PROGRAMAÇÃO E RESUMOS
70 Encontro da
ABECS
Associação Brasileira de
Associação Brasileira de Estudos
Crioulos e Similares
Estudos Crioulos e Similares
130 Encontro da
Associação dos Crioulos de Base
Lexical Portuguesa e Espanhola
Associação dos Crioulos de
Base Lexical Portuguesa e
Espanhola
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS – FFLCH
SÃO PAULO – SP
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES – ABECS
13 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO DE CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA – ACBLPE
0
REALIZAÇÃO:
Associação Brasileira de Estudos Crioulos e Similares – ABECS
Associação de Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola – ACBLPE
APOIO:
Fundação de Amparo à Pesquisa ao Estado de São Paulo – FAPESP
Comissão de Cooperação Internacional da Universidade de São Paulo – CCInt
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – FFLCH
Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas FFLCH/USP
Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa FFLCH/USP
Comissão de Graduação FFLCH/USP
São Paulo Conventions & Visitors Bureau
Universidade de São Paulo
Reitor
João Grandino Rodas
Vice-Reitor
Hélio Nogueira da Cruz
Vice-Reitor Executivo de Administração
Antonio Roque Dechen
Vice-Reitor Executivo de Relações Internacionais
Adnei Melges de Andrade
Pró-Reitora de Cultura e Extensão Universitária
Maria Arminda do Nascimento Arruda
Pró-Reitora de Graduação
Telma Maria Tenório Zorn
Pró-Reitor de Pesquisa
Marco Antonio Zago
Pró-Reitor de Pós-Graduação
Vahan Agopyan
Diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Sandra Margarida Nitrini
Chefe do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas
João Roberto Gomes de Faria
ABECS (Gestão 2010/2012)
Presidente
Prof. Dr. Gabriel Antunes de Araújo (USP)
Secretária-Geral
Profa. Dra. Márcia Santos Duarte de Oliveira (USP)
Tesoureira
Profa. Ana Lívia dos Santos Agostinho (USP)
ACBLPE – Direção (desde 2011)
Presidente
Prof. Dr. Alain Kihm (CNRS)
Vice-Presidente
Prof. Dr. Carlos Filipe G. Figueiredo (Universidade de Macau)
Secretária da Mesa da Direção
Profa. Dra. Dulce Pereira (Universidade de Lisboa)
Secretário da ACBLPE
Bernardino Cardoso Tavares
Tesoureira
Profa. Dra. Nélia Alexandre
Mesa da Assembléia Geral (desde 2011)
Presidente
Prof. Dr. Joseph Clancy Clements (Universidade de Indiana)
Vice-Presidente
Profa. Dra. Fernanda Pratas (Escola Superior de Educação – Inst. Politécnico de
Setúbal)
Secretários da Mesa da Assembléia Geral
Sílvio A. Moreira de Sousa
Profa. Dra. Liliana Inverno (CELGA, Universidade de Coimbra/CECL, Universidade
do Algarve)
Conselho Fiscal
Presidente
Prof. Dr. John Holm (Universidade de Coimbra) (desde 2009)
Vogais
Prof. Dr. Dante Lucchesi (Universidade Federal da Bahia) (desde 2010)
Profa. Dra. Fernanda Pratas (Escola Superior de Educação – Inst. Politécnico de
Setúbal) (desde 2011)
Comissão Organizadora do 70ABECS/130ACBLPE
Alain Kihm (CNRS – Centre National de la Recherche Scientifique, França)
Carlos Filipe G. Figueiredo (Universidade de Macau, Macau)
Gabriel Antunes de Araújo (Universidade de São Paulo, São Paulo)
Márcia S. D. de Oliveira (Universidade de São Paulo, São Paulo)
Manuele Bandeira (Universidade de São Paulo, São Paulo)
Shirley Freitas (Universidade de São Paulo, São Paulo)
Comissão Científica do 70ABECS/130ACBLPE
Carlos Filipe G. Figueiredo (Universidade de Macau, Macau)
Dulce Pereira (Universidade de Lisboa, Portugal)
Gabriel Antunes de Araújo (Universidade de São Paulo, São Paulo)
Hugo Canelas Cardoso (Universidade de Coimbra, Portugal)
Laura Alvarez Lopez (Universidade de Estocolmo, Suécia)
Manuele Bandeira (Universidade de São Paulo, São Paulo)
Márcia S. D. de Oliveira (Universidade de São Paulo, São Paulo)
Shirley Freitas (Universidade de São Paulo, São Paulo)
Tjerk Hagemeijer (Universidade de Lisboa, Portugal)
Locais de Atividade
Prédio de Letras da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP
·
Salas indicadas na Programação
PROGRAMAÇÃO
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
70 Encontro da Associação Brasileira de Estudos Crioulos e Similares – ABECS
130 Encontro da Associação de Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola
– ACBLPE
Programação e Resumo dos Minicursos
30 e 31 de julho de 2012
PROF. DR. NICHOLAS FARACLAS
University of Puerto Rico/Río das Piedras, Porto Rico
Recontextualizando a Emergência das Línguas Crioulas:
o Papel dos Povos Marginalizados na Gêneses dos Crioulos
Horário:
Local:
9h -12h
sala 266, Prédio de Letras, USP
Resumo:
Em alguns dos primeiros trabalhos influentes do final do século XIX e começo
do século XX, crioulistas como Hugo Schuchardt e Francisco Adolfo Coelho incorporaram um enfoque significativo sobre os crioulos de base lexical ibérica, e desde então
variedades crioulizadas de base portuguesa e espanhola receberam e continuam a
receber atenção especializada e permanente de gerações de estudiosos extremamente
qualificados, dedicados, inteligentes e dinâmicos. Não obstante, os últimos anos do
século XX testemunharam uma incômoda tendência em direção à marginalização e
apagamento do Atlântico Ibérico e do Pacífico Indo-Ibérico em muitos dos debates
teóricos chave a respeito da emergência dos crioulos da era colonial.
Uma das poucas vozes influentes que tentam recolocar as variedades de contato de base ibérica em seu legítimo lugar no centro dos debates a respeito da emergência dos crioulos da era colonial é aquela de John Holm (1989). Suas descrições
de como as variedades crioulizadas de base holandesa, francesa e inglesa do Atlântico e do Indo-Pacífico da era colonial surgiram geralmente levam em consideração
uma ampla gama de fatores linguísticos e sócio-históricos que ele frequentemente
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Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
filia aos primórdios da expansão colonial ibérica. Nesta apresentação, tentamos desenvolver o trabalho fundamental de Holm, expandindo o conceito de Mervyn Alleyne
(1971) de Matriz Cultural da Crioulização. No decorrer da mesma, demonstramos
quantas das teorias atualmente mais influentes a respeito da emergência dos crioulos sugeridas por crioulistas como Chaudenson, Mufwene, Bickerton, McWhorter e
seus seguidores são fatalmente equivocadas, pois elas não reconhecem suficientemente a importância central das consequências linguísticas e sócio-históricas do
contato entre os ibéricos e os povos autóctones da África, das Américas, da Ásia e
do Pacífico, especialmente durante os primeiros séculos da expansão colonial
europeia. Por exemplo, nós e outros crioulistas como Ian Hancock (p.c.) temos criticado o que se tornou uma prática padrão entre muitos que estudam os crioulos de
base inglesa na África ocidental: a de assumir que estas variedades devem sua existência quase exclusivamente ao influxo de escravos ‘repatriados’ do Caribe para a
África Ocidental, situação que começou sob o domínio inglês nos anos de 1790. Esta
visão comumente defendida ignora, ou pelo menos minimiza, a rica tradição da
crioulização de línguas e culturas que tinha sido estabelecida pelos portugueses e
perpetuada pelos holandeses, franceses e especialmente os ingleses ao longo da
costa durante os 300 anos anteriores. Embora John McWhorter (2000) faça uma
tentativa inicial de reparar esta de(s)-centralização da atividade afro-ibérica, ele o
faz preponderantemente utilizando seus argumentos bastante lógicos e propícios
para um novo reconhecimento da importância da influência afro-portuguesa a fim
de sustentar seus argumentos mais dúbios contra a influência afro-espanhola sobre
a emergência dos crioulos atlânticos. De forma semelhante, o trabalho erudito sobre os crioulos de base inglesa do Pacífico mantém um enfoque quase inabalável
sobre os regimes de plantation do século XIX em Queensland, Samoa, e Havaí, de
novo minimizando e ofuscando a tradição igualmente rica da crioulização no IndoPacífico estabelecida pelos portugueses e espanhóis e propagada por outras potências europeias, sobretudo pelos ingleses durante os quatro séculos anteriores. Na
verdade, a maioria desses especialistas em crioulos de base inglesa do Pacífico que
reconhece algum grau de input das variedades lexificadas ibéricas o faz principalmente incluindo esta influência sob o fenômeno amorfo e parcamente estudado do
“Jargão do mar do Sul”.
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Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
O trabalho de Chaudenson (2001) sobre a emergência de crioulos de base
francesa é importante porque ele nos lembra de que precisamos prestar mais atenção tanto aos fatores sócio-históricos, bem como às variedades do Oceano Índico
em nossas descrições da emergência dos crioulos. Contudo, sua exclusão sistemática de todos os fatores, exceto um conjunto muito limitado de fatores e ambientes
sócio-históricos, de seu modelo teórico, automaticamente exclui um input significante
de qualquer fonte que não seja a França, uma vez mais tornando invisíveis três séculos de crioulização que envolvem os portugueses e os espanhóis no Oceano Índico.
