EDIÇÃO
INFORMATIVA
DA CNT
CNT
ANO XIX
NÚMERO 221
FEVEREIRO 2014
T R A N S P O R T E
O QUE
AT UA L
FALTA AO BRASIL
Estudos da CNT apontam carências na
infraestrutura de transporte do país.
Leia entrevista com o ministro dos
Transportes, César Borges
ESPECIALISTA MÁRCIO COELHO BARBOSA FALA DO TRANSPORTE NAS CIDADES
4
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
CNT
REPORTAGEM DE CAPA
TRANSPORTE ATUAL
Estudos técnicos divulgados pela CNT, em 2013, apontam a
necessidade de soluções urgentes e mais investimentos em
todos os setores da atividade transportadora para que país tenha
uma infraestrutura capaz de fomentar o crescimento econômico
Página 20
ANO XIX | NÚMERO 221 | FEVEREIRO 2014
ENTREVISTA
Márcio Coelho
Barbosa fala sobre
transporte urbano
PÁGINA
8
AVIAÇÃO • Companhias aéreas ampliam os
canais de autoatendimento e registram
aumento na adesão dos clientes
CAPA RODRIGO GUILHERME/CNT
PÁGINA
32
AQUAVIÁRIO
EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT
CONSELHO EDITORIAL
Bernardino Rios Pim
Bruno Batista
Etevaldo Dias
Tereza Pantoja
Virgílio Coelho
Wesley Passaglia
FALE COM A REDAÇÃO
(61) 3315-7000 • [email protected]
SAUS, quadra 1 - Bloco J - entradas 10 e 20
Edifício CNT • 10º andar
CEP 70070-010 • Brasília (DF)
Tecnologia 3D
ganha espaço na
indústria naval
PÁGINA
38
ESTA REVISTA PODE SER ACESSADA VIA INTERNET:
www.cnt.org.br | www.sestsenat.org.br
EDITORA RESPONSÁVEL
Vanessa Amaral
[[email protected]]
EDITOR-EXECUTIVO
Americo Ventura
[[email protected]]
ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:
[email protected]
Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do
1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053.
Tiragem: 40 mil exemplares
FERROVIAS
SEGURANÇA
Uso de areeiros Freios ABS e
reduz o tempo de airbag agora são
parada dos trens itens de série
Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual
PÁGINA
44
PÁGINA
48
www.
cnt.org.br
BNDES deve desembolsar mais de R$ 10 bi para
financiar projetos na área de logística em 2014
PARCERIA • Empresas apoiam o projeto do Museu
Os recursos estão previstos nas linhas de financiamento da instituição para os modais ferroviário, rodoviário e investimentos em infraestrutura no setor de transportes. O crédito também pode contemplar projetos de eficiência energética, aquisição, importação e
leasing de bens de capital e planos de investimentos para micro,
pequenas e médias empresas. Do montante, R$ 2,4 bilhões irão para portos, R$ 2,6 bilhões para aeroportos, R$ 1,7 bilhão para ferrovias e R$ 3,8 bilhões para rodovias.
Brasileiro do Transporte e assinam cotas de patrocínio
para a sua construção em Campinas (SP)
PÁGINA
52
CARGAS
LOGÍSTICA
Os cuidados na
hora de comprar
uma carreta
Serviços oferecem
mais facilidades
para as empresas
PÁGINA
54
PÁGINA
58
Curso prepara condutores para
transportar cargas indivisíveis
SAÚDE
Seções
Alexandre Garcia
6
Duke
7
Mais Transporte
12
Boletins
70
Tema do mês
78
Opinião
81
Cartas
82
Medicamentos
simples podem
oferecer riscos
PÁGINA
60
SEST SENAT
As palestras que
serão oferecidas
em 2014
PÁGINA
64
“Será que essa gente - os que produzem e os que
transportam - tem sido bem tratada como merece?”
ALEXANDRE GARCIA
Responde sem
ser ouvido
B
rasília (Alô) - O campo, em 2013, mais
uma vez segurou o Brasil. A indústria sofreu, o comércio teve desempenho medíocre e o campo continuou respondendo, mesmo sem ser ouvido. A safra de
grãos cresceu 16,2% - oito vezes o crescimento do PIB. Como a área colhida cresceu
metade disso - 8% - conclui-se que aumentou,
mais uma vez, a produtividade. Planta-se com
planejamento e inteligência. Soja, milho e arroz
representaram 92% do total colhido. A soja
cresceu 24%, e já somos os campeões mundiais,
ultrapassando os Estados Unidos em quantidade, já que faz anos os ultrapassamos em produtividade. O milho cresceu 12% e o arroz, 3,2%.
Os heróis do campo colheram 188,2 milhões
de toneladas, segundo os números oficiais, e,
neste ano, a colheita de grãos deve ultrapassar
200 milhões de toneladas. Conto isso para mostrar o quanto a terra pode dar, mas também para mostrar outro milagre: o do transporte das
safras em poucos trens, milhares de caminhões
a superar obstáculos e portos atrapalhados.
Uma logística cheia de desafios que, no entanto,
ainda ajuda o campo a salvar o PIB e a balança
comercial. Mas será que essa gente - os que
produzem e os que transportam - tem sido bem
tratada como merece?
O campo tem sido atormentado sem tréguas.
Não apenas a agricultura, mas também a pecuária. O MST ameaça, a Funai ameaça, os fiscais da
Previdência e do Trabalho rondam com exigências inacreditáveis, o Ibama se junta ao cerco,
sem contar com as ONGs estrangeiras que só se
interessam pela Amazônia, onde há pouca gente, e não tem interesse pelo Nordeste, onde há
tanta gente com baixa qualidade de vida. Pois a
despeito de tudo isso, a produção de alimento
responde com a percepção de que a maior necessidade do planeta sempre será de comida.
O que dizer, então, do escoamento dessa riqueza? Pedágios ilegais praticados por índios,
estradas intransitáveis, pistas malfeitas, perigosas, assaltos nas estradas e nos pontos de
descanso dos motoristas, filas intermináveis
nos portos e a insaciável sede de tributos por
parte de um Estado que não presta bons serviços públicos. Se o Estado quer se meter na atividade econômica, que se meta para estimular,
não para atrapalhar. Ainda bem que a cabotagem está acordando de uma longa letargia: arroz gaúcho já está indo para o Nordeste em
contêiner, por navio. Neste 2014, enquanto a
cidade estiver de férias, com Carnaval, Semana Santa, feriadões, Copa do Mundo e eleições,
o campo vai estar trabalhando 24 horas por
dia, como sempre, e o transporte vai estar rodando sem parar.
CNT TRANSPORTE ATUAL
Duke
FEVEREIRO 2014
7
“O colapso das nossas cidades é iminente. Temos um volume de
mas faltam projetos. É preciso, talvez, ensinar as cidades a caminhar,
ENTREVISTA
MÁRCIO COELHO BARBOSA - ESPECIALISTA EM TRANS
Prioridade ao
POR
m 2050, a expectativa
é que 95% da população brasileira viverá
em grandes centros urbanos. Hoje, segundo dados do
Censo 2010, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), esse percentual já é de 84,3%. Os números fazem acender a luz de alerta para diversas necessidades
básicas e aspectos sociais e
que precisam ser oferecidos
para todo esse contingente.
No setor de transporte, o esgotamento das cidades, em relação à mobilidade das pessoas, é a
principal preocupação. Para Márcio Coelho Barbosa, especialista
em transportes públicos pelo Instituto de Ciências dos Transportes da Universidade de Colônia,
da Alemanha, dar prioridade ao
transporte urbano coletivo é fun-
E
LIVIA CEREZOLI
damental para que as cidades
não cheguem ao caos.
Na visão dele, a criação de pedágios urbanos pode ser uma solução viável para restringir o uso
do automóvel no Brasil. “É aquela
velha história, a parte mais sensível do homem é o bolso. Mas não
é só cobrar. É preciso mostrar
que existem outras coisas em jogo com a restrição do uso do carro, como é o caso da melhoria da
qualidade do ar, da saúde e da
qualidade de vida da população, e
do futuro de todos nós.”
Barbosa é mestre em engenharia de produção pela UFF
(Universidade Federal Fluminense). Atualmente é superintendente do Setrerj (Sindicato das
Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro), professor de Logística de
Transporte e Turismo Rodoviário
do Observatório de Inovação do
Turismo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e membro do Conselho Consultivo da UCT (Universidade Corporativa do Transporte), instituição vinculada a Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro).
Nesta entrevista concedida à
CNT Transporte Atual, ele faz
uma análise da mobilidade nas cidades brasileiras e ressalta a importância da integração entre os
diversos modais.
Que análise pode ser feita
do transporte público nas cidades brasileiras?
Não diria que é uma análise
ruim quando avaliamos do ponto
de vista do início de um novo linear. Felizmente, as administrações públicas perceberam que a
mobilidade da população urbana
está muito comprometida e que
algo precisa ser feito a favor dela.
Hoje, já temos administradores
públicos que não mais imaginam
que investir em transporte é apenas construir uma ponte ou alargar uma rua. Eles já estão percebendo que esse tipo de investimento só favorece o automóvel
particular. Quando olhamos para
a evolução, para a história do
nosso transporte, percebemos
que ele está intimamente ligado à
gestão municipal, e isso, lamentavelmente, passa ou passava por
um processo no qual as obras
eram tidas como eleitoreiras e
em sua grande maioria eram realizadas para obtenção de votos.
Ninguém investia em transporte
coletivo de massa porque o retorno é mais demorado e ele só viria
em uma próxima administração.
ARQUIVO PESSOAL
recursos bastante significativo,
a elaborar bons projetos”
PORTE PÚBLICO
coletivo
Isso fez com que muitos gestores
municipais, em um passado bastante recente, priorizassem a ampliação de ruas e de pontes porque isso dá mais voto. O tempo de
maturação de uma obra dessas é
mais rápido, então o prefeito
mesmo anuncia, faz e inaugura.
Falando dessa necessidade
de priorizar o transporte coletivo, a nova Política Nacional de
Mobilidade Urbana já prevê medidas de restrição ao uso do
automóvel individual. Como esse tipo de medida pode ser implantado no Brasil?
Quando falamos desse assunto,
é preciso deixar bem claro que, em
nenhum momento, queremos punir as pessoas que têm automóveis. Não é dizer para elas que
nunca mais poderão ter um carro
particular. É claro que elas podem
ter, mas precisamos conscientizar
as pessoas que esse automóvel
deve ser usado para os deslocamentos que não são pendulares.
Aquele deslocamento que você
faz todo dia para o trabalho, de ida
e volta apenas, não faz sentido ele
ser realizado por veículo particular. Nas cidades, não podemos privilegiar estacionamentos públicos
e vias para esses carros. Quem se
dispuser a utilizar o automóvel,
precisar estar ciente e ter condições de bancar o custo disso.
O senhor acredita que o
Brasil está se preparando para
esse tipo de ação?
Surpreendentemente, acredito que estamos sim. É claro que
esse é um processo, que precisamos ir além para realmente começar. Infelizmente, nossos prefeitos ainda têm muito medo so-
bre a aplicação de normas punitivas que priorizem o coletivo. Mas
isso já está mudando. A própria
população já está percebendo
que não é mais viável levar três
horas para se chegar ao trabalho.
Todo mundo hoje tem uma reflexão mais apurada do que realmente é investimento.
Mas muitas pessoas criticam, por exemplo, as faixas exclusivas em algumas cidades. O
nosso problema é cultural?
Eu não posso ousar em convidar você a deixar seu carro em casa se eu não te ofereço um transporte público de qualidade. Então,
a primeira coisa a ser feita é investir em um grande projeto de trans-
porte urbano para que as pessoas
tenham vantagens nesse sistema.
Quando o conforto for próximo daquele que o carro oferece, quando
o tempo for mais rápido, as pessoas vão optar pelo transporte público. Pode ser que a rádio que toca no ônibus não seja a sua preferida, mas você vai ter mais tempo
no seu dia porque esse sistema de
transporte tem prioridade na via. A
partir disso, você começa a restringir o uso do automóvel e somente
quem tem realmente disposição
para pagar um estacionamento
particular ou um pedágio urbano
vai utilizar o carro particular.
É possível pontuar que modelo de transporte público de-
veria ser priorizado no Brasil
para resolver esse impasse da
mobilidade?
O modelo tem que ser
aquele em que é possível perceber que a maioria da população está servida por um
transporte coletivo. A nossa
história mostra que temos
uma tradição de utilizar o
transporte rodoviário em
maior quantidade. Um exemplo claro disso é a demora em
obras de metrô. No Rio de Janeiro, por exemplo, ele levou
40 anos para chegar até Ipanema. Isso não é eficaz. Se
existem soluções de transporte coletivo de menor custo e
de tempo de maturação mais
rápidos, eu particularmente
prefiro investir neles. O que
quero dizer com isso é que soluções de BRTs são bastante
viáveis. Citando o Rio de Janeiro novamente, na cidade foi
feita uma faixa seletiva na rua
que já existe, sem redução de
calçada. Também foi implantada uma grande sinalização
vertical e horizontal, as paradas foram selecionadas de forma que nem todas as linhas
parem nos mesmos pontos. No
início, houve certa reclamação
da população até a adaptação
total, mas a aceitação hoje é
absoluta. A vantagem desse
modelo é o baixo investimento. Quando a gente se refere a
que modelo adotar, eu acredito que há diversas graduações
que os próprios gestores precisam analisar. Na minha ava-
liação, o que precisamos é dar
prioridade ao coletivo.
Como definir qual sistema
de transporte público é melhor
para determinada cidade?
Isso se dá em função da capacidade de transporte, do investimento que precisa ser
feito e do prazo de maturação. Quando se tem um sistema que a simples colocação
de uma faixa seletiva dará
uma velocidade comercial satisfatória, pode ser uma solução. Quando isso já está saturado, pode-se passar para o
BRT, porque o veículo tem capacidade maior. Agora, nos
centros urbanos muito congestionados e quando se tem
recursos, não tenho a menor
dúvida que a solução é o sistema metroferroviário.
Quando comparadas com
outras metrópoles, as grandes cidades brasileiras têm as
menores extensões de metrô.
O que dificulta a implantação
desse sistema de transporte
por aqui?
O metrô é um sistema de
transporte absolutamente caro. Ele é viável para centros
urbanos altamente densos,
que tenham recursos para investir. Os sistemas de transportes precisam ser pensados em níveis. Eu ainda acho
que, antes de se implantar
metrô, é preciso esgotar todas as possibilidades, como o
BRT, por exemplo.
“Quando o
conforto for
próximo do
que o carro
oferece, e
for mais
rápido, as
pessoas vão
optar pelo
transporte
público”
Mas o ideal não é o planejamento em longo prazo, com
previsão de crescimento de
demanda?
Esse eu chamaria de mundo
ideal, em que eu não preciso hoje
de metrô, mas eu já o construo
prevendo a necessidade para daqui a 20 ou 30 anos. Mas a realidade orçamentária atual não tem
permitido isso. Quem vai pagar e
manter um metrô em uma cidade
onde ele, teoricamente, ainda não
é necessário? Não podemos esquecer esse lado. O ideal seria
que a gente pudesse, efetivamente, abrir várias linhas de metrô,
como Londres e Paris têm. Mas a
nossa realidade inviabiliza isso.
Independente da implantação de BRTs, VLTs ou metrô, co-
CPTM/DIVULGAÇÃO
“Eu acho que
ainda temos
um problema
sério de
gestão que
não nos
permite ter
a visão do
todo, da
integração”
SOLUÇÃO Transporte coletivo impede que cidades cheguem ao caos
mo promover a integração entre os diferentes sistemas de
transportes no Brasil?
Integração é a palavra-chave
de tudo isso. Não adianta em nada eu ter um metrô eficiente que
liga o ponto A ao ponto B, se
quando as pessoas saltam dele,
elas têm que caminhar longas
distâncias ou até mesmo esperar
por um sistema de transporte que
não está alinhado com o metrô. A
integração tem que ser completa:
física, operacional e tarifária. Física é quando a pessoa sai do metrô subterrâneo, por exemplo, e
na superfície existe um trem ou
um ônibus que permite a continuidade do deslocamento. A integração operacional é aquela na
qual os quadros de horários dos
diversos sistemas não obriguem
as pessoas a esperar por horas
pela segunda condução. E, por último, a tarifária. Você precisa dar
algum benefício para aquele
usuário que sai imediatamente
do metrô e precisar pegar um
ônibus. Ele não pode, de jeito nenhum, pagar a tarifa cheia do metrô e depois do ônibus. Isso já não
é permitido mais. Precisamos oferecer benefícios para que o usuário faça a integração.
As obras que estão sendo
realizadas no setor de transporte público no Brasil, como
forma de preparação para os
grandes eventos, como a Copa
do Mundo e a Olimpíada, são
suficientes para a demanda
que se projeta?
Eu não tenho muita preocu-
pação com os eventos. A minha
preocupação é com a população
que fica, que paga por isso e que
precisa urgente de um sistema
de transporte de qualidade. Fala-se muito em legado, eu nem
sei se é esse o nome que deve
ser usado. Depois que acabar a
Copa, a Olimpíada, como nós,
que moramos aqui, ficaremos? É
preciso pensar nos benefícios
que nós teremos. É claro que eu
quero que os eventos sejam um
sucesso, que os visitantes utilizem os sistemas de transporte
de forma racional, mas eles ficam aqui 15, 20 dias, no máximo
um mês. A minha preocupação
real é com os moradores das cidades que vivem aqui e precisam diariamente de um sistema
de transporte que permita a eles
um deslocamento eficiente e seguro. Eu acho que ainda temos
um problema sério de gestão
que não nos permite ter a visão
do todo, da integração.
Diante da obras que estão
sendo feitas nas grandes cidades, quais o senhor citaria como exemplos de mobilidade urbana?
São Paulo está com um grande
projeto. É interessante perceber
que as pessoas já entenderam
que as cidades vão parar se a
gente não olhar para a mobilidade urbana. O Rio de Janeiro também já tem grandes corredores.
De maneira geral, percebo que os
grandes centros têm se voltado
mais para essa questão e já estão
pensando de forma coletiva na
mobilidade urbana.
Que previsão pode ser feita
em médio e longo prazo sobre a
mobilidade urbana nas cidades
brasileiras?
Em médio prazo, eu fico muito
preocupado. Está todo mundo
agora falando em mobilidade, só
que precisamos perceber medidas
práticas e efetivas em favor dessa
mobilidade. Lá na frente, eu acredito que ela virá porque não tem
outro jeito. O colapso das nossas
cidades é iminente. O que também
me preocupa é a forma como os
projetos estão sendo apresentados. Temos um volume de recursos bastante significativo, mas faltam projetos. É preciso, talvez, ensinar as cidades a caminhar, a elaborar bons projetos.
l
12
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
MAIS TRANSPORTE
Sustentabilidade em quatro rodas
A Ford apresentou o veículo
conceito C-MAX Solar Energi
Concept movido a energia solar.
O modelo, desenvolvido pela Ford,
em parceria com a SunPower
e o Instituto de Tecnologia da
Georgia (EUA), oferece um híbrido
plug-in, sem depender da rede
elétrica ou combustível para
recarregar a bateria. O projeto
aproveita a energia do sol usando
um concentrador especial que
atua como uma lente de aumento,
direcionando os raios para os
painéis solares no teto do veículo.
Segundo a Ford, com uma carga
completa (um dia inteiro de sol),
o Ford C-MAX Solar deve oferecer
a mesma autonomia total do
C-MAX Energi convencional, de
até 1.000 km, incluindo 33,8 km
somente no modo elétrico. O veículo
conta com cabo de conexão para
recarga em estação elétrica.
FORD/DIVULGAÇÃO
AUTONOMIA Projeto da Ford aproveita a energia do sol
Novos slots para a Copa-2014
A Anac (Agência Nacional
de Aviação Civil) autorizou
todas as solicitações de slots
(horários de chegadas e
partidas), feitas pelas
companhias aéreas, para voos
regulares, no período de 6 de
junho a 20 de julho, por causa
da Copa de 2014. Foram
solicitados mais de 160 mil
slots, o que representa,
aproximadamente, 80 mil voos,
incluídos ou alterados, para o
período. Dentro desse número
incluem-se 1.973 novos voos.
Conforme a Anac, os
pedidos foram atendidos
considerando-se o número de
alterações apresentadas por
cada companhia, além da
capacidade de pista, de pátio e
de terminal dos 25 aeroportos
coordenados pela agência
durante o Mundial. As rotas
mais solicitadas foram
Galeão/Ezeiza (Argentina);
Brasília/Guarulhos;
Fortaleza/Guarulhos;
Santos Dumont/Viracopos e
Galeão/Aeroparque (Argentina).
A redefinição da
malha de voos regulares no
período do Mundial foi
necessária para atender
à demanda específica
para o evento.
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
13
RECONHECIMENTO
Cepimar entrega Prêmio Técnico Modelo 2013
CEPIMAR/DIVULGAÇÃO
Cepimar (Federação das
Empresas de Transportes Rodoviários dos Estados do Ceará, Piauí e Maranhão), por meio do Despoluir Programa Ambiental do Transporte –, entregou o troféu Prêmio Técnico Modelo 2013 ao
técnico do programa em Fortaleza (CE), André Soares, como
reconhecimento ao bom desempenho desenvolvido no
ano de 2013.
“É uma honra receber tal
reconhecimento por parte da
minha equipe. Ter sido o melhor técnico entre tantos colegas competentes é realmente um orgulho. Agradeço
a todos os profissionais envolvidos no processo de realização das aferições, em especial ao coordenador do
programa, Marcelo Brasil, e
ao técnico Marcelo Oliveira
por tornarem possível essa
conquista”, declarou Soares.
A solenidade aconteceu no
A
TROFÉU André Soares é agraciado com prêmio da Cepimar
dia 24 de janeiro na sede da
federação. Para conseguir a
indicação de referência, os
técnicos da Cepimar são avaliados com relação à média
anual de aferições veiculares,
de acordo com a meta estipulada pela Cepimar, assim co-
mo pela atuação em quesitos
como disciplina, iniciativa, relacionamento com a coordenação e comunicação.
Além desses quesitos, os
técnicos deverão ter conhecimento e repassar informações aos transportadores so-
bre meio ambiente, manutenção e condução econômica. O
Prêmio Técnico Modelo foi
criado com o objetivo de reconhecer e gratificar o profissional da área que consegue se destacar no exercício
de sua função.
WILSON SONS/DIVULGAÇÃO
Apoio offshore
A Wilson Sons Estaleiros
fechou um novo contrato
para a construção de
quatro OSRVs (Oil Spill
Recovery Vessels),
embarcações de apoio
offshore especializadas
no combate ao
derramamento de
óleo. As OSRVs serão
operadas pela Oceanpact
Serviços Marítimos.
Cada embarcação
tem 67 metros de
comprimento, 14 metros
de largura e capacidade
de armazenagem de
1.050 metros cúbicos
de óleo derramado.
O valor do contrato
é de, aproximadamente,
R$ 330 milhões. As OSRVs
serão construídas no
complexo de estaleiros da
Wilson Sons, em Guarujá (SP).
A previsão de entrega das
quatro embarcações à
Oceanpact é até 2016.
CONTRATO Complexo construirá quatro embarcações
14
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
MAIS TRANSPORTE
VALE/DIVULGAÇÃO
Gestão de Logística e
Cadeia de Suprimentos
Livro traz os principais temas
da área, discutindo tópicos,
como a logística de atendimento
ao cliente, satisfação e
relacionamentos, operações e
gestão de materiais, tecnologia
de logística e tecnologia da
informação.
