UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO CRISTIANE PEREIRA MELO DE OLIVEIRA PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS: A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DE UMA UNIVERSIDADE PRIVADA DE SÃO PAULO SÃO PAULO 2012 CRISTIANE PEREIRA MELO DE OLIVEIRA PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS: A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DE UMA UNIVERSIDADE PRIVADA DE SÃO PAULO Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Educação da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito exigido para obtenção do título de Mestre em Educação, sob a orientação da Professora Doutora Celia Maria Haas. SÃO PAULO 2012 Ficha Elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID O48p Oliveira, Cristiane Pereira Melo de. Programa universidade para todos: a percepção dos estudantes de uma universidade privada de São Paulo. / Cristiane Pereira Melo de Oliveira. --- São Paulo, 2012. 167 p.; apêndices; anexos. Bibliografia Dissertação (Mestrado) – Universidade Cidade de São Paulo - Orientadora: Profa. Dra. Celia Maria Haas. 1. Políticas públicas em educação. 2. Programa universidade para todos. 3. Acesso à educação superior. I. Haas, Celia Maria, orient. II. Título. CDD 371.1 COMISSÃO JULGADORA _____________________________________ Prof. Dr. Milton Linhares _____________________________________ Profª Drª Sandra Maria Zákia Lian Sousa _____________________________________ Profª Drª Celia Maria Haas Aos meus pais Raimundo e Neuza, que me ensinaram a lutar pelos meus objetivos. Ao meu querido marido Ricardo, pelo seu amor e companheirismo. À minha filha Karine, razão da minha vida. Agradecimentos Agradeço a Deus, responsável pela minha existência, por me dar de presente uma família maravilhosa e por ser o meu grande amigo. À minha amada mãe, Neuza Pereira Melo, exemplo de garra, pelas renúncias que fez para priorizar a minha vida, pelo seu amor e apoio incansável. Ao meu marido, Ricardo Bonini de Oliveira, que acompanhou cada passo dessa caminhada que foi o mestrado, que sempre soube compreender o meu silêncio, tendo paciência com minhas ausências, ansiedade e medos. Obrigada pela sua parceria, pelo seu amor e companheirismo. Por tudo isso, digo: Eu sei que vou te amar, por toda a minha vida eu vou te amar... À minha doce Karine, que mesmo pequena, me apoiou muito, compreendeu quando precisei de silêncio, entendeu a minha falta de tempo e, mesmo sem ainda ter aprendido a ler, queria fazer as leituras por mim para me ajudar. Aos meus queridos sogros, Terezinha Bonini de Oliveira e Waldir Rubens de Oliveira, por todo o carinho, a quem serei eternamente grata por cuidar da nossa pequena para que eu pudesse trabalhar e estudar. À Professora Doutora Sueli Cristina Marquesi, a quem admiro pelo seu exemplo de profissionalismo, discrição e humanismo, agradeço pelo incentivo a continuidade dos meus estudos e pelo apoio incondicional no mestrado. Aos Professores Hermes Ferreira Figueiredo e Renato Padovese, pela concessão de bolsa parcial que possibilitou a realização do mestrado. À Professora Doutora Janice Valia de Los Santos, por todo apoio em transmitir seus conhecimentos e os dados para esta pesquisa. À minha orientadora, Professora Doutora Celia Maria Haas, agradeço por TUDO. Por ter acreditado em mim nesse trabalho, por fazer-me uma pesquisadora, pelo estímulo, pela parceria, pela paciência, pela sua sabedoria em cada orientação. Aos Professores Doutores Sandra Maria Zákia Lian Sousa e Milton Linhares, membros da banca examinadora, pelas importantes contribuições a este trabalho no exame de qualificação e na defesa. À minha amiga Eliane Angeolini, sempre presente em todos os momentos da minha vida e com quem posso contar sempre, obrigada pela parceria durante tantos anos, obrigada pelo seu apoio. Aos amigos e companheiros de trabalho, André Valva e Erica Tonietti de Oliveira, pelo incentivo com entusiasmo, obrigada pela torcida. À querida Professora Mestre Thelma Avilez Pasquantonio, pelo apoio durante esta caminhada e pela valiosa ajuda na revisão gramatical deste trabalho. Aos colegas Ingrid Carla Sales Santos, Walter Aparecido de Souza e Rose Meire Edite Candinho, por atenderem sempre prontamente, aos meus pedidos de relatórios e transmitirem os conhecimentos da operacionalização do PROUNI. Aos Professores Doutores Carlos Fernando de Araújo Junior e Alberto Messias Costa e aos funcionários do Campus Virtual, pelo apoio na elaboração do questionário eletrônico. À Professora Mestre Eliana Ribas Pantoja, pela importante contribuição na tradução, para a Língua Inglesa, do resumo deste trabalho. A todos os meus familiares e amigos, que me encorajaram para a conclusão do mestrado. A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. Nelson Mandela RESUMO OLIVEIRA, Cristiane Pereira Melo de. Programa Universidade Para Todos: A Percepção dos Estudantes de uma Universidade Privada de São Paulo. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Cidade de São Paulo – UNICID, São Paulo, 2012. Esta pesquisa teve por objetivos: verificar se o PROUNI, uma política de ação afirmativa, é reconhecida pelos beneficiários deste Programa como uma alternativa de acesso a Educação Superior Privada; conhecer a opinião dos alunos contemplados com o PROUNI, no que se refere à escolha da Universidade; mapear as dificuldades acadêmicas e financeiras reconhecidas pelos alunos PROUNI, durante o curso, identificando a satisfação ou insatisfação dos estudantes beneficiários do Programa; mapear as sugestões para aprimoramento do Programa trazidas pelos estudantes beneficiários do PROUNI. A presente pesquisa, realizada em uma Universidade Privada, na cidade de São Paulo, teve como hipótese que há estudantes contemplados com a bolsa do PROUNI que vivem dificuldades pessoais e financeiras para a conclusão do curso, o que pode provocar a insatisfação com a política do Programa. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, subsidiado com dados quantitativos, caracterizado, assim, como pesquisa descritivo-exploratória. A pesquisa revelou que, apesar dos alunos serem gratos e estarem satisfeitos com o programa, vivem mais dificuldades financeiras que acadêmicas. Destacam, ainda, que o PROUNI necessita de implementação de política de permanência para todos os beneficiários e aprimoramento no sentido de ampliação de vagas e flexibilização da oferta. O referido Programa não resolve, em sua totalidade, o problema da inclusão de jovens na educação superior, mas contribui para a mudança do cenário da Educação Brasileira. Palavras-chave: PROUNI, POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR, UNIVERSIDADE PRIVADA, AÇÕES AFIRMATIVAS, ACESSO À EDUCAÇÃO SUPERIOR ABSTRACT OLIVEIRA, Cristiane Pereira Melo de. University for All Program: The Perception of Students of a Private University from São Paulo. Thesis (Master in Education) Universidade Cidade de São Paulo – UNICID, São Paulo, 2012. This research aims to: examine if the PROUNI, a policy of assertive action, is recognized by the beneficiaries of this Program as an alternative access to the Private Higher Education; know the opinion of the students contemplated with the PROUNI, with regard to the University choice; map the academic and financial difficulties recognized by the PROUNI students during the course, identifying the satisfaction or dissatisfaction of the Program beneficiaries; map the suggestions for the Program improvement brought by the students benefiting from the PROUNI. This research, conducted in a Private University, in the city of São Paulo, had the hypothesis that there are students contemplated with the PROUNI scholarship, who are living personal and financial difficulties for the course completion, what can lead to dissatisfaction with the Program policy. This is a quantitative study, subsidized with quantitative data, characterized, therefore, as a descriptive-exploratory research. The research revealed that, despite the students are grateful and satisfied with the program, they live more financial than academic difficulties. They highlight, also, that the PROUNI requires the implementation of a permanence policy for all beneficiaries and improvement in the sense of expanding the vacancies and making the offer more flexible. The mentioned Program does not solve, entirely, the problem of the young people inclusion in the higher education, but contributes to the change of the Brazilian Education scenery. Keywords: PROUNI, HIGHER EDUCATION PUBLIC POLICIES, PRIVATE UNIVERSITY, ASSERTIVE ACTIONS, HIGHER EDUCATION ACCESS ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 – Distribuição de alunos PROUNI por campus.............................. Tabela 2 – Faixa etária (ingressantes).......................................................... 58 Tabela 3 - Faixa etária (concluintes)............................................................ 58 Tabela 4 – Sexo (ingressantes).................................................................... 59 Tabela 5 - Sexo (concluintes)....................................................................... 59 Tabela 6 – Raça/cor (ingressantes).............................................................. Tabela 7 - Raça/cor (concluintes)................................................................. 60 Tabela 8 – Estado civil (ingressantes).......................................................... Tabela 9 - Estado civil (concluintes)............................................................. 62 Tabela 10 – Residência (ingressantes)........................................................... 62 Tabela 11 - Residência (concluintes)........................................................... 62 Tabela 12 – Campus da Universidade (ingressantes).................................... 63 Tabela 13 - Campus da Universidade (concluintes)....................................... 63 Tabela 14 – Meio de transporte (ingressantes).............................................. 64 Tabela 15 - Meio de transporte (concluintes)................................................. 64 Tabela 16 - Tempo médio para vir à Universidade (ingressantes)................. 64 Tabela 17 - Tempo médio para vir à Universidade (concluintes)................... Tabela 18 - Residência (ingressantes)........................................................... 65 Tabela 19 - Residência (concluintes)............................................................. Tabela 20 - Situação profissional do pai (ingressantes)................................. 66 Tabela 21 - Situação profissional da mãe (ingressantes)............................ 66 Tabela 22 - Situação profissional do pai (concluintes)................................. 67 Tabela 23 - Situação profissional da mãe (concluintes)............................... 67 Tabela 24 - Situação profissional do(a) 57 60 62 64 65 cônjuge/companheiro(a) (ingressantes).............................................................................. 67 Tabela 25 - Situação profissional do(a) cônjuge/companheiro(a) (concluintes)................................................................................ 67 Tabela 26 - Formação escolar do pai (ingressantes)..................................... 68 Tabela 27 - Formação escolar da mãe (ingressantes)................................... 68 Tabela 28 - Formação escolar do pai (concluintes)....................................... 68 Tabela 29 - Formação escolar da mãe (concluintes)..................................... 68 Tabela 30 - Formação escolar do(a) cônjuge/companheiro(a) (ingressantes).............................................................................. 69 Tabela 31 - Formação escolar do(a) cônjuge/companheiro(a) (concluintes)................................................................................ 69 Tabela 32 - Curso anterior (ingressantes)...................................................... 70 Tabela 33 - Curso anterior (concluintes)........................................................ Tabela 34 - Ensino Médio (ingressantes)....................................................... 70 Tabela 35 - Ensino Médio (concluintes)......................................................... 70 Tabela 36 - Situação profissional (ingressantes)........................................... 71 Tabela 37 - Situação profissional (concluintes).............................................. 71 Tabela 38 - Região que trabalha (ingressantes)............................................ Tabela 39 - Região que trabalha (concluintes)............................................... 72 Tabela 40 - Tempo de trabalho (ingressantes).............................................. Tabela 41 - Tempo de trabalha (concluintes)................................................. 73 Tabela 42 - Atividade relacionada ao curso (ingressantes)......................... 73 Tabela 43 - Atividade relacionada ao curso (concluintes)............................ 73 Tabela 44 - O fato de você estar no Ensino Superior, por meio do Programa Universidade para Todos 70 72 73 possibilitou-lhe (ingressantes).............................................................................. 74 Tabela 45 - O fato de você estar no Ensino Superior, por meio do Programa Universidade para Todos possibilitou-lhe (concluintes).............................................................................. 74 Tabela 46 - Disponibilidade para estudar (ingressantes).............................. 75 Tabela 47 - Disponibilidade para estudar (concluintes)................................ 75 Tabela 48 - Motivo de escolha do curso (ingressantes)................................. 76 Tabela 49 - Motivo de escolha do curso (concluintes)................................... 76 Tabela 50 - Sentimento em relação ao curso escolhido (ingressantes)........ 77 Tabela 51 - Sentimento em relação ao curso escolhido (concluintes).......... 77 Tabela 52 - Principal(is) motivo(s) de escolha da Universidade pesquisada. Escolha até 3 alternativas (ingressantes)................................... Tabela 53 - 78 Principal(is) motivo(s) de escolha da Universidade pesquisada. Escolha até 3 alternativas (concluintes)...................................... 79 Tabela 54 - Dificuldade financeira (ingressantes).......................................... Tabela 55 - Dificuldade financeira (concluintes)............................................. 80 Tabela 56 - Dificuldades acadêmicas (ingressantes)..................................... 81 Tabela 57 - Dificuldades acadêmicas (concluintes)....................................... Tabela 58 - A oportunidade em fazer um curso superior, possibilitou-lhe (concluintes)................................................................................ 80 82 83 LISTA DE ABREVIATURAS ABMES........... Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior CAPES........... Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CNPq.............. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico COFINS.......... Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social CONAP........... Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do PROUNI CPA................ Comissão Própria de Avaliação CPAI............... Comissão Permanente de Avaliação Institucional CSLL.............. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido EAV................ Educação em Ambientes Virtuais ENEM............. Exame Nacional do Ensino Médio FAPESP......... Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FIES................ Fundo de Financiamento Estudantil IBGE............... Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INPE............... Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais IPTU............... Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana IRPJ................ Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas ISS.................. Impostos sobre Serviços de Qualquer Natureza ITA.................. Instituto Tecnológico de Aeronáutica MEC................ Ministério da Educação NTICS............. Novas Tecnologias de Informação e Comunicação PDI.................. Plano de Desenvolvimento Institucional PIS.................. Contribuição para o Programa de Integração Social PPI.................. Projeto Pedagógico Institucional PROEJA......... Programa de Pesquisa em Educação de Jovens e Adultos PROESP......... Programa de Educação Especial PROUNI.......... Programa Universidade para Todos PUC................ Pontifícia Universidade Católica SEPPIR.......... Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial STF................ Supremo Tribunal Federal TICs................ Tecnologias e Informação e Comunicação UNICAMP....... Universidade Estadual de Campinas UNIFESP........ Universidade Federal de São Paulo UNIMEL.......... Programa Universidade na Melhoria da Escrita e da Leitura UNISOL.......... Programa Universidade Solidária USP................ Universidade de São Paulo SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................... 16 CAPÍTULO 1 - O PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS (PROUNI) NA EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRA............................ 20 1.1 O princípio da igualdade tendo como instrumento as ações afirmativas................................................................................................... 30 1.2 Aspectos conceituais de ações afirmativas.......................................... 37 1.3 O PROUNI na visão do aluno beneficiário no âmbito nacional............ 43 CAPÍTULO 2 – CONHECENDO OS SUJEITOS DA PESQUISA.............. 48 2.1 Abordagem Metodológica..................................................................... 48 2.2 A Universidade pesquisada.................................................................. 52 2.3 O Perfil dos estudantes PROUNI matriculados em 2011.................... 55 CAPÍTULO 3 – A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES.............................. 58 3.1 Perfil dos alunos beneficiários.............................................................. 58 3.2 O que dizem os alunos ingressantes sobre o PROUNI........................ 84 3.3 O que dizem os alunos concluintes..................................................... 94 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 101 REFERÊNCIAS.......................................................................................... 105 APÊNDICE A - Termo de consentimento livre e esclarecido..................... 119 APÊNDICE B – Questionário alunos – ingressantes.................................. 120 APÊNDICE C – Questionário alunos – concluintes................................. 126 ANEXO A – Respostas das questões abertas – ingressantes................... 132 ANEXO B – Respostas das questões abertas – concluintes...................... 147 ANEXO C – Carta Aberta ao Sr. Ministro de Estado da Educação Fernando Haddad....................................................................................... 159 16 INTRODUÇÃO Nos últimos anos, têm sido propostos, no Congresso Nacional, diversos projetos de lei visando à introdução, no Direito brasileiro, de algumas modalidades de ação afirmativa. Na área da Educação, estes projetos de ações afirmativas buscam atenuar desigualdades existentes no que se refere o acesso à educação superior. Neste sentido, o governo federal criou, em 2004, o Programa Universidade para Todos (PROUNI). Para que o PROUNI fosse aprovado, foram necessárias negociações que se estenderam por dez meses, período em que foram apresentadas ao Congresso mais de 200 ementas, contemplando as reivindicações de mantenedores, sindicatos, parlamentares e Ministério da Educação (TAQUARI, 2004). Este Programa criado, em 2004, por meio da Medida Provisória nº 213, de 10.09.2004, e implementado no Governo Lula, em 2005, pela Lei nº 11.096, de 13.01.2005, tem como finalidade a concessão de bolsas de estudos, integrais e parciais, a estudantes brasileiros sem diploma de nível superior, em cursos de graduação de instituições privadas de educação superior. O Programa representa um esforço do governo federal para superar as desigualdades, no que se refere ao acesso à educação superior àqueles que dele vem sendo excluídos, seja pela cor da pele, condição financeira ou falta de qualidade dos ensinos fundamental e médio públicos. O PROUNI democratiza o acesso ao ensino superior, considerando sua obediência ao princípio constitucional de tratamento igualitário aos desiguais, em virtude de ampliar o acesso de estudantes das escolas públicas a instituições e cursos, os quais, de outra forma, não conseguiriam realizar seus estudos (Castellain 2008). O referido Programa prevê o acesso à educação superior levando-se em conta a renda per capita familiar, além de percentual de bolsas destinadas a implementação de políticas afirmativas aos autodeclarados negros, indígenas e portadores de deficiências, conforme artigos 1º e 7º da Lei que criou o PROUNI, o 17 que confirma a intenção do governo federal em tentar superar a questão da desigualdade de acesso à educação superior. Linhares (2006) e Sotero (2010) explicam que o sistema de cotas e o PROUNI contribuem para a obtenção do diploma de nível superior e são modalidades de ações afirmativas voltadas à inclusão educacional, tendo em vista a desigualdade social e a discriminação racial que permeiam as relações humanas o que pode ser confirmado pelos atuais indicadores socioeconômicos no Brasil, que apresentam desvantagens do negro em relação ao branco, no que se refere ao acesso à educação superior. No que se refere à desigualdade existente de acesso à educação superior em relação a raça/cor, de acordo com o IBGE 2010, a proporção de estudantes de 18 a 24 anos de idade, que cursam o ensino superior, também mostra uma situação, em 2009, inferior para os pretos e pardos em relação à situação de brancos em 1999. Enquanto cerca de 2/3 ou 62,6% dos estudantes brancos estão nesse nível de ensino em 2009, os dados mostram que há menos de 1/3 para os outros dois grupos: 28,2% dos pretos e 31,8% dos pardos. Em 1999, eram 33,4% de brancos, contra 7,5% de pretos e 8,0% de pardos. No período de 2001 a 2010, as matrículas na Educação Superior tiveram um crescimento na ordem de 110%, conforme os resultados do Censo da Educação Superior 2010. Porém, as matrículas de jovens entre 18 a 24 anos cresceram apenas 2,4 pontos percentuais no mesmo período, de 12% em 2001, para 14,4% em 20101. A meta do Plano Nacional de Educação (PNE) 2001-2010, de inserção de 30% de jovens na faixa etária de 18 a 24 anos matriculados na educação superior, não foi atingida. A referida meta foi repetida no Plano Nacional de Educação de 2011-2020. Desta vez, espera-se atingir 33% de jovens matriculados no ensino superior até 2020. Em nível nacional2, a percentagem de matriculados na educação superior, em relação à população de 18 a 24 anos, é de menos de 14,4% comparando, 11 http://gestao2010.mec.gov.br/indicadores/indicadores_agregados.php, acesso 01.07.2012. 2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/110172.htm, acesso em 30.01.2012 em 18 desfavoravelmente, com os índices de outros países do continente, considerando o Chile (20,6%), a Venezuela (26%) e a Bolívia (20,6%). A partir das constatações de desigualdade de acesso à educação superior, esta pesquisa compreende o PROUNI como uma alternativa de acesso para a Educação Superior Privada. Assim, foram estabelecidas as seguintes questões: • Quais os perfis dos estudantes que buscam condições de acesso à educação no ensino superior privado? • Como e por que os alunos escolhem determinada Instituição Universitária? • Quais as dificuldades acadêmicas e financeiras enfrentadas pelos alunos PROUNI, durante o curso? • Quais as sugestões para aprimoramento do Programa? Diante das questões propostas, foram estabelecidos os seguintes objetivos: • verificar se o PROUNI, uma política de ação afirmativa, é reconhecida pelos beneficiários deste Programa como uma alternativa de acesso a Educação Superior Privada; • conhecer a opinião dos alunos contemplados com o PROUNI, no que se refere à escolha da Universidade; • mapear as dificuldades acadêmicas e financeiras reconhecidas pelos alunos PROUNI, durante o curso, identificando a satisfação ou insatisfação dos estudantes beneficiários do Programa; • mapear as sugestões para aprimoramento do Programa trazidas pelos estudantes beneficiários do PROUNI. Partimos da hipótese de que o PROUNI, proposto pelo poder público como alternativa de acesso à educação superior privada, admite que há estudantes contemplados com a bolsa PROUNI que vivem dificuldades pessoais e financeiras para a conclusão do curso, o que pode provocar a insatisfação com a política do Programa. Quanto à abordagem metodológica, este trabalho consiste em uma pesquisa de natureza qualitativa subsidiada com dados quantitativos, caracterizada, assim, 19 por pesquisa descritivo-exploratória, em que se conjuga a pesquisa documental, coleta de dados, obtida por meio de aplicação de questionário, e análise qualitativa das informações coletadas. A pesquisa apresenta como referencial teórico os direitos fundamentais e o princípio da igualdade como direito posto essencial para que se efetive por meio das políticas de ações afirmativas. A Constituição Federal de 1988, além de prever o princípio da igualdade como Direito Fundamental, exige atuação do Estado, no sentido de mitigar as desigualdades sociais, o que pode ser entendido pelas políticas de ação afirmativa. O capitulo 1 desta dissertação inicia com a apresentação do Programa Universidade para Todos, aborda o princípio da igualdade previsto na Constituição Federal, tendo como instrumento as ações afirmativas, traz os aspectos conceituais de ações afirmativas, o seu significado, a sua origem, as discussões e sua expansão, levando-se em conta que a educação é um direito fundamental de todos e o Estado deve atuar no sentido de garantir este direito àqueles que são excluídos da sociedade. Além disso, o capítulo apresenta o PROUNI na visão dos alunos beneficiários no âmbito nacional. O capítulo 2 apresenta os sujeitos da pesquisa, contemplando a abordagem metodológica; a história da Universidade pesquisada, comprometida com o seu papel na comunidade e com a formação de alunos cidadãos; e o perfil de todos os alunos beneficiários do PROUNI, ingressantes e concluintes matriculados, em 2011, na Universidade. O capítulo 3 consiste na percepção dos estudantes, com apresentação e análise dos dados coletados. Buscou-se uma reflexão relativa aos dados coletados, procurando estabelecer relações entre as questões fechadas e abertas o referencial teórico, os resultados do Censo da Educação Superior e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a hipótese levantada e os objetivos desta pesquisa. 20 CAPÍTULO 1 O PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS (PROUNI) NA EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRA O Programa Universidade para Todos (PROUNI) é um programa do Ministério da Educação, que oferece bolsas de estudos, em instituições de educação superior privadas, em cursos de graduação, a brasileiros sem diploma de nível superior. De acordo com a Lei nº 11.096, de 13.01.2005, o PROUNI é um programa oferecido somente por Instituições Privadas de Ensino Superior com ou sem fins lucrativos: Art. 1o Fica instituído, sob a gestão do Ministério da Educação, o Programa Universidade para Todos - PROUNI, destinado à concessão de bolsas de estudo integrais e bolsas de estudo parciais de 50% (cinqüenta por cento) ou de 25% (vinte e cinco por cento) para estudantes de cursos de graduação e seqüenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior, com ou sem fins lucrativos (grifos nossos). O PROUNI oferece bolsa integral a estudantes que possuam renda familiar, por pessoa, de até um salário mínimo e meio e bolsa parcial de 50% ou 25% a estudantes que possuam renda familiar, por pessoa, de até três salários mínimos. De acordo com a Portaria Normativa MEC nº 14, de 16.06.2011, que regulamenta o processo seletivo PROUNI, a renda familiar por pessoa é calculada somando-se a renda bruta dos componentes do grupo familiar e dividindo-se pelo número de pessoas que formam este grupo familiar. Se o resultado for até um salário mínimo e meio, o candidato poderá concorrer a uma bolsa integral. Se o resultado for maior que um salário mínimo e meio e menor ou igual a três salários mínimos, o candidato poderá concorrer a uma bolsa parcial de 50%. Desde 2007, o candidato contemplado com a bolsa parcial de 50% que não puder custear os outros 50% da mensalidade poderá utilizar o FIES – Fundo de Financiamento Estudantil, sem a necessidade de apresentação de fiador na contratação do financiamento, desde que a instituição para a qual o candidato foi selecionado tenha firmado Termo de Adesão ao FIES. 21 Só pode se candidatar ao processo seletivo PROUNI o estudante que realizou o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e que obteve a nota mínima de 400 pontos na média das cinco provas do Enem, o que equivale a 40% de acertos em Redação, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias. O candidato deve ainda ter obtido nota superior a zero na redação. Os resultados do ENEM são usados como critério para a distribuição das bolsas de estudos. Se em uma instituição de ensino é oferecida 1 bolsa integral para determinado curso e há dois alunos concorrendo a mesma vaga, é selecionado o aluno que possuir a maior nota no ENEM. No caso de notas idênticas na média aritmética do Enem, o desempate entre os candidatos será determinado de acordo com a seguinte ordem de critérios: maior nota na prova de redação; maior nota na prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; maior nota na prova de Matemática e suas Tecnologias; maior nota na prova de Ciências da Natureza e suas Tecnologias; maior nota na prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias. O candidato à bolsa do PROUNI não precisa prestar vestibular na instituição em que pretende se inscrever. Entretanto, é facultado às instituições participantes do Programa submeterem os candidatos pré-selecionados a um processo seletivo específico e isento de cobrança de taxa. A bolsa é destinada a brasileiro não portador de diploma de curso superior, a estudante que tenha cursado o ensino médio completo em escola da rede pública ou em instituições privadas na condição de bolsista integral; a estudante portador de deficiência; e a professor da rede pública de ensino, para os cursos de licenciatura, normal superior e pedagogia, destinados à formação do magistério da educação básica, independentemente da renda. Os critérios estabelecidos para o ingresso de candidato do PROUNI foram resultados de negociações entre o Ministério da Educação e os Mantenedores das Instituições Privadas. A Lei que criou o PROUNI foi aprovada após atender as exigências dos Mantenedores, que foram: inclusão de bolsas parciais; alunos da rede privada que cursaram o ensino médio na condição de bolsista integral; professores da rede pública terão acesso ao Programa em cursos de licenciatura e 22 Pedagogia; transição do regime jurídico de associação beneficente de assistência social para sociedade com finalidade lucrativa, com pagamento gradual da quota patronal em cinco anos; exclusão do programa somente após dois ciclos de avaliação insuficiente do curso e não mais um ciclo como previsto no projeto original; restabelecimento do certificado de assistência social às entidades que aderirem ao PROUNI e a não-penalização da Entidade Mantenedora que ingressar no programa e não conseguir número de alunos nas condições estabelecidas pelo programa; possibilidade de a associação sem fins lucrativos e as sociedades com fins lucrativos aderirem ou não ao Programa (TAQUARI, 2004). Os candidatos que pretendem ingressar no PROUNI precisam comprovar todas as informações prestadas quando da inscrição no site do PROUNI, os quais são: Documento de identificação do candidato; Comprovante de residência; Comprovantes de rendimentos; Comprovante de separação ou divórcio dos pais, ou certidão de óbito, no caso de um deles não constar do grupo familiar do candidato por essas razões; Comprovante de pagamento de pensão alimentícia; Comprovante de ensino médio; Comprovante de Professor da Educação Básica, quando for o caso; Comprovante de Deficiência, quando for o caso; Comprovante de união estável, quando for o caso; Comprovantes de candidato indígena, quando for o caso. Os professores da rede pública que não precisem comprovar renda familiar per capita devem se enquadrar nos demais pré-requisitos estabelecidos pelo Ministério da Educação e deverão estar no efetivo exercício do magistério da educação básica, integrando o quadro de pessoal permanente de instituição pública. Aos alunos PROUNI beneficiários de bolsa integral matriculados em cursos presenciais com, no mínimo, seis semestres de duração e carga horária média igual ou superior a seis horas diárias de aula são concedidas Bolsas Permanência. A referida bolsa é um benefício com o objetivo exclusivo de custeio das despesas educacionais e o valor é de 300 reais. O PROUNI prevê, ainda, vagas a cidadãos autodeclarados indígenas, pardos ou pretos, conforme o artigo 7º, § 1º, da Lei nº 11.096, de 13.01.2005, que instituiu o PROUNI: Art. 7o As obrigações a serem cumpridas pela instituição de ensino superior serão previstas no termo de adesão ao PROUNI, no qual deverão constar as seguintes cláusulas necessárias: 23 I - proporção de bolsas de estudo oferecidas por curso, turno e unidade, respeitados os parâmetros estabelecidos no art. 5o desta Lei; II - percentual de bolsas de estudo destinado à implementação de políticas afirmativas de acesso ao ensino superior de portadores de deficiência ou de autodeclarados indígenas e negros. § 1o O percentual de que trata o inciso II do caput deste artigo deverá ser, no mínimo, igual ao percentual de cidadãos autodeclarados indígenas, pardos ou pretos, na respectiva unidade da Federação, segundo o último censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE (grifos nossos). A reserva de vagas a cidadãos autodeclarados indígenas, pardos ou pretos constitui obrigação que deve ser cumprida pelas Instituições Privadas. Estas vagas devem ser, no mínimo, igual ao percentual do último censo, de acordo com cada Estado brasileiro. De acordo com a última Síntese de Indicadores Sociais 2010, publicada pelo IBGE, no Estado de São Paulo, a população dos que se declaram Pretos é de 5,8%, Pardos é de 28,3% e Indígenas ou Amarelos é de 1,4%. As Instituições de Educação Superior de São Paulo que aderiram ao PROUNI destinam vagas aos candidatos cotistas, conforme os percentuais supracitados, na realidade, estas vagas são computadas diretamente pelo Ministério da Educação. A Instituição de Educação Superior não têm conhecimento da quantidade de vagas que são reservadas para os cotistas, haja vista que o primeiro cadastro realizado pelo candidato é feito diretamente no site do PROUNI, por meio do qual o mesmo se autodeclara a sua raça/cor. Desde a criação do PROUNI, 1442 instituições de ensino já concederam 919.544 bolsas integrais e parciais. Destaca-se que, no primeiro e no segundo semestres de 2011, 254.598 mil bolsas PROUNI foram concedidas, no âmbito nacional, sendo que o Estado de São Paulo foi o Estado que mais ofereceu bolsas, a saber: 38.809 bolsas integrais e 48.759 bolsas parciais, totalizando 87.568 bolsas3. Segundo o Censo da Educação Superior 2010, o número de matrículas, nos cursos de graduação, aumentou em 7,1% de 2009 a 2010 e 110,1% de 2001 a 2010. Estes dados justificam-se em virtude do aumento do número de financiamento (bolsas e subsídios) aos alunos, como os Programas FIES e PROUNI, do aumento da oferta de vagas na rede federal, do crescimento econômico no Brasil nos últimos 3 http://prouniportal.mec.gov.br, acesso em 24.01.2012. 