Dilemas e Perspectivas da Política de Inovação
José E Cassiolato (IE/UFRJ), Marina Szapiro (IE/
UFRJ) e Helena Lastres (BNDES)
São Paulo
27.05.2014
Estrutura da apresentação
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Introdução
Inovação não é P&D
Os atores
As perspectivas de política
Introdução
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A inovação como consenso
Inovação: moda e modo
Inovação: é mesmo sempre virtuosa?
3
A Inovação como consenso
Erber, F. Innovation and the development convention in Brazil.
Revista Brasileira de Inovação, v. 3, n. 1, p. 35-54, 2009.
4
Inovação: moda e modo
A moda: Milhares de “conceitos” (ato ou processo) e
diferentes visões
Inovação: moda e modo
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Modo
■  A crescente intensidade de conhecimento
incorporado em produtos, processos, formas
organizacionais
■  Diminuição do ciclo de vida de produtos
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Crescente interatividade permitida pelas novas tecnologias
(espec. as de base eletrônica)
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importância da cooperação e interação
A PERSPECTIVA SISTÊMICA DA INOVAÇÃO
Inovação: é mesmo sempre virtuosa?
(ou como separar a moda do modo)
“THE GROWING DEBATE ABOUT DWINDLING
INNOVATION”, THE ECONOMIST, JANUARY 12-18
2013.
Richard Gordon,“Is US growth over? Faltering innovation
confronts the six headwinds”, NBER Working Paper 18315
http://www.nber.org/papers/w18315
IT-based industrial revolution “began around 1960 and reached its climax in
the dot.com era of the late 1990s, but its main impact on productivity has
withered away in the past eight years. Many of the inventions that replaced
tedious and repetitive clerical labor by computers happened a long time ago,
in the 1970s and 1980s.
Invention since 2000 has centered on entertainment and communication
devices that are smaller, smarter, and more capable, but do not
fundamentally change labor productivity or the standard of living in the way
that electric light, motor cars, or indoor plumbing changed it”
Tyler Cowen, The Great Stagnation: How America Ate All the LowHanging Fruit of Modern History, Got Sick, and Will (Eventually) Feel
Better, Dutton Editors, 2011.
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“We have a collective historical memory that
technological progress brings a big and predictable
stream of revenue growth across most of the
economy. When it comes to the Web, those
assumptions are turning out to be wrong or
misleading”.
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Os atores
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Inovação não é P&D
Grandes empresas (e PMEs)
Sistemas Produtivos e Inovativos
As perguntas
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Qual é a importância da inovação na competitividade de diferentes
setores industriais?
Como aumentar a cooperação entre empresas e universidades para
aumentar a inovação e competitividade industrial?
Como aumentar a inovação realizada no país em setores dominados por
firmas estrangeiras?
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Inovação não é P&D
Definição de P&D: "creative work undertaken on a systematic basis in
order to increase the stock of knowledge, including knowledge of
man, culture and society and the use of this stock of knowledge to
devise new applications” (OCDE)
Conceito de P&D: criado para fins estatísticos (esforço voltado ao
desenvolvimento de produtos e processos realizado de forma não
rotineira)
“Innovation is much more than R&D” (Harvey Brooks, 1971)
Gastos em intangíveis não-P&D são cada vez mais
importantes do que os Gastos em P&D
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Ativos intangíveis têm crescido mais do que tangíveis
Reino Unido: em 2004 setor privado gastou £127bil em
intangíveis (11% do PIB):
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.
15% em software,
10% em P&D científico,
20% em P&D não científico (design, desenvolvimento de produto.),
14% em marcas,
20% em treinamento
11% em capital organizacional) (Marrano et al 2007)
Fonte: Marrano, M. G., Haskel, J. (2007), “How Much Does the UK Invest in Intangible Assets?”,
Center for Economic Policy Research, DP6287
Como aumentar a cooperação entre empresas e universidades
para aumentar a inovação e competitividade industrial?
Fonte: Bednarz, A., “IBM unveils R&D consulting practice”, NetworkWorld.com, 06/14/2006.
P&D oitava fonte de novas idéias, universidade
nona...
Brasil: % Gastos com Inovação/RLV das Empresas com
mais de 500 empregados (Pintec/IBGE)
Nacionais -Gastos com Inovação/RLV!
Farmacêuticos"
Químicos"
Equip. de comunic."
Máq e equip."
ETNs - Gastos em Inovação/RLV!
Auto, etc"
Farmacêuticos"
Químicos"
Equip. de comunic."
Máq e equip."
14
Brasil: % Gastos com Inovação/RLV das Empresas com
mais de 500 empregados (Pintec/IBGE)
Nacionais - Gastos com Treinamento/RLV!
Farmacêuticos"
Químicos"
Equip. de comunic."
Máq e equip."
ETNs - Gastos com Treinamento/RLV!
