Promover o Desenvolvimento e
o Emprego de Qualidade
Pedro Telhado Pereira
Centro de Estudos de Economia Aplicada do Atlântico
Universidade da Madeira
Economia da Educação

Os textos de Fuente e Domenech de 2000
(Human Capital in Growth Regressions: How
Much Difference Does Data Quality Make?,
Centre for Economic Research, 2466) e de
Cohen e Soto de 2001(Growth and Human
Capital, Centre for Economic Research,
3025) vieram mostrar que os resultados
encontrados nos estudos
microeconométricos sobre a rendibilidade da
educação também se verificavam a nível
macroeconómico.
No dizer de Cohen e Soto (2001)

“this settles, at least for these data [the data
used in this authors’ paper], the long
standing opposition between the effects of
levels and the effects of the increase of
human capital on growth. We find quite
simply that levels are correlated to levels and
growth rates to growth rates”. Again in this
paper we see that human capital seems to
have social returns that are identical to the
private ones.
Três conclusões:

Os níveis de rendimento per capita estão
relacionados com o nível educacional médio da
população

O crescimento do nível de rendimento per capita
está relacionado com o crescimento do nível
educacional médio da população

As taxas de aumento do rendimento per capita são
semelhantes às taxas de rendibilidade da educação
encontrada nos estudos microeconómicos

Tópicos

Nível Educacional em Portugal e sua
evolução
Rendibilidade da Educação em Portugal e
sua evolução
Formação Profissional
Reflexões finais



No final do século XX os trabalhadores
portugueses apresentam uma baixa instrução
As populações mais jovens não estavam a recuperar a um bom
ritmo
População com o Secundário Completo (1999), por grupos de idade
País
25-64
25-34
35-44
45-54
55-64
Espanha
35
55
41
25
13
Grécia
50
71
58
42
24
Irlanda
51
67
56
41
31
Itália
42
55
50
37
21
Portugal
21
30
21
15
11

Todos os países, com excepção de
Portugal, apresentam um crescimento
de mais de 30% entre a geração dos
55-64 e a dos 25-34

Portugal apresenta um crescimento de
menos de 20%
Passados quase dez anos em 2008
População com o Secundário Completo (2008), por grupos de idade
País
25-64
25-34
35-44
45-54
55-64
Espanha
51
65
57
45
29
Grécia
61
75
69
56
39
Irlanda
69
85
75
62
45
Itália
53
69
57
49
35
Portugal
28
47
29
20
13
Portugal em 2008 já tinha ultrapassado os
30% de diferença

No entanto menos de metade da geração
mais jovem (25-34) tem o secundário
completo.

Os valores apresentados por esta geração
são semelhantes aos das gerações 20 anos
mais velhas nos países comparados.
Population that has attained at least upper secondary education 1 (2010)
Percentage, by age group
Em 2010
Population that has attained at least upper secondary education1 (2010)
Percentage, by age group
Age group
Greece
Ireland
Italy
Portugal
Spain
OECD
average
EU21
average
25-64
65
73
55
32
53
74
25-34
79
87
71
52
65
82
35-44
72
80
59
34
60
78
45-54
62
67
51
22
48
72
55-64
44
50
38
16
32
62
75
83
80
73
64
Portugal em 2010

Já mais de metade da geração mais jovem
(25-34) tem o secundário completo.

No entanto, os valores apresentados por esta
geração continuam a ser semelhantes aos
das gerações 20 anos mais velhas nos
países comparados.
No Ensino Superior em 2008
População com o Ensino Superior Completo (2008), por grupos de idade
País
25-64
25-34
35-44
45-54
55-64
Espanha
29
39
33
24
16
Grécia
23
28
27
22
15
Irlanda
34
45
37
27
19
Itália
14
20
15
12
10
Portugal
14
23
15
10
8
Para a geração mais nova, a Itália está pior

No entanto, Portugal ainda está muito abaixo
dos outros países com os quais comparamos
No Superior em 2010


Population that has attained tertiary education (2010)