De: David Grant, Ed. Saraiva,
376 págs., R$ 69
Novidade nos trilhos da Vitória a Minas
A Vale investiu US$ 80,2 milhões na renovação da frota do trem de passageiros da EFVM (Estrada de Ferro
Vitória a Minas). O trajeto de 664 km, que liga Belo Horizonte (MG) a Vitória (ES), vai operar com 56 novos
carros, sendo 10 executivos (60 passageiros) e 30 econômicos (79 lugares). Os veículos vieram da Romênia.
Aeroporto de Curitiba se destaca
Os serviços prestados nos 15
maiores aeroportos do Brasil
receberam nota média de 3,79. A
pesquisa foi feita pela Secretaria
de Aviação Civil e faz parte do
Relatório Geral dos Indicadores
de Desempenho Operacional em
Aeroportos, de abril a junho do
ano passado, divulgado em janeiro
de 2014. Foram ouvidos 19,8 mil
usuários da aviação civil, que
atribuíram notas de 1 a 5 para
itens como preços dos
serviços, disponibilidade de
carrinhos para bagagem, tempo
de espera nas filas, limpeza,
informação de voo e restituição
de bagagem. Com base nos
resultados, foi calculada a média
de cada terminal. O aeroporto
com melhor resultado foi o de
Curitiba (PR), com nota média
de 4,21. O pior foi o aeroporto
de Cuiabá (MT), com nota 3,43.
Planejamento de
Transportes: Conceitos
e Modelos
A proposta do livro é introduzir
profissionais e estudantes no
conhecimento do processo de
planejamento de transportes,
apresentando conceitos e
modelos que constituem a
base para o entendimento
desse processo.
De: Vânia Barcellos G. Campos,
Ed. Interciência, 188 págs., R$ 56
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
15
AVALIAÇÃO
Segurança em alta no Up!
Up!, novo modelo da
Volkswagen a ser fabricado no Brasil, recebeu
qualificação máxima em segurança para o passageiro adulto
e a maior qualificação já outorgada para o passageiro criança.
A avaliação foi realizada pelo
Latin NCAP (Programa de Ava-
O
liação de Carros Novos para a
América Latina), lançado em
2010. O Latin NCAP concedeu a
qualificação de cinco estrelas
ao Up! depois de o veículo ser
aprovado em dois testes de colisão: impacto frontal a 64 quilômetros por hora e impacto lateral a 50 quilômetros por hora.
A utilização das ancoragens
superiores para sistemas de retenção infantil Isofix (sigla em
inglês para “International Standards Organisation FIX”, norma
para a instalação de cadeirinhas infantis) contribuiu para o
bom desempenho do carro na
proteção do passageiro crian-
ça. Ambas as qualificações 5 e
4 estrelas para passageiros
adultos e crianças obtidas pelo
Up! representam, em conjunto,
a melhor combinação de resultados já outorgados pelo Latin
NCAP. A previsão é de que o Up!
seja lançado no mercado nacional em março.
VOLKSWAGEN/DIVULGAÇÃO
LANÇAMENTO O Latin NCAP concedeu a qualificação 5 estrelas ao Up! após o veículo ser aprovado em testes de colisão
Novos vagões na Norte-Sul Santos tem resultado recorde
A VLI, empresa de logística
integrada de carga geral,
aumentou a frota de vagões
da FNS (Ferrovia Norte-Sul)
com a aquisição de 306
vagões, sendo 208 unidades
do tipo hopper para o
transporte de grãos e 98
vagões-tanque para
combustíveis. A frota da VLI
mais que dobrou em dois
anos e saltou de 362, em
2011, para 877 unidades.
A Ferrovia Norte-Sul está
compreendida no corredor
logístico Centro-Norte da VLI
e se conecta à EFC (Estrada
de Ferro Carajás). Essa rota
garante o escoamento
de produtos pelo porto
do Itaqui, ligando os
Estados do Maranhão e
Tocantins aos mercados
consumidores externos.
O porto de Santos registrou
resultado recorde na
movimentação de cargas em
2013: 114 milhões de toneladas,
o que representa uma alta de
9% se comparado ao ano
anterior. As exportações
cresceram 10,5%, com
destaque para os embarques
de açúcar (19 milhões de
toneladas, 15% a mais
que em 2012), soja
(15,8 milhões de toneladas,
alta de 16%) e gasolina
(25,6% superior ao ano
anterior). As importações
cresceram 6,2%, com as
maiores altas nas compras
de gás liquefeito de petróleo
(31,5%) e de trigo (23,9%).
A previsão é que, em 2014,
a movimentação em Santos
chegue a 122 milhões
de toneladas.
16
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
MAIS TRANSPORTE
PEDRO VILELA/AGÊNCIA I7/DIVULGAÇÃO
FedEx expande operações
A FedEx Express, subsidiária da FedEx
Corporation, empresa de transporte
expresso, abriu sua primeira estação e
loja em Belo Horizonte (MG). Seguindo
o plano de expansão da companhia no
Brasil, foi aberta também a segunda
loja no Rio de Janeiro (RJ). Conforme a
Assessoria de Comunicação, as novas
unidades estão inseridas em mercados
estratégicos e vão oferecer mais
conveniência e facilidade de acesso
aos serviços disponibilizados pela
empresa. As novas unidades estão
aptas para enviar e receber encomendas
para mais de 220 países e territórios.
GOLDEN CARGO/DIVULGAÇÃO
Foco no agronegócio
A Golden Cargo desenvolveu uma
solução logística para atender às
operações da FMC Química do
Brasil (fabricante de defensivos
agrícolas) na região conhecida
como Mapitoba, que abrange os
Estados do Maranhão, Piauí,
Tocantins e Pará. O projeto
consiste na utilização do CD
(Centro de Distribuição) da
Golden Cargo em Balsas (MA)
para atender ao grande
crescimento do agronegócio
regional. A partir da nova base
operacional, a empresa delineou
toda a malha de atendimento da
FMC, tornando o Centro de
Distribuição um ponto estratégico
para a região com a tecnologia
de armazenagem adequada às
operações da FMC. Segundo
Ricardo Melchiori, diretor de
operações da Golden Cargo, ao
utilizar a estrutura do CD, a FMC
reduziu em 50% o tempo de
atendimento a seus clientes,
diminuindo o prazo de entrega
pela metade. Outra expectativa da
parceria é a redução dos custos de
frete em 4%, considerando
transferência, distribuição e
armazenagem.
LOGÍSTICA Centro de Distribuição em Balsas (MA)
GASOLINA
Combustível com menor teor de enxofre
Petrobras lançou novas
gasolinas comum e premium de ultrabaixo teor
de enxofre. Segundo a companhia, o combustível está sendo
distribuído desde 1º de janeiro,
substituindo integralmente, em
todo o Brasil, as gasolinas ante-
A
riores. Os novos tipos são S-50,
pois possuem teor máximo de
enxofre de 50 mg/kg ou ppm
(partes por milhão), o que representa uma redução de 94%
em relação ao teor de enxofre
das gasolinas anteriormente
comercializadas.
Tais características possibilitam a introdução de veículos dotados de modernas tecnologias
para o tratamento de emissões,
além da redução de 35 mil toneladas por ano das emissões de
SOx (óxidos de enxofre). Segundo a Petrobras, as novas gasoli-
nas vão reduzir as emissões de
gases poluentes no escapamento de motores fabricados a partir de 2009 em até 60% de NOx
(óxidos de nitrogênio), em até
45% de CO (monóxido de carbono) e em até 55% de HC (hidrocarbonetos).
AGÊNCIA PETROBRAS/DIVULGAÇÃO
EMISSÕES Os novos tipos de gasolina permitem uma redução de 94% do teor de enxofre
IBERIA/DIVULGAÇÃO
Charme na cabine
A piloto Marta
Pérez-Aranda se
tornou a primeira mulher
comandante de voos
transoceânicos da
companhia aérea
espanhola Iberia.
Marta se tornou
comandante em janeiro
deste ano. Sete dias
depois do título, ela
operou seu primeiro
voo em um Airbus A-340-300,
partindo de Mardri com
destino a São Paulo (SP).
Ela iniciou sua carreira
como piloto na
companhia em 1988.
Em 2010, passou a
comandar a frota
de Airbus da empresa.
A Iberia conta com
57 pilotos mulheres
em seu quadro.
COMANDANTE Piloto Marta Pérez-Aranda, da Iberia
18
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
MAIS TRANSPORTE
MERCADO
Estabilidade no setor automotivo
LIBRELATO DIVULGAÇÃO
Fenabrave (Federação
Nacional de Distribuição
de Veículos Automotores) divulgou os números do
setor em 2013. A federação
considerou o resultado geral
razoável. De acordo com a entidade, 2013 encerrou dentro das
expectativas, considerando o
desempenho apresentado pela
economia brasileira. As vendas
de todos os segmentos somados (automóveis, comerciais
leves, caminhões, ônibus, motocicletas, implementos rodoviários e outros, como carretinhas para transporte) apresentaram queda de 2,29% em 2013,
no comparativo com 2012.
Ao todo, foram emplacadas
5.458.671 unidades em 2013, ante as 5.586.525 registradas no
ano anterior. Na opinião do
presidente-executivo da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, o alto nível de endividamento da população, que ficou
em 65% no ano, provocou certa limitação de crédito para a
venda de automóveis.
Para caminhões, ônibus, implementos, tratores e máquinas
agrícolas, o desempenho foi positivo, em função da atividade agrícola e do PSI, programa de financiamento oferecido pelo BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) com
taxas deflacionadas. Segundo le-
A
EM ALTA Venda de caminhões registra alta de 13,02%
vantamento da Fenabrave, em
2013, houve queda da inadimplência, que chegou a 6,8% para pendências acima de 90 dias.
O mercado de caminhões
registrou alta de 13,02% na
comparação dos acumulados
de 2013 e 2012. Foram emplacados 155.691 caminhões no ano
passado, ante 137.752 unidades
no mesmo período de 2012. O
setor de ônibus cresceu
20,58% no comparativo entre
os acumulados de 2012 e 2013,
passando de 29.546 unidades
emplacadas para 35.628.
Conforme a Fenabrave, na soma dos segmentos de caminhões
e ônibus, o desempenho do ano
foi positivo no acumulado, e também na comparação entre novembro e dezembro do ano passado. Ao todo, foram emplacadas
191.319 unidades em 2013, contra
167.298 no ano anterior. O volume
representa uma alta de 14,36%.
No último mês de 2013, 17.915 unidades foram emplacadas no Brasil. Esse volume é 21,58% maior
que as 14.735 unidades registradas em novembro.
O ano foi o melhor da história para os segmentos de comerciais leves e ônibus. Para
caminhões, foi o terceiro melhor ano da história do segmento, atrás apenas dos resultados obtidos em 2010 e 2011,
respectivamente.
REPORTAGEM DE CAPA
BR-158 – Pará
O que esper
PESQUISA CNT DE RODOVIAS
A expectativa é de alta nos
investimentos e de continuidade no
programa de concessões, mas estudos
da CNT ainda indicam deficiências em
todos os setores do transporte
ar de 2014?
22
CNT TRANSPORTE ATUAL
POR
FEVEREIRO 2014
LIVIA CEREZOLI
ontratos de concessões
de aeroportos e de rodovias a serem assinados. Novos trechos rodoviários, portos e ferrovias para
serem leiloados. Obras de mobilidade urbana para serem entregues. E no meio disso tudo, uma
Copa do Mundo e um processo
eleitoral para acontecer.
Apesar de um cenário bastante movimentado para 2014, os
gargalos estruturais e regulatórios ainda insistem em travar o
desenvolvimento do transporte
no Brasil. Os estudos técnicos divulgados pela CNT em 2013 apontam para a necessidade de soluções urgentes em todos os setores da atividade transportadora
para que o país tenha uma infraestrutura de transporte compatível com os objetivos de crescimento econômico e de desenvolvimento social a que se propõe.
Diante desse cenário, o que se
pode esperar para este ano?
Para o doutor em transportes
e professor da Escola de Engenharia da UFRGS (Universidade
Federal do Rio Grande do Sul),
Luiz Afonso Santos Senna, 2014
não terá tanta movimentação no
C
EXPECTATIVA Setor aguarda o lançamento do leilão de novos
setor de transportes como foi
2013. “Nada muito substancial e
novo deve acontecer. Estamos
em um ano eleitoral e, por conta
disso, a aplicação de dinheiro público é mais restrita.”
Na visão de Senna, o período
que se inicia neste ano, apesar
do atraso nos cronogramas, será
de maturação e de continuidade
dos programas lançados anteriormente. De acordo com ele,
melhorias já poderão ser vistas.
Algumas obras rodoviárias já estão sendo iniciadas. Porém, também existe um sério risco de licitações serem adiadas novamente, como é o caso das ferrovias e
dos portos. “Infelizmente, ainda
continuaremos a conviver com
as deficiências no nosso setor de
transporte por um tempo. O conjunto da nossa infraestrutura
ainda não é compatível com as
aspirações econômicas do nosso
país”, afirma o professor.
Rodovias
Entre os transportadores rodoviários de cargas, mesmo que
as condições das rodovias não sejam satisfatórias, a Pesquisa CNT
de Rodovias 2013 mostrou que
63,8% da extensão total avaliada
apresenta algum tipo de deficiência, o clima é de otimismo. Segun-
do José Hélio Fernandes, presidente da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de
Cargas e Logística), a participação da iniciativa privada na duplicação e na operação de alguns
trechos deve trazer melhorias. “O
transportador prefere pagar o
preço do pedágio, desde que ele
seja justo, a trafegar em uma rodovia em péssimas condições.”
Até dezembro de 2013, o governo federal licitou cinco dos
nove trechos rodoviários que
compõem o PIL-Rodovias (Programa de Investimento e Logística). A BR-262 (MG/ES) que foi a
leilão em setembro do ano pas-
CNT TRANSPORTE ATUAL
23
FEVEREIRO 2014
VALEC/DIVULGAÇÃO
AVALIAÇÃO DA INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE
Acompanhe as principais conclusões dos estudos da CNT sobre os modais
PORTOS MARÍTIMOS
• A Pesquisa CNT do Transporte
Marítimo constatou que os
portos brasileiros estão
sobrecarregados e que a falta
de uniformização dos
procedimentos administrativos
afetam o desempenho do setor
• Entre os principais problemas
dos portos estão as limitações de
espaço nos terminais e nas
retroáreas, os acessos rodoviários e
ferroviários insuficientes
trechos de ferrovias anunciado em 2012
sado, mas não despertou interesse de nenhum grupo de investidores, permanece em licitação segundo informações da
EPL (Empresa de Planejamento
de Logística). Outros três trechos – BR-116 (MG), BR-101 (BA) e
BR-153 (GO/TO) e TO-080 (TO) –
ainda não tiveram os cronogramas definidos.
“O que não pode ocorrer é o
mesmo erro da BR-262. Atrasar
as concessões traz prejuízos para o setor. As obras levam tempo
para serem realizadas e quem
perde é a sociedade de uma forma geral. Este já é um ano atípico devido à Copa e às eleições.
• Também são gargalos
que precisam ser
solucionados o elevado
número de órgãos
que atuam nos portos
de forma desconexa, a pesada
carga tributária e a falta de
mão de obra qualificada
• A Pesquisa CNT de Rodovias 2013
revelou que aumentou o número
de trechos em condições ruins. Da
extensão total avaliada, 63,8%
apresentam alguma deficiência no
pavimento, na sinalização ou na
• O estudo Transporte e Economia –
O Sistema Ferroviário Brasileiro
identificou os gargalos físicos,
financeiros e institucionais que
ainda impedem um melhor
desempenho e uma maior
eficiência do transporte
de cargas realizado pelas
ferrovias nacionais
AQUAVIÁRIO
CABOTAGEM
• Na Pesquisa CNT do Transporte
Aquaviário – Cabotagem 2013
foram identificados os principais
entraves para o desenvolvimento
da atividade no Brasil
• A carência de infraestrutura
portuária adequada, a elevada
idade da frota de embarcações,
o excesso de burocracia, a alta
tributação e a escassez de
mão de obra estão entre os
principais problemas do setor
• A maior utilização da cabotagem
contribui para o descongestionamento do sistema rodoviário
TRANSPORTE HIDROVIÁRIO
• A Pesquisa CNT da Navegação
Interior 2013 concluiu que apenas
50% das vias navegáveis são
utilizadas economicamente
RODOVIÁRIO
geometria. O levantamento
avaliou 96.714 km de
rodovias federais
pavimentadas e os principais
trechos das estaduais
pavimentadas
FERROVIÁRIO
• Entre os problemas
estruturais estão
as invasões das faixas
de domínio e os
cruzamentos
rodoferroviários que
obrigam as composições a
reduzirem a velocidade
de maneira significativa
• A falta de investimentos e de
melhorias no setor é um dos
principais entraves para o
desenvolvimento da atividade. Para
59,6% dos armadores entrevistados
na pesquisa, a ausência de
manutenção nas vias navegáveis é
um problema muito grave. Na
sequência, a falta de investimentos
do governo foi citada por 55,3%
• Os principais problemas da
infraestrutura são a falta de
berços para atração nos terminais,
a insuficiência e a inadequação
dos acessos terrestres, a não
regularidade nas operações de
dragagem e a ausência de
sinalização e balizamento nas
vias, o que reduz a segurança
na navegação
• Ao todo, foram identificados 250
pontos críticos que trazem riscos
à segurança dos usuários,
como erosões na pista, buracos
grandes, quedas de barreiras ou
pontes caídas
• O trabalho apresentado pela CNT
ainda avalia o novo modelo de
concessão proposto pelo governo
federal em 2012. A maior
complexidade do modelo e a
maior regulamentação podem
dificultar o funcionamento do
sistema e do mercado de
transporte ferroviário de cargas
Fonte: CNT
Não podemos adiar novamente o
programa de concessão iniciado
em 2013”, diz Fernandes.
Ferrovias
No modal ferroviário, duas
realidades bastante diferentes.
Enquanto o setor de passageiros
tem perspectivas promissoras
com as obras de mobilidade urbana que estão sendo realizadas
em algumas cidades, o de cargas
não tem o mesmo otimismo (leia
sobre as obras de mobilidade urbana na página 28). A construção
de 11 mil quilômetros novos de
ferrovias anunciada pelo governo federal em 2012 sequer saiu
do papel. Pelo cronograma inicial, a assinatura dos contratos
de concessão dos novos trechos
estava prevista para acontecer
entre maio e setembro de 2013,
mas até o fechamento desta edição nenhum edital havia sido publicado pelo governo federal.
“Infelizmente, vejo que este
não será um bom ano para o nosso setor. Devemos, na verdade, já
pensar em 2015. Não estamos falando apenas do atraso de um
ano do PIL-Ferrovias, mas de pelo
menos 11 anos, desde o lançamento do Plano de Revitalização
de Ferrovias em 2003. Nada foi
feito desde então. Se parte da
malha não tivesse sido concedida em 1997, arrisco dizer que praticamente não teríamos ferrovia
no Brasil hoje”, diz Rodrigo Vila-
GARGALO Programa de agendamento deve evitar formação de
“Ainda vamos
conviver com
as deficiências
no setor de
transporte por
um tempo”
LUIZ AFONSO SENNA, PROFESSOR DA UFRGS
ça, presidente-executivo da ANTF
(Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários).
De acordo com ele, existe a
expectativa de que o governo
leiloe pelo menos um dos dez
trechos que compõem o programa, mas para isso será preciso rever alguns pontos do
modelo apresentado. “O plano
de expansão é correto. A malha
precisa ser interiorizada, mas
questões políticas estão prevalecendo sobre questões técnicas. Nesse modelo de concessão, acredito que não haverá
grupos de investidores interessados”, afirma ele.
No novo modelo, a iniciativa
privada participará tanto da oferta de infraestrutura quanto do
serviço de transporte, mas em
ambas as situações haverá participação direta do governo. Serão
realizadas PPPs (Parcerias Público-Privadas) para financiar os investimentos e dar celeridade à
execução das obras. Para garantir
o retorno das PPPs e a concorrência no serviço de transporte, a Valec (empresa pública, vinculada ao
Ministério dos Transportes e res-
LUCIANO BERGAMASCHI/FUTURA PRESS
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
25
ALTERNATIVA
Medidas são adotadas para evitar filas
O governo federal anunciou, em dezembro do ano
passado, algumas medidas
voltadas para a melhoria do
escoamento da safra de
grãos, que começa em fevereiro e tem seu pico entre os
meses de março, abril e maio.
De acordo com a SEP (Secretaria de Portos), o governo
criou um sistema para sincronizar a chegada de caminhões no
porto de Santos. O objetivo é
evitar as enormes filas nas rodovias que se formaram na chegada ao porto no início de 2013.
O sistema visa promover a sincronização entre a chegada do
navio e o embarque da carga.
Segundo a secretaria, o caminhão só poderá entrar no Porto
de Santos quando a embarcação que receberá a carga já estiver lá. Todo o agendamento
será operado pela SEP.
A medida faz parte das
tarefas realizadas pelo
grupo de trabalho criado,
em abril de 2013, para discutir soluções para a melhoria da logística de escoamento da produção
agrícola nacional. O grupo
é coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento e tem a
participação e o envolvimento da CNT, do Ministério dos Transportes, da SEP,
da ANTT (Agência Nacional
de Transportes Terrestres),
da Antaq (Agência Nacional
de Transportes Aquaviários), da EPL (Empresa de
Planejamento e Logística),
da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento),
da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo) e da CNA (Confederação
da Agricultura e Pecuária
do Brasil).
Segundo Meton Soares,
vice-presidente da CNT, o
agendamento é uma solução
paliativa e não vai resolver
os problemas do porto. “Essa medida é emergencial.
Para que Santos e outros
portos não tenham problemas de congestionamento
de caminhões, precisamos
melhorar os acessos terrestres e ampliar as áreas de
atracação para que as operações sejam mais rápidas.”
De acordo com o levantamento da safra 2013/2014 da
Conab, o Brasil deverá registrar uma produção de grãos
de 196,7 milhões de toneladas. O volume apresenta um
aumento de 5,2% em relação à safra passada, de 186,9
milhões de toneladas.
filas no porto de Santos, como em 2013
ponsável pela construção e exploração de infraestrutura ferroviária
no país) comprará a capacidade
integral de transporte e, por meio
de oferta pública, venderá o direito de passagem às empresas.
O professor Senna, da UFRGS,
acredita ser pouco provável a
realização de algum leilão de ferrovia ainda em 2014 se nada for
alterado no modelo proposto. De
acordo com ele, a participação da
Valec inibe o investidor e, em ano
eleitoral, o governo não deve correr o risco de uma licitação vazia,
como aconteceu com a BR-262.
O estudo Transporte e Economia – O Sistema Ferroviário
Brasileiro, divulgado pela CNT
no ano passado, avalia que a
maior complexidade do modelo
e a maior regulamentação podem dificultar o funcionamento
do sistema ferroviário de cargas. O estudo destaca a possibilidade de endividamento do Estado em caso de demanda insuficiente, repetindo a situação já
ocorrida com a extinta RFFSA
(Rede Ferroviária Federal S.A.).
Além disso, a existência de dois
marcos regulatórios - o vigente
“Não podemos
adiar
novamente
o programa
de concessão
iniciado
em 2013”
JOSÉ HÉLIO FERNANDES,
PRESIDENTE DA NTC&LOGÍSTICA
tem duração de 30 anos, prorrogáveis por mais 30 - pode inibir os investimentos da iniciativa privada por causa da insegurança institucional.
