21º CONGRESSO BIOFILTRO AERADO SUBMERSO APLICADO AO PÓS-TRATAMENTO DE EFLUENTE DE REATOR UASB – ESTUDO EM ESCALA PILOTO COM ESGOTO SANITÁRIO CARLOS HIRAKAWA Engenheiro Civil pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP). Mestre em Saúde Ambiental pela Faculdade de Saúde Pública (USP). Engenheiro da CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. ROQUE PASSOS PIVELI Engenheiro Civil pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP). Mestre em Engenharia Hidráulica e Sanitária pela EESC/ USP. Doutor em Engenharia Hidráulica e Sanitária pela Escola Politécnica (USP). Professor Doutor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica (USP). PEDRO ALEM SOBRINHO Professor Titular do Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica (USP). RESUMO ABSTRACT O emprego de biofiltro aerado submerso (BAS) no pós-tratamento de efluente de reator UASB (“Upflow Anaerobic Sludge Blanket”) foi estudado em uma unidade em escala piloto recebendo esgoto sanitário. Buscou-se no experimento avaliar o comportamento dessa combinacão no tocante à possibilidade de atendimento à legislação ambiental, pois é sabido que apenas o reator UASB não é capaz de promover, com regularidade, remoção de matéria orgânica expressa em DBO5,20 com eficiência superior a 80%, percentual mínimo exigido para a obediência aos padrões de emissão no Estado de São Paulo. A unidade piloto era constituída, basicamente, por um reator UASB de 604 L seguido por um BAS de fluxo descendente, com leito fixo com 32,7 L de volume aparente. Os resultados obtidos demonstram que o desempenho do conjunto foi satisfatório, com 91% de eficiência média na remoção de DBO5,20 e concentração na faixa de 6 a 17 mg/L no efluente final. Constatou-se, também, que o BAS foi capaz, durante determinado período do experimento, de promover a remoção de nitrogênio amoniacal com eficiência suficiente para manter, a menos de um resultado, concentrações inferiores a 5 mg/L no efluente final, valor máximo permitido pela legislação federal. Nesse período, a máxima taxa de aplicação foi da ordem de 4,0 kgDQO/m3.dia. The use of Biological Aerated Filter (BAF) in the post-treatment of effluent of Upflow Anaerobic Sludge Blanket (UASB) was studied in a pilot scale unit processing sewage. The aim of the experiment was to evaluate the behavior of this combination regarding the possibility of complying with the environmental legislation. It is known that UASB reactor is not able to achieve efficiency superior to 80% regularly in the removal of organic matter, expressed as biochemical oxygen demand (BDO5,20), as required by São Paulo State emission standard. The unit was constituted of a 604 liter UASB reactor followed by a downflow BAF with a fixed bed with 32.7 liters of apparent volume. The results coming from the experiment indicated that the performance of that combination was satisfactory, with 91% of average efficiency in the removal of BOD5,20, at concentration ranging from 6 to 17 mg/L in the final effluent. It was also checked that in some period of the experiment the BASF was able to remove ammonia nitrogen with enough efficiency to keep concentrations below 5 mg/L in the final effluent, which is the maximum value under current federal legislation. In this period, the maximum organic loading was about 4.0 kgCOD/m3.day. PALAVRAS-CHAVE: esgoto sanitário, tratamento de esgoto, biofilme, biofiltro submerso aerado, UASB. KEYWORDS: sewage. wastewater tretatment. biofilm. biological aerated filter (BAF). UASB reactor. INTRODUÇÃO O emprego de reatores UASB no tratamento de esgotos sanitários predominantemente