Percentage by age group
Column 16 refers to absolute numbers in thousands.
Tertiary-type B education
25 2534
64
5564
25-64
25
34
35
44
45
54
55
64
Greece 7
11
8
6
3
17
20
18
17
13
25
31
27
23
17
Ireland
Italy
Portug
al
16
n
x(
11
)
9
10
18
n
x(1
2)
18
n
x(1
3)
13
1
x(1
4)
10
n
x(1
5)
22
14
15
30
20
25
24
15
16
17
12
10
12
10
9
37
15
15
48
21
25
42
16
16
30
12
10
21
11
9
885
4955
919
12
11
12
12
7
10
4
8
21
22
27
28
24
24
19
19
14
16
31
31
39
38
35
33
26
28
18
23
8116
210
281
9
10
11
9
8
20
27
21
17
14
28
35
30
25
20
EU21
averag
e
4554
Total tertiary education
25-64
in
thousa
nds
1510
Spain
OECD
averag
e
3544
Tertiary-type A and
advanced research
programmes
25 25 35 45 55
64 34 44 54 64
Para a geração mais nova, a Itália continua
pior

E Portugal vai-se aproximando lentamente
dos outros países com os quais comparamos
E a probabilidade de obter um título do Ensino Superior depende
muito da educação dos Pais.

Pereira (2010) (Higher Education Attainment: The Case of Intergenerational
Transmission of Education in Portugal, IZA DP No. 4813, 2010, CEEAplA W.P.
2/2010) utilizando dados do IEFA 2007
Table VII – Total effects on higher education completion
FBAS
Female
Male
FSEC
Difference
Female
Male
FSUP
Difference
Female
Male
Difference
MBAS
9,15%
6,10%
3,04%
45,59%
34,83%
10,76%
51,94%
46,73%
5,21%
35,37%
45,31%
-9,95%
56,07%
45,32%
10,76%
64,56%
53,78%
10,78%
37,80%
46,18%
-8,37%
68,44%
65,49%
2,94%
72,44%
61,34%
11,10%
MSEC
MSUP
Evolução da percentagem que obtêm um
título de Ensino Superior
Higher Education
sample %
Males
18-24
25-34
35-44
45-54
55-64
Total
M_BAS/F_BAS
2,23%
10,25%
4,71%
6,29%
4,75%
5,68%
M_BAS/F_SEC
6,90%
21,43%
41,67%
33,33%
42,86%
24,21%
M_BAS/F_HIG
0,00%
28,57%
30,00%
64,29%
42,86%
37,74%
M_SEC/F_BAS
17,65%
50,00%
62,50%
16,67%
50,00%
36,17%
M_SEC/F_SEC
13,64%
44,44%
50,00%
40,00%
44,44%
34,33%
M_SEC/F_HIG
0,00%
58,33%
83,33%
80,00%
83,33%
48,84%
M_HIG/F_BAS
15,38%
52,94%
50,00%
75,00%
0,00%*
41,86%
M_HIG/F_SEC
22,22%
60,00%
85,71%
100,00%
100,00%
56,52%
M_HIG/F_HIG
20,00%
69,57%
81,25%
63,64%
63,64%
56,41%
4,17%
15,60%
8,66%
8,84%
6,70%
8,77%
Total
sample %
Females
18-24
25-34
35-44
45-54
55-64
Total
M_BAS/F_BAS
8,51%
19,84%
9,66%
8,12%
5,41%
9,56%
M_BAS/F_SEC
21,74%
66,67%
40,00%
47,06%
50,00%
43,68%
M_BAS/F_HIG
0,00%
62,50%
58,33%
63,64%
66,67%
49,02%
M_SEC/F_BAS
3,70%
72,22%
42,86%
0,00%
33,33%
31,03%
M_SEC/F_SEC
35,00%
70,00%
64,71%
80,00%
40,00%
56,72%
M_SEC/F_HIG
40,00%
61,54%
83,33%
80,00%
100,00%
67,44%
M_HIG/F_BAS
0,00%
50,00%
33,33%
37,50%
0,00%*
26,47%
M_HIG/F_SEC
42,86%
33,33%
100,00%
66,67%
100,00%
65,00%
M_HIG/F_HIG
10,53%
95,00%
87,10%
69,23%
100,00%
69,77%
10,23%
26,21%
14,55%
10,41%
7,02%
12,98%
Total

A probabilidade de obter um título do Ensino
Superior é mais de 8 vezes maior para o filho de
pais com este nível de ensino do que o de pais com
ensino até ao básico.

O sexo feminino apresenta melhor resultados do
que o sexo masculino com excepção dos casos em
que o Pai tem até ao básico e a mão tem um nível
maior de educação.