Aeroportos
No setor aéreo, 2014 deve
ser um ano de consolidação,
mas existe preocupação com o
término das obras, principalmente nos aeroportos das cidades que receberão os jogos
da Copa do Mundo. Segundo a
Abear (Associação Brasileira
das Empresas Aéreas), as com-
26
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
ALEXANDRE MOTTA/NITRO/DIVULGAÇÃO
panhias não deverão ter novas
rotas de voo e trabalham para
melhorar a eficiência da malha
existente. O consultor-técnico
da associação, Adalberto Febeliano, afirma que já é possível observar melhorias em alguns terminais, mas ainda é
preciso aguardar a entrega
das obras para ser feita uma
avaliação definitiva.
O professor Senna, da
UFRGS, mostra-se pessimista.
Ele acredita que muita coisa
não ficará pronta para a Copa,
apesar de algumas melhorias
já serem visíveis nos três terminais concedidos em 2012 –
Guarulhos, Brasília e Viracopos. “Nessa área, me coloco
muito mais como torcedor do
que avaliador técnico. Torço
muito para que as obras fiquem prontas, mas acho difícil
isso acontecer”, destaca ele.
A Infraero (estatal que administra 63 aeroportos) garante que os terminais das cidades-sede da Copa que estão
sob sua responsabilidade – incluindo Galeão e Confins, que
já foram leiloados, mas cujos
contratos devem ser assinados em março – terão condições de atender a demanda
de passageiros do evento,
mesmo que nem todas as
obras sejam entregues. Os
três já concedidos (Viracopos,
Brasília e Guarulhos) têm previsão de conclusão até maio,
CONCLUSÃO Nem todas as obras dos aeroportos devem ficar prontas a tempo da Copa do Mundo
“Nesse
modelo de
concessão
não haverá
grupo de
investidores
interessados”
RODRIGO VILAÇA, PRESIDENTE-EXECUTIVO DA ANTF
segundo as empresas que os
administram.
Portos
O transporte aquaviário também tem desafios burocráticos e
estruturais para serem enfrentados em 2014 e, pelo que indica o
atraso no cronograma de licitação dos portos públicos anunciado pelo governo federal, muita
coisa talvez ainda se arraste. O
projeto do primeiro bloco de arrendamentos, que inclui o porto
de Santos e os portos do Pará,
recebeu questionamentos do
TCU (Tribunal de Contas da
União), e o leilão previsto para
novembro de 2013 ainda não tem
data para acontecer, assim como
os outros três blocos de portos.
Os estudos técnicos divulgados pela CNT mostram que no setor portuário os terminais brasileiros estão sobrecarregados e
que a falta de uniformização dos
procedimentos administrativos
afetam o desempenho do setor.
Além disso, existem limitações de
espaço nos terminais e nas retroáreas, e os acessos rodoviários e
ferroviários são insuficientes.
PROGRAMA DE INVESTIMENTOS EM LOGÍSTICA
Acompanhe o andamento dos projetos*
CONCESSÕES RODOVIÁRIAS
DADOS GERAIS
Lotes: 9
Extensão total: 7.000 km
Investimento estimado: R$ 46 bilhões
BR-163 (MT)
• Extensão total: 850,9 km
• Prazo de concessão: 30 anos
• Consórcio vencedor: Odebrecht
Em licitação
BR-262 (ES/MG)
• Extensão total: 375,6 km
• Prazo de concessão: 30 anos
• A rodovia foi a leilão em 2013, mas não houve interessados
ANDAMENTO DAS CONCESSÕES
Leilões já realizados
BR-050 (GO/MG)
• Extensão total: 436,6 km
• Prazo de concessão: 30 anos
• Consórcio vencedor: Consórcio Planalto
BR-163 (MS)
• Extensão total: 847,2 km
• Prazo de concessão: 30 anos
• Consórcio vencedor: CCR (Companhia
de Participações em Concessões)
Aguardando definição de cronograma
BR-101 (BA)
• Extensão total: 772,3 km
• Prazo de concessão: 30 anos
BR-060 (DF/GO), BR-153 (GO/MG) e BR-262 (MG)
• Extensão total: 1.176,5 km
• Prazo de concessão: 30 anos
• Consórcio vencedor: Triunfo
Participações e Investimentos
BR-040 (MG/GO/DF)
• Extensão total: 936,8 km
• Prazo de concessão: 30 anos
• Consórcio vencedor: Invepar
BR-153 (GO/TO), TO-080 (TO)
• Extensão total: 814 km
• Prazo de concessão: 30 anos
BR-116 (MG)
• Extensão total: 816,7 km
• Prazo de concessão: 30 anos
CONCESSÕES FERROVIÁRIAS
DADOS GERAIS
Extensão total: 11 mil km
Investimento estimado: R$ 99,6 bilhões
ANDAMENTO DAS CONCESSÕES
• O programa foi anunciado em
agosto de 2012. Pelo cronograma
inicial, as licitações
deveriam ter acontecido entre abril e
junho de 2013, mas nenhum edital foi lançado
até o momento
TRECHOS A SEREM CONCEDIDOS
• Ferrovia Açailândia – Porto de Vila do
Conde (Barcarena)
• Ferrovia Anápolis Estrela d’Oeste Panorama - Dourados
• Ferrovia Lucas do Rio Verde - Campinorte Palmas - Anápolis
• Ferrovia Rio de Janeiro - Campos - Vitória
• Ferrovia Salvador - Recife
• Ferrovia Uruaçu - Corinto - Campos
• Ferrovia São Paulo - Rio Grande
• Ferrovia Belo Horizonte - Salvador
• Ferrovia Maracaju - Eng Bley - Paranaguá
• Ferroanel de São Paulo
CONCESSÕES DE AEROPORTOS
DADOS GERAIS
Terminais de grande porte: 2
Investimento estimado: R$ 9,2 bilhões
Aeroportos regionais: 270
Investimento estimado: R$ 7,3 bilhões
ANDAMENTO DAS CONCESSÕES
Leilões já realizados
AEROPORTO DE CONFINS (MG)
• Prazo de concessão: 30 anos,
prorrogável uma vez por até 5 anos
• Demanda projetada de passageiros
para 2043: 43,3 milhões
• Consórcio vencedor: Aerobrasil
• Investimento: R$ 3,5 bilhões
• Cronograma de obras:
- Até 30 de abril de 2016: construção
de novo terminal de passageiros com,
no mínimo, 14 pontes de embarque,
novo pátio de aeronaves e novo
estacionamento de veículos
com vias terrestres associadas
- Até 2020: construção de segunda
pista independente
AEROPORTO DO GALEÃO (RJ)
• Prazo de concessão: 25 anos,
prorrogável uma vez por até 5 anos
• Demanda projetada de passageiros
para 2038: 60,4 milhões
• Consórcio vencedor: Aeroportos do Futuro
• Investimento: R$ 7,5 bilhões
• Cronograma de obras:
- Até 31 de dezembro de 2015: construção de
estacionamento com capacidade mínima
para 1.850 veículos
- Até 30 de abril de 2016: ampliação do novo terminal
de passageiros com, no mínimo, 26 pontes de
embarque; construção de novo terminal de cargas e
novo pátio de estacionamento de aeronaves
- Até 2021: construção de novo sistema de pistas
independentes
CONCESSÕES DE PORTOS
DADOS GERAIS
• Serão arrendados terminais em portos públicos.
E será aberta a licitação para a construção
de novos TUPs (Terminais de Uso Privativo)
• Investimento estimado: R$ 54,6 bilhões
• Pelo cronograma inicial, as licitações
deveriam acontecer entre novembro de
2013 e fevereiro de 2014, mas o TCU fez
recomendações aos projetos do Bloco 1 e
as licitações ainda não foram iniciadas
• Bloco 4: portos de Manaus, Imbituba,
Itaguaí, Itajaí, Niterói, Porto Alegre,
Rio de Janeiro, Rio Grande,
São Francisco do Sul e Vitória
ANDAMENTO DAS CONCESSÕES
ARRENDAMENTO DE TERMINAIS EM
PORTOS PÚBLICOS
• Prazo de 25 anos, renovável uma única vez
• Licitações padronizadas e realizadas por
leilão pela Antaq
Divisão das concessões
• Bloco 1: porto de Santos e portos do Pará
• Bloco 2: portos de Paranaguá, São Sebastião,
Salvador e Aratu
• Bloco 3: portos de Suape, Recife, Cabedelo,
Fortaleza, Maceió, Itaqui e Macapá
TUPs (TERMINAIS DE USO PRIVATIVO)
• Prazo de 25 anos, renovável sucessivamente
• Autorização precedida de chamada
pública – Antaq
• Já foram autorizadas 17 novas instalações
portuárias privadas
* Informações atualizadas até 30 de janeiro
Fontes: EPL e SEP
28
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
PASSAGEIROS
Um ano de conclusões
Com a proximidade da Copa do Mundo, a expectativa
para 2014 no setor de transporte de passageiros é a
conclusão das obras de mobilidade urbana que estão
sendo realizadas em diversas cidades do país. Muitas
não ficarão prontas antes de
a bola começar a rolar, mas
mesmo assim movimentam a
atividade neste ano.
“O ano de 2014 é bastante
promissor para a mobilidade
urbana no Brasil. Temos muitas obras expressivas de corredores de ônibus para serem
concluídas. A nossa expectativa é grande”, afirma o presidente da NTU (Associação Nacional das Empresas de
Transportes Urbanos), Otávio
Vieira da Cunha Filho.
As atenções maiores estão
voltadas para a conclusão dos
BRTs (corredores exclusivos,
com embarque fora do ônibus)
e dos BRSs (faixas exclusivas,
com sistema de informação
nos pontos e controle por câmeras) nas cidades de Belo
Horizonte (MG), Cuiabá (MT),
Curitiba (PR), Fortaleza (CE),
Recife (PE) e Rio de Janeiro
(RJ), totalizando uma extensão
de 148 km de corredores. O
programa do governo federal
prevê a aplicação de R$ 12,5 bilhões na construção de 742 km
de BRTs e 531 km de BRSs.
“Nem todos os projetos ficarão
prontos neste ano, como se
previa anteriormente, mas
acreditamos que as obras que
serão entregues já são bastante expressivas. Nossa estimativa é que essa meta de mais de
1.200 km de corredores de ônibus seja cumprida até 2016”,
destaca Cunha Filho.
No setor metroferroviário,
os VLTs (Veículos Leves sobre
Trilhos) de Goiânia e o Carioca, no Rio de Janeiro, já licitados, criam grandes expectativas para este ano. Além
deles, a entrega da nova linha do metrô de Salvador
(BA) e o início da licitação da
Linha Verde do metrô de São
Paulo também são esperados
com entusiasmo.
De acordo com Roberta
Marchesi, superintendente da
ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de
Passageiros sobre Trilhos), a
expectativa para 2014 é de um
ano de maturação e de continuidade dos investimentos
iniciados há algum tempo. “O
país tem retomado o transporte sobre trilhos também
como solução de mobilidade
urbana. E isso é muito positivo. Em 2013, muitos ajustes
precisaram ser feitos nos projetos. Esperamos agora que
eles sejam consolidados e, definitivamente, concluídos.”
MOBILIDADE Intervenções urbanas, como o Expresso Tiradentes (SP), devem re
“O ano de
2014 é
bastante
promissor para
a mobilidade
urbana
no Brasil”
OTÁVIO CUNHA FILHO, PRESIDENTE DA NTU
“Essa iniciativa da licitação
dos portos é uma tentativa do
governo de garantir mais eficiência ao setor, mas não vejo que a
solução dos problemas esteja
nesses grandes leilões. O que
precisamos é realmente garantir
competitividade aos nossos portos. Fazer com que eles sejam capazes de receber grandes navios,
nos moldes do que acontece no
restante do mundo”, diz Meton
Soares, vice-presidente da CNT.
A SEP (Secretaria de Portos)
garante que serão feitas as mesmas complementações já sinali-
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
29
NTU/DIVULGAÇÃO
CNT/DIVULGAÇÃO
duzir os problemas do trânsito nas cidades
zadas pelo TCU para o Bloco 1 nos
demais grupos de portos a serem
leiloados para que os editais de
licitação sejam publicados o
mais rápido possível, “mas de
forma responsável e em consonância às diretrizes e orientações dos órgãos de controle”.
Hidrovias
A carência de infraestrutura
adequada também é um dos fatores que impedem o desenvolvimento do transporte hidroviário
no Brasil. A Pesquisa CNT da Navegação Interior 2013 concluiu
ATRASO No setor portuário, parecer do TCU impediu o lançamento do edital do primeiro bloco de concessões
“Não existem
hidrovias
no Brasil.
O que temos
são vias de
navegação”
METON SOARES, VICE-PRESIDENTE DA CNT
que apenas 50% das vias navegáveis brasileiras são utilizadas
economicamente. Faltam berços
para atração nos terminais, sinalização e balizamento nas vias,
os acessos terrestres são insuficientes e inadequados e não
existe regularidade nas operações de dragagem. “Não podemos dizer que existem hidrovias
no Brasil. O que temos são apenas vias com condições de navegação”, destaca Soares.
Na visão do professor Senna, mesmo que os investimentos no setor tenham crescido
nos últimos anos, ainda falta ao
país entender que o transporte
deve ser pensado como uma rede, e não adianta ter boas condições em uma rodovia, se na
sequência dela a viagem é interrompida por falta de estrutura ou de integração. “Começamos um grande movimento
no transporte, mas ainda é preciso mais. Este pode ser um ano
de avanços se essa atenção ao
setor permanecer. Não fazer é
o custo mais alto que pagamos.
É isso que limita o nosso crescimento econômico.”
30
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
ENTREVISTA – CÉSAR BORGES, MINISTRO DOS TRANSPORTES
Planos do governo federal
Com um orçamento aprovado de R$ 15 bilhões, o Ministério
dos Transportes projeta para
este ano uma continuidade nas
obras de infraestrutura de
transporte. De acordo com o ministro César Borges, o fato de
2014 ser um ano eleitoral não
deve interferir na aplicação dos
recursos destinados ao setor.
“Não se trabalha com prazos
eleitorais, e sim com realizações
de projetos para que o país tenha a logística de transportes
dimensionada ao desenvolvimento econômico”, garante ele.
Nos planos do ministério estão a realização do leilão de pelo
menos dois trechos ferroviários
anunciados em 2012 e a conclusão do programa de concessão
de rodovias, todos ainda sem data marcada. Paralelamente a isso,
o ministro afirma que o governo
planeja incluir mais rodovias no
programa de concessões que
possam atrair a iniciativa privada.
Acompanhe a seguir a entrevista concedida pelo ministro por
e-mail à CNT Transporte Atual.
O que se pode esperar da infraestrutura de transporte
neste ano?
O ano começa com expectativas de investimentos relevantes
para a infraestrutura brasileira. O
PAC (Programa de Aceleração do
Crescimento) continua a proporcionar a realização de obras
aguardadas pela população. Desde 2007 até agora, o programa
permitiu uma linha ascendente de
investimentos, o que representa a
retomada do ritmo de obras. Para
2014, também teremos a continuidade do PIL (Programa de Investimentos em Logística), que apresentou um quadro extraordinário
em 2013, com a realização de cinco leilões de rodovias e deságios
entre 43% e 61% nas tarifas de
pedágio. Ou seja, atingimos a meta de obter modicidade tarifária e
vamos entregar aos usuários estradas mais modernas e seguras.
A falta de planejamento no
setor de transporte sempre foi
um dos principais gargalos do
setor. O PNLT (Plano Nacional
de Logística e Transportes) está sendo usado efetivamente
como ferramenta de planejamento de longo prazo?
O PNLT é o grande balizador
das obras desenvolvidas pelo ministério com a perspectiva de integrar os modais rodoviário, ferroviário e hidroviário como forma de oferecer melhores condições de trafegabilidade, segurança e redução de custos. É o
ponto de partida para a concepção do PNLI (Plano Nacional de
Logística Integrada), que está
sendo gestado pela EPL (Empresa de Planejamento e Logística),
vinculada ao ministério. Ao analisar as cadeias produtivas da
economia, a EPL mapeou os principais corredores logísticos como parte do PNLI. Então, o plano
tem o objetivo de promover uma
logística eficiente no país.
Qual a previsão do cronograma para a continuidade do
programa de concessão de
rodovias?
Ainda não há data definida
para o leilão da concessão da
BR-153 entre Aliança do Tocantins, no Tocantins, e Anápolis, em
Goiás, cuja licitação está decidida. É mais uma rodovia moderna
que será incorporada à malha
rodoviária brasileira com investimentos da iniciativa privada, que
se soma aos mais de 4.000 km
arrematados por consórcios e
empresas em 2013.
O que mudou no edital da
BR-262 depois da falta de interessados no ano passado?
Essa é uma das rodovias em
estudo para avaliar qual a melhor
forma de concretizar as necessárias duplicações e demais melhorias. Também nessa análise estão
a BR-101, na Bahia, e a BR-116, em
Minas Gerais, todas com trechos
constantes no PIL.
Neste ano, teremos novas
filas de caminhões na chegada
ao porto de Santos durante o
escoamento da safra de grãos?
Esse é um tema que envolve
vários órgãos do governo federal
e do governo paulista para adotar
medidas que minimizem os congestionamentos do transporte rodoviário dos grãos provenientes
principalmente da região CentroOeste, grande produtora rural, até
Santos, ainda o principal porto de
exportações. Providências já foram tomadas para melhorar o
acesso ao terminal. Uma das mais
significativas é o funcionamento
24 horas no porto, o que já agiliza
a tramitação burocrática. Trabalha-se também para efetivar o
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
EDSOM LEITE/MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES/DIVULGAÇÃO
rou um pouco a ser analisado
pelo Tribunal de Contas da
União. O governo dialogou com
o TCU ao longo do ano passado
para que todas as dúvidas
acerca do processo fossem sanadas e todas as exigências
fossem cumpridas. Para este
ano, estamos planejando os
leilões de dois trechos de ferrovias: Lucas do Rio Verde
(MT)–Campinorte (GO) e Açailândia (MA)–Barcarena (PA).
agendamento de caminhões para
ingresso ao porto, para organizar
o fluxo de veículos e, assim, evitar
que o tráfego seja maximizado.
Outras medidas foram a ampliação da capacidade de transporte
das linhas férreas de acesso ao
porto e obras do PAC para a construção de viadutos e outras melhorias na área viária de Santos e
entorno. A situação é decorrente
da alta demanda do porto de Santos, que deverá ser aliviada quando forem concretizadas as obras
do arco norte do país em portos e
rodovias. Esses investimentos
vão direcionar o escoamento de
grãos do Centro-Oeste para os
portos da região Norte, abrindo
um forte corredor logístico para
exportações, com redução no trajeto de navios, que hoje estão
concentrados em Santos e nos
demais portos do Sul.
Por que o PIL-Ferrovias ainda não saiu do papel?
Porque o modelo traçado
para as concessões de ferrovias é novo e, por isso, demo-
Alguns programas de concessões, como o de portos,
estão com seus cronogramas
atrasados devido às recomendações do TCU. Como o
senhor avalia a intervenção
do tribunal em relação às
obras de infraestrutura de
transporte no país?
O Ministério dos Transportes
trabalha em sintonia com o Tribunal de Contas da União, esclarecendo dúvidas e adaptando projetos às exigências técnicas. Reconhecemos o papel do
TCU como órgão fiscalizador
das obras públicas que irão beneficiar a sociedade brasileira.
Especialistas criticam o novo modelo proposto para a concessão da nova malha ferroviária. O governo avalia a possibilidade de alguma mudança?
Uma das inovações que estamos estudando é a PMI (Pro-
posta de Manifestação de Interesse), que consiste na análise
das empresas sobre cada projeto. É uma oportunidade das
empresas em colaborar com o
governo no aprimoramento do
modelo e ajustar às necessidades do mercado. Estamos conversando com o empresariado
para abrir todas as possibilidades de diálogo.
O potencial hidroviário nacional é muito pouco utilizado. Quais as estratégias do
ministério para viabilizar o
PHE (Plano Hidroviário Estratégico), lançado em 2013?
O PHE pretende aumentar
em cinco vezes a capacidade
de carga transportada por vias
hidroviárias, dos atuais 25 milhões de toneladas de carga para 120 milhões de toneladas até
2031. O plano concluiu que oito
bacias hidrográficas têm viabilidade econômica, o que é animador. A estruturação das hidrovias interessa ao governo
brasileiro, uma vez que são de
importância estratégica para
que o desenvolvimento do país
venha a ocorrer de forma ambiental e economicamente
mais sustentável. E, principalmente, complementar a interligação dos modais de transportes com o objetivo de agilizar o
escoamento da produção e reduzir os custos.
l
31
32
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
AVIAÇÃO
Asas à
autonomia
Companhias aéreas ampliam os
canais de autoatendimento e registram
aumento na adesão dos clientes
POR
m uma sociedade cada
vez mais digital, em
que o acesso a diversos serviços pode ser
executado com apenas alguns
toques, os canais de self checkin oferecidos pelas companhias
aéreas comprovam que a tendência em ampliar a autonomia
E
LETICIA SIMÕES
para o passageiro é real. Ganho
de tempo para o cliente e diminuição de custos para as empresas compõem essa equação
que registra crescimento de
adeptos ano após ano.
A TAM é um exemplo de que
os serviços de self check-in estão conquistando os passagei-
ros. Em 2013, a companhia registrou aumento de 11% na utilização dos canais de autoatendimento disponíveis, em comparação com o ano anterior.
A expansão se repete também nos embarques internacionais. Conforme a assessoria
de imprensa da TAM, no ano
GOL/DIVULGAÇÃO
passado, a abertura de novos
canais de self check-in para rotas estrangeiras permitiu que a
empresa registrasse um crescimento de 16% quando comparado a 2012. Os canais de self
check-in da companhia estão
disponíveis para mais de 10 rotas internacionais.
Segundo a empresa, o incremento foi resultado da
abertura de canais de self
check-in para novas rotas e de
ações focadas nos aeroportos
para estimular o serviço.
A companhia afirma que tem
incentivado os clientes a usarem
os canais. Durante o ano passado, a TAM realizou algumas
ações no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo,
orientando e estimulando o passageiro a fazer do check-in antecipado um hábito.
No fim de 2013, durante a alta
temporada, a TAM registrou aumento de 10% na utilização dos
canais de self check-in (internet,
celular e totens de autoatendimento dos aeroportos), na comparação com o volume de atendimentos realizados por meio
34
CNT TRANSPORTE ATUAL
dessas ferramentas em dezembro de 2012.
Para este ano, a companhia
prevê uma maior aderência dos
passageiros a esses canais, uma
vez que, além dos serviços já
disponíveis, a empresa conta
também com o novo canal “Automatic Check-In” disponível para os passageiros desde dezembro do ano passado.
A ferramenta, que a princípio está liberada apenas para
voos domésticos, é disponibilizada na última tela de confirmação das compras de passagem realizadas no site da empresa. O cliente que optar por
esse check-in deve informar
seus dados pessoais ao fim da
compra on-line para receber o
cartão de embarque, via SMS ou
e-mail, no prazo de até 72 horas
de antecedência do voo.
De acordo com a companhia,
o passageiro que realiza o
check-in antecipado, mesmo
que ainda vá despachar a sua
bagagem, reduz em até 50% o
tempo gasto no aeroporto.
Pedro Azambuja, presidente
do Sineaa (Sindicato Nacional
das Empresas de Administração
Aeroportuária), afirma que a
necessidade de as empresas
aéreas darem maior celeridade
ao atendimento operacional de
seus voos e oferecer maior
conforto para os passageiros
FEVEREIRO 2014
DEMANDA Em 2013, a TAM registrou aumento de 11% na utilização
“Todo esse
processo
contribui para
a melhoria
dos fluxos de
circulação”
PEDRO AZAMBUJA, PRESIDENTE DO SINEAA
foram determinantes para o
crescimento da utilização dos
canais de self check-in. “Todo
esse processo contribui para a
melhoria dos fluxos de circulação e acessibilidade para as administrações aeroportuárias
em seus terminais.”
