NOTAS DE AULA – INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA 65 EXEMPLO 4.3 Baseando-se nos resultados de Exemplo 4.2, supondo o escorrega (de Figura 4.1) instalado dentro de um retângulo cheio de areia. É feita uma aproximação do usuário tendo um centro de massa (c) situado aos quadris e sendo x. e y. as coordenadas como mostrado em Figura 4.2. Dado os resultados de Exemplo 4.2, qual deve ser a distância horizontal exigida do fim do escorrega até a borda retangular, para assegurar no pior caso que o usuário deslizará na areia com as pernas completamente estendidas? SOLUÇÃO 4.3 NOTAS DE AULA – INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA 66 Na Figura 4.2, vemos o usuário no término do deslizamento, e o diagrama que mostra a subseqüente trajetória balística do centro de massa do usuário: Fig. 4.2 Pessoa delizando. NOTAS DE AULA – INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA 67 Como o ângulo θ de liberação é zero grau, equações (15), (16), (17), e (18a) podem ser reescritas como segue: x = x0 +v0t (i) y = y0 – 12 gt² (ii) vx = v0 vy = – gt (iii) (iv) Note que, neste exemplo, as equações usam a convenção de sinal positivo para direita e para cima, a origem (0) está na Figura 4.2, e tempo inicial (t0), é zero. NOTAS DE AULA – INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA 68 Primeiro, resolva a queda livre na y-direção relativo ao o tempo ( ∆ t): yf = y0 – 12 g( ∆ t)² (i) e re-arrume para ∆ t: 2( y 0 − yf ) g ∆t= (ii) Do diagrama (onde m = comprimento em metros): y0 = 0.35 m + 0.07 m = 0.42 m yf = 0.07 m g aproximadamente = 9.81 m/s² ∆t = 0.70 = 0.267 segundos. 9.81 Depois, resolva para a distância ( ∆ x) na xdireção: NOTAS DE AULA – INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA Rescreva (i): xf = x0 + v0 ∆ t Onde x0 = 0 e v0 = 5.42 m/s (do exercício anterior). xf = (5.42)(.267) = 1.45 O problema está completo notando (de Figuras 4.1 e 4.2): x f' = x f + x c x = 2.25m ' f Para esta situação, o comprimento horizontal em frente ao escorrega deverá ser até maior que a altura vertical do escorrega. b CINEMÁTICA ANGULAR 69 NOTAS DE AULA – INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA 70 As equações da cinemática para movimentos rotacionais consideram posição angular e deslocamento, velocidade angular, e aceleração angular. O interesse particular do engenheiro de fatores humano é o movimento de rotação em torno de um eixo fixo, e especificamente o movimento circular. Ao considerar movimento circular, os vetores velocidade e aceleração são definidos em relação a duas direções ortogonais ao caminho circular. Uma direção é normal (n) e o outro tangencial (t) ao caminho circular. O vetor de velocidade (v) sempre é considerado como tangente ao caminho do movimento do corpo e é designado como o tangencial ou velocidade linear. A magnitude da velocidade linear é a NOTAS DE AULA – INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA 71 taxa de mudança da posição relativa do corpo ao longo de um segmento (s) do caminho circular: ds v = dt (19) Recorde que para movimento circular, o vetor aceleração tem duas componentes ortogonais (tangencial e normal). A aceleração tangencial at é a taxa de mudança do vetor velocidade linear: dv at = dt (20) A aceleração normal, an, é a taxa de mudança na direção do vetor de velocidade: v2 an= r (21) NOTAS DE AULA – INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA 72 Recorde que s =r . θ, para um movimento circular o rádio (r) é constante, então equação (19) pode ser redefinida como: d (rθ) dθ v = dt = r dt (22) Como a taxa de mudança de deslocamento angular é a velocidade angular, então: v = r .