domésticos vem sendo largamento difundido no Brasil, em função, principalmente, da compacidade e baixo custo energético. Sua eficiência, no entanto, tem se mostrado insuficiente para, isoladamente, assegurar atendimen82 to à legislação ambiental. Dessa forma, o efluente de reator UASB necessita ser submetido a tratamento complementar para permitir o atendimento aos padrões de emissão. O biofiltro aerado submerso (BAS) surge como uma promissora alternativa para o tratamento complementar de efluente de reatores UASB. Trata-se de uma modalidade de tratamento cujas principais características engenharia sanitária e ambiental são a existência de um leito suporte para a adesão de microorganismos, que pode ser estruturado ou granulado, e de um sistema de aeração por ar difuso. Uma vantagem dessa combinação é o fato de o excesso de o lodo não estabilizado removido do BAS poder ser encaminhado para o UASB, para ser estabilizado por digestão anaeróbia, tornando desnecessária uma unidade especialmente projetada para esse fim. Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002 B IOFIL TRO AERADO SUBMERSO APLICADO AO POS-T RTAMENTO IOFILTRO ESGOTO SANITÁRIO Dentre as diversas configurações possíveis do BAS foi estudado um reator de fluxo descendente, com leito granulado com material mais denso que a água. O comportamento do conjunto formado pelo reator UASB seguido por BAS foi avaliado em uma unidade em escala piloto alimentada com esgoto bruto derivado do canal de entrada de uma estação de tratamento. O experimento durou cerca de um ano, entre junho de 1998 e junho de 1999, com algumas interrupções para manutenção dos equipamentos componentes da instalação piloto. DE EFL UENTES DE REA TOR FLUENTES EATOR U ASB – ESTUDO EM ESCALA PIL OTO ILOTO UASB MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido em uma unidade piloto constituída por um reator UASB seguido por BAS montada nas instalações da CETESB, em São Paulo. O esgoto bruto afluente à unidade era bombeado a partir do canal de entrada da estação de tratamento de esgotos da SABESP no bairro de Pinheiros, hoje desativada. O reator UASB foi construído com tubo de PVC com 0,45 m de diâmetro e comprimento total de 3,90 m. A altura útil da unidade era de 3,80 m e o volu- COM me, de 0,604 m3. A altura total da zona de reação era de 3,34 m, enquanto o dispositivo para separação dos gases, o decantador e a saída do efluente ocupavam 0,46 m da parte superior do reator. Na zona de formação do manto de lodo foram instalados registros para coleta de amostra a cada 0,50 m, a partir da base. A altura total do BAS era de 3,40 m, e seu diâmetro, de 0,15 m. O leito de material granulado ocupava 1,85 m, e a grelha de aeração foi instalada 0,30 m acima da sua base, de forma a criar uma zona não aerada, com o objetivo de submeter o efluente a filtração física. Figura 1 - Desenho esquemático da unidade piloto Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002 engenharia sanitária e ambiental 83 C ARL OS HIRAKA W A, ROQUE PASSOS PIVELI, PEDRO ALEM SOBRINHO ARLOS IRAKAW O material empregado no leito foi argila expandida com diâmetro efetivo de 6,5 mm. Por tratar-se de material heterogêneo quanto à densidade, foi realizada uma seleção prévia para separar e eliminar as partículas menos densas que a água. O ar para o processo de tratamento e para a lavagem do leito filtrante foi tomado do sistema de ar comprimido dos laboratórios da CETESB. Um desenho esquemático da unidade piloto é apresentado na Figura 1. A freqüência das coletas de amostras foi semanal. As análises foram realizadas nos laboratórios do Departamento de