24 anos e da demanda por mão de obra mais especializada (Censo da Educação Superior, 2010, p. 3). No que se refere ao crescimento econômico, segundo o IBGE, a expansão recente de programas de transferências de renda focalizada na população mais pobre, como o Bolsa Família, o Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social, entre outros de âmbitos estadual e municipal, vem contribuindo para o aumento significativo das chamadas “outras fontes”, em detrimento dos rendimentos de trabalho e de aposentadorias e pensões. Para o total das famílias que viviam com até ½ salário mínimo, em 2009, o percentual de outras fontes era de 22,9%, considerando que 48,5% do total de famílias de baixa renda em todo o País vivem na Região Nordeste. As “outras fontes” representavam 5,0% do total de rendimento familiar. Já para as famílias com rendimento familiar per capita de ¼ de salário mínimo, os rendimentos de “outras fontes” representavam 28,0%, do total da renda familiar, ao passo quem, em 1999, essa participação era de 4,4% (Síntese de indicadores sociais, 2010). Ainda, segundo o documento mencionado, as desigualdades de renda, apesar de ainda muito presentes no Brasil, têm mostrado uma tendência de redução que vem se consolidando. Ao calcular a razão entre a renda familiar per capita dos 20% mais ricos em relação aos 20% mais pobres, para o período de 2001 a 2009, a razão passa de 24,3% para 17,8%, representando um ganho de mais de 6 pontos percentuais na redução da desigualdade. De acordo com o Censo Superior 2010, o aumento de matrículas está relacionado também com a falta de mão de obra especializada para atender o mercado de trabalho em expansão e, diante da necessidade de rápida resposta para a formação de profissionais e com a evolução das novas tecnologias, novos formatos de cursos têm sido adotados, entre os quais os cursos de ensino a distância, que já representam 14,6%, e os cursos de menor duração voltados à formação profissionalizante de nível superior, chamados tecnológicos, que representam 12% das matrículas do ensino superior. No que se refere à isenção de impostos, as Instituições que aderem ao PROUNI oferecem bolsas de estudo e, em contrapartida, são isentas do pagamento de Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), Contribuição Social sobre o 25 Lucro Líquido (CSLL), Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS). O artigo 5º, § 1º, da Lei nº 11.096/2005, que instituiu o PROUNI, declara que a isenção de impostos conta-se a partir da assinatura do Termo de Adesão, pela Instituição privada de ensino superior, com vigência por um período de dez anos, renovável por igual período. De acordo com o artigo 5º da Lei nº 11.096/2005, que criou o PROUNI, as instituições de ensino com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficentes devem oferecer 1 bolsa integral para cada 10,7 estudantes pagantes regularmente matriculados e as instituições de ensino sem fins lucrativos beneficentes de assistência social deve oferecer 1 bolsa integral para cada 9 estudantes pagantes regularmente matriculados. O benefício fiscal decorrente da adesão ao PROUNI incide apenas sobre as instituições com fins lucrativos, uma vez que as instituições sem fins lucrativos não beneficentes e sem fins lucrativos de assistência social possuem tratamento próprio e favorecido4. As instituições sem fins lucrativos possuem tratamento favorecido na medida que usufruem de imunidade tributária prevista na Constituição Federal, no artigo 150, inciso VI, alínea c. Baleeiro (2005) explica que a imunidade é a vedação absoluta ao poder de tributar certas pessoas ou certos bens prevista na Constituição Federal. Não se confundem com isenções, derivadas da lei ordinária ou da lei complementar, que, decretando o tributo, exclui expressamente certos casos, pessoas ou bens, por motivos de política fiscal. De acordo com Andrade (2009), a imunidade tributária conferida às instituições sem fins lucrativos prevista na Constituição Federal revela uma preocupação do legislador constituinte, no sentido de preservar essas entidades de cobrança de impostos incidentes sobre o patrimônio, a renda e os serviços com o objetivo de assegurar-lhes condições mínimas para o seu pleno desenvolvimento e, assim, o cumprimento das nobres finalidades a que estão voltadas. A imunidade é uma limitação constitucional do poder de tributar, de alcance restrito aos impostos, mas não se estende às taxas, às contribuições de melhoria, 4 Relatório de Gestão 2009, MEC/Sesu. 26 aos empréstimos compulsórios e às contribuições especiais. Por isso as instituições sem fins lucrativos permanecem sujeitas ao pagamento do PIS sobre a folha de salários, em virtude do PIS ser considerado contribuição social, que incidirá sobre a folha de salários, a uma alíquota de 1%. O artigo 8º da Lei nº 11.096, de 13.01.2005, que instituiu o PROUNI utiliza o termo “isenção de impostos e contribuições” quando se refere ao benefício concedido às instituições de ensino com fins lucrativos que aderem ao referido programa. Este termo é conceituado por Nascimento (2010)5: A isenção é a situação prevista em lei que dispensa certa classe de pessoas, coisas ou situação, do pagamento de determinado tributo. Isenção é uma hipótese de não-incidência legalmente qualificada do tributo, afastando aquele que seria o sujeito passivo da incidência de pagamento do tributo. Destaca-se que a isenção tem de originar-se da pessoa competente para a instituição do referido tributo e que, regra geral, a isenção se dá por meio de Lei Ordinária. As instituições mais beneficiadas que aderem ao PROUNI são aquelas com fins lucrativos, já que ficam isentas, a partir da adesão, do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e da Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS). Porém, ainda ficam responsáveis por recolherem o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS patronal), que corresponde a 20% e incide sobre a folha de salários, e o Imposto sobre Serviços (ISS), que corresponde a 5% e incide sobre o faturamento. A Lei que instituiu o PROUNI prevê que as mantenedoras de instituições de ensino superior, sem fins lucrativos, que adotarem as regras de seleção de estudantes bolsistas, poderão optar por transformar sua natureza jurídica em sociedade de fins econômicos, passando a pagar a quota patronal para a previdência social de forma gradual, durante o prazo de 5 (cinco) anos, na razão de 20% (vinte por cento) do valor devido a cada ano, cumulativamente, até atingir o valor integral das contribuições devidas. 5 http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20100525210103355&mode=print, acesso em 02.07.2012 27 A Lei nº 5.172/66, que instituiu o Código Tributário Nacional e a Constituição Federal de 1967, determinava que não haveria incidência de impostos sobre a renda, o patrimônio e os serviços dos estabelecimentos de ensino de qualquer natureza. Assim, Carvalho (2005, p. 4) argumenta que os estabelecimentos de ensino superior sem fins lucrativos passaram a ser imunes ao Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), ambos de competência municipal, e sobre o Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IRPJ) e sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, no caso de imóveis localizados em zonas rurais, ambos de competência da União, porém deveriam reinvestir o superávit na manutenção e expansão das atividades educacionais. O Programa de Integração Social (PIS), instituído pela Lei Complementar nº 7, de 07.09.1970, foi outro tributo federal que teve tratamento diferenciado de cobrança entre os estabelecimentos de ensino com fins lucrativos e as entidades filantrópicas. Trata-se de uma contribuição social calculada sobre o faturamento ou receita bruta da instituição com alíquota de 1,65% no caso das instituições com fins lucrativos. Já para as instituições sem fins lucrativos e as entidades filantrópicas, a cobrança corresponde a 1% sobre a folha de pagamento. Quanto à Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL), instituída pela Lei nº 7.689, de 15.12.1988, esta é destinada ao financiamento da seguridade social. As instituições sem fins lucrativos e entidades beneficentes são isentas da cobrança do tributo. A base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda, e a alíquota é de 9% para os estabelecimentos de ensino com fins lucrativos. A Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) é destinada às despesas com atividades-fim das áreas de saúde, previdência e assistência social e sua contribuição é de 7,6% e incide sobre o faturamento mensal. Para as instituições sem fins lucrativos a alíquota é de 3%. A isenção da COFINS e do INSS patronal restringe-se às entidades de assistência social. No que se refere à isenção de impostos pelas Instituições que aderiram ao PROUNI, de acordo com o site do Ministério da Educação, foi realizado um levantamento pela Secretaria da Receita Federal relativa à verba que foi deixada de 28 ser arrecadada, em virtude da renúncia fiscal da União provocada pelo Programa Universidade para Todos (PROUNI), e o resultado revelou ser bem menor do que se pensava. Quando o PROUNI foi instituído, o Ministério da Educação estimou que a União deixaria de arrecadar R$ 197 milhões e, segundo a Receita, aproximadamente R$ 105 milhões deixaram de ser recolhidos. De acordo com este cálculo, a verba seria revertida em bolsas de estudo a um custo 80% mais barato que o do Financiamento Estudantil (FIES), outro programa de inclusão no ensino superior do MEC. Assim, cada vaga representaria 20% do valor de uma vaga no Fies6. O Ministério da Educação resolveu criar uma forma de acompanhar e fiscalizar o PROUNI nas Instituições de Educação quando instituiu, em 2009, as Comissões Locais de Acompanhamento e Controle Social do Programa Universidade para Todos (PROUNI). Estas comissões são órgãos colegiados, de natureza consultiva instituídos em cada Instituição de Ensino Superior participante do PROUNI, com função de acompanhamento, averiguação e fiscalização da implementação local do referido Programa nas IES, devendo promover também a interlocução entre a Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do PROUNI (CONAP) e a comunidade acadêmica. A referida Comissão Local tem entre outros objetivos: exercer o acompanhamento, averiguação e fiscalização da implementação do PROUNI nas Instituições de Ensino Superior (IES) participantes do Programa; interagir com a comunidade acadêmica e com as organizações da sociedade civil; e fornecer informações sobre o PROUNI à CONAP. É integrada por um representante do corpo discente das instituições privadas de ensino superior, que deve ser bolsista PROUNI; um representante do corpo docente das instituições privadas de ensino superior, que deve ser professor em regime de dedicação mínima de 20 (vinte) horas semanais; um representante da direção das instituições privadas de ensino superior, que deve ser o coordenador ou um dos representantes do PROUNI na IES; e um representante da sociedade civil. É importante salientar que a criação do PROUNI foi recebida com alarde, pois a decisão do governo de instituir o Programa Universidade para Todos por meio de 6 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=5821 acesso em 10.02.2012 29 Medida Provisória e, em seguida, sua aprovação por Lei Ordinária, provocou diversas críticas entre parlamentares e instituições apontando a inconstitucionalidade do referido programa, além da discussão da transferência de recursos públicos para o setor privado. À época da aprovação da Medida Provisória nº 213, que criou o PROUNI, Tarso Genro era o então Ministro da Educação que defendeu a edição da referida Medida Provisória, pois a mesma modificaria a difícil realidade do ensino superior no Brasil, em virtude de ser um país que figura entre as nações da América Latina com uma das mais baixas taxas de acesso ao ensino superior (TAQUARI, 2004, p. 23). A Ordem dos Advogados do Brasil criticou a criação do PROUNI, uma vez que a Medida Provisória é o instituto que deve ser utilizado em situações excepcionais, anormais, não passíveis de solução pelos meios ordinários, conforme argumenta Brasilino Pereira dos Santos (1994). O jurista Ives Gandra apontou a inconstitucionalidade do PROUNI que deveria ser instituído por lei complementar e não lei ordinária como foi aprovado. O referido jurista explica que, pela natureza da matéria, por conceder isenção tributária que beneficiam as instituições de ensino superior, deveria ser aprovado por meio de Lei Complementar, a qual exige do Congresso Nacional a participação da maioria absoluta de votos (VELLEDA, 2009). A Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (COFENEN) pede ao Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.330, a declaração de inconstitucionalidade da Medida Provisória nº 213/2004, que instituiu o PROUNI, alegando que a referida Medida ao estabelecer, às universidades, como requisito para inclusão no PROUNI, a adoção dos critérios econômicos e raciais para o seu acesso, estar-se-ia violando os artigos 3º e 5º, 207, 208 e 209 da Constituição Federal de 1988, considerando que os postulantes ao PROUNI têm os mesmos direitos, não podendo a lei estabelecer discriminações de acesso, que não seja a baseada na capacidade de cada um (MARTINS, 2004). O assunto começou a ser julgado em 2008 (STF, 2008a), quando o Ministro Carlos Ayres Britto, relator do processo, votou favoravelmente ao Programa, fundamentando-se na possibilidade de os estudantes oriundos da rede pública de 30 ensino estarem em situação desigual, em face da educação de má qualidade por eles recebida, reconhecendo que a lei em questão não ofende o princípio da igualdade, uma vez que o combate à desigualdade é forma de se realizar este princípio. No dia 03 de maio de 2012, o Supremo Tribunal Federal confirmou a legalidade do PROUNI com um placar de 7 votos a 1. O ministro Joaquim Barbosa pediu vista do processo e também votou favoravelmente. Segundo o ministro, o papel que o PROUNI desempenha supera os problemas apontados e ponderou ainda que uma educação falha colabora para o aumento da pobreza, que, por sua vez, contribui para a falta de oportunidades de estudo e de emprego (ZAMPIER, 2012). É de suma importância a decisão do Supremo Tribunal Federal ao declarar à constitucionalidade do PROUNI considerando ser a mais alta instância do Poder Judiciário do Brasil e por pressupor a continuidade de validade para a questão das ações afirmativas no Brasil, o que afetará de forma direta a interpretação do princípio da igualdade, o qual será abordado adiante. 1.1 O princípio da igualdade tendo como instrumento as ações afirmativas O princípio da igualdade tem sido a maior justificativa para a manutenção do PROUNI, tendo em vista o seu reconhecimento após a Declaração de Constitucionalidade pelo STF. Para o entendimento deste princípio, faz-se necessária a contextualização deste na Constituição de 1988. O princípio da igualdade ou isonomia está previsto na Constituição Federal. A Constituição Federal de 1988 foi um importante marco para a história, chamada também de Carta Magna, que é a lei maior do país. Teve seu processo de elaboração cercado de muita expectativa, afinal seria o marco da transição do regime autoritário para o regime democrático. Além disso, dentre as 7 Constituições que o Brasil possuiu, esta última marca os 100 anos da abolição da escravatura e prevê, entre outros direitos, a garantia aos Direitos Fundamentais, repudia o racismo e o define como crime inafiançável, estabelece proteção do mercado de trabalho da mulher e prevê direitos às pessoas portadoras de deficiência. 31 Segundo informações no site do Ministério da Fazenda, foram quase 19 meses de trabalho e a participação de 559 parlamentares, funcionários e população para a elaboração da Constituição de 1988. Teve início na campanha de Tancredo Neves para a Presidência da República, que faleceu sem ver seu sonho realizado. Coube ao seu sucessor, José Sarney, convocar a Constituinte e à Ulysses Guimarães promulgar a nova Constituição brasileira, na tarde de 5 de outubro de 1988, exatamente às 15h54. Ulysses Guimarães a chamou de "Constituição Cidadã" e foi promulgada com o pronunciamento das palavras históricas: Declaro promulgado o documento da liberdade, da democracia e da justiça social do Brasil. Não é a Constituição perfeita. Se fosse perfeita, seria irreformável. Ela própria, com humildade e realismo, admite ser emendada até por maioria mais acessível, dentro de cinco anos. Não é a Constituição perfeita, mas será útil e pioneira e desbravadora. Será luz, ainda que de lamparina, na noite dos desgraçados. É caminhando que se abrem os caminhos. Ela vai caminhar e abri-los. Será redentor o que penetrar nos bolsões sujos, escuros e ignorados da miséria", afirmou Ulysses Guimarães ao apresentar a Constituição ao povo brasileiro7. A Constituição Federal de 1988 prevê, no artigo 3°, o seguinte: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – garantir o desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Bastos e Martins (1988) entendem que os objetivos são tarefas, metas que visam tornar concretas as mesmas ideias ou propósitos assegurados em forma de princípios pela Constituição. Assim, Motta e Barchet (2009) explicam que este dispositivo constitucional não constitui propriamente um direito, mas uma diretriz da maneira que o Estado deve agir, em elaborar e colocar em prática os planos do governo que terão por objetivo a concretização dos ideais contidos neste artigo. Construir, garantir, erradicar e promover são verbos ativos, que impõem ao Estado a implementação das políticas necessárias à sua efetivação. 7 http://portal.ouvidoria.fazenda.gov.br/ouvidoria/ActionServlet?idNoticia=1867&objeto=br.com.tellus.ou vidoria.negocio.Editorial&acao=recover 32 Para que tenhamos uma sociedade livre, justa e solidária, é necessário que o Estado exerça a sua função de superar o desequilíbrio e as desigualdades, no sentido de distribuição igual dos direitos, sem concessão de privilégios a determinados grupos, sendo possível o seu alcance, por meio das ações afirmativas, com a redistribuição de bens e recursos à sociedade, visando à realização da igualdade. Observa-se que, no inciso II, do artigo 3º, da Constituição Federal prevê a garantia do desenvolvimento nacional. Segundo o dicionário Houaiss, a palavra desenvolvimento indica aumento da capacidade ou das possibilidades de algo; progresso, crescimento econômico, social e político de um país, região, comunidade. Cabe ao Estado promover desenvolvimento para a melhoria das condições de saúde, educação e cultura. O inciso III, do artigo 3°, da Constituição Federal prevê a erradicação da pobreza e da marginalização. Erradicar significa acabar com as diferenças sociais, a fim de proporcionar condições mais dignas de vida para a população. As ações afirmativas harmonizam-se com o texto constitucional, considerando estas como política que visa ir além da tentativa de garantir igualdade de oportunidades individuais. Outro objetivo previsto é a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Este objetivo permite concluir pela constitucionalidade das ações afirmativas, na medida em que enumera como metas do Estado brasileiro a promoção do bem de todos. O princípio da igualdade está prescrito no artigo 5º da Constituição Federal, Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...] (grifo nosso). A igualdade apresentada trata-se de igualdade no sentido formal, em virtude de caráter de regra, o que significa dizer que todos tem o mesmo valor e os mesmos direitos enquanto cidadãos. O direito à igualdade não está somente previsto no artigo 5°, é encontrado também no artigo 7º, onde o inciso XXX estabelece: “proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critérios de admissão por motivo de sexo, 33 idade, cor ou estado civil” e o inciso XXXI prevê: “proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência”. Destaca-se que o importante na interpretação do princípio da igualdade é que o mesmo se efetive. Desta forma, a Constituição Federal autoriza a instituição das ações afirmativas, o que implica na atuação do Estado a promover a igualdade, não se limitando a proibir práticas discriminatórias (LOBO, 2009). Definir o conceito de igualdade é tarefa complexa, considerando ser assunto objeto de estudo dos filósofos desde os tempos primitivos. Bastos (2000, p. 179) afirma que é o principio da igualdade um dos de mais difícil tratamento jurídico. Isto em razão do entrelaçamento existente no seu bojo de ingredientes de direito e elementos metajurídicos. O Princípio Constitucional da Igualdade é chamado também de Princípio da Isonomia. Em Direito, este princípio torna-se de difícil conceituação porque o que ele assegura não é a mesma quantidade de direitos para todos os cidadãos. Este princípio admite o tratamento uniforme a todos os homens, porém, não se trata de um tratamento igual perante o direito, mas uma igualdade real perante os bens da vida (BASTOS, 2000). Desta forma, a igualdade é regra constitucional e por isso só a Constituição pode conceder exceções. No entanto, os estudos clássicos sobre igualdade remontam à fase dos filósofos pré-socráticos, incluindo Aristóteles. Os gregos atribuíam grande importância à igualdade, por motivo de estar diretamente ligada ao desenvolvimento da democracia clássica. O pensamento sofístico, a partir da natureza biológica comum dos homens, aproxima-se da tese de igualdade material e da ideia de humanidade. “Por natureza são todos iguais, quer sejam bárbaros ou helenos” defenderá o sofista Antífon; “Deus criou todos os homens livres, a nenhum fez escravo”, proclamava Alcidamas (CANOTILHO, 1994. p. 375). Neste sentido, a enunciação de Aristóteles “tratar de modo igual os iguais e desigual os desiguais” deve ser entendida num contexto amplo que se inserem os escritos do pensador, como afirma Silva (2003), que explica que o filosofo vinculou a ideia de igualdade à ideia de justiça. 34 Enquanto ideal almejado, a igualdade, tanto como aspiração política e social, quanto como principio jurídico, revela-se desde a Grécia Antiga, pedra de toque de inúmeras teorias jurídicas e de projetos políticos. É o que se pode observar nas obras jurídicas contemporâneas. O raciocínio jurídico, ao defrontar-se com a interpretação do principio constitucional da igualdade, parte sempre máxima da igualdade como tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais, na proporção de sua desigualdade (RIOS 2002, p. 22). Para Aristóteles, o tema da igualdade está diretamente relacionado ao estudo de justiça. Por isso, não é possível entender a igualdade sem que entenda, também, a justiça. O estagirista explica que justiça é aquela disposição de caráter que torna as pessoas propensas a fazer o que é justo, que as faz agir justamente e a desejar o que é justo; e de modo análogo, a injustiça é a disposição que leva as pessoas a agir injustamente e a desejar o que é injusto. Assim, “muitas vezes, um estado é reconhecido pelo seu contrário”, para definir as situações em que o homem é tido como injusto para que seja possível a contrario sensu, definir quando é o homem considerado justo (ARISTOTELES, 2004). O conceito de justiça encontrado na obra de Aristóteles (2004) é o de “justiça total”. Esta espécie de justiça está relacionada no agir daquele que é “respeitador da lei e de caráter íntegro, honesto”. O estudioso acrescenta que a justiça é a virtude completa, porque a pessoa que a possui pode exercer a sua virtude não só em relação a si mesmo, como também em relação ao próximo. Nessa espécie de justiça enquadra-se a noção de igualdade existente na frase: tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. A concepção aristotélica afasta a ideia de um mesmo tratamento a todos os indivíduos, indistintamente, deveria o Estado considerar as diferenças e atribuir a cada um o que é seu. O mérito desiguala aqueles que de acordo com ele são desiguais, ao mesmo tempo em que se iguala aqueles que segundo esse mesmo são desiguais, devendo tal relacionamento vincular qualquer tipo de decisão distributiva para aquele que se mantenha uma ordem geométrica entre os governados (BITTAR, 2001, p. 98). Segundo Filho (2009), o princípio da igualdade não proíbe de modo absoluto as diferenciações de tratamento, o que é vedado são diferenciações arbitrárias, as discriminações. Portanto, o tratamento desigual dos casos desiguais, na medida em que se desigualam, é exigência do próprio conceito de Justiça. 35 A Constituição Federal, ao declarar, no artigo 5º, de que “todos são iguais perante e lei”, contempla o princípio da igualdade formal e material. Juridicamente, a igualdade formal é aquela em que todos são tratados da mesma maneira e a igualdade material é aquela em que os mais fracos recebem um tratamento especial no intuito de se aproximar aos mais fortes. Motta e Barchet (2009, p. 103) conceitua: A isonomia formal (caput) pugna pela igualdade de todos perante a lei, que não pode impedir que ocorram as desigualdades de fato, provenientes da diferença das aptidões e oportunidades que o meio social e economico permite a cada um. Já a igualdade material, ou seja, aquela que postula um tratamento uniforme de todos os homens perante a vida com dignidade, é quase utópica, visto que nenhum Estado logrou alcancá-la. Segundo Mostesquieu, “a verdadeira igualdade consiste em tratar de forma desigual os desiguais”, conferindo àqueles menos favorecidos economicamente um patrimônio jurídico inalienável mais amplo. Em um país de desigualdades sociais é necessário que o Estado crie mecanismo de modo que as desigualdades sejam, pelo menos, diminuidas, já que um dos objetivos da República Federativa do Brasil é a redução de desigualdades, de acordo com o que determina o artigo 3º, inciso II, da Constituição. Assim, com a implementação de políticas públicas, é esperado que haja uma transformação da igualdade formal em realidade material. Sousa (2006) explica que a ideia de “igualdade de oportunidade”, norteada pela necessidade de extinguir ou, ao menos, suavizar o peso das desigualdades econômicas e sociais e promover a justiça social começa a ser produzida nos ordenamentos jurídicos nacionais e no âmbito do Direito internacional dos Direitos Humanos. Políticas sociais de apoio e de promoção de determinados grupos socialmente fragilizados, agora são vistas como sujetos concretos, historicamente situados. Assim, o indíviduo particularmente considerado é o alvo dessas novas políticas sociais, que, em verdade às tentativas de concretização da igualdade material, também se denominam “ações afirmativas”. O Estado deixa de ser neutro e passa a atuar com o objetivo de concretizar a igualdade positivada nos textos constitucionais. O artigo 205 da Constituição Federal prescreve que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu 36 preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Assim, o Direito à Educação é de todos, que tem por objetivo preparar o indivíduo para o exercício da cidadania, pois, além do preparo para a cidadania, a educação prepara para o mercado de trabalho e, por ser um Direito Fundamental cabe ao Estado promovê-la. Linhares (2006) explica que a Educação exige, também, instituições comprometidas na luta contra as desigualdades, mas, para isso, é necessário que o Estado assuma a formação das pessoas até que elas possam garantir a sua independência e liberdade, bem como a igualdade de condições para o acesso à educação e a escola. O artigo 206 da Constituição de 1988 prevê: Art. 206 - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. Este artigo assegura o princípio da igualdade na educação, tanto para o acesso quanto para a permanência do cidadão na escola. Para Lobo (2009), as ações afirmativas também se mostram como instrumento apto a realizar a igualdade aqui pretendida, na medida em aumenta o acesso de grupo excluído aos bancos escolares, bem como, a depender do tipo de ação adotada, possibilita a permanência do indivíduo na vida escolar. Art. 208 – O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um (Constituição Federal). Bastos e Martins (2000) explicam o artigo constitucional da seguinte forma: que a idade não pode ser levada em consideração como fator impeditivo à progressão do educando, mas apenas a capacidade. Esta capacidade diz respeito às condições individuais. O objetivo deste dispositivo é de não vedar ao estudante o direito de acesso aos níveis mais elevados de ensino, ainda que sem idade própria e estabelecida por lei, mas é necessário que demonstre inteligência e conhecimento avançado em relação a média dos alunos. Assim, a Constituição Federal de 1988 não especifica a idade para a ascensão aos níveis elevados de ensino e visou a valorização do respeito à individualidade, aproximando-se de uma educação mais 37 liberal, que proporcione a todas as pessoas prosseguirem nos estudos tendo como único requisito a capacidade. O princípio da igualdade é fundamental para a cidadania e se faz indispensável na concretização da democracia, pois uma sociedade em que há exclusão social não pode ser reconhecida como democrática. Rocha (1999, p. 21) argumenta: Sem que a dignidade de cada um e de todos se faça respeitar na sociedade a cidadania capenga, porque carente do elemento próprio ao ser em sua própria condição humana. Sem a cidadania exercida ativa e solidariamente a dignidade se acanha, porque ausente do seu desdobramento político inerente à liberdade para a qual flui e na qual se aperfeiçoa. Por isso, o fenômeno denominado de “exclusão social” transgride a ordem jurídica, o Direito e fere o sentimento de Justiça e o sentido que ele adota na base do ordenamento jurídico posto pelo Estado à universalidade dos homens. Por exclusão social entende-se a situação que deixa à margem do processo político, social e participativo, econômico, e, portanto, das garantias fundamentais uma pessoa ou grupo social. O estudo realizado permite concluir que a Constituição Federal, ao prever a igualdade, impõe ao Estado o dever de promoção de políticas para materializar a igualdade. Estes deveres estão contidos em vários artigos da Constituição, entre os quais o artigo 3º. Assim, o PROUNI, como uma política de ação afirmativa, associa-se aos pressupostos do princípio da igualdade no sentido material, a qual traduz “dar a quem mais precisa”, e à enunciação de Aristóteles “tratar desigualmente os desiguais”, uma vez tais ações planejam e atuam no sentido de promover a representação de grupos inferiorizados na sociedade e lhes conferir uma preferência para assegurar seu acesso a determinado bem. 1.2 Aspectos conceituais de ações afirmativas Para o entendimento do PROUNI como uma ação afirmativa, sustentado por Oliveira (2010) e Souza (2011), faz-se necessário compreender o conceito das referidas ações. 