EDUCAÇÃO AMBIENTAL A PARTIR DO LÚDICO NO
ENSINO DE CIÊNCIAS
Oliveira, C.S.P.(1); Barbosa, R.F.M.(1); Maknamara, M.(1) [email protected]
(1)
Aluna do Curso de Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte - UFRN, Caicó - RN, Brasil;
(2)
Aluno do Curso de Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade Potiguar UnP, Natal - RN, Brasil;
(3)
Professor Adjunto I do Centro de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte - UFRN, Caicó - RN, Brasil.
RESUMO
O presente trabalho se fundamenta no emprego de uma prática lúdica de
cidadania através da Educação Ambiental. Para produzir o conhecimento,
foram realizadas tarefas de diferentes cunhos, tais como: vídeos, jogos e aulas
expositivas. Utilizamos questionários, sendo um inicial e um final, para inferir
uma estatística do que os alunos já tinham de conhecimento e do que
possivelmente foi aprendido. Através desta metodologia, buscamos uma
melhoria na relação do ser humano e o meio ambiente, mostrando a
importância na melhora da qualidade de vida da nossa sociedade e tendo em
vista a preservação do mesmo para gerações futuras. Com a ajuda do ensino
lúdico, que torna a prática mais prazerosa, houve uma maior facilidade no
processo de ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem, Prática lúdica, Sociedade.
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INTRODUÇÃO
Um dos principais papéis reservados à educação consiste, antes de mais
nada, em dotar a humanidade da capacidade de dominar o seu próprio
desenvolvimento. Ela deve, de fato, fazer com que cada um tome o seu
destino nas mãos e contribua para o progresso da sociedade em que
vive, baseando o desenvolvimento na participação responsável dos
indivíduos e das comunidades (DELORS, 2012).
Segundo COSTA (2008) “Mais do que uma época de crise, estamos
vivendo a crise de uma época”. A relação do ser humano consigo
mesmo, com os outros homens, com a natureza e com a dimensão
transcendente da vida está passando por amplas e profundas
modificações. A educação interdimensional, portanto, é a educação
necessária. Parece que estamos diante de uma ideia cujo tempo chegou.
Um tempo de construção de uma educação integradora das diversas
dimensões do humano (COSTA, 2008).
Com isso a inclusão de formas lúdicas no ensino surgem como agentes
facilitadores do processo de ensino-aprendizagem, onde o aluno seja
criança ou adolescente, se sente mais estimulado a participar do
processo e aprender o conteúdo de forma mais prazerosa. Com o ensino
de Ciências progressivo, é possível fazer com o que o aluno se torne
mais crítico, aprendendo a construir o conhecimento por si só, podendo
observar as interações humanas e o meio em que vive. Com aulas mais
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planejadas é possível mediar o conhecimento com muitas ferramentas
que podemos utilizar para que o educando possa construir o seu próprio
papel em meio a sociedade.
O jogo, por exemplo, pode vir a ser um elemento a mais capaz de
despertar o interesse do aluno pelo conteúdo. ARAÚJO (2000) analisa
o jogo como elemento essencial no desenvolvimento da criança e do
adolescente sob a perspectiva de Henri Wallon. Para ele o jogo, além
funcionar como elemento motivacional, oferece a oportunidade do
desenvolvimento integrado, abrangendo desde o sistema motor ao
afetivo-social e intelectual.
Como bem sabemos, ensinar é mais que promover a fixação do
conteúdo, é promover situações de aprendizagem que possibilitem ao
aluno a formação de sua capacidade cognitiva. Desta forma, o lúdico
vem como um meio auxiliar na perspectiva da externalização do seu
próprio conhecimento.
SORRENTINO (1998) chama a atenção para a necessidade de se
articularem ações de educação ambiental baseadas nos conceitos de
ética e sustentabilidade, identidade cultural e diversidade, mobilização e
participação e práticas interdisciplinares. A necessidade de abordar o
tema da complexidade ambiental decorre da percepção sobre o
incipiente processo de reflexão acerca das práticas existentes e das
múltiplas possibilidades de, ao pensar a realidade de modo complexo,
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defini-la como uma nova racionalidade e um espaço onde se articulam
natureza, técnica e cultura (JACOBI, 2003). O desafio é, pois, o de
formular uma educação ambiental que seja crítica e inovadora, em dois
níveis: formal e não formal. Assim a educação ambiental deve ser
acima de tudo um ato político voltado para a transformação social. O
seu enfoque deve buscar uma perspectiva holística de ação, que
relaciona o homem, a natureza e o universo, tendo em conta que os
recursos naturais se esgotam e que o principal responsável pela sua
degradação é o homem (JACOBI, 2003). A educação ambiental assume,
assim, de maneira crescente, a forma de um processo intelectual ativo,
enquanto aprendizado social, baseado no diálogo e interação em
constante processo de recriação e reinterpretação de informações,
conceitos e significados, que se originam do aprendizado em sala de
aula ou da experiência pessoal do aluno (JACOBI, 2005).