Saúde Ambiental (HSA), da Faculdade de Saúde Pública, da Universidade de São Paulo, obedecendo aos preceitos do “Standard Methods for Examination of Water and Wastewater”, 19a ed., 1995, da APHA, AWWA e WEF. No planejamento da pesquisa foi estabelecido que o reator UASB receberia vazão constante de 0,093 m3/h, correspondente a tempo de detenção de 6,5 horas, enquanto o BAS seria alimentado com vazões variáveis, com o propósito de submetê-lo a diferentes taxas de aplicação de carga orgânica e de escoamento superficial. Durante a fase inicial de operação dos sistema, no entanto, houve grande dificuldade para manter fixa a vazão afluente ao reator UASB, pois, apesar de a tomada de sucção ser protegida por uma tela, ocorria o acúmulo de material particulado no rotor da bomba de alimentação, que levava à redução progressiva da vazão bombeada. Dessa forma, decidiu-se flexibilizar o controle da vazão do UASB, procurando, porém, manter o tempo de detenção entre 4,5 e 8,0 horas. Para a partida, o reator UASB recebeu cerca de 0,24 m3 de lodo proveniente de um dos reatores UASB da ETE de Ribeirão Pires, da SABESP. O BAS foi alimentado com vazões de 0,015 m3/h a 0,046 m3/h, correspondentes a taxas de filtração de 0,85 m3/ m 2 .h a 2,60 m 3 /m 2 .h. Problemas operacionais impediram que a vazão de alimentação fosse aumentada de forma a atingir a taxa inicialmente programada de 4,0 m3/m2.h. O ar para o processo de tratamento no BAS foi fornecido com vazão suficiente para manter concentração de oxigênio dissolvido da ordem de 3,0 mg/L no efluente final. A perda de carga limite para indicar a necessidade de lavagem do leito filtrante do BAS foi fixada em 0,40 m, com base em testes realizados na fase inicial de operação do sistema. A seqüência de operações nas lavagens, também estabelecida após testes na fase de partida do BAS, foi a seguintes: a) interrupção da alimentação do BAS; b) abertura do registro de ar para lavagem; c) início do bombeamento de água no sentido contracorrente, com taxa de lavagem de 81 m3/ m2.dia, após dois minutos de revolvimento do leito apenas com ar; d) fechamento do registro de ar e desligamento da bomba 12 minutos após o seu acionamento; e) retomada do bombeamento de efluente do UASB para o BAS. A água resultante da lavagem era acu- mulada em um tanque, de onde era bombeada para o UASB, à razão de 0,024 m3/h (0,40 L/min). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos no experimento para os parâmetros DQO, DBO 5,20 , SST, SSV e Nitrogênio Amoniacal são apresentados na forma de tabelas e correspondentes gráficos de variação de concentração e eficiência em cada estágio do tratamento na unidade piloto. As descontinuidades que se observam na coluna “Tempo de Operação” das tabelas correspondem a semanas em que não houve coleta de amostras. Nas tabelas de nos 1 a 4 são apresentados os resultados das análises dos parâmetros selecionados e figuras mostrando a sua variação ao longo da duração do experimento no esgoto bruto afluente, no efluente do reator UASB e no efluente do BAS. Para os parâmetros DQO e DBO5,20 são apresentadas, também, as curvas de variação da eficiência total do sistema e das eficiências correspondentes a cada unidade componente da estação de tratamento em escala piloto. Os gráficos das Figuras 2 e 3 mostram que o BAS atuou de forma a complementar a remoção de DQO iniciada no reator UASB. Na Figura 3 constata-se que, embora eficiências do UASB e do BAS tenham apresentado grande amplitude de valores, a eficiência global do conjunto man- Tabela 1 - Resultados das análises de DQO total no esgoto bruto e nos efluentes do UASB