38 O termo ações afirmativas é abrangente a diferentes práticas, trata-se de um conjunto de iniciativas ou medidas, impostas ou incentivadas pelo Estado, que tem por objetivo a promoção do bem-estar e da cidadania por meio da aplicação da efetiva igualdade material de indivíduos ou grupos, concedendo oportunidade e tratamento entre as pessoas de situação social ou economicamente desfavoráveis à obtenção a meios fundamentais, entre os quais, educação e emprego. Bergmann (1996) e Contins e Sant’Ana (1996) entendem que ação afirmativa é planejar e atuar no sentido de promover a representação de pessoas pertencentes a grupos que têm sido subordinados ou excluídos. Seu objetivo é, portanto, o de fazer com que os beneficiados possam vir a competir efetivamente por serviços educacionais e por posições no mercado de trabalho. Ação Afirmativa é um termo de amplo alcance que designa o conjunto de estratégias, iniciativas ou políticas que visam favorecer grupos ou segmentos sociais, que se encontram em piores condições de competição em qualquer sociedade em razão, na maior parte das vezes, da prática de discriminação negativas, sejam elas, presentes ou passadas (MENEZES, 2001 p. 27). O objetivo das ações afirmativas é a igualdade de oportunidades, com o objetivo de erradicar as injustiças e discriminações sociais pretéritas. As ações afirmativas são políticas públicas especiais que buscam eliminar os desequilíbrios existentes entre determinadas categorias sociais, até que eles sejam neutralizados, o que se realiza por meio de providências efetivas em favor das categorias que se encontram em posições desvantajosas (LINHARES, 2010). A ação afirmativa é uma modalidade de política pública que tem por objetivo: ...eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidades e tratamento, bem como compensar perdas provocadas pela discriminação e marginalização, decorrentes de motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e desigualdade social (SANTOS, 1999, p. 25). Estas definições dizem respeito à promoção de privilégios de acesso a meios fundamentais, entre eles a educação e o emprego, principalmente minorias étnicas que, de outro modo, estariam deles excluídos, total ou parcialmente (GUIMARÃES, 1997). Para Cashmore (2000, p. 31), as ações afirmativas são medidas temporárias e especiais, tomadas ou determinadas pelo Estado, de forma compulsória ou espontânea, com o propósito 39 específico de eliminar as desigualdades que foram acumuladas no decorrer da história da sociedade. Estas medidas têm como principais beneficiários os membros dos grupos que enfrentaram preconceitos. Joaquim Barbosa Gomes, primeiro Ministro negro do Supremo Tribunal Federal, entende que: Ações afirmativas se definem como políticas públicas (e privadas) voltadas à concretização do princípio constitucional da igualdade material e à neutralização dos efeitos da discriminação racial, de gênero, de idade, de origem nacional e de compleição física. (GOMES, 2001, p. 132) Na sua compreensão, a igualdade deixa de ser simplesmente um princípio jurídico a ser respeitado por todos e passa a ser um objetivo constitucional a ser alcançado pelo Estado e pela sociedade (GOMES, 2001). Quanto à doutrina de Gomes (2001), o Estado, por meio de ações afirmativas, busca recompor a igualdade real entre os cidadãos (jurídica e social) com a adoção de medidas jurídicas tendentes a igualá-los, seja pela proibição de discriminação, seja pela adoção de medidas que compensem as condições de desigualdade das partes envolvidas. Para os autores Menezes (2001), Moehlecke (2002) e Linhares (2006), o termo ações afirmativas originou-se nos Estados Unidos, nos anos 60, sob a denominação equal oportunity policies, política de igual oportunidade, quando os norte-americanos, em um movimento promovido por negros e apoiado por liberais e progressistas brancos, lideraram reivindicações pelos direitos civis, cujo objetivo era a extensão de igualdade de oportunidade a todos. Em virtude da existência deste movimento, o Estado passou a aplicar suas políticas governamentais ignorando os fatores de sexo, raça, cor e nacionalidade. No que se refere à experiência americana, destaca-se que, no início, as políticas de ações afirmativas se definiram como mero encorajamento por parte do Estado para que as pessoas atuantes nas esferas públicas e privadas levassem em consideração, nas suas decisões quanto ao acesso do mercado de trabalho e à educação, os fatores até então tidos como formalmente irrelevantes pela grande maioria dos responsáveis políticos e empresários, quais sejam, a raça a cor, o sexo e a origem nacional das pessoas. Tal encorajamento tinha por meta, tanto quanto possível, ver concretizado o ideal de que tanto as escolas quanto as empresas 40 refletissem em sua composição a representação de cada grupo na sociedade ou no mercado de trabalho (GOMES, 2001). Outra definição importante de ações afirmativas é trazida por Cashmore (2000) como sendo a política que visa ir além da tentativa de garantir igualdade de oportunidades individuais, ao tornar crime a discriminação, e tem como beneficiários os membros de grupos que enfrentam preconceitos. Por outro lado, Taylor (1998) afirma que é ingenuidade acreditar que as ações afirmativas tratam-se de medidas temporárias, uma vez que, reconhecida a identidade cultural dos grupos historicamente excluídos, não aceitarão perder este diferencial positivo, que são as medidas que compõem as políticas de ação afirmativa. Desta forma, cabe destacar que, embora seja importante a adoção de políticas de ação afirmativa, é necessário que estas sejam definidas quanto ao caráter provisório, uma vez que contribuem para a inclusão de pessoas ou grupos. Se estas políticas não tiverem prazos determinados de atuação, poderão ter efeito contrário ao objetivo de sua criação, gerando formas de preconceitos ao grupo beneficiado. No âmbito das políticas de ação afirmativas, o que se tem como pressuposto é que o grupo beneficiado não se encontre em uma posição dominante, sendo reconhecida a existência, contra ele, de algum tipo de desvantagem ou discriminação. Assim, a ação afirmativa seria uma forma de justiça compensatória e representaria um ressarcimento por danos causados pelo Poder Público ou por determinadas pessoas (física ou jurídica) a grupos sociais identificados (MENEZES, p. 34 e 35). No Brasil, a primeira discussão sobre a ação afirmativa aconteceu em 1968, quando técnicos do Ministério do Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho se reuniram com a intenção de criar uma lei que obrigasse as empresas privadas a manter uma percentagem mínima de empregados negros como única solução para o problema da discriminação racial no mercado de trabalho, porém, tal manifestação não foi transformada em lei (MOEHLECKE 2002). A partir de então, outros movimentos e iniciativas, no âmbito do Poder Público, foram promovidos, indicando, 41 assim, um parcial reconhecimento da existência de um problema de discriminação racial, étnica, de gênero e de restrições aos portadores de deficiências físicas. A adoção de políticas de ações afirmativas é de fundamental importância, em virtude de estas estarem baseadas na ideia de garantir a igualdade de direitos, mas, para isso, torna-se necessária a ação do Estado no sentido de oferecer condições especiais aos cidadãos que estão em situação desfavorável, seja economicamente ou socialmente. É importante ressaltar que as discussões sobre as ações afirmativas, no Brasil, vêm se expandindo e têm se caracterizado por adotar uma perspectiva social pautadas na concepção de igualdade, destacando-se as ações governamentais implementadas. Menciona-se a criação, a partir dos anos de 1970, de delegacias especializadas para investigar denúncias relacionadas ao racismo à adoção de políticas públicas, visando à interação dos negros e pardos no mercado de trabalho (NEVES e LIMA, 2007). Outro exemplo de políticas de ações afirmativas é a obrigatoriedade imposta às empresas de contratação de um percentual mínimo de portadores de deficiência física, conforme artigo 93 da Lei n° 8.213, de 24.07.1991. Esta lei tem por objetivo coibir as práticas discriminatórias e garantir, ao portador de deficiência, acesso ao mercado de trabalho. O mesmo se aplica no que se refere à inclusão de mulheres em candidaturas para cargos políticos eletivos. A Lei Eleitoral estabelece que cada partido deverá reservar o mínimo de 30% para candidaturas de cada sexo. A implantação de cotas para negros, para ingresso em universidades públicas, inicialmente posta em aplicação pelas Universidades Estaduais do Rio de Janeiro e da Bahia e pela Universidade de Brasília, foi expandindo gradualmente para outras universidades até serem integradas na proposta de reforma universitária (NEVES e LIMA, 2007). Durante o governo de Luis Inácio Lula da Silva, foi criada em 2003, a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), atualmente, liderada por uma Ministra negra, Profa. Mestre Luiza Barros. Em 2010, foi aprovada a Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010, que estabeleceu o Estatuto da Igualdade Racial. 42 Para os fundadores da referida Secretaria, a SEPPIR é o reconhecimento das lutas históricas do Movimento Negro Brasileiro e sua missão é estabelecer iniciativas contra as desigualdades raciais no País. A Secretaria utiliza como referência política o programa Brasil sem Racismo, que abrange a implementação de políticas públicas nas áreas do trabalho, emprego e renda; cultura e comunicação; educação; saúde, terras de quilombos, mulheres negras, juventude, segurança e relações internacionais8. O PROUNI, criado em 2004, programa voltado à população pobre e aos cidadãos autodeclarados indígenas, pardos ou pretos, pode ser considerado uma política de ação afirmativa, em virtude de constituir mecanismo de inclusão social, considerando que a educação é um direito social previsto no artigo 6° da Constituição Federal e no artigo 5° da Resolução CNE/CES nº 7/2010, que define o direito à educação, entendido como um direito inalienável do ser humano. O que é inalienável não pode ser transferido, vendido, nem cedido. Os direitos inalienáveis são irrenunciáveis e são todos os direitos fundamentais que não podem ser legitimamente negados a uma pessoa e são inerentes ao indivíduo pelo simples fato da sua condição humana. O direito à educação, um direito inalienável, proporciona o desenvolvimento do potencial humano, permite o exercício dos direitos civis, políticos, sociais e do direito à diferença, sendo ela mesma também um direito social, e possibilita a formação cidadã e o usufruto dos bens sociais e culturais. É importante compreender que as ações afirmativas objetivam que o princípio da igualdade não seja algo estagnado, oculto, mas autorizador da implantação de medidas e políticas públicas e privadas de forma dinâmica, tanto pelo Estado quanto pela sociedade, a fim de erradicar a desigualdade equiparando os desiguais na luta pelos bens da vida, inclusive sanando ou compensando discriminações ou injustiças históricas. 8 http://www.seppir.gov.br/, acesso em 30.01.2012 43 1.3 O PROUNI na visão do aluno beneficiário no âmbito nacional Esta pesquisa apoia-se no artigo 5º da Constituição Federal, que afirma que “todos são iguais perante a lei”, que a igualdade é um direito posto a todos os brasileiros. O referido artigo contempla o princípio da igualdade material, o qual se trata do direito dos mais fracos receberem um tratamento especial no intuito de se aproximarem dos mais fortes. O princípio da igualdade tem como instrumento para sua efetivação as ações afirmativas, tendo em vista tratar-se de um conjunto de iniciativas ou medidas, impostas ou incentivadas pelo Estado, com o objetivo de promoção do bem-estar e da cidadania, por meio da aplicação da efetiva igualdade material de indivíduos ou grupos, concedendo oportunidade entre as pessoas de situação social ou economicamente desfavoráveis à obtenção a meios fundamentais, entre os quais, educação e emprego. Destaca-se que o Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta instância do Poder Judiciário do Brasil, cuja função institucional fundamental é a de servir como guardião da Constituição Federal de 1988, que delibera sobre questões que envolvam lesão ou ameaça aos princípios e direitos previstos na referida Constituição, em 03 de maio de 2012, declarou a constitucionalidade do PROUNI por 7 votos a 1. Para declarar a Constitucionalidade do PROUNI, os ministros Carlos Ayres Britto, Luiz Fux e Gilmar Mendes argumentaram a decisão na Constituição Federal, que traz em seu preâmbulo a promessa de erradicação de desigualdades e, por isso, não pode ser fundamento para declarar inconstitucional um programa para acesso de todos à universidade, considerando que o PROUNI é um programa que já garantiu o acesso ao ensino universitário a mais de 1 milhão de estudantes, número este que chega próximo do total de alunos matriculados em instituições públicas. Contribuíram, ainda, para o referencial teórico desta pesquisa os estudos realizados por Linhares (2006) e Lobo (2009) sobre as ações afirmativas no âmbito da educação brasileira, como instrumento de promoção da igualdade e combate da discriminação racial, o princípio da igualdade no Estado Democrático de Direito, a utilização do princípio da igualdade para fundamentar a adoção de ações afirmativas 44 no combate à discriminação racial, bem como a instituição de ações afirmativas no campo da Educação, com atenção especial à reserva de vagas para negros no ensino superior e o Programa Universidade para Todos (PROUNI). Tendo em vista que um dos objetivos do presente estudo é identificar as satisfações e as insatisfações dos alunos da Univesidade, buscou-se pesquisas realizadas sobre o tema, as quais confirmam o sentimento de satisfação dos alunos beneficiários do PROUNI e o grau de aceitação do Programa como excelente oportunidade de acesso à universidade pelas classes populares de diferentes instituições de educação superior, no âmbito nacional, como política pública de inclusão na educação superior e que o programa atende as expectativas da qualidade de ensino e do retorno econômico dispensado aos alunos. (RIZZO, 2010; PONTES, 2011; SEBIM, 2008; COSTA, 2008). É importante destacar a análise realizada por Thomas (2008) em relação à constitucionalidade formal e material da implantação do sistema de quotas raciais no ensino superior público brasileiro, política pública adotada como ação afirmativa e instituída pelo Programa Universidade para Todos – PROUNI, e, no âmbito particular de algumas universidades federais, como critério de acesso a vagas universitárias em sede de autonomia universitária. Assim, a educação é meio de se promover o desenvolvimento de um país, pelos quais o PROUNI e o Sistema de Cotas permitem a democratização do acesso ao ensino superior e redução das desigualdades regionais, bem como inserção no mercado de trabalho, conforme indicam os resultados das pesquisas realizadas por BISPO (2007), GERALDO (2010) e SOUZA (2011). De acordo com as legislações e algumas pesquisas realizadas, é possível considerar que o princípio da igualdade é uma proposição no que se refere ao PROUNI, como direito posto a todos os cidadãos, tendo em vista que a educação é um direito social que deve ser garantido pelo Estado, conforme o artigo 6º da Constituição Federal, uma vez que possibilita o acesso à educação superior, favorecendo aos brasileiros economicamente em situação desfavoráveis e aos autodeclarados indígenas, pardos ou pretos. Destaca-se também que são objetivos da República Federativa do Brasil, estabelecidos no artigo 3º, a erradicação da pobreza e da marginalização, a redução 45 as desigualdades sociais e regionais, a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, e quaisquer outras formas de discriminação. Estes objetivos constituem diretrizes relativas à maneira que o Estado deve agir, em elaborar e colocar em prática os planos do governo, e impõem a implementação das políticas necessárias à sua efetivação. O princípio da igualdade tem sido a maior justificativa para a manutenção do PROUNI, que, combinada com as ações afirmativas, foi reconhecido a sua constitucionalidade pelo STF. O PROUNI é o mecanismo criado e um esforço do Estado na tentativa de concretizar o que prescreve a Constituição Federal para que as desigualdades, no que se refere ao acesso à educação superior, sejam diminuídas, o que é sustentado por Castellain (2008) e Farias (2010), quando definem o PROUNI como um programa que democratiza o acesso igualitário ao ensino superior, considerando-se sua obediência ao princípio constitucional de tratamento igualitário aos desiguais, em virtude de ampliar o acesso de estudantes das escolas públicas a instituições e cursos. Em que se pesem as constatações de Castellain (2008), de que o PROUNI é um programa que democratiza o acesso igualitário ao ensino superior, não significa que este acesso seja igualitário no que se refere à qualidade das instituições integrantes do Programa, na própria diferenciação entre bolsa integral e parcial e na falta de garantia de continuidade da bolsa permanência. O Programa promove o acesso de estratos pouco representados no ensino superior, há um reconhecimento destes em relação à importância do PROUNI. Ao mesmo tempo, as pesquisas apontam a necessidade de implementação de políticas públicas, que garantam a permanência e a conclusão do Curso (SANTOS, 2011; NEVES, 2011). Apesar de o PROUNI ter oportunizado o acesso de mais um milhão de jovens na educação superior, desde a sua criação, este número ainda é pequeno considerando a quantidade de alunos matriculados no ensino médio. Segundo o 46 Censo Escolar 2010, os alunos matriculados no ensino médio representam 8.357.675 e a rede estadual é responsável por 85% das matrículas9. As autoras Aprile e Barone (2008) explicam que o PROUNI apresenta-se como estratégia voltada para a “focalização” dos direitos de grupos marcados por carências econômicas e pela vulnerabilidade social. As políticas focalizadas visam corrigir as lacunas deixadas pelas insuficiências das políticas universalistas, além de racionalizar a alocação de recursos e os resultados são rapidamente visíveis. Por outro lado, Moraes (2001) considera que a política de focalização, em contraposição às políticas universalistas, apresenta [...] várias vantagens para as elites conservadoras, que geralmente conduzem as reformas. Em primeiro lugar os benefícios focalizados reduzem custos; os setores no extremo da pobreza são conquistáveis com recursos limitados. Afinal, pobre custa pouco, muito pouco. Em segundo lugar, racionalizam a velha política de clientela. Benefícios dirigidos e particularizados não correm o risco político de serem confundidos com medidas que criam direitos universais ou bens públicos, sempre submetidos, estes últimos, a demandas de extensão e generalização. Permitem também a distribuição mais discricionária dos recursos. Além de seletivos (e por causa disso), têm mais chance de impor condições à concessão, dando forma mais clara às manifestações de gratidão dos beneficiados (MORAES, 2001, p.66). A política de focalização de grupos substitui a política universalista pelo acesso seletivo, considerando que o acesso universal faz com que os serviços sejam considerados direitos sociais e bens públicos, porém, o acesso seletivo permite definir e discriminar quem recebe o benefício (MORAES, 2001). Assim, as políticas de focalização traduzem a ideia de “dar a quem mais precisa” e “tratar desigualmente os desiguais”, uma vez que estas tem por objetivo compensar/reparar sequelas do passado, que fundamentam as ações afirmativas, na medida em que tais ações planejam e atuam no sentido de promover a representação de grupos inferiorizados na sociedade e lhes conferir acesso a determinados bens (APRILE e BARONE, 2008) O PROUNI, enquanto um programa de acesso à educação superior, apresenta-se contraditório, na medida em que democratiza o acesso, é ainda, uma 9 http://www.brasil.gov.br/sobre/o-brasil/o-brasil-em-numeros-1/educacao/print, acesso em 02.08.2012. 47 utopia das classes menos favorecidas, em razão da falta de políticas de permanência e da quantidade insuficiente de ofertas de bolsas. Constitui um direito o previsto no artigo 206, da Constituição de 1988: Art. 206 - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola (grifo nosso). Este artigo assegura o princípio da igualdade na educação, tanto para o acesso quanto para a permanência do cidadão na escola. Nesse sentido, o Estado, ao criar o PROUNI, garantiu o acesso à educação aos brasileiros sem diploma de nível superior que atendem aos critérios estabelecidos na lei do PROUNI, porém, ainda não há uma política de permanência para que os estudantes se mantenham na universidade. Além de movimentos promovidos por alunos, em âmbito nacional, que realizam encontros para discutir a questão da permanência e melhorias do Programa, há pesquisas que comprovam esta necessidade, conforme constatado por SANTOS (2011) e NEVES (2011). Portanto, uma das reivindicações dos alunos, no que se refere ao equacionamento das dificuldades financeiras para a manutenção e conclusão do curso, é a implementação da Bolsa Permanência, um benefício que poderia ser estendido a todos os alunos PROUNI. 48 CAPÍTULO 2 CONHECENDO OS SUJEITOS DA PESQUISA 2.1 Abordagem Metodológica Inicialmente, cabe apresentar o motivo e a escolha dos procedimentos metodológicos deste trabalho e, em seguida, a apresentação dos dados obtidos juntos aos alunos PROUNI da Universidade pesquisada. A pesquisa é uma busca sistemática e rigorosa de informações, com a finalidade de descobrir a lógica e a coerência de um conjunto, aparentemente, disperso e desconexo de dados para encontrar uma resposta fundamentada a um problema delimitado, contribuindo para o desenvolvimento do conhecimento em uma área ou em problemática específica. (CHIZZOTTI, 2006, p. 19). Para o desenvolvimento desta pesquisa, optou-se por um estudo de natureza qualitativa, subsidiada com dados quantitativos, caracterizada, assim, por pesquisa de caráter híbrido, que, segundo Gil, (1999), pode se chamar de descritivoexploratório, em que se conjuga a pesquisa documental, coleta de dados, obtidas por meio de aplicação de questionário, e análise qualitativa das informações coletadas. O uso de questionários apresenta muitas vantagens, dentre elas podemos citar: a possibilidade de atingir grande número de pessoas, mesmo que estejam dispersas numa área geográfica muito extensa; a garantia do anonimato das respostas; a possibilidade de as pessoas responderem no momento em que julgarem mais conveniente; a não exposição dos pesquisados à influência do pesquisador (GIL, 1999). Bogdan e Biklen comentam que ...um campo que era anteriormente dominado pelas questões da mensuração, definições operacionais, variáveis, testes de hipóteses e estatística alargou-se para contemplar uma metodologia de investigação que enfatiza a descrição, a indução, a teoria fundamentada e o estudo das percepções pessoais. Designamos esta abordagem por Investigação Qualitativa (1994, p.11). Assim, a coleta de dados iniciou-se por realizar pesquisa documental nos arquivos de domínio público, as quais configuram as fontes primárias, que são os 49 documentos provenientes de órgãos que realizam observações e que englobam todos os materiais que podem servir de fonte de informação para a pesquisa científica (LAKATOS E MARCONI, 2001). Foi realizada uma pesquisa de dissertações e teses de 2005 a 2011, no banco de teses da CAPES e no Domínio Público, usando as palavras PROUNI e AÇÕES AFIRMATIVAS, para conhecimento do que já foi pesquisado. Esta busca revelou 54 trabalhos relativos ao PROUNI. Assim, foram selecionados 38 trabalhos relacionados à presente pesquisa. Buscou-se, ainda, referências bibliográficas, bem como artigos publicados em revistas científicas. Para coletar os dados necessários para a pesquisa, foram elaborados questionários, um para ingressantes e outro para concluintes, considerando que os objetivos da pesquisa são: verificar se o PROUNI, uma política de ação afirmativa, é reconhecida pelos beneficiários deste Programa como uma alternativa de acesso à Educação Superior Privada; conhecer a opinião dos alunos contemplados com o PROUNI, no que se refere à escolha da Universidade; mapear as dificuldades acadêmicas e financeiras reconhecidas pelos alunos PROUNI, durante o curso, identificando a satisfação ou insatisfação dos estudantes beneficiários do Programa; e mapear as sugestões para aprimoramento do Programa trazidas pelos estudantes beneficiários do PROUNI. Em setembro de 2011, o projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Cidade de São Paulo, porém, antes, o questionário foi testado. O teste foi realizado com o envio do questionário, por e-mail, a alunos do 3°,4º e 6º semestres, em virtude destes alunos não serem contemplados na população selecionada para participação na pesquisa oficial. O questionário piloto foi aplicado e o resultado revelou que as perguntas atendiam ao problema de pesquisa, que as perguntas confirmam a hipótese do referido projeto de pesquisa. Os alunos declararam que as perguntas são claras, objetivas e completas para a pesquisa proposta. Assim, validamos o questionário. Após a validação, dois questionários foram aplicados, um para o grupo de alunos ingressantes e outro para o grupo de concluintes de 2011, dos 4 campi da Universidade pesquisada, buscando identificar se há diferença entre os perfis de 50 acordo com o período de estudo. O questionário apresentou questões fechadas e abertas. As questões fechadas são aquelas que apresentam um conjunto de alternativas de resposta para que seja escolhida a que melhor representa a situação ou ponto de vista do respondente. As questões abertas são aquelas que apresentam perguntas de um espaço em branco para a resposta, permitindo que a pessoa escreva, sem qualquer restrição (GIL, 1999). No que se refere às questões abertas, foram formuladas 3 perguntas aos ingressantes e concluintes, com o objetivo de conhecer a visão do aluno quanto ao PROUNI: 1. Como você avalia o Programa Universidade para Todos? Quais fatores a seu entender aprimorariam o referido Programa que tem como propósito o ingresso na educação superior privada? 2. Fale sobre a sua satisfação ou insatisfação no que se refere ao PROUNI. 3. Como bolsista PROUNI, você teve algum tipo de dificuldade acadêmica e/ou financeira durante o curso? Os questionários com as questões abertas foram aplicados juntamente com o questionário de questões fechadas. As questões foram apresentadas, inicialmente, por meio de alternativas e, em seguida, de forma discursiva, porém, como se trata de um ato voluntário dos participantes, nem todos os que participaram do primeiro questionário participaram do segundo. O questionário aplicado foi desenvolvido por meio de uma ferramenta chamada LimeSurvey. O LimeSurvey é um software livre para aplicação de questionários on-line escrito em PHP. O PHP é uma linguagem utilizada para gerar conteúdo dinâmico na World Wide Web. O LimeSurvey permite que usuários publiquem e coletem respostas de questionários on-line. O sistema oferece análise estatística pelo procedimento inferencial (Testes de Hipóteses), com base nos resultados do questionário. As pesquisas podem ser acessíveis ao público ou de acesso controlado, através do uso de chaves para cada participante do questionário10. 10 http://www.limesurvey.com, acesso em 08.03.2012 51 Esta alternativa foi proposta na tentativa de evitar expor o estudante PROUNI, considerando que alguns poderiam sentir-se constrangidos em ser identificados como alunos bolsistas perante a turma. Os alunos foram convidados, por e-mail, a participarem da pesquisa. No ano de 2011, a Universidade contou com 1754 alunos do PROUNI. Para esta pesquisa, foram selecionados, os ingressantes e concluintes do PROUNI que somaram 1087 estudantes. Os ingressantes, do 1º e 2º semestres, representaram 878 estudantes e os concluintes, dos últimos semestres, representaram 209 estudantes dos cursos de: Administração; Análise e Desenvolvimento de Sistemas; Arquitetura e Urbanismo; Artes Visuais; Ciência da Computação; Ciências Biológicas; Ciências Contábeis; Comunicação Social; Design; Design Gráfico; Direito; Educação Física; Enfermagem; Engenharia Elétrica; Engenharia Civil; Engenharia de Produção; Engenharia Mecânica; Farmácia; Fisioterapia; Gastronomia; Gestão de Recursos Humanos; Gestão Financeira; Jornalismo; Letras; Matemática; Medicina Veterinária; Nutrição; Odontologia; Pedagogia; Psicologia; Publicidade e Propaganda; Química; Rádio, TV e Internet; Redes de Computadores; Relações Públicas; Tecnologia em Logística; Visagismo e Estética Capilar. Dos 878 estudantes ingressantes, 142 participaram da pesquisa, e dos 209 estudantes concluintes, 54 alunos responderam ao questionário. Então, 16,17% dos estudantes ingressantes e 25,83% dos estudantes concluintes participaram da pesquisa. Esta pesquisa é classificada como amostragem não-probabilísitica por conveniência, que tem como característica principal não fazer uso de formas aleatórias de seleção, torna-se impossível a aplicação de formas estatísticas para cálculo. Assim, a amostra por conveniência é destituída de qualquer rigor estatístico. O pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam representar um universo (estudos exploratórios ou qualitativos) (GIL, 1999, MARCONI e LAKATOS, 1996). O processo de tabulação de dados foi realizado pelo LimeSurvey, que permite publicar e coletar respostas de questionários on-line e oferece análise estatística com base nos resultados do questionário. 52 2.2 A Universidade pesquisada A Universidade pesquisada teve sua origem marcada pela abertura de duas salas de aula de um curso de Admissão, preparatório para ingresso no Ginásio, em 1965, quando um grupo de jovens professores desejosos de promover a Educação constituíram a Sociedade Mantenedora, que deu origem a um Colégio, no bairro de São Miguel Paulista, na Zona Leste de São Paulo, região populosa, ainda com pouca infraestrutura e de difícil acesso. Em março de 1966, o Colégio começou a funcionar com o curso Ginasial Comercial, atendendo, assim, a população da região, constituída, em sua maioria, de jovens trabalhadores, filhos de pequenos comerciantes, de profissionais autônomos e de operários, que viam no estudo profissionalizante uma perspectiva de futuro melhor (PAZIN, 2003). Os mantenedores levaram à Brasília o projeto dos primeiros cursos superiores e, em 1972, receberam a autorização para sua abertura. Foi fundada, então, a Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas de São Miguel, efetivada em 1973. Depois do seu reconhecimento pelo Conselho Federal de Educação, em 14 de dezembro de 1976, a direção solicitou a abertura dos cursos de Administração Hospitalar e Comércio Exterior. Em 1984, incorporaram a Faculdade de Ciências e Letras Geraldo Rezende, de Suzano, com os cursos de Pedagogia, Letras e Estudos Sociais. Em 1988, a Faculdade Paulista de Artes foi incorporada, possibilitando a oferta dos cursos de Educação Artística e Música. No ano seguinte, foi criada a Faculdade de Ciências Exatas e Humanas Santos Dumont, que passou a fazer parte do complexo educacional, com a oferta dos cursos de Tecnologia em Processamento de Dados e Ciências. Assim, em 1990, foram formadas as Faculdades Integradas, cujo lema “Tradição, Trabalho e Talento” sintetizava o pensamento e o ideal da Instituição. No Relatório do projeto da Universidade, estava previsto que a Instituição estaria compromissada com ações voltadas para os campos das Ciências Sociais e Humanas, tanto no ensino quanto na pesquisa, e seria marcadamente extensionista. Já na condição de Universidade, em 1993, ofereciam-se os cursos de Letras, Estudos Sociais, Educação Artística, Música, Pedagogia, Ciências, Administração, 53 Ciências Contábeis e Tecnologia em Processamento de Dados, além de nove cursos de pós-graduação lato sensu. Nos primeiros cinco anos, a Universidade, procurando atender às expectativas das comunidades interna e externa, implantou os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Ciência da Computação, Ciências Biológicas, Comunicação Social, Direito, Educação Física, Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Fisioterapia, Geografia, História, Odontologia, Psicologia, Secretariado Executivo Bilíngue, Serviço Social e Turismo. Em seguida, em 2004, a Universidade passou a oferecer os cursos de Economia, Matemática, Medicina Veterinária, Nutrição, bem como os cursos superiores de tecnologia: Redes de Computadores, Desenvolvimento de Websites, Sistemas de Informação, Gestão Hoteleira e Gestão de Recursos Humanos. Em consonância com a filosofia da mantenedora, sempre foi importante a relação do ensino com a prática e dos alunos com a comunidade. Nesta perspectiva, foram desenvolvidos vários projetos de extensão em diversas áreas do conhecimento, cumprindo a missão extensionista da Universidade, prevista em seu projeto de reconhecimento. Trata-se de uma Universidade com, aproximadamente, 18 mil alunos (dados de março de 2011), distribuídos em cerca de 49 cursos de graduação (bacharelado, licenciatura e superiores de tecnologia). O campus A é o mais antigo. Nesse campus, há uma concentração de cursos das várias áreas do conhecimento. As clínicas, por meio de programas de extensão voltados para a região, assim como o Núcleo de Práticas Jurídicas, promovem atendimentos importantes para a comunidade externa. A Universidade, assim, contribui expressivamente para o desenvolvimento da região. O campus B, no Bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo, marcou, em 2001, o primeiro momento de expansão da Universidade. Está situado em uma região nobre da cidade, em um prédio histórico construído por Ramos de Azevedo, no início do Século XX, que abrigou uma escola dirigida pela Senhora Anália Franco, personalidade histórica que influenciou muitas instituições benemerentes no estado de São Paulo e no Brasil. Nesse campus, o atendimento à comunidade é, também, garantido por meio de clínicas e do Núcleo de Práticas Jurídicas. 54 Na região central da cidade, no bairro da Liberdade, em 2004, a Universidade estudada criou o campus C. Desde 2007, este campus concentra as atividades de pesquisa, dos programas de pós-graduação stricto sensu e de diversos cursos de pós-graduação lato sensu. O campus C concentra também a unidade de planejamento e gestão da educação a distância. Em 2008, foi criado o campus D da Universidade na Zona Oeste da capital paulista, no bairro de Pinheiros. Cumprindo a missão extensionista da Universidade, prevista em seu projeto de reconhecimento, destacamos o Programa de Apoio aos Estudantes (Bolsa de Estudo e Bolsa-Emprego, Crédito Educativo, PROUNI, FIES); o Programa de Educação Especial (PROESP); o Programa de Pesquisa em Educação de Jovens e Adultos (PROEJA); o Programa Universidade Solidária (UNISOL); o Programa Universidade na Melhoria da Escrita e da Leitura (UNIMEL); o Programa Esperança Renovada; o Programa Escola da Família; o Programa Planetário; o Programa Abrigo e Adoção; e o Programa Prática de Escrita. A Universidade pesquisada possui, aproximadamente, 90 cursos de especialização em andamento nas áreas de Administração e Negócios, Biológicas e da Saúde, Exatas e Humanas. Possui, também, 08 (oito) programas de Mestrado e 03 programas de Doutorado recomendados pela CAPES: Ensino de Ciências e Matemática (M/D), Ensino de Ciências (M), Odontologia (M/D), Ciências da Saúde (M), Ciências do Movimento Humano(M/D), Políticas Sociais (M), Linguística (M) e Astrofísica e Física Computacional (M). A referida Universidade conta, hoje, com 59 grupos de pesquisa representativos, em 8 grandes áreas do saber, todos reconhecidos pelo CNPq. Sob a liderança de um pesquisador com a experiência na área, cada grupo tem a missão de conduzir pesquisa e expandir o saber em seu determinado campo de trabalho. Ciências Agrárias; Ciências Biológicas; Ciência da Saúde; Ciência Exatas e da Terra; Ciência Humanas; Ciência Sociais Aplicadas; Engenharias; Linguística, Letras e Artes. A Universidade pesquisada, por meio de seus representantes legais, assinou, em 03.12.2004, o termo de Adesão do Programa Universidade para Todos, designando, na mesma data, uma coordenadora responsável. Assim, a partir do 1º 55 semestre de 2005, foram admitidos os primeiros estudantes ingressantes por meio do PROUNI. À época, a mantenedora da referida Universidade constituía-se sem fins lucrativos não-beneficentes, portanto, as bolsas PROUNI ofertadas seriam proporcionais ao número de matriculados, a saber: 1 bolsa a cada 9 ingressantes pagantes. Com a assinatura do termo de adesão firmado com o Ministério da Educação, a Instituição comprometeu-se a cumprir fielmente o disposto nas portarias que regulamentam o PROUNI; a manter permanentemente atualizado seu cadastro no sistema E-mec; a selecionar os candidatos, aferindo a veracidade das informações por eles prestadas, de forma a assegurar o cumprimento das condições para o recebimento do benefício; a permitir a divulgação, inclusive via internet, do número de matriculados em cada curso/habilitação, dos bolsistas integrais e parciais, da receita anual proveniente de mensalidade dos cursos de graduação e sequencial de formação especifica e demais informações constantes do cadastro da instituição no PROUNI; a avaliar, a cada período letivo, o aproveitamento acadêmico dos estudantes beneficiados, conforme regulamentação do MEC; a informar ao MEC, ao final de cada semestre letivo, os estudantes beneficiados pelo PROUNI que concluíram o curso, bem como aqueles com óbice à manutenção do benefício, com a respectiva identificação do motivo, e,abster-se de cobrar mensalidade com valor integral dos bolsistas do PROUNI. De 2004 a 2012, a Universidade vem assinando os termos aditivos ao Programa para a continuidade da oferta de bolsas integrais e parciais. 2.3. O Perfil dos estudantes PROUNI matriculados em 2011 No que se refere à faixa etária dos 878 alunos ingressantes PROUNI, 76,6% possuem de 17 a 24 anos. Em segundo lugar, com 13,4%, estão os estudantes que possuem de 25 a 30 anos. Apesar de o PROUNI atender, em sua maioria, um público jovem, há uma demanda de 10% de cidadãos na faixa etária de 31 a 40 anos que estão matriculados como ingressantes. 