0 1 2 Ciclo de estudos em obras raras: as competências para a gestão de coleções especiais, n. 2/ organizado por Alessandro de Oliveira Ossola Ribeiro; Leonisses Manhã Sérgio; Cássia C. D. de Deus. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2014. 22 p. 1. Obras raras – congressos. 2. Gestão de livros. 3. Competência informacional. 4. Universidade Federal do Rio de Janeiro. I. Ribeiro, Alessandro de Oliveira Ossola (org.). II. Sérgio, Leonisses Manhã (org.). III. Deus, Cássia C. D. de. IV. Título. CDD: 090 3 Aos autores, bibliotecários e amantes de obras raras. 4 A oportunidade de confraternização e aprendizado que gerará um fortalecimento do networking e abrirá novas frentes de trabalho nos está sendo viabilizada através do II ciclo de estudos em obras raras: as competências para a gestão de coleções especiais. A iniciativa de fazer o segundo evento se deu mediante o sucesso do primeiro e das parcerias. Vislumbrando que o segundo evento que agora se concretiza é apenas mais um elo dessa grande parceria, entendemos que o sucesso que temos alcançado nos renderá frutos promissores e um retorno relevante tanto para as os bibliotecários, como para todas as bibliotecas da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Brasil. O II Ciclo de Estudos em Obras Raras previu 100 inscritos. A ampla procura e a presença de inúmeros profissionais de renome na área ratificam o sucesso e o crescente interesse no tema abordado. 5 Por tudo isso e pela atenção e cordialidade que sempre somos recebidos deixamos registrados nossos mais sinceros agradecimentos. A todos que direta ou indiretamente fizeram parte desse momento, o nosso muito obrigado. Vivemos das escolhas que fazemos em nossas vidas. Quando mergulhamos no caos é porque escolhemos errado algum caminho. Por ter sempre acertado e sido abençoado, agradeço a ti Senhor! Autor desconhecido 6 Apresentação ......................................................................................................................................... 7 Bibliotecário de coleções especiais: Quem és tu? ...................................................................... 9 A gestão de coleções especiais no Museu de Astronomia e Ciências afins (MAST) ... 10 A gestão de cada um ........................................................................................................................ 11 Coleções especiais e raras e a academia ................................................................................... 13 Redes sociais: as bibliotecas frente à nova era informacional ........................................... 14 Preservação e obras raras............................................................................................................... 17 Preservação do patrimônio bibliográfico raro: como zelar por sua permanência? .. 19 Apêndice 7 Livro é algo que te leva a um universo encantador, que te transporta a um mundo improvável, mas há uma espécie de livro que ao abrirmos, tocarmos, cheirarmos, analisarmos e lermos, nos remete, certamente, a um conto de fadas. Os chamamos de Obras Raras. Ao pensarmos nestes livros antigos, pensamos logo em “velharia” e “transmissores de fungos”. Pensamento errado! Obras raras levam os seus leitores a um tempo passado, onde através delas pode-se conhecer a cultura de um povo que teve, não só a preocupação de escrever assuntos interessantes, mas ornamentar os livros de uma forma inigualável. Quando se noticia que um livro é raro, a primeira pergunta esperada é: “É raro por quê?” Essa pergunta surge naturalmente, independente da formação técnico-científica do questionador, que age intuitivamente sem considerações sobre a forma do livro e outras características quaisquer. O questionador poderá no primeiro momento, pensar no livro como antigo, velho como suporte, simplesmente matéria. Observa-se que além do 8 conteúdo que pode ser importante, existem características da arte de sua produção, encadernação, relevância do impressor, e marcas de antigos proprietários, e é aí que se encontram as diferenças entre um livro comum e um livro raro. Aí está à diferença entre a avaliação feita pelo leigo e a do profissional especializado sobre o livro raro. Com esse olhar instigante tivemos o desprendimento em promover um encontro entre bibliotecários de obras raras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para uma interação sobre todo esse universo. Iniciando assim, o primeiro Ciclo de estudos em obras raras: diálogos de raridades. Este evento veio com a missão de difundir o conhecimento da biblioteconomia de livros raros além de se consolidar como um disseminador da cultura e se tornar referência na área. Obtido resultados acima da expectativa, o segundo se tornou inevitável. O II Ciclo de estudos em obras raras: as competências para a gestão de coleções especiais, culminou na existência desse livro de resumos. Os resumos abaixo estão transcritos de acordo com os originais enviados pelos respectivos autores. 