e Hilário., 2002, p.218). A prevenção de infecção é claramente preferível e, muitas vezes, mais fácil que o seu tratamento (ARAÚJO et al. , 2002, p.193). Luz, Sousa e Ciconelle (2007, p.106) e Araújo et al. ( 2002, p.193), ao estudarem os efeitos da vacinação em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico, constataram que, em decorrência de uma deficiência imunológica, estes estão mais susceptíveis às doenças infecciosas, sendo alto o índice de mortalidade. Então, a vacinação representaria uma estratégia para diminuir o risco de infecção, contudo, muitas vacinas oferecem risco de exarcebação da doença. As vacinas com vírus vivos não devem ser prescritas a pacientes com LES e nenhuma outra deve ser administrada nos períodos de atividade sistêmica (SATO et al., 2002, p.368). As vacinas de bactérias ou vírus mortos são muito seguras, por exemplo, a vacina contra Haemophilus influenzae. E também as vacinas compostas por proteínas ou açúcares são, em geral, seguras (LUZ, SOUSA & CICONELLE.,2007, p.107). Mota et al. (2009, p.26) ao estudar os efeitos da vacina da febre amarela em pacientes imunocomprometidos, constataram em sua casuística que os portadores de LES e outras doenças reumáticas, mesmo os que estavam em terapia imunossupressora, não apresentaram eventos adversos contrariando assim, o que está estabelecido no consenso brasileiro para tratamento do LES em 2002, 2008 e 2009. Os estudos de Luz, Sousa e Ciconelle (2007, 25 p.111) também esclarecem que a vacina de febre amarela é composta por vírus vivo atenuado e que sua administração em pacientes imunocomprometidos representa um risco elevado de encefalite. De acordo com Luz, Sousa e Ciconelle (2007,p.107), as vacinas contêm componentes que as tornam mais ou menos seguras para uso em pacientes imunologicamente debilitados, sendo classificada, segundo esses componentes, em três tipos: bactérias ou vírus mortos, bactérias ou vírus vivos atenuados e proteínas ou açúcares extraídos de bactérias ou vírus ou sintetizados em laboratório. O British Society of Rheumatology (BSR) propôs um guideline para vacinação em pacientes imunossuprimidos, com doenças reumatológicas, tratados com drogas citotóxicas ou esteróides em que definiu como dose baixa de corticosteróide 10mg/d e dose alta como maior ou igual a 20mg/d (Jenner, 1996 apud LUZ, SOUSA & CICONELLE., 2007, p.107). A imunização em pacientes com doenças autoimunes suscita questões quanto à possibilidade de desencadear ou exacerbar a doença. Então, Luz, Sousa e Ciconelle (2007 p.107) afirmam em seu artigo que os estudos sobre imunização em pacientes com LES mostram resultados diferentes quanto ao surgimento de “flares” (exacerbações) pósvacinação. Ressalta também que vacinas com bactérias ou vírus mortos e vacinas contendo componentes imunizantes ou toxóides são seguras em indivíduos imunossuprimidos e imunocomprometidos. Entre as vacinas indicadas estão: vacina inativada da poliomielite e vacina contra hepatite A. A vacina contra rubéola pode causar uma artrite com duração de semanas e desaparecimento espontâneo. Já a vacina contra vírus Influenza raramente induz doença neurológica, como a síndrome de Guillain-Barré (LUZ, SOUSA & CICONELLE., 2007, p. 111). A imunização contra hepatite B em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico deve ser feita apenas nos indivíduos expostos ao risco de infecção. Pacientes imunocomprometidos têm risco elevado de desenvolver um estado crônico após infecção aguda pelo vírus da hepatite B (LUZ , SOUSA & CICONELLE., 2007, p. 111). Em seu estudo, Araújo et al. (2002, p. 193) é enfático ao dizer que a vacinação deve ser uma prioridade no manejo clínico de todos os doentes reumáticos, principalmente, nos imunodeprimidos, podendo melhorar a sua sobrevida. Ao referir-se à vacinação em imunodeprimidos, os autores contrariam vários outros estudos, tais como o de Luz, Sousa e Ciconelle (2007), Mota (2009) e Sato (2002). 26 Observa-se então que, embora haja divergências nos estudos quanto à exacerbação pós-vacinal nos pacientes lúpicos, a maioria dos autores concorda que as infecções são a maior causa de morbimortalidade, principalmente nas doenças do tecido conjuntivo. Portanto, as vacinas acelulares ou com vírus mortos estão indicadas desde que estes pacientes não estejam no período de atividade da doença. 