56 O mesmo pode ser observado quanto ao que se trata dos concluintes PROUNI, a predominância é de estudantes na faixa etária de 19 a 24 anos, representando 50,2%, em seguida, os estudantes na faixa etária de 25 a 30 anos, representando 32,5%. Desta forma, os dados apresentados vêm ao encontro dos dados do IBGE 2010, que aponta aumento na distribuição dos estudantes, na faixa etária de 18 a 24 anos, matriculados no ensino superior, considerando significativos avanços no período de 10 anos, a saber: em 1999, os estudantes representavam 22,1%, já em 2009, esse percentual foi para 48,1%. No que se refere ao sexo, entre os alunos ingressantes e concluintes de 2011, o público predominante é o feminino. O público feminino ingressante representa 59% contra 41% do público masculino. O mesmo é observado quando se trata de alunos concluintes. O público feminino representa 68,4% contra 31,6% do público masculino. De acordo com o Censo da Educação Superior 2010, no âmbito nacional, as matrículas contaram com participação, majoritariamente, feminina ao longo do período de 2001 a 2010. Em 2010, do total de 6.379.299 matrículas, 57,0% são femininas e, entre os concluintes, a participação feminina é de 60,9% (Censo da Educação Superior 2010). Quanto à raça/cor dos ingressantes, 51,8% são brancos, 33,8% são pardos, 11,0% são negros e somente 1,1% são amarelos. Dos concluintes, 56,9% são brancos, 29,2% são pardos, 10% são negros e 1% é amarelo. Se estabelecermos uma comparação entre os dados apresentados e os dados do IBGE, no que se refere a raça/cor, observa-se que há confluência. No âmbito nacional, em 2009, os jovens de 18 a 24 anos que cursarvam o nível superior eram 62% brancos, contra 31,8% de pardos e 28,2% de pretos. Em relação à população de 25 anos ou mais, com o ensino superior concluido, houve crescimento na proporção de pretos (2,3,% em 1999 para 4,7% em 2009) e pardos de (2,3% para 5,3%). No mesmo período, o percentual de brancos com diploma passou de 9,8% para 15% (Síntese de Indicadores Sociais 2010). 57 Em relação ao estado civil, mais uma vez, os dados entre ingressantes e concluintes se assemelham. Os alunos PROUNI, ingressantes e concluintes, são, majoritamente, solteiros, dos quais representam 78% e 79,9%, respectivamente. De acordo com o IBGE, a idade com que o homem e a mulher se casam tem subido gradativamente nos últimos anos. Os homens solteiros que se casaram com mulheres solteiras tinham 29 anos, em média, e as mulheres 26 anos, um ano a mais quando comparado com 2005 e dois anos a mais em relação a 2000 (Síntese dos Indicadores Sociais, 2010). Essa mudança está relacionada a questões sociais O país passa por um processo de transição demográfica. As mulheres postergam a maternidade e tanto homens como mulheres adiam o casamento em função do que a vida contemporânea e o mercado de trabalho exigem. Essas mudanças não são isoladas, ou seja, não dependem apenas de uma escolha individual porque estão inseridas nas mudanças sociais pelas quais o país está 11 passando . No que se refere à distribuição de alunos por campi, o campus com maior número de alunos PROUNI é o campus A, o mais antigo. Dos 1087 alunos ingressantes e concluintes matriculados em 2011, 63,8% são ingressantes e 63,6% são concluintes. Isso deve-se ao fato de ser o campus com maior número de cursos e vagas. Campus Campus Campus Campus A B C D Ingressante Concluinte Ingressante Concluinte Ingressante Concluinte Ingressante Concluinte 63,78% 63,64% 25,63% 29,67% 7,86% 6,22% 2,73% 0,48% Tabela 1 – Distribuição de alunos PROUNI por campus 11 http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2011/11/30/casamentos-aumentammas-homens-e-mulheres-preferem-casar-mais-tarde.htm, acesso em 13.03.2012 58 CAPÍTULO 3 A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES 3.1 O Perfil dos alunos beneficiários Para conhecermos o perfil pessoal dos alunos que participaram da pesquisa, dividimos o referido perfil nas seguintes subcategorias: faixa etária, sexo, raça/cor, estado civil, residência, campus que estuda, transporte utilizado e tempo médio para chegar à Universidade. No que se refere à faixa etária, dos 16,17% de estudantes ingressantes que participaram da pesquisa, 41,55% possuem entre 17 e 19 anos de idade. Embora não se possa afirmar, é possível que os egressos de escolas públicas e de escolas particulares (bolsistas) realizam o ENEM no último ano do ensino médio na tentativa de ingressarem, por meio do PROUNI, na educação superior. Tabela 2 - Faixa etária (ingressantes) Ingressantes Qtde. Percentagem entre 17 a 19 anos 59 41,55% entre 20 a 22 anos 32 22,54% entre 23 a 25 anos 16 11,27% entre 26 a 30 anos 10 7,04% entre 31 a 40 anos 18 12,68% mais de 40 anos 7 4,93% Sem resposta Total 0 0,00% 142 100,00% Tabela 3 - Faixa etária (concluintes) Concluintes Qtde. Percentagem entre 17 a 19 anos 2 3,70% entre 20 a 22 anos 21 38,89% entre 23 a 25 anos 11 20,37% entre 26 a 30 anos 12 22,22% entre 31 a 40 anos 7 12,96% mais de 40 anos 1 1,85% Sem resposta 0 0,00% Total 54 100,00% No que se refere aos concluintes, a pesquisa apontou que 38,89% possuem de 20 a 22 anos de idade. Este dado sugere concluir que o PROUNI é um programa que atende um público jovem. O Censo da Educação Básica 2010 registrou o total de 8.357.675 alunos matriculados no ensino médio. Desde a criação do PROUNI, em 2005, até 2012, o Programa inseriu, nos cursos de graduação, um milhão de estudantes. Este dado 59 nos mostra que o PROUNI é ainda um Programa insuficiente no que se refere à inserção de jovens no ensino superior. Costa (2008, p. 121) aponta: O Programa Universidade para Todos surge como uma destas mudanças significativas que ainda necessita de um aprimoramento e uma ampliação, no intuito de garantir que mais jovens possam ter acesso à universidade, como forma de inverter uma realidade muito aquém das necessidades da juventude em ter acesso à educação. Observa-se que 12,96% dos ingressantes possuem idade de 31 a 40 anos, o que sugere a existência de uma parcela pequena de cidadãos desta faixa etária buscando, no PROUNI, uma oportunidade de obter um diploma de curso de nível superior, a fim de ingressar no mercado de trabalho e/ou a busca por melhores condições de vida. No que se refere ao sexo dos alunos matriculados, no âmbito nacional, o Censo da Educação Superior 2010 aponta que as matrículas contaram com a participação, majoritariamente, feminina, as ingressantes representaram 57% e as concluintes 60%. Tabela 4 - Sexo (ingressantes) Ingressantes Qtde. Percentagem masculino 46 32,39% feminino 96 67,61% Sem resposta 0 0,00% 142 100,00% Total Tabela 5 – Sexo (concluintes) Concluintes Qtde. Percentagem masculino 17 31,48% feminino 37 68,52% Sem resposta 0 0,00% Total 54 100,00% Esta expressiva representatividade de mulheres no ensino superior se confirma com o resultado desta pesquisa. Na universidade pesquisada, 67,61% e 68,52% das ingressantes e concluintes, respectivamente, são do sexo feminino. Rosemberg e Andrade (2008) explicam o fenômeno da representatividade feminina: (...) a expressiva representatividade de mulheres no ensino superior, no Brasil, não é algo recente, isto se observa desde a década de 1950 e uma forma de interpretar esta diferença é que mulheres, mais que homens, "tentaram a sorte", seriam mais pró-ativas ou evidenciaram uma "energia suplementar" no prosseguimento de sua escolaridade superior. 60 Em relação à raça/cor, os dados apontam que os brancos ainda representam vantagem em relação aos pardos e pretos. Tabela 6 - Raça/cor (ingressantes) Ingressantes Qtde. Percentagem parda 46 32,39% branca 77 54,23% negra 18 12,68% amarela 1 0,70% indígena 0 0,00% Sem resposta 0 0,00% 142 100,00% Total Tabela 7 - Raça/cor (concluintes) Concluintes Qtde. Percentagem parda 16 29,63% branca 32 59,26% negra 6 11,11% amarela 0 0,00% indígena 0 0,00% Sem resposta 0 0,00% Total 54 100,00% No âmbito nacional, o crescimento da proporção da população que se declara preta e parda aumentou nos últimos dez anos. Segundo o IBGE, o referido aumento é atribuído à recuperação da identidade racial. Em 1999, os que se declararam pretos e pardos, respectivamente, eram 5,4% e 40%; em 2009, eram 6,9% e 44,2%. O IBGE explica que, independentemente desse possível resgate da identidade racial por parte da população de cores preta e parda, a situação de desigualdade que sofrem os grupos historicamente desfavorecidos subsiste. Um dos indicadores é, em 2009, a população branca de 15 anos ou mais tem, em média, 8,4 anos de estudo, enquanto os pretos e pardos têm 6,7 anos de estudo. Os dados do IBGE mostram uma confluência com os dados da universidade pesquisada, no que se refere à situação de desigualdade do grupo de pretos e pardos. Levando-se em consideração que, dos alunos PROUNI integrantes desta pesquisa, 54,23% de ingressantes e 59,26% de concluintes são brancos, os ingressantes negros representam 12,68% e os pardos 32,39% e os concluintes negros representam 11,11% e pardos 29,63%. Apesar de o negro ainda apresentar desvantagem no ingresso e na conclusão na Educação Superior, o PROUNI pode ser considerado uma política de ação afirmativa de inclusão de negros e pobres, em virtude de as bolsas serem concedidas levando-se em conta a renda per capita familiar e a reserva de bolsas às pessoas com deficiência e aos autodeclarados pardos ou pretos, conforme artigos 1º e 7º da Lei nº 11.096, de 13.01.2005. 61 Art. 1o Fica instituído, sob a gestão do Ministério da Educação, o Programa Universidade para Todos - PROUNI, destinado à concessão de bolsas de estudo integrais e bolsas de estudo parciais de 50% (cinqüenta por cento) ou de 25% (vinte e cinco por cento) para estudantes de cursos de graduação e seqüenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior, com ou sem fins lucrativos. § 1o A bolsa de estudo integral será concedida a brasileiros não portadores de diploma de curso superior, cuja renda familiar mensal per capita não exceda o valor de até 1 (um) saláriomínimo e 1/2 (meio) (grifo nosso). § 2o As bolsas de estudo parciais de 50% (cinqüenta por cento) ou de 25% (vinte e cinco por cento), cujos critérios de distribuição serão definidos em regulamento pelo Ministério da Educação, serão concedidas a brasileiros não-portadores de diploma de curso superior, cuja renda familiar mensal per capita não exceda o valor de até 3 (três) salários-mínimos, mediante critérios definidos pelo Ministério da Educação (grifo nosso). Art. 7o As obrigações a serem cumpridas pela instituição de ensino superior serão previstas no termo de adesão ao Prouni, no qual deverão constar as seguintes cláusulas necessárias: I - proporção de bolsas de estudo oferecidas por curso, turno e unidade, respeitados os parâmetros estabelecidos no art. 5o desta Lei; II - percentual de bolsas de estudo destinado à implementação de políticas afirmativas de acesso ao ensino superior de portadores de deficiência ou de autodeclarados indígenas e negros (grifo nosso). § 1o O percentual de que trata o inciso II do caput deste artigo deverá ser, no mínimo, igual ao percentual de cidadãos autodeclarados indígenas, pardos ou pretos, na respectiva unidade da Federação, segundo o último censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (grifo nosso). Quando perguntado aos alunos pesquisados sobre o estado civil, os dados apontam que são predominantemente solteiros, tanto ingressantes quanto concluintes. Ocorre uma diferença de 3 pontos percentuais entre ingressantes e concluintes. Os casados estão na ordem de 16,66%. Houve a diferença de 4 pontos percentuais entre ingressantes e concluintes. 62 Tabela 8 – Estado civil (ingressantes) Ingressantes Qtde. Percentagem solteiro(a) 107 75,35% casado(a) 21 14,79% desquit/divorc. 6 4,23% viúvo(a) 0 0,00% vive c/companheiro 8 5,63% Sem resposta 0 0,00% 142 100,00% Total Tabela 9 - Estado civil (concluintes) Concluintes Qtde. Percentagem solteiro(a) 39 72,22% casado(a) 10 18,52% desquit/divorc 1 1,85% viúvo(a) 0 0,00% vive c/ companheiro 4 7,41% Sem resposta 0 0,00% Total 54 100,00% Segundo a Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa, o casamento tornou-se menos central na conformação da vida das pessoas, diferentemente do que ocorria em um passado recente, por vezes caracterizado pelo preconceito em relação às pessoas que não se casavam. As uniões consensuais aumentaram e as separações conjugais também. O aumento da mobilidade espacial permite aos indivíduos maior liberdade na escolha de onde morar, o que pode provocar um aumento do desejo de preservar sua independência (Síntese de Indicadores Sociais – Uma análise das Condições de Vida da População Brasileira, 2010). Quanto ao local de residência dos alunos, 74,65% dos ingressantes e 72,22% dos concluintes residem na zona Leste. Esta predominância deve-se ao fato da Universidade possuir o maior número de vagas e cursos nos campi A e B, atendendo a população dos bairros próximos. Tabela 10 - Residência (ingressantes) Ingressantes Qtde. Percentagem zona Leste 106 74,65% zona Oeste 2 1,41% zona Sul 11 7,75% zona Norte 4 2,82% zona Central 1 0,70% outros municípios 18 12,68% Sem resposta 0 0,00% 142 100,00% Total Tabela 11 - Residência (concluintes) Concluintes Qtde. Percentagem zona Leste 39 72,22% zona Oeste 1 1,85% zona Sul 1 1,85% zona Norte 4 7,41% zona Central 1 1,85% outros municípios 8 14,81% Sem resposta 0 0,00% Total 54 100,00% 63 O fato de a maioria dos alunos estudarem e residirem na mesma região de São Paulo próxima à Universidade não exclui as dificuldades que os mesmos possuem no que se refere à locomoção. Estas dificuldades estão relacionadas à obtenção de meios para pagamento do transporte público, como pode ser observado na seção 3.1.2. A pesquisa revela que 59,15% dos ingressantes e 55,56% dos concluintes PROUNI estudam no campus A e 29,58% dos ingressantes e 33,33% dos concluintes estudam no campus B. Estes dados vêm ao encontro do maior percentual de alunos residirem na zona leste. Tabela 12 - Campus da universidade Tabela 13 - Campus da universidade (ingressantes) (concluintes) Ingressantes Qtde. Percentagem Campus A 84 59,15% Campus B 42 29,58% Campus C 11 7,75% Campus D 5 3,52% Sem resposta 0 0,00% 142 100,00% Total Concluintes Qtde. Percentagem Campus A 30 55,56% Campus B 18 33,33% Campus C 5 9,26% Campus D 1 1,85% Sem resposta 0 0,00% Total 54 100,00% As maiores percentagens de alunos PROUNI matriculados são dos campi A e B, que se justificam considerando que, no ano de 2011, das 1347 vagas oferecidas, 1069 vagas estavam distribuídas nos campi A e B, na zona Leste, e 278 vagas estavam distribuídas nos campi C e D, nas zonas Central e Oeste. Quanto ao meio de transporte, o ônibus é o mais utilizado para o deslocamento à Universidade. A pesquisa apontou que 65,49% dos ingressantes e 57,41% dos concluintes utilizam o referido meio de transporte. 64 Tabela 14 - Meio de transporte (ingressantes) Ingressantes Tabela 15 - Meio de transporte (concluintes) Qtde. Percentagem veículo próprio 5 3,52% metrô 7 4,93% ônibus 93 65,49% carona 6 4,23% ônibus mais metrô 23 16,20% lotação 5 3,52% nenhum (a pé). 3 2,11% Sem resposta 0 0,00% 142 100,00% Total Concluintes Qtde. Percentagem veículo próprio 5 9,26% metrô 0 0,00% ônibus 31 57,41% carona 2 3,70% ônibus mais metrô 13 24,07% lotação 0 0,00% nenhum (a pé) 3 5,56% Sem resposta 0 0,00% Total 54 100,00% A grande maioria dos alunos PROUNI não possui veículo próprio, conforme as tabelas 14 e 15, e a obtenção de meios para o pagamento das tarifas de ônibus é apontada como uma das três principais dificuldades dos alunos, como poderá ser observado adiante. No que se refere à média de tempo para chegar à Universidade, os dados revelam que os ingressantes gastam menos tempo, comparando com os concluintes. Enquanto 38,73% dos ingressantes gastam, em média, de 31 a 60 minutos, 31,48% dos concluintes gastam, em média, de 61 a 90 minutos. Tabela 16 – Tempo médio para vir à Tabela 17 – Tempo médio para vir à Universidade (ingressantes) Universidade (concluintes) Ingressantes Qtde. Percentagem até 15 minutos 15 10,56% de 16 a 30 minutos 30 21,13% de 31 a 60 minutos 55 38,73% de 61 a 90 minutos 29 20,42% mais de 90 minutos. 13 9,15% Sem resposta 0 0,00% 142 100,00% Total Concluintes Qtde. Percentagem até 15 minutos 7 12,96% de 16 a 30 minutos 11 20,37% de 31 a 60 minutos 14 25,93% de 61 a 90 minutos 17 31,48% mais de 90 minutos 5 9,26% Sem resposta 0 0,00% Total 54 100,00% 65 Embora não se possa afirmar, é possível que os concluintes gastem mais tempo para chegar à Universidade considerando o fato de o ingresso na Educação Superior ter oportunizado também o ingresso no mercado de trabalho. Ressalta-se que há mais evidências desta possibilidade na análise dos dados coletados. Para conhecermos o perfil familiar dos alunos que participaram da pesquisa, dividimos o perfil dos estudantes nas seguintes subcategorias: Residência, Situação profissional do pai, Situação profissional da mãe, Situação Profissional do cônjuge/companheiro, Formação escolar do pai, Formação escolar da mãe e Formação escolar do companheiro/cônjuge. Os dados relativos à residência dos alunos apontam que a maioria, tanto de ingressantes quanto de concluintes, reside com os pais. Se relacionarmos os dados referentes a estado civil e residência, embora não possamos afirmar, é possível que, por serem solteiros, moram com os pais. Tabela 18 - Residência (ingressantes) Ingressantes Qtde. Percentagem sozinho 5 3,52% com os pais 90 63,38% com outros familiares 14 9,86% com amigos 1 0,70% com o cônjuge 25 17,61% com filho(s) 4 2,82% Sem resposta 3 2,11% 142 100,00% Total Tabela 19 - Residência (concluintes) Concluintes Qtde. Percentagem sozinho 1 1,85% com os pais 33 61,11% com outros familiares 4 7,41% com amigos 1 1,85% com cônjuge 13 24,07% com filho(s) 2 3,70% Sem resposta 0 0,00% Total 54 100,00% Sampaio e Cardoso (2003) argumentam que “o trabalho do estudante não lhe confere autonomia de residência”, isto porque “o trabalho não os torna independentes financeiramente da família”. Esta informação foi confirmada entre os alunos pesquisados. Se compararmos a média entre ingressantes e concluintes que trabalham e residem com os pais, dos 69% dos estudantes que trabalham 62% moram os pais. 66 No que se refere à situação profissional dos pais dos ingressantes, a pesquisa revela que as três maiores percentagens são: autonomo, assalariados em empresas privadas e aposentados, conforme pode-se ver na tabela 20. Já as mães dos ingressantes são predominantemente donas de casa, representando 31,69%. Apenas 20,42% são assalariadas em empresa privada. A categoria aposentada representou 10,56%. Tabela 20 - Situação profissional do pai Tabela 21 - Situação profissional da mãe (ingressantes) (ingressantes) Ingressantes Qtde. Percentagem Ingressantes Qtde. Percentagem autônomo 31 21,83% autônoma 13 9,15% assalariado em emp.privada 29 20,42% assalariada em emp. privada 29 20,42% assalariado em inst.pública 6 4,23% assalariada em inst. pública 11 7,75% empresário 2 1,41% Empresária 2 1,41% aposentado 24 16,90% dona de casa 45 31,69% sem ativ. profis. no momento 16 11,27% sem ativ. profis. no momento 11 7,75% vive de rendas 0 0,00% vive de rendas 0 0,00% desconheço 13 9,15% aposentada 15 10,56% falecido 18 12,68% desconheço 5 3,52% Sem resposta 3 2,11% falecida. 8 5,63% 142 100,00% Total Sem resposta Total 3 2,11% 142 100,00% Os fatores relativos à situação profissional dos pais podem influenciar na luta por uma vaga na educação superior e na busca de uma realidade de vida diferente, como apontam Pimentel e Paiano (2012, p. 11): O Prouni é percebido como oportunidade de cursar o ensino superior e conseguir ascensão profissional e social e conseguir ultrapassar a condição social que se encontra seus familiares. A situação profissional dos pais dos concluintes apresenta uma semelhança com a dos ingressantes. A maior frequência estatística é que são assalariados em empresas privadas, em seguida, a maior percentagem é de que são aposentados. Houve um empate na estatística entre autônomos e desempregados. 67 Tabela 22 - Situação profissional do pai (concluintes) Tabela 23 - Situação profissional da mãe (concluintes) Concluintes Qtde. Percentagem Concluintes Qtde. Percentagem autônomo 7 12,96% autônoma 6 11,11% assalariado em emp. privada 14 25,93% assalariada em emp.privada 14 25,93% assalariado em inst. pública 1 1,85% assalariada em inst. pública 3 5,56% empresário 1 1,85% empresária 1 1,85% aposentado 12 22,22% dona de casa 18 33,33% sem ativid. profis. no momento 7 12,96% sem ativid, profis. no momento 4 7,41% vive de rendas 1 1,85% vive de rendas 1 1,85% desconheço 4 7,41% aposentada 3 5,56% falecido. 6 11,11% desconheço 0 0,00% Sem resposta 1 1,85% falecida 3 5,56% Total 54 100,00% Sem resposta 1 1,85% Total 54 100,00% A ordem relativa à situação profissional das mães dos concluintes é idêntica comparada às mães dos ingressantes. São donas de casas, representando 1/3, e apenas 25,93% são assalariadas em empresas privadas. Os dados apontam que a maioria dos alunos PROUNI são solteiros e residem com os pais e não possuem cônjuge/companheiro. Tabela 24 - Situação profissional do(a) cônjuge/companheiro(a) (ingressantes) Ingressantes Tabela 25 - Situação Qtde. Percentagem Concluintes 6 4,23% autônomo(a) assalariado(a) em emp. privada 14 9,86% 5,56% assalariado(a) em emp. privada 9 16,67% 2 3,70% 0 0,00% assalariado(a) em inst. pública 5 3,52% empresário(a) 0 0,00% empresário(a) dona de casa 3 2,11% aposentado(a) 1 0,70% sem atividade profissional 5 3,52% falecido(a) 0 0,00% 105 73,94% 3 2,11% 142 100,00% Total Qtde. Percentagem 3 assalariado(a) em inst. pública Sem resposta do(a) cônjuge/companheiro(a) (concluintes) autônomo(a) não tem cônjuge/companheiro(a) profissional dona de casa 3 5,56% aposentado(a) 0 0,00% sem atividade profissional 1 1,85% falecido(a) 0 0,00% não tem cônjuge/companheiro(a) 35 64,81% Sem resposta 1 1,85% Total 54 100,00% 68 Dos alunos que tem cônjuge/companheiro, a pesquisa revela ainda a segunda maior percentagem da situação profissional de que são assalariados em empresas privadas. Nas tabelas 26 a 29 podem ser observadas as formações escolares do pai e da mãe dos alunos PROUNI ingressantes e concluintes da Universidade pesquisada. A maior percentagem revela que os pais possuem o Ensino Básico Incompleto. A segunda maior frequência estatística aponta para o Ensino Médio completo dos pais. Tabela 26 - Formação escolar do pai (ingressantes) Ingressantes Qtde. Percentagem Ensino Básico incompleto 54 Tabela 27 - Formação escolar da mãe (ingressantes) Ingressantes Qtde. Percentagem 38,03% Ensino Básico incompleto 51 35,92% 16 11,27% Ensino Básico completo 12 8,45% Ensino Básico completo Ensino Médio incompleto 7 4,93% Ensino Médio incompleto 6 4,23% Ensino Médio completo 40 28,17% Ensino Médio completo 49 34,51% 3 2,11% Superior incompleto 6 4,23% Superior incompleto Superior completo 2 1,41% Superior completo 8 5,63% Pós-graduação 1 0,70% Pós-graduação 0 0,00% 2 1,41% 4 2,82% nenhuma 5 3,52% nenhuma desconheço 12 8,45% desconheço Sem resposta 3 2,11% Sem resposta Total Tabela 28 (concluintes) 142 Formação Concluintes 100,00% escolar do pai Qtde. Percentagem Total Tabela 29 (concluintes) Formação Concluintes 3 2,11% 142 100,00% escolar da mãe Qtde. Percentagem Ensino Básico incompleto 20 37,04% Ensino Básico incompleto 17 31,48% Ensino Básico completo 4 7,41% Ensino Básico completo 6 11,11% Ensino Médio incompleto 4 7,41% Ensino Médio incompleto 5 9,26% Ensino Médio completo 12 22,22% Ensino Médio completo 14 25,93% Superior incompleto 4 7,41% superior incompleto 4 7,41% Superior completo 3 5,56% superior completo 5 9,26% Pós-graduação 1 1,85% pós-graduação 1 1,85% nenhuma 1 1,85% nenhuma 1 1,85% desconheço 4 7,41% desconheço 0 0,00% Sem resposta 1 1,85% Total 54 100,00% Sem resposta 1 1,85% Total 54 100,00% 69 Este dado possibilita confirmar a baixa cultura da formação superior entre os familiares dos estudantes pesquisados. Os quesitos das tabelas 30 e 31 confirmaram, mais uma vez, que a maioria dos ingressantes e concluintes não possuem cônjuge/companheiro. Observa-se que, dos alunos que têm cônjuges/companheiros, a maior frequência estatística de formação escolar é o Ensino Médio Completo. Tabela 30 – Formação escolar cônjuge/companheiro(a) (ingressantes) do(a) Tabela 31 – Formação escolar cônjuge/companheiro(a) (concluintes) do(a) Ingressantes Qtde. Percentagem Concluintes Ensino Básico incompleto 8 5,63% Ensino Básico incompleto 0 0,00% Ensino Básico completo 2 1,41% Ensino Básico completo 0 0,00% Ensino Médio incompleto 3 2,11% Ensino Médio incompleto 1 1,85% Ensino Médio completo 12 8,45% Ensino Médio completo 9 16,67% Superior incompleto 3 2,11% Superior incompleto 4 7,41% Superior completo 4 2,82% Superior completo 3 5,56% Pós-graduação 0 0,00% Pós-graduação 1 1,85% não tem cônj./companheiro(a) 104 73,24% não tem cônj./companheiro(a) 34 62,96% nenhuma das anteriores 3 2,11% nenhuma das anteriores 1 1,85% Sem resposta 3 2,11% Sem resposta 1 1,85% Total 142 Total 54 100,00% 100,00% Qtde. Percentagem Para conhecermos o perfil educacional dos alunos que participaram da pesquisa, dividimos o perfil dos estudantes nas seguintes subcategorias: Curso anterior e Ensino médio. No que se refere ao curso realizado anterior ao ingresso na educação superior, a pesquisa revela que os ingressantes e concluintes são egressos dos Ensinos Médio Regular e Técnico. 70 Tabela 33 - Curso anterior (concluintes) Tabela 32 - Curso anterior (ingressantes) Ingressantes Ensino Médio Regular Qtde. Percentagem 96 Concluintes Qtde. Percentagem 67,61% Ensino Médio Regular 30 55,56% 13 24,07% 2 3,70% Ensino Médio Técnico 24 16,90% Ensino Médio Técnico Supletivo 10 7,04% Supletivo Superior Incompleto 9 6,34% Superior Incompleto 3 5,56% 4 7,41% Superior Completo 0 0,00% Superior Completo Sem resposta 3 2,11% Sem resposta 2 3,70% 142 100,00% Total 54 100,00% Total Há também alunos entre os ingressantes e concluintes que possuem o Superior Incompleto. Estes alunos vêem no PROUNI a oportunidade para a conclusão do Ensino Superior. Observa-se que 4 alunos na tabela 33 alegaram que o curso anterior é o Superior Completo. Considerando que o PROUNI é um programa para quem não possui educação superior e a amostra desta pesquisa são alunos de 2011, os 4 alunos responderam a pesquisa em fevereiro de 2012, quando, na realidade já eram concluintes da Universidade pesquisada. Foi questionado também a respeito da realização do ensino médio pelos alunos PROUNI, 96,48% dos ingressantes e 92,59% dos concluintes estudaram em escola pública. Assim, os alunos bolsistas são, majoritariamente, oriundos de escolas públicas. Tabela 34 - Ensino Médio (ingressantes) Ingressantes somente em escola particular (com bolsa) somente em escola pública Tabela 35 - Ensino Médio (concluintes) Qtde. Percentagem 2 1,41% Concluintes somente em escola particular (com bolsa) Qtde. Percentagem 2 3,70% 137 96,48% somente em escola pública 50 92,59% maior parte em escola particular 0 0,00% maior parte em escola particular 0 0,00% maior parte em escola pública 0 0,00% maior parte em escola pública 0 0,00% Sem resposta 3 2,11% Sem resposta 2 3,70% 142 100,00% Total 54 100,00% Total 71 Somente 1,41% dos ingressantes e 3,70% dos concluintes estudaram em escola particular na condição de bolsista, considerando que, para atender aos critérios estabelecidos pelo PROUNI, previstos na Lei 11.096/2005, no artigo 2º, inciso I, a bolsa é destinada a estudante que tenha cursado o ensino médio completo em escola da rede pública ou em instituições privadas na condição de bolsista integral. Estes dados confirmam que o PROUNI atende os jovens cujo perfil esteja de acordo com os requisitos de perfil socioeconômico estabelecido na Lei nº 11.096/2005, para a obtenção da bolsa integral e parcial. Para conhecermos o perfil profissional dos alunos que participaram da pesquisa, dividimos o perfil dos estudantes nas seguintes subcategorias: Situação profissional, Região que trabalha, Tempo de trabalho, Atividade relacionada ao curso e Educação superior por meio do PROUNI. Em relação à situação profissional dos alunos ingressantes, 52,82% alegaram que são assalariados em empresa privada; 9,86% são assalariados em instituição pública e 27,46% estão a procura de emprego. Tabela 36 - Situação profissional (ingressantes) Ingressantes Qtde. Percentagem Tabela 37 - Situação profissional (concluintes) Concluintes Qtde. Percentagem autônomo 3 2,11% autônomo 2 3,70% assalariado em empresa privada 75 52,82% assalariado em empresa privada 31 57,41% empresário 0 0,00% empresário 1 1,85% aposentado 0 0,00% aposentado 0 0,00% assalariado em instituição pública 14 9,86% assalariado em instituição pública 6 11,11% à procura de emprego 39 27,46% à procura de emprego 12 22,22% nunca trab. e não está procurando 6 4,23% nunca trab. e não está procurando 0 0,00% 5 3,52% Sem resposta 2 3,70% 142 100,00% Total 54 100,00% Sem resposta Total Dos alunos concluintes, 57,41% alegaram que são assalariados em empresa privada; 11,11% são assalariados em instituição pública e 22,22% estão a procura de emprego. 72 Observa-se que há uma diferença de 5 pontos percentuais, entre ingressantes e concluintes, dos que são assalariados em empresas privadas e uma redução em 5 pontos percentuais dos que estão a procura de emprego. Embora não se possa afirmar, é possível que a Educação Superior possa ter contribuído para a obtenção de emprego/estágio no caso dos concluintes. A pesquisa revela que 40% dos alunos ingressantes e concluintes atuam profissionalmente na região da Zona Leste. Considerando que a maioria das vagas PROUNI da Universidade pesquisada é dos campi localizados na referida região, este fato parece facilitar a locomoção entre a Universidade e a Residência dos alunos. Tabela 38 - Região que trabalha Tabela 39 - Região que trabalha (ingressantes) (concluintes) Ingressantes Qtde. Percentagem zona Leste 58 40,85% zona Oeste 7 4,93% zona Sul 12 8,45% zona Norte 8 5,63% zona Central 24 16,90% outros municípios 28 19,72% Sem resposta 5 3,52% Total 142 100,00% Concluíntes Qtde. Percentagem zona Leste 22 40,74% zona Oeste 3 5,56% zona Sul 7 12,96% zona Norte 4 7,41% zona Central 7 12,96% outros municípios 9 16,67% Sem resposta 2 3,70% Total 54 100,00% No que se refere ao tempo de trabalho dos ingressantes, 29,58% trabalham a menos de 1 ano, considerando que para esta amostra foram selecionados alunos de 1º e 2º semestres, é possível que estes alunos tenham iniciado a vida profissional com o ingresso no Ensino Superior. Embora não se possa afirmar, é possível que os concluintes trabalhem na área em que estudaram se considerarmos que o curso de graduação tem duração de 2 a 5 anos e a informação da tabela 41, que aponta que 48,15% dos concluintes trabalham a mais de 3 anos, e a informação da tabela 43, que revela que 53,7% exerce atividade relacionada ao curso. 73 Tabela 40 – Tempo de trabalho (ingressantes) Ingressantes Qtde. Percentagem há menos de um ano 42 29,58% de um a dois anos 32 22,54% de dois a três anos 11 7,75% mais de três anos 33 23,24% nunca trabalhou 19 13,38% Sem resposta 5 3,52% Total 142 100,00% Tabela 41 - Tempo de trabalho (concluintes) Concluíntes Qtde. Percentagem há menos de um ano 11 20,37% de um a dois anos 7 12,96% de dois a três anos 6 11,11% mais de três anos 26 48,15% nunca trabalhou 2 3,70% Sem resposta 0 3,70% Total 54 100,00% O que pode ser observado entre as tabelas 42 e 43 é que há uma diferença de 21 pontos percentuais entre concluintes e ingressantes que exercem atividade profissional relacionada ao curso. No que se refere aos ingressantes, apesar de 42,25% dos alunos não exercerem atividades relacionadas ao curso, 32,39% alegaram exercer atividade relacionada ao curso. Tabela 42 - Atividade relacionada ao Tabela 43 - Atividade relacionada ao curso (ingressantes) curso (concluintes) Ingressantes Qtde. Percentagem sim 46 32,39% não 60 42,25% não exerce ativ. profis. 31 21,83% Sem resposta 5 3,52% Total 142 100,00% Concluíntes Qtde. Percentagem sim 29 53,70% não 18 33,33% não exerce ativ. profis. 5 9,26% Sem resposta 0 3,70% Total 54 100,00% Desta forma, estes dados levam ao entendimento de que o ingresso na Educação Superior pode ter possibilitado os alunos concluintes a exercerem atividade relacionada ao curso, considerando que 53,7% dos que responderam ao questionário alegaram que atuam profissionalmente no curso escolhido. Como pode ser observado nas tabelas 44 e 45, embora não possa ser afirmado, é possível que o fato do aluno estar no Ensino Superior, por meio do PROUNI, possibilitou aos alunos ingressantes e concluintes: ingressar no estágio profissional e no mercado de trabalho. 74 Há que se destacar que há uma diferença de 16 pontos percentuais em que os concluintes mudaram de cargo e salário, comparando aos ingressantes. Tabela 44 - O fato de você estar no Ensino Superior, Tabela 45 - O fato de você estar no Ensino Superior, por meio do Programa Universidade para Todos por meio do Programa Universidade para Todos possibilitou-lhe: (ingressantes) possibilitou-lhe: (concluintes) Ingressantes Qtde. Percentagem Concluíntes Qtde. Percentagem estágio 22 15,49% estágio 10 18,52% ingressar no mercado de trabalho 15 10,56% ingressar no mercado de trabalho 7 12,96% atuar em área diferente do curso 9 6,34% atuar em área diferente do curso 3 5,56% mudança de função/cargo 5 3,52% mudança de função/cargo 0 0,00% melhoria salarial 9 6,34% melhoria salarial 5 9,26% mudança de cargo e salarial 7 4,93% mudança de cargo e salarial 11 20,37% ainda não está exerc. ativ. profis. 70 49,30% ainda não está exerc. ativ. profis. 16 29,63% Sem resposta 5 3,52% Sem resposta 2 3,70% 142 100,00% Total 54 100,00% Total É possível afirmar a importância do estágio para a formação profissional em virtude de ser um processo de aprendizagem indispensável a um profissional que deseja estar preparado para enfrentar os desafios de uma carreira. O estágio é a oportunidade de assimilar a teoria e a prática e conhecer a realidade do dia-a-dia. A Lei nº 11.788/2008, define o estágio de estudantes: Art. 1o - Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. § 1o - O estágio faz parte do projeto pedagógico do curso, além de integrar o itinerário formativo do educando. § 2o - O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho. Art. 2o - O estágio poderá ser obrigatório ou não-obrigatório, conforme determinação das diretrizes curriculares da etapa, modalidade e área de ensino e do projeto pedagógico do curso. 