As gerações mais novas com Pais com até ao
Ensino Básico ainda estão muito longe de atingir as
percentagens das gerações mais velhas com Pais
com mais educação.
Conclusão sobre o nível educacional e sua
evolução

O nível educacional é baixo e o ritmo de
recuperação ainda nos mantém muito atrás
dos nossos parceiros

Existe uma grande desigualdade na
obtenção do ensino superior
Rendibilidade da Educação

Budria e Pereira, 2011(Educational
Qualifications and Wage Inequality:
Evidence for Europe, Revista de Economía
Aplicada) e Martins e Pereira em 2004
("Does Education Reduce Wage Inequality?
Quantile Regressions Evidence from 16
Countries, Labour Economics) mostram que
Portugal é dos países considerados que
apresenta maior rendibilidade da Educação
Em 1995
Em 2006 (EAG 2010)

Os homens com Ensino Superior ganhavam
mais 90% e as mulheres mais 78% do que o
correspondente aos que ficaram com o
Ensino Secundário.

Este valor tem permanecido quase constante
na última década.
Conclusão sobre a rendibilidade da
Educação

Portugal é um país que apresenta uma alta
rendibilidade da educação

No entanto, apresenta também um alto risco
no investimento em educação.

A alta rendibilidade tem-se mantido
Algumas notas sobre a formação
profissional

Resultados de Budria e Pereira (“The Wage Effects of Training
in Portugal: Differences across skill groups, genders, sectors and
training types”, Applied Economics, 2007, “The Contribution of
Vocational Training to Employment, Job-related Skills and
Productivity: Evidence from Madeira Island”, International Journal
of Training and Development, 2009, “Are Vocational Training
Programs Truly Effective? Evidence from Self-assessed Data”,
ICFAI Journal of Training and Development, 2009 and
“Subjective Assessment on Vocational Training Activities: A
Generalized Ordered Probit Approach”, Empirical Research in
Vocational Education and Training, 2010.
Resultados usando Inquérito ao Emprego
1998 a 2000




A participação na formação profissional aumenta
com a educação sendo que os mais educados têm
uma probabilidade de participação que é 3 vezes
superiores.
A participação decresce com a idade, é superior no
Sector Público e se a pessoa tem um segundo
emprego.
Tem taxas de rendibilidade superiores a 10%.
A rendibilidade é menor para os mais educados
Resultados usando o Inquérito à Inserção, Direcção Regional de Formação
Profissional, 2000 a 2005.




Um mês após o fim da formação profissional a
maioria encontra emprego.
A educação primária aumenta a probabilidade de
estar empregue após dois anos em 1,75 vezes
A educação secundária aumenta a probabilidade de
estar empregue após dois anos em 7,22 vezes
A educação superior aumenta a probabilidade de
estar empregue após dois anos 11,78 vezes


Existe complementaridade entre a educação
e a formação profissional. Os mais educados
têm não só maior probabilidade de encontrar
emprego mas também são os que mais
consideram que a formação os ajudou a
encontrar o emprego, que está relacionada
com o emprego corrente e que aumentou a
sua produtividade nesse emprego.
Existe um alto nível de satisfação com a
formação profissional na Madeira.
Conclusão sobre a formação profissional

Usando dados para Portugal vemos que são
os menos educados os que mais ganham
com a formação profissional. No entanto,
dados para a Madeira mostram que os
aumentos da empregabilidade, das
competências no emprego e da
produtividade resultantes da formação
profissional aumentam com a educação.
Reflexões finais

As altas taxas de rendibilidade da educação
e o aumento dos indivíduos com educação
que encontram emprego com essas
remunerações mostra que a qualidade dos
trabalhadores tanto do lado da oferta como
da procura tem aumentado.

No entanto será o aumento de procura por
trabalhadores qualificados suficiente?
Vamos supor que não, o que aconteceria?

Não havendo procura suficiente por
trabalhadores mais qualificados o que irão
fazer estes trabalhadores?

Emigrar para Países onde essa procura existe

Ocupar os lugares dos trabalhadores menos
qualificados, aceitando salários inferiores à sua
produtividade potencial.
Consequências a nível global

Aumento da emigração de pessoal qualificado

Aumento do desemprego do pessoal menos
qualificado

Maior dispersão dos salários entre o pessoal
qualificado

Aumento da precariedade do emprego.
Questão final

Será que não é isto que está a acontecer em
Portugal?
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Aula 1 - Universidade da Madeira