9 Bibliotecário de coleções especiais: Quem és tu? Fabiano Cataldo (UNIRIO/UERJ) Esta comunicação tem o objetivo de discutir e analisar a figura do Bibliotecário que desenvolve trabalho no âmbito de acervos com Coleções Especiais. As especificidades dos livros que compõe esse tipo de conjunto consideram uma formação direcionada para as necessidades atinentes aos desafios que o profissional encontrará. Qual a formação necessária? Quais as qualificações? A graduação é suficiente? Essas e outras perguntas estarão em pauta. Como base metodológica pretende-se inserir à discussão as considerações produzidas pela American Library Association (ALA) e International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA). Ambas as associações apresentam ponderações que auxiliam na compreensão de suas atribuições. 10 A gestão das coleções especiais no Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) Lucia Lino (MAST) Entre os anos 80 e 90 a biblioteca do MAST adquiriu uma grande quantidade de livros, dentre esses, houve um conjunto que, por suas características extrínsecas, a equipe passou a denominar como “importante”. Estavam nesse rol as coleções: Lélio Gama; Brasiliana e Documentos Brasileiros. Nos anos de 1990 a 1992, o Laboratório de Conservação e Restauração de Papel (LAPEL) empreendeu um levantamento do estado de conservação destas coleções. Com este diagnóstico, foi possível conhecer as condições e a característica de cada volume/coleção, assim como obter relevantes dados bibliológicos. A partir de então, essas coleções passaram a ser monitoradas, até que, em finais de 2004, chegou-se à conclusão de que havia a necessidade de rever esse trabalho. Em 2005 estabeleceu-se um plano para o desenvolvimento de dois projetos destinados a produzir dados para o estabelecimento de uma Política de Preservação e Acesso da Biblioteca do MAST. Seguindo este plano foi criado, na Biblioteca, o projeto Estabelecimento de parâmetros de identificação de obras para a formação e o desenvolvimento da Coleção Especial da Biblioteca do MAST. Este projeto foi concluído em 2008, os parâmetros foram definidos e são utilizados na biblioteca do MAST. A fundamentação teórico-metodológica foi estabelecida em consonância com as normativas daInternational Federation of Library Associations (IFLA); do Institut de Recherche et d’Histoire des Textes; da Associación Española de Bibliologia. 11 A gestão de cada um Valeria Gauz (Museu da República) Pensar a gestão - administrar pessoas e/ou serviços para alcançar determinadas metas -, nos remete a práticas que, naturalmente, se associam a uma hierarquia onde um gerente garante resultados, para uma organização, por meio de outras pessoas que executarão tarefas condizentes com o objetivo comum. Todavia, pode-se também olhar a gestão como um processo individual que independa de hierarquia e que vise ao desenvolvimento de ações pertinentes a uma ou mais instituições. Em outras palavras, é a execução de projetos (técnicos, científicos etc.) que evidenciem competências e habilidades de determinado indivíduo, resultando na melhoria de algo para uma comunidade. Visão, iniciativa, decisão, criatividade, inovação, são alguns termos que podem ser associados a essa pessoa. Com o advento das tecnologias de informação e comunicação (TICs), tais ações podem ter exposição e impacto ainda mais amplos, beneficiando maior número de profissionais. Esse é o caso do projeto do web site bilíngue do CÓDIGO BRAZILIENSE, da John Carter Brown Library (www.jcbl.org/CB), disponibilizado desde 2002. “Pensar globalmente e agir localmente” é o motto, ou seja, estabelecer tarefas institucionalmente com o pensamento no todo ampliado. Atender ou criar demandas locais que beneficiem outros pode, assim, claramente 12 ser visto como competência para a “gestão individual” de coleções especiais. 13 Coleções especiais e raras e a academia Paula Mello (SIBI-UFRJ) Ás vezes por doação, outras vezes por herança, coleções de obras raras fazem parte dos acervos das bibliotecas universitárias e dividem pessoal, orçamentos, mobiliário e instalações físicas. A Universidade Federal do Rio de Janeiro tem 13 bibliotecas com acervos raros e especiais que juntas, somam milhares de itens, consciente de sua importância histórica, literária, cultural e patrimonial. Foi realizada recentemente uma pesquisa que procurou investigar o uso destas coleções tanto por usuários internos como externos e como elas estão instaladas em suas unidades. O objetivo é tentar mostrar a importância da catalogação descritiva para a disseminação dessas obras com vistas à uma maior utilização pelo ensino, pesquisa e extensão. 14 Redes sociais: as bibliotecas frente à nova era informacional Wanessa Oliveira (EBAOR – UFRJ); Alessandro Ossola (UFRJ); Barbara Vitiello (UFRJ) Com o avanço das novas tecnologias na área da comunicação, e o aumento da disponibilidade e acesso de dados nos últimos anos, surgiram facilitadores, como as redes sociais na Internet. Plataformas onde pessoas trocam informações e se relacionam. Essa noção de rede social foi iniciada nos primórdios da história humana, exatamente pela necessidade de troca da informação e interação com o meio. A globalização ampliou o ciberespaço, que se aprimora com o passar do tempo e a Web 2.0 é atual dominante com a sua característica interativa, ela proporciona ao usuário maior participação com os conteúdos disponíveis. Com toda essa evolução, os pesquisadores, estão a cada dia, mais independentes das bibliotecas tradicionais. As