Alta da energia pode ser superior a 40% neste ano no Paraná Estimativa feita por especialistas leva em conta residual do ano passado e os reajustes anual e o extraordinário No ano passado, o reajuste médio da energia elétrica no Estado foi de quase 25% O aumento da tarifa de energia elétrica no Paraná neste ano deve ser superior a 40%. A estimativa é de especialistas da área consultados pela FOLHA. Na última quarta-feira, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, tinha afirmado que a média de reajuste neste ano deve ser de até 40%. No Estado, no entanto, há um diferencial de 15% que deixou de ser aplicado em 2013 e 2014, sendo 10% no ano passado e os outros 5% em 2013. Procurada, a Copel informou apenas que não pode fazer especulações futuras. No ano passado, o reajuste médio no Estado foi de quase 25%. O reajuste, que deve acontecer de forma generalizada no País, é uma forma de compensar os gastos que as distribuidoras de energia tiveram com a utilização mais intensa das termelétricas, já que o uso das hidrelétricas foi reduzido com a diminuição no nível dos reservatórios em função da crise hídrica. "Estamos em uma situação que a energia hidráulica está mais baixa e acionando as térmicas há quase dois anos", disse o presidente da empresa de comercialização de energia no mercado livre Trade Energy, Walfrido Avila. Segundo ele, as tarifas normais não contemplam a utilização das térmicas. Ele lembrou ainda que o governo federal fez empréstimos que somaram R$ 17,8 bilhões em 2014 às distribuidoras de energia para que elas pudessem arcar com os custos da geração das termelétricas que é mais caro. E, neste ano, estão previstos mais R$ 2,5 bilhões. Por isso, ele acredita que a maior parte das distribuidoras do Brasil está sem caixa e será obrigada a pleitear o reajuste extraordinário que começa a ser discutido na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no próximo dia 20. Avila prevê que, no Paraná, o reajuste da energia no ano de 2015 seja superior a 40%. O diretor da Enercons Consultoria em Energia, Ivo Pugnaloni, também acredita em aumento acima de 40% no Estado. Na prática, o consumidor deve arcar com um aumento extraordinário que pode acontecer agora nos primeiros meses do ano, além do reajuste anual da Copel, autorizado pela Aneel, que acontece sempre no dia 24 de junho. O presidente da Trade acredita que se fossem liberadas mais PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) no Estado geraria energia mais barata e mais empregos. Para ele, falta vontade política para colocar isso em prática. Segundo Pugnaloni, hoje há 190 PCHs no Paraná em estudos que não saíram do papel por falta de agilização no licenciamento ambiental. Ele informou que o Estado tem 32 PCHs em operação que respondem por uma capacidade instalada de 258 MW (megawatts). Ele apontou ainda como outras alternativas para reduzir a utilização das termelétricas, o aumento da geração eólica no Estado, o uso de usinas de biomassa de bagaço de cana-de-açúcar e também a geração de energia a partir de gases do lixo como metano, hidrogênio e monóxido de carbono. Segundo ele, o Brasil tem potencial hídrico de 115 GW (gigawatts), mas só utiliza 91 GW que é o que foi construído até agora para geração de energia por hidrelétricas. CONSUMO Na quarta-feira, o ministro de Minas e Energia, Eduardo, recomendou que os brasileiros reduzam o consumo de energia elétrica. "Não é racionamento. Nós temos energia. Ela existe, mas é cara", afirmou. Segundo Braga, "do mesmo jeito que estamos vendo a realidade em São Paulo, em que o consumidor está tendo que reduzir gasto de água porque há um problema hídrico, o setor elétrico está sendo vítima do ritmo hidrológico". Para o ministro, os aumentos que virão nas contas, principalmente por meio do novo sistema de bandeiras tarifárias, indicarão ao consumidor que esse recurso está mais escasso e que é preciso diminuir gastos. Ele disse ainda que pretende trabalhar com a ineficiência "da porta para fora", com as distribuidoras, para modernizar a rede de distribuição, que inclui cabeamentos, transformadores e a iluminação pública como um todo. "Estamos em uma situação que a energia hidráulica está mais baixa e acionando as térmicas há quase 2 anos"