75 Para conhecermos a vida acadêmica dos alunos que participaram da pesquisa, dividimos o perfil dos estudantes nas seguintes subcategorias: Disponibilidade para estudo, Motivo de escolha do curso, Sentimento em relação à escolha do curso, Motivo de escolha da Universidade, Dificuldades acadêmicas e Dificuldades financeiras. Foi questionado também o tempo que o aluno possui para se dedicar aos estudos fora da sala de aula. Os estudantes PROUNI necessitam trabalhar, sem deixar a dedicação aos estudos, isso porque precisam manter boas notas para a manutenção da bolsa. De acordo com o Manual do PROUNI, o aproveitamento acadêmico deve ser, no mínimo, de 75% das disciplinas cursadas em cada período letivo. Um estudante que cursa quatro disciplinas em um período letivo deverá ser aprovado em, pelo menos, três disciplinas, o que representa um percentual de aprovação de 75%. Caso seja aprovado em apenas duas disciplinas, poderá ter a sua bolsa encerrada, visto que totalizou somente 50% de aproveitamento (Manual do Bolsista PROUNI, 2011). Tabela 46 - Disponibilidade para estudar (ingressantes) Ingressantes Qtde. Percentagem Tabela 47 – Disponibilidade para estudar (concluintes) Concluíntes Qtde. Percentagem de uma a cinco horas semanais 67 47,18% de uma a cinco horas semanais 22 40,74% mais de cinco horas semanais 38 26,76% mais de cinco horas semanais 16 29,63% apenas nos períodos de provas 15 10,56% apenas nos períodos de provas 8 14,81% não dispõe de tempo para estudar 9 6,34% não dispõe de tempo para estudar 2 3,70% Sem resposta 13 9,15% Sem resposta 6 11,11% Total 142 100,00% Total 54 100,00% Como pode ser observada nas tabelas 46 e 47, a maior percentagem entre ingressantes e concluintes, é a de que se dedicam de uma a cinco horas semanais aos estudos. Este dado foi confirmado nas respostas de questões abertas, o reduzido tempo para estudar se justifica em virtude de necessitarem trabalhar para ajudar a família e suprir os gastos de estudante. Nesse sentido, pode-se observar que, embora tenham conseguido acesso à educação superior, os bolsistas PROUNI não têm condições ideais para o estudo, visto que sua jornada de trabalho é extensa, de acordo com dados coletados. 76 O Programa Universidade para Todos possui um benefício denominado bolsa Permanência. Esta bolsa é atribuída aos estudantes de bolsa integral matriculados em cursos presenciais com, no mínimo, seis semestres de duração e carga horária média igual ou superior a seis horas diárias de aula. A referida bolsa é um benefício com o objetivo exclusivo de custeio das despesas educacionais e o valor é de 300 reais. Porém, grande parte dos cursos de graduação oferecidos em nível nacional, incluindo os da Universidade pesquisada, são de quatro horas diárias. Por esta razão, os alunos PROUNI não têm direito ao benefício da bolsa permanência. Assim, para custear despesas de alimentação, transporte e materiais didáticos, estes alunos necessitam contar com o apoio da família e/ou trabalhar para custear despesas educacionais. No que se refere à escolha do curso, mais de 70% dos ingressantes e concluintes alegaram que o principal motivo de escolha do curso está relacionado à identificação com a área, apenas 11% fizeram a escolha do curso em virtude da demanda do mercado de trabalho. Tabela 48 - Motivo de escolha do curso indicação em teste vocacional identificação com a área ascensão profissional/social 49 - Motivo de escolha do curso (concluintes) (ingressantes) Ingressantes Tabela Qtde. Percentagem Concluintes Qtde. Percentagem 3 2,11% indicação em teste vocacional 1 1,85% 100 70,42% identificação com a área 39 72,22% 8 5,63% ascensão profissional/social 0 0,00% interferência da família/amigos 0 0,00% interferência da família/ amigos 1 1,85% mercado de trabalho 15 10,56% mercado de trabalho 6 11,11% valor da mensalidade 0 0,00% valor da mensalidade 0 0,00% curso gratuito 3 2,11% curso gratuito 1 1,85% Sem resposta 6 11,11% Total 54 100,00% Sem resposta 13 9,15% Total 142 100,00% 77 É muito positivo que a maioria dos alunos escolheram o curso por se identificarem com a área, em virtude de confirmar que o PROUNI concede bolsas na área pretendida de formação, o que vem de encontro com a visão de alguns alunos observados na coleta de dados. O propósito do questionamento sobre os sentimentos foi para confirmar o motivo de escolha do curso. Tabela 50 – Sentimento em relação ao curso escolhido (ingressantes) Ingressantes Qtde. Percentagem acha que fez uma boa escolha 110 77,46% tem dúvidas se foi uma boa escolha 8 5,63% acha que não foi a melhor escolha, mas irá até o fim 7 4,93% não foi o curso escolhido, mas cursará para possuir curso superior 2 1,41% está arrependido, pensando em desistir 2 1,41% Sem resposta 13 9,15% Total 142 100,00% Tabela 51 - Sentimento em relação ao curso escolhido (concluintes) Concluintes Qtde. Percentagem acha que fez uma boa escolha 36 66,67% tem dúvidas se foi uma boa escolha 7 12,96% acha que não foi a melhor escolha, mas irá até o fim 3 5,56% não foi o curso escolhido, mas cursará para possuir curso superior 1 1,85% está arrependido, pensando em desistir 1 1,85% Sem resposta 6 11,11% Total 54 100,00% As tabelas 48 e 49 mostram que os alunos escolheram o curso em virtude de se identificarem com a área, o que vem ao encontro das informações das tabelas 50 e 51 em que os alunos manifestaram seu sentimento em relação ao curso escolhido. A pesquisa revelou que a maioria dos alunos ingressantes e concluintes acreditam que fizeram uma boa escolha do curso. 78 Pode-se, mais uma vez, confirmar que os alunos PROUNI estão satisfeitos com o curso, considerando que, além de haver identificação com a área, fizeram boa escolha, e a satisfação com o Programa é confirmada na coleta de dados. As bolsas são distribuídas de acordo com a pontuação no ENEM, porém, na coleta de dados foi observada que há, por parte de alguns alunos, o entendimento de que o PROUNI concede bolsas a cursos de menor custo para a Instituição, o que é um entendimento equivocado, pois as vagas são distribuídas de acordo com a nota no ENEM e a bolsa de acordo com a renda do candidato. A busca para conhecer os motivos de escolha da Universidade se deu a fim de conhecer a expectativa do aluno ingressante, bem como o que este aluno procura e prioriza para a sua formação. Tabela 52 - Motivo(s) de escolha da Universidade. Escolha até 3 alternativas. (ingressantes) Ingressantes Qtde. Percentagem metodologia de ensino 25 7,37% proposta do curso 20 5,90% qualidade de ensino 82 24,19% localização 73 21,53% infraestrutura 19 5,60% obteve bolsa 100% PROUNI 52 15,34% valor da mens. (caso dos alunos com bolsas 50% PROUNI) 35 10,32% é a única na região que oferece o curso escolhido 8 2,36% recomendação de amigos/familiares 12 3,54% Sem resposta 13 3,83% Total 339 100,00% Os três principais motivos dos ingressantes escolherem a Universidade estão relacionados: primeiro, à qualidade de ensino; segundo, à localização; e, terceiro, ao fato de obter bolsa 100% PROUNI. É possível que tenham classificado a Universidade pesquisada pelo fato da obtenção da nota 5 no Conceito de Avaliação Institucional pelo Ministério da Educação, em 2009. Além disso, pode ser atribuído também ao fato de o aluno se sentir satisfeito com o conhecimento que vem recebendo. A exigência da qualidade está prevista no artigo 7º, § 4º, da Lei nº 11.096/2005: 79 Art. 7o As obrigações a serem cumpridas pela instituição de ensino superior serão previstas no termo de adesão ao Prouni, no qual deverão constar as seguintes cláusulas necessárias: § 4o O Ministério da Educação desvinculará do Prouni o curso considerado insuficiente, sem prejuízo do estudante já matriculado, segundo critérios de desempenho do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES, por duas avaliações consecutivas, situação em que as bolsas de estudo do curso desvinculado, nos processos seletivos seguintes, deverão ser redistribuídas proporcionalmente pelos demais cursos da instituição, respeitado o disposto no art. 5o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.509, de 2007 (grifos nossos). Constitui obrigações das Instituições de Ensino que aderem ao PROUNI zelar pelas avaliações dos cursos, sob pena do Ministério da Educação; desvincular o curso do PROUNI, caso haja duas avaliações consecutivas insuficientes. O segundo motivo para escolha da Universidade é a localização. Os alunos preferem estudar próximo à residência, como apontado na coleta de dados, que revelou que cerca de 70% residem na zona Leste, onde há o campus A, que possui mais vagas em relação aos outros campi. A busca para conhecer os motivos de escolha da Universidade se deu a fim de conhecer a opinião do aluno concluinte, bem como estabelecer se há diferença de opiniões entre os ingressantes, haja vista que o aluno concluinte já possui vivência na Universidade. Tabela 53 - Motivo(s) de escolha da Universidade. Escolha até 3 alternativas. (concluintes) Concluintes Qtde. Percentagem metodologia de ensino 7 6,03% proposta do curso 6 5,17% qualidade de ensino 19 16,38% localização 28 24,14% infraestrutura 7 6,03% obteve bolsa 100% PROUNI 31 26,72% valor da mens. (caso dos alunos com bolsas 50% PROUNI) 5 4,31% é a única na região que oferece o curso escolhido 3 2,59% recomendação de amigos/familiares 10 8,62% Total 116 100,00% 80 Já os concluintes alegaram ter escolhido a Universidade pelos seguintes motivos: primeiro, a obtenção de bolsa 100% PROUNI; segundo, a localização; e, terceiro, a qualidade de ensino. Se comparada a opinião dos ingressantes com os dos concluintes, nota-se que há uma inversão na ordem dos motivos que levaram os concluintes a escolherem a Universidade. Enquanto o primeiro principal motivo dos ingressantes em escolher a Universidade é a qualidade de ensino, para os concluintes este fator fica em terceiro lugar. Não foi possível conhecer a causa da inversão dos motivos de escolha da Universidade entre os ingressantes e concluintes. A pesquisa também revelou que as dificuldades de nível financeiro são as mesmas para ingressantes e concluintes. As três principais dificuldades estão relacionadas à compra de livros, meio de transporte e alimentação. Tabela 54 - Dificuldades financeiras (ingressantes) Ingressantes Qtde. Percentagem compra de livros 61 30,50% com alimentação 31 15,50% meio de transporte 40 20,00% acesso a internet 3 1,50% ajuda de custo para xerox 15 7,50% não teve dificuldade alguma 25 12,50% nenhuma das alternativas anteriores 12 6,00% Se resposta 13 6,50% Total 200 100,00% Tabela 55 – Dificuldades financeiras (concluintes) Concluíntes Qtde. Percentagem compra de livros 21 28,38% com alimentação 13 17,57% meio de transporte 16 21,62% acesso a internet 4 5,41% ajuda de custo para xerox 6 8,11% não teve dificuldade alguma 10 13,51% nenhuma das alternativas anteriores 4 5,41% Total 74 100,00% 81 Apenas 12% e 13% dos ingressantes e concluintes, respectivamente, não alegaram dificuldades de ordem financeira. Carvalho (2006, p.13) identificou essas dificuldades e pronunciou sua dúvida quanto ao atendimento social pelo PROUNI: Quanto ao caráter social, há dúvidas quanto a sua efetividade, uma vez que a população de baixa renda não necessita apenas da gratuidade integral ou parcial para estudar, mas de condições que apenas as instituições públicas, ainda, podem oferecer, tais como: moradia estudantil, alimentação subsidiada, assistência médica disponível nos hospitais universitários, bolsas de pesquisas, entre outros. As dificuldades apresentadas demonstram que há de ser garantido não só o acesso à universidade, com a gratuidade ou a concessão de bolsa parcial da mensalidade, mas a permanência destes alunos, já que, para se manterem no curso, outras exigências são postas, entre as quais os materiais escolares, meio de transporte e alimentação. Lambertucci (2007, p. 81) observa que: Conceberam um programa que oferece bolsas de estudo, oportunidade para muitos de fazer um curso superior, sem, no entanto, prever as condições necessárias para tal. Sabemos que, além da falta de recursos que supram suas necessidades cotidianas dentro e fora da universidade, precisam de um esforço sobre-humano para estudar, para aprender. Os dados coletados confirmam que os alunos PROUNI carecem de condições econômicas para se manterem na Universidade, principalmente aqueles que possuem 50% de bolsa de estudos, conforme será abordado adiante. Em relação às dificuldades acadêmicas, 46,05% dos ingressantes e 53,70% dos concluintes declararam não possuí-las durante o curso. Tabela 56 - Dificuldades acadêmicas (ingressantes) Ingressantes Qtde. Percentagem acompanhar o conteúdo das disciplinas do curso escolhido 30 19,74% sofreu algum tipo de discriminação por ser aluno do PROUNI 6 3,95% relacionamento com professores 5 3,29% não teve dificuldade alguma 70 46,05% nenhuma das alternativas anteriores 28 18,42% Sem resposta 13 8,55% Total 152 100,00% 82 Tabela 57 - Dificuldades acadêmicas (concluintes) Concluíntes Qtde. Percentagem acompanhar o conteúdo das disciplinas 6 11,11% sofreu algum tipo de discriminação por ser aluno do PROUNI 1 1,85% relacionamento com professores 4 7,41% não teve dificuldade alguma 29 53,70% nenhuma das alternativas anteriores 10 18,52% Sem resposta 4 7,41% Total 54 100,00% No que se refere ao acompanhamento do conteúdo das disciplinas, 19,74% dos ingressantes e 11,11% dos concluintes declararam que tiveram alguma dificuldade acadêmica. A dificuldade acadêmica dos estudantes no acompanhamento do conteúdo das disciplinas é atribuída à falta de qualidade da educação básica da escola pública. Uma recente pesquisa realizada pelo Ideb 2011 (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) revelou que o aluno do ensino médio na escola pública sabe menos que o do fundamental na particular. Um aluno da rede privada sai dos anos finais do ensino fundamental (9º ano) com pontuação 298,42 em matemática enquanto um aluno da rede pública termina o ensino médio com conhecimento de 265,38 pontos na escala Saeb, que vai de 0 a 500. Em português acontece o mesmo: na escola particular, o aluno do 9º ano tem proficiência de 282,25. Já o estudante da rede pública alcança ao final do ensino médio com 261,38 em português12. A falta de qualidade da educação básica pode ser atribuída pela ausência de movimentos da sociedade perante este problema e de políticas públicas eficientes que tragam resultados, com propostas do Estado e dos planos diretores. Para Squizato (2006), a falta de indignação da sociedade diante da baixa qualidade da escola pública também faz parte do problema educacional no Brasil. 12 http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/08/16/aluno-da-escola-publica-sai-do-medio-sabendomenos-que-estudante-do-fundamental-da-particular.htm, acesso em 16.08.2012. 83 Marques, Pelicioni e Pereira (2007, p. 10) entendem que: ...a sociedade não tem uma educação pública básica de qualidade porque esta não é prioridade do poder público. Por outro lado, o poder público não a prioriza porque isso não constitui uma demanda da sociedade e, portanto, não desperta o interesse político. É necessária a mudança deste cenário na educação com o empenho da sociedade, do Estado e dos professores, para que haja uma grande reestruturação qualitativa da educação básica. (MARQUES, PELICIONI e PEREIRA, 2007). O quesito da tabela 58 foi perguntado somente aos concluintes, em virtude de estarem a mais tempo na Universidade, o que permite uma melhor expressão de sua experiência como aluno. Tabela 58 - A oportunidade em fazer um curso superior, possibilitoulhe: (concluintes) Concluíntes Qtde. Percentagem estágio 5 9,26% melhores oportunidades profissionais 25 46,30% formação técnica para a atividade que já exerce 2 3,70% cumprir uma exigência da empresa em que trabalha 0 0,00% obter um título/diploma universitário 16 29,63% Sem resposta 6 11,11% Total 54 100,00% Destaca-se as duas maiores percentagem: os estudantes declaram que o curso superior proporcionou melhores oportunidades profissionais e a obtenção de um diploma universitário. O Programa surge não só como alternativa de acesso à universidade, mas como possibilidade de melhoria no mercado de trabalho. Conforme o documento base da 1ª Conferência Nacional de Juventude (2007, p. 09) é fundamental reconhecer que educação e trabalho não são dimensões separadas na vivência juvenil. Através do trabalho continuado, o jovem melhora a sua vida no presente e também assegura um futuro autônomo, sem dependência em relação a seus pais. É preciso oferecer oportunidades de formação profissional e criar novos postos de trabalho, em condições dignas e com remuneração justa. 84 3.2 O que dizem os alunos ingressantes sobre o PROUNI Na primeira pergunta feita aos ingressantes: Como você avalia o Programa Universidade para Todos? Quais fatores a seu entender aprimorariam o referido Programa que tem como propósito o ingresso na educação superior privada? Foi possível conhecer a opinião dos estudantes beneficiários. Primeiramente, as respostas foram categorizadas de acordo com os adjetivos utilizados pelos alunos, os quais avaliam o PROUNI como: extrema importância, excelente, muito bom, ótimo, oportunidade e alternativa de ingresso em universidade particular. Foi possível também identificar, nas respostas da primeira pergunta, as críticas e recomendações feitas pelos estudantes, com o objetivo de aprimoramento do Programa, as quais serão apresentados adiante. Após a categorização de acordo com os adjetivos utilizados à primeira pergunta, obteve-se 51 respostas, das quais 6 foram selecionadas. Os ingressantes avaliam muito bem o PROUNI, como um programa de extrema importância em virtude da possibilidade do acesso a alunos de baixa renda na Educação Superior. Aluno 1 - O PROUNI é de extrema importância para mim e meus colegas do programa. A sua oferta possibilitou o meu ingresso em uma universidade de boa qualidade, a qual não poderia cursar caso não tivesse bolsa de 100% concedida. Aluno 2 - É um ótimo programa para quem não tem condições ou tem um planejamento financeiro no qual depende da bolsa, dá oportunidades de ingresso no mercado de trabalho a quem não tem condições de fazer um bom cursinho ou até mesmo tem dificuldades em passar em vestibulares públicos. Os ingressantes se expressaram de forma muito positiva sobre o Programa, considerada a oportunidade de fazer o curso pretendido. Aluno 3 - Avalio de uma forma muito positiva, até porque senão fosse pelo programa, não sei se estaria cursando ensino superior, sobretudo nesse curso que eu queria tanto. Foi a melhor coisa que o governo já inventou, assim possibilitando o acesso a todos os jovens, que se dispõe de poucos recursos. 85 Aluno 4 - Avalio como positivo, é uma oportunidade para quem não pode pagar, vem ajudando a varias famílias que nunca puderam ter um filho em uma universidade, hoje podem ter filhos formados, e assim melhorando a vida de toda uma família. A declaração do aluno em afirmar que está cursando a Educação Superior “sobretudo em curso que queria tanto”, vem ao encontro dos dados relativos à escolha do curso, dos quais mais de 70% dos ingressantes e concluintes alegaram que o principal motivo de escolha do curso está relacionado à identificação com a área. Aluno 5 - O curso é uma boa alternativa para alunos com baixa renda, pois as universidades públicas que deveriam ser destinadas à este grupo tem a maioria de suas vagas ocupadas por alunos que cursaram escolas particulares e cursinhos, um tanto quanto contraditório. Em sua grande maioria, alunos que cursaram escolas particulares, tem maiores condições financeiras para arcar com os custos da universidade. Aluno 6 - Gosto do PROUNI, isso me possibilitou ingressar na universidade, tenho outros compromissos financeiros que não me permitiria arcar com esta despesa no seu valor integral. Há um entendimento, por parte do aluno, de que o Programa é alternativa de acesso à universidade privada, em virtude das vagas das universidades públicas serem ocupadas por alunos que cursaram o ensino médio em escolas particulares, porque são melhores preparados a realizarem o vestibular. Como mencionado anteriormente, os estudantes fizeram críticas e recomendações ao Programa. Primeiramente, serão expostas as criticas. Para isso, foram selecionadas 11 falas de estudantes, expostas a seguir. Os alunos fizeram críticas com o objetivo de aprimoramento ao Programa. Informaram que a confirmação dos dados pelo sistema PROUNI é burocrática e morosa, em virtude das dificuldades para comprovar a documentação, entre as quais a de renda. Em virtude disso, foram chamados para matrículas após o início das aulas. 86 Aluno 1 - É um programa muito burocrático, as exigências e processo são muito demorados, atrapalhando muitas vezes de começar o curso na data correta. Argumentaram que a renda familiar usada como critério deveria ser revista, considerando que nem sempre o bolsista que obtêm 50% de bolsa pode pagar os outros 50% do curso, considerando aos gastos familiares mensais existentes. Aluno 2 - Na oferta do ingresso na educação superior privada, alguns casos poderiam ser avaliados individualmente, em relação à renda. Pois há pessoas que possuem renda superior ao indicado e mesmo assim, não conseguem arcar com os custos da faculdade por arcarem com despesas básicas. É claro que temos que respeitar as normas do programa, mas é um ponto a ser observado, pois seriam casos específicos. Aluno 3 - O PROUNI deve ser aprimorado. A avaliação feita pelo PROUNI está, em minha opinião, incompleta, pois essa só avalia a renda do participante, mas não levam em consideração os gastos básicos mensais de cada aluno. Exemplo: mercado, água, luz, gás, aluguel, condomínio. Se a avaliação do PROUNI considerasse que cada região tem uma base de valores desses produtos/serviços, levaria em conta que cada aluno tem um gasto diferente para os mesmos. Aluno 4 - Principal dificuldade é sobre a renda per capita, pois no meu caso se pega a renda divide por quatro só que não levam em consideração que esse salário se paga aluguel, água, luz, internet, dentista, plano de saúde e etc... não sobra dinheiro para se pagar universidade gostaria que melhorasse o modo de se calcular a renda levando em consideração outros fatores! Há quem considera alta a exigência de 75% de aproveitamento das disciplinas para a manutenção da bolsa e, por isso, sente-se inseguro em perder a bolsa e sugere que as dependências adquiridas sejam arcadas pelos alunos, assim não haverá temor em perder a bolsa. Aluno 5 - Uma ótima iniciativa, apenas um ponto negativo vejo na questão bolsa, onde o aluno tem necessariamente que ter 75% de aprovação, onde nos alunos que trabalham e não tem muito sempre pra estudar pode a qualquer momento passar por essa situação e correr o risco de perder a bolsa, nesse caso eu aprimoraria da seguinte forma, os alunos que ficassem de na nota o PROUNI não cobriria aquela matéria em que ele ficou, bem assim ficaria mais fácil, pois o mesmo se sentiria seguro pois não perderia a bolsa. Aluno 6 - Mudaria a forma de aproveitamento, mesmo sabendo que o aluno bolsista deve ter um rendimento satisfatório para ter a manutenção da bolsa. 87 Os ingressantes alegaram falta de flexibilidade imposta pelo sistema do Programa, que não permite a troca de turno, de curso e de campus, fato que causa prejuízos aos alunos, que os deixam impossibilitados de estagiar ou trabalhar devido ao horário. Um aluno que estuda no período matutino e é selecionado para vaga de estágio no mesmo período não consegue alterar o horário do curso, em virtude do sistema PROUNI não permitir. Aluno 7 - Apenas o fato de que, por eu morar na zona sul e estudar no campus da Liberdade, acabo chegando atrasada algumas vezes por causa do transito e, quando perguntei por uma possível transferência, fui informada de que, por ser bolsista do PROUNI, não tenho direito a transferências de qualquer tipo. Aluno 8 - A minha maior dificuldade é não poder trocar de horário ou curso devido a bolsa. Os alunos criticaram a falta de transparência do processo de distribuição de bolsas pelo MEC. Nota-se que há desconhecimento, por parte do aluno, da legislação do PROUNI e do Manual do Bolsista disponíveis no site do PROUNI. Aluno 9 - Um detalhe que julgo importante acredito que a margem de desconto 50% ou 100% deveria ser concedida de acordo com a analise sócio econômica e não com a pontuação nas provas. Óbvio que quem passou por uma escola particular, por exemplo, têm chance de acertar mais questões que quem estudou em escola pública. Aluno 10 - Apenas a forma que é aplicada e desenvolvida pelas universidades poderia ser melhor. Por exemplo, como ja foi citado, a exposição/explicação dos direitos que os alunos contemplados têm ou deixam de ter. Aluno 11 - Exigir que as universidades participantes do programa uniformizem os direitos dos estudantes contemplados e/ou exponham, de forma clara, os direitos e deveres do contemplado. No que se refere às recomendações feitas pelos estudantes, foram selecionadas 12 falas, apresentadas a seguir. Os alunos ingressantes fizeram sugestões ao governo federal. Solicitaram o aumento de vagas para bolsas integrais e parciais e a ampliação de convênios com mais universidade particulares. 88 Aluno 1 - O Programa Universidade para Todos foi e é de grande ajuda para pessoas com dificuldades financeiras que querem estudar, mas, acredito que quantidade de bolsas oferecidas por curso ainda é pouca em relação ao número de alunos interessados. Aluno 2 - A quantidade de bolsas integrais ainda é muito pequena para a demanda. Aluno 3 - Deveria ser oferecido maior numero de vagas pelo governo. Aluno 4 - Acredito que mais universidades deveriam aderir a ele. Aluno 5 - Acho que uma maior oferta de vagas nessas instituições Aluno 6 - O que aprimoraria a oferta do ingresso na educação são mais vagas, apesar de estar em uma faculdade boa, penso nos outros que precisam também e não conseguiram por falta de vaga. Porém não acho necessário diminuir a nota para o ingresso, e acho necessária a melhoria do ENEM. Os alunos sugeriram, ainda, maior e melhor divulgação do Programa, alegando que muitos brasileiros desconhecem este benefício. Aluno 7 - É necessário que a comunidade tenha mais conhecimento de como adquirir, e as dúvidas a respeito do Enem, o acesso a informações de cadastros devem ser mais esclarecidos e com mais divulgação. Aluno 8 - Mais propagandas através da mídia poderiam alcançar mais jovens e incentivá-los a ingressar na universidade. Os estudantes bolsistas recomendaram um tipo de auxilio para sua manutenção e permanência na Universidade. Aluno 9 - Um tipo de auxilio que ajudasse na compra de livros, xerox, alimentação. Pelo menos nos primeiros semestres já que muito não tem condições Aluno 10 - Acredito que o programa não só deveria conceder a bolsa, como também o transporte e material do aluno. Convenhamos, minha renda é baixa, assim como os outros alunos com 100% de bolsa. Não basta presentear alguém com um belo carro, se a pessoa não conseguir arcar com os custos de manutenção do mesmo. O governo brasileiro garantiu a inclusão, o acesso destes jovens na educação superior, porém, há de se pensar em uma política de permanência para que tenham melhores condições para estudar. 89 Uma forma de se resolver a questão da permanência é a de que a concessão da Bolsa Permanência seja um benefício não só para o aluno que estuda 6 horas diárias, mas para todos os alunos, pois vivem grandes dificuldades de obtenção de livros e meios para pagamento de transporte público e alimentação, o que vem ao encontro dos dados das tabelas 54 e 55. Sugeriram ainda, outras formas de ingresso, além do ENEM, e mudanças no sistema de elaboração e aplicação do ENEM, em virtude de os últimos exames terem prejudicado muitos brasileiros que pretendiam ingressar na Educação Superior por meio do PROUNI. Aluno 11 - Talvez ajudaria se tivesse outras formas de ingresso, devido às constantes falhas no ENEM. Observa-se, novamente, um desconhecimento do Programa por parte do aluno, em virtude da sugestão de financiamento de 50% da bolsa para os alunos com bolsas parciais. No site do PROUNI, há informações para estes bolsistas sobre a opção de utilização do FIES para financiar os outros 50% da bolsa. Aluno 12 - Creio que deveria haver mais vagas, e os critérios para ceder às bolsas deveriam ser mais bem analisados, e no caso de 50% de bolsa, deveria haver um projeto de financiamento, pois a maioria não tem como manter nem a metade. As críticas e recomendações realizadas pelos estudantes desta pesquisa são as mesmas reivindicações feitas durante o 1º Encontro Municipal dos Estudantes do PROUNI da Cidade de São Paulo, o qual reuniu estudantes bolsistas de todo o Brasil. Neste encontro, foi elaborada a Carta aberta ao Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado da Educação Fernando Haddad. Na referida carta, o PROUNI é reconhecido como grande conquista dos estudantes brasileiros e registra-se com convicção, que a grande maioria não estaria na Universidade sem que fosse por meio do PROUNI, porém, há reivindicações: por mais informações, que o MEC desenvolva cartilha explicativa voltada aos estudantes beneficiados, detalhando os direitos e deveres do estudante PROUNI, reformule o site, detalhando melhor os direitos e deveres, e exija das instituições que preparem melhor as Secretarias das Instituições de Ensino para atendimento ao estudante PROUNI; por critérios mais claros para a perda da bolsa; pelo direito à transferência; pela igualdade de concorrência a todos os espaços da universidade; pela garantia 90 de conclusão plena dos cursos; por condições de permanência e programas de inserção no mercado de trabalho; por formação completa; por incentivo de ingresso na pós-graduação; pela implementação real da comissão de acompanhamento e controle social do PROUNI; por formação de qualidade. Na segunda pergunta feita aos ingressantes: Fale sobre a sua satisfação ou não no que se refere ao PROUNI, foi possível identificar que os estudantes beneficiários estão satisfeitos com o Programa, o que pode ser confirmado na fala de 5 alunos. Destaca-se que esta pergunta faz parte de um dos objetivos desta pesquisa. Dos 49 alunos que responderam a segunda pergunta, 46 beneficiários responderam ao questionário que estão satisfeitos com o PROUNI, apenas 3 declararam insatisfação. Aluno 1 - No geral me sinto muito satisfeito com o programa, pois foi graças a ele que ingressei em uma universidade e estou fazendo um curso que gosto Aluno 2 - Estou muito satisfeito com o programa, pois abriu as portas para um novo universo, realmente estou feliz pela oportunidade. Aluno 3 - Plenamente satisfeita. Se não tivesse a bolsa, não estaria cursando o ensino superior. Aluno 4 - O PROUNI me abriu essa oportunidade de cursar o que queria. A única forma de eu entrar em uma faculdade. Estou super satisfeita com o curso e a universidade. Aluno 5 - Através do programa que muitos jovens interessados de baixa renda podem ter um ensino superior de qualidade para conseguir um bom emprego. Com uma formação superior são abertas portas no mercado de trabalho, com melhores condições e salários devido a formação. A satisfação dos bolsistas com o Programa da Universidade vem ao encontro da opinião de estudantes, no âmbito nacional, constatados por Costa (2008) Rizzo (2010) e Pontes (2011), os quais realizaram estudos, em São Paulo e em Brasília, com o objetivo de conhecerem o sentimento dos bolsistas em relação ao PROUNI. Os resultados das pesquisas permitiram afirmar o sentimento de satisfação dos alunos e confirmaram a importância da Instituição de Ensino em continuar aderindo ao PROUNI. 91 A presente pesquisa, bem como as já realizadas, confirmam a satisfação dos alunos quanto ao PROUNI. Para estes, as ações afirmativas foram essenciais para inclusão social e promoção da cidadania, e o principio da igualdade, visto como igualdade de oportunidades, chances da conquista do ingresso na educação superior. As três declarações de estudantes que estão insatisfeitos com o Programa são relativas aos critérios estabelecidos pelo Programa no que se refere à distribuição de bolsas, a falta de condições financeiras custeio de meio de transporte, alimentação e livros e recebimento de informação equivocada sobre trancamento de matrícula. No que se refere a terceira pergunta feita aos ingressantes: Como bolsista PROUNI, você teve algum tipo de dificuldades acadêmicas e/ou financeiras durante o curso? Foi possível mapear as dificuldades acadêmicas e financeiras. Em relação às dificuldades acadêmicas, 10 dos 41 alunos que responderam a pesquisa alegaram possuírem dificuldades acadêmicas. As dificuldades apontadas são relativas ao acompanhamento de conteúdo das disciplinas e a falta de tempo para estudar em razão da necessidade de trabalhar. Considerando que 96,5% dos ingressantes são egressos de escolas públicas a dificuldade em acompanhar o conteúdo das disciplinas na Universidade pode ser atribuída a falta de qualidade do ensino médio público em virtude da defasagem de conteúdos. A dificuldade em acompanhar conteúdos das disciplinas foi declarada também nos dados da tabela 56. Aluno 1 - Bom, por ter estudado sempre em escola pública sinto algumas dificuldades em certos conteúdos até mesmo básico do ensino médio, porém sempre busco me esforçar recuperar os conteúdos, e vejo que (modéstia parte) na maioria das provas me saio melhor que muitos inclusive pagantes, isso também os eventos da faculdade. Minha família me ajuda muito, então consigo arcar com os custos de transporte e alimentação, alem de xerox etc... Quanto ao relacionamento com os colegas, mesmo nem sempre, mas há sim um certo preconceito de alguns e admiração de outros. 92 Aluno 2 - Sabemos que a escola pública, em geral, prepara mal o seu aluno, para uma vida acadêmica. As dificuldades estão presentes no meu cotidiano, mas é preciso se dedicar ainda mais, para garantir um resultado satisfatório. Aluno 3 - Sim. Acompanhar algumas matérias. As dificuldades acadêmicas estão relacionadas não só ao acompanhamento das disciplinas, mas também ao problema de conciliar tempo entre trabalho/estudo/família, isso porque o aluno PROUNI precisa apresentar um rendimento satisfatório para não perderem a bolsa, por isso se esforçam para acompanhar as disciplinas. Aluno 4 - Falta-me um pouco de tempo para estudar mais profundamente os conteúdos passados em sala de aula. Aluno 5 - A dificuldade esta em administrar o tempo entre estudos, trabalho e família. Pois fica complicado estudar um curso puxado sendo que a sua maior parcela do tempo você passa longe dos livros. Das 41 respostas obtidas 31, estudantes alegaram possuírem dificuldades financeiras, as principais são: meios para obtenção de livros, alimentação, meio de transporte, materiais específicos de curso e acesso a internet e fotocópia. Houve, ainda, a indicação da dificuldade no pagamento de 50% do curso, no caso dos alunos portadores de bolsas parciais. Aluno 1 - Seria apenas financeira minha dificuldade: em relação a compra de livros e alguns materiais para trabalhos e em relação a condução. Aluno 2 - Só tenho dificuldade em ter dinheiro todos os dias para me alimentar, pois venho direto do trabalho, almoço as 13:00 e só vou jantar as 23:40, porque não é todo dia que tenho dinheiro para comprar lanches. Aluno 3 - A dificuldade que tenho é financeira principalmente com gastos de transporte, mais que será solucionado em breve, pois estou quase conseguindo o estagio, que me ajudara muito financeiramente. Aluno 4 - Financeira, pois saio às 7 horas da manhã de casa e chego por volta das 13 horas. Os lanches na faculdade são caríssimos e muitas vezes tenho que ficar sem me alimentar. Para fazer uma refeição razoável gasto em média 10 reais por dia e por mês gasto R$ 200,00 isso se não necessitar ficar na Faculdade por mais tempo para estudar ou fazer qualquer trabalho. Academicamente sinto dificuldade no que diz respeito á orientação por parte do PROUNI. Minha bolsa se encontra cancelada e isso porque tive problemas de saúde no ano de 2010 e fui orientada no 93 próprio setor do PROUNI que não podia trancar a matrícula, sendo que esse é um direito que possuo. Aluno 5 - Atualmente sim, mas quando ingressei no curso não. A dificuldade está voltada à parte financeira, e apenas relacionada ao meio de transporte. A situação dos alunos se revela crítica, pois há alunos que não possuem meios para fazer refeições fora de casa, almoçando às 13h e jantando após chegar em casa, às 23h40. A dificuldade relacionada ao pagamento de 50% do curso confirma que os requisitos previstos na Lei nº 11.096/2005 precisam ser reavaliados. Pois, conforme as críticas ao Programa feitas pelos estudantes, os gastos com moradia e alimentação consomem o orçamento familiar. Aluno 6 - Tenho dificuldade financeira para conciliar a mensalidade de 50% e a compra de livros, materiais, xerox, fica um pouco pesado no orçamento Aluno 7 - As vezes sim, devido ser bolsista de 50%, mais sempre tenho o apoio dos familiares. Quando analisamos os dados das respostas das questões abertas percebemos uma confluência com os dados da tabela 54. Há que se garantir não somente o acesso, mas a permanência deste aluno na Universidade. Não só os alunos desta pesquisa, mas os estudantes PROUNI, no âmbito nacional, possuem dificuldades acadêmicas e financeiras, o que pode ser comprovado por Santos (2011) e Neves (2011), que comprovaram a necessidade de implementação de políticas públicas que garantam a permanência e a conclusão do curso aos alunos da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e do Centro Universitário do Norte. 