ESCLARECIDO NA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS. 1 hspe – iamspe 2011 andres santos jr CONSENTIMENTO LIVRE E CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO andres santos jr Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), enquanto "dever ser", isto é, sob os ângulos ético (Bioética) e legal-normativo (Biodireito), e "ser", sob o ângulo fático, a partir da realidade denunciada pela doutrina. 2 PESQUISAS ENVOLVENDO SERES HUMANOS Conceito Pesquisa é um tipo de atividade estruturada para desenvolver ou contribuir para o conhecimento generalizável, assim entendido como aquele acessível a toda a sociedade. Esse conhecimento generalizável consiste em teorias, princípios ou relações, ou acúmulo de informações em que se baseiam, que podem ser corroboradas por métodos científicos. andres santos jr 3 PESQUISAS ENVOLVENDO SERES HUMANOS Conceito andres santos jr A Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) n.º 196/96, em seu item II.2, dispõe que é a "que, individual ou coletivamente, envolva o ser humano de forma direta ou indireta, em sua totalidade ou partes dele, incluindo o manejo de informações ou materiais." 4 2 – REFERENCIAL BIOÉTICO E A REGULAÇÃO PELO ESTADO (BIODIREITO) Qualquer que seja a forma eleita para a pesquisa em seres humanos, ela sempre envolve riscos e é quase sempre invasiva, razão pela qual existe ampla preocupação com o resguardo da dignidade do sujeito da pesquisa em suas dimensões física, psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual, bem como com a observância dos quatro referenciais básicos da Bioética: Autonomia, Beneficência, Não-maleficência e Justiça. andres santos jr 5 JUSTIFICATIVA HISTÓRICA OU O DESPONTAR DA ÉTICA EM PESQUISA andres santos jr em 1931: - O Ministério da Saúde alemão publicou um documento que regulamentava, de forma muito ávida e contemporânea, as “Novas Terapias e Experimentação Humana”, abordando: a vontade do participante, a diferença entre ensaios terapêuticos e nãoterapêuticos e a responsabilidade do médico como pesquisador e como terapeuta. 6 JUSTIFICATIVA HISTÓRICA OU O DESPONTAR DA ÉTICA EM PESQUISA andres santos jr O esquecimento cultural e legal no qual recaiu essa norma do Terceiro Reich contrasta penosamente com outra publicação da época, que introduziu com sucesso o conceito de “vidas indignas de serem vividas” e o tornou a base do genocídio, dos campos de concentração e das torturas médicas que caracterizaram esse período. 7 JUSTIFICATIVA HISTÓRICA OU O DESPONTAR DA ÉTICA EM PESQUISA andres santos jr No livro elaborado por Alexander Mitscherlich e Fred Mielke - - documenta e comenta os julgamentos de Nuremberg a que foram submetidos os médicos que tinham sacrificado vidas humanas para conhecer os limites de tolerância a condições extremas, como hipotermia, déficit de oxigênio e injeção massiva de germes patogênicos. 8 JUSTIFICATIVA HISTÓRICA OU O DESPONTAR DA ÉTICA EM PESQUISA andres santos jr Médicos acusados defendiam-se: uma ética excepcional vigorava em tempos de guerra. ‘avanços científicos’ indiscutíveis, que seriam para o bem de toda a humanidade. Testes em situações extremas ajudariam no desenvolvimento e proteção de outros seres humanos. 9 JUSTIFICATIVA HISTÓRICA OU O DESPONTAR DA ÉTICA EM PESQUISA Dos horrores revelados nesses julgamentos nasceu o Código de Nuremberg em 1947. andres santos jr Este documento – resultado - dos acontecimentos desvelados, não se refere a eles, mas à conduta que um pesquisador científico deve seguir. 10 JUSTIFICATIVA HISTÓRICA OU O DESPONTAR DA ÉTICA EM PESQUISA É uma demonstração de sabedoria que o primeiro código de ética em pesquisa tenha evitado referirse a situações altamente anômalas e tenha preferido concentrar-se em normas éticas gerais e válidas para toda pesquisa. andres santos jr Ainda assim, não deixa de chamar a atenção o fato de um julgamento de criminosos de guerra ter inspirado um código de ética em pesquisa. 