Esperar-se-ia que Mufwene (2001) usasse alguns de seus constructos biogenéticos tais como “Princípio Fundador” a fim de reconhecer e recentralizar o papel pioneiro de variedades de contato que surgiram de encontros entre povos ibéricos por um lado e povos da África, das Américas, Ásia e Pacífico por outro na emergência dos crioulos da era colonial. Em vez disso ele parece estar empregando esses
constructos da mesma maneira exclusiva e seletiva como faz Chaudenson, com resultados similares que efetivamente justificam, reafirmam, e reproduzem parcialidades a favor de línguas europeias do noroeste e seus falantes em debates relativos
aos inputs culturais e linguísticos para a crioulização na era colonial.
A maioria dos proponentes atuais de cenários universalistas para a emergência dos crioulos da era colonial já têm rejeitado explicitamente a Hipótese do
Bioprograma da Linguagem de Bickerton (1984). Mas isso não significa que eles tenham rejeitado as suposições essencialmente sem cultura e órfãs que sustentam
sua rasura de qualquer influência significativa, não apenas das línguas de contato
lexificadoras ibéricas, mas também das mães, os africanos, indígenas americanos,
asiáticos, ou da ilha do Pacífico que falam as línguas. Infelizmente, toda “gramática
universal” frequentemente termina apenas por coincidir com o “europeu mediano
standard” de Whorf (1941).
Nessa apresentação, a evidência linguística e sócio-histórica de alguns dos
primeiros séculos dos empreendimentos coloniais dos portugueses e espanhóis é
utilizada para contextualizar e entender os resultados sócio-históricos e linguísticos
dos empreendimentos coloniais do holandês, francês e inglês durante os séculos
seguintes. Como resultado, torna-se evidente que muitos dos padrões e resultados
do contato entre europeus setentrionais e não-europeus que tipificaram o período
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Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
mais recente foram na verdade prenunciados por padrões e resultados de contato
entre europeus do sul e não-europeus em lugares tais como São Tomé, Brasil, e o
Caribe espanhol durante o período mais antigo.
PROF. DR. JOHN HOLM – UNIVERSIDADE DE COIMBRA, PORTUGAL
Paralelos no Desenvolvimento Social e Linguístico de Duas Línguas Parcialmente
Reestruturadas: Português Vernacular Brasileiro e Africâner da África do Sul
Horário:
Local:
14:30h-17:30h
sala 266, Prédio de Letras, USP
Resumo:
Baseado em Holm (2006), Línguas em contato: reestruturação parcial de vernáculos (Cambridge University Press), esse minicurso se concentrará na identidade
do português vernacular brasileiro ao comparar e contrastar a história social de seus
falantes e sua estrutura sincrônica com uma variedade aparentada do holandês que
se tornou uma língua standard autônoma: africâner. Isso levanta um número de
questões que têm relação com definições problemáticas de língua e de dialeto: em
muitas maneiras, o africâner não está mais longe do holandês estruturalmente do
que o português vernacular brasileiro (PVB) está do português europeu (PE), mas
sua história política é bastante diferente e isso tem contribuído para a posição anômala do PVB face ao PE comparado ao inglês dos EUA frente ao inglês do Reino
Unido.
A primeira metade do curso trata da história sociolinguística do PVB comparado à
história do africâner, revelando as razões sócio-políticas do africâner ter se tornado
uma língua estandardizada distinta do holandês, mas por que isso nunca ocorreu
ao PVB, cujos falantes ainda mantêm o PE em reverência indevida, considerando o
poder relativo dos dois países.
A segunda metade do curso apresenta uma comparação da estrutura sincrônica do
PVB e do africâner com a estrutura de duas línguas fontes. Tal apresentação torna
claro que é a política não linguística per se que é tudo no que diz respeito à
determinação do que é linguisticamente correto.
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Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
Encontro Conjunto da ABECS e da ACBPLE
7º Encontro da Associação Brasileira de Estudos Crioulos e Similares (ABECS)
13º Encontro da Associação de Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola
(ACBLPE)
30, 31 de julho e 1-3 de agosto de 2012
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Local: Prédio de Letras, Salas 260, 261 e 266
Universidade de São Paulo, Brasil
Programa do Encontro Conjunto/Joint Meeting Program
MINICURSOS/MINI-COURSES
30 e 31 de julho
9h-12h
Minicurso/Mini-course 1: Sala/Room 266
Nicholas FARACLAS (Universidad de Puerto Rico/
Río Piedras, Porto Rico)
12h-14h30
14h30-17h30
Re-contextualizing the Emergence of Creole
Languages: The Role of Marginalized Peoples in
Creole Genesis
Intervalo/Break
Minicurso/Mini-course 2: Sala/Room 266
John HOLM
(Universidade de
Coimbra, Portugal)
Parallels in the social and linguistic development
of two partially restructured languages: Brazil’s
Vernacular Portuguese and South Africa’s
Afrikaans
CONFERÊNCIAS/CONFERENCES
01-AGO
8h30-9h
9h-11h
MESA DE ABERTURA DO ENCONTRO, Sala/Room 266
MESA/TABLE 1, Sala/Room 266
J. Clancy CLEMENTS
(Indiana University, EUA)
Hugo C. CARDOSO
(CELGA, Universidade de Coimbra,
Portugal)
Debatedor
11h-11h10
Accelerated contact-induced
language change in Korlai Creole
Portuguese: A case for a Marathirelexified creole
Redescobrindo os crioulos do
Malabar
Alan Baxter
Intervalo/Break
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Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
11h10-12h10
12h10-14h
14h-16h
PAINEL/PANEL: 1, 2 e 3
Intervalo/Break
MESA/TABLE 2, Sala 266
Donald WINFORD
(The Ohio State University, EUA)
Alain KIHM
(CNRS – Université Paris-Diderot,
França)
Debatedor
16h-16h30
16h30-18h
18h-19h
FILME/MOVIE
19h-19h50
Intervalo/Break
PAINEL/PANEL: 4, 5 e 6
Intervalo/Break
Local: Sala/Room 266
Entrada franca/Admission free
O professor Alan Baxter (consultor da
produção do filme) conversará com o
público após a exibição.
Creole formation, second
language acquisition, and
language processing: A look at
the issues
Morphological complexity in
pidgins-creoles: Portugueselexifier pidgins-creoles from an
abstractive morphology
perspective
John Lipski
A TERRA DO PADRE
DOCUMENTÁRIO/DOCUMENTAR
Y
Direção: JAMES JACINTO
Pesquisa e roteiro: SILVIE LAI
Produção:
EFFICIENT
PRODUCTIONS
2-AGO
8h-10h30
10h30-11h
11h-12h
12h-14h
PAINEL/PANEL: 7, 8 e 9
Intervalo/Break
MESA/TABLE 3, Sala/Room 266
John LIPSKI
(The Pennsylvania State University, EUA)
Mapping the psycholinguistic
boundaries between Spanish and
Palenquero: How many
“grammars” per “language”?
Debatedor
Nicholas Faraclas
Intervalo/Break
16
Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
14h-16h
MESA/TABLE 4, Sala/Room 266
Nicholas FARACLAS
(and the Working Group on the Agency
of Marginalized Peoples in the
Emergence of Creole Languages and
Cultures, Universidad de Puerto Rico/Río
Piedras, Porto Rico)
Silvia KOUWENBERG (University of the
West Indies, Jamaica)
Debatedor
16h-16h30
16h30-18h
19h30
Recentering the Ibero-Atlantic
and the Ibero-Indo Pacific within
Creolistics: Acknowledging the
Crucial Impact of the Patterns
and Outcomes of Creolization in
the Iberian Empires on the
Emergence of All of the Colonial
Era Creoles
The prosodic system of
Papiamentu: between stress and
tone
Gabriel Antunes Araujo
Intervalo/Break
PAINEL/PANEL: 10, 11 e 12
Jantar/Dinner
3-AGO
8h-10h30
10h30-11h
11h-12h
PAINEL/PANEL: 13 e 14
Intervalo/Break
MESA/TABLE 5, Sala/Room 266
Edenize Ponzo PERES
(Universidade Federal do Espírito Santo,
Brasil)
Debatedora
12h-14h
14h-15h45
Intervalo/Break
MESA/TABLE 6, Sala/Room 266
Carlos FIGUEIREDO (Universidade de
Macau, China)
Márcia D. OLIVEIRA (Universidade de
São Paulo, Brasil)
Debatedora
15h45-16h
16h
17h30
A diversidade linguística no
Espírito Santo
Rosane de Sá Amado
O Português das comunas do
Libolo, Angola, e português
étnico da comunidade de
Jurussaca, Brasil: cotejando os
sistemas de pronominalização
Margarida T. Petter
Intervalo/Break
Assembleias/Annual General Meetings
Encerramento/Closing
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Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
PAINEIS/PANELS
01-AGO, manhã/morning, 11h10-12h10
Sala/Room 260, Painel/Panel 1, Chair: Beatriz Christino
Beatriz Protti Christino
A concordância de gênero e a expressão da definitude
11h10-11h40
11h40-12h10
Elizana Schaffel
Bremenkamp
em Português Huni-Kuin
A língua holandesa no Espírito Santo: análise
sociolinguística do seu desaparecimento
Sala/Room 261, Painel/Panel 2, Chair: Laura Álvarez López
Tania Alkmim & Laura
A fala de africanos e seus descendentes no Brasil:
11h10-11h40
11h40-12h10
Álvarez López
Lilian do Rocio Borba
representações orais e escritas
Artigos de Cândido da Fonseca Galvão: fontes escritas
para história do português brasileiro
Sala/Room 266, Painel/Panel 3, Chair: Dante Lucchesi
O continuum de normas linguísticas no português
11h10-11h40
Silvana Silva de Farias Araujo
11h40-12h10
Dante Lucchesi
falado em Feira de Santana-BA
Contato entre línguas e mudança linguística: as
relativas e as palavras interrogativas no português
afro-brasileiro
01-AGO, tarde/afternoon, 16h30-18h
Sala/Room 260, Painel/Panel 4, Chair: Anthony Grant
16h30-17h
Anthony Grant
On the (dis)unity of the Manila Bay Creoles
17h-17h30
Marivic Lesho
Acoustic description of the Caviteño vowel system
17h30-18h
Eeva Sippola
Chabacano escrito: variación e ideologías
Sala/Room 261, Painel/Panel 5, Chair: Hugo Cardoso
16h30-17h
Hugo Cardoso & Ana R.