94 3.3 O que dizem os alunos concluintes O mesmo procedimento de apresentação e análise foi utilizado para o grupo de concluintes PROUNI. No que se refere à primeira pergunta: Como você avalia o Programa Universidade para Todos? Quais fatores a seu entender aprimorariam o referido Programa que tem como propósito o ingresso na educação superior privada?, identificamos, mais uma vez, a boa avaliação do programa pelos beneficiários. Primeiramente, as respostas foram categorizadas de acordo com os adjetivos utilizados pelos alunos, os quais avaliam o PROUNI como: extrema importância, excelente, muito bom, ótimo, oportunidade e alternativa de ingresso em universidade particular. Os alunos concluintes também avaliaram muito bem o PROUNI. Consideraram o programa de extrema importância dentro da sociedade e afirmaram que, sem ele, não teriam a chance de se formar, em virtude da baixa renda. Aluno 1 - Foi a oportunidade que tive para ingressar na universidade, sem o desconto concedido pelo programa, principalmente no inicio do curso, eu não teria condições financeiras para cursá-lo. Aluno 2 - Acredito que o PROUNI seja de extrema importância dentro da sociedade, pois proporciona a possibilidade de formação em diversas áreas àquelas pessoas que possuem uma baixa renda. Destaca-se a gratidão dos estudantes concluintes. Há aluno que entende que o PROUNI é um Programa voltado para quem se esforça e luta para alcançar os objetivos pessoais. Outros declararam que esperam retribuir à sociedade por meio de trabalho. Há quem agradeceu aos idealizadores do PROUNI. Aluno 3 - Avalio o PROUNI como uma porta de entrada para o universo acadêmico para aqueles que são inteligentes e esforçados, mas não possuem condições financeiras para arcar com os custos que a faculdade exige. Aluno 4 - Ao final do curso me sinto realizada, agradeço aos idealizadores do PROUNI, ao governo pela oportunidade e espero um dia poder retribuir a sociedade um pouco do que me foi oferecido através do meu trabalho. 95 Aluno 5 - Acredito que o PROUNI é um dos meios mais fáceis para uma pessoa que quer ter uma formação superior, mas não tem condições financeiras para pagar a mensalidade, ou no caso de universidades públicas, ir para cidades distantes e ter que pagar aluguel, materiais de estudo e ainda conseguir tempo para trabalhar. Aluno 6 - O PROUNI é um dos melhores programas de inclusão social já realizado até hoje. Em minha concepção, não há fatores que aprimorem o ingresso na educação superior. Conheço muitos bolsistas PROUNI que conseguiram a bolsa mesmo não atingindo médias relativamente altas no ENEM. Este reconhecimento dos alunos, de que o ingresso no ensino superior traz mudanças de vida, considerando a possibilidade de inserção dos jovens no mercado de trabalho, é sustentado por Faceira (2008) “a educação superior adquire uma enorme importância como instância produtora das fontes de riqueza, geradora e disseminadora do conhecimento”. Aluno 7 - Foi graças ao PROUNI que hoje estou quase formada, então eu acho o PROUNI uma excelente opção para aqueles que não dispõem de recursos financeiros para conseguir ter um diploma no ensino superior. Aluno 8 - O Programa é excelente e deve continuar. Iniciativas como essa são imprescindíveis para a formação educacional do país. Aluno 9 - O PROUNI é um excelente programa para proporcionar o ensino de qualidade das universidades privadas, para quem não tem como pagar por isto. Menos desigualdade na educação. Aluno 10 - Eu consegui conclui meu curso e para mim o PROUNI me deu a chance de realizar um sonho que eu não conseguiria se tivesse que pagar. Assim, o programa surge não só como alternativa de acesso à universidade, mas como possibilidade de inserção dos jovens no mercado de trabalho. Sposito (2005, p. 90) explica que: A instituição escolar, ao se expandir, surge também como um espaço de intensificação e abertura das interações com o outro e, portanto, caminho privilegiado para a ampliação da experiência de vida dos jovens que culminaria com a sua inserção no mundo do trabalho. 96 Observa-se que os mesmos alunos que avaliaram positivamente o Programa fizeram também críticas e recomendações para o aprimoramento da oferta de bolsas. Primeiramente, apresenta-se as críticas dos estudantes. Houve críticas quanto ao sistema de confirmação de dados do PROUNI, em que o aluno teve dificuldades em comprovar a renda, fato que causou prejuízo, pois, sem a comprovação, não há como realizar matrícula e, por isso, houve perdas de aulas. Ressalta-se que esta crítica também é levantada pelos ingressantes. Aluno 1 - O processo inicial é burocrático e, no meu caso, foi realizado com incompetência, o que resultou em Mandato de Segurança. Aluno 2 - No começo tive muito medo de perder a bolsa devido a parte burocrática e a exigência quanto à DP. Mas não tive dificuldade porque estudei e batalhei pra chegar aqui. A falta de flexibilização do sistema PROUNI também foi reclamada, em virtude de os alunos não conseguirem transferência de turno, curso e campus. Há alunos que perderam oportunidade de emprego/estágio porque não conseguiram mudança de turno. Aluno 3 - Eu avalio como Regular, mas tem muito a melhorar no caso do aluno quiser uma transferência de Universidade ele não consegue pois fica preso ao horário e a faculdade por não poder se transferir. Eu mesmo tive esse problema, precisei me transferir de horário ou de Faculdade para o noturno para arrumar um emprego e não consegui porque eu perderia a Bolsa de estudos se eu mudasse de horário, então acabei perdendo a oportunidade de emprego. Recomenda-se a revisão do critério de transferência na legislação que trata sobre o PROUNI, para que não haja prejuízo aos alunos e, assim, possam aproveitar a oportunidade da inserção no mercado de trabalho. Constatou-se apenas um relato de preconceito em relação ao aluno PROUNI. Aluno 4 - As ofertas de cursos ainda são escassos e o meio acadêmico ainda tem um certo preconceito com alunos do PROUNI. 97 Os estudantes beneficiários fizeram também sugestões ao governo. As sugestões apontadas pelos concluintes foram muito semelhantes às dos ingressantes. Destaca-se que apontaram a necessidade de melhor divulgação do Programa nos meios de comunicação, para que mais egressos do ensino médio concorram às vagas. Aluno 1 - Maior divulgação, tanto aos alunos recém-formados, como também aos que concluíram o ensino médio há alguns anos. Os alunos concluintes ainda recomendaram que a promoção de programas de oferta de educação continuada, como a pós-graduação, sejam direcionada aos alunos PROUNI. Esta sugestão é observada apenas nas falas dos alunos concluintes, os quais manifestaram o desejo de continuar se qualificando. Desta forma, expressaram o desejo de dar continuidade nos estudos, observa-se que há uma consciência, por parte dos alunos, de que a educação transforma suas vidas. Aluno 2 - Gostaria muito que o PROUNI pudesse continuar me ajudando no meu sonho de pós-graduação. Aluno 3 - Acredito que poderia ser oferecida a educação continuada Aluno 4 - Melhor que isto, seria se ele se estendesse para pósgraduação. Aluno 5 - Minha sugestão é que o Programa possa dar continuidade na formação, ajudando os alunos que utilizaram o programa durante a graduação a cursar também uma pósgraduação que está sendo cada vez mais exigida pelas empresas. Aluno 6 - Gostaria que existisse esse tipo de bolsa para pósgraduação Recomendaram, ainda, o aumento de vagas e a ampliação de parcerias com Universidades privadas e a implementação de bolsa auxílio para manutenção e permanência na Universidade. Aluno 7 - Acredito que a quantidade de vagas ofertadas pelas universidades seja pequena, no entanto, proporcionou acesso ao ensino superior àqueles que não podem pagar uma universidade privada. Aluno 8 - Acredito que uma bolsa-auxílio para ajudar nos materiais. 98 O estabelecimento de bolsa permanência para todos os alunos é muito pertinente, tendo em vista se tratar de uma forma para a manutenção dos alunos durante o curso. No que se refere à segunda pergunta: Fale sobre a sua satisfação ou insatisfação no que se refere ao PROUNI, constatou-se a satisfação dos alunos, o que responde, integralmente, um dos objetivos desta pesquisa. Aluno 1 - Muito satisfeito, pois exige do aluno ter um bom desempenho durante o período de curso. Aluno 2 - No que se refere ao PROUNI sinto-me satisfeita, pois consegui concluir meu curso graças a oportunidade concedida. Aluno 3 - 100% de satisfação, não tenho nenhuma outra resposta, já que o programa ajudou a me formar. Aluno 4 - Com o PROUNI eu só tive melhoria de vida. Estou satisfeita com o programa. Aluno 5 - Estou satisfeita com o programa, acredito que sem ele dificilmente eu estaria em uma universidade no porte desta Universidade As respostas relativas à satisfação têm uma confluência com a resposta da primeira pergunta sobre a avaliação do programa, quando é confirmada a satisfação, pela maioria dos alunos concluintes, com que responderam ao questionário. Os alunos são gratos ao Programa. Dos 34 alunos que compõem o grupo de concluintes, apenas 3 expressaram insatisfação. Mais uma vez, fica confirmado que os beneficiários são alunos satisfeitos com o Programa. Conclui-se que tanto os ingressantes quanto os concluintes são muito satisfeitos com o PROUNI na Universidade pesquisada. Em relação às insatisfações dos estudantes, apenas um aluno relatou insatisfação relativa ao Programa, considerando que as universidades admitem alunos com fraco aproveitamento de estudos, o que refletirá em profissionais de baixo nível. Esta fala revela uma resposta sem fundamentação. As insatisfações apontadas não são referentes ao Programa, mas quanto à infraestrutura da Universidade e performance de professores. 99 Aluno 1 - Por mais que eu seja bolsista eu não aprovo o programa, pois atualmente qualquer um entra na faculdade, mesmo sem o menor preparo e isto faz com que o nível dos profissionais seja muito baixo. Aluno 2 - Laboratórios insuficientes e inadequados. No que se refere à terceira pergunta feita aos concluintes beneficiários do PROUNI: Como bolsista PROUNI, você teve algum tipo de dificuldades acadêmicas e/ou financeiras durante o curso?, identificamos mais dificuldades financeiras que acadêmicas. Dos 34 questionários preenchidos, apenas 2 dos beneficiários alegaram dificuldades acadêmicas. Em relação às dificuldades acadêmicas, destaca-se que houve apenas dois relatos de alunos que declararam dificuldades em acompanhar o conteúdo das disciplinas. Aluno 1 - Como bolsista do PROUNI não sofri qualquer tipo de discriminação pelos meus colegas e funcionários da universidade, independente de onde você venha ou como paga suas mensalidades, todos são tratados como iguais (falo isso pelo curso que fiz...). Por vir de escola pública tive que me empenhar muito para conseguir acompanhar o conteúdo de matérias básicas, que deveriam ter sido aprendidas no ensino médio, mas, por vir de uma escola pública, não tinha conhecimento o suficiente Aluno 2 - Sim. As mesmas dificuldades financeiras dos ingressantes foram reveladas pelos concluintes, os alunos alegaram terem passado por dificuldades financeiras na obtenção de transporte público, de alimentação, de fotocópia e de livros. Aluno 1 - A maior dificuldade é a da distância entre minha casa e a universidade. O mais difícil foi ter dinheiro para pagar o transporte em alguns meses em que não trabalhei e que minha mãe estava desempregada. Aluno 2 - Tive dificuldades para me locomover até a escola de ônibus, apesar de morar relativamente perto. Às vezes tinha a vontade de ir as aulas, mas não havia dinheiro para a condução. Acho que deveriam implementar ajuda de custo para os bolsistas integrais, principalmente, com a condução. E para aqueles que trabalham, possuem contrato ou carteira assinada e enfrentam o trânsito de São Paulo para chegar a noite na escola cansados, deveria também existir uma ajuda de custo quanto a alimentação. 100 Aluno 3 - Financeiras, algumas dificuldades como a compra de livros, que na área da medicina veterinária são muito caros, mas os livros nunca eram exigidos, eram passados apenas como leitura complementar, e na maioria dos casos eram oferecidos para empréstimo na biblioteca, então não foi realmente um grande problema. Aluno 4 - Tive sim. Algumas vezes eu não tinha passagem para ir estudar. A alimentação também era bem difícil. Mas graças a Deus deu tudo certo. Nunca demonstrei essas dificuldades para ninguém, mas foi difícil. Às vezes até para fazer um xerox das apostilas era complicado. Aluno 5 - Sim. porque era bolsista 50% fiquei desempregada e solicitei ajuda de familiares e amigos para mensalidades e materiais ex. xerox. A ausência de uma política de permanência também é reclamada pelos concluintes. Os bolsistas parciais alegaram dificuldades no pagamento de 50% da mensalidade. Mais uma vez, ressalta-se a necessidade de revisão na legislação do PROUNI, dos critérios estabelecidos para distribuição das bolsas. Conclui-se que as reivindicações realizadas pelos sujeitos desta pesquisa são as mesmas dos estudantes PROUNI em nível nacional, o que pode ser confirmado pelo 1º Encontro Municipal dos Estudantes do PROUNI da Cidade de São Paulo, bem como pelas pesquisas realizadas. 101 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta dissertação analisou o Programa Universidade para Todos (PROUNI) como proposição ao princípio da igualdade e política de ação afirmativa. A educação é um direito social que deve ser garantido pelo Estado e meio de se promover o desenvolvimento de um país. Assim, o Programa surge como uma tentativa do Estado em superar as desigualdades no que se refere ao acesso à educação superior aos economicamente em situação desfavorecida e aos autodeclarados pretos, pardos indígena, considerando que cabe ao Estado a redução das desigualdades sociais e regionais e a promoção do bem de todos. Estudou-se o princípio da igualdade, previsto no artigo 5º da Constituição Federal, em que “todos são iguais perante a lei”, sendo a igualdade considerada um direito posto a todos cidadãos e indispensável na concretização da democracia para que haja cidadania, tendo-se em vista que, em uma sociedade que há exclusão social, a democracia não pode ser reconhecida. Por sua vez, as ações afirmativas instrumentalizam o princípio da igualdade, por se tratar de medidas incentivadas pelo Estado com o objetivo do bem estar e da cidadania, concedendo oportunidade e tratamento a pessoas em situação social desfavorável. Portanto, considerando a possibilidade de efetivação da igualdade pelas ações afirmativas, as mesmas se mostram em plena consonância com o texto constitucional, principalmente após o entendimento do STF, ao declarar a constitucionalidade do PROUNI. O PROUNI, apesar de já ter garantido o acesso ao ensino universitário a mais de 1 milhão de estudantes, ainda mostra-se insuficiente, visto tratar-se de um Programa que atende egressos do ensino médio e que, atualmente, ultrapassam aos 8 milhões de estudantes. Desta forma, é um programa de acesso à educação superior que democratiza o acesso, é, ainda, uma utopia das classes menos favorecidas, em razão da falta de políticas de permanência e da quantidade insuficiente de oferta de bolsas, o que pode ser entendida como uma política de focalização. 102 A situação dos bolsistas aqui analisados revelou que são alunos que reconhecem o Programa como alternativa de acesso à educação superior privada. Os estudantes beneficiários avaliam o Programa de forma muito positiva e demonstram satisfação e gratidão ao Programa. Os estudos mostraram que o estudante PROUNI da Universidade está na faixa etária de 18 a 24 anos. Isso possibilita afirmar que o PROUNI está permitindo que os jovens possam cursar o ensino superior na idade adequada. Destaca-se a expressiva representatividade feminina, com mais de 65% de ingressantes e concluintes do sexo feminino. Este dado tem uma confluência com o Censo da Educação Superior. No que se refere a raça/cor, os dados apontaram que o negro ainda apresenta desvantagem em relação ao branco. Em relação ao estado civil, a predominância é de solteiros, os quais residem com os pais. Tanto ingressantes quanto concluintes acabam por residir com a família em grande parte, o que os leva a economizar com moradia. Os dados estatísticos revelaram que os pais dos estudantes possuem o Ensino Básico Incompleto, ficando claro que não existe a cultura da formação da educação superior na família dos estudantes. O perfil ainda revelou que são egressos do ensino médio de escolas públicas. A pesquisa apontou maior frequência estatística de concluintes que exercem atividade relacionada ao curso e que tanto os ingressantes quanto os concluintes estudam, fora da sala de aula, de uma a cinco horas semanais. O pouco tempo para os estudos justifica-se em virtude de terem de trabalhar para se manterem e ajudarem suas famílias. Quanto à escolha do curso, a maior frequência estatística se deu por identificação com a área e crença de que fizeram boa escolha. Quanto ao motivo da escolha da Universidade, os ingressantes alegaram três primeiros motivos: qualidade de ensino, localização e obtenção de bolsa de 100%. Observa-se que há uma inversão de ordem na opinião dos concluintes: obtenção de bolsa de 100%, localização e qualidade de ensino. Não foi possível conhecer a causa da inversão dos motivos de escolha da Universidade entre os ingressantes e concluintes. 103 A presente pesquisa teve como hipótese que o PROUNI é um Programa de acesso à educação superior privada e que os estudantes beneficiários vivem dificuldades pessoais e financeiras para a conclusão do curso, o que pode provocar insatisfação com a política do Programa. A referida hipótese foi confirmada parcialmente. Os alunos fizeram críticas e recomendações ao PROUNI. Os estudantes vivem mais dificuldades financeiras do que acadêmicas, porém, mesmo com dificuldades na obtenção de meios para arcar com despesas de transporte, materiais didáticos e alimentação, são alunos satisfeitos. A pesquisa apontou que os alunos PROUNI são alunos satisfeitos com o Programa, no que se refere à oportunidade de acesso à educação superior, mas, considerando as dificuldades vivenciadas, fazem sugestões ao governo de recebimento de uma bolsa auxilio, para conseguirem se manter nos estudos. Destaca-se a fala de um dos alunos: Acredito que o programa não só deveria conceder a bolsa, como também o transporte e material do aluno. Convenhamos, minha renda é baixa, assim como os outros alunos com 100% de bolsa. Não basta presentear alguém com um belo carro, se a pessoa não conseguir arcar com os custos de manutenção do mesmo. Este Programa é apenas o primeiro passo de garantia de acesso aos brasileiros à universidade e surge como uma mudança significativa. O ingresso na universidade representa uma nova perspectiva de ampliar o universo de conhecimento, além da possibilidade da formação profissional. O PROUNI necessita de aprimoramento no sentido de ampliação das vagas e flexibilização da oferta, para que os estudantes beneficiários possam transferir-se de turno e, assim, não perder a oportunidade de estágio/emprego, conforme foi apontado nesta pesquisa. O PROUNI, desde a sua criação, tem sido alvo de inúmeras críticas e de polêmicas na sociedade, embora tenha possibilitado o acesso à Educação Superior de um milhão de jovens e adultos das classes populares, o que ajuda, mas não resolve o atendimento da demanda crescente de egressos do Ensino Médio. Constitui dever do poder público a garantia dos direitos da juventude, conforme o artigo 206 da Constituição Federal. O Estado, ao criar o PROUNI, garantiu a inclusão e o acesso destes jovens à educação superior, porém, há uma urgência na elaboração de uma política de permanência para os que “clamam” por ajuda. 104 Além de movimentos promovidos por alunos, que realizam encontros para discutir a questão da permanência e da melhoria no Programa, há pesquisas que comprovam esta necessidade. Os alunos, no âmbito nacional, vivem verdadeiras dificuldades financeiras para se manterem e permanecerem estudando. Destaca-se que uma das reivindicações dos alunos, no que se refere ao equacionamento das dificuldades financeiras para a manutenção e conclusão do curso, é a implementação da Bolsa Permanência, um benefício que poderia ser estendido a todos os alunos PROUNI. Desta forma, o PROUNI não vem resolver o problema da inclusão de jovens na educação superior, há de se promover novas medidas, pelo poder público, para a resolução deste problema. Porém, sem dúvidas, o PROUNI contribui para mudanças positivas no cenário da Educação Brasileira. 105 REFERÊNCIAS AGOSTINHO, Luis Otávio Vicenzi; FILHO, Vladimir Brega. Por um olhar democrático às ações afirmativas. Brasília. Revista Brasileira de Educação, v. 92. n. 232, p. 455-476, set/dez. 2011. ALBUQUERQUE, Leyvijane Souza. Políticas Públicas de Educação Superior no Governo Lula e Impactos na Universidade Federal do Amazonas: Enfoque na Expansão dos novos Campi. Amazonas, 2007. ALMAGRO, Milena Maria Corcini. Politicas Públicas de Acesso a Educação Superior no Brasil. Paraná, 2007. ALMEIDA, Maria Aparecida de. Universidade para Todos: O PROUNI na Visão dos Bolsistas de uma Instituição de Ensino Superior. Campinas, 2009. ANDRADE, Rita de Cassia. Das Imunidades Tributárias como Forma de Limitação do Poder de Tributar e como medida de Garantia de Princípios Fundamentais. 2009. (Disponível em: http://www.idtl.com.br/artigos/310.pdf, acesso em 01.07.2012). ARISTOTELES. Ética a Nicomaco. 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O objetivo é verificar se o PROUNI como política de ação afirmativa é uma alternativa para a educação superior privada e conhecer a opinião dos alunos contemplados com o PROUNI no que se refere à escolha da Universidade e a inserção no mercado de trabalho, a fim de refletir se o referido Programa tem trazido satisfação ou não aos estudantes, bem como mapear as dificuldades reconhecidas pelos alunos PROUNI, durante o curso. Para tanto serão realizadas entrevistas com alunos contemplados com o PROUNI da Universidade pesquisada (campi São Miguel Paulista, Anália Franco, Liberdade e Pinheiros). Este estudo faz parte do programa de Pós-graduação da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID), na área de Educação. Para que este objetivo seja atingido, aceito participar como sujeito desta pesquisa, voluntariamente. Estou ciente que minha privacidade será respeitada, meu nome ou qualquer outro dado confidencial será mantido em sigilo. Estou ciente que não há riscos envolvidos na pesquisa, assim como sei que os dados obtidos serão utilizados de acordo com os Códigos de Ética na Pesquisa e pela normativa do CNS 166/1996. Poderei retirar-me a qualquer momento da pesquisa sem precisar justificar nem sofrer qualquer dano. Considero garantidas as informações que preciso obter para participar. Li o termo e fui orientado ao teor da pesquisa mencionada, compreendi a sua natureza e o seu objetivo. Concordo voluntariamente em participar sabendo que não receberei pagamento nem qualquer valor financeiro por minha participação. Responsáveis pela pesquisa com quem você poderá manter contato e obter maiores informações: Pesquisadora: Cristiane Pereira Melo de Oliveira ([email protected]) Orientadora: Profa. Dra. Celia Maria Haas Universidade Cidade de São Paulo: (11) 2178-1310 Assinatura: ____________________________________________________ Data: / / 2011. Local: 120 APÊNDICE B Questionário Alunos - Ingressantes Responsável: Cristiane Pereira Melo de Oliveira – [email protected] O preenchimento deste questionário é optativo e de participação voluntária. Será mantido sigilo e respeitada a sua privacidade em todas as informações apresentadas, assim como nome ou qualquer outro dado confidencial. Este questionário faz parte da pesquisa Programa Universidade para Todos: uma alternativa para a Educação Superior Privada? Ele é todo composto por questões de múltipla escolha. É muito importante que as respostas sejam sinceras. Caso tenham dúvidas, peçam o esclarecimento para o responsável. Preencha a alternativa escolhida com um círculo, caso você tenha preenchido errado, marque um X na alternativa errada e faça um círculo na alternativa correta. Obrigada pela sua atenção Perfil pessoal 1. a) b) c) d) e) f) Qual a sua faixa etária? entre 17 a 19 anos; entre 20 a 22 anos; entre 23 a 25 anos; entre 26 a 30 anos; entre 31 a 40 anos; mais de 40 anos. 2. Qual o seu sexo? a) masculino; b) feminino. 3. Qual é a sua raça/cor? a) parda b) branca c) negra d) amarela e) indígena 4. a) b) c) d) e) Qual o seu estado civil atual? solteiro(a); casado(a); desquitado(a)/divorciado(a)/separado(a); viúvo(a); vive com o(a) companheiro(a). 121 5. a) b) c) d) e) f) Qual o local de sua residência? zona Leste; zona Oeste; zona Sul; zona Norte; zona Central; outros municípios. 6. a) b) c) d) Em que campus da Universidade pesquisada você estuda: Campus São Miguel Campus Anália Franco Campus Liberdade Campus Pinheiros 7. Qual meio de transporte você normalmente utiliza para deslocar-se à Universidade? a) veículo próprio; b) metrô; c) ônibus; d) carona; e) ônibus mais metrô; f) lotação; g) nenhum (a pé). 8. a) b) c) d) e) Quanto tempo, em média, você gasta para vir à Universidade? até 15 minutos; de 16 a 30 minutos; de 31 a 60 minutos; de 61 a 90 minutos; mais de 90 minutos. Perfil familiar 9. Com quem você reside? a) sozinho; b) com os pais; c) com outros familiares; d) com amigos; e) com o (a) cônjuge/companheiro(a); f) com filho(s). 10. Qual a situação profissional do seu pai? a) autônomo; b) assalariado em empresa privada; c) assalariado em instituição pública; d) empresário; e) aposentado; f) sem atividade profissional no momento; 122 g) vive de rendas (aluguéis, aplicações etc.); h) desconheço; i) falecido. 11. Qual a situação profissional da sua mãe? a) autônoma; b) assalariada em empresa privada; c) assalariada em instituição pública; d) empresária; e) dona de casa; f) sem atividade profissional no momento; g) vive de rendas (aluguéis, aplicações etc.); h) aposentada; i) desconheço; j) falecida. 12. Qual a situação profissional do(a) cônjuge/companheiro(a)? a) autônomo(a); b) assalariado(a) em empresa privada; c) assalariado(a) em instituição pública; d) empresário(a); e) dona de casa; f) aposentado(a); g) sem atividade profissional; h) falecido(a); i) não tem cônjuge/companheiro(a). 13. Qual a formação escolar do seu pai? a) 1o grau incompleto; b) 1o grau completo; c) 2o grau incompleto; d) 2º grau completo; e) superior incompleto; f) superior completo; g) pós-graduação; h) nenhuma; i) desconheço. 14. Qual a formação escolar da sua mãe? a) 1o grau incompleto; b) 1o grau completo; c) 2o grau incompleto; d) 2o grau completo; e) superior incompleto; f) superior completo; g) pós-graduação; h) nenhuma; i) desconheço. 123 15. Qual a formação escolar do(a) cônjuge/companheiro(a)? a) 1o grau incompleto; b) 1o grau completo; c) 2o grau incompleto; d) 2o grau completo; e) superior incompleto; f) superior completo; g) pós-graduação; h) não tem cônjuge/companheiro(a); i) nenhuma das anteriores. Perfil educacional 16. Qual o seu curso anterior? a) 2º grau regular; b) 2º grau técnico; c) supletivo; d) superior incompleto; e) superior completo. 17. Onde você fez seus estudos do Ensino Médio (2o grau)? a) somente em escola particular, com bolsa; b) somente em escola pública; c) a maior parte em escola particular; d) a maior parte em escola pública. Perfil profissional 18. Qual a sua situação profissional? a) autônomo(a); b) assalariado(a) em empresa privada; c) empresário(a); d) aposentado(a); e) assalariado(a) em instituição pública; f) à procura de emprego; g) nunca trabalhou e não está procurando. 19. Em que região você trabalha? a) zona Leste; b) zona Oeste; c) zona Sul; d) zona Norte; e) zona Central; f) outros municípios. 124 20. Há quanto tempo trabalha? a) há menos de um ano; b) de um a dois anos; c) de dois a três anos; d) mais de três anos; e) nunca trabalhou. 21. Exerce atividade relacionada ao curso? a) sim; b) não; c) não exerce atividade profissional. 22. O fato de você estar no Ensino Superior, por meio do Programa Universidade para Todos possibilitou-lhe: a) estágio; b) ingressar no mercado de trabalho, em área diferente do curso; c) estar trabalhando em atividade relacionada a seu curso; d) mudança de função/cargo; e) melhoria salarial; f) mudança de função/cargo e salarial; g) ainda não está exercendo atividade profissional. Vida acadêmica 23. Qual o principal motivo de escolha do seu curso? a) indicação em teste vocacional; b) identificação com a área; c) ascensão profissional/social; d) interferência da família ou de amigos; e) mercado de trabalho; f) valor da mensalidade; g) curso gratuito. 24. Como você se sente em relação ao curso escolhido? a) acha que fez uma boa escolha; b) tem dúvidas se foi uma boa escolha; c) acha que não foi a melhor escolha, mas irá até o fim; d) não foi o curso escolhido, mas cursará, em virtude de ser a oportunidade de possuir curso superior; e) está arrependido(a) e pensando em desistir. 25. De quantas horas você dispõe para estudar fora da sala de aula? a) de uma a cinco horas semanais; b) mais de cinco horas semanais; c) apenas nos períodos de provas; 125 d) não dispõe de tempo para estudar. 26. Qual o principal(is) motivo(s) de escolha da Universidade pesquisada? Escolha até 3 alternativas. a) metodologia de ensino; b) proposta do curso; c) qualidade de ensino; d) localização; e) infraestrutura; f) obteve bolsa 100% PROUNI; g) valor da mensalidade (caso dos alunos com bolsas 50% PROUNI); h) é a única na região que oferece o curso escolhido; i) recomendação de amigos/familiares. 27. Em nível financeiro tem alguma dificuldade na obtenção de qual(is) itens. Escolha até 2 alternativas: a) compra de livros; b) com alimentação; c) meio de transporte; d) acesso a internet; e) ajuda de custo para xerox; f) não teve dificuldade alguma; g) nenhuma das alternativas anteriores. 28. Em nível acadêmico tem dificuldade em qual(is) itens. Escolha até 2 alternativas: a) acompanhar o conteúdo das disciplinas do curso escolhido. b) sofreu algum tipo de discriminação por ser aluno do PROUNI. c) relacionamento com professores. e) não teve dificuldade alguma. g) nenhuma das alternativas anteriores. 1. Como você avalia o Programa Universidade para Todos? Quais fatores a seu entender aprimorariam o referido Programa que tem como propósito o ingresso na educação superior privada? 2. Fale sobre a sua satisfação ou insatisfação no que se refere ao PROUNI. 3. Como bolsista PROUNI, você teve algum tipo de dificuldade acadêmica e/ou financeira durante o curso? 126 APÊNDICE C Questionário Alunos - Concluintes Responsável: Cristiane Pereira Melo de Oliveira – [email protected] O preenchimento deste questionário é optativo e de participação voluntária. Será mantido sigilo e respeitada a sua privacidade em todas as informações apresentadas, assim como nome ou qualquer outro dado confidencial. Este questionário faz parte da pesquisa Programa Universidade para Todos: uma alternativa para a Educação Superior Privada? Ele é todo composto por questões de múltipla escolha. É muito importante que as respostas sejam sinceras. Caso tenham dúvidas, peçam o esclarecimento para o responsável. Preencha a alternativa escolhida com um círculo, caso você tenha preenchido errado, marque um X na alternativa errada e faça um círculo na alternativa correta. Obrigada pela sua atenção Perfil pessoal 1. a) b) c) d) e) f) Qual a sua faixa etária? entre 17 a 19 anos; entre 20 a 22 anos; entre 23 a 25 anos; entre 26 a 30 anos; entre 31 a 40 anos; mais de 40 anos. 2. Qual o seu sexo? a) masculino; b) feminino. 3. Qual é a sua raça/cor? a) parda b) branca c) negra d) amarela e) indígena 4. a) b) c) d) e) Qual o seu estado civil atual? solteiro(a); casado(a); desquitado(a)/divorciado(a)/separado(a); viúvo(a); vive com o(a) companheiro(a). 127 5. a) b) c) d) e) f) Qual o local de sua residência? zona Leste; zona Oeste; zona Sul; zona Norte; zona Central; outros municípios. 6. a) b) c) d) Em que campus da Universidade pesquisada você estuda: Campus São Miguel Campus Anália Franco Campus Liberdade Campus Pinheiros 7. Qual meio de transporte você normalmente utiliza para deslocar-se à Universidade? a) veículo próprio; b) metrô; c) ônibus; d) carona; e) ônibus mais metrô; f) lotação; g) nenhum (a pé). 8. a) b) c) d) e) Quanto tempo, em média, você gasta para vir à Universidade? até 15 minutos; de 16 a 30 minutos; de 31 a 60 minutos; de 61 a 90 minutos; mais de 90 minutos. Perfil familiar 9. Com quem você reside? a) sozinho; b) com os pais; c) com outros familiares; d) com amigos; e) com o (a) cônjuge/companheiro(a); f) com filho(s). 10. Qual a situação profissional do seu pai? a) autônomo; b) assalariado em empresa privada; c) assalariado em instituição pública; d) empresário; e) aposentado; 128 f) g) h) i) sem atividade profissional no momento; vive de rendas (aluguéis, aplicações etc.); desconheço; falecido. 11. Qual a situação profissional da sua mãe? a) autônoma; b) assalariada em empresa privada; c) assalariada em instituição pública; d) empresária; e) dona de casa; f) sem atividade profissional no momento; g) vive de rendas (aluguéis, aplicações etc.); h) aposentada; i) desconheço; j) falecida. 