3.8. PROGNÓSTICO DO LES O prognóstico se refere a um juízo antecipado baseado no diagnóstico da patologia e nas possibilidades terapêuticas, deve se levar em conta a duração, a evolução e o quadro clínico. O médico deve prever como a doença irá evoluir e quais são as chances de cura ou da sobrevida do paciente (FERREIRA, 1993, p.444). O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune, caracterizada pela inflamação generalizada do tecido conjuntivo e dos vasos sangüíneos e pela produção de autoanticorpos. É uma doença progressiva e com alto índice de mortalidade (COSTALLAT, APPENZELLER & MARINI et al. 2002 p. 92). De acordo com Lima et al. (2008, p.4), o baixo nível socioeconômico e o desenvolvimento de glomerulonefrite são indicadores de um pior prognóstico. Baseado em inúmeros estudos, Costallat, Appenzeller e Marini (2002, p.92 e 96) constatou que a idade de início do LES pode ter um papel modificador na expressão da doença e que algumas manifestações clínicas têm sido associadas a certos grupos de doentes. Observou também que no grupo de LES de início após os 16 anos, a mortalidade estava relacionada com o comprometimento renal, independente de ocorrer no início ou na evolução da doença. Em seus estudos, Appenzeller, Marini & Costallat (2004, p.204) e Silva et al. (2010, p.44) afirmam que o pior prognóstico é reconhecidamente associado ao acometimento renal e do sistema nervoso central (SNC). Já no que se refere às causas de óbito relacionadas ao tratamento do LES, a infecção frequentemente associada à imunossupressão tem sido implicada como a principal causa. Com a melhora na sobrevida dos pacientes com LES, temse observado aumento na incidência de doenças cardiovasculares, cuja causa está relacionada diretamente com a atividade da doença e com o uso prolongado de corticosteróides. De acordo com Appenzeller, Marini e Costallat (2004, p.199), o prognóstico dos pacientes com LES tem melhorado muito nos últimos 40 anos. Em 1954, 78% dos pacientes 27 sobreviviam ao primeiro ano da doença e apenas 52% chegavam ao quarto ano, mas publicações recentes têm mostrado taxas de sobrevida de 95% aos 5 anos, dado este reafirmado por Ferreira et al. ( 2008, p. 200). O aumento das taxas de sobrevida tem sido atribuído a vários fatores, tais como: diagnósticos precoces, melhores opções terapêuticas e controle das condições mórbidas associadas (Gladmann DD, 1992 apud APPENZELLER, MARINI & COSTALLAT , 2004, p.199). Pode se dizer que atualmente tem aumentado o tempo de sobrevida dos pacientes com LES. Contudo, também é necessário salientar que parte do tratamento para o LES depende principalmente da participação ativa e consciente do paciente, isso porque fatores ambientais têm influência no desenvolvimento da patologia. 28 4. METODOLOGIA Foi realizado um estudo descritivo com caráter quantitativo e correlacional. O estudo quantitativo é baseado em hipóteses claramente indicadas e variáveis que são objetos de definição operacional (NEVES, 1996 p.01). Classifica-se como descritivo, pois se trata de um estudo em que se pretende analisar o papel das variáveis, que influenciam o aparecimento de determinado evento. É considerado adequado a partir do momento em que o pesquisador necessita entender o comportamento de fatores que influem sobre fenômenos específicos (PEDRON, 2004, p.124). De acordo com Potter e Perry (2004, p.447), no estudo descritivo o objetivo é demonstrar com exatidão as características das pessoas, situações ou grupos, e a frequência com que determinados eventos acontecem. Correlacional porque, de acordo com Potter e Perry (2004, p.447), explora as interrelações entre as variáveis de interesse do pesquisador. 4.1. POPULAÇÃO DA PESQUISA Amostra será composta por 20,8% da população atendida no Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal, no segundo semestre de 2010. A unidade foi escolhida como local da pesquisa porque embora o Hospital Universitário de Brasília e o Hospital Regional de Taguatinga também serem referência na área, o Hospital de Base do Distrito Federal foi escolhido por facilidade ao acesso além de atender um público bastante diversificado, o que permite uma amostra variada, dando mais veracidade aos dados coletados. 