Auto, etc"
Farmacêuticos"
Químicos"
Equip. de comunic."
Máq e equip."
15
Brasil: % Gastos com Inovação/RLV das Empresas com
mais de 500 empregados (Pintec/IBGE)
Nacionais - Gastos em P&D/RLV!
Farmacêuticos"
Químicos"
Equip. de comunic."
Máq e equip."
ETNs - Gastos em P&D/RLV!
Auto, etc"
Farmacêuticos"
Químicos"
Equip. de comunic."
Máq e equip."
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Conteúdo Estrangeiro na Demanda Final Brasileira,
2003 e 2008 – a preços de 2000
Fonte: Morceiro, 2012
17
Necessidade de se compreender melhor as novas
ETNs
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ETNs estabeleceram na década de 1990 departamentos
financeiros especializados em operações financeiras de curto
prazo, de mercado monetário e cambial de dimensões não
negligenciáveis. Um número significativo passaram a possuir
grupos de bancos (Serfati, 1996)
“The increasing dependence of non-financial firms on
financial activities as a source of revenue is critical for
understanding of these firms. (Krippner (2005):
Proporção da renda de portfólio – juros, dividendos e ganhos
de capital-mercado-investimento – na receita total das ETNs
cresceu de 20% em 1980 para 60% em 2001 (Chesnais 2001).
Formas atuais da organização corporativa das ETNs
■ 
recurso a modos de produção internacional não acionários (NEMs
- contratos de fabricação, outsourcing de serviços, franchising,
licenciamento, contratos de gestão)
Sistemas Produtivos e Inovativos
As implicações do entendimento de inovação como
processo localizado, sistêmico, cumulativo e não-linear
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Necessidade de:
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promover e ampliar as formas de aquisição, uso, acúmulo e
difusão de conhecimentos nas estruturas produtivas.
A ênfase central das novas políticas que visam a ampliação e o
enraizamento do desenvolvimento passa a ser:
■ 
adensamento e estímulo às articulações entre atores dos
diferentes sistemas de produção e inovação e à capacidade
de assimilar e utilizar conhecimentos provenientes das
diversas fontes internas e externas aos mesmos.
19
Breve histórico da política de CTI no Brasil
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Dos anos 1950 aos anos 1970
Década de 80: Preocupações macro se sobrepõem às
prioridades micro
Década de 90: Neoliberalismo e ausência de política industrial
e de inovação
Final dos anos 90: Estado passa a assumir novamente a
possibilidade de fazer política de inovação a partir da criação
de novos instrumentos (FundosSetoriais)
A partir de 2003 a inovação passa a se constituir como um
dos eixos da política de desenvolvimento nacional.
A Política de Inovação nos anos 2000
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1999 - Política Nacional de C, T e I (PNCTI)
2006 - Lançamento do Plano de Ação para a Ciência,
Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional
(PACTI)
2012 - Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e
Inovação (ENCTI): base dos estímulos à inovação do Plano
Brasil Maior, continuidade e aprofundamento do PACTI
2013 – Adoção da nova política de inovação: Inova
Empresa
21
Política de Inovação no Brasil:
Pontos positivos
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Estado passa a assumir novamente a possibilidade
de fazer política de inovação a partir da criação de
novos instrumentos e uso de instrumentos já
existentes.
Implementação de instrumentos de financiamento e
apoio à inovação: reconhecimento da importância da
inovação como foco de política econômica.
Recuperação do orçamento de C, T e I.
O desenvolvimento da Infraestrutura de C&T
22
Brasil – 2001-2011 % de Empresas inov adoras que
utilizaram programas governamentais
R&D financing and
purchase ofTotal, 2009-2011,
machinery and
34,6%"
equipment ,
2009-2011, 27,3%"
R&D financing and
R&D financing and
Total, 2006-2008,
R&D
financing
and
purchase of
purchase of
22,9%"
purchase of
and
machinery and Total, 2001-2003,
Total,machinery
2003-2005,
machinery and
equipment ,
equipment ,
19,1%"
18,7%"
equipment
,
2006-2008,
14,4%"
2001-2003, 14,1%"
2003-2005, 12,4%"
Other support programs,
Other support programs,
Other support programs,
2009-2011,
7,5%"
Innovation programs with
Innovation
programs with
Innovation
programs
2006-2008,
7,1%"
R&D
andwith
Innovation
Innovation programs with
2003-2005, 6,5%"
partnership
partnership
Other support programs,
partnership with
R&D with
and Innovation
R&D with
and Innovation
R&Dwith
and Innovation
partnership
Law,
2009-2011,
2001-2003, 4,0%"
universities, 2003-2005,
universities,
2006-2008,
universities,
2009-2011,
Informatics
Law,
Law,
2006-2008,
Informatics
Law,
universities,
2001-2003,
Law,
2001-2003,
Law, 2003-2005,
Informatics
Law,
Informatics
Law,
2,5%"
1,2%"
2,2%"
2,1%"
2006-2008,
1,9%"
2009-2011,
1,5%"
1,4%"
1,2%"
2003-2005,
1,1%"
2001-2003, 0,9%"
0,7%"
0,7%"
Other support programs"
R&D financing and purchase of machinery and equipment "
Innovation programs with partnership with universities"
Informatics Law"
R&D and Innovation Law"
Total"
Apoioo Federal À Inovação – 2000 - 2010
Política de Inovação no Brasil:
uma avaliação preliminar
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Inspiração da política no modelo linear de inovação: oferta de
tecnologia nas instituições de P&D e demanda pelo setor
produtivo
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Instrumentos “do lado da oferta”
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Ausência de importantes instituições e elos do SI na política.