11 CÓDIGO DE NUREMBERG É de se notar que os dez pontos do código tomem o especial cuidado de proteger os participantes, de justificar a relevância social dos estudos e de realizá-los com idoneidade. andres santos jr 12 CÓDIGO DE NUREMBERG O primeiro parágrafo refere-se in extenso ao “consentimento voluntário”, ocupando quase tanto espaço quanto todos os demais parágrafos juntos. Não bastava ratificar a livre vontade de participação daquele momento em diante; devia haver a garantia de que uma sociedade não voltaria a perder a orientação moral ao ponto de se corromper e cometer as maldades do nacionalsocialismo. andres santos jr 13 AS CRÍTICAS DOS CIENTISTAS. Tuskegee Valley 1932-1972!!! Pesquisa patrocinada pelo Serviço de saúde pública dos Estados Unidos – estudo em negros do curso natural da sífilis, mesmo em 1940 já haver-se popularizado a barata penicilina. Não era lícito, segundo estes defensores, criticar a falta de consentimento informado, já que essa doutrina não existia em 1932, e a pesquisa já havia iniciado!!! andres santos jr 14 AS CRÍTICAS DOS CIENTISTAS AO TCLE EM ESTUDOS PSICOLÓGICOS. andres santos jr experimento sobre “estudo e aprendizagem” delineado pelo psicólogo Stanley Milgram (1966) para estudar a obediência... Os participantes ficavam em uma cabine onde controlavam um console de interruptores que supostamente ativavam correntes elétricas de 15 a 450 volts a serem aplicadas sobre uma pessoa sentada numa poltrona separada do participante por uma parede transparente. O participante devia formular perguntas de associações verbais e punir as respostas incorretas com descargas elétricas que, conforme incitava o pesquisador, fossem de crescente intensidade. O sujeito na poltrona se contorcia com cada descarga e caia inerte com as mais potentes, sem que o participante soubesse que não havia eletricidade efetiva e que as reações eram simuladas. O experimento terminava se o participante se negava a aumentar a potência das descargas ou se chegava a aplicar as mais potentes, supostamente letais. 15 EXPERIMENTOS INDISCUTIVELMENTE IMORAIS inoculação do vírus da hepatite em crianças com retardo mental internadas no Colégio Estatal de Willowbrook. andres santos jr injeção de células cancerígenas em pacientes gravemente doentes hospitalizados no Hospital Judaico para Doentes Crônicos de Brooklyn. utilizar placebos em populações pobres não significaria negar-lhes tratamento já que elas nunca o tiveram, ex. caso Tuskgee. 16 AS CRÍTICAS DOS CIENTISTAS. andres santos jr Milgram observou que 60% dos participantes haviam obedecido às instruções do pesquisador e chegado a aplicar as doses máximas, supostamente mortais, de eletricidade, uma descoberta que foi considerada muito significativa na literatura psicológica. Tais resultados – obediência a ponto de matar – não poderiam ter sido obtidos se os participantes tivessem sido informados e consentido no experimento. 17 A DECLARAÇÃO DE HELSINQUE (1964) a análise acadêmica, posteriormente assumida pela bioética, da probidade de pesquisas biomédicas. que as pesquisas que violam normas éticas não fossem publicadas. andres santos jr inaugura propõe 18 RELATÓRIO BELMONT 1978 Belmont introduz intencionalmente a linguagem dos princípios éticos ao exigir que toda pesquisa seja respeitosa com as pessoas, benéfica para a sociedade e equânime em seu balanço entre riscos e benefícios. andres santos jr 19 REFERENCIAIS BÁSICOS DA O princípio da Autonomia prima pelo direito das pessoas de decidirem sobre as questões relacionadas ao seu corpo e à sua vida, de forma que quaisquer atos médicos ou de pesquisa devem ser autorizados pelo paciente, dizendo José Roberto Goldim que "sobre si mesmo, seu