4.2. COLETA DE DADOS A técnica de coleta de dados para esta pesquisa foi através de uma entrevista com dezesseis questões estruturadas (Apêndice B), aplicada no período de setembro a outubro de 2010. O instrumento de coleta de dados é formado por duas partes, a primeira parte do instrumento é composta pela identificação e dados socioeconômicos e demográficos. A 29 segunda parte do instrumento aborda dados sobre a patologia. A elaboração foi baseado segundo Barros (2002, p.27). 4.3. CRITÉRIO DE INCLUSÃO Indivíduo portador de lúpus eritematoso sistêmico (LES) atendido no Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal, concordar em participar da pesquisa e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 4.4. CRITÉRIO DE EXCLUSÃO Indivíduo não portador de lúpus eritematoso sistêmico, de lúpus discóide ou lúpus induzido por substâncias químicas ou medicamentos. Os indivíduos que não concordarem em participar da pesquisa ou não concordarem em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A). 4.5. ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA Foram respeitados no transcorrer da pesquisa todos os aspectos éticos e legais necessários para a preservação dos sujeitos participantes da mesma. durante a entrevista foram utilizadas siglas para a identificação dos entrevistados, a fim de manter o sigilo. O endereço, embora tenha sido solicitado, não foi utilizado, sendo anotado apenas para caso houvesse alguma intercorrência ou perda de dados. a pesquisa seguiu todas as recomendações da resolução 196/96 do conselho nacional de saúde, que trata de pesquisas envolvendo seres humanos e foi aprovada pela fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde – ses comitê de ética em pesquisa mediante parecer nº. 218/2010, de 06 de agosto de 2010 (anexo A). Utilizou-se o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE para todos os sujeitos que participaram das entrevistas, garantindo aos envolvidos todos os direitos citados no mesmo (Apêndice A). 30 4.6. ANÁLISE DOS DADOS Para análise dos dados foi utilizado o programa SPSS 17.0 para Windows. Foram realizadas as análises descritivas com média, desvio padrão, frequência relativa e frequência absoluta. Utilizou-se o qui-quadrado para associar as variáveis: renda, escolaridade e a quantidade de crise. O nível de significância adotado foi p≤0,05. 31 5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS A amostra foi composta por cinquenta pacientes portadores de LES atendidos no Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal. Quanto ao sexo, 88% do sexo feminino e 12% do sexo masculino (figura 1). A média de idade de 37,84 ± 10,82 anos variando de 18 a 62 anos. Na amostra, 60% dos pacientes eram casados, 32% solteiros e 8% divorciados. (Figura 1) Figura 1: Distribuição dos cinquenta portadores de lúpus eritematoso sistêmico atendidos no Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal quanto ao estado civil. A preposição outras raças foi utilizada como denominação para pardos, isso porque se entende que a palavra pardo induz a autorreferência. Na questão 7, quanto à raça, a resposta referente a “outros” foi assinalada em 90% dos casos e respondida que a raça era parda. Portanto, outros é igual a pardo. Na amostra 10% eram negróides e 90 % eram pardos. A renda familiar média da amostra foi de R$ 1843,67 ± 1193,82 (510,00 – 5.200,00). A figura 2 apresenta o nível de escolaridade desses pacientes, sendo 18% nível fundamental, 22% nível médio incompleto, 52% nível médio completo, 4% superior incompleto e 4% nível superior completo. 