e do BAS e valores da eficiência em cada estágio do tratamento 84 Tempo de Operação Taxa de Filtração no BAS Taxa da Aplicação de DQO no BAS Semanas m3/m2.h kgDQO/m3.dia Esg. Bruto Efl. UASB Efl. BAS UASB BAS Total 0 1,43 2,604 157 118 47 25 60 70 3 0,98 1,371 337 90 39 73 57 88 4 1,02 1,498 206 95 23 54 76 89 5 0,98 1,402 272 92 18 66 80 93 9 1,12 2,029 174 117 45 33 62 74 10 1,09 2,774 287 165 35 43 79 88 11 0,92 1,305 196 92 58 53 37 70 engenharia sanitária e ambiental DQO total (mg/L) Eficiência (%) Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002 B IOFIL TRO AERADO SUBMERSO APLICADO AO POS-T RTAMENTO IOFILTRO ESGOTO SANITÁRIO DE EFL UENTES DE REA TOR FLUENTES EATOR U ASB – ESTUDO EM ESCALA PIL OTO ILOTO UASB COM Tabela 1 - Resultados das análises de DQO total no esgoto bruto e nos efluentes do UASB e do BAS e valores da eficiência em cada estágio do tratamento (cont.) Tempo de Operação Taxa de Filtração no BAS Taxa da Aplicação de DQO no BAS Semanas m3/m2.h kgDQO/m3.dia Esg. Bruto Efl. UASB Efl. BAS UASB BAS Total 12 1,70 0,736 152 28 12 82 57 92 13 1,83 3,178 192 112 40 42 64 79 14 1,73 2,171 227 81 38 64 53 83 15 1,83 1,561 195 55 33 72 40 83 16 1,70 1,839 147 70 31 52 56 79 19 1,70 1,865 248 71 4 71 94 98 22 1,53 2,246 281 95 24 66 75 91 24 1,19 2,281 252 124 98 51 21 61 36 1,09 1,698 138 101 61 27 40 56 37 1,09 2,774 237 165 94 30 43 60 38 1,22 1,570 114 83 24 27 71 79 39 - - 156 124 24 21 81 85 41 1,29 1,278 176 64 24 64 63 86 42 1,15 1,876 247 105 30 57 71 88 43 1,36 4,105 228 191 24 16 87 89 46 1,12 2,722 323 157 39 51 75 88 47 1,33 2,172 291 106 38 64 64 87 48 1,70 3,705 331 141 59 57 58 82 49 1,94 2,696 388 90 49 77 46 87 52 0,71 2,384 322 216 33 33 85 90 DQO total (mg/L) 500 DQO total (mg/L) Eficiência (%) Esgoto Bruto Efluente do UASB Efluente do BAS 400 300 200 100 0 0 3 4 5 9 10 11 12 13 14 15 16 19 22 24 36 37 38 39 41 42 43 46 47 48 49 52 Tempo de Operação (Semanas) Figura 2 - Gráfico de variação de DQO total no esgoto bruto e nos efluentes do UASB e do BAS ao longo do experimento Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002 engenharia sanitária e ambiental 85 C ARL OS HIRAKA W A, ROQUE PASSOS PIVELI, PEDRO ALEM SOBRINHO ARLOS IRAKAW 10 0 E fic iên cia n a R em o ção de DQ O to ta l (% ) 80 60 40 U A SB BA S T OTAL 20 0 0 3 4 5 9 10 11 12 13 14 15 16 19 22 24 36 37 38 39 41 42 43 46 47 48 49 52 Te m p o d e O pe raç ã o (S e m a n a s) Figura 3 - Variação das eficiências total, do UASB e do BAS na remoção de DQO total teve-se numa faixa relativamente estreita, com a maior parte dos valores entre 80% e 90%, a menos do período entre a 24a e a 37a semanas de operação, quando se verificou um desequilíbrio no sistema. Nas Figura 4 e 5, verifica-se com maior clareza o papel exercido pelo BAS gráfico, observa-se que a cada queda na eficiência do UASB correspondia uma melhoria no desempenho do BAS, de modo que a eficiência total do sistema manteve-se relativamente estável, variando de 83% a 96%. Conclui-se, assim, que, nas condições do experimento, os no conjunto, no tocante à remoção de matéria orgânica. No primeiro gráfico, nota-se que mesmo com a grande variação das concentrações de DBO no efluente do UASB, entre 20 e 94 mg/L, os valores no efluente final foram reduzidos à faixa de 6 a 17 mg/L. E no segundo Tabela 2 - Resultados de análises de DBO total no esgoto bruto e nos efluentes do UASB e do BAS e valores da eficiência em cada estágio do tratamento 86 Tempo de Operação Taxa de Filtração no BAS Taxa da Aplicação de DBO no BAS Semanas m3/m2.h kgDBO/m3.dia Esg. Bruto Efl. UASB Efl. BAS UASB BAS Total 0 1,43 1,479 103 