Não incorporação da visão sistêmica do processo inovativo.
Provisão de assistência técnica e de financiamento;
Foco no fortalecimento da infra-estrutura científica e tecnológica.
Heterogeneidade da estrutura produtiva restringe a utilização
destes instrumentos a um grupo limitado de empresas (mais
capacitadas) e tende a reforçar a heterogeneidade.
Política de Inovação no Brasil:
uma avaliação preliminar
■ 
■ 
■ 
Falta de planejamento de longo prazo e baixa
influência do Estado na eleição de prioridades,
deixando ao mercado decisões importantes.
Predominância de uma política “não discricionária”: não
elege ou define segmentos de atividade econômica
prioritários/estratégicos ou empresas prioritárias.
Ênfase na diminuição do “custo”
■ 
Baixa eficácia dos incentivos fiscais e creditícos, que se
constituem em elemento secundário e apenas auxiliar no
apoio público à inovação.
A insuficiência e falta de eficácia dos incentivos
financeiros voltados para a redução dos custos da P&D
e inovação
■ 
■ 
… firms should be barely receptive to subsidies directed
at R&D alone, any more than people buying cars would
respond to a reasonable subsidy on the tyres (p. 35).
One of the major limitations … (of) … tax concessions …
(is that they) … do not screen out R&D that would have
happened anyway — the bulk of business R&D. At present
program settings, the net benefits of the program are
not large and could be negative (p. 26).
Fonte: Government of Australia, 2007, Public Support for Science and Innovation, ResearchReport,
ProductivityCommission, Canberra.
27
Qual deve ser o foco da política de inovação
industrial?
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Incorporação da visão sistêmica
O novo paradigma da sustentabilidade (exemplo da
China)
Ligação da Política de inovação com outras políticas
Plano Brasil Maior e Plano Brasil sem Miséria
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A política implícita
A necessidade de se defrontar com os riscos
O território
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A incorporação da visão sistêmica na
política de inovação brasileira
■ 
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Importância de estimular as articulações e interações
entre os agentes, além daquelas entre instituições de
P&D e empresas.
Os instrumentos redutores de riscos
■  A política implícita e a política explícita
■  Incorporação e articulação da política de inovação com
outros instrumentos :
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■ 
■ 
Regulação
política de compras;
O mito do capital de risco.
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A conexão entre as Políticas Implícitas e
Políticas Explícitas
■ 
■ 
As mudanças tecnológicas e o impacto dos instrumentos
de política explícita estão limitados por variáveis e
condições macro que afetam diretamente as decisões
microeconômicas no nível da empresa
Embora a política de C, T e I tenha ocupado lugar central
na política de desenvolvimento brasileiro, existe um
descompasso entre a orientação da política macro (juros
e câmbio) e a política explícita de inovação.
Ligação da Política de Inovação com outras
Políticas
■ 
■ 
■ 
Necessidade de considerar a heterogeneidade e
especificidades das estruturas social e econômica para a
elaboração das políticas de desenvolvimento.
Ausência de um acoplamento entre as políticas industrial
e de inovação e a política social (saneamento, saúde,
educação e etc).
Necessidade de incorporar as demanda oriundas das
melhorias resultantes da política social na política de
inovação.
Há importantes oportunidades para a adoção de políticas que
privilegiem o desenvolvimento de capacitações produtivas e inovativas
relacionadas às estratégias de desenvolvimento brasileiro atuais
Plano Brasil Maior e Plano Brasil sem Miséria:
•  Arranjos produtivos e inovativos relacionados à ampliação da
qualidade da provisão de alimentos, saúde, educação, habitação (com
saneamento e acesso a água e energia), tratamento de resíduos
sólidos, cultura e outros serviços públicos essenciais
Projetos orientados para a mobilização e o adensamento de
capacitações, atividades e sistemas produtivos e inovativos
de diferentes bens e serviços elencados por esses Planos:
• Que elementos, organizações, conhecimentos, serviços
tecnológicos e inovações podem contribuir para agregar valor,
qualidade e sustentabilidade a nossos sistemas produtivos?
34
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