32 Figura 2: Distribuição dos cinquenta portadores de lúpus eritematoso sistêmico atendidos no Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal quanto ao nível de escolaridade. Todos os pacientes tinham lúpus do tipo LES, sendo que 86% não tinham outros casos de lúpus na família. Dos sete pacientes (14%) que possuíam casos de lúpus na família, os parentes acometidos eram a mãe (29%), irmãos (57%) e primos (14%). Esses achados se encontram na figura 3, apresentado abaixo. Figura 3: Distribuição dos cinquenta portadores de lúpus eritematoso sistêmico atendidos no Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal quanto aos parentes acometidos pelo LES. O diagnóstico foi feito em média aos 24,70 ± 8,06 anos variando de 11 a 45 anos, sendo o tempo médio de doença de 13,18 ± 9,30 anos variando de 1 a 40 anos e o tempo de acompanhamento médio foi de 12,39 ± 9,26 anos variando de 1 a 39 anos. Em relação à 33 quantidade de crises lúpicas, a média foi de 3,45 ± 2,23 crises variando de 1 a 8 crises, sendo que 21 pacientes relataram ter tido várias crises, porém não souberam quantificar. A análise demonstrou diferença significativa na correlação entre sexo e raça (p=0,009). Observa-se maior frequência de LES em mulheres (88%), pardos (90%) e em mulheres pardas (84%), como apresentado na tabela 1. Tabela 1 – Correlação entre as variáveis sexo e raça dos Cinquenta portadores de lúpus eritematoso sistêmico atendidos no Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal, 2010. Sexo / Raça Negróide Pardos Total Valor p Masculino 3 (6%) 3 (6%) 6 (12%) Feminino 2 (4%) 42 (84%) 44(88%) Total 5 (10%) 45 (90%) 50 (100%) 0,009* Fonte: Dados coletados pelas pesquisadoras, Oliveira & Almeida em 2010. A análise não demonstrou diferença significativa na correlação entre renda e quantidade de crise (p=0,99), dados apresentados abaixo pela tabela 2. Tabela 2 – Correlação entre renda e quantidade de crises dos Cinquenta portadores de lúpus eritematoso sistêmico atendidos no Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal, 2010. Quantidade de crise / Renda R$ 510,00 a R$1530,00 R$1531,00 a R$ 3060,00 Acima de R$ 3060,00 Total 1-2 crises 4 (8%) 5 (10%) 2 (4%) 11 (22%) 3-4 crises 5 (10%) 3 (6%) 1 (2%) 9 (18%) 5-6 crises 2 (4%) 1 (2%) 1 (2%) 4 (8%) 7-8 crises 2 (4%) 1 (2%) 1 (2%) 4 (8%) Várias crises 11 (22%) 7 (14%) 3 (6%) 21 (43%) Total 24 (49%) 17 (35%) 8 (16%) 49 (100%) Valor p 0,99 Fonte: Dados coletados pelas pesquisadoras, Oliveira & Almeida em 2010. 34 A análise não mostrou diferença significativa na correlação entre escolaridade e quantidade de crise (p=0,30), dados apresentados pela tabela 3. Tabela 3 – Correlação entre escolaridade e quantidade de crise dos Cinquenta portadores de lúpus eritematoso sistêmico atendidos no Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal, 2010. Qde de crise / FundaMédio Médio Superior Superior Total Escolarid mental incom-pleto completo incom-pleto completo ade 1-2 crises 3-4 crises 5-6 crises 7-8 crises Várias crises Total 2 (4%) 1 (2%) 6 (12%) 2 (4%) 1 (2%) 12 (24%) 1(2%) 1 (2%) 7 (14%) 0 0 9 (18%) 1 (2%) 1 (2%) 2 (4%) 0 0 4 (8%) 0 1 (2%) 2 (4%) 0 1 (2%) 4 (8%) 5 (10%) 7 (14%) 9 (18%) 0 0 21 (42%) 9 (18%) 11 (22%) 26 (52%) 2 (4%) 2 (4%) 50 (100%) Fonte: Dados coletados pelas pesquisadoras, Oliveira & Almeida em 2010. 35 6. DISCUSSÃO Para a realização deste estudo as pesquisadoras foram a campo e realizaram a coleta de dados durante dois meses, no Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal. Havia uma média de quinze pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES) atendidos por dia, duas vezes por semana. O que, em dois meses, teria em torno de 240 pacientes com LES, desses, foi pego uma amostra de 50 pacientes, correspondendo a 20,8% da amostra, pois, houve dificuldades durante a captação desses pacientes, em função da recusa de muitos em virtude da realização de estudos anteriores, por outra Universidade, que não trouxe retorno aos mesmos. Esse fato retardou a coleta de dados e conclusão do estudo, porém, essas dificuldades não geraram impossibilidades para o desenvolvimento da pesquisa. Reforça-se aqui a importância do compromisso firmado com os aspectos éticos em pesquisa. A primeira parte do instrumento da pesquisa diz respeito à identificação e aos dados socioeconômicos e demográficos. A tabulação dos dados mostrou que a média de idade da população estudada foi de 37 anos com prevalência do sexo feminino (88%), sendo a idade média de início da doença aos 24 anos e, em sua maioria, casadas (60%). Evidencia-se então a estreita relação entre o sexo e o início do LES em idade reprodutiva. O fato de o LES acometer mulheres em fase reprodutiva é preocupante, visto que a gestação pode trazer alterações hormonais relevantes, que podem desencadear ou exacerbar crises da doença. Essa situação