67 17 35 75 83 3 0,98 0,533 193 35 9 82 74 95 4 1,02 1,371 138 87 7 37 92 95 5 0,98 0,625 146 41 10 72 76 93 9 1,12 1,561 141 90 17 36 81 88 10 1,09 1,547 203 92 9 55 90 96 12 1,70 0,525 129 20 6 84 70 95 13 1,83 2,667 134 94 11 30 88 92 20 - - 117 89 14 24 84 88 36 1,09 1,244 92 74 12 20 84 87 37 1,09 1,160 91 69 6 24 90 93 engenharia sanitária e ambiental DBO total (mg/L) Eficiência (%) Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002 B IOFIL TRO AERADO SUBMERSO APLICADO AO POS-T RTAMENTO IOFILTRO ESGOTO SANITÁRIO DE EFL UENTES DE REA TOR FLUENTES EATOR U ASB – ESTUDO EM ESCALA PIL OTO ILOTO UASB DBO total (mg/L) 225 200 175 150 125 100 75 50 25 0 COM Esg. Bruto Efl. UASB Efl. BAS 0 3 4 5 9 10 12 13 20 36 37 Tempo de Operação (Semanas) Eficiência na Remoção de DBO (%) Figura 4 - Gráfico de variação de DBO no esgoto bruto e nos efluentes do UASB e do BAS 100 80 UASB BAS Total 60 40 20 0 0 3 4 5 9 10 12 13 20 36 37 Tempo de Operação (Semanas) Figura 5 - Variação das eficiências total, do UASB e do BAS na remoção de DBO valores de concentração de DQO ou de DBO no efluente final e de eficiência do BAS foram influenciados mais pela qualidade do efluente do reator UASB que pela taxa de aplicação ou pela taxa de filtração no BAS. Na Figura 6 observa-se que, a me- entre 0,71 a 1,94 m3/m2.h a que o BAS foi submetido, a influência do tempo decorrido desde a última lavagem até o momento da coleta não foi significativa. A Tabela 4 fornece os resultados das análises de nitrogênio amoniacal no esgoto bruto e nos efluentes do UASB e do nos de dois valores, todos os demais foram iguais ou inferiores a 20 mgSST/L, demonstrando que nas condições do experimento o conjunto produziu um efluente de boa qualidade também quanto à concentração de sólidos em suspensão totais (SST). Para taxas de filtração Tabela 3 - Resultados das determinações de SST e SSV no esgoto bruto e nos efluentes do UASB e do BAS Tempo de Operação Taxa de Filtração no BAS Tempo após lavagem do filtro Semanas m3/m2.h Horas Esgoto Bruto 0 1,43 48 45 25 0 15 10 0 3 0,98 72 70 30 0 10 5 0 4 1,02 21 70 25 0 60 15 0 5 0,98 96 45 10 0 40 5 0 6 0,98 96 75 60 0 60 40 0 9 1,12 48 55 15 5 55 15 5 Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002 SST (mg/L) SSV (mg/L) Efluente Efluente do UASB do BAS Esgoto Bruto Efluente Efluente do UASB do BAS engenharia sanitária e ambiental 87 C ARL OS HIRAKA W A, ROQUE PASSOS PIVELI, PEDRO ALEM SOBRINHO ARLOS IRAKAW Tabela 3 - Resultados das determinações de SST e SSV no esgoto bruto e nos efluentes do UASB e do BAS (continuação) Taxa de Filtração no BAS Tempo após lavagem do filtro Semanas m3/m2.h Horas Esgoto Bruto Efluente do UASB Efluente do BAS Esgoto Bruto Efluente do UASB Efluente do BAS 10 1,09 45 45 15 1 40 15 1 11 0,92 76 55 25 2 45 25 2 12 1,70 9 110 20 20 80 10 5 13 1,83 21 70 50 10 60 45 10 16 1,70 31 95 30 5 70 20 5 17 1,56 31 90 20 10 70 15 8 19 1,70 26 75 15 3 50 5 3 20 Ñ- 46 50 40 4 20 15 2 24 1,19 25 55 10 4 44 10 4 37 1,09 24 85 15 5 80 5 5 42 1,15 32 95 15 3 90 15 3 43 1,36 1 85 65 18 65 60 10 45 1,56 20 139 45 34 106 30 20 47 1,33 57 95 28 21 90 25 16 48 1,70 33 100 38 12 65 15 5 49 1,94 23 125 30 20 80 13 10 52 0,71 54 60 20 15 55 18 11 SST (mg/L) Tempo de Operação 160 140 120 100 80 60 40 20 0 SST (mg/L) SSV (mg/L) Esgoto Bruto Efluente do UASB Efluente do BAS 0 3 4 5 6 9 10 11 12 13 16 17 19 20 24 37 42 43 45 47 48 49 52 Tempo de Operação (Semanas) Figura 6 - Gráfico da variação de SST no esgoto bruto e nos efluentes do UASB e do BAS 88 engenharia sanitária e ambiental Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002 B IOFIL TRO