Sendo assim é necessário que se criem condições para disseminar as
práticas ambientais a fim de que se tenha a capacidade de mudar seus
estilos de vida e culmine numa consciência ética por parte da
população. De tal forma, a educação ambiental vem como um subsídio
para destacar eventuais problemas ambientais que ocorrem na
sociedade atual, sendo assim possível a conscientização para que não
haja o decaimento da qualidade de vida dos indivíduos em diversas
regiões.
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O objetivo do presente trabalho foi aplicar uma aula de ciências com
atividades voltadas à Educação Ambiental, associando conceitos
básicos sobre Meio Ambiente e atividades lúdicas.
MATERIAL E MÉTODOS
A realização deste trabalho educacional ocorreu na Escola Municipal
Professor Ulisses de Góis, situada na cidade de Natal no estado do Rio
Grande do Norte. Foram utilizadas as três turmas de 6º anos do período
da tarde para ministrar aulas expositivas e práticas. A escolha da série
foi feita devido ao conteúdo dos materiais didáticos apresentarem como
foco a relação entre ser humano e o restante da natureza. Depois de
ministrada a aula, exploramos os questionários usados para inferir uma
margem numérica do aprendizado destes alunos.
Para a realização do projeto foi utilizada a práticas de ensino formal. Na
prática formal foi lecionada uma aula de ciências envolvendo a
Educação Ambiental que ocorreu no primeiro dia, no qual abordamos
os seguintes assuntos: ecologia, recursos naturais, poluição, impactos
ambientais e relação entre homem e meio ambiente. Logo após o final
de cada assunto, mostramos um vídeo relacionado ao assunto abordado
para ajudar na absorção do conteúdo. Já em um segundo momento,
onde se deu posteriormente em um segundo dia, foi utilizado o meio de
educação lúdica, no qual realizamos uma gincana (dividida em quatros
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atividades) e ao final de cada atividade o grupo vencedor teve a
oportunidade de plantar mudas no terreno da escola. Por último,
aplicamos o mesmo questionário com um intervalo de tempo de uma
semana para verificar o conteúdo adquirido.
No início, foi aplicado o ‘Questionário sobre Cidadania e Educação
Ambiental’, onde foram entregues aos alunos 10 questões de múltipla
escolha acerca dos diversos temas envolvendo meio ambiente e
cidadania, a fim de ver o conhecimento prévio dos alunos. Uma semana
depois do encerramento das atividades, aplicamos o mesmo
questionário (com o embaralho das mesmas questões) para observar o
conhecimento produzido da aula.
Para a gincana no segundo dia utilizou-se um total de 70 alunos, os
mesmo foram divididos em 04 grupos: Papel (Azul), Plástico
(Vermelho), Vidro (verde) e Metal (amarelo), onde foram identificados
através de crachás com as cores respectivas.
Na primeira atividade da mesma foi mostrado um vídeo musical com
uma temática ambiental e logo em seguida foram feitas 05 (cinco)
perguntas relacionadas ao vídeo. O grupo que obteve a maior
quantidade de questões corretas ganhou o ponto. Na segunda atividade,
foi feito um teste de ‘Pegada Ecológica’. O grupo mais ecologicamente
correto ganhou o ponto da rodada. Na penúltima atividade, os alunos
estiveram sujeitos a uma atividade intitulada ‘Caça ao Tesouro’ com
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dicas que serão questionamentos sobre a relação da cidadania e meio
ambiente. O grupo que chegou ao fim da procura, recebeu o ponto da
rodada. A última atividade se deu através da confecção de caixas de
Coleta Seletiva a partir de materiais que foram reutilizados, que depois
teve sua implantação na escola, cujo grupo que possuiu a caixa mais
bem elaborada, ganhou o ponto.
Ao final das atividades, logo após a entrega de um panfleto educativo
sobre o Meio Ambiente do Ministério Público, foram contabilizados os
pontos e o vencedor de cada atividade ganhou a oportunidade de plantar
uma muda no espaço escolar.
Os materiais utilizados para o trabalho em si, foram: panfletos
educativos,
câmera
fotográfica,
retroprojetor,
slides,
vídeos
(informativos e musical), questionários (no início e no final das
atividades), teste ‘Pegada Ecológica’, cartolinas, hidrocor, barbante,
tesoura, fita adesiva, quatros caixas de papelão, seis tintas, seis pincéis
e mudas nativas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tendo em vista as dificuldades que o sistema educacional do nosso país
vem enfrentando, faz-se necessário repensar o modo de articular as
aulas no ensino de Ciências. Modelos didáticos inovadores que possam
vir a propiciar aulas mais prazerosas e ao mesmo tempo mais eficientes,
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se tornam fundamentais neste contexto, pois são capazes de tornar a
aprendizagem dos alunos significativa.