O ganho de tempo é apontado pelos passageiros como a
principal vantagem do serviço. A
engenheira de controle e automação Ana Luiza Guimarães diz
que a possibilidade de escolher
os assentos com antecedência
também é um grande benefício.
Ana, que viaja frequentemente a trabalho, prefere realizar o
check-in via celular. “É rápido,
sem impressão de cartão de embarque e sem fila. Não vejo desvantagens com esse canal.” O
check-in pela internet e por
meio dos aplicativos do celular
pode ser feito com 72 horas de
antecedência ao embarque.
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
35
TAM DIVULGAÇÃO
“É rápido,
sem impressão
de cartão de
embarque e
sem fila.
Não vejo
desvantagens
com esse canal
(via celular)”
dos canais de autoatendimento disponíveis, em comparação com o ano anterior
A pedagoga Daniela Alves
recorre aos totens para fazer o
check-in. “Utilizo o serviço aéreo praticamente toda semana.
Raramente me lembro de fazer
o check-in antecipado pela internet. Por isso, os totens me
atendem melhor.”
Apesar de considerar a opção uma boa alternativa para
acelerar o embarque, ela diz
que nem sempre o objetivo é alcançado. “Algumas pessoas ain-
da não estão familiarizadas
com o serviço, então a rapidez
vai para o espaço. Nesses momentos, os funcionários da
companhia precisam ajudar os
passageiros. Há também o contratempo de o sistema não localizar sua reserva em algumas
oportunidades. Quando acontece, o passageiro é obrigado a se
dirigir ao balcão.”
Raul Francé, coordenador da
graduação em Ciências Aero-
ANA LUIZA GUIMARÃES, ENGENHEIRA
náuticas da PUC- Goiás (Pontifícia Universidade Católica de
Goiás), afirma que os serviços
de self check-in são uma tendência mundial.
“O serviço veio para ficar. Essa necessidade de otimizar o
tempo é uma necessidade de toda a sociedade e facilita o relacionamento entre companhias e
passageiros. Os totens instalados nos aeroportos acumulam
filas, mas elas não se comparam
às que são formadas nos balcões de embarque.”
A Azul, assim como a TAM,
disponibiliza os canais de self
check-in via web e em totens
nos aeroportos. A assessoria
de comunicação da companhia confirma que terminais
com estrutura e demanda
maior contam com mais totens para o apoio nas operações de embarque.
A empresa afirma que os brasileiros estão mais interativos
com sistemas que facilitem o dia
a dia e, por isso, realizar o
check-in on-line, no celular ou
nos totens, faz parte desse novo
comportamento.
Segundo a Azul, o ganho com
utilização do serviço é geral. A
empresa diz que, além da diminuição de tempo para o passageiro no aeroporto, as companhias aéreas também conseguem acelerar o processo de
pré-embarque.
Para a passageira Daniela, a
ferramenta facilita a rotina.
“Além do tempo economizado e
da pontuação de clubes de vantagens oferecidos, existe o ganho ambiental. Em algumas aéreas já não há necessidade de
impressão. O bilhete do voo fica
disponível na tela do celular.
Considero um grande avanço.”
A Gol disponibiliza o serviço
de self check-in nos mesmos ca-
36
CNT TRANSPORTE ATUAL
nais da TAM e da Azul. A companhia vem investindo em novas
tecnologias e ações dentro do
projeto Fast Travel. Um dos dispositivos permite ao cliente realizar o check-in pelo celular, gerando um cartão de embarque
eletrônico que o leva direto para
a sala de embarque, quando não
há bagagens para despachar.
“Os clientes que mais utilizam
esse canal são aqueles já acostumados a voar e que, normalmente, estão na ponte aérea. Dos
passageiros que realizam checkin pelo celular, mais de 80% se
dizem satisfeitos com o Fast Travel”, afirma o diretor de Aeroportos da empresa, André Lima.
Ele destaca que não há um
custo adicional pelo serviço e
que o cliente não paga preço diferenciado pela utilização. “Hoje, 54% dos clientes realizam
check-in nos canais de autoatendimento. Em aeroportos de
maior concentração de passageiros que viajam a negócios, o
percentual ultrapassa 70%”, diz.
Segundo o diretor, desde
2012, a Gol dobrou o número
de totens em aeroportos. “Hoje, são 205 máquinas que incentivam a utilização dos canais de autoatendimento nos
terminais.”
A Iata (Associação Internacional do Transporte Aéreo) prevê
que, dentro de três anos, o Brasil
se torne um dos seis maiores
FEVEREIRO 2014
mercados mundiais no uso de
dispositivos móveis para compra
de passagens, check-in, despacho de bagagem e embarque.
Para Azambuja, do Sineaa, o
aumento da demanda de passageiros justifica a perspectiva da entidade. “Atualmente, o
modal aéreo concorre com outros modos do transporte. Em
contrapartida, as companhias
vêm investindo em novas tecnologias para atender ao crescente mercado.”
A Azul corrobora com a previsão da Iata com relação à expansão do uso dos canais de
self check-in. A assessoria afirma que, a cada dia, um número
maior de pessoas, de todas as
esferas sociais, descobre as facilidades da web e incorporam
as novidades em seu cotidiano.
Segundo a empresa, com os
clientes do transporte aéreo
não é diferente.
De acordo com a companhia, os passageiros exigem
facilidades nos serviços ofertados desde a compra ao
acompanhamento do status do
voo até o check-in. Esse perfil,
ratifica a empresa, impulsiona
as companhias a investir nos
canais de autoatendimento.
A passageira Ana Luiza afirma que todo serviço que agrega valor começa a ser fortemente utilizado em maior escala. “As empresas precisam me-
“Raramente
me lembro
de fazer o
check-in
antecipado
pela internet.
Por isso, os
totens me
atendem
melhor”
DANIELA ALVES, PEDAGOGA
lhorar os atendimentos, principalmente o despacho de bagagem. Assim, realmente o embarque terá celeridade.”
Bruno Ribeiro utiliza os serviços aéreos mensalmente. O engenheiro químico também deseja que o despacho de bagagens
seja revisto pelas aéreas. “Quem
precisa despachar malas acaba
enfrentando duas filas, quando
opta pelo totem.”
Jorge Eduardo Leal de Medeiros, engenheiro aeronáutico
AGILIDADE Segundo a Azul, além da
AZUL/DIVULGAÇÃO
CNT TRANSPORTE ATUAL
“Os totens
instalados nos
aeroportos
acumulam
filas, mas
elas não se
comparam
às que são
formadas nos
balcões de
embarque”
RAUL FRANCÉ, PUC-GOIÁS
diminuição de tempo para o passageiro, o processo de pré-embarque é acelerado
e professor do Departamento
de Engenharia de Transportes
da Poli-USP (Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo),
ressalta que o crescimento pelos serviços de self check-in no
Brasil está ligado à adesão
massiva que o brasileiro dedicou às ferramentas digitais.
“Baseado nessa vocação, as
companhias podem melhorar e
ampliar as modalidades de autoatendimento.”
Hoje, no Brasil, o passageiro
FEVEREIRO 2014
37
com bagagens não consegue
embarcar sem passar pelos
balcões das companhias aéreas. Medeiros afirma que, em
alguns aeroportos dos Estados
Unidos, as malas já são despachadas pelo próprio passageiro. “Existe um equipamento
que faz o serviço. A Europa está começando a implementar
e, por aqui, o mercado considera fazer alguns testes no aeroporto de Guarulhos.”
O professor estima que a dificuldade enfrentada com o excesso de bagagem pode contribuir para a implantação do sistema no Brasil. “Acredito que
essa alternativa ainda demore
a vingar por aqui. O brasileiro,
apesar de acessar os meios digitais habitualmente, ainda
tem receio de lidar com a tecnologia que não conhece. Não
quer correr o risco de despachar sua bagagem de forma errada. É uma questão de cultura
e tende a mudar.”
A Azul, apesar de não revelar
detalhes, confirma que outros
investimentos estão sendo aplicados para a ampliação dos serviços de self check-in.
André Ribeiro, da Gol, declara que a empresa estuda ações
para aumentar as possibilidades de autoatendimento com o
objetivo de permitir que o passageiro se dirija diretamente
para o embarque.
l
38
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
AQUAVIÁRIO
Alternativa em
alta definição
Tecnologia 3D ganha espaço na indústria naval e se torna
instrumento eficaz para o desenvolvimento de projetos
POR
competitividade na indústria naval tem alavancado o desenvolvimento de diferentes
alternativas para que as empresas se destaquem. Um dos recursos que vêm ganhando espaço é a tecnologia 3D. A complexidade dos projetos navais e do
mercado offshore (prospecção,
perfuração e exploração petrolífera) tem motivado os investimentos na adoção do 3D pelas
companhias que atuam no setor.
A tecnologia 3D permite, entre outras vantagens, a pré-vi-
A
MUDANÇA A Aveva do Brasil
LETICIA SIMÕES
sualização dos processos, a simulação de operações e testes
de equipamentos antes mesmo
da construção, antecipando possíveis falhas e minimizando riscos e custos durante a fase de
construção dos navios.
A Aveva do Brasil, por meio
de seu Departamento de Estratégia de Negócios, afirma
que a retomada da indústria
naval brasileira, influenciada
principalmente pelo pré-sal,
barrou a resistência de outrora ao uso de tecnologias de
automação no setor.
Conforme a empresa, a mudança estratégica adotada pelos fabricantes navais e pelas
companhias offshore está baseada na experiência de empresas internacionais que
atuam no “estado da arte” da
indústria naval e que há muito
tempo utilizam maquetes em
3D em seus projetos.
A empresa inglesa atua no
Brasil há mais de 15 anos. Em
2008, a Aveva iniciou suas operações com escritório e equipe
próprios no país, atendendo às
indústrias de petróleo e gás, na-
val, mineração, energia, papel e
celulose, entre outros mercados.
Entre os sistemas 3D mais comercializados pela Aveva do
Brasil, destacam-se o Aveva Marine, que reúne um conjunto de
aplicativos integrados, criados
especificamente para atuar no
gerenciamento e na geração de
informações precisas em processos de engenharia de estruturas navais e offshore. Segundo
a empresa, os recursos reduzem
o tempo total de produção.
De acordo com a companhia,
a solução já é utilizada com su-
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
39
AVEVA/DIVULGAÇÃO
afirma que a retomada da indústria naval brasileira barrou a resistência ao uso de tecnologias de automação no setor
cesso em importantes projetos
brasileiros. Entre os clientes estão a Ghenova Brasil Projetos, filial da espanhola Ghenova Ingeniería, com sede no Rio de Janeiro, e o EEP (Estaleiro Enseada
do Paraguaçu), na Bahia.
A Ghenova Brasil, além de
atuar no setor naval e offshore
com projetos voltados ao Promef (Programa de Modernização
e Expansão da Frota), também
desenvolve produtos para o modal aeroviário, para as engenharias civil e industrial e para o setor de energia.
O EEP está sendo construído
no município de Maragogipe, a
42 km de Salvador. A unidade vai
produzir seis navios-sonda de
perfuração offshore para a Sete
Brasil. A previsão é de que o EPP
seja concluído em 2014.
O empreendimento opera
ainda o Estaleiro Inhaúma, na
capital fluminense. O estaleiro
realiza para a Petrobras a conversão de quatro navios petroleiros nos cascos de futuras plataformas da multinacional, que serão destinadas
às operações do pré-sal nas
áreas de Cessão Onerosa da
Bacia de Santos.
A Aveva oferece outras ferramentas que atuam em todo o ciclo de vida do projeto naval.
Uma delas, o Aveva Bocad, é voltado para a confecção e a montagem de estruturas metálicas.
A empresa incorporou recentemente melhorias ao programa
para integrar as ferramentas 3D
já desenvolvidas em outros sistemas disponíveis.
Outra solução é o ERM (Enterprise Resource Management), que reúne um mix de
aplicativos que suportam de
forma mais eficiente o planejamento dos projetos e a sua
execução nos estaleiros.
A ProjNet, com sede em São
Paulo, representa a finlandesa
Cadmatic para os setores naval
e offshore no Brasil. Uma das
novidades em sistemas 3D da
companhia é o módulo eShare.
Trata-se de uma solução para o compartilhamento de informações que se aplica desde
a fase de projeto até a utilização a bordo durante toda a vida útil da embarcação.
“O eShare independe da solução de engenharia adotada. Isso
significa que o módulo serve para integrar qualquer aplicativo
incorporado ao projeto, e não
apenas aqueles desenvolvidos
pela Cadmatic”, afirma o engenheiro químico e administrador
Luiz Barbante Tavares, diretorpresidente da ProjNet.
A também finlandesa Nestix
é igualmente representada pela
ProjNet. A companhia oferece
soluções para o processo de fabricação de navios, desde o projeto do casco até as estruturas.
De acordo com Tavares, todos os sistemas do software
Nupas-Cadmatic (solução cria-
40
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
EM TRÊS DIMENSÕES
Uso da tecnologia na indústria naval
Maquete
• A maquete 3D gera uma cópia fiel ao que será construído na área de produção
• Reproduz todo o esquema de montagem, antecipa eventuais problemas,
automatiza a geração de informação para produção, facilita o planejamento e
o controle da produção
Outros usos de aplicativos 3D
• Confecção e montagem de estruturas metálicas
• Compartilhamento de informações desde a fase de projeto até a
utilização a bordo
• Apresentação da lista com as respectivas especificações de todos os
materiais e equipamentos necessários para a construção do navio
• Informações completas de todos os demais componentes do projeto,
como equipamentos, propulsão, tubulações, parte elétrica, instrumentos
e acomodações
• Integração entre todos os setores de um estaleiro a partir da
visualização de todos os processos da construção
UTILIZAÇÃO Sistema 3D Foran, desenvolvido pela
da exclusivamente para o mercado naval) e das tecnologias
da Nestix são em 3D.
O Nupas-Cadmatic é dividido
em dois grandes módulos: Hull e
Outfitting, ambos em 3D. O módulo “Hull” é composto por subsistemas que atendem o projeto
desde a linha de contorno até a
lista de materiais do casco e estruturas. Inclui também o projeto dos painéis, submontagens,
desenvolvimento de chapa, entre outros quesitos.
O módulo Outfitting trata dos
demais componentes que não
estão relacionados diretamente
ao casco e à estrutura, como
equipamentos, propulsão, tubulações, parte elétrica, instrumentos e acomodações.
Segundo Tavares, a tecnologia 3D está dominando o mercado naval. “Desenhos 2D podem
ser extraídos, mas cada vez há
menos espaço para o projeto
realizado com esse recurso. O 3D
oferece um banco de dados que
permite o acesso à lista e às especificações de todos os materiais utilizados.”
O executivo enumera outras
vantagens da tecnologia, como
a redução de tempo na execução dos projetos. “Todos os trabalhos de rotina são feitos pelo
sistema, o que deixa os projetistas mais livres e disponíveis para a criação e para o atendimento dos requisitos do cliente.”
Ele destaca que a tecnologia
3D já é bastante empregada na
nova geração da indústria naval brasileira. “O desafio agora
é a integração dos sistemas.
Ela vai permitir que a produtividade da indústria nacional
seja melhorada. Assim, o setor
terá mais condições de competir no mercado internacional
em que a integração de sistemas já está bem avançada.”
A espanhola Sener está no
Brasil desde 2010. O sistema
CAD/CAM Foran, desenvolvido
pela empresa, é voltado para o
design e para a construção de
artefatos navais.
A solução, que é uma das
mais reconhecidas do mercado, está disponível há mais de
40 anos e, ao longo do tempo,
incorporou a tecnologia 3D a
seus recursos. “Trata-se de um
ASMAR DIVULGAÇÃO
espanhola Sener, é voltado para o design e para a construção de artefatos navais
produto único, global e integrado. A companhia atua continuadamente em melhorias e
em novos desenvolvimentos
tecnológicos para acompanhar
as tendências da construção
naval”, afirma Rafael Góngora,
diretor-geral da unidade de negócios navais da Sener.
Segundo ele, a versão mais
recente do Foran, apresentada
ao mercado brasileiro em 2013,
inclui mais melhorias. “Entre outros avanços, podem ser mencionados a conexão com os principais sistemas de gerenciamen-
to e progressos importantes em
sistemas de realidade virtual.”
O Foran é aplicável a qualquer tipo de navio, em todas as
etapas do projeto, desde a engenharia conceitual até a produção. “O sistema gera automaticamente toda a produção e as
informações de montagem.”
De acordo com Góngora, o
benefício obtido com o uso de
sistemas 3D em projetos navais é triplo. “O recurso reduz
o tempo de execução, desde a
fabricação à montagem do navio. Além disso, a tecnologia
CNT TRANSPORTE ATUAL
otimiza a relação de material
necessário para a construção.
A entrega do navio tem ainda
mais qualidade.”
Segundo o executivo, quase
todos os estaleiros do mundo
usam a tecnologia 3D na concepção de navios, principalmente na fase de engenharia detalhada. “É a tendência atual empregar a mesma tecnologia tanto nas fases iniciais do projeto
quanto nas etapas conceituais.”
O ERM (Estaleiro Rio Maguari), instalado em Belém (PA), faz
uso do software Foran desde
2011, em 100% dos projetos navais. “Anteriormente a empresa
utilizava o software canadense
Autoship, que já possuía interface 3D de menor complexidade”,
afirma Fábio Vasconcellos, diretor comercial do ERM.
O ERM está em operação desde 1999 e atende, principalmente, o mercado de embarcações
fluviais e rebocadores portuários. O estaleiro também atua no
mercado de estruturas metálicas pesadas e barcaças para
apoio offshore.
Conforme Vasconcellos, para
estaleiros de médio e grande
porte, o uso da tecnologia 3D é
indispensável para se obter produtividade. Segundo ele, a tecnologia no mercado naval brasileiro cresceu significativamente
nos últimos dez anos com a retomada da indústria.
FEVEREIRO 2014
41
De acordo com o diretor, o
custo para aquisição dos recursos 3D disponíveis ainda é elevado. “É uma tecnologia cuja
aplicação é muito específica.
Os mercados naval e offshore
são pequenos em termos globais, quando comparados a outras engenharias como civil e
mecânica. Os softwares mais
avançados chegam a cobrar 15
mil euros por uma única licença de operação.”
Para o executivo, apesar do
alto investimento, as vantagens
do 3D são imensas. “Além do ganho de tempo e do detalhamento total do projeto, a alternativa
permite a integração de todos
os setores do estaleiro. Isso gera aumento de produtividade e
propicia planejamentos mais
apurados, como identificação
precoce de interferências entre
sistemas, minimização de retrabalhos, entre outros.”
Tavares, da ProjNet, destaca
que a tecnologia 3D tem especial vocação para a indústria
naval. “Esse mercado requer
muitos detalhes para a fabricação de seus produtos. A utilização das informações de projeto para a fabricação é uma
vantagem muito importante.
Quanto mais competitividade o
estaleiro buscar, em qualquer
segmento que pretenda atender, torna-se fundamental o
uso da tecnologia 3D.”
l
44
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
FERROVIAS
Tempo e custo
reduzidos
Sistema automático utilizado pelas concessionárias
para abastecer os reservatórios de areia das
locomotivas garante mais agilidade ao transporte
POR LIVIA
m mecanismo simples que permite mais rapidez ao sistema
de transporte sobre trilhos. A
utilização de areeiros para
abastecer os reservatórios de areia das
locomotivas pode reduzir em até quatro
vezes o tempo de parada dos trens.
Antes realizado de maneira manual,
o abastecimento agora utiliza um sistema de roldanas ou correias no qual
a areia é levada até um tanque localizado em uma altura superior a da locomotiva. Quando a mesma é estacionada embaixo da plataforma, man-
U
CEREZOLI
gueiras conduzem o material até os
reservatórios dos trens.
A areia é utilizada pelas locomotivas
tanto de cargas como de passageiros para garantir mais eficiência e mais segurança ao transporte. O produto é lançado
nos trilhos sempre que é preciso aumentar o atrito e manter a tração das máquinas na subida de rampas ou em situações de chuva. A medida evita que os rodeiros (elemento mecânico que suporta
a carga vertical dos veículos metroferroviários e tem a função de direcionar automaticamente o veículo nas curvas)
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
45
FERROESTE/DIVULGAÇÃO
46
CNT TRANSPORTE ATUAL
deslizem sobre os trilhos, forçando os motores de tração.
A liberação da areia nos rodeiros pode ser realizada de maneira
automática ou manual. As locomotivas mais modernas possuem um
dispositivo automático que abre o
reservatório de areia quando existe algum sinal de patinagem nos
trilhos. Um dispositivo auxiliar, de
pedal, também pode ser acionado
pelo maquinista quando existe a
necessidade de uma quantidade
adicional de areia.
A Ferroeste (Estrada de Ferro
Paraná Oeste) colocou em operação, em dezembro do ano passado, o seu primeiro areeiro, localizado no terminal de Guarapuava (PR). O equipamento foi
construído com mão de obra
própria e, mesmo com pouco
tempo de utilização, já traz benefícios para o sistema.
Segundo Rodrigo César de
Oliveira, diretor de produção da
Ferroeste, antes do areeiro, os
sacos de areia que pesam, em
média, 35 kg, eram carregados
pelos colaboradores para abastecimento dos tanques. Como
um trem pode ter várias locomotivas e cada uma delas vários
reservatórios, a operação de
carregamento braçal se tornava
lenta e cansativa. “A instalação
do areeiro agiliza o processo de
abastecimento, reduz o ciclo das
locomotivas e melhora a produção da ferrovia”, destaca ele.
FEVEREIRO 2014
“O areeiro
reduz o
ciclo das
locomotivas
e melhora a
produção da
ferrovia”
RODRIGO CÉSAR DE OLIVEIRA,
DIRETOR DA FERROESTE
Cada locomotiva da Ferroeste tem quatro tanques de areia
(dois instalados na frente e dois
atrás), com capacidade de 140
kg cada. Sem o sistema automatizado, o abastecimento de
todos os reservatórios demorava, em média, 25 minutos. Agora, o procedimento não ultrapassa 15 minutos.
De acordo com Oliveira, o
volume total de areia dos tanques das locomotivas da ferrovia é suficiente para os trechos
RAPIDEZ
percorridos entre Guarapuava
e Cascavel. O deslocamento de
aproximadamente 250 km entre os dois terminais dura cerca de 25 horas.
Grãos (milho, trigo e soja),
fertilizantes, cimento, inflamáveis (diesel e gasolina) e contêineres estão entre as principais cargas transportadas pela
Ferroeste. A expectativa da empresa era fechar 2013 com 650
mil toneladas movimentadas
(até o fechamento desta edi-
ção, a ferrovia ainda não havia
divulgado o balanço do ano
passado). Em 2012, foram transportadas 715 mil toneladas.
Na ALL (América Latina Logística), o sistema é utilizado desde
o início da concessão da malha,
em 1997. A concessionária é responsável por 12,9 mil quilômetros
de ferrovias no país. Em toda a
extensão ferroviária operada pela empresa, existem 13 pontos de
abastecimento com areeiros.