AERADO SUBMERSO APLICADO AO POS-T RTAMENTO IOFILTRO ESGOTO SANITÁRIO DE EFL UENTES DE REA TOR FLUENTES EATOR U ASB – ESTUDO EM ESCALA PIL OTO ILOTO UASB COM 120 Esgoto Bruto Efluente do UASB Efluente do BAS SSV (mg/L) 100 80 60 40 20 0 0 3 4 5 6 9 10 11 12 13 16 17 19 20 24 37 42 43 45 47 48 49 52 Tempo de Operação (Semanas) Figura 7 - Gráfico da variação de SSV no esgoto bruto e nos efluentes do UASB e do BAS BAS e os valores da taxa de aplicação de semanas, em que, dos seis resultados obNas tabelas de nos 5 a 7 são apresenDQO correspondentes a cada amostra, tidos, apenas um superou 5 mgN-NH4/ tados os valores das taxas de aplicação e L. Nesse período, a máxima taxa de apliapresentados em forma de gráfico de vade remoção dos parâmetros DQO, riação nas Figuras 8 e 9. cação foi da ordem de 4 mgDQO/L. Pela DBO5,20 e SST no reator BAS e os corresleitura dos dois gráficos, nota-se que a efiO gráfico da Figura 8 mostra que o pondentes gráficos, apresentando, além BAS apresentou melhor desempenho na ciência do BAS na remoção de nitrogênio da reta que melhor se ajusta aos dados remoção de nitrogênio amoniacal no peamoniacal diminuiu sensivelmente para levantados, a sua equação e o valor do ríodo compreendido entre a 39a e a 47a taxa de aplicação de 5,2 mgDQO/L. coeficiente de aderência R2. Tabela 4 - Resultados de análises de nitrogênio amoniacal (N-NH4) no esgoto bruto e nos efluentes do UASB e do BAS Tempo de Operação Taxa de Aplicação de DQO Semanas kgDQO/m3.dia Esg. Bruto Efl. UASB Efl. BAS 14 2,171 8 14 3 15 1,561 11 14 13 16 1,839 7 10 3 19 1,865 13 14 5 22 2,246 20 20 12 24 2,281 14 15 5 39 3,030 13 15 1 41 1,278 11 16 6 42 1,876 14 15 1 43 4,015 20 20 3 46 2,722 15 16 1 47 2,172 19 11 3 48 3,705 16 18 8 49 2,696 17 12 5 50 5,181 17 17 13 51 5,217 14 14 13 52 2,384 16 16 15 Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002 N-NH4 (mg/L) engenharia sanitária e ambiental 89 C ARL OS HIRAKA W A, ROQUE PASSOS PIVELI, PEDRO ALEM SOBRINHO ARLOS IRAKAW 25 E sg. B ru to E fl. UA S B Efl. B A S 15 N -N H 4 (m g /L) 20 10 5 0 14 15 16 19 22 24 39 41 42 43 46 47 48 49 50 51 52 T e m po de O pera ç ão (S em a nas ) T axa d e A p lic açã o (kg D Q O /m 3 .dia ) Figura 8 - Gráfico da variação de nitrogênio amoniacal (N-NH4) no esgoto bruto e nos efluentes do UASB e do BAS 6 5 4 3 2 1 0 14 15 16 19 22 24 39 41 42 43 46 47 48 49 50 51 52 T e m po de O pera ç ão (S em a nas ) Figura 9 - Gráfico da variação da taxa de aplicação (TA) no BAS O conjunto formado pelo reator UASB e pelo BAS apresentou, de modo geral, bons resultados na remoção de matéria orgânica e de sólidos em suspensão. Nas condições em que foi testado, com taxas de aplicação de 0,74 a 4,02 kgDQO/m3.dia, o BAS apresentou com regularidade bons resultados na remoção de matéria orgânica (DQO e DBO5,20) e de sólidos em suspensão totais (SST) e voláteis (SSV). Em relação aos parâmetros DQO e DBO5,20, inclusive, sua eficiência foi ditada mais pela qualidade do efluente do reator UASB que pelas taxas operacionais a que foi submetido. No período em que a eficiência média do reator UASB na remoção de DQO total foi de 59%, a contribuição média do BAS foi de 64%, removendo em conjunto 85% da DQO total do esgoto bruto. Em seguida à reposição parcial dos sólidos, quando a eficiência média do UASB diminuiu para 44%, a parcela removida no BAS aumentou para 69%, propiciando eficiência global de 87%. Mesmo na fase de menor eficiência do reator UASB, com percentuais inferiores a 30%, o BAS conseguiu manter em praticamente metade desse período desempenho capaz de assegurar percentual mínimo de 80%. A eficiência na remoção