Ficha de Leitura Capítulo 11 – Evaluación de la inteligencia desde el enfoque Binet-Terman-Wescheler Adelinda Araújo Candeias Data de entrega: 15 de Outubro de 2013 Original em: FERNÁNDEZ-BALLESTEROS, R. (Ed.) (2002). Introdución a la Evaluación Psicológica I. Madrid: Ediciones Pirámide. Original em: Candeias, A. A. (2006). Prova Cognitiva de Inteligência Social. In, M. Gonçalves, M. Simões, L. Almeida & C. Machado (Eds.) Avaliação Psicológica (2ª Ed.). Coimbra: Quarteto (cap.11 pp. 163-176). (ISBN: 972-8717-88-1). Avaliação da inteligência a partir da abordagem de Binet – Terman – Wechsler 1. Contexto teórico do processo de avaliação 1. Supostos teóricos A avaliação da inteligência e o seu desenvolvimento sob uma prespectiva diferencial tem a sua origem nas escalas construída por Binet e o conceito de inteligência tem por base as mesmas. Este autor define desenvolvimento mental como a aquisição de mecanismos intelectuais básicos, entenda-se, processos psicológicos elementares, tais como o tempo de reação e processos psicológicos superiores, tais como o raciocínio, compreensão e memória. Binet supos que a aquisição de tais capacidades se processa a velocidades diferentes e que o grau de inteligência de um sujeito é dado pelo seu desenvolvimento mental. Para David Wechsler, o constructo inteligência é um aspeto da personalidade total e como tal não é indissociável da mesma, no entanto, inteligência e personalidade não se confundem, já que, uma pessoa pode ser inteligente sem possuir grandes conquistas. Portanto a inteligência representa um conjunto de habilidades, estratégias que permitem ao sujeito adaptar-se ao meio. As diferenças entre indivíduos centram-se no grau desenvolvimnetal de tais habilidades. 2. Idade Mental (EM), Coeficiente de Inteligência (CI) e Coeficiente de Desenvolvimento (CD) As escalas construídas por Binet permitiam avaliar o desenvolvimento intelectual de uma forma empírica, uma vez que, sujeito examinado era classificado através da comparação do número de elementos realizados corretamente com o número médio superado por sujeitos normais de diversas idades cronológicas (utilizados para a estandardização da prova). A partir desta comparação era atribuída uma pontuação ao sujeito, expressada em unidades de idade, correspondente à idade. Esta pontuação designa a idade mental do indivíduo. No entanto, o procedimento de medição do desenvolvimento intelectual proposto por Binet apresentava dois problemas principais. Em primeiro lugar, o conceito de “idade mental” em que se basea só é aplicável quando a inteligência se encontra em períodos de desenvolvimento. Em segundo lugar, tanto o significado psicológico das pontuações de idade mental obtidas por sujeitos de idades cronológicas diferentes como o seu significado estatístico não é o mesmo. Foi a partir disto, e de várias revisões de Terman em 1916 e Terman y Merrill em 1937, que se introduziu uma medida relacional, o quociente de inteligência A determinação do quociente de inteligencia de uma criança é muito importante, sendo que, em caso de atrasos consideráveis, permite a adopção de estratégias de correcção destinadas a evitar o posterior atraso intelectual do mesmo. 2. Escalas de Inteligência de Wechsler a) Escala de Inteligência para adultos de Wechsler – WAIS-III Inicialmente os testes para avaliação da inteligência em adultos possuíam grandes deficiências ainda antes da aplicação da primeira das escalas de inteligência publicadas por Wechsler. Entre as mais importantes encontravamse: as tarefas propostas eram inapropriadas para pessoas adultas; a interpretação dos resultados através do conceito de idade mental era igualmente desadequado para adultos. Deste modo, a escala em questão, Wechsler-Bellevue, foi revista surgindo assim o WAIS. Posteriormente revista, restruturada e denominada WAIS-III. 1) Descrição A WAIS conta com 11 subtestes selecionados com base em considerações racionais sobre a sua capacidade de testar a inteligência do sujeito. Assume-se que os seis primeiros serviriam para destacar as diferenças entre os indivíduos examinados no grau de aquisição e utilização da linguagem e os cinco últimos permitiriam avaliação da inteligência que se manifesta no desempenho de tarefas de tipo perceptuais. Escala verbal Informação (I) - Este subteste é constituído por 28 perguntas através das quais se avalia a quantidade de informação relativas ao ambiente do individuo Compreensão (C) - Este subteste é constituído por 18 elementos através dos quais se avalia a capacidade do sujeito para analisar e justificar as razões de certas condutas e para atuar de acordo com as