Conjugação verbal e alomorfia no crioulo indo-português de Diu
Luís
17h-17h30
Alan N. Baxter
Are there “short” and “long” forms of verbs in Malacca Creole Portuguese?
17h30-18h
Davi Borges de
Alguns traços de crioulos portugueses asiáticos no Português de TimorAlbuquerque
Leste
Sala/Room 266, Painel/Panel 6, Chair: Jürgen Lang
16h30-17h
Jürgen Lang
Um mergulho no feature pool
17h30-18h
Traces of contact in creole genesis: Accounting for variation in a complex
Marlyse Baptista
creole continuum
17h30-18h
Stephen Fafulas & Miguel
Language shift and the emergence of new varieties: Spanish in contact with
Rodríguez-Mondoñedo
Bora and Okaina
18
Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
02-AGO, manhã/morning, 8h-10h30
Sala/Room 260, Painel/Panel 7, Chair: Eliana Pitombo Teixeira
8h-8h30
A sintaxe dos clíticos no português popular
Eliana Pitombo Teixeira
angolano
8h30-9h
Traços distintivos do português vernáculo de
Liliana Inverno
Angola face ao português vernáculo do Brasil
9h-9h30
A variação do uso dos clíticos no português
Zhang Chaofeng
falado em Angola
9h30-10h
Estrutura de foco no português de Angola:
Eduardo Ferreira dos
cotejo com línguas do Oeste da África e com
Santos
o português brasileiro
10h-10h30
Una comparación de algunas estructuras de
Angela Bartens
la morfosintaxis del español ecuatoguineano
con el portugués angoleño
Sala/Room 261, Painel/Panel 8, Chair: Nicolas Quint
8h-8h30
Les idéophones en Créole Casamançais et
Noël Bernard Biagui &
dans les créoles afro-portugais apparentés:
Nicolas Quint
Bisséen, Capverdien et Papiamento.
8h30-9h
Descrição fonológica segmental do crioulo da
Paula Mendes Costa
Guiné-Bissau: um estudo preliminar
9h-9h30
Incanha Intumbo & Ana R. Uma análise morfológica da reduplicação no
Luís
Kriol da Guiné-Bissau
Application de la méthodologie CLAPOTY à
9h30-10h
Isabelle Léglise, Pascal
des phénomènes de contacts de langues
Vaillant & Joseph Jeantrilingues (créole casamançais, français,
François Nunez
wolof)
10h-10h30
Nicolas Quint & Noël
Un aperçu de la catégorie «adjectif» en
Bernard Biagui
créole casamançais.
Sala/Room 266, Painel/Panel 9, Chair: Catherine Bárbara Kempf
9h-9h30
Catherine Bárbara Kempf,
Tabu linguístico e empréstimo de lexias
Cynara Albina Rabelo dos
Reis & Eliana Pereira da
bantu no português do Brasil
Silva
9h30-10h
Michela Araújo Ribeiro &
Anatomia e fisiologia humana nas línguas
Jacky Maniacky
bantu
10h-10h30
Rosa Maria de Lima
Crenças e línguas em contacto: empréstimos
Ribeiro & Jacky Maniacky
da religião cristã nas línguas bantu
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Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
02-AGO, tarde/afternoon, 16h-18h
Sala/Room 260, Painel/Panel 10, Chair: Lurdes Teresa Lopes Jorge
16h-16h30
A expressão morfossintática e semântica de
itens lexicais: considerações sobre o
Lurdes Teresa Lopes Jorge
português do Brasil e línguas crioulas de base
portuguesa do Atlântico
16h30-17h
A contribuição do contato entre línguas para
Jürgen Alves de Souza
o apagamento do clítico reflexivo no
português afro-brasileiro
17h-17h30
Sobre a (in)existência de pronomes clíticos
Ednalvo Apóstolo Campos
no “português étnico” de Jurussaca
17h30-18h
Do tópico nulo ao sujeito preenchido:
Edivalda Araujo
caminhos de um contato linguístico
Sala/Room 261, Painel/Panel 11, Chair: Gabriel Antunes Araujo
A realização variável do ditongo /ej/ no
16h-16h30
Alfredo Christofoletti Silveira
16h30-17h
17h-17h30
17h30-18h
Gabriel Antunes Araujo, Alfredo
Christofoletti Silveira & Ana
Lívia Agostinho
Ana Lívia Agostinho, Manuele
Bandeira & Shirley Freitas
Sousa
Antônio Félix de Souza Neto
Português de São Tomé e Príncipe
A language game in Fá d’Ambô
Adaptação de empréstimos no principense
moderno
Implicações do contato linguístico no sistema
vocálico do papiamentu de Curaçao
Sala/Room 266, Painel/Panel 12, Chair: John Holm
A semântica dos determinantes em
16h-16h30
Wânia Miranda
16h30-17h
17h-17h30
17h30-18h
John Holm
Francisco João Lopes & Maria
de Loudes Zanoli
Bart Jacobs
caboverdiano
16th-century evidence regarding the origins of
the Capeverdean verbal marker -ba
Considerações sobre a categoria foco na posição
de sujeito na variedade do Crioulo de São
Nicolau – Cabo Verde
Grammaticalization in Afro-Portuguese Creoles:
idiosyncracies and particularities
20
Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
Filme/Movie
19h-19h50
Local: Sala 266
Entrada
franca/Admission
free
O professor Alan
Baxter (consultor
da produção do
filme) conversará
com o público após
a exibição.
Prof. Alan Baxter
(the adviser of the
movie production)
will talk to the
audience at the
end of the
showing.
A TERRA DO PADRE
DOCUMENTÁRIO/DOCUMENTARY
Direção: JAMES JACINTO
Pesquisa e roteiro: SILVIE LAI
Produção: EFFICIENT PRODUCTIONS
A presença portuguesa em Malaca foi relativamente curta
(1611-1641). Subsequentemente tomada pelos holandeses e,
em 1824, pelos britânicos, só em 1957 a Malásia se tornou um
país autónomo que, atualmente, integra o estado de Malaca.
Em Malaca não sobreviveu quase nenhuma construção ou
vestígio arquitetônico do período colonial português. Todavia,
persistem sinais inconfundíveis desse período, profundamente
enraizados numa pequena comunidade que se auto-denomina
“portugueses de Malaca”, “kristang” ou “euroasiáticos
portugueses”. Essa influência sedimentou-se nas próprias
gentes, passou de geração em geração e foi também assimilada
à distância, já que a maioria dos kristang nunca esteve em
Portugal. A contínua presença de padres portugueses até à
década de 90 do século XX - Malaca esteve até então sob a
alçada da diocese de Macau - e o contacto regular com
visitantes portugueses contribuíram para esse processo de
sedimentação e assimilação cultural. Aspectos dessa influência
encontram-se na sua língua, o kristang, crioulo de base
portuguesa, nos apelidos portugueses e nos nomes das ruas do
Bairro Português onde se concentra hoje a comunidade, nas
tradições cristãs e ainda nas festas populares. Embora, ao longo
destes últimos séculos, a comunidade tenha conseguido
preservar a sua identidade cultural de modo relativamente
consistente, pareceu oportuno aos autores documentá-la
audiovisualmente. A nível da língua, por exemplo, regista-se um
decréscimo preocupante do número de falantes fluentes do
crioulo kristang em favor de outras línguas como o inglês e o
bahasa malaio. O crescente número de famílias e jovens que
saem do bairro em busca de melhores condições de vida, ou
simplesmente porque as casas do bairro já não são suficientes,
bem como outras pressões que derivam do facto de a
comunidade ser numericamente pouco expressiva (serão perto
de 2000 os habitantes do bairro), indiciam uma crescente
dispersão sociocultural. Quais as possibilidades e condições de
manutenção e transformação de uma cultura minoritária? E
quais os limites do que se pode entender por identidade
cultural? Estas são algumas das questões sobre as quais se
pode refletir a partir deste filme.