12. Qual a situação profissional do(a) cônjuge/companheiro(a)? a) autônomo(a); b) assalariado(a) em empresa privada; c) assalariado(a) em instituição pública; d) empresário(a); e) dona de casa; f) aposentado(a); g) sem atividade profissional; h) falecido(a); i) não tem cônjuge/companheiro(a). 13. Qual a formação escolar do seu pai? a) 1o grau incompleto; b) 1o grau completo; c) 2o grau incompleto; d) 2º grau completo; e) superior incompleto; f) superior completo; g) pós-graduação; h) nenhuma; i) desconheço. 14. Qual a formação escolar da sua mãe? a) 1o grau incompleto; b) 1o grau completo; c) 2o grau incompleto; d) 2o grau completo; e) superior incompleto; f) superior completo; g) pós-graduação; h) nenhuma; i) desconheço. 129 15. Qual a formação escolar do(a) cônjuge/companheiro(a)? a) 1o grau incompleto; b) 1o grau completo; c) 2o grau incompleto; d) 2o grau completo; e) superior incompleto; f) superior completo; g) pós-graduação; h) não tem cônjuge/companheiro(a); i) nenhuma das anteriores. Perfil educacional 16. Qual o seu curso anterior? a) 2º grau regular; b) 2º grau técnico; c) supletivo; d) superior incompleto; e) superior completo. 17. Onde você fez seus estudos do Ensino Médio (2o grau)? a) somente em escola particular, com bolsa; b) somente em escola pública; c) a maior parte em escola particular; d) a maior parte em escola pública. Perfil profissional 18. Qual a sua situação profissional? a) autônomo(a); b) assalariado(a) em empresa privada; c) empresário(a); d) aposentado(a); e) assalariado(a) em instituição pública; f) à procura de emprego; g) nunca trabalhou e não está procurando. 19. Em que região você trabalha? a) zona Leste; b) zona Oeste; c) zona Sul; d) zona Norte; e) zona Central; f) outros municípios. 130 20. Há quanto tempo trabalha? a) há menos de um ano; b) de um a dois anos; c) de dois a três anos; d) mais de três anos; e) nunca trabalhou. 21. Exerce atividade relacionada ao curso? a) sim; b) não; c) não exerce atividade profissional 22. O fato de você estar no Ensino Superior, por meio do Programa Universidade para Todos possibilitou-lhe: a) estágio; b) ingressar no mercado de trabalho, em área diferente do curso; c) mudança de função/cargo; d) melhoria salarial; e) mudança de função/cargo e salarial; f) ainda não está exercendo atividade profissional; Vida acadêmica 23. De quantas horas você dispõe para estudar fora da sala de aula? a) de uma a cinco horas semanais; b) mais de cinco horas semanais; c) apenas nos períodos de provas; d) não dispõe de tempo para estudar. 24. Qual o principal motivo de escolha do seu curso? a) indicação em teste vocacional; b) identificação com a área; c) ascensão profissional/social; d) interferência da família ou de amigos; e) mercado de trabalho; f) valor da mensalidade; g) curso gratuito. 25. Como você se sente em relação ao curso escolhido? a) acha que fez uma boa escolha; b) tem dúvidas se foi uma boa escolha; c) acha que não foi a melhor escolha, mas irá concluir o curso; d) não foi o curso escolhido, mas cursará, em virtude de ser a oportunidade de possuir curso superior; e) está arrependido(a) e pensando em desistir. 131 26. Qual o principal(is) motivo(s) de escolha da Universidade pesquisada? Escolha até 3 alternativas. a) metodologia de ensino; b) proposta do curso; c) qualidade de ensino; d) localização; e) infraestrutura; f) obteve bolsa 100% PROUNI; g) valor da mensalidade (caso dos alunos com bolsas 50% PROUNI); h) é a única na região que oferece o curso escolhido; i) recomendação de amigos/familiares. 27. Durante o curso, em nível financeiro, teve dificuldade na obtenção de qual(is) itens. Escolha até 2 alternativas: a) compra de livros; b) com alimentação; c) meio de transporte; d) acesso a internet; e) ajuda de custo para xerox; f) não teve dificuldade alguma; g) nenhuma das alternativas anteriores. 28. Durante o curso, em nível acadêmico, teve dificuldade em qual(is) itens. Escolha até 2 alternativas: a) acompanhar o conteúdo das disciplinas do curso escolhido. b) sofreu algum tipo de discriminação por ser aluno do PROUNI. c) relacionamento com professores. d) nenhuma das alternativas anteriores. 29. A oportunidade em fazer um curso superior, possibilitou-lhe: a) estágio b) melhores oportunidades profissionais c) formação técnica para a atividade que já exerce d) cumprir uma exigência da empresa em que trabalha e) obter um título/Diploma universitário 30. Como você avalia o Programa Universidade para Todos? Quais fatores a seu entender aprimorariam o referido Programa que tem como propósito o ingresso na educação superior privada? 31. Fale sobre a sua satisfação ou insatisfação no que se refere ao PROUNI. 32. Como bolsista PROUNI, você teve algum tipo de dificuldade acadêmica e/ou financeira durante o curso? 132 ANEXO A Respostas das questões abertas- Ingressantes Como você avalia o Programa Universidade para Todos? Quais fatores a seu entender aprimorariam o referido Programa que tem como propósito o ingresso na educação superior privada? 1. O PROUNI é de extrema importância para mim e meus colegas do programa. A sua oferta possibilitou o meu ingresso em uma universidade de boa qualidade, a qual não poderia cursar caso não tivesse bolsa de 100% concedida. 2. O PROUNI é extremamente importante para uma boa formação profissional. 3. É um programa excelente!! 4. Considero excelente o programa. 5. Excelente. 6. Acho o programa excelente. 7. É um excelente programa, porém deveria ser mais abrangente em relação à concessão de bolsas para a população. 8. No geral, excelente. 9. O programa é excelente. 10. Muito bom, uma ótima oportunidade de acesso a universidades privadas, já que as publicas são de alta concorrência. 11. É um programa muito bom, ajuda muitas pessoas a fazerem um curso superior. 12. Muito bom, oferece oportunidades incríveis. 13. Muito bom. 14. É muito bom, porque nos da à oportunidade de realizar nossos, objetivos, enfim, ser um profissional realizado. 15. O programa está muito bom. 16. Bom, sim o PROUNI oferece uma vaga de melhoria na vida de quem procura de fato. 17. Bom. 18. Bom, mas pode melhorar. 133 19. Uma alternativa para quem não tem condições em pagar uma universidade e tem vontade de cursar um curso superior. Acho um bom programa. 20. Eu avalio como um bom programa. 21. Quanto ao serviço prestado pelo PROUNI, avalio como Bom/ótimo. 22. Está bom para mim. 23. O programa em si é bom. 24. É um ótimo programa para quem não tem condições ou tem um planejamento financeiro no qual depende da bolsa, dá oportunidades de ingresso no mercado de trabalho a quem não tem condições de fazer um bom cursinho ou até mesmo tem dificuldades em passar em vestibulares públicos. 25. Ótimo. 26. Acho um ótimo recurso para quem não tem condições. Se não fosse pelo PROUNI ainda não estaria ingressa no ensino superior. 27. O PROUNI é ótimo, e foi o programa que me possibilitou hoje, cursar uma graduação. Não tenho do que me queixar em relação ao programa. 28. Um ótimo programa do governo, porém devia ser mais avaliado. 29. Na minha opinião o programa está ótimo. 30. O sistema do PROUNI e ótimo, a meu ver, dá a oportunidade de ingressar no ensino superior, como no meu caso, a pessoas que não teriam condições de investir em uma universidade. É uma ótima iniciativa e nota 10! 31. Avalio o programa como ótimo. 32. O PROUNI é uma grande oportunidade de ter um curso superior, que antes, não era possível a muitos brasileiros pobres. 33. a)Acredito que seja uma boa oportunidade para as pessoas com renda reduzida, com dificuldade de ingressar no ensino superior. B) A meu entender, acredito que a possibilidade de ingressar com a nota do Enem, com bolsa, seja 50 ou 100% influencia bastante o ingresso na educação superior. 34. Eu considero uma importante oportunidade que vem sendo oferecida aos alunos que não tem condições de pagar a universidade. E com certeza sempre há algumas coisas que podem ser aprimoradas. 35. É uma oportunidade para todos que não podem pagar uma faculdade e que não consegue entrar na universidade pública. 134 36. Eu avalio o PROUNI sendo de muita importância para as pessoas que não tem condições de pagar uma universidade integralmente, é uma oportunidade. 37. A meu ponto de vista é uma oportunidade de grande valia, pois somente após ganhar esta bolsa de 50% e os outros 50% financiados pelo fies, posso considerar-me uma pessoa feliz por ter sido contemplada com esta oportunidade. 38. Avalio como positivo, é uma oportunidade para quem não pode pagar, vem ajudando a varias famílias que nunca puderam ter um filho em uma universidade, hoje podem ter filhos formados, e assim melhorando a vida de toda uma família. 39. Acredito que por ser de âmbito federal possibilita(ou) a oportunidade de muitos alunos que se esforçam com o pouco conteúdo que adquirem ao ensino médio, cursar com qualidade um curso ao qual se identifica. 40. O PROUNI é uma ótima oportunidade para alunos de baixa renda ingressarem num curso superior. 41. O PROUNI é uma ótima iniciativa do governo, pois dá uma oportunidade para quem não tem condições de pagar uma mensalidade integral de um curso. 42. Foi a oportunidade para eu tomar um rumo na vida. 43. Avalio de uma forma muito positiva, até porque senão fosse pelo programa, não sei estaria cursando ensino superior, sobretudo nesse curso que eu queria tanto. Foi a melhor coisa que o governo já inventou, assim possibilitando o acesso a todos os jovens, que se dispõe de poucos recursos. 44. O PROUNI foi um dos melhores programas educacionais. 45. Minha avaliação é positiva. O programa responde ao que o estudante de baixa renda precisa para ingressar em um curso superior. Em momento não consigo pensar em algum fator que a meu ver aprimoraria essa oferta do ingresso na educação superior privada, pois acredito que o governo, por incrível que possa parecer, está fazendo a sua parte voltada a esse tema. 46. Acho que o PROUNI é fundamental para quem realmente precisa, e quer ingressar em uma universidade, ainda tendo a possibilidade de fazer um curso superior de graça ou totalmente de graça 50% a 100%. 47. O PROUNI possibilita o ingresso dos alunos que não tem condições financeiras. A meu entender, o PROUNI aprimora a oferta de ingresso na 135 Universidade Privada, pois as Universidades Públicas se encontram em regiões mais afastadas do Centro e da Capital, onde o custo de vida para se manter nestas acaba sendo muito alto e mesmo sem o custo da mensalidade, os alunos não conseguem se manter se não tiverem uma família que os amparem. 48. O curso é uma boa alternativa para alunos com baixa renda, pois as universidades públicas que deveriam ser destinadas à este grupo tem a maioria de suas vagas ocupadas por alunos que cursaram escolas particulares e cursinhos, um tanto quanto contraditório. Em sua grande maioria, alunos que cursaram escolas particulares, tem maiores condições financeiras para arcar com os custos da universidade. 49. Gosto do PROUNI, isso me possibilitou ingressar na universidade, tenho outros compromissos financeiros que não me permitiria arcar com esta despesa no seu valor integral. 50. Uma chance de conseguir cursar nível superior. 51. É uma boa oferta. Críticas 1. O PROUNI deve ser aprimorado. A avaliação feita pelo PROUNI está, em minha opinião, incompleta, pois essa só avalia a renda do participante, mas não levam em consideração os gastos básicos mensais de cada aluno. Exemplo: mercado, água, luz, gás, aluguel, condomínio. Se a avaliação do PROUNI considerasse que cada região tem uma base de valores desses produtos/serviços, levaria em conta que cada aluno tem um gasto diferente para os mesmos. 2. Principal dificuldade é sobre a renda per capita, pois no meu caso se pega a renda divide por quatro só que não levam em consideração que esse salário se paga aluguel, água, luz, internet, dentista, plano de saúde e etc... não sobra dinheiro para se pagar universidade gostaria que melhorasse o modo de se calcular a renda levando em consideração outros fatores! 3. Uma ótima iniciativa, apenas um ponto negativo vejo na questão bolsa, onde o aluno tem necessariamente que ter 75% de aprovação, onde nos alunos que trabalham e não tem muito sempre pra estudar pode a qualquer momento 136 passar por essa situação e correr o risco de perder a bolsa, nesse caso eu aprimoraria da seguinte forma, os alunos que ficassem de de na nota o prouni não cobriria aquela matéria em que ele ficou, bem assim ficaria mais facil, pois o mesmo se sentiria seguro pois não perderia a bolsa. 4. É um programa muito burocrático, as exigências e processo são muito demorados, atrapalhando muitas vezes de começar o curso na data correta. 5. Não muitas, apenas o fato de que, por eu morar na zona sul e estudar no campus da Liberdade, acabo chegando atrasada algumas vezes por causa do transito e, quando perguntei por uma possível transferência, fui informada de que, por ser bolsista do PROUNI, não tenho direito a transferências de qualquer tipo. 6. Então o inicio (fase de comprovação de documentos) é desanimador. Acredito que pode ser mais bem padronizado, e até incentivador. 7. Um detalhe que julgo importante acredito que a margem de desconto 50% ou 100% deveria ser concedida de acordo com a analise sócio econômica e não com a pontuação nas provas. Óbvio que quem passou por uma escola particular, por exemplo, têm chance de acertar mais questões que quem estudou em escola pública. 8. Infelizmente eu queria trocar de curso, mas essa faculdade não disponibiliza isso. 9. A minha maior dificuldade é não poder trocar de horário ou curso devido a bolsa. 10. 1 Dp por semestre é meio complicado. 11. Uma solução provisória para o problema de falta de Universidade gratuita para aqueles que realmente necessitam, já que temos Universidades gratuitas excelentes, mas com um sistema que torna ela exclusiva para alunos que cursaram o ensino médio em escolas privadas. 12. Na oferta do ingresso na educação superior privada, alguns casos poderiam ser avaliados individualmente, em relação à renda. Pois há pessoas que possuem renda superior ao indicado e mesmo assim, não conseguem arcar com os custos da faculdade por arcarem com despesas básicas. É claro que temos que respeitar as normas do programa, mas é um ponto a ser observado, pois seriam casos específicos. 137 13. O único ponto negativo é não haver possibilidade de troca de turno, pois fica a critério da faculdade e algumas não aceitam, mesmo apresentando justificativa. 14. Apenas a forma que é aplicada e desenvolvida pelas universidades poderia ser melhor. Por exemplo, como ja foi citado, a exposição/explicação dos direitos que os alunos contemplados têm ou deixam de ter. 15. O fator que influência mais é o financeiro. 16. Acho que o que deveria mudar é a questão burocrática, deixando melhor esclarecidos os documentos para estar realizando a aquisição da bolsa. 17. O único problema foram as datas, afinal só pude fazer minha matricula no dia 14 de fevereiro, mesmo estando na primeira chamada, quando já havia iniciado as aulas! 18. Exigir que as universidades participantes do programa uniformizem os direitos dos estudantes contemplados e/ou exponham, de forma clara, os direitos e deveres do contemplado. 19. Mudaria a forma de aproveitamento, mesmo sabendo que o aluno bolsista deve ter um rendimento satisfatório para ter a manutenção da bolsa. 20. Acho que o critério de avaliação de renda deveria ser de acordo com a renda da pessoa em relação as despesas que possui, e não ser considerada a renda de todos os membros familiares como critério. Recomendações 1. Sim, é muito interessante, esse programa está incentivando muitos jovens a realizar seus sonhos ter um nível superior, concordo que tem que não só aperfeiçoar, como aumentar a oferta com qualidade, assim nossa sociedade agradece e todo mundo ganha. Ok 2. Universidades que atendam a mais cursos. 3. É necessário que a comunidade tenha mais conhecimento de como adquirir, e as dúvidas a respeito do Enem, o acesso a informações de cadastros devem ser mais esclarecidos e com mais divulgação. 4. Nos EUA a Bolsa de Estudos acompanha alimentação, transporte e livros. Tudo sai de forma gratuita. Embora as Universidades sejam públicas. A iniciativa do governo brasileiro já fez uma grande diferença. Entretanto, 138 conheço inúmeras pessoas que não conseguem uma boa nota comparando á estudantes que estudaram em escolas particulares. Em minha opinião o quesito deveria ser estudar em escolas públicas. 5. O aumento no numero de bolsas. 6. Creio que deveria haver mais vagas, e os critérios para ceder às bolsas deveriam ser mais bem analisados, e no caso de 50% de bolsa, deveria haver um projeto de financiamento, pois a maioria não tem como manter nem a metade. 7. Um número maior de bolsas ajuda de custo com transporte e alimentação, afinal esses custos também são elevados, muitas pessoas não chegam a fazer o curso ou desistem por não conseguirem se manter. 8. As Universidades ofertarem mais vagas em cursos mais concorridos 9. O Programa Universidade para Todos foi e é de grande ajuda para pessoas com dificuldades financeiras que querem estudar, mas, acredito que quantidade de bolsas oferecidas por curso ainda é pouca em relação ao número de alunos interessados. 10. O que aprimora o ingresso na Educação Superior sem dúvida é o valor da mensalidade. 11. Mais propagandas através da mídia poderiam alcançar mais jovens e incentivá-los a ingressar na universidade. 12. Talvez ajudaria se tivesse outras formas de ingresso, devido às constantes falhas no ENEM. 13. Na maioria para alunos que frequentaram escolas particulares e/ou tiveram condições de se preparar melhor com cursinhos pré-vestibulares. 14. A quantidade de bolsas integrais ainda é muito pequena para a demanda. 15. Deveria ser oferecido maior numero de vagas pelo governo. 16. Acredito que mais universidades deveriam aderir a ele. 17. Acho que uma maior oferta de vagas nessas instituições 18. Um tipo de auxilio que ajudasse na compra de livros, xerox, alimentação. Pelo menos nos primeiros semestres já que muito não tem condições. 19. O que aprimoraria a oferta do ingresso na educação são mais vagas, apesar de estar em uma faculdade boa, penso nos outros que precisam também e não conseguiram por falta de vaga. Porém não acho necessário diminuir a nota para o ingresso, e acho necessária a melhoria do ENEM. 139 20. Só tem que oferecer mais bolsas. 21. O que aprimoraria o ingresso seria a maior oferta de cursos em mais universidades, pois, há muitas, que não aderem o Enem, nem o PROUNI no seu processo seletivo. 22. O programa deveria prover os materiais necessários para o curso no caso de alunos mais necessitados, pois no meu caso, as bonecas, por exemplo que serão utilizadas no curso, não caras. Não posso comprar. 23. Uma alternativa para aprimorar o número de vagas, seria fazendo um incentivo maior de isenção de impostos para as universidades que aderissem ao programa. 24. A única coisa a aprimorar talvez seja o convênio com mais instituições. 25. Acredito que o programa não só deveria conceder a bolsa, como também o transporte e material do aluno. Convenhamos, minha renda é baixa, assim como os outros alunos com 100% de bolsa. Não basta presentear alguém com um belo carro, se a pessoa não conseguir arcar com os custos de manutenção do mesmo. 26. Só tem que oferecer mais bolsas. 27. Aumentar a quantidade de bolsas por curso e universidade. Fale sobre a sua satisfação ou insatisfação no que se refere ao PROUNI Satisfação 1. Estou satisfeita com o programa. 2. Estou satisfeita. 3. Fico extremamente satisfeito. 4. Mesmo a universidade sendo distante da minha residência, estou muito satisfeita com o PROUNI, pois sem esse programa não poderia estar realizando o meu sonho que é cursar uma universidade. 5. Minha satisfação, e comodismo em relação a bolsa me permite acreditar no curso até o fim, podendo investir a economia nos materiais necessários. 6. Estou satisfeito sim, pois o PROUNI me possibilitou a chance de fazer um curso e nível superior. 140 7. Estou satisfeito. 8. Posso cursar a Universidade, sem descriminação. 9. Não deixa a desejar. 10. Me senti satisfeita ao ingressar em 2011. 11. Estou contente. 12. Plenamente satisfeita. Se não tivesse a bolsa, não estaria cursando o ensino superior. 13. É a melhor possível, pois possibilitou a minha permanência na universidade. 14. No geral me sinto muito satisfeito com o programa, pois foi graças a ele que ingressei em uma universidade e estou fazendo um curso que gosto 15. Estou muito satisfeito com o programa, pois abriu as portas para um novo universo, realmente estou feliz pela oportunidade. 16. A minha satisfação é plena, pois provavelmente não conseguiria realizar o sonho se não tivesse 100% de bolsa. 17. O PROUNI me abriu essa oportunidade de cursar o que queria. A única forma de eu entrar em uma faculdade. Estou super satisfeita com o curso e a universidade. 18. Eu muito satisfeito com a oportunidade, me sinto muito feliz. 19. Estou satisfeita. 20. Satisfeita! 21. Até o momento não tenho nenhuma insatisfação com o PROUNI. 22. Estou muito satisfeita 23. Estou satisfeita com o PROUNI 24. O PROUNI me ajuda muito, principalmente na questão financeira, e não tive problemas com discriminação por ser bolsista. 25. Estou muito satisfeita, afinal, através do PROUNI, as pessoas de baixa renda tem a oportunidade de ingressar em uma faculdade, já que as faculdades públicas, que deveriam atender esse público, hoje em dia são bem mais acessíveis às pessoas com uma renda superior. 26. O PROUNI me deixou muito satisfeita. Não tenho reclamações do programa até o momento. 27. Estou muito satisfeita, pois só assim estou na universidade 141 28. Estou satisfeita, pois, hoje faço um curso que me abrirá portas para trabalhar na área que almejo. Sem essa oportunidade, levaria muito tempo de trabalho para poder bancar com uma despesa tão grande. 29. Estou satisfeita, pois até o presente momento não tive nenhuma dificuldade com relação ao PROUNI. 30. Sinto-me satisfeito sim pelo programa, nada contra. 31. Eu estou muito satisfeita em ganhar uma bolsa integral, pois vejo muitos dos meus colegas se matando para pagar e vejo como sou sortuda. 32. No momento estou muito satisfeita com todos os benefícios do PROUNI. 33. Através do programa que muitos jovens interessados de baixa renda podem ter um ensino superior de qualidade para conseguir um bom emprego. Com uma formação superior são abertas portas no mercado de trabalho, com melhores condições e salários devido a formação. 34. Como disse na questão anterior, tenho muito a agradecer. No começo achava injusto por não conseguir estudar numa faculdade pública (feita para quem não consegue pagar um particular), mas depois fiquei mais aliviada ao ver que consegui pelo PROUNI uma faculdade boa. 35. Tenho plena satisfação, por ter conseguido a bolsa integral sem nenhuma complicação. Meu esforço foi reconhecido. 36. Acredito ser um programa que trará crescimento para o País como um todo, pois hoje os que estão sendo beneficiados pelo programa, acredito serem pessoas que fazem um esforço além do normal para atingir os seus objetivos e que muito em breve estão participando de forma mais qualificada com o crescimento econômico do nosso País. 37. Estou satisfeita 38. Muito satisfeita. Nunca pensei que pudesse estudar em uma Universidade tão boa e sem desembolsar um único centavo. 39. eu acho que o programa é maravilhoso precisa de reparos, no quesito escolha de alunos, mais está perfeito. 40. Apesar do meu único incomodo em relação ao PROUNI, é graças a ele que eu estou estudando. 41. Muito satisfeita. 42. Estou plenamente satisfeita com o programa. 142 43. Gostei por ter conseguido, e que deu certo, mas eu queria ter obtido 100% de bolsa ai eu estaria mais feliz! não teria que me preocupar em pagar o empréstimo que fiz. 44. Estou cada dia mais satisfeita com o PROUNI. 45. Estou satisfeita com o programa. é uma ótima oportunidade para quem quer ingressar na graduação e não tem condições de arcar com as despesas. 46. Satisfeito, até o momento. Insatisfação 1. Estou insatisfeita com o PROUNI no que se refere à orientação por parte do setor na Universidade. Tive problemas de saúde no primeiro ano de direito e não fui orientada corretamente. Precisei, devido a um aborto e outros problemas de saúde trancar a matrícula e fui orientada que se eu o fizesse perderia a bolsa. Mas vim á saber somente depois que tenho o direito de trancar por 2 semestres. Estou com a minha bolsa suspensa e lutando para reativá-la. 2. Pensando individualmente foi maravilhoso. Porém do que adianta conseguir a bolsa em lugar longe, muitas conduções, alimentação, livros, fora que o pessoal do PROUNI são os "pobres" ingressantes nas particulares. Totalmente segregados pelos colegas de classe. 3. Estou insatisfeita! O problema é que não respeitam a ordem de preferência do candidato. Ex: escolhi como 1ª opção do PROUNI o curso de farmácia na São Judas e eles me concederam a minha última opção, ou seja, a que eu menos queria Logística nesta Universidade. Eles dão as bolsas de estudo mais baratas e não respeitam a ordem de preferência do candidato. 143 Como bolsista PROUNI, você teve algum tipo de dificuldade acadêmica e/ou financeira durante o curso? Dificuldades acadêmicas 1. Sabemos que a escola pública, em geral, prepara mal o seu aluno, para uma vida acadêmica. As dificuldades estão presentes no meu cotidiano, mas é preciso se dedicar ainda mais, para garantir um resultado satisfatório. 2. Falta-me um pouco de tempo para estudar mais profundamente os conteúdos passados em sala de aula. 3. No meu caso, como trabalho muito e o meu local de trabalho é longe da minha casa, acabo ficando muito cansada, gosto de participar das aulas, mas sempre chego atrasada, ou em algumas vezes, nem vou a aula 4. A dificuldade esta em administrar o tempo entre estudos, trabalho e família. Pois fica complicado estudar um curso puxado sendo que a sua maior parcela do tempo você passa longe dos livros. 5. Bom minha dificuldade maior são os montes e montes de trabalhos, sendo que tenho que trabalhar e complica muito fazê-los da melhor maneira. 6. Sim. Acompanhar algumas matérias. 7. Tenho dificuldades para acessar a internet, por questões de falta de tempo. 8. Tive dificuldade acadêmica no semestre passado, por não conseguir conciliar faculdade e trabalho. Mas foi somente uma questão de adaptação. 9. Bom por ter estudado sempre em escola pública sinto algumas dificuldades em certos conteúdos até mesmo básico do ensino médio, porém sempre busco me esforçar recuperar os conteúdos, e vejo que (modéstia parte) na maioria das provas me saio melhor que muitos inclusive pagantes,isso também os eventos da faculdade. Minha família me ajuda muito, então consigo arcar com os custos de transporte e alimentação, alem de xerox etc... Quanto ao relacionamento com os colegas, mesmo nem sempre, mas há sim um certo preconceito de alguns e admiração de outros. 10. Queria ter mais condições de estudar, porém como minha família precisa mesmo eu tendo a bolsa preciso trabalhar, e isso dificulta. Os livros que eu queria ler, começar a Iniciação Cientifica e etc. 144 Dificuldades financeiras 1. Com o curso não porque minha bolsa é integral, mais em relação a livros, xerox, sim 2. Sim financeira, mas consegui me estabilizar. 3. Até o seguinte momento obtive dificuldade apenas nas compras de livros, que custam caro, e há poucos exemplares na biblioteca da faculdade, sendo assim também a dificuldade em pega-los tamanha procura. 4. Seria apenas financeira minha dificuldade: em relação a compra de livros e alguns materiais para trabalhos e em relação a condução. 5. Nenhuma dificuldade, apesar de que gostaria do passe livre, para economizar no transporte (que deixa a desejar na qualidade) e investir na minha alimentação durante o curso, por exemplo. Que custa caro nas dependências da universidade. 6. Sim, entre elas a dificuldade de comprar o material utilizado no curso. 7. As vezes sim, devido ser bolsista de 50%, mais sempre tenho o apoio dos familiares. 8. Se o preço se mantiver na base que está, não teria nenhum problema financeiro. 9. A única dificuldade que tenho é para realizar a impressão dos textos e trabalhos dados ao longo do curso. As xerox não costumam ter um valor alto. Algumas atividades exigem verba que não tenho. 10. Por enquanto não, pois financiei o meu curso e de vez em quando faço um biquinhos aqui e ali para os gastos do dia a dia como condução, lanche, materiais didático e de aulas praticas 11. Só tenho dificuldade em ter dinheiro todos os dias para me alimentar, pois venho direto do trabalho, almoço as 13:00 e só vou jantar as 23:40, porque não é todo dia que tenho dinheiro para comprar lanches. 12. Não, por enquanto nada tem a me impedir de dar continuidade no curso escolhido. 13. Com certeza, percebo pelo pessoal da minha sala. 14. Sim, transporte. 15. Fico feliz em ter bastante tempo para estudar, uma vez que não preciso trabalhar para pagar a faculdade. Dedico integralmente o meu tempo aos 145 estudos, todos os dias, e estou certa que isso refletirá em minha formação e atuação profissional. 16. Não ao ponto de me sentir obrigado a abandonar o curso... Porém, a renda fica contada, pois ninguém consegue ficar das 14:00 até 23:30 sem se alimentar. Gastos com alimentação, transporte e materiais são gastos fixos, não são opcionais. 17. Não porque tenho 50%, financiado pelo fies, ok, e isso me ajuda.... 18. A dificuldade que tenho é financeira principalmente com gastos de transporte, mais que será solucionado em breve, pois estou quase conseguindo o estagio, que me ajudara muito financeiramente. 19. Nenhuma. 20. Além do PROUNI, fiz também o FIES, com isso tenho a tranquilidade de não me preocupar com mensalidades, somente com materiais. 21. Não, a faculdade não exige que os alunos comprem nada, só sugerem livros como método de melhorar o aprendizado. 22. Não, pela bolsa ser integral, consigo prosseguir com as demais despesas. 23. Eu gostaria de pode comprar livros para poder consultá-los quando precisar, mas são muito caros. Apesar de a biblioteca da faculdade ser grande, a quantidade de livros disponíveis não supre a quantidade de alunos, e por isso temos que ficar "disputando" os livros. Acredito que terei dificuldade para comprar alguns equipamentos (roupas e utensílios) necessários para aulas práticas. 24. Financeira, pois saio às 7 horas da manhã de casa e chego por volta das 13 horas. Os lanches na faculdade são caríssimos e muitas vezes tenho que ficar sem me alimentar. Para fazer uma refeição razoável gasto em média 10 reais por dia e por mês gasto R$ 200,00 isso se não necessitar ficar na Faculdade por mais tempo para estudar ou fazer qualquer trabalho. Academicamente sinto dificuldade no que diz respeito á orientação por parte do PROUNI. Minha bolsa se encontra cancelada e isso porque tive problemas de saúde no ano de 2010 e fui orientada no próprio setor do PROUNI que não podia trancar a matrícula, sendo que esse é um direito que possuo. 25. Com ajuda do PROUNI, consigo conciliar com minhas obrigações, possibilitando a compra de algumas matérias, contando também com as instalações da universidade, como a biblioteca. 146 26. As mensalidades da faculdade, mesmo com a bolsa de 50% são muito caras. 27. Não tenho tanta dificuldade financeira, com meu emprego consigo cobrir alguns gastos com matérias e transporte, minha família sempre me ajuda também. Na questão acadêmica não também, pois consigo acompanhar bem as matérias e já me sinto incluído 28. Com relação ao transporte, pois preciso de duas cotas, uma para o trem e outra para o ônibus. 29. Até o momento não estou tendo nenhuma dificuldade acadêmica e nem financeira, pois me identifico com o curso e gosto das matérias de exatas, só não cursei antes pois não tinha condições de pagar uma mensalidade integral. Quanto a parte financeira, pago 50% do valor curso e outras despesas (alimentação, transporte...) que está dentro do meu orçamento. 30. Por enquanto não, a única dificuldade é comprar os livros de direito que são bem caros. 31. Só a falta de dinheiro para comer todos os dias na facul pq eu vou direto do trabalho e nem sempre tenho dinheiro para isso. 32. Tenho dificuldade financeira para conciliar a mensalidade de 50% e a compra de livros, materiais, xerox, fica um pouco pesado no orçamento. 33. Atualmente sim, mas quando ingressei no curso não. A dificuldade está voltada à parte financeira, e apenas relacionada ao meio de transporte. 147 ANEXO B Respostas das questões abertas- Concluintes Como você avalia o Programa Universidade para Todos? Quais fatores a seu entender aprimorariam o referido Programa que tem como propósito o ingresso na educação superior privada? 1. Acredito que o PROUNI seja de extrema importância dentro da sociedade, pois proporciona a possibilidade de formação em diversas áreas àquelas pessoas que possuem uma baixa renda. 2. O Programa foi de extrema importância para a minha conclusão do ensino superior. 3. Para mim o Programa foi de extrema importância, pois sem ele não teria condições de realizar minha graduação. 4. O programa é excelente. 5. O programa é excelente. O nível de exigência na prova do Enem esta num patamar ideal para quem tem a intenção de conquistar uma bolsa integral. Não tenho embasamento para indicar fatores que contribuíssem para melhoria da oferta. 6. Foi graças ao PROUNI que hoje estou quase formada, então eu acho o PROUNI uma excelente opção para aqueles que não dispõem de recursos financeiros para conseguir ter um diploma no ensino superior. 7. O Programa é excelente e deve continuar. Iniciativas como essa são imprescindíveis para a formação educacional do país. 8. O PROUNI é um programa excelente para quem não tem condições de ter um ensino superior. 9. O PROUNI é um excelente programa para proporcionar o ensino de qualidade das universidades privadas, para quem não tem como pagar por isto. Menos desigualdade na educação. 10. O programa é bom, mas como tudo tem suas falhas. 11. É um Programa muito bom, que possibilita o ingresso dos estudantes que não tem condições financeiras para obter um estudo de qualidade. Incentiva ao aluno a ir atrás de seus objetivos e desenvolvimento pessoal. 148 12. O PROUNI é muito bom. 13. O PROUNI foi muito bom, pois me possibilitou a fazer um curso superior 14. Avalio como sendo um programa muito bom, que oferece possibilidade para as pessoas que não tem condição de ingressar em um curso superior devido aos valores altos das mensalidades dos cursos em escolas particulares. 15. Muito bom o programa. 16. O PROUNI se revelou como um ótimo canal entre o estudante de baixa renda e o ensino superior. Estou prestes a me formar e foi com bolsa integral. 17. O programa é ótimo para estudantes oriundos de classes menos favorecidas já que na Universidade Pública a maior parte dos alunos só entra depois de realizar cursos pré-vestibulares caríssimos que custam o preço de uma mensalidade em faculdades privadas. 18. Ótimo programa. 19. Um ótimo programa. 