de matéria orgânica expressa em DBO5,20 variou de 83% a 96%, percentuais que possibilitam obediência à legislação ambiental do Estado de São Paulo quanto a esse Tabela 5 - Taxa de remoção (TR) de DQO no reator BAS em função da taxa de aplicação (TA) 90 Tempo de Operação Efl. UASB Efl. BAS Vazão BAS Taxa de Filtração TA TR Semanas mgDQO/L mgDQO/L L/m m3/m2.h kgDQO/m3.d kgDQO/m3.d 0 118 47 0,420 1,43 2,604 1,567 3 90 39 0,290 0,98 1,371 0,777 4 95 23 0,300 1,02 1,498 1,135 5 92 18 0,290 0,98 1,402 1,128 9 117 45 0,330 1,12 2,029 1,249 10 165 35 0,320 1,09 2,774 2,186 11 92 58 0,270 0,92 1,305 0,482 12 28 12 0,500 1,70 0,736 0,420 engenharia sanitária e ambiental Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002 B IOFIL TRO AERADO SUBMERSO APLICADO AO POS-T RTAMENTO IOFILTRO ESGOTO SANITÁRIO DE EFL UENTES DE REA TOR FLUENTES EATOR U ASB – ESTUDO EM ESCALA PIL OTO ILOTO UASB COM Tabela 5 - Taxa de remoção (TR) de DQO no reator BAS em função da taxa de aplicação (TA) (continuação) Tempo de Operação Efl. UASB Efl. BAS Vazão BAS Taxa de Filtração TA TR Semanas mgDQO/L mgDQO/L L/m m3/m2.h kgDQO/m3.d kgDQO/m3.d 13 112 40 0,540 1,83 3,178 2,043 14 81 38 0,510 1,73 2,171 1,152 15 55 33 0,540 1,83 1,561 0,624 16 70 31 0,500 1,70 1,839 1,025 19 71 4 0,500 1,70 1,865 1,760 21 119 65 0,400 1,36 2,501 1,135 22 95 24 0,450 1,53 2,246 1,679 24 124 98 0,350 1,19 2,281 0,478 36 101 61 0,320 1,09 1,698 0,673 37 165 94 0,320 1,09 2,774 1,194 38 83 24 0,360 1,22 1,570 1,116 39 124 24 0,465 - 3,030 2,443 40 156 28 0,460 1,56 3,771 3,094 41 64 24 0,380 1,29 1,278 0,799 42 105 30 0,340 1,15 1,876 1,340 43 191 24 0,400 1,36 4,015 3,510 44 331 41 0,320 1,09 5,566 4,876 46 157 39 0,330 1,12 2,722 2,046 47 106 38 0,390 1,33 2,172 1,394 48 141 59 0,500 1,70 3,705 2,154 49 90 49 0,570 1,94 2,696 1,228 50 290 113 0,340 1,15 5,181 3,162 51 292 55 0,340 1,15 5,217 4,234 52 216 33 0,210 0,71 2,384 2,019 Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002 engenharia sanitária e ambiental 91 C ARL OS HIRAKA W A, ROQUE PASSOS PIVELI, PEDRO ALEM SOBRINHO ARLOS IRAKAW TR (kgDQO/m 3.dia) 6,0 TR = 0,8409 x TA - 0,4377 R2 = 0,8481 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 TA (kgDQO/m3.dia) Figura 10 - Taxa de remoção (TR) de DQO no BAS em função da taxa de aplicação (TA) Tabela 6 - Taxa de remoção (TR) de DBO no reator BAS em função da taxa de aplicação (TA) Efl. UASB Efl. BAS Vazão BAS Taxa de Filtração TA TR Semanas mgDBO/L mgDBO/L L/min m3/m2.h kgDBO/m3.d kgDBO/m3.d 0 67 17 0,420 1,43 1,479 1,103 3 35 9 0,290 0,98 0,533 0,396 4 87 7 0,300 1,02 1,371 1,261 5 41 10 0,290 0,98 0,625 0,472 9 90 17 0,330 1,12 1,561 1,266 10 92 9 0,320 1,09 1,547 1,396 12 20 6 0,500 1,70 0,525 0,368 14 94 11 0,540 1,83 2,667 2,355 36 74 12 0,320 1,09 1,244 1,043 37 69 6 0,320 1,09 1,160 1,059 TR (kgDBO/m 3.dia) Tempo de Operação 2,50 2,00 TR = 0,9139 x TA - 0,0899 R2 = 0,9830 1,50 1,00 0,50 0,00 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 TA (kgDBO/m3.dia) Figura 11 - Taxa de remoção (TR) de DBO no BAS em função da taxa de aplicação (TA) 92 engenharia sanitária e ambiental Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002 B IOFIL TRO AERADO SUBMERSO APLICADO AO POS-T RTAMENTO IOFILTRO ESGOTO SANITÁRIO DE EFL UENTES DE REA TOR FLUENTES EATOR U ASB – ESTUDO EM ESCALA PIL OTO ILOTO UASB COM Tabela 7 - Taxa de remoção (TR) de SST no reator BAS em função da taxa de aplicação (TA) Tempo de Operação Efl. UASB Efl. BAS Vazão BAS Taxa de Aplicação TA TR Semanas mgSST/L mgSST/L L/min m3/m2.h kgSST/m3.d kgSST/m3.d 0 25 0 0,420 1,43 0,552 0,552 3 30 0 0,290 0,98 0,457 0,457 4 25 0 0,300 