Apelo da EURORDIS à criação de um Ano Europeu das Doenças Raras Nós, representantes das pessoas com doenças raras, em nome de mais de 600 grupos de doentes e de 30 milhões de pessoas afetadas por doenças raras na Europa, vimos solicitar à União Europeia e aos respetivos Estados-membros que apoiem a designação de 2019 como Ano Europeu das Doenças Raras. Para que uma doença específica seja considerada rara, não pode afetar mais do que um número limitado de pessoas em toda a população; na Europa, este número é de menos de 1 em cada 2000 habitantes. Estima-se que estejam hoje identificadas 6000 a 7000 doenças raras. Um ano europeu iria ajudar a consciencializar a sociedade e a incentivar os investigadores a debruçar-se sobre estas doenças potencialmente fatais, raras, maioritariamente desconhecidas e altamente debilitantes, que afetam crianças e adultos nas suas capacidades físicas, mentais, emocionais e comportamentais. Necessitamos de soluções que respondam aos desafios sociais e de saúde que enfrentamos no nosso dia-a-dia; necessitamos de soluções que permitam aos investigadores e aos responsáveis pelo desenvolvimento de terapêuticas vencer os obstáculos que existem; necessitamos de uma abordagem ao nível europeu para ultrapassar a massa crítica de doentes, dados, especialistas e recursos – permanentemente insuficiente –; necessitamos de envolver todas as partes interessadas, incluindo a indústria e os responsáveis pela tomada de decisões para que se criem as condições necessárias à melhoria da saúde e dos cuidados sociais para todos, incluindo as pessoas afetadas por doenças que pouca esperança dão aos doentes e às suas famílias. Necessitamos de um Ano Europeu das Doenças Raras. As Doenças Raras têm sido amplamente reconhecidas enquanto área de elevado valor acrescentado a nível europeu. No domínio científico, a investigação das doenças raras levou a enormes progressos médicos, da sequenciação do genoma ao desenvolvimento de dispositivos médicos, da descoberta dos genes responsáveis por determinadas doenças ao desenvolvimento de medicamentos inovadores; além disso, tem-se verificado uma melhoria espetacular das ferramentas de diagnóstico, do aconselhamento genético e pré-natal e do diagnóstico pré-implantação. Apesar dos inegáveis êxitos em diferentes campos, a maior parte do caminho até à redução das desigualdades na saúde entre as pessoas com doenças raras e os doentes afetados por patologias comuns ainda está por trilhar. É necessário que haja consciência e vontade política para enfrentar os muitos desafios que nos esperam. O ano de 2019 marcará um ponto de viragem na história das doenças raras, pois celebrarse-ão 20 anos desde a adoção do Regulamento da UE relativo aos Medicamentos Órfãos, que deu um enorme impulso ao desenvolvimento de medicamentos órfãos; e 10 anos desde que a Comissão Europeia adotou a sua Comunicação sobre Doenças Raras: Desafios da Europa, e o Conselho adotou a Recomendação relativa a uma ação europeia em matéria de doenças raras, delineando uma estratégia comum para as pessoas com doenças raras. Será ainda o momento de inventariar os progressos dos programas europeus Saúde para o Crescimento e Horizon 2020 e de começar a funcionar à luz do novo quadro financeiro plurianual europeu para 2020-2025.