Fonte:
padre.htm
http://www.museudooriente.pt/1383/a-terra-do-
21
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
03-AGO, manhã/morning, 8h-10h30
Sala/Room 260, Painel/Panel 13, Chair: Isabella Mozzillo
Isabella Mozzillo
Um olhar sobre o portunhol da fronteira Brasil8h-8h30
Uruguai
Aspectos do bilinguismo societal no comércio da
fronteira uruguaio-brasileira
Ana Maria Carvalho
Contato de línguas e variação: a expressão do
9h-9h30
pronome sujeito em português e espanhol em
contato no norte do Uruguai
Laura Álvarez López &
Comunidades lingüísticas afrohispanoamericanas y
9h30-10h
Virginia Bertolotti
la pervivencia del tratamiento su merced
Las voces malungo, muyinga y yimbo en el español
10h-10h30
Magdalena Coll
del Uruguay
Sala/Room 266, Painel/Panel 14, Chair: Juanito Ornelas de Avelar
A complementação de verbos direcionais no
8h-8h30
Juanito Ornelas de Avelar
português brasileiro e no português moçambicano:
contato, mudança e variação
Uso variável do artigo definido no português
8h30-9h
Carlos Filipe G. Figueiredo
reestruturado da comunidade de Almoxarife, São
Tomé
Silvia Rodrigues Vieira &
Estudo sociolinguístico da concordância verbal na
9h-9h30
Karen Cristina da Silva
fala de indivíduos de São Tomé e Príncipe
Tendências universais na marcação de plural em
9h30-10h
Anna Jon-And
variedades africanas e brasileiras do português
8h30-9h
Dania Pinto Gonçalves
PÔSTERES (UNDERGRADUATE STUDENTS) – C ORREDOR (C OFFEE-BREAK AREA)
Raquel Azevedo da Silva (Universidade de São Paulo, Brasil)
Morfema “que” complementizador versus morfema “que” marcador de foco no português étnico de
Jurussaca-PA
Élida Silva Pitangueira de Andrade (Universidade Federal da Bahia, Brasil)
Construções de tópico com retomada na posição de sujeito no português afro-brasileiro
Natival Almeida Simões Neto (Universidade Federal da Bahia, Brasil)
O preenchimento do sujeito nos verbos climáticos
22
Universidade de São Paulo
RESUMO DAS
CONFERÊNCIAS
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS
(por ordem alfabética)
C
HUGO C. CARDOSO (CELGA, UNIVERSIDADE DE COIMBRA)
[email protected]
Redescobrindo os Crioulos do Malabar
No início das actividades coloniais portuguesas na Índia, no século XVI, vários dos territórios ocupados situaram-se naquela que era então conhecida como a
“costa do Malabar”, i.e. o litoral sudoeste da Índia actualmente integrante do estado de Kerala. Contam-se, entre eles, as importantes cidades de Cochim e Cananor,
as primeiras praças-fortes portuguesas na Ásia, e ainda Coulão. É nesta cronologia e
neste contexto que se dá na região a formação de crioulos de base portuguesa, cuja
dispersão chegou a abranger uma vasta área geográfica (ex. Cananor, Tellicherry,
Mahé, Calecute, Cochim e Coulão). A estes, genericamente, chamaremos aqui “crioulos do Malabar”.
A sequência histórica da expansão portuguesa na região faz destes crioulos
sérios candidatos aos mais antigos da Ásia e, como tal, peças essenciais para compreender o desenvolvimento de outras variedades a Norte, a Sul e a Oriente. Infelizmente, uma boa parte da história destas línguas (e dos seus falantes) permanece
obscura. Algumas delas foram contudo registadas logo na infância do interesse científico pelas línguas crioulas: Schuchardt (1889a) inseriu-os na categoria de
“Dravido-Português” por se tratarem de crioulos formados numa ecologia dominantemente dravídica, com o malaiala por principal substrato; o mesmo autor publicou ainda breves estudos sobre o crioulo de Cochim (Schuchardt 1882) e o de
Mahé/Cananor (Schuchardt 1889b).
Os crioulos do Malabar chegaram a ser dados como extintos no seu conjunto
(Smith, 1995), o que na realidade é válido apenas para algumas (a maioria) das localidades em questão; nas últimas décadas, foi possível contactar os últimos falantes
25
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
em Vaipim/Cochim e Cananor (v. Cardoso 2006) e, com isso, relançar a pesquisa
sobre estas línguas. Disso daremos conta nesta conferência, na qual se fará uma
caracterização linguística destas duas variedades e se estabelecerão pontes com
outros crioulos de base portuguesa da Ásia.
JOSEPH CLANCY CLEMENTS (UNIVERSIDADE DE INDIANA)
[email protected]
Accelerated contact-induced language change in Korlai Creole Portuguese: A
case for a Marathi-relexified creole
From the foundation of Korlai at the end of the 16th century till the middle of
the 20th century, its inhabitants were, with rare exceptions, always agriculturalists.
In the 1900s, with the advent of education, as well as fundamental changes in the
Catholic church that took place because of Vatican II, Marathi (the regional language)
became increasingly a part of village life where it has not been in the same way for
centuries. Although the first parochial school (grades 1-4) of the area was established
in 1916, it was only in 1980 that grades 5-10 were added. The school, a Marathimedium institution, was built and still remains in Korlai proper, next to the church.
Until 1962, all church services in Korlai were in Latin, and sermons were in simplified
Portuguese. After Vatican II, Marathi was introduced as the church language. This
was the point at which Marathi became an integral part of the village life. Children
increasingly stayed in school longer, thus learning Marathi more proficiently, and,
importantly, they learned how to pray and celebrate church services in Marathi.
In 1986, construction on a bridge was finish which spanned the wide river
just north of Korlai that had kept traffic from major urban areas such as Mumbai
from getting the village. Once the bridge was in place, industry moved into the area.
Most notably, a large iron ore factory was built, employing many people who live in
the area, including inhabitants from Korlai. As the Korlai villagers began to take
salaried jobs, some began to sell off their fields to developers. One of the
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Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
consequences of this change has been that the structure of family relations has
begun to change. As agriculturalists, the parents of the children spent and still spend
the day in the fields, with the children staying in the village with the grandparents.
In this system, the speech of the grandparents, a more conservative variety, had a
chance to influence the speech of the children in significant ways, and this family
structure still exists in many households. In the households with factory workers,
the mothers, who speak a relatively innovative variety, interact significantly more
with the children, thereby reducing the impact of the grandparents’ speech.
In studies on Korlai Portuguese published between 1990 and 2000, I identified
four generations and showed that in their respective speech samples, the preference
for head-final structures in the verb phrase increased from generation to generation.
In this presentation, I report on a new generation of Korlai Portuguese speakers,
representing the fifth generation of speakers. I first sketch in detail the changes in
social and employment structures just alluded to, that many village families have
undergone in the last 20 years. As there is a significant increase in the number of
villagers who have abandoned the traditional agriculturalist life style to seek factory
jobs, I will argue that children are influenced more by their mothers’ more innovative
speech than before. Thus, whereas in the agriculturalist family structure language
transmission happened from grandparent-to-grand child as much or more than parentto-children transmission, in the blue-collar family structure, children have more input
from their parents. Secondly, I will argue that there is an increased emphasis on
education in the village that was not as pronounced one generation ago. As a result,
parents are increasingly more involved with the education of their children.
With this socio-economic overview of the Korlai as the backdrop, I then
examine the impact these changes have had on the fifth generation of Korlai
speakers. The new data analyzed for this presentation include those from the
children of the subjects from the studies carried out in the 1990s. Some of the
more significant changes to be examined are word order – which is increasingly
head-final – as well as substantially more borrowed vocabulary, to the extent that
many Korlai children no longer have active knowledge of the vocabulary for
everyday objects. Projecting into the future a generation or two, the argument
will be presented that Korlai Creole Portuguese could undergo significant
relexification in a number of domains encoded not only by nouns and certain
functional elements, but by adjectives and verbs, as well.
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Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
F
NICHOLAS FARACLAS AND THE WORKING GROUP ON THE AGENCY OF MARGINALIZED PEOPLES IN THE
EMERGENCE OF CREOLE LANGUAGES AND CULTURES (UNIVERSIDADE DE PORTO RICO, RÍO PIEDRAS)
[email protected]
Recentering the Ibero-Atlantic and the Ibero-IndoPacific within Creolistics:
Acknowledging the Crucial impact of the Patterns and Outcomes of Creolization
in the Iberian Empires on the Emergence of all of the Colonial Era Creoles
Some of the earliest seminal works by late 19th and early 20th century creolists
such as Hugo Schuchardt and Francisco Adolfo Coello incorporated a significant focus
on Iberian lexifier Creoles, and since then Portuguese and Spanish lexified creolized
varieties have received and continue to receive expert and sustained attention from
generations of superbly qualified, dedicated, intelligent, and dynamic scholars.
Nevertheless, the later part of the 20th century witnessed a disturbing trend toward
the marginalization and erasure of the Ibero-Atlantic and the Ibero-IndoPacific in many
of the key theoretical debates concerning the emergence of the colonial era Creoles.
One of the few influential voices attempting to restore Iberian lexifier contact
varieties to their rightful place at the center of debates concerning the emergence
of the colonial era Creoles is that of John Holm (1989). His accounts of how Atlantic
and Indo-Pacific colonial era creolized English, French, and Dutch lexified varieties
arose usually take into account a full range of linguistic and socio-historical factors
that he often traces back to the earliest days of Iberian colonial expansion. In this
presentation, we attempt to build on Holm’s foundational work, by expanding on
Mervyn Alleyne’s (1971) concept of the Cultural Matrix of Creolization. In the process,
we demonstrate how many of the currently most influential theories concerning
creole emergence put forward by creolists such as Chaudenson, Mufwene, Bickerton,
McWhorter, and their followers are fatally flawed, because they do not sufficiently
acknowledge the central importance of the linguistic and socio-historical
consequences of contact between Iberians and the indigenous peoples of Africa,
the Americas, Asia, and the Pacific, especially during the first few centuries of
European colonial expansion.
28
Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
For example, we and other creolists such as Ian Hancock (p.c.) have criticized
what has become standard practice among many of those those studying the English
lexifier Creoles of West Africa to assume that these varieties owe their existence
almost exclusively to the influx of ‘repatriated’ slaves from the Caribbean to West
Africa that began under the English in the 1790s. This commonly held view ignores
or at least discounts the rich tradition of creolization of languages and cultures that
had been established by the Portuguese and perpetuated by the Dutch, French, and
especially the English along the coast for the previous 300 years. While John
McWhorter (2000) makes an initial attempt at redressing this de-centering of AfroIberian agency, he does so largely by utilizing his very reasoned and appropriate
arguments for a new recognition of the importance of Afro-Portuguese influence in
order to support his more dubious arguments against Afro-Spanish influence over
the emergence of the Atlantic creoles.