1,02 0,394 0,394 5 10 0 0,290 0,98 0,152 0,152 6 60 0 0,290 0,98 0,914 0,914 9 15 5 0,330 1,12 0,260 0,173 11 25 2 0,270 0,92 0,355 0,326 12 20 20 0,500 1,70 0,525 0,000 13 50 10 0,540 1,83 1,419 1,135 14 30 15 0,510 1,73 0,804 0,402 16 30 5 0,500 1,70 0,788 0,657 17 20 10 0,460 1,56 0,483 0,242 19 15 3 0,500 1,70 0,394 0,315 21 60 10 0,400 1,36 1,261 1,051 22 25 3 0,450 1,53 0,591 0,520 24 10 4 0,350 1,19 0,184 0,110 37 15 5 0,320 1,09 0,252 0,168 40 135 85 0,460 1,56 3,263 1,209 42 15 3 0,340 1,15 0,268 0,214 45 45 34 0,460 1,56 1,088 0,266 47 28 21 0,390 1,33 0,574 0,143 48 38 12 0,500 1,70 0,998 0,683 49 30 20 0,570 1,94 0,899 0,300 50 250 16 0,340 1,15 4,466 4,181 51 100 18 0,340 1,15 1,787 1,465 52 20 15 0,210 0,71 0,221 0,055 parâmetro. A concentração de sólidos em suspensão totais (SST) variou de 0 (zero), nas primeiras semanas de operação do sistema, a 34 mg/L, com valor médio de 9 mg/L. Observou-se a remoção de nitrogênio amoniacal, tendo ocorrido nitrificação parcial no BAS. Os melhores resultados foram obtidos para taxas de aplicacão de até 4,0 kgDQO/m3.dia, aproximadamente. O período de maior eficiência iniciou-se após cinco meses de operação da unidade piloto e foi encerrado quando ocorreu uma súbita elevação da taxa de aplicação de DQO. Nesse período, que durou cerca de dois meses, o valor médio Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002 de nitrogênio amoniacal no efluente final foi de 2,7 mg/L, com apenas um pico de 6,0 mg/L. As concentrações inferiores a 5 mgN-NH4/L foram obtidas para afluentes ao BAS com concentrações de até 16 mgN-NH4/L. engenharia sanitária e ambiental 93 C ARL OS HIRAKA W A, ROQUE PASSOS PIVELI, PEDRO ALEM SOBRINHO ARLOS IRAKAW 4 ,0 T R = 0,76 2 1 x T A - 0 ,0 6 58 R 2 = 0 ,8 2 08 TR (kgSS/m 3 .dia) 5 ,0 3 ,0 2 ,0 1 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,5 1 ,0 1 ,5 2 ,0 2 ,5 3 ,0 3 ,5 4 ,0 4 ,5 5 ,0 T A (k gS S/m 3 .d ia) Figura 12 - Taxa de remoção (TR) de SST no BAS em função da taxa de aplicação (TA) CONCLUSÃO LADA NO SOLO. p. 301-320. ABES. Rio de Janeiro. 1999. Os resultados obtidos no experimento permitem concluir que o BAS possui, do ponto de vista técnico e operacional, condições para promover o tratamento complementar de efluente de reator UASB com a eficiência requerida para atender aos padrões de emissão definidos na legislação ambiental, em particular a do Estado de São Paulo. A eficiência do BAS na remoção de matéria orgânica expressa em DQO total variou de 21% a 94%, com valor médio de 63%. A concentração de DQO total no efluente final variou de 4 a 98 mg/L, com valor médio de 39 mg/L, sendo que três dentre as 27 amostras apresentaram valores superiores a 60 mg/L. Em relação ao parâmetro DBO5,20, referência na legislação ambiental para a concentração de matéria orgânica, os resultados obtidos variaram na faixa de 6 a 17 mg/L, que significa um efluente com boa qualidade. Para taxas de aplicação de até 4,0 kgDQO/m3.dia, o BAS mostrou-se capaz de promover nitrificação com eficiência suficiente para manter, na maior parte dos casos, concentração de nitrogênio amoniacal inferior a 5,0 mg/L no efluente final do conjunto UASB-BAS. ARVIN, E., HARREMOËS, P. Concepts and models for biofilm reactor performance. Water Science and Technology, v.22, p.171-192. 1990. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALEM SOBRINHO, P., KATO, M.T. Análise crítica do uso de processo anaeróbio para o tratamento de esgotos sanitários. In: CAMPOS, J.R. 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(11) 3242-3418 [email protected] Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002