provavelmente vai requerer uma atenção maior por parte da mulher e dos profissionais de saúde, visto a necessidade de maiores esclarecimentos, quanto ao uso de medicações e sua influência na formação fetal. Ressalta-se que os profissionais de saúde devem dar orientações claras durante o planejamento familiar, a fim de verificar períodos de remissão da doença, tendo em vista os riscos inerentes de uma gestação não planejada para a mãe e o feto. Corrobora com os dados do estudo os autores Rocha et al (2000), Appenzeller, Marini e Costallat (2004), Dutra & Oliveira (2009), Silva et al. (2010) quando destacam que o lúpus eritematoso sistêmico (LES) caracteriza-se como uma doença predominantemente feminina, acometendo mulheres em idade fértil. Sato et al. (2002), ao comentar sobre a questão da fertilidade no lúpus, concorda que esta é normal embora a gravidez deva ser planejada. Ressalta também que há necessidade de se considerar atividade e gravidade da doença e toxicidade das drogas. A gravidez de pacientes com LES deve ser considerada de alto risco, necessitando companhamento multidisciplinar até o puerpério por causa da possibilidade de reagudização. 36 Na avaliação dos dados demográficos, verificou-se também o predomínio da raça parda. O estudo entre grupos raciais merece cuidado, visto raça implicar em indivíduos geneticamente homogêneos, o que somente seria possível em grupos humanos totalmente isolados. Esse não é caso do Brasil, que é secularmente miscigenado. No entanto, a dificuldade de se identificar a raça através da cor da pele gera discussões amplas a respeito do tema. Questões como o preconceito racial e a dificuldade de classificação e de nomenclatura interferem no entendimento de muitas pessoas e, por isso, talvez a maior parte da amostra acabou por se denominar pardos. Em relação à raça ou cor, observaram-se, na literatura, grandes divergências. Diferindo dos resultados encontrados nesta pesquisa, Prado et al. (2007) e Appenzenler, Marini e Costallate (2004) avaliaram pacientes com LES e encontraram maior proporção em caucasóides (brancos). Em estudos epidemiológicos norte-americanos foi demonstrada uma maior incidência e prevalência em negros (Siegel, 1973 apud ROCHA et al, 2000). Em contraste, Rocha et al. (2000) e Bezerra et al. (2005) estudando o perfil demográfico, clínico e laboratorial de pacientes com LES na região Nordeste (Bahia e Natal), também observaram predomínio de pardos (mulatos) em seus estudos. De acordo com Ferreira (1989, p.405), pardo é mulato. Um dos objetivos específicos foi a associação da freqüência do LES quanto às variáveis sexo e raça. Nesse contexto, a análise demonstrou significativa associação do LES com o sexo feminino e raça parda (p=0,009). Quanto à correlação entre renda e escolaridade com a quantidade de crise do LES, não houve significância dessas variáveis (p=0,99). No entanto, as pesquisadoras acreditam que estudos cuja amostra fosse composta por pessoas de baixa escolaridade e renda mostrariam que essa população teria mais dificuldade na adesão do acompanhamento e na perseverança do tratamento, tendo, portanto, maior quantidades de crises. Provavelmente houve um viés na pesquisa relacionada à seleção da amostra, visto que muitos pacientes se negaram a participar do estudo em decorrência de pesquisa anterior, com coleta de sangue, que não houve retorno a essa clientela. Dos que aceitaram participar, 60% eram de nível médio e superior, com renda em torno de 3 a 4 salários mínimos, sendo provavelmente os mais esclarecidos quanto à importância de pesquisas na melhora do atendimento e também no prognóstico da doença, provavelmente, por terem maior nível de escolaridade. 