20. Um ótimo programa para a preparação de profissionais para pessoas que não possuem condições financeiras para pagar uma faculdade. 21. Acho o programa uma boa proposta e que ajuda muitas pessoas que não poderiam cursar determinados cursos, pelo custo necessário, como no meu caso. Espero que esse programa possa ser aprimorado de modo a auxiliar muitos mais jovens na vida acadêmica, realizando sonhos. 22. Ótimo. 23. A idéia é ótima, faz a diferença na sociedade e é uma janela de crescimento e busca na igualdade na classe estudantil. 24. É uma oportunidade para aqueles que não obtiveram êxito nas universidades públicas, mas, demonstraram sua capacidade na obtenção de uma disputada bolsa de estudos. 25. Sem essa oportunidade não teria conseguido me formar. 26. Foi a oportunidade que tive para ingressar na universidade, sem o desconto concedido pelo programa, principalmente no inicio do curso, eu não teria condições financeiras para cursá-lo. 149 27. Ao final do curso me sinto realizada, agradeço aos idealizadores do PROUNI, ao governo pela oportunidade e espero um dia poder retribuir a sociedade um pouco do que me foi oferecido através do meu trabalho. 28. Uma ótima oportunidade para quem procura cursar um ensino superior e também para quem quer pagar menos na faculdade no caso dos bolsistas de 50%. 29. O PROUNI foi a minha única oportunidade de ingressar em uma universidade. 30. Uma grande oportunidade a jovens de baixa renda. 31. Acredito que o programa seja uma ótima alternativa para quem não tem condições de pagar seus estudos e não pôde se manter em uma instituição pública ou ainda, não teve acesso à esta (não tenha passado em um vestibular público). 32. O PROUNI foi a única alternativa, já que não tinha condições de pagar uma faculdade. Passei em universidade pública (UNESP), mas não tinha condições de me sustentar em Araraquara (região na qual foi aprovada). Com a nota do meu ENEM consegui bolsa integral. Em resumo, não tenho reclamações em relação ao programa. 33. Avalio o PROUNI como uma porta de entrada para o universo acadêmico para aqueles que são inteligentes e esforçados, mas não possuem condições financeiras para arcar com os custos que a faculdade exige. 34. O PROUNI é um programa que auxiliou muito o ingresso de pessoas em universidades privadas. 35. O PROUNI é problema de todos acredito cabe a todos estudar para obter uma boa nota e conseguir bolsa 100%. 36. O PROUNI é um dos melhores programas de inclusão social já realizado até hoje. Em minha concepção, não há fatores que aprimorem o ingresso na educação superior. Conheço muitos bolsistas PROUNI que conseguiram a bolsa mesmo não atingindo médias relativamente altas no ENEM. 37. Acredito que o PROUNI é um dos meios mais fáceis para uma pessoa que quer ter uma formação superior, mas não tem condições financeiras para pagar a mensalidade, ou no caso de universidades públicas, ir para 150 cidades distantes e ter que pagar aluguel, materiais de estudo e ainda conseguir tempo para trabalhar. 38. Eu continuo achando uma ótima opção para quem busca uma profissão e não tem condições de pagar pelo preço de uma bolsa normal. Embora o PROUNI precise ser aprimorado eu consegui uma ascensão profissional que jamais seria possível em condições normais e com isso minha família e os meios onde convivo também foram impactados com essa bolsa e essa história. 39. Particularmente falando, se não fosse pelo PROUNI não faço ideia de quando conseguiria completar minha formação superior, já que as universidades públicas mais próximas da região que moro não oferecem os cursos que escolhi fazer, e pagar a mensalidade em uma universidade particular estava totalmente fora de questão. Agora no último ano às vésperas de apresentação do meu TGI, tenho orgulho em dizer que estou me formando na universidade graças ao meu empenho, dedicação, e é claro, ao PROUNI! 40. Tive de esperar muitos anos para ingressar na faculdade após o ensino médio porque não tinha dinheiro para pagar. Com o PROUNI o meu sonho foi finalmente realizado. E veio em boa hora, melhorando minha vida profissional, meu salário e minha qualidade de vida. Hoje eu tenho novas propostas e novos caminhos a seguir. 41. O programa é de grande ajuda para qualquer cidadão, possibilita a todos o acesso para Universidade. 42. Um programa que possibilita às pessoas de baixa renda continuar seus estudos. 43. O programa Universidade para todos traz consigo a possibilidade de ingressar pessoas no ensino superior que não tem condições necessárias para arcar com a totalidade da mensalidade ou ingressar em Universidades públicas, dando assim o respaldo para ingressar. E desta maneira concluir seu curso superior. 44. Eu consegui conclui meu curso e para mim o PROUNI me deu a chance de realizar um sonho que eu não conseguiria se tivesse que pagar. 151 Críticas 1. Eu estou sem emprego até hoje porque estudava de manhã e as oportunidades de emprego não condiziam com o meu horário e eu não podia me transferir, agora que concluí estou correndo atrás! 2. Acredito que não é a solução ideal, o correto seria que o governo proporcionasse a possibilidade de ensino superior de qualidade e gratuito para todos, porém utilizou este recurso como uma forma de suprir a falta de investimentos nesse segmento. 3. Apesar do sucesso do PROUNI, deve-se lembrar que praticamente todos os bolsistas vieram de escola publica, cujo nível é muito baixo. Ou seja, enquanto não houverem melhores condições de ensino no nível médio e fundamental o aproveitamento dos bolsistas será básico. 4. O processo inicial é burocrático e, no meu caso, foi realizado com incompetência, o que resultou em Mandato de Segurança. 5. As ofertas de cursos ainda são escassos e o meio acadêmico ainda tem um certo preconceito com alunos do PROUNI. 6. Eu avalio como Regular, mas tem muito a melhorar no caso do aluno quiser uma transferência de Universidade ele não consegue pois fica preso ao horário e a faculdade por não poder se transferir. Eu mesmo tive esse problema, precisei me transferir de horário ou de Faculdade para o noturno para arrumar um emprego e não consegui porque eu perderia a Bolsa de estudos se eu mudasse de horário, então acabei perdendo a oportunidade de emprego. 7. Só com relação a transferência de horário e de Universidade, pois queria transferir para uma Universidade mais perto da minha casa e não consegui. 8. Como ponto negativo no programa digo que foi muita burocracia para que eu comprovasse minha baixa renda. 9. Não posso utilizar do programa para conseguir uma outra bolsa, o fato de eu ter feito uma graduação não significa que possuo condições (R$) para "bancar" uma graduação. 152 10. No começo tive muito medo de perder a bolsa devido a parte burocrática e a exigência quanto à DP. Mas não tive dificuldade porque estudei e batalhei pra chegar aqui. Recomendações 1. Maior divulgação, tanto aos alunos recém-formados, como também aos que concluíram o ensino médio há alguns anos. 2. Precisam concentrar muitas universidades (principalmente as federais) e alguns cursos, principalmente os que hoje são difíceis de acessarmos (medicina, relações internacionais, engenharia etc). 3. Acho que a prova do ENEM, a qual habilita o aluno a se candidatar ao PROUNI tinha que voltar ao modelo antigo, pois o ensino público não oferece condições para ser fazer uma prova tão extensa e complicada! 4. Mas acredito que algum mecanismo (por exemplo um cursinho) poderia ser implantado para que alunos da fraquíssima rede publica de ensino do nível médio fossem melhor preparados para enfrentar a prova do Enem e conseguissem ingressar numa universidade privada com os custos mantidos pelo poder público. 5. Não em relação ao PROUNI, mas está virando vandalismo a forma com que a prova do ENEM está sendo aplicada, pois todo ano tem vazamento de informações, o que prejudica muita gente. 6. Iniciativas que viessem não apenas do governo, mas do próprio ensino privado em parceria com grandes empresas de diferentes setores (Petrobrás e Votorantim seriam exemplos), pois é do interesse delas a formação de profissionais especializados. 7. Os fatores que aprimorariam logicamente é o recurso financeiro as universidades privadas estão muito caras. 8. Acredito que uma forma de aprimorar o ingresso na educação superior privada seria a oferta de cursos com uma real qualidade e estrutura por um preço realmente acessível. 9. Acredito que poderia ser oferecida a educação continuada. 153 10. Acredito que a quantidade de vagas ofertadas pelas universidades seja pequena, no entanto, proporcionou acesso ao ensino superior àqueles que não podem pagar uma universidade privada. 11. Melhor que isto, seria se ele se estendesse para pós-graduação. 12. Gostaria muito que o PROUNI pudesse continuar me ajudando no meu sonho de pós-graduação. 13. Minha sugestão é que o Programa possa dar continuidade na formação, ajudando os alunos que utilizaram o programa durante a graduação a cursar também uma pós-graduação que está sendo cada vez mais exigida pelas empresas. 14. O que melhoraria a meu ver seria uma maior oferta de bolsas, pois muitas áreas oferecem poucas bolsas. 15. Acho que deveria haver mais vagas para que todos pudessem ter acesso. 16. Aumento do número de bolsas em cursos considerados de alto nível e que tragam uma ótima renda mensal. 17. Acredito que uma bolsa-auxílio para ajudar nos materiais. 18. Gostaria que existisse esse tipo de bolsa para pós-graduação. Fale sobre a sua satisfação ou insatisfação no que se refere ao PROUNI. Satisfação 1. Muito satisfeito, pois exige do aluno ter um bom desempenho durante o período de curso. 2. Sou muito satisfeita com o PROUNI. 3. Estou insatisfeito. Na época não tinha nenhuma condição de cursar uma faculdade e hoje tenho inúmeras oportunidades e posso realizar-me completamente. 4. Satisfeita com todo o processo. 5. No que se refere ao PROUNI sinto-me satisfeita, pois consegui concluir meu curso graças a oportunidade concedida. 6. 100% de satisfação, não tenho nenhuma outra resposta, já que o programa ajudou a me formar. 154 7. Graças ao PROUNI, eu consegui fazer o curso, pois sem, eu não teria condições financeiras de fazê-lo. 8. Estou muito feliz. Sem o PROUNI não poderia estar onde estou hoje. 9. 100 % satisfeito. Sem o programa eu teria que primeiramente conseguir uma estabilidade financeira relativamente boa. Assim demoraria muito mais para conseguir a conclusão do curso superior. 10. Minha satisfação em relação ao PROUNI foi ter tido a possibilidade de pagar menos no valor da mensalidade. 11. Com o PROUNI eu só tive melhoria de vida. Estou satisfeita com o programa. 12. Estou muito satisfeita. Em momento algum sofri algum tipo de preconceito. 13. Muito satisfeito. 14. Estou muito satisfeita, pois graças ao PROUNI consegui me formar no curso que sempre quis, e não poderia pagar pois tem um valor muito alto. E satisfeita também pela qualidade de ensino oferecida pela Universidade. 15. Nunca tive problemas no que se refere ao PROUNI. Avalio como satisfatório. 16. Estou muito satisfeita. 17. Estou muito satisfeita com o PROUNI, pois é muito difícil para uma pessoa sem condições de fazer um bom ensino fundamental e médio conseguir uma universidade pública, porém, com este programa, há a possibilidade de se conseguir uma boa faculdade sem se preocupar em pagar, ou diminuir bastante a mensalidade. 18. Estou satisfeita com o programa, acredito que sem ele dificilmente eu estaria em uma universidade no porte desta Universidade. 19. Estou muito satisfeito com o PROUNI. 20. Tenho satisfação total com o programa. 21. Sou totalmente satisfeito com o programa. Se não fosse ele, não estaria na faculdade e nem teria o emprego e nem o salário que tenho hoje. 22. Não tenho do que reclamar do PROUNI e da relação da Universidade com o programa. É muito inspirador enfrentar tudo que enfrentei sabendo que não precisaria pagar pelos estudos. E o dinheiro que ganhei nos estágios que fiz, pude investir em cursos, em livros e ajudar em casa. 23. Super satisfeito. 24. Estou plenamente satisfeita com o serviço do PROUNI. Sem ele eu com certeza não teria condições de cursar o ensino superior. Durante os anos de 155 curso, surgiu um estágio, no qual fui efetivada meses após e trabalhei por um ano. Agora estou como freelancer em alguns veículos de comunicação, bastante contente, mas a procura de um emprego fixo, com mais benefícios. 25. Estou muito satisfeito com o programa. 26. Estou satisfeito com o PROUNI visto que graças a ele estou tendo a possibilidade de obter um diploma universitário. 27. Satisfeito. 28. Realmente não tenho nada do que reclamar. Todas as convocações que foram feitas para assinaturas de renovação ou comprovações de qualquer natureza ocorreram de forma bem tranquila. Sinto-me plenamente satisfeito no que se refere ao PROUNI. 29. Estou satisfeita, pois graças a Deus, hoje tenho uma formação em nível superior. 30. Eu estou completamente satisfeita com o PROUNI. 31. O PROUNI representa, com certeza, o maior passo dado pelo Brasil, no sentido de profissionalizar os cidadãos. 32. Estou satisfeita como PROUNI pelo curso que eu fiz, porém atualmente conseguir uma bolsa no PROUNI está muito mais difícil. 33. Estou satisfeito. 34. Avalio como satisfatório. Insatisfação 1. Por mais que eu seja bolsista eu não aprovo o programa, pois atualmente qualquer um entra na faculdade, mesmo sem o menor preparo e isto faz com que o nível dos profissionais seja muito baixo. 2. Laboratórios insuficientes e inadequados. 3. Há ainda muitos professores despreparados e descompromissados, com excesso de faltas. Sem contar a questão das aulas online, que em nada agregou ao conhecimento, apenas agregou aos bolsos dos reitores. 4. Insatisfação com a falta de domínio e experiência executiva dos professores. Baixa exigência por parte dos professores. Aulas fracas e docentes desmotivados. 156 Como bolsista PROUNI, você teve algum tipo de dificuldade acadêmica e/ou financeira durante o curso? Dificuldades acadêmicas 1. Sim. 2. Como bolsista do PROUNI não sofri qualquer tipo de discriminação pelos meus colegas e funcionários da universidade, independente de onde você venha ou como paga suas mensalidades, todos são tratados como iguais (falo isso pelo curso que fiz...). Por vir de escola pública tive que me empenhar muito para conseguir acompanhar o conteúdo de matérias básicas, que deveriam ter sido aprendidas no ensino médio, mas, por vir de uma escola pública, não tinha conhecimento o suficiente. Dificuldades financeiras 1. Financeira, muitas, durante os muitos meses em que fiquei desempregada por ter mudado de área. Estava há 3 anos na indústria farmacêutica e não me identificava com a área, ao mesmo tempo, não podia me dedicar a um cursinho ou pagar uma faculdade, prestei PROUNI duas vezes até conseguir a vaga em Comunicação Social, o que sempre quis fazer. Foi um caminho prático, do qual hoje não me arrependo. Na minha área, o curso no ensino superior é mais valorizado (e melhor conceituado) do que em Universidades públicas. 2. Não tive muitas dificuldades, apenas não tive condições de comprar livros, pois na minha área a maioria é muito custosa. Mas a universidade dá o suporte necessário, as bibliotecas são muito bem equipadas. 3. A maior dificuldade é a da distância entre minha casa e a universidade. O mais difícil foi ter dinheiro para pagar o transporte em alguns meses em que não trabalhei e que minha mãe estava desempregada. 4. Tive dificuldades para me locomover até a escola de ônibus, apesar de morar relativamente perto. Às vezes tinha a vontade de ir as aulas, mas não havia dinheiro para a condução. Acho que deveriam implementar ajuda de custo para os bolsistas integrais, principalmente, com a condução. E para aqueles que trabalham, possuem contrato ou carteira assinada e enfrentam o trânsito 157 de São Paulo para chegar a noite na escola cansados, deveria também existir uma ajuda de custo quanto a alimentação. 5. Não como bolsista apenas, como aluna em geral, livros muito caros, condução demorada. 6. O fato de a faculdade ser a mais perto de casa, ainda preciso pegar condução e também não tinha acesso a internet, como estive desempregada por algum tempo, tive dificuldades em custear e tb para estuda via on line. 7. No início tive dificuldades para a compra de livros e alimentação. mas logo, consegui um estágio que atendeu a essa necessidade. 8. No inicio foi mais difícil, com relação a parte financeira, porém minha condição profissional melhorou devido o fato de cursar o ensino superior. 9. Mesmo com bolsa de cem por cento, o aluno que entra em alguma universidade por meio do PROUNI tem dificuldades em se manter, pois o custo com livros, xerox, impressões de trabalhos, condução, entre outros aspectos ainda é um fator que dificulta a permanência no curso. 10. Tive dificuldades financeiras, principalmente no que se refere a condução. Moro em outra cidade, utilizando duas conduções por viagem. 11. Sim 12. Dificuldade financeiras foi relacionada a compra de livros, que quando exigidos, são caros. Mas eu consegui ir atrás de outras opções mais baratas. 13. Tive dificuldades financeiras durante o curso pelo material para o meu curso ser muito caro. 14. Claro. No começo do curso tinha muitas dificuldades financeiras, pois a renda mensal de minha família era muito baixa. Tive dificuldades com acesso à internet (somente consegui esse recurso em casa no 4º ano do curso). Também no 1º semestre cheguei a perder aulas por faltar dinheiro para o transporte. 15. Não, não houve problemas financeiros e as dificuldades foram normais como qualquer aluno pode ter. 16. Somente com alimentação, porque eu saio do trabalho e vou direto para a faculdade, chego em casa quase meia noite quando finalmente tenho uma refeição. Os lanches oferecidos nas dependências da instituição são muito caros pro meu padrão de vida e eu não tinha como comprar todos os dias. 158 17. Não tive grandes dificuldades acadêmicas ou financeiras no decorrer do curso. Acho que tive as mesmas dificuldades dos alunos não bolsistas. 18. Sempre existe um gasto, porém como sempre trabalhei, procurei sempre reservar dinheiro para manter-me na Universidade. 19. Tive sim. Algumas vezes eu não tinha passagem para ir estudar. A alimentação também era bem difícil. Mas graças a Deus deu tudo certo. Nunca demonstrei essas dificuldades para ninguém, mas foi difícil. Às vezes até para fazer um xerox das apostilas era complicado. 20. No início tive dificuldades financeiras pessoais como mencionado no questionário. Dificuldades com falta de alimentação em casa, falta de dinheiro do transporte. Referente a livros sempre usei os livros da biblioteca. 21. Somente financeira. 22. No começo sim as xerox eram semanais e muita quantidade. Agora com a minha melhoria de situação a dificuldade diminuiu. 23. Minha dificuldade foi financeira referente a distância da faculdade e da minha residência. A alimentação na universidade também tem um custo alto o que impossibilita o consumo diário em suas dependências. A quantidade de horas perdida no trajeto também foi uma dificuldade. 24. Financeiras, algumas dificuldades como a compra de livros, que na área da medicina veterinária são muito caros, mas os livros nunca eram exigidos, eram passados apenas como leitura complementar, e na maioria dos casos eram oferecidos para empréstimo na biblioteca, então não foi realmente um grande problema. 25. Financeira - por causa da dificuldade de encontrar estágio que possibilitasse a aplicação dos conhecimentos adquiridos. 26. Sim. porque era bolsista 50% fiquei desempregada e solicitei ajuda de familiares e amigos para mensalidades e materiais ex. xerox. 27. A principal dificuldade foi a financeira, os gastos com materiais necessários e uniformes. 28. Tive com meio de transporte. 159 ANEXO C Carta Aberta ao Exmo. Sr. Ministro de Estado da Educação Fernando Haddad Senhor Ministro, Nós, estudantes bolsistas do ProUni, reunidos na cidade de São Paulo, dedicamos algumas palavras a Vossa Excelência, afim de apresentar uma série de idéias e reivindicações a respeito do Programa Universidade Para Todos. Em primeiro lugar, é importante registrar que consideramos o ProUni uma grande conquista dos estudantes brasileiros. Ele é resultado da luta histórica para garantir a ampliação de vagas no ensino superior, considerando que o Brasil detém a pífia marca de apenas 11% dos jovens de 18 a 24 anos matriculados. Registramos aqui, com convicção, que a grande maioria de nós não estaria na universidade senão através do ProUni. O recorte social que ele garante inclui uma parcela da população que não teria acesso a uma vaga na universidade pública e muito menos as mensalidades praticadas nas instituições privadas. Muitos de nós, com idade mais avançada, já havíamos perdido a expectativa de concluir uma graduação e agora volta aos bancos escolares retomando este antigo sonho. Defendemos a ampliação do ProUni! Queremos que mais jovens, como nós, tenham acesso ao ensino superior, até que este direito seja universal a toda a população! Queremos a ampliação da universidade pública para que assim ela seja democratizada e popularizada! Buscamos o investimento na escola básica para que tenhamos igualdade de oportunidade com aqueles que tem condição de pagar as altas mensalidades. Respondemos aqui a todos aqueles que atacaram o ProUni, insinuando que a seleção social derrubaria a qualidade do ensino! Lembramos a eles, que o estudante do ProUni também passa por uma seleção de mérito, através de nota mínima do Exame Nacional de Ensino Médio(Enem) e da concorrência aberta por determinada vaga. Publicizamos ainda que todas as pesquisas desta questão, além do Exame Nacional de Avaliação dos Estudantes (Enade) comprovam que os ingressos pelo ProUni, ou por outros programas de seleção socioeconômica, têm desempenho superior a média dos demais. Por isto, defendemos a radicalização destes critérios. Mais vagas do ProUni! Pela implementação imediata da reserva de vagas nas universidades públicas brasileiras! 160 Compreendemos o ProUni como um direito! Como nosso direito ao estudo! E assim, não vacilaremos em nos defender de cada abuso ou distorção. Com todos os méritos que tem, não devemos nos cegar para o fato de que toda política em implementação deve ser aprimorada e melhorada. Muitas vezes, a generalidade dos decretos não consegue perceber as dificuldades enfrentadas no dia-a-dia do estudante. Durante a nossa organização e a realização das etapas deste encontro diagnosticamos uma série destas dificuldades. Apresentamos aqui as principais delas sistematizadas. São elas: 1. Por mais informação: Com toda a certeza, a falta de determinadas informações é o nosso principal problema. Isto gera uma incerteza de nossos direitos e deveres em relação ao programa. A maioria de nós mal tem certeza da relação de exigências de desempenho acadêmico para a manutenção da bolsa, o que cria uma série de boatos. Diagnosticamos que o setor de bolsistas no site do Ministério da Educação é insuficiente para resolver esta questão – já que se resume a reproduzir trechos de determinadas portarias – abrindo a possibilidade para diferentes interpretações. Identificamos que as próprias instituições têm dúvidas sobre vários critérios. É comum encontrarmos casos em que somos prejudicados por informações inverídicas que recebemos por funcionários das próprias secretarias das Faculdades. Sendo assim, defendemos: Que o MEC desenvolva uma cartilha explicativa voltada aos estudantes beneficiados, a ser entregue no ato da matrícula de cada um, detalhando os direitos e deveres do estudante ProUni ao matricular-se pelo programa. Que o MEC reformule o setor de informações aos bolsistas do sítio do ProUni na Internet, detalhando melhor os direitos e deveres dos estudantes do programa. Que o MEC exija das instituições de ensino que preparem melhor as secretarias para atender ao estudante ProUni e que crie documentos públicos de orientação para os diferentes atores envolvidos, afim de desmistificar uma série de critérios. 161 2. Por critérios mais claros para a perda de bolsa: pelo fim da exigência de comprovação de renda anual! O medo de perder a bolsa é outro problema freqüentemente encontrado. A falta de informação, aliada a interpretações diferentes por parte de cada instituição gera um verdadeiro terrorismo entre nós. Por várias vezes, nos deparamos com colegas que pensam que nosso desempenho deve ser de no mínimo 7,5 em qualquer disciplina matriculada. Não somos contrários à exigência de um desempenho mínimo para a manutenção da bolsa. No entanto, por se tratar da retirada de um direito adquirido, defendemos que estes critérios sejam uniformizados para que fiquem claros a todos os estudantes. Apresentamos ainda, a discordância em relação à exigência da comprovação de renda todos os anos praticada por algumas instituições amparadas pelas determinações do MEC. A portaria MEC nº 34, fala em encerramento da bolsa por “substancial mudança de condição socioeconômica do bolsista”. Pois bem, “substancial mudança” não define claramente qual seria ela, o que abre margem para interpretação das próprias instituições. Além disso, consideramos contraditório com os objetivos do programa limitar nosso desenvolvimento financeiro. Tal medida, além de nos trazer incerteza todos os anos do fato da manutenção da bolsa, incentiva a informalidade no trabalho, a negativa de promoções e até problemas familiares com pais e irmãos que tiveram algum tipo de progresso no trabalho. Sendo assim, defendemos: A definição objetiva e publicização dos critérios para a perda de bolsa; que o MEC garanta que as instituições cumpram a determinação de que “deverá apresentar aproveitamento acadêmico em, no mínimo, 75% (setenta e cinco por cento) das disciplinas cursadas em cada período letivo”. Pelo imediato fim da exigência da comprovação de renda a cada renovação de bolsa. 3. Pelo direito a transferência A transferência de matrícula no ensino superior é uma prática muito comum a todos os estudantes. Pode ser conseqüência de uma série de fatores, como 162 transferência de domicílio, conquista ou mudança de horário de emprego, etc. Acontece, ainda, a desilusão com determinado curso que nos obriga a experimentar currículos diferentes. A maioria das faculdades tem nos negado esse direito. Em alguns casos, sequer transferência de período tem sido autorizada. Outro problema encontrado é da transferência para cursos em universidades públicas. Pela ausência do vestibular na seleção do ProUni, várias faculdades tem se negado a permitir que os estudantes do ProUni disputem com seus méritos o direito a uma vaga remanescente nestes cursos. Por isso, defendemos: Que o MEC exija das faculdades que permitam o pleno direito de transferência, como é facultado a todos os estudantes. Pelo direito a transferência de turno, unidade, universidade e curso. Pelo direito dos estudantes do ProUni a disputa de vagas remanescentes em todas as universidades públicas brasileiras. 4. Igualdade de concorrência a todos os espaços da universidade Pensamos que os estudantes do ProUni devem ter os mesmos direitos e deveres que todos os outros. Sendo assim, todos os espaços de disputa de mérito nas faculdades devem ser abertos a nós. Nos deparamos com uma realidade diferente no caso do pleito de bolsas de iniciação científica e outras, por exemplo. Sob a justificativa da duplicidade de bolsa nos é negado por várias faculdades o direito a disputa dessas vagas. Esta justificativa é falsa, já que nenhum estudante do ProUni jamais recebeu nenhum tipo de remuneração por parte do governo ou das instituições. Outro caso não menos comum é o das habilitações optativas. Em muitas faculdades tem sido negado a nós disputar determinada habilitação, nos obrigando a cursar as menos concorridas. Assim, defendemos: Pela igualdade de direitos e deveres dos estudantes do ProUni com o restante dos estudantes matriculados; pelo direito de igualdade de disputa por qualquer espaço na universidade. 163 Pelo direito a iniciação científica com bolsa de estudos. Pelo direito a disputa de habilitações por mérito. 5. Pela garantia de conclusão plena dos cursos Uma de nossas preocupações é a da plena conclusão dos nossos cursos. O direito a uma bolsa do ProUni, conquistada por méritos na nota do Enem e pelo critério socioeconômico, deve nos garantir a conclusão da graduação. Temos nos deparado com várias dúvidas a este respeito. Uma delas é a de bacharelados opcionais de quarto ano. Vária faculdade não tem deixado claro o nosso direito de cursá-lo alegando que se trata de uma segunda titulação. Pensamos que se trata de um complemento do curso e, portanto, somos intransigentes na exigência do direito a cursá-los. Outro caso em aberto é o que trata da alteração de grades curriculares durante a vigência do contrato. Temos nos deparado com cursos como o de Pedagogia, que por alterações nas diretrizes do Conselho Nacional de Educação, tem obrigado as instituições a ampliar a duração do curso, excedendo a vigência do contrato do ProUni. Ainda vemos dúvida a respeito de uma possível reprovação no último ano letivo. Várias Faculdades tem nos informado que neste caso teríamos que arcar com o custo desta DP para concluir a graduação, mesmo que dentro dos 25% previstos para reprovação. Um outro problema é referente ao trancamento de matrícula. Conforme autoriza o MEC, o trancamento é permitido. No entanto, a maioria das instituições exige o pagamento do período trancado ao final do curso. Sabemos que o trancamento, em vários casos, como a maternidade das estudantes ou os problemas de saúde, não é uma opção. Assim, defendemos: Pelo direito a todo tipo de complemento curricular aos estudantes do ProUni durante a vigência da bolsa, incluindo os bacharelados opcionais. Pela garantia da conclusão do curso com vigência da bolsa nos casos de aumento da grade curricular. 164 Pelo direito a matrícula gratuita de qualquer reprovação, mesmo que no último ano letivo, desde que dentro do limite de desempenho estabelecido. Pelo direito ao trancamento de matrícula justificada sem prejuízo a conclusão do curso com a bolsa. Pela garantia, por parte do MEC, do direito à matrícula aos estudantes selecionados pelo programa em cursos que não formaram turma, através de transferência. Pela garantia, por parte do MEC, da continuidade dos cursos nos casos de encerramento do convênio entre o MEC e a instituição. 6. Por condições de permanência e programas de inserção no mercado de trabalho Não podemos ignorar que mesmo com a isenção da mensalidade, nossa permanência durante a graduação é difícil. Como sabemos, a trajetória escolar exige muito mais do que a garantia da carteira na sala de aula. As necessidades são várias: desde a alimentação, o transporte público até a própria moradia para muitos de nós que mudam de município. Além disso, existem as exigências diversas que cada curso nos submete, com materiais muitas vezes caríssimos e decisivos, uma vez que cobram a possibilidade da reprovação não pela ausência de mérito, mas de dinheiro suficiente para acompanhar os demais colegas. Por um lado, pensamos que o atual modelo de concessão de bolsas permanência deva ser revisado. A exigência da média de seis horas aulas diárias não é atingida inclusive por alguns cursos de Medicina ou Engenharia. Além disso, é fundamental que se leve em conta a questão dos custos com materiais didáticos exigidos. Além disso é fundamental que pensemos numa perspectiva de inserção no mercado de trabalho para os estudantes do ProUni, através de programas próprios de estágio. 165 Pela flexibilização e ampliação dos critérios de concessão da bolsa permanência aos estudantes do ProUni. Pela inclusão, entre os seus critérios de seleção, de possíveis custos didáticos exigidos por determinados cursos. Por programas de estágio e primeiro emprego direcionados aos estudantes do ProUni. Por políticas públicas municipais, como o passe-livre aos estudantes bolsistas. 7. Formação completa: por incentivo de ingresso em pós-graduações Uma de nossas preocupações é a continuidade de nossa vida acadêmica. O ProUni, pensado como instrumento de choque social para setores mais desfavorecidos da população, deve pensar em como proporcionar uma formação completa. Sem dúvida, sem nenhuma política específica, muito de nós não se acomodaria apenas com uma graduação e buscaria outros diplomas. Se existisse uma política mais concreta neste sentido, esse número aumentaria e muito. Defendemos: Por convênios específicos nas pós-graduações de universidades públicas brasileiras para estudantes egressos do ProUni. Por critérios socioeconômicos para a distribuição de bolsas de pósgraduação. Pelo direito pleno de participação em todos os espaços de ensino, pesquisa e extensão promovidos pelas universidades. 8. Pela implementação real da comissão nacional de acompanhamento e controle social do ProUni Como fica claro, os problemas e encruzilhadas enfrentados por nós não são poucos. O dia-a-dia muitas vezes traz a tona questões que os decretos e leis não conseguem perceber. As universidades, muitas vezes não obrigadas por lei a garantir determinados direitos, nos submetem a situações inadequadas. Desta maneira, a Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do ProUni (Conap) deve cumprir papel fundamental. 166 Assim, reivindicamos: Pelo funcionamento regular da Conap. Pelas garantias materiais por parte do MEC para o funcionamento da Conap. Pela promoção e institucionalização da Conap como instrumento fiscalizador da implementação do ProUni e de amparo aos estudantes bolsistas. 9. Por formação de qualidade! Queremos muito mais do que o direito a matrícula. Queremos educação de qualidade. Por isso, acreditamos que o Ministério da Educação deve ser intransigente na fiscalização de nossos cursos a fim de garantir a sua qualidade. Assim, defendemos: Por rigor de fiscalização do MEC nos cursos oferecidos pelo ProUni. Pela implementação real do Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior) e pelo rigor da determinação de descredenciamento de cursos mal avaliados por ele. Pelo descredenciamento de toda a faculdade no ProUni em casos de mais de um curso mal avaliado. Sr. Ministro, Estas são as nossas reivindicações. Sabemos que Vossa Excelência é um dos idealizadores do programa e esperamos que busque sensibilidade e convicção para fazê-las cumprir. Pensamos que assim o ProUni será um programa ainda melhor. Somos a primeira de muitas gerações que terão o direito de estudar através do ProUni. Tentamos neste encontro cumprir o nosso papel buscando inspiração na idéia de um Brasil grandioso, de uma nação que faça jus ao seu tamanho, as suas riquezas naturais, a sua criatividade científica, tecnológica e econômica e, principalmente, que faça isso através das potencialidades do seu povo. 167 A educação é instrumento fundamental na busca desse desafio. Não queremos mais desperdiçar as grandes mentes brasileiras excluídas dos bancos escolares! Que este encontro incentive a todos que lutam por uma educação melhor e mais democrática! Educação de qualidade a todas e todos os brasileiros! São Paulo, 24 de novembro de 2007. 1º Encontro Municipal dos Estudantes do ProUni da Cidade de São Paulo