Similarly, scholarly work on the English lexifier Creoles of the Pacific maintains
a nearly unwavering focus on the 19th century plantation regimes in Queensland,
Samoa, and Hawai’i, again minimizing and obfuscating the equally rich tradition of
creolization in the Indo-Pacific established by the Portuguese and Spanish and
propagated by other European powers, but especially by the English during the
previous four centuries. In fact, most of those specialists in the English lexifier Creoles
of the Pacific who acknowledge some degree of input from Iberian lexified varieties,
do so mostly by subsuming this influence under the amorphous and poorly studied
phenomenon of ‘South Seas Jargon’.
Chaudenson’s (2001) work on the emergence of the French lexifier Creoles is
important because it reminds us that we need to pay more attention both to sociohistorical factors as well as to Indian Ocean varieties in our accounts of creole
emergence. But his systematic exclusion of all but a very limited set of socio-historical
factors and settings from his theoretical model automatically precludes significant
input from any source except France, once again rendering invisible three centuries
of creolization involving the Portuguese and the Spanish in the Indian Ocean. One
would have expected Mufwene (2001) to use some of his bio-genetic constructs
such as the ‘Founder Principle’ in order to acknowledge and re-center the pioneering
role of contact varieties which arose from the encounters between Iberian peoples
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Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
on the one hand and the peoples of Africa, the Americas, Asia, and the Pacific on the
other in the emergence of the colonial era Creoles. Instead he seems to be employing
these constructs in the same very exclusive and selective way as does Chaudenson,
with similar results that effectively justify, re-affirm, and reproduce biases toward
Northwestern European languages and their speakers in debates concerning the
linguistic and cultural inputs to creolization in the colonial era.
Most current proponents of universalist scenarios for the emergence of the
colonial era creoles have by now explicitly rejected Bickerton’s (1984) Language
Bioprogram Hypothesis. But this does not mean that they have rejected the
essentially cultureless and ‘motherless’ assumptions that underpin his erasure of
any significant influence, not only from Iberian lexifier contact languages, but also
from the mothers, the Africans, Indigenous Americans, Asians, or Pacific Islanders
who spoke them. Unfortunately, ‘universal grammar’ all too often just happens to
coincide with Whorf’s (1941) ‘Standard Average European.’
In this presentation, linguistic and socio-historical evidence from the first few
centuries of the colonial enterprises of the Portuguese and the Spanish is utilized to
contextualize and to make sense of the linguistic and socio-historical outcomes of
the colonial enterprises of the Dutch, French, and English during the centuries that
followed. As a result, it becomes apparent that many of the patterns and outcomes
of contact between Northern Europeans and non-Europeans that typified the latter
period were actually foreshadowed by the patterns and outcomes of contact between
Southern Europeans and non-Europeans in places such as São Tomé, Brazil, and the
Spanish Caribbean during the earlier period.
CARLOS FILIPE G. FIGUEIREDO (UNIVERSIDADE DE MACAU)
[email protected]
MÁRCIA SANTOS DUARTE DE OLIVEIRA (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO)
[email protected]
Português das comunas do Libolo, Angola, e português Étnico da Comunidade
de Jurussaca, Brasil: Cotejando os Sistemas de Pronominalização
30
Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
Em oposição ao que se vem verificando no Brasil, as variedades africanas de
português reestruturado têm recebido atenção mínima por parte da comunidade
científica e, consequentemente, a sua tipologia e os seus sistemas gramaticais pouco contributo têm dado à teoria linguística. Em estudos sobre a concordância plural
variável no sintagma nominal, Figueiredo (2010a, 2010b) observou aspectos da aquisição quer do português como língua segunda (PtgL2) por falantes monolingues que
têm como L1 variedades do grupo níger-congo atlântico quer do PtgL2 por falantes
de crioulos de base-portuguesa (CP), quer ainda do português como L1 por falantes
bilingues em português e CP. Os achados revelam que: i) o português adquirido por
falantes de um CP em situação especial de contato linguístico apresenta os mesmos
padrões de variação do português que é adquirido com forte input de PtgL2 em
situação de transmissão linguística irregular (imperfect language shift), por falantes
que não utilizam CP’s como línguas veiculares; ii) as variedades observadas conservam características do PtgL2 adquirido unicamente por contato pelos ancestrais falantes, que poderão configurar transferências a partir das línguas do grupo nígercongo atlântico e que transitaram geracionalmente.
A fim de evitarem o debate em torno das origens do português do Brasil (PB)
que apontam para a possibilidade da crioulização (p.e. Baxter (1992)) e da deriva
românica (p.e. (Naro & Scherre (2007)), Oliveira et alii (no prelo) evidenciam as semelhanças entre as línguas crioulas e o português vernacular brasileiro (PVB) (p.e.
Couto (1989); Baxter & Lucchesi (1997 [1928])), assumindo a abordagem de Holm
(2004) de que o PVB seja uma língua ‘parcialmente reestruturada’ (no que se difere
das línguas crioulas que são ‘completamente reestruturadas’). Oliveira et alii (no
prelo) corroboram ainda Mello (1997) quanto à proposta de o português
afrobrasileiro – Lucchesi, Baxter & Ribeiro (2009) – ser visto como parte de um conjunto de variedades que formam o contínuo dialetal português vernacular brasileiro
(PVB) que contém em um dos seus extremos o português quilombola e no outro os
falares urbanos não-padrão. Com base neste pressuposto e nos achados que apontam dissemelhanças no cotejo do quadro pronominal da norma PVB do Pará com o
da norma padrão – PB (ver Oliveira, Campos & Fernandes (2011)), Oliveira et alii (no
prelo) seguem comparando o sistema pronominal do português de Jurussaca (PJ)
com duas línguas que apontam para o contato etnolinguístico: o caboverdiano –
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Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
uma língua crioula do Atlântico – e o português vernacular de Angola. Oliveira et alii
(no prelo) propõem, portanto, que o PJ seja considerado uma das variedades do
português étnico faladas no Brasil devido a suas singularidades etnolinguísticas. Os
autores concluem que, para um melhor entendimento das características e do comportamento diacrônico do PJ, há necessidade de maiores investigações e comparações com línguas envolvidas com o contato linguístico.
Tendo em conta que a maioria dos escravos que aportou no Brasil, após permanência no entreposto de São Tomé, era falante de L1’s do ramo bantu – Bonvini
(2008:30), para entendimento das especificidades diacrônicas do PB, em geral, e
das falas quilombolas, em particular, impõe-se o cotejo sincrônico de particularidades das segundas com as de variedades vernaculares quer de São Tomé quer de
Angola. Nesta conformidade, estabelecemos, no presente trabalho, comparações
entre os quadros pronominais do PJ e do semicrioulo de base portuguesa do Libolo
(PL), distrito do Kwanza Sul, interior de Angola, falado em 4 comunas bilingues (português e kimbundu) semi-isoladas. A nível estrutural, os quadros propostos apresentam similaridades, sendo evidente a anteposição ao verbo das formas objeto
direto e objeto indireto, em oposição ao sistema enclítico do português europeu,
com o qual a fala do Libolo manteve contato secular. Este aspecto sugere que os
sistemas de pronominalização do PL e PJ terão respaldo no de substratos africanos
do grupo níger-congo atlântico como o kikongo, o umbundu e o kimbundu (cf. Marques (1985:222)) e, também, que se terão reestruturado geracionalmente por contato. Listam-se dados do sistema pronominal do kimbundu, seguidos dos do PL, PJ e
PB, respectivamente:
[1]
KIMBUNDU:
Nga
mu~mono
1SG+PERF
D+ver ADV
Eu
o+ver
“Eu já o vi”
kia
já
32
Universidade de São Paulo
(Mingas, 2000:71)
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
[2]
PL:
não sei o nome dele. Me complica muito
[JOMAJH1]
[3]
PJ:
aí ela me chamo(u) e disse ... seu Valdecir (Oliveira, Campos & Fernandes,
2011:134)
[4]
PB:
Eu me vesti rapidamente
(Bechara, 1999:165)
A similaridade estrutural estende-se aleatoriamente a outras variedades
vernaculares africanas de português, como o evidencia Figueiredo (2010a) para o
português de Moçambique (PM) (exemplo [5]), português reestruturado de
Almoxarife (PA), São Tomé (exemplo [6]), português caboverdiano (PCV) (exemplo
[7]), ou português dos tongas (PT), São Tomé (exemplo [8]), provavelmente em
resultado do contato linguístico advindo da expansão colonial europeia que se iniciou no final do Séc. XV.
[5] PM:
Me lembro o que estava a ler
(Gonçalves &
Stroud, 1998:64)
[6]
PA:
quando nós levantámos pa cima água me agitô assim [ZECAH1]
[7] PCV:
Ficava a me pagar quinhentos escudos por semana
(Jon-And,
2009:1)
[8] PT:
o povo todo se levantô [Francisco Álamo – H1] (Exemplo extraído do
corpus do PT e fornecido por Alan N. Baxter.)
33
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
K
ALAIN KIHM (CNRS – UNIVERSIDADE PARIS-DIDEROT)
[email protected]
Morphological Complexity in Pidgins-Creoles: Portuguese-Lexifier PidginsCreoles from an Abstractive Morphology Perspective
The following three statements concerning morphology and pidgins-creoles
(P/C’s) seem to be true:
1. Pidgins-creoles always show less and less opaque morphological processes,
inflectional and derivational, than do their lexifiers.