próprio corpo e mente, o indivíduo é soberano". andres santos jr BIOÉTICA 20 REFERENCIAIS BÁSICOS DA O princípio da beneficência manda promover o bem e evitar o mal; em função disso, o profissional ou pesquisador deve ter a maior convicção e informação técnica possíveis que assegurem ser o ato médico ou de pesquisa benéfico ao paciente. andres santos jr BIOÉTICA 21 REFERENCIAIS BÁSICOS DA Como o princípio da beneficência proíbe infligir dano deliberado, esse fato é destacado pelo princípio da não-maleficência, o qual estabelece que a ação do médico ou pesquisador sempre deve causar o menor prejuízo ou agravos à saúde do paciente. andres santos jr BIOÉTICA 22 REFERENCIAIS BÁSICOS DA O princípio da justiça estabelece como condição fundamental a obrigação ética de tratar cada indivíduo conforme o que é moralmente correto e adequado, de dar a cada um o que lhe é devido. O médico ou pesquisador deve atuar com imparcialidade, evitando ao máximo que aspectos sociais, culturais, religiosos, financeiros ou outros interfiram na relação médico-paciente. andres santos jr BIOÉTICA 23 REFERENCIAIS BÁSICOS DA recursos devem ser equilibradamente distribuídos, com o objetivo de alcançar, com melhor eficácia, o maior número de pessoas assistidas. andres santos jr Os BIOÉTICA 24 RESOLUÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE (CNS) N.º 196/96 exige o respeito à autonomia do ser humano, elegendo o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) como instrumento de manutenção dessa autonomia. andres santos jr Esta 25 RESOLUÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE (CNS) N.º 196/96 ainda ponderação entre riscos e benefícios atuais e potenciais, individuais e coletivos, e o comprometimento máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos (beneficência), sempre evitando-se o mal (não-maleficência) e diz ser importante a relevância social da pesquisa e a minimização dos ônus para os sujeitos vulneráveis, demonstrando acolhida ao princípio da justiça. andres santos jr Exige 26 TCLE EM LINGUAGEM ACESSÍVEL DEVE INCLUIR: andres santos jr a) justificativa, os objetivos e os procedimentos que serão utilizados na pesquisa; b) os desconfortos e riscos possíveis e os benefícios esperados; c) os métodos alternativos existentes; d) a forma de acompanhamento e assistência, assim como seus responsáveis; 27 TCLE EM LINGUAGEM ACESSÍVEL DEVE INCLUIR: e) a garantia de esclarecimento, antes e durante o curso da pesquisa, sobre a metodologia, informando a possibilidade de inclusão em grupo controle ou placebo; andres santos jr f) a liberdade do sujeito se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado; 28 TCLE EM LINGUAGEM ACESSÍVEL DEVE INCLUIR: g) a garantia do sigilo que assegure a privacidade dos sujeitos quanto aos dados confidenciais envolvidos na pesquisa; andres santos jr h) as formas de ressarcimento das despesas decorrentes da participação na pesquisa; i) as formas de indenização diante de eventuais danos decorrentes da pesquisa. 29 TCLE REQUISITOS PARA O PESQUISADOR: a) ser elaborado pelo pesquisador responsável, expressando o cumprimento de cada uma das exigências acima; andres santos jr b) ser aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa que referenda a investigação; 30 TCLE REQUISITOS PARA O PESQUISADOR: c) ser assinado ou identificado por impressão dactiloscópica, por todos e cada um dos sujeitos da pesquisa ou por seus representantes legais; e andres santos jr d) ser elaborado em duas vias, sendo uma retida pelo sujeito da pesquisa ou por seu representante legal e uma arquivada pelo pesquisador. 