37 Ao comentar o fator socioeconômico Rocha et al. (2000) aponta que este é passível de alterar o curso da doença; afirma que isso se deve à precariedade em relação à capacidade de compreensão do esquema terapêutico. Bezerra et al. (2005) concorda e acrescenta que, devido ao baixo nível socioeconômico, fatores importantes como a utilização de fotoproteção (protetor solar) no controle da doença são muitas vezes negligenciados por muitos pacientes. Santos (2009) complementa que a não adesão ao tratamento também está relacionada ao grau de escolaridade. A segunda parte do instrumento de pesquisa traz informações sobre a patologia. A amostra demonstrou que apenas 14% dos pacientes tinham casos de LES na família, um valor pequeno para poder afirmar que o LES é genético. Não havia gêmeos na resposta do parentesco com LES, tendo irmãos (57%), mãe (29%) e primos (14%), todos parentes de primeiro grau. Muitos autores, tais como Cunha & Staub (1999), Tiskievicz (2008), Dutra & Oliveira (2009), afirmam que o LES mostra uma agregação familiar forte entre parentes de 1º grau e alta concordância entre gêmeos idênticos. A princípio, estende-se a pesquisa à procura de uma associação entre condição socioeconômica-demográfica e exarcebação da doença. Então foi perguntado a todos os pacientes sobre o número de crises desde o início da doença, e essa média foi de, proximamente, quatro crises desde o diagnóstico. Entretanto, dos cinqüenta pacientes com LES 21 não souberam quantificar as crises. Sugere-se, portanto, outros estudos com maior amostra. Observou-se também uma diferença em torno de um ano no que se refere ao tempo médio da doença, que foi de aproximadamente 13 anos, e tempo de acompanhamento, que foi de aproximadamente 12 anos. Ou seja, acredita-se que isso tenha acontecido porque muitos pacientes com LES relataram que houve longo tempo de espera para conseguir vagas no serviço público de saúde especializado. A demora entre o diagnóstico e o início do acompanhamento se justifica ainda pelo longo intervalo entre as crises. Nesse estudo, foi demonstrado que quatro crises ocorreram ao longo de treze anos. Esse intervalo pode ter sido responsável pela acomodação do paciente com LES. A confecção do banner (Apêndice III) foi feita pelas pesquisadoras e será doado para o Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal, como forma de agradecimento e resposta da pesquisa aos pacientes entrevistados portadores de lúpus eritematoso sistêmico. 38 8. CONCLUSÃO Nesta casuística foi significativa a associação do LES em mulheres de cor parda, em idade fértil. O perfil, portanto, era de mulheres, pardas, casadas e com idade média de 37 anos. No que diz respeito à correlação entre renda e escolaridade, a quantidade de crise não foi significativa a essa associação, visto o nível de instrução prevalente ter sido elevado, sendo a maioria com ensino médio completo ou superior e com renda média de 1.843,67, variando de um a quatro salários mínimos. Mesmo assim, muitos pacientes não souberam precisar o número de crises desde o início da doença. Portanto, partindo do princípio que fatores ambientais, tais como as condições socioeconômico-demográficas, podem influenciar no desenvolvimento do LES e que no Brasil são escassos os estudos relacionando a esses aspectos, sugere-se a realização de mais estudos para consolidar a associação entre condições socioeconômico-demográficas e exarcebação do LES. Com base nos resultados encontrados em nossa amostra sugere-se ao Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal que sejam realizadas palestras com vistas para educação em saúde, esclarecendo e enfatizando sobre fertilidade e planejamento familiar. O paciente bem informado se torna mais disponível a: entender o lúpus; concordar com o tratamento; cooperar com o médico; aprender como controlar o lúpus e por fim melhorar sua qualidade de vida. Assim, o produto da pesquisa foi a confecção do banner com apresentação do perfil do paciente com lúpus eritematoso sistêmico e orientações gerais sobre cuidados básicos com a doença, para que possa contribuir com os profissionais e pacientes atendidos no Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal. 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; POBER, Jordan S. Imunologia celular e molecular. 3. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2000. p. 438 ARAUJO, Paula et al. 