INTELIGÊNCIA EMOCIONAL : GERIR EMOÇÕES O mercado competitivo de hoje depende cada vez mais de redes interligadas e interdependentes, que privilegiam as relações pessoais. Esta tendência coloca em destaque questões como o quociente emocional e as competências sociais, cada vez mais determinantes para o sucesso profissional. 23 | Tendências & Estratégia Revista | Junho Uma organização de sucesso tem que estar aberta às relações com o meio envolvente e considerar as especificidades dos diversos públicos com quem se relaciona. Cada vez mais o trabalho é uma tarefa de equipa que implica uma série de competências emocionais e relacionais que podem determinar o êxito da organização. É neste contexto que surge o conceito de inteligência emocional que, embora não reúna uma definição consensual, conquistou já um papel decisivo no meio organizacional. Competências Emocional da Inteligência David Goleman apresenta os cinco níveis de IE: 1. Auto-conhecimento emocional: conhecimento que o ser humano tem de si próprio, incluindo dos seus sentimentos e intuição; auto-consciência. 2. Controlo emocional: capacidade de gerir as emoções, canalizando-as para uma manifestação adequada a cada situação. A pedra basilar da inteligência emocional (IE) é a autoconsciência, isto é, reconhecer a presença de um sentimento na altura em que ocorre. As emoções orientam a nossa navegação pelas nossas deliberações, como alerta Goleman, ao defender que “a chave para tomar boas decisões pessoais é ouvir os sentimentos”. 3. Auto-motivação: direccionar emoções para a prossecução de objectivos estabelecidos; ser capaz de colocar os sentimentos ao nosso serviço. Todos nós sentimos sinais intuitivos provenientes daquilo que António Damásio apelida de “balizadores somáticos”, os quais temos que aprender a gerir e a controlar, de modo a que trabalhem a nosso favor e não representando obstáculos. 5. Relacionamentos pessoais: aptidão e facilidade de relacionamento; está associado em parte com a capacidade empática, e é um factor críticos nas organizações. “A chave para tomar boas decisões pessoais é ouvir os sentimentos”. David Goleman 4. Empatia: reconhecer as emoções no outro e saber colocar-se no seu lugar; compreender o outro para uma melhor gestão das relações. QI vs QE O Quociente de Inteligência – QI – e o Quociente Emocional – QE – são capacidades distintas mas não antagónicas. Pelo contrário, deve-se procurar articular as competências intelectuais e as emocionais, usando a emoção para facilitar a razão e a razão para gerir funcionalmente a emoção.Apesar de realidades separadas, há uma interdependência entre o nosso intelecto e os nossos sentimentos, o que revela a importância de dominar ambas as dimensões. Pessoas com a inteligência emocional bem desenvolvida têm extrema facilidade de integração e de relacionamento, adaptando-se com sucesso à dinâmica organizacional. Para além de comunicativas e criativas, as pessoas emocionalmente inteligentes possuem um forte sentido de responsabilidade e uma capacidade notável de adaptação à mudança. 24 | Tendências & Estratégia Revista | Junho INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: GERIRI EMOÇÕES ‘SINTOMAS’ EMOCIONAIS • 10% dos seus colaboradores andam à procura de emprego no maior secretismo; • 40% respondem, numa conversa franca, que não têm qualquer orgulho na empresa onde trabalham; • 80% manifestam-se completamente indiferentes (estão contaminados pela doença mortal da apatia); • Apenas 20% “vestem a camisola” da empresa; • Mais de 25% dos colaboradores nunca abrem a boca para criticar a gestão; • 80% dos clientes perdidos deriva de mau serviço e não de um mau produto; Fonte: Sondagem realizada pela TMI em empresas clientes na Europa e outras sondagens realizadas nos EUA e Suécia citadas por Claus Moller 25 | Tendências & Estratégia Revista | Junho COMPETITIVIDADE NACIONAL: REALIDADE OU Apesar de não existir nenhum método científico para medir ou avaliar o quociente emocional, a verdade é que as organizações têm vindo a prestar uma atenção crescente a este factor nos processos de recrutamento e selecção. Sobretudo para cargos de topo, é usual a elaboração de ferramentas que auxiliem na avaliação da inteligência emocional, embora esta seja sempre feita de forma subjectiva. O verdadeiro teste a estes profissionais reside no próprio quotidiano organizacional. É muitas vezes pela experiência que a empresa vai perceber o seu valor e desvendar os resultados que os testes de avaliação simplistas não permitem perceber. SUGESTÃO DE LEITURA Goleman, Daniel Trabalhar com Inteeligência Emocional Temas & Deabtes Lisboa, 1998 À avaliação das competências racionais tem-se somado a análise das competências pessoais e sociais, que cada vez mais se assumem como factores de diferenciação. “A esmagadora maioria vive numa total apatia e uma percentagem significativa não expressa qualquer orgulho pela empresa onde trabalha’” (Claus Moller) Employeeship Conhecido como o guru da Qualidade Pessoal e da Inteligência Emocional nas Organizações, Claus Moller apresentou recentemente apresentou a sua última ferramenta – o employeeship, que, segundo o próprio, é mais do que uma moda de gestão. Este conceito vem definir uma nova perspectiva em relação ao sucesso da organização, que engloba três áreas: a produtividade, a qualidade e as relações. Estas três dimensões definem um bom colaborador, que “veste a camisola” e sente a organização como sua, revelando compromisso e empenho pessoal. Quando todos os colaboradores seguem esta filosofia de responsabilidade pelo desempenho da organização, podemos falar de uma cultura de employeeship, que valoriza os seus colaboradores e é valorizada por eles. 26 | Tendências & Estratégia Revista | Junho O livro de Daniel Coleman apresenta-nos o conceito de nteligência Emocional como forma de desenvolver a excelência pessoal que conduz ao sucesso profissional. A publicação baseia-se em estudos realizados em mais de meia centena de organizações e dá a conhecer as técnicas que permitem distinguir os melhores em todas as áreas, estando a Inteligência Emocional no topo da lista. O livro convida a uma mudança na convencional gestão de empresas, apresentando pistas que conduzem a um cultivo da Inteligência Emocional. A leitura deste livro permite àqueles que pretendem atingir o sucesso profissional das suas organizações aperfeioçar as relações pessoais desenvolvendo o auto-domínio, a capacidade de comunicação e a autoconfiança.