De acordo com Alexandre
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
47
ALL/DIVULGAÇÃO
“O sistema
proporciona
também
melhores
condições ao
trabalhador”
Tempo de abastecimento do reservatório passou de 40 para 10 minutos
Fernandes Júnior, coordenador
de mecânica da ALL, o sistema
permite reduzir em até quatro
vezes o tempo de parada das locomotivas. “Antes, quando era
realizado da forma manual, o
abastecimento dos reservatórios levava até 40 minutos e o
trabalho era feito por quatro
funcionários. Hoje, o processo
todo dura entre 8 e 10 minutos.
Apenas um profissional é responsável pelo acionamento do
sistema”, conta ele.
Cada locomotiva da ALL tem
dois reservatórios de areia com
capacidade para 650 kg cada.
Em média, eles precisam ser
reabastecidos a cada 600 km.
“Esse volume pode variar devido
às condições que se encontra no
caminho. Em um dia de chuva ou
em uma rampa mais inclinada,
usa-se mais areia do que em
condições normais”, explica Fernandes Júnior.
Desde 2008, a MRS também
utiliza o sistema de carrega-
ALEXANDRE FERNANDES JÚNIOR,
COORDENADOR DA ALL
mento automatizado dos tanques de areia de suas locomotivas. A areia é descarregada em
um silo principal e enviada por
meio de uma correia transportadora para um silo secundário,
fixado em uma ponte rolante,
que traz mobilidade e agilidade
para o atendimento de todas as
locomotivas que se encontram
para abastecimento.
Os areeiros da concessionária estão localizados em cinco
pontos estratégicos da malha:
São Brás do Suaçuí (MG), Itaguaí e Barra do Piraí, no Rio de
Janeiro, e Jundiaí e Cubatão,
em São Paulo.
Segundo a assessoria de comunicação da empresa, o sistema reduz em, aproximadamente, 20 minutos cada abastecimento, aumentando a produtividade. “Os areeiros permitem
que a atividade de abastecimento seja realizada de maneira eficaz e segura, proporcionando
também melhores condições ao
trabalhador.”
Normalmente, a areia é utilizada nos trens carregados. A
cada ciclo, incluindo os procedimentos de carregamento, de
deslocamento, de descarga e
de retorno a origem, são utilizados de 35% a 45% de um
tanque de areia, dependendo
das condições operacionais. O
tamanho dos tanques varia de
acordo com o modelo da locomotiva. Na MRS, cada máquina
possui dois tanques.
A concessionária opera 1.643
km de extensão de ferrovias, o
que corresponde a 6% de toda a
malha existente no país. Em
2012, foram transportadas 155,4
milhões de toneladas (o volume
de 2013 ainda não foi divulgado).
Entre os principais produtos
transportados pela MRS estão
minério de ferro, produtos siderúrgicos, carvão mineral, cimento e carga agrícola.
l
48
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
AIRBAG E ABS
Menor impacto
e menos risco
Veículos saem de fábrica com equipamentos que
reduzem riscos e protegem motoristas e passageiros;
entidade diz que medida chega atrasada
POR
om alguns anos de
atraso em relação
ao que existe em
outros países, desde
o início de 2014 todos os veículos que saem de fábrica no
Brasil são obrigados a oferecer como itens de série os
C
CYNTHIA CASTRO
freios ABS e o airbag duplo. A
medida, prevista em duas resoluções do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), de
2009, vinha sendo implantada gradativamente e deve,
agora, proporcionar maior
segurança a motoristas e
passageiros com 100% da
produção oferecendo esses
equipamentos.
A Anfavea (Associação
Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores) informa que a decisão sobre um
possível aumento no preço
dos veículos é de cada montadora. Mas, de acordo com
o presidente da entidade,
Luiz Moan, o que a indústria
apontou claramente é que
há um aumento de custos
entre R$ 1.000 e R$ 1.500.
“Os nossos veículos são produzidos no Brasil com um nível de segurança internacional”, diz Moan.
O presidente da Anfavea
dá um alerta para os motoristas que forem adquirir um
veículo novo e que nunca tenham experimentado o uso
desses equipamentos. O ABS,
que é um sistema de antitravamento das rodas durante a
frenagem, traz uma sensação
diferente na condução. “O
motorista não deve se assustar com certa trepidação no
pedal de freio, que faz parte
do sistema ABS. Essa trepidação evita justamente que as
rodas se travem na frenagem. Então, é natural que
ocorra um certo estranhamento na hora de dirigir.”
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
49
ISTOCKPHOTO
IMPACTO Uso de airbag protege principalmente a face, a cabeça e o tronco
Em relação ao airbag,
Moan enfatiza que tanto condutores como passageiros
não devem deixar de utilizar
o cinto. A segurança desse
equipamento se dá exatamente com o uso simultâneo
ao cinto. Crianças devem ser
transportadas na cadeirinha,
conforme as indicações para
cada idade.
O médico Dirceu Rodrigues Alves Júnior, chefe do
Departamento de Medicina
de Tráfego Ocupacional da
Abramet (Associação Brasi-
leira de Medicina de Tráfego),
considera que a obrigatoriedade dos freios ABS e do airbag duplo é “importantíssima” para oferecer mais segurança às pessoas que estão
diariamente no trânsito. Mas
o médico faz questão de res-
saltar que essa é uma medida
que chega tarde ao Brasil.
“Esses equipamentos são
protetores do indivíduo dentro dos veículos. Deviam estar instalados nos veículos
que saem de fábrica há muitos anos, pois contribuem
MUDANÇA
Com novas regras, modelos param de ser fabricados
Com a obrigatoriedade do
airbag e do ABS como itens
de série, alguns veículos produzidos no Brasil tiveram
que sair de linha no início
deste ano. Entre eles, a Kombi, produzida pela Volkswagen, e o Uno Mille, da Fiat. O
presidente da Anfavea, Luiz
Moan, comenta que solução
técnica sempre existe, mas
economicamente não seria
viável a instalação do ABS e
do airbag nesses veículos
como itens de série.
Primeiro modelo da Volkswagen feito no Brasil, a Kombi deixou de ser fabricada
depois de mais de 50 anos
ininterruptos de fabricação.
Produzida em São Bernardo
do Campo desde 2 de setembro de 1957, o utilitário acumulou ao longo de sua história cerca de 1,56 milhão de
unidades fabricadas.
O gerente executivo de
vendas e marketing de comerciais leves da Volkswagen do
Brasil, Marcelo Olival, afirma
que “nenhum outro veículo,
pelo preço da Kombi, fazia o
que ela faz. Não havia maneira
mais barata e eficiente de se
transportar 1 tonelada de carga coberta”, diz o gerente.
A Kombi foi idealizada pelo
holandês Ben Pon na década
de 1940, que projetou a combinação do conjunto mecânico
do Volkswagen Sedan em um
veículo de carga leve. Lançado
na Alemanha em 1950, o modelo se destacou pela versatilidade, sendo adotado tanto para o
transporte urbano de carga como para levar passageiros.
Para marcar o fim da produção do utilitário, a Volkswa-
FIAT/DIVULGAÇÃO
MILLE Modelo produzido pela Fiat foi lançado no Brasil em 1984
VOLKSWAGEN/DIVULGAÇÃO
ESPECIAL Kombi Last Edition, modelo comemorativo lançado pela Volkswagen
gen lançou, em outubro do
ano passado, a Kombi Last Edition, série especial do modelo
que, inicialmente, tinha produção limitada a 600 unidades,
mas teve seu volume duplicado. A edição traz itens exclusivos, como pintura tipo “saia e
blusa”, acabamento interno
de luxo e elementos de design
que remetem às inúmeras versões do veículo fabricadas no
país desde 1957.
O Mille é uma versão do
modelo Uno, que foi concebido para ser o primeiro carro
mundial da Fiat. Foi apresentado à imprensa em janeiro de
1983, nos Estados Unidos. O
modelo foi lançado no Brasil
em 1984, e a produção superou 9 milhões de unidades
vendidas em todo o mundo.
Nesse momento em que o
veículo sai de série, a Fiat
lançou no fim de dezembro
a última edição do Mille: a
série especial Grazie Mille,
com tiragem limitada a
2.000 carros.
CNT TRANSPORTE ATUAL
51
FEVEREIRO 2014
ISTOCKPHOTO
SEGURANÇA Ao evitar o travamento das rodas, freios ABS ajudam o condutor a desviar de obstáculos
muito para reduzir o número
de mortos e sequelados em
consequência de acidentes
no trânsito”, diz o médico.
Segundo Alves Júnior, o
airbag contribui para reduzir
as lesões de cabeça, tronco,
abdômen. Ele comenta que,
em uma colisão frontal, dependendo da energia do impacto, o acionamento do airbag pode aumentar a proteção da pessoa em torno de
50% a 60% em relação às lesões na face, cabeça e tronco. Se associar ao uso do cinto de segurança, a proteção é
ainda maior.
Já os freios ABS agem reduzindo a possibilidade de
acidentes. Ao permitirem que
não ocorra o travamento das
rodas, ajudam o condutor a
desviar de obstáculos como
outro veículo, árvore, pedestre etc, conforme lembra o
médico. “Em uma superfície
escorregadia, mesmo que
ocorra a derrapagem, é possível controlar o veículo.”
De acordo com Dirceu Alves, os números de acidentes
no Brasil indicam a necessidade de se dar a devida importância aos equipamentos
de segurança veicular. “Em
2012, 60 mil famílias receberam indenização por morte
de parentes no trânsito. Foram mais de 300 mil incapacitados definitivamente. Esses equipamentos são essenciais. Quando ocorre a lesão,
elas são minimizadas.”
No fim do ano passado, o
ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, afirmou que a
decisão do Contran de manter a obrigatoriedade do airbag e dos freios ABS para os
novos veículos que saem de
fábrica neste ano elevará o
padrão de segurança dos veículos. "Já perdemos muitas
vidas no trânsito. Esses equipamentos, efetivamente, têm
contribuído para diminuir as
vítimas de acidentes."
Sobre a demora do Brasil
em implantar a obrigatoriedade para o airbag e para o ABS,
o Denatran (Departamento
Nacional de Trânsito) informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que entende que essa medida seria
necessária há mais tempo. Entretanto, conforme o Denatran, “era preciso um prazo
para que as montadoras se
adequassem a essa nova realidade nacional”.
l
52
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
INICIATIVA
Parceria
de sucesso
Empresas apoiam o projeto de criação do Museu
Brasileiro do Transporte e assinam cotas de patrocínio
para a construção do espaço em Campinas
DA
Museu Brasileiro do
Transporte conquistou
seus primeiros apoiadores. Quatros empresas
do setor de transporte – Patrus
Transportes, Scania, Empresas
Randon e PPW Brasil - já assinaram cotas de patrocínio para a
construção do espaço.
O museu tem como principal
objetivo ser um instrumento de
educação não formal para as novas gerações e de valorização para quem, há anos, está envolvido
nessa atividade. A criação e a implantação do empreendimento
O
REDAÇÃO
são de responsabilidade da FuMTran (Fundação Memória do Transporte), uma organização da sociedade civil de interesse público ligada à CNT (Confederação Nacional do Transporte).
O Museu Brasileiro do Transporte deve ser construído às margens da rodovia Dom Pedro 1º, em
Campinas (SP), a 100 km de São
Paulo. A previsão é de que a primeira fase da obra esteja concluída em maio de 2015. O projeto arquitetônico do museu é assinado
pelo escritório Athiè/Wohnrath e
a museologia, pelo Arte 3, escritó-
rio responsável também pelo Museu da Língua Portuguesa, em
São Paulo, e pelo projeto do Museu do Açúcar, em Piracicaba (SP).
Pensado para ser um espaço
nobre, comprometido em contar a
história do transporte, o empreendimento considera todos os modais - aéreo, ferroviário, rodoviário
e aquaviário - bem como seus impactos e benefícios na vida social e
econômica do país. “O público terá
à sua disposição um ambiente inteligente, dinâmico e integrador que
contará com os mais modernos recursos da interatividade. Um proje-
to ímpar que está aos cuidados dos
maiores talentos em museologia,
cenografia, história, arquitetura,
marketing e gestão do mercado
nacional”, diz Elza Lúcia Panzan,
presidente da FuMtran.
A primeira patrocinadora é a
Patrus Transportes, uma das mais
tradicionais empresas do setor de
transporte de cargas do país. Ela
atua, há 40 anos, no mercado de
cargas fracionadas, tem sede em
Contagem (MG) e 69 filiais localizadas em dez Estados. “O Museu Brasileiro do Transporte é um empreendimento inovador que vai
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
53
FUMTRAN/DIVULGAÇÃO
PROJETO Museu terá espaços interativos para contar a história de todos os modais do transporte
apresentar um pouco da história
do segmento. Conhecer o nosso
passado é fundamental para desenvolvermos estratégias no nosso
negócio, saber o que deu e o que
não deu certo. Dessa forma, adquirimos experiência e podemos aprimorar as boas ideias de quem já
fez parte dessa história. Por acreditar nisso, a Patrus Transportes investiu no projeto”, afirma Marco
Antônio Patrus, diretor financeiro
da empresa.
Para Roberto Leoncini, diretorgeral da Scania do Brasil, contribuir
para a construção do espaço é uma
forma de também contribuir com
as pessoas, foco principal dentro
dos valores globais da montadora.
“Para a Scania, é importantíssimo
apoiar iniciativas e espaços como o
Museu Brasileiro do Transporte. A
história da indústria brasileira de
veículos comerciais, uma das
mais importantes do mundo, merece um espaço alusivo à sua
grandeza.” A Scania é uma das
principais fabricantes mundiais
de caminhões e ônibus para
transporte pesado e de motores
industriais, marítimos e para grupos geradores de energia. A em-
presa é a atual líder do mercado
de caminhões pesados no Brasil.
O museu também conta com o
apoio das Empresas Randon, grupo
formado por 11 empresas que
atuam nos segmentos de veículos
para o transporte de cargas, ferroviário e fora de estrada, bem como
em sistemas automotivos, autopeças e serviços. Segundo o presidente da organização, David Abramo Randon, é legítima a iniciativa
da criação de um museu que pretende remontar, passo a passo, a
trajetória do transporte que retrata o próprio crescimento do Brasil
por meio da movimentação da riqueza nacional. “A rica história do
transporte carecia ser contada e,
mais do que isso, documentada para as próximas gerações. Trata-se
de um legado que a atual e as próximas gerações vão saber bem
aproveitar”, diz ele.
A PPW, empresa líder de vendas
em portas roll-up no mercado nacional, fecha o grupo dos primeiros
patrocinadores do Museu Brasileiro
do Transporte. De acordo com Anacélia Panzan, diretora-geral da empresa, o projeto reunirá os valores
do transporte nacional, resgatando
e valorizando esse setor econômico. “A PPW não poderia deixar de
prestigiar essa iniciativa”.
O projeto do museu foi aprovado
nos moldes da Lei Rouanet, uma lei
federal de incentivo à cultura, sob a
gestão do Ministério da Cultura.
Com o incentivo fiscal, pessoas jurídicas podem direcionar até 4% de
seu IR (Imposto de Renda) em prol
da cultura, e pessoas físicas, até
6%. Os interessados em também
patrocinar o Museu Brasileiro do
Transporte podem entrar em contato
com a FuMTran pelo telefone (19) 32811928 ou pelo endereço eletrônico
[email protected]. Mais informações sobre o projeto podem ser encontradas na Internet
(www.mbt.org.br).
l
(Com informações da Difatto
Comunicação Integrada)
CARGAS
POR LETICIA
SIMÕES
dquirir um caminhão
é apenas uma das diversas iniciativas para quem vai começar
a trabalhar como motorista autônomo. Tão importante quanto a escolha do veículo está
também a opção correta pela
carreta a ser utilizada. Segundo entidades e especialistas ligados ao transporte de carga,
é fundamental estudar o segmento em que se vai trabalhar
para identificar o melhor modelo na hora da compra.
Nas carretas, a força motriz, as rodas de tração e o motor ficam em uma parte, enquanto a carga é armazenada
em outra. O local onde se encontra a cabine recebe o nome
de cavalo mecânico. Já o compartimento das cargas é conhecido como semirreboque.
O engenheiro Rubem Penteado de Melo, especialista em
veículos para o transporte de
cargas, afirma que, não raro, a
análise do tipo de carga a ser
transportada não é levada em
A
Aquisiçã
A escolha certa pela carreta é tão importante
consideração pelo autônomo
que vai adquirir uma carreta.
“Trata-se de uma compra
técnica. Além dos aspectos comerciais normais de todo veículo, como análise de preço, do
valor de revenda, da garantia e
da assistência técnica, é im-
portante lembrar que carreta é
um veículo comercial. Ela é um
equipamento de transporte e
sua produtividade será decisiva para o melhor resultado
possível da atividade.”
A escolha ideal requer a avaliação de diversos aspectos.
“Analisar o tipo de carga, os
trajetos, as condições das rodovias (se serão sempre asfaltadas ou, vez ou outra, estradas
rurais), como a carga será carregada (com empilhadeira ou
manualmente), se o carregamento será feito pela traseira
LIBRELATO/DIVULGAÇÃO
o correta
quanto a definição do veículo a ser adquirido
ou pelas laterais da carreta, tudo isso é importante para a escolha do veículo”, afirma Melo.
De acordo com ele, o mesmo estudo deve ser feito para
as condições do local de entrega da carga. “Com esses
dados, pode-se consultar os
fabricantes de preferência
para identificar o produto
mais adequado às necessidades e recursos.”
Claudinei Pelegrini, presidente da Abcam (Associação
Brasileira dos Caminhoneiros), diz que o mercado ofere-
ce tipos diversificados de carreta. “As mais comuns no Brasil são as linhas graneleira,
basculante e furgão.” Um modelo convencional chega a
custar, em média, R$ 75 mil,
conforme o dirigente.
Segundo Pelegrini, apesar
de a análise para a aquisição
do melhor tipo de carreta ser
extensa e minuciosa, o caminhoneiro tem à disposição
modelos que atendem à maior
parte das exigências de cada
segmento. “A opção do tipo
de veículo depende da região
em que o profissional vai operar. O modelo mais utilizado
para diversos tipos de cargas
é o semirreboque graneleiro.”
Melo confirma que o mercado brasileiro oferece uma
infinidade de modelos de carretas. Mas, conforme o especialista, as chamadas multiuso, como graneleiras e de carga-seca, ainda têm a preferência da categoria.
“É óbvio que carretas multiuso facilitam o frete de retorno com outro tipo de carga
e, assim, ajudam no resultado
do transporte rodoviário. Porém, carretas com pouca especialização baixam a produtividade do setor. Isso gera
custo para o embarcador e
para o transportador. É possível ter veículos com alguma
multiplicidade de uso, desde
56
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
RENOVAÇÃO
Vida útil do equipamento varia
Como todo veículo, as carretas também necessitam de
troca depois de certo período,
seja pelo desgaste natural do
equipamento ou pelo tempo
de uso. O segmento de atuação também interfere nas condições da carreta, sendo que o
transporte de alguns tipos de
carga pode acelerar o momento da renovação.
Para o engenheiro Rubem
Penteado de Melo, especialista em veículos para o
transporte de cargas, as
condições das rodovias por
onde a carreta trafega também é fator relevante para a
durabilidade do veículo. “Se
o transporte for de minério
de ferro, por exemplo, o momento da troca vai acontecer mais rapidamente. Caso
o segmento seja de carga leve, em estradas com boas
condições, a vida útil da carreta será bem mais longa.”
De acordo com ele, o momento ideal para a renovação
se dá quando a manutenção
começa a aumentar e a afetar
o custo do transporte.
Claudinei Pelegrini, presidente da Abcam, afirma que o
aumento dos gastos com a
manutenção do veículo é um
sinal de que o momento da
troca chegou. “É comum o caminhoneiro exceder a tara indicada. Isso diminui a durabilidade da carreta.”
Segundo o dirigente, a idade do caminhão não acompanha a vida útil da carreta.
“Uma carreta de qualidade pode ter maior durabilidade do
que um caminhão”, afirma.
O presidente da ABTC, Newton Gibson, destaca que, no
Brasil, a vida útil de uma carreta varia entre 10 e 15 anos, dependendo do modelo. Já a de
um caminhão chega a 13 anos.
O dirigente diz que os motoristas precisam observar diversos itens para se certificar
do momento de renovação da
carreta. “Suspensão, tração,
pneus e o tipo de aplicação interferem na vida útil de qualquer veículo. É importante que
a manutenção da carreta seja
periódica. Essa é a única forma de prolongar sua vida útil.”
Segundo Luiz Carlos Neves, presidente da Fenacat, o
ideal seria que a renovação
das carretas acontecesse a
cada cinco anos. “Essa troca,
no entanto, vai depender
também da disponibilidade
financeira do autônomo.”
FATORES O desgaste natural do equipamento
que tenham acessórios especializados por segmento”, diz.
Segundo ele, para a produtividade máxima na operação, nenhum modelo de carreta multiuso é recomendado. “Para se ter
boa produtividade, a especialização do veículo é imprescindível. Dos modelos atuais, o que
melhor se adapta a muitos tipos
de carga ainda é a graneleira.”
Melo afirma que a configuração da carreta também precisa
ser estudada. “A capacidade de
carga, o tipo de suspensão (eixos juntos ou afastados), suspensão mecânica ou pneumática são itens que influenciam
nos custos do transporte.”
O presidente da seção de
Transportadores Autônomos da
CNT, José da Fonseca Lopes,
lembra que a escolha da carroceria está diretamente ligada à
escolha do cavalo mecânico.
“Cada motor tem uma funcio-
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
57
MAGRÃO SCALCO/DIVULGAÇÃO
ATENÇÃO
Dicas para quem vai
comprar uma carreta
• Saber qual carga será
transportada (qual o
segmento de atuação)
• Modo como a carreta será
carregada (manualmente ou
por empilhadeira)
• Quais serão os trajetos mais
usuais (estradas asfaltadas
ou rurais)
• Verificar a capacidade de
carga e o tipo de suspensão
do veículo
• Avaliar a experiência e a
idoneidade dos fabricantes
• Pesquisar preços
• Estudar os tipos de
financiamentos disponíveis
• Conhecer as garantias e as
condições de assistência
técnica para o veículo
e o segmento de atuação interferem no tempo de utilização da carreta
nalidade e, por isso, o caminhoneiro deve observar qual o uso
da carreta. Para puxar uma
composição dupla de sete ou
nove eixos, por exemplo, o veículo precisa ser traçado (tração 6x4)”, explica.
Lopes também destaca que
o conhecimento do motorista
sobre a funcionalidade da carreta facilita o seu uso. De
acordo com ele, cada tipo de
carroceria requer um manu-
seio diferente e a forma como
ele é realizado influencia na
segurança do veículo e na
qualidade da carga que está
sendo transportada.
Newton Gibson, presidente da
ABTC (Associação Brasileira de
Logística e Transporte de Carga),
afirma que o ideal é o autônomo
procurar um fabricante credenciado e com vasta experiência no
setor. “É preciso enfatizar a confiança no fabricante, pois um aci-
dente com carreta costuma ser
muito grave.”
De acordo com Gibson, a
classificação do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) estabelece um peso máximo por
eixo para cada tipo de carreta.
“A escolha adequada evita, por
exemplo, a deterioração prematura do asfalto.”
A documentação é outro
item importante. Segundo o dirigente, como qualquer veículo,
a carreta necessita de emplacamento. “Além disso, é preciso
tomar cuidado com a instalação
dos engates do reboque, que
deve ser executada por um profissional confiável e que tenha
experiência no ramo para colocação da placa com os números
de capacidade de tração.”
A Librelato, cuja matriz está
instalada em Orleans (SC), fabrica
implementos rodoviários para as
linhas pesada e leve. O diretor de
vendas, Pedro Mazzuco, recomenda que o caminhoneiro estude
antecipadamente os financiamentos disponíveis.