31 CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PROCESSO REPLETO DE DIÁLOGO E INFORMAÇÃO Gonzalo HERRANZ diz que "toda experimentação deve ser submetida à norma universal do respeito ao ser humano". Organizador, O consentimento informado e sua prática na assistência e pesquisa no Brasil andres santos jr 32 CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PROCESSO REPLETO DE DIÁLOGO E INFORMAÇÃO Joaquim CLOTET, entendendo que o "O consentimento informado é um elemento característico do atual exercício da medicina, não é apenas uma doutrina legal, mas um direito moral dos pacientes que gera obrigações morais para os médicos"; "é o aspecto mais importante na experimentação com seres humanos" e quando "obtido de forma correta legitima e fundamenta o ato médico ou de pesquisa como justo e correto". Organizador, O consentimento informado e sua prática na assistência e pesquisa no Brasil andres santos jr 33 MODELO DE DOCUMENTO DE CONSENTIMENTO INFORMADO PARA O SUJEITO TÍTULO DO ESTUDO : explicito o bastante para as pessoas a que é direcionado CONVITE PARA PARTICIPAR DO ESTUDO: antes de convite , deve compreender do que se trata DESCRIÇÃO CLARA E CONCISA DOS OBJETIVOS DO ESTUDO 34 MODELO DE DOCUMENTO DE CONSENTIMENTO INFORMADO PARA O SUJEITO SELEÇÃO DE PACIENTES : explicar como os participantes do estudo são selecionados e indicar quantos sujeitos participarão DECLARAÇÃO DE INTENÇÃO DE PARTICIPAR VOLUNTARIAMENTE DO ESTUDO E DE RETIRAR-SE DELE QUANDO DESEJAR,SEM EXPLICAÇÃO E SEM A PERDA DOS CUIDADOS MEDICOS ADEQUADOS SUBSEQUENTES 35 MODELO DE DOCUMENTO DE CONSENTIMENTO INFORMADO PARA O SUJEITO DESCRIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS E DA METODOLOGIA DO ESTUDO: duração do estudo, quanto tempo durará a participação do sujeito. Descrever as circunstancias do tratamento ( paciente internado ou ambulatorial) Nos casos de testes invasivos, explicar os procedimentos envolvidos . Nº. de consultas ou visitas exigidos. Poderão ser formados grupos de estudo ou grupos de controle e tal decisão da inclusão será aleatória. Pode envolver um estudo cego com uso de placebo e o sujeito deve ser informado disso para entender e colaborar. 36 MODELO DE DOCUMENTO DE CONSENTIMENTO INFORMADO PARA O SUJEITO RESTRIÇÕES ,LIMITAÇÕES E TRATAMENTOS CONCOMITANTES : alteração seu estilo de vida ou algum hábito ou de certos medicamentos e/ou alimentos que podem influenciar o resultado do estudo Freqüência de uso de tabaco e álcool DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS OU MEDICAMENTOS QUE SERÃO AVALIADOS ALTERNATIVAS TERPEUTICAS DESCRIÇÃO DOS BENEFICIOS : INDIVIDUAIS OU SOCIAIS EM POTENCIAL QUE O PESQUISADOR ESPERA OBTER 37 MODELO DE DOCUMENTO DE CONSENTIMENTO INFORMADO PARA O SUJEITO DESCRIÇÃO DOS EFEITOS COLATERAIS E/OU DESCONFORTOS E/OU RISCOS DOS ESTUDOS :observar os eventos adversos em potencial que podem ocorrer e as medidas a serem tomadas PRECAUÇÕES COM GESTANTES : instruções especificas para mulheres em idade reprodutiva SIGILO: os dados pessoais obtidos serão manipulados adequadamente a garantir o sigilo e a discrição com relação a sua identidade 38 MODELO DE DOCUMENTO DE CONSENTIMENTO INFORMADO PARA O SUJEITO PATROCINADOR E ORGANIZAÇÕES E INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS NO ESTUDO CONTATOS OU PESSOAS A QUE RECORRER NO CASO DE PERGUNTAS OU INSATISFAÇÃO APROVAÇÃO DO PROTOCOLO pelo CEP , autoridades regulatórias 39 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Declaração Código de Nuremberg Declaração Guia dos Direitos Humanos de\Helsinque de Boas Praticas Clinicas Código de Defesa do Consumidor 40 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Levantamento de dados em prontuários Observações Retrospectivas Observações de Saúde Publica Uso de Material Biológico estocado Estudos clínicos com intervenção terapêutica Estudos clínicos com intervenção diagnóstica Estudos randomizados ou não 41 ANALISE DO TCLE COMITÊ DE ÉTICA INDEPENDENTE E COMPETENTE FORMADO POR REPRESENTANTES DE VÁRIOS SETORES DA SOCIEDADE 42 43 44 45 46 47