Juntos até que o juiz os separe. Divórcios já não entopem tribunais Jornal i, 10-10-2011 Juntos até que o juiz os separe. Divórcios já não entopem tribunais O número de separações não pára de aumentar, mas cada vez mais acontecem por mútuo consentimento Em Portugal, o número de divórcios não pára de aumentar. Se nos anos 40 e 50 se registavam apenas cerca de 900 por ano, a partir do final da década de 1970 (a seguir ao 25 de Abril) a dissolução de casamentos disparou. Em 1975 aconteceram Rua Rodrigues Sampaio, n.º 96, R/C Esq. 1150-281 Lisboa Tel.: 21 355 39 40 / Fax: 21 355 39 49 [email protected] / www.apcolaco.com 1 1552 divórcios. Em 1980 foram 5843. Cinco anos depois já eram mais de 8500. Em 1991, o número aumentava para 10 047. Em 1999 há registo de 19104. Mas é a partir do ano 2000 que o número dispara verdadeiramente: 2002 bateu todos os recordes na História da sociedade portuguesa, com quase 28 mil divórcios. Em 2007 oficializaram-se 25 120 separações e em 2008, 26110. Os últimos dados de que o Instituto Nacional de Estatística (INE) dispõe dizem respeito á 2009 quando foram dissolvidos 26176 casamentos. Em 2008, deixou de existir divórcio litigioso e a separação sem consentimento dos dois cônjuges passou a ter de ser assente em causas objectivas, como a separação de facto por um ano consecutivo, a alteração das faculdades mentais que dure há mais de um ano, a ausência pelo mesmo prazo e “por quaisquer outros factos que, independentemente da culpa de um dos cônjuges, mostrem a ruptura definitiva do casamento” – uma mudança que facilitou a vida aos tribunais, até porque os papéis para o divórcio podem agora ser tratados numa conservatória. Só sobram, para os magistrados, uma minoria de processos. Rua Rodrigues Sampaio, n.º 96, R/C Esq. 1150-281 Lisboa Tel.: 21 355 39 40 / Fax: 21 355 39 49 [email protected] / www.apcolaco.com 2 “Cada vez mais, os divórcios tendem a ser decididos por mútuo acordo, enquanto que há uns anos, por força do peso da sociedade, só aconteciam em casos extremos e resultavam quase sempre em complicados litígios”, lembra Fernando Jorge, do Sindicato dos Funcionários Judiciais. No entanto, os poucos casos que chegam ao tribunal “são sempre demorados e causam uma carga de trabalhos”, acrescenta. João Palma, do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, diz que se facilitou o divórcio, é certo, mas não foram salvaguardadas as questões subsequentes “como a guarda dos filhos, mesmo nos casos de separação por mútuo consentimento”. A generalidade dos processos, sublinha o juiz António Martins, acaba convertido em acordo, o que significa que os divórcios, em si, “não representam um problema para os tribunais em termos de pendência”. O que vem a seguir, diz o presidente do Sindicato dos Juízes, é que é problemático, “sobretudo em termos de regulação paternal”. Há uns anos, recorda António Martins, o divórcio só era possível, mesmo que por mútuo acordo, ao fim de três anos de casamento. “Agora é possível ao fim de um ano, por isso até se pode considerar que a solução encontrada em Portugal é bem mais avançada do que a que está em discussão no México”, diz. Rua Rodrigues Sampaio, n.º 96, R/C Esq. 1150-281 Lisboa Tel.: 21 355 39 40 / Fax: 21 355 39 49 [email protected] / www.apcolaco.com 3 João Palma acrescenta que o estabelecimento de um prazo para o casamento “é um desafio para o casal” e permite interiorizar “a ideia de que o casamento só existe enquanto os dois acharem que faz sentido continuar”. Enquanto o número de divórcios tem aumentado, os casamentos continuam a diminuir em Portugal. No ano passado foram celebrados 39 813 uniões – o que representa uma queda de 6,8% em relação a 2009. i | segunda-feira, 10 Outubro 2011 Rua Rodrigues Sampaio, n.º 96, R/C Esq. 1150-281 Lisboa Tel.: 21 355 39 40 / Fax: 21 355 39 49 [email protected] / www.apcolaco.com 4