“Com essa avaliação, o profissional tem a certeza de qual será
o valor mensal de sua aquisição.”
Mazzuco afirma que a preferência
da categoria é pela menor taxa
de juros e pelo maior valor possível a ser financiado.
Pelegrini, da Abcam, diz que o
caminhoneiro autônomo tem preferência pela linha de financiamento conhecida como PSI-Procaminhoneiro (Programa de Sustentação do Investimento), oferecida pelo BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e
Social), por meio das instituições
financeiras habilitadas. Segundo
Pelegrini, para 2014, o programa
vai oferecer taxa anual de 6% para a aquisição de carretas.
l
58
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
MERCADO
Soluções
logísticas
Serviços de cartão-frete, gestão de frotas
e rastreamento oferecem mais facilidades
para o dia a dia das empresas de transporte
DA
om o crescimento da
atividade transportadora nos últimos anos,
a implantação de sistemas informatizados de gestão
de frota, de rastreamento de
veículos, de abastecimento e de
pagamento de fretes é uma realidade que cresce a cada dia nas
empresas do setor. No mercado,
já existem diversas soluções logísticas criadas para melhorar o
desempenho, oferecer mais segurança e reduzir os custos
dessas empresas.
Desde 2012, a Policard disponibiliza o Cartão Frete, que
C
REDAÇÃO
permite a gestão completa
das operações de frete. O sistema substitui todas as etapas que antes eram realizadas
manualmente pela carta-frete,
extinta pela ANTT (Agência
Nacional de Transportes Terrestres), em 2011.
De acordo com Luciano Penha, vice-presidente da Policard,
o cartão profissionaliza o setor,
evitando fraudes e reduzindo o
trâmite de documentos físicos
no pagamento do frete. O cartão
é fornecido ao caminhoneiro autônomo com o valor do frete que
será pago por aquele transpor-
te. Com ele, o profissional pode
pagar o combustível e os demais
gastos gerados durante a viagem. “O Cartão Frete está vinculado a uma conta-cartão em nome do caminhoneiro. Ele pode
utilizar o cartão para efetuar os
pagamentos, pedir a transferência do valor do frete para uma
conta pessoal ou ainda sacar o
dinheiro em um dos locais credenciados”, explica ele.
Em todo o Brasil, 90 mil estabelecimentos aceitam o cartão
para compras. O saque deve ser
efetuado em uma rede específica,
composta por 250 locais. Segun-
do Penha, em breve, o cartão vai
estar integrado ao pagamento do
vale pedágio e permitirá realizar
saques nos terminais eletrônicos
da rede Banco 24 horas. Desde o
lançamento, o Cartão Frete já foi
adquirido por 300 empresas e 18
mil caminhoneiros autônomos tiveram acesso ao benefício.
O Cartão Frete está integrado aos sistemas de gestão de
frotas e rastreamento e telemetria, também oferecidos pela empresa. O primeiro permite
às transportadoras construir
uma parametrização de controle dos veículos que com-
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
59
POLICARD/DIVULGAÇÃO
põem a frota, controlando o
consumo de combustível e a
manutenção dos veículos.
De acordo com o vice-presidente, é possível definir o volume dos tanques, os valores, os
horários e os locais onde o
abastecimento será realizado.
“O gestor da empresa tem a
possibilidade de acompanhar o
histórico de consumo de cada
um dos seus veículos e, com isso, garantir um bom desempenho dos mesmos”, destaca ele.
Além disso, o programa de
gestão de frota também facilita
o gerenciamento da manuten-
ção e da substituição de peças.
Cálculos da Policard mostram
que o sistema gera uma economia de 15% a 20% nos gastos
mensais das empresas.
O sistema de rastreamento e telemetria permite medir a velocidade, saber a localização exata e definir as rotas que serão utilizadas
pelos veículos. Os rastreadores
(uma espécie de GPS) podem vir
acompanhados de sensores nos
bancos traseiros ou na parte posterior dos veículos. “Dessa maneira, é
possível ter uma visão geral do que
está acontecendo com a frota. Onde está o veículo e se ele está sen-
do operado de maneira correta.”
Todo o acompanhamento pode ser
feito em tempo real ou por meio de
relatórios mensais.
Completando o portfólio de soluções logísticas, a Policard ainda
oferece o Cartão Combustível, que
permite controlar o consumo e os
gastos de abastecimento da frota.
O cartão é dado para o funcionário,
que deve realizar o abastecimento
em um dos postos da rede credenciada. “Esse é um serviço que pode
ser utilizado por empresas que têm
frotas próprias ou trabalham com
veículos terceirizados. Essa é uma
maneira de controlar de forma efi-
caz o consumo do que está sendo
gasto”, explica Penha.
De acordo com o vice-presidente da empresa, os três sistemas são adaptados para qualquer tipo e tamanho de frota.
“Atendemos de pequenas a
grandes transportadoras, além
de empresas de outros segmentos econômicos que também
atuam com frota própria de veículos”, explica ele. Da carteira
de clientes que utilizam os serviços, 40% são de frotas de veículos pesados.
A Policard também atua na
administração de convênios para funcionários de empresas ou
órgãos públicos (cartão alimentação, cartão refeição), além de
prestar serviços para o mercado
financeiro, atuando como correspondente bancário em 5.000
pontos em todo o país. Criada
em 1995, a empresa com sede
em Uberlândia (MG) está presente em 4.000 municípios. Com 10
mil clientes e 3,5 milhões de cartões já emitidos, a Policard registrou 40% de crescimento
anual nos últimos cinco anos.
Para este ano, a expectativa é de
manutenção desse desempenho
positivo, com destaque para a
alta nas vendas do Cartão Frete.
A Policard atende pelos
contatos [email protected]
ou 08009402933 (atendimento
24hs). Mais informações na página da empresa na Internet
(www.polifrete.com.br).
l
60
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
SAÚDE
grande maioria dos
motoristas encara o
ato de dirigir como
uma atividade automática, realizada quase por impulso. Mas por trás de ações
aparentemente simples, como ligar o veículo, acelerar, engatar
marcha e frear, existe toda uma
complexidade que exige boas
condições físicas e mentais de
quem está no comando.
Conduzir uma moto, um carro, um ônibus ou um caminhão
requer concentração, atenção,
rapidez nos reflexos, coordenação motora, equilíbrio, boas
condições de visão e audição e
discernimento para avaliar riscos. Por esse motivo, é preciso
ter cuidado na hora de ingerir
qualquer tipo de medicamento.
Remédios aparentemente simples, como antigripais e analgésicos, podem interferir nessas habilidades e trazer consequências graves, como o envolvimento em acidentes, muitas
vezes fatais.
A
Reações
adversas
Uso de medicamentos simples pode
provocar alterações no corpo e oferecer
riscos para quem está ao volante
POR
No Brasil, não existem dados
sobre a quantidade de acidentes de trânsito que são causados pelo uso de medicamentos
pelos motoristas, mas uma
pesquisa da Fundação Oswaldo
Cruz revela que o país está entre os maiores consumidores
de remédios do mundo.
De acordo com o pós-doutor
em neurofarmacologia Eduardo
Carvalho-Netto, alguns princí-
LIVIA CEREZOLI
pios ativos atuam no sistema
nervoso central e, por isso, diminuem os reflexos e causam sonolência. “É aí que está o perigo
quando usados por motoristas
que estão em atividade. Alguns
medicamentos podem causar
problemas sensoriais.”
O especialista explica que os
remédios controlados, como os
antidepressivos e ansiolíticos
(usados para diminuir a ansieda-
de e a tensão), já têm explicitados em suas bulas as reações
adversas que podem causar,
mas o risco está nos medicamentos de venda livre, como é o
caso dos analgésicos, antialérgicos e antigripais.
“O princípio ativo de alguns
desses remédios tem anti-histamínico, que causa sonolência,
tonturas e até confusão mental.
O grande problema é que a ven-
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
61
ISTOCKPHOTO
da deles é livre nas farmácias”,
afirma Carvalho-Netto. A orientação é que, ao fazer uso desse
tipo de medicamento, motoristas, profissionais ou não, procurem orientação com o farmacêutico para saber sobre os efeitos colaterais e as reações que o
mesmo pode causar. “Em alguns
casos, as reações vêm explicitadas nas bulas, em outros, isso
não é tão claro.”
O taxista Wanderson Batista
dos Santos, de Brasília, toma remédio controlado para pressão
arterial, mas afirma que nunca
recebeu nenhuma orientação
médica sobre os riscos que o
medicamento pode causar ao
volante. “O médico sempre me
orienta de todas as reações do
remédio, mas nunca falou se teria algum problema em dirigir.”
Além do remédio controlado,
Santos confessa que toma outros por conta própria, como
analgésicos e antialérgicos.
Mesmo percebendo algumas
reações diferentes em seu organismo, o taxista nunca se preocupou com os riscos que o uso
dos medicamentos pode causar.
“Não existe nenhum alerta sobre isso, então, sempre pensei
que não existia problema. Mas a
gente percebe que o corpo fica
62
CNT TRANSPORTE ATUAL
diferente quando toma algum
remédio. O antialérgico me dá
muito sono”, conta ele.
Para Dirceu Rodrigues Alves
Júnior, médico e chefe do Departamento de Medicina de Tráfego
Ocupacional da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de
Tráfego), é preciso ampliar as
orientações sobre os riscos que o
uso de alguns medicamentos,
considerados simples, pode causar. “Qualquer paciente deve ser
informado sobre as reações dos
remédios que estão sendo receitados. Mas, muitas vezes, isso
não é explicado nas consultas.”
De acordo com o médico,
esse cuidado deve partir tanto
do profissional de saúde quanto do paciente que precisa informar sobre a atividade que
exerce. “O médico precisa ter
o cuidado em informar, mas o
motorista também deve analisar a sua situação antes de pegar o carro e dirigir.”
Contrário à automedicação,
o motorista do transporte rodoviário de passageiros Lenoir
Mendes Pinheiro também acredita que falta orientação no
momento da prescrição dos
medicamentos. “Na bula dos remédios, sempre estão indicados os efeitos e as reações que
podem ocorrer, mas não existe
um alerta específico sobre o
risco de dirigir depois. A gente
FEVEREIRO 2014
PREVENÇÃO Motoristas devem ficar atentos às reações do
“Alguns
medicamentos
podem causar
problemas
sensoriais”
EDUARDO CARVALHO-NETTO,
NEUROFARMACOLOGISTA
acaba usando o remédio sem
ter esse cuidado”, diz ele.
Como forma de alertar sobre
os riscos que o uso de medicamentos pode causar durante a
condução dos veículos, em 2009,
a Abramet desenvolveu uma proposta de projeto de lei que obrigaria as indústrias farmacêuticas
a inserirem na caixa dos remédios o símbolo de proibido dirigir.
“Conseguimos mobilizar algumas
entidades, mas, infelizmente, até
hoje, não existe a obrigatoriedade
do uso desse sinal nas embala-
gens”, lembra o chefe do Departamento de Medicina de Tráfego
Ocupacional da associação.
A Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) afirma
que todas as informações relativas aos riscos de determinados medicamentos estão
previstas na bula, mas não há
uma lista fechada de medicamentos que são incompatíveis
com o ato de dirigir, pois isso
varia caso a caso. A agência
abriu, em 2009, uma consulta
pública sobre a proposta da
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
63
VOLVO/DIVULGAÇÃO
EFEITOS COLATERAIS
Veja as reações provocadas por alguns medicamentos
• Antidepressivos (para depressão e transtornos de ansiedade):
perda de atenção, de concentração, de vigília e dificuldade de visão
• Analgésicos (usados contra dores): sonolência
• Ansiolíticos e tranquilizantes (usados para controlar a ansiedade):
sonolência, redução dos reflexos e demora no tempo de reação
• Antiepilépticos (usados em epilepsia e transtorno de déficit de atenção):
sonolência e confusão mental
• Hipnóticos (usados para combater insônia e induzir anestesia): sonolência
• Relaxantes musculares (para cólicas e dores musculares): sonolência e
reações lentas
• Estimulantes (também presentes em medicamentos para emagrecer):
irritabilidade e sono
• Broncodilatadores (para desobstruir as vias aéreas): taquicardia,
tremores e convulsão
• Antieméticos (para enjoos): sonolência
• Hipoglicemiantes, insulina (usados no tratamento de diabetes):
tremores e convulsão
• Neurolépticos (para o tratamento de psicoses): redução dos reflexos,
demora no tempo de reação, sedação e sonolência
Fonte: Abramet
corpo depois de ingerir medicamentos
Abramet, mas o projeto não
foi levado adiante. De acordo
com a Anvisa, não há, no momento, qualquer estudo ou
proposta de voltar ao tema,
no sentido de normatizar essa
obrigatoriedade.
Há dez anos dirigindo um
caminhão, Amilton Santos Pomponeu conhece bem as reações
do próprio organismo e não utiliza analgésicos ou relaxantes
musculares durante a jornada
de trabalho. “Sinto muito sono
depois de tomar esses remé-
dios, e não tenho condições de
dirigir. Prefiro parar um pouco
e descansar ou então esperar o
fim do expediente para usar o
medicamento.”
Segundo Alves Júnior, os medicamentos são difíceis de serem detectados no organismo com a realização de testes rápidos, como o do
bafômetro, o que dificulta ainda
mais o levantamento de dados sobre a relação direta deles com os
acidentes de trânsito. “A metabolização é rápida e somente exames
de sangue mais completos é que de-
“Qualquer
paciente deve
ser informado
sobre as
reações dos
remédios”
DIRCEU RODRIGUES ALVES JÚNIOR, ABRAMET
tectarão a presença da substância
no organismo”, explica o médico.
Além disso, não é possível determinar um tempo exato de reação dos remédios no organismo
por causa das diversas fórmulas e
composições existentes e das reações individuais de cada pessoa.
O neurofarmacologista Carvalho-Netto explica que, em
média, o efeito dos medicamentos é maior nas três primeiras horas após a ingestão,
mas é preciso avaliar as reações de cada organismo. “O
tempo de reação vai depender
de cada pessoa. Os efeitos são
diferentes de indivíduo para
indivíduo”, explica ele.
Como regra geral, os especialistas alertam que, ao perceber
qualquer sintoma, o motorista deve, imediatamente, parar o veículo para repousar e ingerir bastante líquido, aumentando assim o
processo de eliminação da substância do organismo. “O motorista não deve voltar a dirigir até
que todos os sintomas tenham
passado”, alerta Alves Júnior.
No Código de Trânsito Brasileiro não existe nenhuma
restrição específica sobre o
uso de medicamentos de venda livre relacionados à direção
de veículos. Como eles não
causam dependência, não podem ser proibidos, como as
drogas e o álcool.
l
64
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
SEST SENAT
Ampliando o
conhecimento
Palestras promovem qualificação profissional e melhor
qualidade de vida para o trabalhador em transporte
POR
ais de 2 milhões de
pessoas, em todo
Brasil, já participaram das palestras
voltadas para educação e saúde
realizadas pelo Sest Senat (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem
do Transporte). Criado em 2007,
o projeto de palestras tem como
objetivo oferecer ainda mais conhecimento aos profissionais do
transporte, seus dependentes e
M
KATIANE RIBEIRO
a sociedade em geral sobre a
importância de questões sociais, como a cidadania e a qualificação profissional, e, ainda,
dos cuidados com a saúde.
Todos os anos, oito novos temas são abordados, quatro relacionados à saúde (Sest) e quatro
voltados para a educação profissional (Senat). As palestras são
ministradas nas unidades do
Sest Senat em todo o Brasil.
Excepcionalmente neste ano,
serão debatidos dez temas, entre eles, Medos e Fobias, Empreendedorismo no Setor do
Transporte, Os Perigos da Internet e Cuidados para o Motofretista (veja a lista completa no
quadro na página 67).
Todos os temas já oferecidos
em anos anteriores continuam
disponíveis e podem ser apresentados, durante todo o ano,
sempre que houver demanda.
Desse modo, a apresentação das
palestras não fica restrita apenas aos temas selecionados para o ano vigente. Essa ação proporciona maior disponibilidade
de assuntos a serem abordados.
“A palestra ministrada pelo
instrutor Marcelo Gama, do Sest
Senat de São Vicente (SP), que
assisti, não foi apenas uma apresentação maçante e cansativa,
mas um momento de debate e
reflexão sobre o tema Mobilidade Urbana. E esse é o grande di-
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
65
SEST SENAT
PARTICIPAÇÃO Palestra “Fidelização de clientes” apresentada na unidade de Juiz de Fora (MG)
ferencial. Há três anos, participo
das palestras e quero continuar
assistindo às próximas”, afirma
o assistente administrativo Alexandre Antonio dos Santos.
Os assuntos são escolhidos
por meio de pesquisas realizadas com as unidades do Sest Senat e baseados na realidade do
mercado de trabalho e em questões importantes relacionadas à
saúde, ao relacionamento humano e à cidadania.
Responsabilidade Civil e Penal nos Acidentes de Trânsito é a
palestra mais procurada no Sest
Senat de Goiânia (GO), aponta a
coordenadora de Desenvolvimento Profissional da unidade,
Divina Rosa de Andrade. “O tema
é extremamente relevante para
quem está no trânsito e, por
desconhecerem o assunto, interessa tanto ao empregado quanto aos empregadores”, afirma.
Entre os mais de 50 temas já
apresentados estão Planejamento e Orçamento Familiar,
Prevenção ao Roubo de Cargas,
Noções Básicas de Educação
Financeira, Primeiros Socorros
e Prevenção a Incêndios e Importância da Atividade Física
para a Saúde.
As palestras do Sest Senat visam possibilitar aos trabalhadores do transporte a aquisição de
conhecimentos, habilidades e
atitudes para o exercício de uma
ocupação. Contribui, assim, para
sua profissionalização, integração na sociedade e pleno exercício da cidadania.
O projeto propõe ainda o desenvolvimento de aptidões
pessoais e sociais do trabalhador e de sua família, com o objetivo de melhorar sua saúde e
qualidade de vida.
Segundo a coordenadora de
Promoção Social do Sest Senat
de Recife (PE), Erlene Cabral, “o
66
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
THIAGO DOUGLAS
projeto nos permite levar ao
trabalhador e à comunidade
vários assuntos sobre educação, valorizando os cuidados
com o corpo e a mente”.
Os assuntos são apresentados por instrutores do Sest Senat e especialistas nos temas
com o auxílio de recursos audiovisuais, como vídeos e slides, além de apresentações de
experiências em situações específicas e cartilhas sobre o tema. O tempo de duração de cada palestra é de aproximadamente duas horas.
No fim de cada apresentação, são distribuídas cartilhas
com as principais informações
sobre o tema abordado. Com a
distribuição dos materiais, o
Sest Senat pretende que o conteúdo seja disseminado pelos
participantes aos seus familiares e outras pessoas que não
tiveram a oportunidade de assistirem a apresentação.
Para a coordenadora de Desenvolvimento Profissional da
unidade de Juiz de Fora (MG),
Gisele de Castro Franco, as palestras ministradas pelo Sest
Senat têm o intuito de influenciar atitudes. Por isso, elas se
tornam importantes para as
pessoas. “Em outubro de 2013,
fomos procurados por uma empresa que faz distribuição de
alimentos na cidade de Juiz de
Fora e região para apresentar
VARIEDADE Programa possui mais de 50 cartilhas com temas diferentes
“Há três
anos, participo
das palestras
e quero
assistir às
próximas”
ALEXANDRE ANTONIO DOS SANTOS,
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO
uma palestra de cunho motivacional aos funcionários. Após a
palestra, tivemos um retorno
imediato da empresa alegando
ter percebido melhora considerável no trabalho dos colaboradores”, afirma.
As palestras serão ministradas durante todo o ano e em todas as unidades do país, conforme o interesse dos trabalhadores e da comunidade. Empresas
de transporte interessadas em
participar do projeto podem
procurar a unidade do Sest Senat mais próxima para agendar
a palestra. Informações pelo telefone 0800 728 2891 ou pelo site www.sestsenat.org.br.
“O projeto dá resultado principalmente porque traz temas bem
diversificados, e não apenas na
área de transporte”, diz o instrutor da unidade de São Vicente,
em São Paulo, Marcelo Gama. Instrutor desde 2009, Gama afirma
que há um interesse grande dos
profissionais de adquirirem mais
SAIBA MAIS SOBRE AS PALESTRAS
Projeto em números (participantes)
2.500.000
2.173.008
2.000.000
1.500.000
1.000.000
444.820
500.000
205.415
135.370
226.736
312.033
503.022
345.612
0
2007
2008
2009
2010
TEMAS JÁ ABORDADOS
SEST
• Depressão
• Distúrbio do Sono
• Neurotrauma
• Planejamento e Orçamento Familiar
• Alimentação Saudável e Obesidade
• Etiqueta Profissional
• Educação dos Filhos
• Saúde e Segurança no Trabalho
• Câncer de Pele
• Responsabilidade Social Empresarial
• Álcool e Drogas
• Doação de Órgãos
• Saúde da Mulher
• Saúde do Homem
• Saúde Mental
• Viva a Melhor Idade
• Gestão do Estresse
• Adolescência
• Saúde Bucal
• Saúde da Coluna
• A Importância da Atividade Física
para a Saúde
• Acidentes Domésticos, como Evitá-los
• Entendendo as Doenças Sexualmente
Transmissíveis
• Saúde Ocular
• A Combinação Álcool, Drogas
e o Trânsito
• Doenças Endêmicas
• Noções Básicas de Educação Financeira
• Violência Doméstica
2011
2012
2013
Total
TEMAS DE 2014
SENAT
• Condução Econômica
• Arrumação no Transporte
de Cargas
• Logística
• Motociclista
• Direção Preventiva
• Qualidade no Transporte Urbano
• Educação no Trânsito
• Novas Tecnologias
• Empregabilidade
• Responsabilidade Civil e Penal
nos Acidentes de Trânsito
• Gestão do Tempo
• Prevenção ao Roubo de Cargas
• Cálculo do Frete
• Cidadania no Transporte
de Passageiros
• Manutenção Básica nos
Veículos Pesados
• Primeiros Socorros e Prevenção
a Incêndios
• Legislação de Cargas
• Financiamento de Veículos Pesados
• Meio Ambiente
• Relacionamento Interpessoal
• Programa 5S
• Motivação no Trabalho
• Qualidade no Atendimento ao Turista
• Utilização e Análise do Tacógrafo
• Direção Defensiva
• Fidelização de Clientes
• Mobilidade Urbana
• Noções de SMS – Segurança,
Meio Ambiente e Saúde
SEST
Medos e Fobias
Aborda a diferença entre medos e fobias, as principais características
e quando e como buscar ajuda profissional
Direitos Humanos nas Estradas
Trata de conceitos básicos, legislação e orientação de como agir
em situações cotidianas relacionadas ao tema
Os Perigos da Internet
Ensina a proteger e a tirar o máximo de proveito do mundo virtual
Bem-Estar Social
Oferece importantes informações e reflexões sobre os direitos e
deveres dos cidadãos brasileiros
Guia de Atendimento a Pessoas com Restrição de Mobilidade
Mostra como prestar um atendimento de qualidade às pessoas que
possuem algum tipo de restrição de sua mobilidade
SENAT
Novas Tecnologias para o Setor de Transporte
Tem o propósito de auxiliar os condutores de ônibus e de caminhão
na familiarização dos termos e conceitos utilizados no universo
da tecnologia embarcada
Empreendedorismo no Setor do Transporte
Oferece orientação sobre todas as etapas de planejamento e criação de
um plano de negócio voltado para o transporte de cargas e passageiros
Manutenção Preventiva e Gestão de Pneus
Traz informações sobre manutenção e conservação preventiva dos
pneus do veículo, segurança do motorista e redução de custos para o setor
Cuidados para o Motofretista
Orienta sobre a profissão, apresentando os direitos e deveres, dicas de
comportamento e segurança para um melhor desempenho profissional
Guia de Atendimento ao Turista
Aborda o conceito turismo sustentável e fornece orientações,
dicas e sugestões práticas para que o turista seja bem atendido
Fonte: Sest Senat
68
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
“Apresentamos
uma palestra
de cunho
motivacional
em uma
empresa. O
retorno foi
imediato, com
melhora
considerável no
trabalho dos
colaboradores”
ERLENE CABRAL,
COORDENADORA DE PROMOÇÃO SOCIAL
conhecimento nas suas áreas de
atuação. “Eles saem da sala de
aula agradecidos pela oportunidade que tiveram.”