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São Paulo, Roca, 2000. p. 105; 44 APÊNDICE A– TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE O (a) Senhor (a) está sendo convidada a participar do projeto: Perfil dos portadores de Lúpus Eritematoso Sistêmico atendidos no Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal, em 2010. O nosso objetivo geral é conhecer o perfil dos portadores de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) atendidos no Ambulatório de Reumatologia do Hospital de Base do Distrito Federal em 2010, e os objetivos específicos são: Correlacionar as variáveis renda e escolaridade com a quantidade de crises lúpicas; Associar a freqüência do LES quanto às variáveis: sexo e raça; Elaborar um banner com o perfil do portador de LES vez que, conhecer o perfil destes, permite um melhor planejamento de ações educativas e assistenciais no Ambulatório de reumatologia onde ficará exposto. O (a) senhor (a) receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer da pesquisa e lhe asseguramos que seu nome não aparecerá sendo mantido o mais rigoroso sigilo através da omissão total de quaisquer informações que permitam identificá-lo (a). A sua participação será através de um questionário que você deverá responder na sala de espera do Ambulatório de Reumatologia com um tempo estimado para seu preenchimento de 10 minutos. Não existe obrigatoriamente, um tempo pré-determinado, para responder o questionário. Sendo respeitado o tempo de cada um para respondê-lo. Informamos que a Senhor (a) pode se recusar a responder qualquer questão que lhe traga constrangimento, podendo desistir de participar da pesquisa em qualquer momento sem nenhum prejuízo para o senhor (a) no seu entendimento. Os resultados da pesquisa serão divulgados aqui no Setor de Reumatologia e para todo o Hospital podendo inclusive ser publicados posteriormente. Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficarão sobre a guarda do pesquisador. Se o Senhor (a) tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, por favor, telefone para: Dra. Neuza Moreira de Matos (61) 3357-2921 ou (61) 9933-5853. Ou pelos das acadêmicas de enfermagem Ana Paula de Oliveira e Thaise Sousa Brito de Almeida, nos Fones: (61) 3623-3269 ou (61) 9179-8043 e (61) 8183-2141, no horário comercial. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da SES/DF. Qualquer dúvida com relação à assinatura do TCLE ou os direitos do sujeito da pesquisa podem ser obtidos através do telefone: (61) 3325-4955. Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com o pesquisador responsável e a outra com o sujeito da pesquisa. ______________________________________________ Nome / assinatura do pesquisado _____________________________________________ Pesquisador Responsável – Neuza Moreira de Matos Nome e assinatura _____________________________________________ Ana Paula de Oliveira Nome e assinatura _____________________________________________ Thaise Sousa Brito de Almeida Nome e assinatura Brasília, ___ de __________de ________. 45 APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA a) Identificação e dados sócioeconômico-demográfico: 1. Data: ...../...../..... Nº da entrevista: ....... 2. Nome do entrevistado (siglas): ............................................................................. 3. Data de Nascimento:........................... Idade: ...... anos 4. Endereço:................................................................................ 5. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 6. Estado civil: ( )casado ( )solteiro ( )divorciado ( ) viúva 7. Raça: ( )Mongolóide- amarelos ( ) Caucasóides –brancos ( ) negróides – negros ( ) outros................................. 8. Renda familiar: ......................... 9. Escolaridade: ( )fundamental ( ) médio completo ( ) médio incompleto ( )superior completo ( )superior incompleto b)Informaçoes sobre a doença: 10. Tem lúpus? ( ) sim ( )não 11. Qual o tipo? ( ) LES ( ) lúpus discóide ( ) lúpus induzido por medicamentos 12. Têm casos da doença na família? ( ) sim ( ) não Quantos?........... Quem?......................................... 13. Em que idade foi feito o diagnóstico? ............. 14. Tempo de doença: .........anos..........meses 15. Tempo de acompanhamento: .........anos..........meses 16. Quantas crises lúpicas teve desde o diagnóstico?............ OBS.: roteiro baseado no livro exame físico e anamnese de Alba Barros. 46 APÊNDICE C– BANNER 47 ANEXO A – PARECER DE APROVAÇÃO DA FUNDAÇÃO DE ENSINO E PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE- SES COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA 48