2. It is never the case that they show no morphological processes at all.
3. They appear significantly unequal in the amount of processes they do include.
Although globally true, statements 1 and 2 are heavily dependent for their
precise evaluation on the analytical angle from which one is looking at the data, as it
determines what counts as a morphological process. All studies of morphology and
P/C’s I am aware of explicitly or implicity adopt the dominant constructivist lexical
model (e.g. Halle & Marantz 1993), according to which inflectional and (some)
derivational morphemes (e.g. English /-s/ and /-er/ in readers) are listed apart from
but analogously to contentive roots (see, e.g., Siegel 2004).
The present study, in contrast, assumes an abstractive, inferential-realizational
view of morphology (Stump 2001; Blevins 2006) such that inflected and derived
forms express the association of feature sets with lexemes, and morphemes have
no separate identity outside the paradigmatically organized word-forms that bear
them. Paradigms therefore occupy a central position in the framework, which makes
it psychologically more realistic than its constructivist competitors. Another benefit
of the realizational model is that it naturally entails that periphrastic (analytic)
constructs integrated to paradigms (e.g. the Portuguese Perfect tenho cantado) fall
in the purview of the morphological component of grammar (Ackerman, Stump &
Webelhuth to appear). This is especially important as far as P/C’s are concerned.
34
Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
Putting knowledge of paradigms in the centre of morphological competence
helps understand why untutored adult SLA theories of P/C formation account for
the features mentioned in statements 1 and 2. One may indeed hypothesize that
one of the main differences between children and adults as far as acquiring languages
is concerned lies in the much reduced ability of the latter rapidly and effortlessly to
master complex paradigms such as, say, Portuguese conjugations. Why indeed would
it be harder for adults than for children to memorize bound morphemes if these
were lexically listed and they had such lists in their L1 competence? The point of
abstractive morphology is that such lists do not exist in the first place. The task
confronting L2-learning adults as well as L1-acquiring children is to memorize
paradigms of word-forms, which adults cannot (or don’t care to) do fast enough in
the demanding situations where interlanguages or Basic Varieties (BV) arise (Klein &
Perdue 1997; Bakker 2002; Plag 2008). Word-forms (even if complex in L2) are then
memorized as self-contained roots, possibly preserving a modicum of inflectionderivation (Bakker 2002). What we want here is a sociolinguistically relativized version
of the “Fundamental Difference Hypothesis” (Bley-Vroman 1990; also see Tomasello
2000; Parisse 2005).
SILVIA KOUWENBERG (UNIVERSIDADE ‘WEST INDIES’)
[email protected] [email protected]
The Prosodic System of Papiamentu: Between Stress and Tone
Although the use of tones in Papiamentu (Pp) has been studied at least since
Römer (1977), much of its prosodic system is still poorly understood. This includes
its typological status: is Pp a tone language? In this paper, I will argue that Pp is a
pitchaccent language – a typological category which is ill-defined at best. As Hyman
(2009) points out, pitch-accent languages seem to freely “pick and choose” properties
from the tone and stress prototypes. This paper explores the pick-and-choose
characteristics of Pp prosody.
35
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
First, I will consider the views of prior work (in particular Römer 1977 and
later work; Rivera-Castillo 1998), which takes Pp to use lexically distinctive tone. I
argue that the close association between melody and categorial status, such that
verbs are tonally distinct from other lexical classes, is incompatible with the view
that tone is contrastive. Moreover, Römer has shown that tone is assigned on the
basis of accent, and Rivera-Castillo has argued that tone is assigned within the
prosodic foot. Both authors’ observations support my position that Pp is a pitchaccent language (Kouwenberg 2009).
In surveying the relationship between tone and stress, we see that a High
tone normally coincides with stress, which is assigned within a final bisyllabic window,
on the basis of syllable weight. Pp shows a strong preference for rhythmically
alternating HL sequences, as can be seen in words of sufficient length. Both weight
and rhythm are typical properties of stress systems, not of tone systems. These
properties are also evident in the treatment of toneless function words which consist
of a single light syllable, and which receive a contextually assigned tone contrasting
with an adjacent tone. So far, it seems as if tone is a signal of stress.
There is, however, one class of forms which shows deviant behaviour, namely
verbs. Pp verbs normally end in a light syllable, and invariably receive a single High
tone which is aligned with the right edge of the word, thus assigned to the final light
syllable. This is also the only class of words where tone and stress do not always
coincide: thanks to its trochaic foot structure, bisyllabic verbs receive penultimate
stress, while a High tone is assigned to the final syllable. We also do not see the
rhythmic alternation which is evident in other word classes: verbs have a single High
tone, irrespective of length.
In sum, Pp operates two different types of prosodic systems: one for verbs
which is independent of stress, one for all other content words which is dependent
on stress and foot-based; toneless function words are incorporated into tonal
domains, which coincide with foot construction, hence displaying the rhythmic
pattern of non-verbs. Thus, this paper reveals that Pp prosody conforms to Hyman’s
(2009) claim that pitch-accent languages produce “mixed,” “ambiguous” and
sometimes “analytically indeterminate” systems.
36
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
L
JOHN M. LIPSKI (UNIVERSIDADE DA PENSYLVANIA)
[email protected]
Mapping the Psycholinguistic Boundaries Between Spanish and Palenquero:
How Many “Grammars” per “Language”?
There is no widely accepted consensus on the degree of morphosyntactic
similarity between genealogically related and partially cognate systems that marks
the psycholinguistic threshold of identification as distinct languages, as opposed to
dialects of a single language. One possible testing ground involves creoles in contact
with their historical lexifiers. The present study presents data from Palenquero,
spoken in San Basilio de Palenque (Colombia), which has been in contact with its
principal lexifier, Spanish since the late 17th century. The Palenquero language, known
locally as Lengua ri Palengue (LP), exhibits a number of key grammatical features
found in no variety of Spanish. Mutual intelligibility between Spanish and LP is in
general quite low; monolingual Spanish speakers may recognize individual words in
LP, but cannot accurately parse LP syntactic structures, which include: absence of
grammatical gender, marking of nominal plural with the preposed particle ma rather
than the (multiply-agreeing) suffix /-s/, invariant verbs with preverbal tense-moodaspect particles, negation by clause-final nu, absence of definite articles, a single set
of obligatorily overt pronouns (all different from Spanish), marking possession by
postposing the possessor, postposed disjunctive object pronouns as opposed to
preverbal object clitics in Spanish. Most of the differences between Spanish and LP
are categorical and binary; it is therefore not unreasonable to assume that
Palenqueros psycholinguistically partition Spanish and LP according to such
parameters, that they are able to identify given configurations as belonging to either
Spanish or LP, and that utterances containing both quintessentially LP and uniquely
Spanish structures will be acknowledged as mixed. Palenqueros do not exhibit a
“post-creole continuum,” i.e. a systematic cline of intermediate variants spanning
the linguistic distance between the creole language and its lexifier language. These
37
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
facts notwithstanding, linguists who have studied contemporary LP have noted the
frequent introduction of indisputably Spanish elements, ranging from individual items
such as conjugated verbs or preverbal clitics to more complex morphosyntactic
constructions. Opinions as to the nature of this apparent mixing—rarely substantiated
by empirical data—include decreolization, language attrition, code-switching,
interference from Spanish, performance errors, and the possibility that such
configurations have been an integral part of LP since its origins. Equally difficult to
extract from available studies are Palenqueros’ notions of “canonical” LP as well as
their awareness of putative deviations from any loci of inter-speaker acceptance.
The present study is based on experiments conducted in San Basilio de Palenque,
using stimuli (extracted from natural speech) entirely in Spanish, entirely in LP, and
containing what might be considered Spanish-LP morphosyntactic mixing. In the
first experiment respondents were asked to classify stimuli as Spanish, LP or mixed.
All-Spanish and all-LP utterances were almost always identified accurately but there
was considerable diversity in reactions to putatively mixed stimuli. Responses were
subjected to a variationist analysis to determine the factors that influence language
classification. In a second experiment the same participants close-shadowed allSpanish, all-LP, and nominally mixed stimuli. Previous work has shown that in sentence
repetition tasks, respondents’ errors frequently reflect their own grammars, i.e. what
they WOULD HAVE SAID instead of what was actually said. No language switches or other
grammatical alterations were made for all-Spanish and all-LP stimuli, but there were
numerous spontaneous “corrections” of mixed utterances, almost always resulting
in all-LP combinations. There was also a strong correlation between “mixed”
judgments and spontaneous correction by the same respondents during shadowing.
The overall results suggest that code-switching as commonly defined is not explicitly
accepted by Palenqueros. They also demonstrate an asymmetry between perception
and production: “grammars” and “languages” are not psycholinguistically
coterminous for LP-Spanish bilinguals. Despite apparently clear-cut distinctions
between Spanish and LP, grammatically-defined boundaries have been partially
supplanted by a more amorphous duality based on a combination of key lexical items,
phonotactic profiles, and acknowledgment of known speakers as “true” Palenqueros.
The linguistic situation of San Basilio de Palenque demonstrates the challenges for
scholars and teachers seeking to define and delimit bilingualism in the absence of
community-wide literacy, accepted canonical standards, and a rapidly evolving
metalinguistic awareness.