Novos temas
Para que cada brasileiro conheça os direitos sociais previstos em nossas leis e possam
unir forças em benefício de toda a coletividade, a palestra
com o tema Bem-Estar Social
traz importantes informações
e reflexões sobre os direitos e
INFORMAÇÃO Apresentação de palestra pela unidade do Sest Senat em Maceió (AL)
deveres dos cidadãos brasileiros, além de contemplar dicas
e orientações para o alcance
do bem-estar pessoal.
Os profissionais de transporte que atuam nas estradas, assim como os que circulam no
trânsito das cidades, são testemunhas oculares de inúmeros
casos de desrespeito aos direitos humanos. Por isso, o assunto
Direitos Humanos nas Estradas é
tema de uma das palestras do
Sest Senat, que pretende mos-
trar a importância de se conhecer os conceitos básicos, um
pouco sobre a legislação e propor uma reflexão sobre situações cotidianas.
O setor de transporte oferece
inúmeras oportunidades para
quem quer crescer e ter seu próprio negócio. Condutores que
hoje atuam no setor de cargas
ou de passageiros poderão, com
a palestra Empreendedorismo
no Transporte, ter condições de
avaliarem uma nova perspecti-
va, sejam em suas atuais funções ou até na concepção de um
novo tipo de empreendimento.
Os transtornos psicológicos
sempre foram motivos de dúvidas e preconceitos. Por esse
motivo, com a palestra Medos e
Fobias, o trabalhador e toda a
comunidade poderão se informar sobre as principais características e quando e como buscar ajuda profissional.
A palestra Cuidados para o Motofretista traz informações sobre
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
69
FOTOS SEST SENAT
CONSCIENTIZAÇÃO Palestra sobre mobilidade urbana ministrada em Santos (SP)
a profissão, apresentando os direitos e deveres, bem como dicas
de comportamento para se tornar
um profissional responsável.
A internet traz um mundo de
informações, facilidades e entretenimento, porém possui também perigos e riscos. A palestra
Os Perigos da Internet ensina como se prevenir dos perigos que a
internet esconde. E, caso eles
ocorram, o que a legislação diz a
respeito e como denunciar.
A manutenção preventiva e a
conservação dos pneus, a calibragem, o alinhamento e o balanceamento do veículo são assuntos abordados na palestra
Manutenção Preventiva e Gestão
de Pneus, que pretende não apenas trazer informações sobre o
tema, mas segurança e orientação para os motoristas reduzirem os custos.
O Brasil se prepara para receber dois grandes eventos esportivos que irão atrair visitantes
de todo o mundo: a Copa do
“O projeto
dá resultado
principalmente
porque traz
temas bem
diversificados”
MARCELO GAMA, INSTRUTOR
Mundo e a Olimpíada. Para auxiliar as pessoas que irão prestar
serviços nesses eventos, o Sest
Senat oferece o Guia de Atendimento ao Turista. A cartilha traz
orientações técnicas, dicas e sugestões para o correto atendimento ao cliente em hotéis, restaurantes, pontos turísticos e no
transporte em geral.
Quase um quarto da população brasileira declara ter alguma dificuldade ou deficiência
que as limitam em sua mobilidade. As pessoas que trabalham
em atendimento ao público devem estar preparadas para oferecer um tratamento digno e de
qualidade adaptado àqueles que
necessitam de um atendimento
diferenciado. O Guia de Atendimento a Pessoas com Restrição
de Mobilidade foi criado para informar os trabalhadores em
transporte como transportar essas pessoas com segurança.
O mundo das inovações tecnológicas é repleto de novidades que
trazem inúmeros benefícios para
toda a sociedade. A cartilha Novas
Tecnologias para o Setor de Transporte traz para condutores de ônibus e de caminhão a oportunidade
de conhecer os termos e conceitos
utilizados no universo que envolve
a tecnologia embarcada. São recursos que aumentam a segurança e o conforto dos veículos e contribuem para minimizar as agressões ao meio ambiente.
l
Estatístico, Econômico, Despoluir e Ambiental
FERROVIÁRIO
MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM
Total Nacional
Total Concedida
Concessionárias
Malhas concedidas
30.129
28.692
11
12
BOLETIM ESTATÍSTICO
RODOVIÁRIO
MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM
TIPO
PAVIMENTADA
NÃO PAVIMENTADA
TOTAL
65.320
110.842
26.827
202.988
12.662
111.334
1.234.918
1.358.914
77.981
222.176
1.261.745
129.262
1.691.164
Federal
Estadual
Municipal
Rede Planejada
Total
MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KM
Adminstrada por concessionárias privadas
Administrada por operadoras estaduais
FROTA DE VEÍCULOS
Caminhão
Cavalo mecânico
Reboque
Semi-reboque
Ônibus interestaduais
Ônibus intermunicipais
Ônibus fretamento
Ônibus urbanos
Nº de Terminais Rodoviários
14.768
1.195
2.461.762
528.223
1.041.704
771.322
17.309
57.000
23.489
107.000
122
37
FROTA MERCANTE - UNIDADES
Embarcações de cabotagem e longo curso
MATERIAL RODANTE - UNIDADES
Vagões
Locomotivas
Carros (passageiros urbanos)
104.931
3.212
1.670
PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES
Total
Críticas
12.289
2.659
VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL
Brasil
EUA
25 km/h
80 km/h
AEROVIÁRIO
AERÓDROMOS - UNIDADES
Aeroportos Internacionais
Aeroportos Domésticos
Outros aeródromos - públicos e privados
29
34
2.523
AERONAVES REGISTRADAS NO BRASIL - UNIDADES
Transporte regular, doméstico ou internacional
Transporte não regular: táxi aéreo
Privado
Outros
Total
155
41.635
20.956
1.864
669
1.579
8.825
8.328
19.401
MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS
MODAL
HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA
Vias Navegáveis
Vias economicamente navegadas
Embarcações próprias
11.816
8.066
1.674
7.136
28.692
173
AQUAVIÁRIO
INFRAESTRUTURA - UNIDADES
Terminais de uso privativo misto
Portos
MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM
ALL do Brasil S.A.
FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A.
MRS Logística S.A.
Outras
Total
MILHÕES
(TKU)
PARTICIPAÇÃO
(%)
Rodoviário
485.625
61,1
Ferroviário
164.809
20,7
Aquaviário
108.000
13,6
Dutoviário
33.300
4,2
Aéreo
3.169
0,4
Total
794.903
100
72
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
BOLETIM ECONÔMICO
R$ bilhões
INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES*
Investimentos em transporte da União por Modal
(total pago acumulado - até dezembro/2013 (R$10,41 bilhões)
Investimentos em Transporte da União
(Orçamento Fiscal)
(dados atualizados dezembro/2013)
25
20
15
10
5
0
1,91
(18,3%)
15,33
6,59
3,81
0,16
(1,5%)
8,19
(78,7%)
10,41
Autorizado
Valores Pagos do Exercício
Total Pago
Restos a Pagar Pagos
Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores
0,15
(1,4%)
RECURSOS DISPONÍVEIS E
INVESTIMENTO FEDERAL (ATÉ DEZEMBRO DE 2013)
Orçamento Fiscal e Estatais (Infraero e Cia Docas)
(R$ milhões correntes)
Recursos Disponíveis
15.332,37
Autorizado União
Dotação das Estatais (Infraero e Cia Docas)
3.203,93
Total de Recursos Disponíveis
18.536,29
Investimento Realizado
8.196,61
Rodoviário
1.909,10
Ferroviário
520,57
Aquaviário (União + Cia Docas)
1.309,45
Aéreo (União + Infraero)
11.935,73
Investimento Total (Total Pago)
Fonte: Orçamento Fiscal da União (SIGA BRASIL - Senado Federal);
Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais (DEST-MPOG).
Nota (A) Dados atualizados até 28.12.2013 (SIGA BRASIL). (B) Em 18 de junho de 2013 foram excluídos R$ 6 bilhões
do valor autorizado para investimento em transporte no Orçamento Fiscal. Esses recursos eram referentes a créditos
extraordinários autorizados pela MP nº 598 de 27/12/2012. Findo o prazo para a apresentação do Projeto de Decreto
Legislativo para a MP, esta perdeu a validade e os créditos previstos foram devidamente retirados do orçamento.
Nota sobre a CIDE: Até o boletim econômico de março de 2013, a CNT realizava o acompanhamento da
arrecadação e do investimento com recursos da CIDE-combustíveis, Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico, criada pela Lei 10.336, de 19/12/2001. Esse acompanhamento deixou de ser realizado, já que a alíquota
da CIDE foi reduzida a zero pelo Decreto nº 7.764, de junho de 2012. Os recursos da CIDE eram destinados aos
seguintes fins: (a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus
derivados e derivados de petróleo; (b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do
petróleo e do gás; e (c) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes.
Rodoviário
Ferroviário
Aquaviário
Aéreo
CONJUNTURA MACROECONÔMICA - JANEIRO/2014
PIB (% cresc a.a.)1
Selic (% a.a.)2
IPCA (%)3
Balança Comercial
Reservas
Internacionais4
Câmbio (R$/US$)5
2012
acumulado
em 2013
últimos
12 meses
expectativa
para 2013
0,9
7,25
5,84
19,43
2,40
2,26
2,28
6,00
1,20
10,00
4,95
-0,93
5,77
1,74
373,14
375,79
2,04
2,35
2,34
Fontes: Receita Federal, SIGA BRASIL - Senado Federal, IBGE e Focus (Relatório de Mercado 10/01/14),
Banco Central do Brasil.
Observações:
(1) Expectativa de crescimento do PIB para 2013.
(2) Taxa Selic conforme Copom 27/11/2013.
(3) Inflação acumulada no ano e em 12 meses até novembro/2013.
(4) Posição dezembro/2012 e novembro/2013 em US$ bilhões.
(5) Câmbio de fim de período divulgado em 02/01/2014, média entre compra e venda.
Evolução do Investimento Federal em Infraestrutura de Transporte
16,0
14,0
12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0
2009
Investimento Total
ORÇAMENTO FISCAL DA UNIÃO E ORÇAMENTO
DAS ESTATAIS (INFRAERO E CIA DOCAS)
(valores em R$ bilhões correntes)
2009 2010 2011 2012
7,8
10,3
11,2
9,4
Rodoviário
1,0
2,5
1,6
1,1
Ferroviário
1,3
1,0
0,8
Aquaviário (União + Cia Docas) 1,3
0,5
0,7
1,2
1,4
Aéreo (União + Infraero)
10,6
14,8
15,0
12,7
Investimento Total
2010
2011
Rodoviário
Ferroviário
2012
Aquaviário
2013
Aéreo
2013
8,2
1,9
0,5
1,3
11,9
Fonte: Orçamento Fiscal da União (SIGA BRASIL - Senado Federal) e Orçamento de Investimentos das
Empresas Estatais (DEST-MPOG).
8
R$ bilhões correntes
Orçamento Fiscal da União e Orçamento das Estatais
(Infraero e Cia Docas)
* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br
INVESTIMENTO PÚBLICO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA
DE TRANSPORTE POR ESTADOS E REGIÕES
(VALORES EM R$ MILHÕES CORRENTES)1
REGIÕES3
Estados
ORÇAMENTO FISCAL (TOTAL PAGO2 POR MODAL DE TRANSPORTE)
Acre
Alagoas
Amazonas
Amapá
Bahia
Ceará
Distrito Federal
Espírito Santo
Goiás
Maranhão
Minas Gerais
Mato Grosso do Sul
Mato Grosso
Pará
Paraíba
Pernambuco
Piauí
Paraná
Rio de Janeiro
Rio Grande do Norte
Rondônia
Roraima
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
Sergipe
São Paulo
Tocantins
Centro Oeste
Nordeste
Norte
Sudeste
Sul
Nacional
Total
Rodoviário
Ferroviário
Aquaviário
Aéreo
Total
115,55
387,38
120,65
57,59
266,29
300,19
8,98
158,37
650,62
426,44
909,51
270,10
408,07
544,52
148,50
186,32
145,26
291,29
332,05
148,16
383,77
35,72
1.057,89
487,73
135,71
39,93
108,34
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
71,68
8.196,61
0,00
0,00
0,00
0,00
803,35
0,00
0,00
0,00
771,35
0,00
157,48
11,77
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
4,60
28,14
0,00
0,00
0,00
0,14
0,43
0,00
90,03
2,58
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
39,23
1.909,10
0,00
0,00
8,58
0,00
1,35
2,95
0,00
12,24
0,00
16,21
0,00
0,00
0,00
4,49
0,00
0,00
0,00
0,00
0,20
0,00
0,00
1,02
4,99
0,96
0,00
83,12
0,00
0,00
0,00
9,88
0,00
0,15
13,74
159,88
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
1,32
0,00
0,00
146,04
147,36
115,55
387,38
129,23
57,59
1.070,99
303,14
8,98
170,61
1.421,97
442,65
1.066,99
281,87
408,07
549,01
148,50
186,32
145,26
295,89
360,39
148,16
383,77
36,74
1.063,02
489,12
135,71
213,08
110,92
0,00
0,00
11,20
0,00
0,15
270,69
10.412,96
Elaboração: Confederação Nacional do Transporte
*Dados atualizados até 28.12.2013 (SIGA BRASIL).
Notas:
(1) Foram utilizados os seguintes filtros: função (26), subfunção (781=aéreo, 782=rodoviário, 783=ferroviário, 784=aquaviário), GND (4=investimentos). Para a subfunção
781 (aéreo), não foi aplicado nenhum filtro para a função. Fonte: SIGA BRASIL (Execução do Orçamento Fiscal da União).
(2) O total pago é igual ao valor pago no exercício acrescido de restos a pagar pagos.
(3) O valor investido em cada região não é igual ao somatório do valor gasto nos respectivos estados. As obras classificadas por região são aquelas que atendem a mais
de um estado e por isso não foram desagregadas. Algumas obras atendem a mais de uma região, por isso recebem a classificação Nacional.
Nota técnica CNT
Mudança de fonte de dados de investimentos públicos federais
A partir de janeiro de 2013, a CNT passa a utilizar o SIGA BRASIL como fonte de dados da execução do Orçamento Fiscal da União. Até então, eram utilizados os bancos de dados elaborados
pela COFF (Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira) disponibilizados pela Câmara dos Deputados. O SIGA BRASIL é um sistema de informações sobre orçamento público, que
permite acesso amplo e facilitado ao SIAFI e a outras bases de dados sobre planos e orçamentos públicos, por meio de uma única ferramenta de consulta . Por ser atualizado
periodicamente, o SIGA BRASIL permite uma análise mais dinâmica da execução orçamentária federal. Além disso, o SIGA BRASIL disponibiliza na mesma base de dados os valores pagos no
exercício e os restos a pagar pagos. Esta característica confere ao sistema maior precisão e segurança no acompanhamento dos investimentos em infraestrutura de transporte. Os dados
de execução orçamentária para investimento em infraestrutura de transporte são divulgados mensalmente pela Confederação Nacional do Transporte por meio de seu Boletim Econômico
disponível na revista CNT Transporte Atual e no site da instituição (www.cnt.org.br).
Para consultar a execução detalhada, acesse o link http://www.cnt.org.br/Paginas/Boletim-economico.aspx
74
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
BOLETIM DO DESPOLUIR
DESPOLUIR
PROJETOS
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o Sest Senat
lançaram em 2007 o Programa Ambiental do Transporte - DESPOLUIR,
com o objetivo de promover o engajamento de empresários,
caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores em
transporte e da sociedade na construção de um
desenvolvimento verdadeiramente sustentável.
• Redução da emissão de poluentes pelos veículos
• Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador
• Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais
de transporte
• Cidadania para o meio ambiente
RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS
ESTRUTURA
NÚMEROS DE AFERIÇÕES
2007 A 2012
2013
820.587
212.868
Aprovação no período
88,18%
91,10%
2014
TOTAL
JANEIRO
7.617
1.041.072
88,80%
92,01%
Federações participantes
20
Unidades de atendimento
68
Empresas atendidas
10.413
Caminhoneiros autônomos atendidos
12.461
PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIR
INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES
Para participar do Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos,
entre em contato com a Federação que atende o seu Estado.
FEDERAÇÃO
FETRANSPORTES
27.2125-7643
BA e SE
71.3341-6238
SP
11.2632-1010
FETRANCESC
SC
48.3248-1104
FETRANSPAR
PR
41.3333-2900
FETRANSUL
RS
51.3374-8080
FETRACAN
AL, CE, PB, PE, PI, RN e MA
81.3441-3614
FETCEMG
MG
31.3490-0330
FENATAC
DF, TO, MS, MT e GO
61.3361-5295
RJ
21.3869-8073
AC, AM, RR, RO, AP e PA
92.2125-1009
ES
27.2125-7643
BA e SE
71.3341-6238
RJ
21.3221-6300
RN, PB, PE e AL
84.3234-2493
FETRAM
MG
31.3274-2727
FEPASC
SC e PR
41.3244-6844
CEPIMAR
CE, MA e PI
85.3261-7066
FETRAMAR
MS, MT e RO
65.3027-2978
AM, AC, PA, RR e AP
92.3584-6504
FETRASUL
DF, GO, SP e TO
62.3598-2677
FETERGS
RS
51.3228-0622
FETRANSCARGA
FETRAMAZ
FETRANSPORTES
FETRABASE
FETRANSPOR
FETRONOR
Passageiros
TELEFONE
ES
FETCESP
FETRABASE
Carga
UFs ATENDIDAS
FETRANORTE
A pesquisa “Caminhoneiros no
Brasil - Relatório Síntese de Informações Ambientais” apresenta a
realidade e as necessidades de um
dos principais agentes do setor de
transporte. Informações econômicas, financeiras, sociais e ambientais, além de dados relacionados à
frota, como distribuição e idade
média; características dos veículos e dos deslocamentos; intensidade de uso e autonomia (km/l) da
frota permitem aprofundar os conhecimentos relativos ao setor de
transporte rodoviário.
8
SETOR
Conheça abaixo duas das diversas publicações ambientais que estão
disponíveis para download no site do DESPOLUIR:
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
O governo brasileiro adotou o biodiesel
na matriz energética nacional, através
da criação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel e da aprovação
da Lei n. 11.097. Atualmente, todo o óleo
diesel veicular comercializado ao consumidor final possui biodiesel. Essa mistura é denominada óleo diesel B e apresenta uma série de benefícios ambientais,
estratégicos e qualitativos. O objetivo
desta publicação é auxiliar na rotina
operacional dos transportadores, apresentando subsídios para a efetiva adoção de procedimentos que garantam a
qualidade do óleo diesel B, trazendo benefícios ao transportador e, sobretudo,
ao meio ambiente.
CNT TRANSPORTE ATUAL
75
FEVEREIRO 2014
CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL
BOLETIM AMBIENTAL
CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3)
2009
EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL
(EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA)
EMISSÕES DE CO2 POR SETOR
CO2 t/ANO
1.202,13
140,05
136,15
48,45
47,76
1.574,54
SETOR
Mudança no uso da terra
Industrial*
Transporte
Geração de energia
Outros setores
Total
(%)
76,35
8,90
8,65
3,07
3,03
100,00
PARTICIPAÇÃO
Rodoviário
Aéreo
Outros meios
Total
38,49
Ferroviário
0,83
2%
1,08
3%
1,18
3%
Hidroviário
0,49
1%
0,14
0%
0,14
0%
35,68 100%
37,7
100%
36,38
%
97%
(novembro)
Diesel
(%)
90,46
5,65
3,88
100,00
44,76
44,29
49,23
52,26
55,90
54,01
Gasolina 25,17
25,40
29,84
35,49
39,69
37,51
Etanol
16,47
15,07
10,89
9,85
9,67
PARTICIPAÇÃO
13,29
* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc).
** Dados atualizados em 30 de dezembro de 2013.
EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO OTTO*
EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO DIESEL
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
CO2
NOx
NMHc
CO
CH4
39,81 100%
VOLUME
34,46
%
97%
VOLUME
CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)*
TIPO 2008
2009
2010
2011
2012 2013**
EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE
CO2 t/ANO
123,17
7,68
5,29
136,15
Rodoviário
VOLUME
Total
*Inclui processos industriais e uso de energia
MODAL
2011
2010
%
97%
MODAL
60%
50%
40%
CO2
NOx
CO
NMHc
MP
30%
20%
10%
0%
Automóveis
GNV
Comerciais Leves (Otto)
Motocicletas
* Inclui veículos movidos a gasolina, etanol e GNV
Dados de 2009 fornecidos pelo último Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários – MMA,2011.
Caminhões
Pesados
Ônibus
Urbanos
10
15
10 a 50
CE: Fortaleza, Aquiraz, Horizonte, Caucaia, Itaitinga, Chorozinho, Maracanaú, Euzébio, Maranguape, Pacajus, Guaiúba, Pacatuba, São Gonçalo do
Amarante, Pindoretama e Cascavel.
PA: Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara do Pará, Benevides e Santa Isabel do Pará.
PE: Recife, Abreu e Lima, Itapissuma, Araçoiaba, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Moreno, Camaragibe, Olinda, Igarassu, Paulista,
Ipojuca, Itamaracá e São Lourenço da Mata.
Frotas cativas de ônibus dos municípios: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Porto Alegre e São Paulo.
RJ: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Nilópolis, Duque de Caxias, Niterói, Guapimirim, Nova Iguaçu, Itaboraí, Paracambi, Itaguaí, Queimados, Japeri,
São Gonçalo, Magé, São João de Meriti, Mangaratiba, Seropédica, Maricá, Tanguá e Mesquita.
10**
Brasil SP: São Paulo, Americana, Mairiporã, Artur Nogueira, Mauá, Arujá, Mogi das Cruzes, Barueri, Mongaguá, Bertioga, Monte Mor, Biritibamirim, Nova
Odessa, Caçapava, Osasco, Caieiras, Paulínia, Cajamar, Pedreira, Campinas, Peruíbe, Carapicuíba, Pindamonhangaba, Cosmópolis, Pirapora do Bom
Jesus, Cotia, Poá, Cubatão, Praia Grande, Diadema, Ribeirão Pires, Embu, Rio Grande da Serra, Embuguaçu, Salesópolis, Engenheiro Coelho, Santa
Bárbara d’ Oeste, Ferraz de Vasconcelos, Santa Branca, Francisco Morato, Santa Isabel, Franco da Rocha, Santana de Parnaíba, Guararema, Santo
André, Guarujá, Santo Antônio da Posse, Guarulhos, Santos, Holambra, São Bernardo do Campo, Hortolândia, São Caetano do Sul, Igaratá, São José
dos Campos, Indaiatuba, São Lourenço da Serra, Itanhaém, São Vicente, Itapecerica da Serra, Sumaré, Itapevi, Suzano, Itaquaquecetuba, Taboão da
Serra, Itatiba, Taubaté, Jacareí, Tremembé, Jaguariúna, Valinhos, Jandira, Vargem Grande Paulista, Juquitiba e Vinhedo.