mesmas. Avalia também o grau de a aptidão sujeito para verbalizar adequadamente as suas ideias e a influência do estado emocional ou de problemas emocionais específicos. Aritmética (A) - Constituído por 14 elementos, todos eles relacionados com problemas de aritmética elementar. Pretende-se avaliar, com ele, o grau de eficiência do sujeito na resolução de problemas que pressupõem a compreensão do conceito de número assim como a concentração do sujeito Semelhanças (S) - Através de 19 elementos, avalia-se o grau em que o sujeito assimilou as semelhanças e diferenças entre os objetos. Memória de dígitos (D) - Este subteste consiste na apresentação ao sujeito de séries de 3 a 9 dígitos verbalmente, dígitos que o indivíduo deve repetir verbalmente, e de séries de 2 a 8 dígitos que deve repetir em sentido inverso. Pretende-se avaliar a memória auditiva imediata. Vocabulário (V) - Nesta prova apresenta-se ao sujeito 33 palavras e pedese que diga o seu significado. Pretende-se avaliar o grau com que o sujeito se familiarizou com o uso das palavras assim como a sua capacidade para se expressar verbalmente. Os resultados dependem muito da compreensão do significado das palavras e da capacidade de expressão verbal do sujeito. Escala manipuladora Chave de números (CN) - Este subteste é constituído por 3 partes: a) Codificação, na qual se apresenta ao sujeito uma chave constituída por uma série de símbolos, emparelhados a série de dígitos. São dados 2 minutos para que coloque, na folha de respostas, os símbolos debaixo dos números aos quais apareciam associados na chave. Com esta prova pretende-se avaliar a capacidade de aprendizagem associativa. b) Aprendizagem incidental – este subteste é de aplicação opcional. Apresenta duas partes: emparelhamento e memória livre. Na primeira o sujeito deve desenhar os símbolos em correspondência com os números, mas sem ter acesso ao modelo no momento. Na segunda deve desenhar apenas os símbolos que se recorde. c) Cópia - também de aplicação opcional. O sujeito deve copiar uma série de símbolos nas caixas vazias que tem em baixo. Mede a velocidade preceptiva Figuras incompletas (FI) - Apresentam-se 25 cartões ao sujeito em cada uma dos quais existe um desenho sem uma parte. O indivíduo tem 20 segundos para dizer que parte importante falta no desenho. Trata-se de avaliar se o sujeito é capaz de perceber quais as modificações que foram introduzidas num ambiente familiar, nos objetos ou na sua estrutura. Cubos (C) - Neste subteste o sujeito deve realizar 14 desenhos utilizando 9 cubos de cor vermelha, branca ou ambas as cores. Com esta tarefa pretende-se avaliar a capacidade de analisar e sintetizar desenhos geométricos abstratos, orientando espacialmente os cubos e ainda perceber qual a estratégia utilizada pelo sujeito avaliado na realização da tarefa, a sua integração psicomotora, a rapidez da execução, a impulsividade, distractibilidade e meticulosidade. História em quadradinhos (H) - Este subteste apresenta 11 elementos em cada um dos quais existe um desenho de uma história cómica. Estes elementos são apresentados ao sujeito de forma desordenado cabendo ao mesmo organizar a ordem da história. Deciframentos (R) – Esta prova é de aplicação opcional e é constituída por 5 elementos, que procura avaliar a capacidade do sujeito de sintetizar um todo a partir das suas partes. Adicionalmente pretende-se explorar o processo que o sujeito utiliza na solução do problema, assim como conseguir informação sobre aspetos não intelectuais. Existem ainda um conjunto de subtestes que foram adicionados á WAIS-III, como são o caso de: Letras e números (LN) - Nesta prova o sujeito deve ordenar, de forma sequencial, um conjunto de números e letras apresentados de forma oral. De modo a avaliar a memória de trabalho e a atenção. Matrizes (MA) - A prova referida mede a capacidade de raciocínio abstrato e de processamento de informação visual. É constituída por quatro tarefas diferentes, a realização, classificação, raciocínio analógico e raciocínio em série. Procura de símbolos (BS) - Esta prova é composta por 60 elementos devendo o sujeito referir se um elemento que aparece num grupo se encontra, também, noutro grupo. A sua realização permite avaliar a velocidade e precisão percetivas. Procedimento para avaliar a Inteligência do Adulto Para Wechsler, uma avaliação adequada da inteligência do adulto, reque dois tipos de comparação. A priori requer que a pontuação do sujeito avaliado se compare com as obtidas pelos sujeitos que atingiram as pontuações mais altas do desenvolvimento mental, que se processa através transformação da pontuação direta do