A Figura 1 mostra os resultados obtidos através do questionário
aplicado envolvendo 10 questões, sendo duas de cada temática, como
ecologia, recursos naturais, poluição, impactos ambientais e relação
entre homem e meio ambiente, antes e após as atividades aplicadas.
Figura 1. Porcentagem de acertos dos alunos nas respectivas áreas temáticas no
questionário antes (azul) e após (vermelho) a aula ser ministrada.
O percentual deste gráfico mostra o crescente e significativo
melhoramento no numero de acertos após uma aula lúdica ministrada.
A partir desses dados podemos notar que os alunos possuem mais
dificuldades em assuntos que são voltados para a parte conceitual
presente nos livros. Em oposição a isto, as questões voltadas para o seu
cotidiano são entendidas com uma maior facilidade. Frente a isso,
podemos atribuir às questões práticas um caráter facilitador que age a
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partir do meio em que eles estão inseridos, forçando-os a adquirir uma
maior percepção das situações que estão ao seu redor. Essa interação
também se faz necessária para questões que estão mais embasadas
apenas na teoria, pois a partir do momento que os discentes se inserem
em meio aquele contexto eles tentarão fazer a diferença.
Pensando em tais questões, é possível perceber a extrema significância
de práticas inovadoras que tornem os alunos agentes detentores do seu
próprio conhecimento. A Figura 2 mostra que os alunos obtiveram uma
média de acertos entre 42% e 60% antes e após as atividades,
respectivamente.
Figura 2. Porcentagem total de acertos nos questionários aplicados antes e
após a aula ser ministrada.
Ao final desta aula teórico-prática observamos que há um agente
motivador para os alunos se tornarem capazes de: ter um conhecimento
mais amplo de cidadania e meio ambiente; cuidar melhor do meio em
que vivem; utilizar de maneira mais adequada os recursos naturais;
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respeitar o espaço de cada ser vivo, sendo ele animal ou vegetal; e
conseguir passar o seu conhecimento adquirido adiante. Levando em
consideração o caráter lúdico da apresentação do conteúdo a
compreensão dos alunos se tornou maior e imediata do mesmo modo
que o aprendizado ocorreu de forma natural (Figuras 3, 4, 5 e 6).
Figura 3. Plantio de muda no terreno da
escola por alunos.
Figura 4. Muda plantada no terreno da
escola por alunos.
Figura
5.
Lixeiras
confeccionadas por alunos.
Figura 6. Futuros docentes ministrando
aulas para alunos na sala multiuso.
seletivas
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Por se tratar de alunos do segundo nível do ensino fundamental,
esperamos que houvesse a colaboração e comprometimento da turma
para que pudéssemos aplicar a atividade e a matéria de forma
satisfatória a fim de atender o interesse de todos. Atentando a tais
interesses, nossos objetivos foram cumpridos, uma vez que os alunos
mostraram total motivação e participação nos temas propostos.
CONCLUSÃO
Após terem sido analisados e discutidos os resultados obtidos a partir de
questionários aplicados em alunos dos 6º anos da Escola Municipal
Professor Ulisses de Góis do município de Natal, Estado do Rio Grande
do Norte, podemos concluir que:
No primeiro questionário aplicado (antes da atividade lúdica
ministrada) foi constatado que os 70 alunos obtiveram uma média de
42% de acertos, enquanto que no segundo questionário aplicado (uma
semana após a atividade lúdica ministrada) essa média de acertos subiu
para 60%;
Aulas práticas atuam como auxiliares às aulas teóricas, servindo para
um maior embasamento e entendimento por parte dos alunos;
Os discentes possuem uma maior dificuldade em assuntos mais
teóricos, ou seja, assuntos que eles não encontram comumente no seu
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cotidiano. Todavia, possuem uma maior facilidade em assuntos que
estão ligados diretamente as suas rotinas diárias.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, D.S. As contribuições de Henri Wallon ao estudo do jogo no
desenvolvimento da criança e do adolescente. Educativa, v. 3, p.27-41, Goiânia,
2000.
COSTA, Antonio Carlos Gomes da. EDUCAÇÃO. São Paulo: Canção Nova, 2008.
DELORS, Jacques et al. EDUCAÇÃO UM TESOURO A DESCOBRIR:
RELATÓRIO PARA A UNESCO DA COMISSÃO INTERNACIONAL SOBRE
EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO XXI. 7. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2012.
JACOBI, Pedro. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de
Pesquisa, São Paulo, n. 118, p.189-205, mar. 2003.
JACOBI, Pedro. Educação Ambiental: o desafio da construção de um pensamento
crítico, complexo e reflexivo. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 118, p.233250, ago. 2005.
SORRENTINO, M. De Tbilisi a Tessaloniki, a educação ambiental no Brasil. In:
JACOBI, P. et al. (orgs.). Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e
experiências. São Paulo: SMA.1998. p.27-32.
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