Demais estados e cidades
500***
* Em partes por milhão de S - ppm de S
** Municípios com venda exclusiva de S10. Para ver a lista dos postos que ofertam o diesel S10, consulte o site do DESPOLUIR: www.cntdespoluir.org.br
*** A partir de janeiro de 2014, o diesel interiorano passou a ser S500. Para mais informações, consulte a seção Legislação no Site do DESPOLUIR:
www.cntdespoluir.org.br
2,8%
2,8%
8,3%
22,9%
Teor de Biodiesel 24,3%
Outros 2,8%
Pt. Fulgor 22,9%
Enxofre 8,3%
Corante 2,8%
Aspecto 39,0%
% NC
Trimestre Anterior
22,0
Trimestre Atual
0,0
AC
0
0
AL
2,7
2,7
7,9
6,0
2,7
AM
22
20,8
39,0%
24,3%
ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - DEZEMBRO 2013
22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Caminhões
Leves
NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA
NO ÓLEO DIESEL - DEZEMBRO 2013
QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL
TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL (em ppm de S)*
Japão
EUA
Europa
Ônibus
Caminhões Comerciais Leves
Rodoviários
(Diesel)
médios
AP
6
1,8
1,7
2,8
BA
1,7
1,4
CE
2,8
4,1
0,0
DF
0
0
2,0
ES
2
2,3
4,1
0,0
0,7
GO
0
0
MA
0,7
0,3
4,2
4,9
0,0
MG
4,1
4,2
MS
0
0
Percentual relativo ao número de não-conformidades encontradas no total de amostras coletadas.
Cada amostra analisada pode conter uma ou mais não-conformidades.
MT
4,2
3,2
PA
4,9
4
2,7
3,6
PB
2,7
2,2
PE
3,6
2,7
1,7
0,9
2,1
1,2
0,0
PI
1,7
1,9
PR
0,9
0,9
RJ
2,1
2,1
RN
1,2
1,9
RO
0
0
RR
7,9
3,6
1,0
0,4
1,9
2.4
RS
1
1,3
SC
0,4
1
SE
1,9
5,3
SP
2,4
2,3
2,6
0,0
TO
0
0
Brasil
2,6
2,6
EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE
POLUENTES
PRINCIPAIS FONTES
CARACTERÍSTICAS
EFEITOS
SAÚDE HUMANA
1
Monóxido de
carbono
(CO)
Resultado do processo de
combustão de fonte móveis2
e de fontes fixas industriais3.
Gás incolor, inodoro e tóxico.
Diminui a capacidade do sangue em
transportar oxigênio. Aspirado em grandes
quantidades pode causar a morte.
Dióxido de
Carbono
(CO2)
Resultado do processo de
combustão de fonte móveis2
e de fontes fixas industriais3.
Gás tóxico, sem cor e sem odor.
Provoca confusão mental, prejuízo
dos reflexos, inconsciência, parada
das funções cerebrais.
Metano
(CH4)
Resultado do processo de
combustão de fontes móveis2
e fixas3, atividades agrícolas
e pecuárias, aterros sanitários
e processos industriais4.
Gás tóxico, sem cor, sem odor.
Quando adicionado a água
torna-se altamente explosivo.
Causa asfixia, parada cardíaca,
inconsciência e até mesmo danos
no sistema nervoso central, se inalado.
MEIO AMBIENTE
Causam o aquecimento global,
por serem gases de efeito estufa.
Compostos
orgânicos
voláteis
(COVs)
Resultado do processo de
combustão de fonte móveis2
e processos industriais4.
Composto por uma grande
variedade de moléculas a base
de carbono, como aldeídos,
cetonas e outros
hidrocarbonetos leves.
Causa irritação da membrana mucosa,
conjuntivite, danos na pele e nos canais
respiratórios. Em contato com a pele pode
deixar a pele sensível e enrugada e quando
ingeridos ou inalados em quantidades
elevadas causam lesões no esôfago,
traqueia, trato gastro-intestinal, vômitos,
perda de consciência e desmaios.
Óxidos de
nitrogênio
(NOx)
Formado pela reação do óxido de
nitrogênio e do oxigênio reativo
presentes na atmosfera e
queima de biomassa e
combustíveis fósseis.
O NO é um gás incolor, solúvel.
O NO2 é um gás de cor
acastanhada ou castanho
avermelhada, de cheiro forte e
irritante, muito tóxico. O N2O é
um gás incolor, conhecido
popularmente como gás do riso.
O NO2 é irritante para os pulmões e
Causam o aquecimento global,
diminui a resistência às infecções
por serem gases de efeito estufa.
respiratórias. A exposição continuada ou
frequente a níveis elevados pode provocar Causadores da chuva ácida5.
tendência para problemas respiratórios.
Formado pela quebra das
moléculas dos hidrocarbonetos
liberados por alguns poluentes,
como combustão de gasolina e
diesel. Sua formação é
favorecida pela incidência de
luz solar e ausência de vento.
Gás azulado à temperatura
ambiente, instável, altamente
reativo e oxidante.
Resultado do processo de
combustão de fontes móveis2
e processos industriais4.
Provoca irritação e aumento na
produção de muco, desconforto na
Gás denso, incolor, não inflamável
respiração e agravamento de
e altamente tóxico.
problemas respiratórios e
cardiovasculares.
Causa o aquecimento global, por
ser um gás de efeito estufa.
Causador da chuva ácida5, que
deteriora diversos materiais,
acidifica corpos d'água e provoca
destruição de florestas.
Conjunto de poluentes constituído
de poeira, fumaça e todo tipo de
material sólido e líquido que se
mantém suspenso. Possuem
diversos tamanhos em
suspensão na atmosfera. O
tamanho das partículas está
diretamente associado ao seu
potencial para causar problemas
à saúde, quanto menores,
maiores os efeitos provocados.
Altera o pH, os níveis de
pigmentação e a fotossíntese
das plantas, devido a poeira
depositada nas folhas.
Ozônio
(O3)
Dióxido de enxofre
(SO2)
Material
particulado
(MP)
Resultado da queima
incompleta de combustíveis
e de seus aditivos, de
processos industriais e do
desgaste de pneus e freios.
Provoca problemas respiratórios,
irritação aos olhos, nariz e garganta.
Incômodo e irritação no nariz e
garganta são causados pelas
partículas mais grossas. Poeiras
mais finas causam danos ao
aparelho respiratório e carregam
outros poluentes para os alvéolos
pulmonares, provocando efeitos
crônicos como doenças
respiratórias, cardíacas e câncer.
Causa destruição e afeta o
desenvolvimento de plantas
e animais, devido a sua natureza
corrosiva. Além de causar o
aquecimento global, por ser
um gás de efeito estufa.
8
1. Em 12 de junho de 2012, segundo o Comunicado nº 213, o Centro Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC, em inglês), que é uma agência da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou a fumaça do diesel como
substância cancerígena (grupo 1), mesma categoria que se encontram o amianto, álcool e cigarro.
2. Fontes móveis: motores a gasolina, diesel, álcool ou GNV.
3. Fontes fixas: Centrais elétricas e termelétricas, instalações de produção, incineradores, fornos industriais e domésticos, aparelhos de queima e fontes naturais como vulcões, incêndios florestais ou pântanos.
4. Processos industriais: procedimentos envolvendo passos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala.
5. Chuva ácida: a chuva ácida, também conhecida como deposição ácida, é provocada por emissões de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogênio (NOx) de usinas de energia, carros e fábricas. Os ácidos nítrico e sulfúrico
resultantes podem cair como deposições secas ou úmidas. A deposição úmida é a precipitação: chuva ácida, neve, granizo ou neblina. A deposição seca cai como particulados ácidos ou gases.
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
“O Programa Inovar-Auto não diferencia combustíveis renováveis de
fósseis, o que traz risco de desprezar-se o desenvolvimento do etanol”
TEMA DO MÊS
O que ainda impede o etanol de ser utilizado como um com
A necessidade de políticas
governamentais claras
FRANCISCO NIGRO
etanol de cana – produzido eficientemente no
Brasil, que conta com
abundantes recursos
naturais agrícolas, com logística
estabelecida e potencial para ser
consumido na forma hidratada
por uma frota de mais de 20 milhões de veículos e que satisfaz
critérios de sustentabilidade social e ambiental – é tido como
campeão do mundo que valoriza
a redução de emissões de GEE
(Gases de Efeito Estufa). Todavia,
sua sustentabilidade econômica
tem sido ameaçada nos últimos anos, tanto pela ação federal de administrar o preço da
gasolina para controlar a inflação como por intempéries e
problemas agrícolas que provocaram quebras de safra.
O futuro tecnológico pelo lado da produção do etanol está
bem encaminhado, haja vista o
ganho de produtividade alcançado nas diversas etapas da cadeia e que deverá prosseguir
por meio de programas de
apoio à pesquisa, como o Bioen
da Fapesp, e ao desenvolvimento suportados por Finep e
BNDES. Quanto à utilização do
etanol, não se pode afirmar o
mesmo. Hoje os veículos flex
O
FRANCISCO NIGRO
Professor da Escola Politécnica da
USP, pesquisador aposentado do
Instituto de Pesquisas Tecnológicas
e conselheiro de várias instituições
ligadas ao setor automotivo
consomem um volume de etanol hidratado em média 45%
superior ao volume de gasolina
C para percorrer um trajeto
equivalente. Já houve época,
digamos de 1980 a 86, em que
os veículos a etanol priorizavam eficiência ao invés de desempenho e só consumiam
25% a mais que os à gasolina C.
Com a produção crescente
de motores de ignição por centelha com injeção direta na câmara, de tamanho reduzido para baixo consumo e uso de turbocompressores para manter o
desempenho veicular, reabremse as possibilidades para um
uso mais competitivo do etanol
mesmo em aplicações flex. As
propriedades diferenciadas de
resistência à autoignição e elevado calor latente de vaporização do etanol possibilitam ganhos de eficiência, torque e potência nos motores que, quando
combinados com câmbios automáticos ou automatizados que
priorizem redução de consumo
ao invés de aumento de desempenho, poderão trazer a relação
de consumo etanol/gasolina C
para as proporções observadas
no início do Proálcool.
Para transformar esse poten-
cial tecnológico em realidade
econômica que possa promover
maior utilização do etanol no
país são necessários investimentos na produção e na utilização eficiente, o que pode ser
conseguido por meio de políticas públicas. O Programa Inovar-Auto, regulamentado em
2012 e que praticamente estabelece metas mandatórias de consumo energético para fabricantes de veículos leves, desastradamente não diferencia combustíveis renováveis de fósseis,
o que traz risco considerável de,
face à facilidade de importação
de soluções já otimizadas para
gasolina de mercados mais
avançados, desprezar-se o desenvolvimento do uso eficiente
do etanol. Isso seria um grande
revés para a engenharia automotiva nacional e poderia ser
mortal para o etanol hidratado.
Portanto, para que o etanol
recupere a posição de destaque que merece no contexto do
combustível veicular no Brasil,
são necessárias políticas governamentais claras dirigidas
aos setores, tanto automotivo
como sucroenergético, para
que readquiram a confiança de
investir no etanol.
“O álcool gera 30% a menos de calor se comparado à gasolina,
fato que explica a diferença de preço nas bombas de combustível”
bustível estratégico no Brasil?
A dependência de
decisões consistentes
RICARDO BOCK
desenvolvimento do
automóvel começou de forma efetiva há 130 anos, em
vários países simultaneamente. Os carros a vapor tiveram algum sucesso, considerando o fácil acesso à água
e ao carvão. O gás era utilizado em iluminação urbana,
mas poucos países eram produtores, bem como os derivados do petróleo, que também
foram utilizados como fonte
de energia para iluminação
na antiguidade. Já o álcool
apresentava um bom rendimento energético e podia ser
obtido de diversas fontes orgânicas, novamente presente
em inúmeros locais.
Veículos a vapor, gasolina,
álcool e elétricos coexistiram
desde o início da indústria automobilística até o fim dos
anos 20. Entretanto, a gasolina foi consagrada como o
principal combustível para
motores a explosão devido a
fatores como relação de peso
e quantidade de calor liberada durante a queima.
Em 1922, o então presidente
do Brasil, Arthur Bernardes, iniciou um programa que previa o
O
desenvolvimento de uma alternativa genuinamente brasileira,
já que considerava a importação de gasolina e derivados do
petróleo um gasto alto demais
para a economia nacional. O cenário indicava mudanças nos
anos 70 com a 1ª Crise Mundial
do Petróleo, deixando a impressão que o “Ouro Negro” era finito – e que o fim estaria próximo
- o que na verdade seria um
realinhamento internacional
de preços, realizado pelos países produtores. Situação que
afetou diretamente o Brasil,
provocando insuficiências no
abastecimento, além de reajustes contínuos nos preços
praticados no período.
Cinquenta anos depois do
sonho de Arthur Bernardes,
surgiu o Proálcool, que contemplava do plantio de cana-deaçúcar à fabricação de usinas,
bem como toda a estruturação
da cadeia produtiva e distribuição. Rapidamente, a engenharia brasileira apresentou soluções em tempo recorde, transformando o Brasil em uma referência mundial nesse tema.
A agonia dos anos 70 passou, os preços da gasolina tinham estabilidade e, aos pou-
cos, o álcool deixou de ser o foco, pelo mesmo motivo, uma
vez que os usineiros tinham outras opções, como produção de
açúcar e até energia elétrica.
Vale ressaltar que o álcool gera
30% a menos de calor se comparado à gasolina, fato que explica a diferença de preço nas
bombas de combustível, cerca
de 30%, atrelada também à potencia e ao consumo.
Um motor, quando é projetado, é feito em função do
combustível, portanto, o aproveitamento ótimo de calor depende dos fluxos, formato de
câmara de combustão, taxa de
compressão, tamanho de válvulas e tantos outros itens, incluindo a durabilidade dos
componentes, desde o bocal
do tanque de combustível até
a saída do escapamento. Os fatos mencionados evidenciam
os motivos pelos quais os
atuais motores flex não obtêm
os mesmos números de consumo do passado – tanto para a
gasolina quanto para o álcool.
O futuro do álcool não depende da engenharia, e sim de
decisões políticas consistentes
para os usineiros e, consequentemente, aos consumidores.
RICARDO BOCK
Professor de Engenharia Mecânica
do Centro Universitário da FEI
(Faculdade de Engenharia
Industrial)
CNT TRANSPORTE ATUAL
FEVEREIRO 2014
81
“A CNT está atenta aos interesses dos transportadores, na esperança
de construirmos um Brasil mais rico e mais feliz para todos”
CLÉSIO ANDRADE
OPINIÃO
Esperanças renovadas
A
pós as festividades de fim de ano e finalizadas as férias, recomeçamos nossas atividades com esperanças renovadas de que, em 2014, conseguiremos resolver as pendências acumuladas no setor de transportes, sendo que a mais visível e crônica é, sem dúvida, a falta de uma infraestrutura adequada ao
crescimento do país. Entra ano, sai ano, a CNT continua
alertando a sociedade brasileira sobre a necessidade
de investimentos, especialmente em infraestrutura do
setor de transporte, o que promoveria um novo salto
no desenvolvimento econômico do Brasil.
Contudo, sendo otimistas por natureza, os transportadores se mantêm confiantes. Temos muita convicção
de que a Copa do Mundo no Brasil será um evento inesquecível, pelo bom humor e hospitalidade de nossa gente. Teremos, sim, dificuldades, apesar do esforço dos organizadores, especialmente com a mobilidade urbana,
que sofrerá ainda a falta de uma infraestrutura adequada. Porém, acreditamos também na vitória de nossa seleção, o que trará muita alegria para nosso querido povo.
Além desse megaevento, teremos as eleições, especialmente a presidencial, que vão causar uma boa efervescência em nosso país, tanto do ponto de vista econômico quanto social. Desconsiderando os exageros das
paixões que os temas relacionados a futebol e a política
provocam, os resultados são sempre positivos, quer sejam para aperfeiçoamento de nossas práticas democráticas, quer sejam pela apresentação de propostas de soluções para problemas graves de nosso país, como a malfadada falta de infraestrutura.
Apesar de o mundo ainda não ter se recuperado plenamente da crise econômica de 2008 e de termos sentido, aqui no Brasil, em 2013, os impactos mais efetivos do
desaquecimento de importantes economias na Europa,
no Oriente e ainda nos Estados Unidos, apostamos na recuperação desses países e uma retomada do crescimento do PIB brasileiro com a atuação mais destacada de se-
tores sensíveis, como a indústria, a agroindústria e a mineração. Enfim, acreditamos que os setores que movimentam as principais commodities devem voltar a ocupar destaque no crescimento do país.
Como a atividade transportadora é estratégica e sensível ao desempenho de todos os setores econômicos da
sociedade, esperamos, em 2014, um ano muito favorável,
com novos contratos e com a expansão de empresas
transportadoras. Muitas delas devem iniciar a renovação
de suas frotas e a ampliação de suas instalações.
Obviamente, sabemos do caráter moroso do poder
público na execução de seus projetos. O excesso de burocracia e a falta de uma gestão pública eficiente são entraves que podem e devem ser eliminados se quisermos
avançar, prosperar e ver nossa economia dar saltos não
só quantitativos como qualitativos. Além dos indispensáveis investimentos em rodovias, são necessários avanços
na área portuária, no sistema ferroviário, hidroviário e
aeroportuário, em consonância com os projetos divulgados pelo governo e constantes no Plano Nacional de
Transporte e Logística.
A CNT tem grandes expectativas em relação ao cenário econômico para este ano, apesar de o Brasil ainda estar longe de atingir a sustentabilidade de seu
crescimento econômico, que só será obtida a partir
de profundas reformas que os setores produtivos, há
muito, vêm demandando, como reforma trabalhista,
reforma tributária, reforma política. Reivindicamos
também mais eficiência do poder público na execução de seus projetos.
Os transportadores manterão seu estado permanente de alerta, com sua posição crítica em relação à atuação dos agentes econômicos afins com nossa atividade,
especialmente dos governos. A CNT, a exemplo dos anos
anteriores, está atenta aos interesses dos transportadores e do conjunto da sociedade, na esperança de construirmos um Brasil mais rico e mais feliz para todos.
82
CNT TRANSPORTE ATUAL
CNT
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE
PRESIDENTE
Clésio Andrade
VICE-PRESIDENTES DA CNT
TRANSPORTE DE CARGAS
FEVEREIRO 2014
José Severiano Chaves
Eudo Laranjeiras Costa
Antônio Carlos Melgaço Knitell
Eurico Galhardi
Francisco Saldanha Bezerra
Jerson Antonio Picoli
João Rezende Filho
Mário Martins
Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL
As cartas devem conter nome completo,
endereço e telefone dos remetentes
DOS LEITORES
Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Meton Soares Júnior
TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Jacob Barata Filho
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José Fioravanti
PRESIDENTES DE SEÇÃO
E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO
TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Marco Antonio Gulin
Otávio Vieira da Cunha Filho
TRANSPORTE DE CARGAS
Flávio Benatti
Pedro José de Oliveira Lopes
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca Lopes
Edgar Ferreira de Sousa
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
Luiz Anselmo Trombini
Urubatan Helou
Irani Bertolini
Pedro José de Oliveira Lopes
Paulo Sérgio Ribeiro da Silva
Eduardo Ferreira Rebuzzi
Oswaldo Dias de Castro
Daniel Luís Carvalho
Augusto Emílio Dalçóquio
Geraldo Aguiar Brito Viana
Augusto Dalçóquio Neto
Euclides Haiss
Paulo Vicente Caleffi
Francisco Pelúcio
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
Glen Gordon Findlay
Paulo Cabral Rebelo
Edgar Ferreira de Sousa
José Alexandrino Ferreira Neto
José Percides Rodrigues
Luiz Maldonado Marthos
Sandoval Geraldino dos Santos
Éder Dal’ Lago
André Luiz Costa
Diumar Deléo Cunha Bueno
Claudinei Natal Pelegrini
Getúlio Vargas de Moura Bratz
Nilton Noel da Rocha
Neirman Moreira da Silva
TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Rodrigo Vilaça
Júlio Fontana Neto
TRANSPORTE AÉREO
Urubatan Helou
José Afonso Assumpção
CONSELHO FISCAL (TITULARES)
David Lopes de Oliveira
Éder Dal’lago
Luiz Maldonado Marthos
José Hélio Fernandes
CONSELHO FISCAL (SUPLENTES)
Waldemar Araújo
André Luiz Zanin de Oliveira
José Veronez
Eduardo Ferreira Rebuzzi
DIRETORIA
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Hernani Goulart Fortuna
Paulo Duarte Alecrim
André Luiz Zanin de Oliveira
Moacyr Bonelli
George Alberto Takahashi
José Carlos Ribeiro Gomes
Roberto Sffair
Luiz Ivan Janaú Barbosa
José Roque
Luiz Wagner Chieppe
Alfredo José Bezerra Leite
Lelis Marcos Teixeira
José Augusto Pinheiro
Fernando Ferreira Becker
Victorino Aldo Saccol
Eclésio da Silva
Raimundo Holanda Cavacante Filho
Jorge Afonso Quagliani Pereira
Alcy Hagge Cavalcante
EDIÇÃO DE OUTUBRO
Sou estudante de Logística e
Transporte e gosto de
acompanhar as atualidades
do setor de transporte brasileiro
e suas perspectivas, já que a
revista aborda todos os modais.
Fiquei impressionado com a
publicação nº 217, de outubro
de 2013, na qual estão presentes
vários assuntos que eu estudo.
A revista é completa, rica em
informações, tem bastante
conteúdo e abrange todos
os segmentos de transporte.
Perfeita para um estudante
como eu, que preciso me
manter informado sobre a
minha respectiva área de
atuação. Parabenizo vocês
pelo excelente trabalho à frente
dessa maravilhosa publicação, já
que nosso sistema de transporte
tem muito a melhorar. Levando
as informações para todo
pessoal do meio já é muito bom
para mantê-los informados.
Agradeço pela atenção.
Flávio Luiz dos Reis Soares
Pardinho/SP
benefícios para a vida dos
trabalhadores. Já participei de
vários cursos e também utilizo
os atendimentos de fisioterapia
e odontologia das unidades.
Espero que essa experiência
da CNT nesses anos de
trabalho pela melhoria do setor
nos traga ainda mais benefícios.
Thomas Dutra
São José do Rio Preto/SP
EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO
A reportagem da edição nº 220
da CNT Transporte Atual
sobre as iniciativas de
empresas para educar as
crianças sobre as regras
e os cuidados no trânsito
é excelente. Tenho três filhos
pequenos e é bom saber que
existem pessoas e entidades
preocupadas em preparar
as nossas crianças para o
futuro. Precisamos melhorar
o trânsito nas cidades
brasileiras, construindo
mais infraestrutura, mas
nenhuma obra vai ser
suficiente se a gente
não mudar também.
60 ANOS DA CNT
Escrevo para parabenizar a CNT
pelos seus 60 anos de trabalho e
dedicação ao setor de transporte. Sou caminhoneiro autônomo
há 37 anos e, durante esse
período, percebi como a nossa
atividade melhorou. A criação
do Sest Senat trouxe inúmeros
Antonio Carlos de Vasconcellos
Manaus/AM
CARTAS PARA ESTA SEÇÃO
SAUS, quadra 1, bloco J
Edifício CNT, entradas 10 e 20, 11º andar
70070-010 - Brasília (DF)
E-mail: [email protected]
Por motivo de espaço, as mensagens serão
selecionadas e poderão sofrer cortes
Download

aqui