novas gerações, Y e Z, crescem em um mundo necessitado de informação imediata. Dessa forma, os centros informacionais, como as bibliotecas, devem incluir-se no espaço onde seus usuários estão. As redes sociais, agora também, virtuais 15 proporcionam recursos para a difusão de informações e notícias de forma instantânea. Popularizaram-se entre todas as camadas sociais e idade, com uma maior aderência entre os jovens e estudantes. Nas bibliotecas esses novos serviços representam um método potencialmente eficaz de comunicação e uma forma de divulgação dos produtos e serviços oferecidos. Compreendendo que o livro raro e/ou especial e a informação nele contida, não devem apenas ser preservados, como também difundidos, pesquisados, para futuras produções do conhecimento, a biblioteca de obras raras e especiais, deve ultrapassar os limites de suas competências e incluir-se no meio virtual das redes sociais. Como se observou, cada organização possui um fluxo de informação peculiar e no âmbito de ser gerenciamento cabe o mapeamento e identificação das tecnologias, serviços e informações à fim de utiliza-las para benefícios próprios e da comunidade atendida de modo eficaz. O uso das páginas de Redes Sociais pelas bibliotecas de obras raras e especiais há muitas vantagens, principalmente sua interação com o público, como citado, mas é importante que essas mantenham-se atentas com os possíveis problemas. É primordial que a biblioteca e seus curadores redijam politicas organizacionais para delinearem formas de melhor utilização 16 dos novos serviços, sempre de acordo com as seguranças necessárias, principalmente no âmbito da divulgação de livros raros e especiais e diminuindo o risco de surpresas desagradáveis. Com esses e outros aplicativos a biblioteca de obras raras amplia seu alcance, combatendo o preconceito em que o acervo raro deve se manter estático e sem divulgação, apenas conservado nas estantes de uma sala. 17 Preservação e obras raras Maria Luisa Soares (Coordenadora do Curso de Conservação Restauração Escola de Belas Artes - UFRJ) Nesta apresentação vamos refletir sobre as atividades do conservadorrestaurador buscando contribuir com a “re”-definição de suas atribuições e competências no âmbito da gestão de coleções especiais, tendo como principal objetivo o resgate, conservação, restauração e fundamentalmente, a preservação de obras raras, de forma a repactuar estratégias e parcerias. Questionar com base nos conceitos da interdisciplinaridade qual seria o papel do conservador-restaurador e estabelecer padrões para a identificação dos fazeres e considerar que a “re-encadernação” e uma especialidade onde não cabe improvisos ou adaptações. Quando falamos em obras de arte e/ou obras raras em processo de degradação consideramos que os princípios da restauração são universais e bastante rigorosos. Segundo Jean Moor (1956), “... restaurar é permitir a conservação e a consulta da obra em condições normais, empregando um mínimo de elementos novos e respeitando absolutamente os elementos antigos, voltando a ser consistente e ao mesmo tempo estético\funcional”. Neste contexto, o trabalho de conservação- restauração deve respeitar criteriosamente a autenticidade da obra em sua totalidade, empregando materiais adequados e contemporâneos. Ana Virginia Pinheiro, bibliotecária, especialista em 18 coleções especiais e obras raras, em recente entrevista, nos fala que “... livros raros são obras de arte”. Considera também que “... um livro antigo entra no mercado não só pelo conteúdo, mas pela materialidade”. Neste contexto, vamos relacionar ações de conservação, ciência e tecnologias, tendo com referência aspectos de ontológicos e o resgate da memória patrimonial. Como conclusão considero fundamental no âmbito de nossas instituições oficiais o reconhecimento das competências de cada profissão envolvida na gestão das coleções especiais com ênfase em obras raras. 19 Preservação do patrimônio bibliográfico raro: como zelar por sua permanência? Edmar Moraes Gonçalves (Fundação Casa de Rui Barbosa) Este trabalho tem por finalidade tratar de um tema pouco discutido no Brasil, o tema da preservação de acervos bibliográficos raros, antigos e especiais. Estão Presentes em quase todas as instituições públicas e, em sua maioria carecem de tratamentos adequados para sua conservação. Tratarei aqui do acervo bibliográfico raro da Fundação Casa de Rui Barbosa, bem cultural tombado pelo IPHAN e que o Laboratório de Conservação-Restauração de Documentos Gráficos (LACRE), vem adotando soluções para sua permanência, em seus tratamentos de intervenções. Esse tema, apesar de sua importância, é muito pouco discutido tanto pela comunidade de conservadores-restauradores quanto por bibliotecários. O que há são estudos sobre as coleções de livros raros, mas simplesmente em relação a sua tipologia de importância e sua raridade feita por bibliotecários de obras raras. É preciso unir forças em prol de uma política e conscientização dos órgãos de patrimônio, de gestores, de bibliotecários, de conservadores-restauradores e demais profissionais que se preocupam com o futuro desse patrimônio tão importante para as bibliotecas, os museus, coleções públicas e privadas. 20 Figura 1: Banner de divulgação. 21