sujeito em cada subteste, numa pontuação típica derivada, utilizando os 200 sujeitos da amostra típica, onde se obtiveram os resultados mais altos, todos com idades compreendidas entre os 20 e os 34 anos. A posteriori, compara-se o nível de funcionamento intelectual do sujeito com o dos sujeitos do mesmo grupo de idade. Este tipo de comparação vai permitir obter o quociente de inteligência verbal (CIV), o quociente manipulativo (CIM) e o quociente de inteligência total (CIT), estas pontuações servem de base para a obtenção dos quocientes. Estes obtêm-se somando as pontuações típicas obtidas por cada sujeito em cada subteste da parte verbal, da parte manipulativa e de ambas as partes. Na WAIS-III também é possível obter 4 índices adicionais, sendo eles a compreensão verbal, a organização perceptiva, a memória de trabalho e a velocidade de progresso. Estes índices adicionais permitem a apreciação mais precisa de alguns aspectos do funcionamento intelectual do avaliado. Para além do que já foi referido anteriormente, o WAIS proporciona ainda três tipos de informação: a informação do tipo qualitativo, as observações que se realizam onde se abordam diferentes áreas e a conduta geral. Para que seja possível a interpretação de toda a informação e a fim de se obter uma ideia do nível de funcionamento intelectual do sujeito, é essencial considerar-se os seguintes passos: a) a fiabilidade; b) a validade; c) o significado das diferenças CIV-CIM; d) e o significado dos perfis. b) WISC-R: Escala de Inteligência para crianças de Wechsler Esta escala conta com 12 sub-testes, os 11 primeiros são semelhantes aos que compõe a WAIS. O último é um teste de labirintos, prova com a qual se avalia a capacidade de planificação da ação e a coordenação psicomotora. A estrutura da escala é semelhante à da WAIS-III estando dividida em duas partes que permitem obter um QI verbal, um QI manipulativo e um QI total a partir da pontuação total da escala. A diferença do que ocorre no caso da WAIS-III e na WISC é em termos de comparação dos resultados do sujeito com os do seu grupo de idade tanto para obter as pontuações típicas correspondentes a cada prova como para obter os Qi’s. A WISC proporciona basicamente os mesmos tipos de informação que a Wais, o QI total, o QI verbal e o QI manipulativo, o perfil de pontuações tipicas e – a nível qualitativo – as respostas e produtos da sua execução em cada elemento, as observações sobre o modo de abordar as tarefas e as observações sobre a conduta geral da criança durante a prova. Para interpretar os resultados tem-se em conta as mesmas considerações que se assinalaram na WAIS: fiabilidade, validade, significado das diferenças CIV-CIM, significado dos perfis. c) Escala de Inteligência para pré-escolar e primária de Wechsler (WPPSI) A WPPSI é uma extensão das restantes escalas de Wechsler para o exame das crianças com idades compreendidas entre os quatro e seis anos e meio. A sua estrutura é análoga à da WAIS e à da WISC. Consta de duas subescalas, uma verbal e uma manipulativa. A primeira delas inclui seis subtestes e a segunda cinco. Destes onze subtestes, oito são adaptações dos testes da WISC e os outros três são novos. Processo de interpretação A informação que que advém da aplicação de uma WPPSI é basicamente a mesma que se obtém mediante a WAIS ou a WISC, assim na hora de interpretar os resultados há que dar os mesmos passos e ter em conta as mesmas considerações que foram feitos nos anteriores testes. Assim os passos a considerar são: Correção da prova; b) Determinação dos limites de contagem verdadeiros dos quocientes obtidos; c) Realização de predições; d) Determinar se existem diferenças significativas entre os QI verbal e manipulativo; e) Determinar se existem diferenças significativas entre cada par de pontuações do perfil; f) Determinar a interpretação psicológica que cabe dar às diferenças estatísticas significativas entre os quocientes e as pontuações típicas. Para este passo À que verificar a validez estrutural da prova. Os resultados dos estudos anteriores não são porem a única fonte de informação que pode servir para interpretar psicologicamente as discrepâncias significativas existentes entre o QI verbal e o QI manipulativo ou entre as pontuações típicas correspondentes aos diferentes subtestes. Como no caso da WISC é necessário assinalar a importância das análises qualitativas das respostas e do estilo de atuação da criança durante a prova, a fim de determinar que aspetos da personalidade da mesma atuam como modeladores do seu nível de funcionamento intelectual. d) Outras provas de avaliação individual da inteligência