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
P
EDENIZE PONZO PERES (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO)
[email protected]
A Diversidade Linguística no Espírito Santo, Brasil
O Espírito Santo, especialmente a partir da segunda metade do século XIX,
contou com uma intensa imigração, sobretudo de europeus, que deixaram sua terra e
sua gente devido à grave crise econômica pela qual passava a Europa. Os italianos
vieram em maior número, seguidos dos alemães, pomeranos, portugueses, espanhóis,
holandeses, suíços, tiroleses etc. Esses imigrantes se tornaram muito importantes para
o estado do Espírito Santo, tanto para a sua economia quanto para a sua cultura. A
imigração europeia foi tema de estudos em diversos campos do conhecimento, como
a história, a geografia, a sociologia etc. Com respeito à linguagem, porém, ainda há
poucas pesquisas concluídas ou em andamento sobre o assunto. O Atlas Linguístico
do Espírito Santo, levado a cabo pela Dra. Catarina Vaz Rodrigues, da Ufes, além de
alguns Trabalhos de Conclusão de Curso e de Pesquisas de Iniciação Científica sobre o
alemão, o dialeto vêneto e o pomerano, são as exceções. Dessa forma, esta comunicação tem por objetivo apresentar os resultados de investigações do Grupo de Pesquisa
intitulado Línguas em contato: o italiano e o português no Espírito Santo, por nós
coordenado, o qual busca descrever as consequências sociais e linguísticas – nos níveis fonético-fonológico, morfossintático e semântico – do contato entre a língua majoritária e os dialetos falados pelos imigrantes italianos. Primeiramente, procuramos
analisar os aspectos sociolinguísticos desse contato, bem como a manutenção ou o
desaparecimento da língua de imigração. Também buscamos detectar os traços fonético-fonológicos do dialeto vêneto presentes no português falado atualmente pelos
descendentes de imigrantes italianos. Ademais, pretendemos apresentar os resultados de outras pesquisas sociolinguísticas: 1) sobre o português falado em uma comunidade quilombola situada na região da Grande Vitória - a análise variacionista da
concordância verbal realizada por crianças e adolescentes dessa comunidade; 2) sobre as línguas holandesa e pomerana no estado: as razões sociais que levaram os
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
imigrantes holandeses a trocar sua língua materna por outras e o grau de vitalidade
do holandês atualmente, bem como a análise social das comunidades que ainda têm
o pomerano como língua materna e os motivos de sua manutenção até hoje. Por
meio dessas explanações e análises, desejamos traçar um perfil da diversidade
linguística no Espírito Santo e expor os caminhos sociolinguísticos percorridos pelas
línguas em contato no estado.
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Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
W
DONALD WINFORD (UNIVERSIDADE DO ESTADO DE OHIO)
[email protected]
Creole Formation, Second Language Acquisition, and Language Processing: A
Look at the Issues
There is a growing consensus among creolists that creole formation represents
a type of naturalistic second language acquisition (SLA) that shares much in common
with other types of SLA, though there are differences as well. On the one hand,
there is strong evidence that the early stages of creole formation and SLA share
processes of simplification and other kinds of restructuring, to the point that “the
early L2 learner and the early creole co-creator are cognitively and epistemologically
indistinguishable” (Sprouse 2006). Researchers also agree that L1 transfer plays some
role in both cases. On the other hand, the developmental paths taken by creoles
diverge to varying degrees from those taken by developing L2 systems. Creolists
explain such divergence in terms of (a) the fossilization of simplified structure in
creoles and (b) the pervasiveness and persistence of L1 transfer in creoles by contrast
with L2 development (Kouwenberg 2006). Research into these aspects of creole
formation has focused chiefly on linguistic processes of simplification and substrate
influence. More recently, however, creolists have begun exploring creole formation
in terms of language processing, and drawing parallels with processing in SLA (Plag
2008a, b; Winford 2008). In this paper, I explore some of the ways in which
psycholinguistic models of language production can shed light on the restructuring
of creole grammars, and how that process differs from the restructuring of
interlanguage (IL) systems in more usual cases of SLA. I focus particularly on the role
of L1 transfer in both kinds of language acquisition, and I suggest that there is a
fundamental split between (radical) creole formation and IL development with regard
to how L1 transfer operates at the levels of morphological and syntactic processing.
Hence, I argue, Pienemann’s (2005:143) claim that L1 transfer is developmentally
moderated and will occur only when the structure to be transferred is processable
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
within the developing L2 system” seems misplaced when applied to radical creole
formation, since the restructuring of such systems involves radically different kinds
of input as well as processes of restructuring. I support this with evidence from the
development of functional categories and syntactic phenomena such as
complementation in creoles. A final question that arises is whether creoles that are
structurally closer to their lexifiers follow developmental paths more similar to those
of IL development than to radical creole formation.
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Universidade de São Paulo
RESUMO DAS
COMUNICAÇÕES
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
RESUMO DAS COMUNICAÇÕES
(em ordem alfabética)
A
DAVI BORGES DE ALBUQUERQUE (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA/UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE)
email: [email protected]
Alguns traços de crioulos portugueses asiáticos no Português de Timor-Leste
A variedade da língua portuguesa falada em Timor-Leste até tempos recentes não havia despertado interesse dos pesquisadores. A primeira referência ao português falado em Timor-Leste data somente do início do século XX, com a publicação da obra clássica do filólogo português José Leite de Vasconcelos: Esquisse d’une
dialectologie portugaise (1901). No decorrer deste mesmo século, poucos foram os
trabalhos que procuraram analisar essa variedade do português e, ainda, no escasso número de publicações existentes é possível verificar uma clara confusão entre a
variedade do português falada em Timor, chamada aqui somente de Português de
Timor-Leste (PTL), e o crioulo de base lexical portuguesa formado neste mesmo país,
especificamente em um bairro da capital, chamado de Bidau, daí o nome de Crioulo
Português de Bidau (CPB), conforme analisado por Baxter (1990). A distinção entre
a variedade da língua portuguesa e a variedade crioula veio somente a ser apontada
em Thomaz (1974, 1985). Nos últimos anos, alguns linguistas vêm se dedicando ao
estudo do PTL, apresentando trabalhos significativos como: Carvalho (2001), que
pesquisou a antroponímica leste-timorense (2001) e elaborou um corpus para o
estudo do léxico do PTL (Carvalho, 2002/2003); Brito (2002, 2004) elaborou uma
série de artigos sobre o PTL, abordando de maneira introdutória questões de
sociolinguística e política linguística; em Brito e Corte-Real (2002) há uma análise
das peculiaridades do PTL no nível fonético-fonológico; Albuquerque (2010) realizou um estudo introdutório sobre a prosódia do PTL, seguido por um panorama
linguístico do PTL (Albuquerque, 2011a) e uma análise léxico-semântica desta varie-
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
dade (Albuquerque, 2011b).
A presente comunicação identificará traços de crioulos portugueses asiáticos, entre eles: Crioulo Português de Malaca (CPMal) (Baxter, 1988), Crioulo Português de Macau (CPMac) (Batalha, 1958; Baxter, 2009), o Indo-português de Korlai
(Clements, 1996) e o Indo-português de Diu (Cardoso, 2009), existentes no PTL. Entre esses traços, destacam-se: na fonologia, as consoantes palatais realizadas como
seus correlatos alveolares; na morfossintaxe, o verbo ‘poder’ em sua forma pode,
funcionando como modal e sua negação como mpode, nupode; os verbos ‘ir’ e ‘vir’,
nas formas vai e vem, com funções de modo/aspecto e marcador de direção; a variação de forma do pronome de 3ª pessoa do singular e ~ el ~ ele; o verbo ter, na
forma tem, como verbo existencial; o lexema ‘gente’ empregado com função de
pronome indefinido ‘alguém’ e pronome pessoal ‘eu’; ‘já’ como marcador de aspecto perfectivo. O objetivo da identificação de características em comum entre crioulos portugueses asiáticos e o PTL é utilizá-las como evidências que corroborem para
uma hipótese sobre origem do PTL ter se dado a partir do CPB que ao conviver em
situações multilíngues com o português europeu assimilou diversos de seus elementos, juntamente com outras variedades crioulas que tiveram influência em Timor,
principalmente o CPMal e CPMac.
ANA LÍVIA AGOSTINHO (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO)
email: [email protected]
MANUELE BANDEIRA (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO)
email: [email protected]
SHIRLEY FREITAS (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO)
email: [email protected]
Adaptação de empréstimos no principense moderno
No presente estudo, serão investigados processos fonológicos de nativização/
adaptação do léxico recente no principense. O principense é uma língua crioula de base
portuguesa falada por cerca de 200 pessoas na Ilha do Príncipe, em São Tomé e Príncipe.
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
A situação do Príncipe é particular pelo convívio como membro minoritário
em um ambiente com falantes de outras línguas crioulas e pelo perigo de extinção
da língua. Uma das questões que surgem no processo de padronização dos crioulos
é a dificuldade de passar do crioulo para a língua lexificadora com competência em
ambas (Appel & Verhoeven: 1995), mas no caso do Príncipe o problema é justamente o oposto, já que praticamente todos os nativos falam português. Meyn (1983
apud Garrett 2008) questiona se aprender a língua dominante não-crioula não é
colocar a identidade cultural e histórica do falante do crioulo em perigo.