ω (23) Substituição da equação (23) na equação (20) ω permite definir a aceleração tangencial. at = d dt (rω) d = r dt (24) Lembre-se que a taxa de mudança da velocidade angular é a aceleração angular: at = r . α (25) Substituindo a equação (23) na equação (21) NOTAS DE AULA – INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA 73 resulta: an = r . ω² (26) O significado das equações (23), (25), e (26) é que eles relacionam parâmetros lineares (v, at, e an.) com parâmetros angulares (r, θ, e α). Movimento circular uniforme é definido como movimento rotacional em torno de um eixo fixo com a velocidade linear do corpo em rotação constante. Então, com respeito a parâmetros rotacionais lineares: at = 0 an = v2 r (27) = rω² (28) Em relação a parâmetros de rotacionais angulares para movimento circular uniforme: NOTAS DE AULA – INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA 74 v ω = r = constante (29) α=0 (30) O conjunto de equações da cinemática para o movimento rotacional de um corpo sobre um eixo fixo pode ser derivado quando houver aceleração angular constante α0. Nós derivamos previamente as equações da cinemática para o movimento de um corpo que tem movimento linear unidimensional com aceleração constante [eq. (3)—(6)]. Para derivarmos as equações para movimento rotacional com aceleração constante procede-se de maneira semelhante: ω = ω0 + α0t (31) NOTAS DE AULA – INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA 75 θ = θ0 + ω0t + 12 α0t² (32) θ = θ0+ 12 (ω + ω0)t (33) ω 2 = ω02 + 2α 0 ( θ − θ0 ) (34) Equações (31)-(34) só podem ser usadas para movimento rotacional em torno de um eixo fixo com aceleração angular constante. Porém, tal não é sempre o caso e concluímos esta seção considerando o caso do movimento rotacional sobre um eixo fixo com aceleração variável. Neste caso, a aceleração angular é devido à constante gravitacional, g. EXEMPLO 4.4 a. Considere um corpo cujo centro de massa está preso na extremidade de uma corda leve mas NOTAS DE AULA – INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA 76 forte. A corda tem um comprimento fixo (r) e sua outra extremidade está fixa, sem atrito, num eixo de rotação. A t=0, a corda esticada (de comprimento, r) está perfeitamente horizontal, e o corpo tem uma velocidade inicial de υ0. O corpo então continua balançando para baixo sob a ação do vetor gravidade, g, de forma que a corda se torna cada vez mais vertical. Se o ângulo θ é o ângulo entre o eixo horizontal inicial (a 0º) e a corda com orientação mais vertical, ache a expressão para a aceleração tangencial α. b.Usando o resultado de 4.4a, derive uma expressão para velocidade angular (ω), deslocamento angular (θ), e aceleração angular (α) numa forma análoga a equação (34). NOTAS DE AULA – INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA SOLUÇÃO 4.4(a) Esquematize o sistema, quando gira de θ = θ0 = 0º para θ = 90º, e use a convenção de sinal positiva para a direita e descendente: 77 NOTAS DE AULA – INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA Desenhe o diagrama de corpo-livre do sistema a algum ângulo, θ: Resolva para at: FT = m ⋅ g ⋅ senφ FT = m ⋅ g ⋅ sen(90 – φ) FT = m ⋅ g ⋅ cos θ (i) FT aT = = g⋅ cosθ m 78 NOTAS DE AULA – INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA 79 SOLUÇÃO 4.4 (b) Da equação (20): dv aT = dt d v = a T ⋅ dt Equação 4.4(a)(i) substituindo em (i): dv = g ⋅ cosθ ⋅ dt (ii) Lembre-se de (22): dθ v=r⋅ dt Re-arrumando: dt = r ⋅ dθ v (iii) Substituindo (iii) em (ii): r ⋅ dθ d v = g ⋅ cosθ ⋅ v (i) NOTAS DE AULA – INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA 80 Separando variáveis: v ⋅ dv= g ⋅ r cosθ ⋅ dθ Definindo a condição inicial, v0(θ0), e integrando: ∫ υ0 v ⋅ d v = ∫ θ0 g⋅ r⋅ cosθ ⋅ d θ v2 ⎤ ⎥ = (g ⋅ r ) ⋅ sinθ 0 2⎦ ] (iv) v 2 v 02 − = g ⋅ r[sinθ − sinθ 0 ] 2 2 v 2 = v 02 + 2g ⋅ r[sin θ − sin θ 0 ] Como v = r . 2g ω =ω + ⋅ (sinθ − sinθ 0 ) r Lembre-se que: 2 2 0 (v) NOTAS DE AULA – INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA 81 dω α= dt dv g= dt Re-escrevendo g em notação de angular: d ( r ⋅ ω) dω g= =r⋅ = r ⋅ω dt dt (vi) Substituindo (vi) em (v): ω 2 = ω 02 + 2 ⋅ α(sinθ − sinθ 0 ) (vii), onde α = g/r = constante que está na forma da equação (34).