desenvolvimento intelectual de Binet - Terman - Wechsler e o Existem ainda outras esclas para a avaliação da inteligência em casos individuais, como por exemplo: 1 - Escala para a avaliação do desenvolvimento psicológico A escala construída por Brunet e Lézine integra duas provas distintas, aplicadas a diferentes idades. A primeira é semelhante às escalas anteriormente faladas. Na escala de Brunet e Lézine foi prestado uma maior atenção à selecção das provas, de modo a que fossem aplicadas a cada idade de forma correcta. Esta escala permite também avaliar o desenvolvimento da criança desde o nascimento até aos 2 anos de idade em quatro áreas: movimento e postura, linguagem, adaptação do comportamento com os objectos e relações sociais. As provas dividem-se em 16 níveis de idade e deve referir-se que esta escala permite obter um perfil de resultados, oferecendo dados que permitem saber quando existem discrepâncias entre os níveis de desenvolvimento. 2 - Escalas Bayley do desenvolvimento infantil As escalas de Bayley têm como objectivo obter um procedimento de avaliação de desenvolvimento das primeiras idades de um modo preciso e descritivo tanto para ser útil para fins clínicos como para fins de investigação. Estas escalas aplicam-se a crianças de 2 a 30 meses de idade, apresentando grandes diferenças para com as escalas de Gesell e Brunet-Lézine. A escala divide-se em 3 partes que se complementam: A escala mental, a escala de psicomotricidade e o registo do comportamento. 3. Considerações sobre o processo de avaliação a) Considerações sobre a eleição de provas Questões normalmente utilizadas ao iniciar o processo de avaliação: • Qual o nível de funcionamento intelectual do sujeito relativamente ao nível alcançado por outros sujeitos? • Quais são os pontos fortes e débeis no funcionamento intelectual do sujeito? • Em caso de funcionamento deficiente, que hipóteses poderiam ser formuladas sobre a natureza do mesmo? Que área seria necessário explorar na profundidade com vista a determinar o internamento adequado? Estas questões não devem ser respondidas de forma indiferente no que diz respeito aos procedimentos de avaliação descritos. Existem critérios que devem ser tidos em conta: • Idade – é necessário não só considerar a estandardização de uma prova para examinar indivíduos de uma determinada idade, mas também a sua validade para o nível de idade em causa. • Tipo de sujeito – as características pessoais de um individuo ou grupo são condicionantes da conveniência/não conveniência da aplicação de determinada prova. Algumas características, como a surdez ou a cegueira, descartam automaticamente a utilização de algumas provas, enquanto que outras, como a capacidade de leitura, o nível de estudos, nível mental, etc., condicionarão erroneamente os resultados e conclusões. Isto acontece tanto pela existência de variáveis não estritamente intelectuais que incrementam artificialmente o nível de dificuldade da prova para os sujeitos em questão, tanto pela excessiva facilidade/dificuldade desta que descrimine suficientemente entre eles, como ocorre no caso da WAIS com deficientes e os sobredotados. • Natureza dos comportamentos explorados – esta é uma variável que interage com a variável “tipo de sujeito” e que condiciona o tipo de informação que se vai obter, informação que deve ser adequada para a tomada final de decisões. Desta forma, a natureza dos comportamentos explorados deve ser tida em conta no momento de seleccionar uma prova. Problemas da avaliação da inteligência e o seu desenvolvimento desde o enfoque Binet-Terman-Wechsler O primeiro dos problemas afeta a concepção da inteligência esta problemática gerou-se uma vez que que os testes construídos com base em considerações meramente do tipo racional sobre a natureza da inteligência eram insatisfatórios do ponto de vista científico pois é difícil saber na realidade o que eles medem. A determinação de se a inteligência e uma capacidade unitária ou se existem diferentes habilidades e o saber se são independentes ou se se relacionam de algum modo e como isto afeta o desenvolvimento, são problemas empíricos cuja solução não foi abordada, em geral, pelos psicólogos. Em segundo lugar, outro problema muito importante é o facto de que o que se obtém como resultado da avaliação e uma visão estática do funcionamento intelectual do sujeito. O que se avalia é o produto ou resultado final que este obtém nas tarefas que lhe são propostas, e não na sequência de operações ou atividades que o levaram ao êxito ou ao fracasso das mesmas. GRUPO: Jorge da Silva Maria Teresa Sara Cabeça Luís Oliveira Gonçalo Gabriel