O termo nativização denota a adaptação de um item lexical, introduzido na
língua-alvo, L1, por falantes que têm acesso à língua emprestadora, L2 (Paradis &
Label: 1994) e é regida por restrições fonológicas de L1. O corpus deste trabalho é
formado por palavras incorporadas ao principense a partir da segunda metade do
século XX, tiradas do corpus de Agostinho (2011). A partir da análise dos dados,
constatou-se que o léxico estudado é nativizado segundo o padrão linguístico do
principense (Paradis & Label: 1994; Paradis: 1996; Kenstowicz: 2001; Kenstowicz &
Suchato: 2004)
Podemos observar os seguintes exemplos de nosso corpus:
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)
(7)
(8)
(9)
(10)
cultura > /kutwa/
cultural > /kuturali/
agricultura > /agikutwa/
governo > /govenu/
governar > /govena/
engenheiro > /injiew/
estrangeiro > /ƒtanjew/
financeiro > /finansew/
kilometro > /kilomêtu/
palestra > /palestra/
Podemos verificar que as palavras cultura em (1) e cultural em (2) não seguem o
mesmo padrão. Dessa forma, podemos observar que a palavra /sentwa/ ‘cintura’ (Maurer:
2009) que pertence ao vocabulário básico apresenta a adaptação /tura/à/twa/. Sendo
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
assim, podemos dizer que a adaptação /kuturali/ é mais recente e entrou já com o
sufixo diretamente do português. Já a palavra em (3) segue este padrão.
Segundo Agostinho (inédito), o único elemento que pode aparecer em coda é
o traço [+nasal]. Em (4) e (5) podemos observar a queda da coda da sílaba no processo
de nativização. Em (6), (7) e (8) podemos observar que /ejru/ passa para /ew/, ocorrendo a queda do glide e da consoante e a ditongação consequente da ressilabifição.
Em (9) e (10) a segunda consoante que ocorre no onset complexo cai. Esse fenômeno é muito comum, mas é possível encontrar palavras com os seguintes onsets complexos /tr/, /pr/ e /bl/, mas todos em palavras de origem portuguesa (Agostinho: inédito).
(1) [Çtri”ta]
(2) [treÇze”tu]
(3) [traÇvã]
(4) [Çprimu]
(5) [Çpro”tu]
(6) [poÇblema]
‘trinta’
‘trezentos’
‘travar’
‘primo’
‘pronto’
‘problema’
Desta forma, este trabalho reafirma que a nativização de palavras de origem
estrangeira é um locus privilegiado para a observação do funcionamento do sistema
linguístico da língua receptora (Calabrese & Wetzels: 2009).
TÂNIA ALKMIM (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS)
email: [email protected]
LAURA ÁLVAREZ LÓPEZ (STOCKHOLMS UNIVERSITET)
email: [email protected]
A fala de africanos e os seus descendentes no Brasil: representações orais e escritas
Este trabalho correlaciona representações orais e escritas da fala de africanos e os seus descendentes no Brasil a partir de uma perspectiva histórica. Por um
lado, analisamos a fala dos pretos-velhos (espíritos de velhos escravos africanos que
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
se manifestam durante o transe de possessão na Umbanda), representada oralmente durante cerimônias religiosas, e pelo outro, as representações escritas da fala de
Pai João, o personagem central de um ciclo de histórias, contos, versos e cantigas
(estas últimas denominadas lundus) coletadas por folcloristas a partir do final do
século XIX. Ao representarem a memória da escravidão, estes personagens revelam
um comportamento linguístico associado a essa condição: uma fala como deveria
ser a fala de um velho escravo africano, caracterizada por um conjunto de traços
linguísticos que a afastam da norma local.
Com relação ao Pai João, valemo-nos das obras dos seguintes estudiosos ou
folcloristas, que registraram histórias, versos e cantigas (os lundus): Sílvio Romero
(1885), José Rodrigues de Carvalho (1903), Julia de Brito Mendes (1911, em Ramos
1935: 247-49), Afonso Arino (1921), Mário de Andrade (1934), Théo Brandão (1949),
Antônio Gomes (1951), Abelardo Duarte (1957) e Maria de Lourdes Ribeiro (1968/
1888). Quanto aos pretos-velhos, utilizamos os pontos, isto é cantos rituais, dedicados a esses espíritos, reproduzidos em publicações das editoras Eco e Espiritualista,
reconhecidamente voltadas para as tradições afro-brasileiras e dirigidas a um público constituído dos próprios praticantes da religião (3000 pontos riscados e cantados
na Umbanda e no Candomblé, 1974; Zespo (org.) Pontos cantados e riscados da
Umbanda 1951; Mandarino (org.) O rosário dos Pretos Velhos 1967). Além disso,
valemo-nos de gravações e observações feitas em um terreiro de Umbanda onde
coletamos dados da fala de um preto-velho chamado Pai João.
Existe, na linguagem analisada, uma série de características que coincidem
com os traços encontrados em normas vernáculas brasileiras. Ao lado desse tipo de
marcas, associadas a grupos sociais e regionais de pouco prestígio na sociedade,
aparecem também traços linguísticos que, claramente, sinalizam uma “fala de estrangeiro” – e que coincidem, em parte, com os traços encontrados em comunidades rurais afro-brasileiras isoladas (Lucchesi et al. 2009).
Discutem-se, no presente trabalho, os fenômenos que se destacam ao aparecerem unicamente na fala de africanos e seus descendentes: a concordância variável sujeito/verbo; a concordância variável de gênero; a ausência de artigo; o uso
da partícula zi/ji e o uso do próprio nome em lugar do pronome pessoal eu na situação de interação verbal.
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Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
A convergência das representações analisadas no que diz respeito às características presentes em variedades linguísticas vernáculas de comunidades
afrodescendentes justifica o uso das mesmas como registros da linguagem das personagens ou “tipos sociais” em questão (e do grupo que estes representam). De
fato, existem representações orais que coincidem com representações escritas em
diferentes épocas por diversos autores em diferentes regiões geográficas. Portanto,
tudo indica que, em algum momento, os traços linguísticos representados foram
característicos da linguagem de falantes de línguas africanas que aprendiam o português de forma espontânea como segunda língua (cf. Lipski 2005).
EDIVALDA ARAÚJO (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA)
email: [email protected]
Do tópico nulo ao sujeito preenchido: caminhos de um contato linguístico
A realização de sujeitos preenchidos é uma característica que predomina nas
línguas crioulas ou de base crioula, como indica Lipski (1999). Este autor, entretanto, em suas análises, encontrou nos crioulos derivados de línguas românicas um
tipo de sujeito nulo comum a todos eles que não se comporta sintaticamente como
um sujeito nulo típico das línguas de sujeito nulo, um pro referencial, pragmaticamente ligado às informações discursivas contextuais. Esse fato também foi encontrando nos corpora selecionados para análise neste trabalho, que faz parte do projeto de pesquisa O Tópico em Questão no Português Brasileiro (UFBA). Os corpora
são compostos de atas escritas por africanos, do século XIX, e de dados de oralidade
do português afro-rural das comunidades do Projeto Vertentes (UFBA), do século
XX, com informantes acima de 70 anos. Em duas análises anteriores, foram
identificadas construções de sujeito nulo nos moldes apresentados por Lipski (1999),
apesar das diferenças entre a modalidade de produção dos corpora. As atas escritas
no século XIX apresentam realizações de verbos sem argumentos expressos, o que
levou à identificação de tópicos nulos (cf. Araújo, 2009, 2011). Tal fato também foi
encontrado na fala de pessoas mais velhas de comunidades remanescentes de
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
quilombolas (cf. Araujo, 2011), o que levou à confirmação de produção de tópicos
nulos por africanos e seus descendentes, embora tais construções de tópico não
fossem licenciadas pela gramática do português do século XIX. Continuando os estudos envolvendo a identificação do tópico nulo, chegou-se à geração mais nova
dessas comunidades de fala. A hipótese que norteia tal comparação baseia-se na
seguinte premissa: os africanos no século XIX, em função da aprendizagem truncada
da língua portuguesa, em seu processo de produção linguística exibiam marcas sintáticas não só de sua língua materna mas também inferências acerca de construções sintáticas naquela língua. Tal conhecimento foi transmitido aos seus descendentes no início do século XX, que, em consequência, apresentariam quase as mesmas características linguísticas. Com o passar do tempo, as gerações mais novas
implementam o quadro sintático da língua base, a portuguesa, modificando-o ou
reanalisando-o. Em termos objetivos, isso significa que as construções de sujeito
nulo licenciadas por um tópico nulo, encontradas tanto nas atas escritas quanto na
fala de pessoas de faixa etária avançada das comunidades em análise, revelam interferências sintáticas da língua materna dos africanos na língua portuguesa provenientes do contato linguístico entre essas duas línguas. Em contrapartida, a geração
mais nova desse grupo tenderá ou a fixar essa interferência ou a modificar a estrutura sintática, construindo um novo parâmetro (cf. Lightfoot). A análise comparativa, mesmo envolvendo corpora distintos, revela a reanálise na estrutura da língua
portuguesa em função desse contato linguístico e da transmissão linguística irregular (cf. Lucchesi e Baxter, 2009). Ou seja, as construções de sujeito nulo licenciadas
por um tópico nulo, identificadas no século XIX e inicio do século XX, dão lugar a
construções com preenchimento do sujeito a partir de meados do século XX, tornando-se populares no português brasileiro.
SILVANA SILVA DE FARIAS ARAÚJO (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA)
email: [email protected]
O continuum de normas linguísticas no português falado em Feira de Santana-Ba
Diversos estudos realizados sobre a variação da concordância verbal de nú-
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
mero no português brasileiro já revelaram a existência de um continuum de normas
linguísticas, em que, nos polos, estão o português culto e o popular (cf. Graciosa,
1991; Vieira, 1995; Scherre e Naro, 1997; Monguilhott, 2001, 2009; Lucchesi, Baxter
e Silva, 2009, entre outros). Sobre essa bipolarização de normas, vide a proposta
para a descrição da realidade sociolinguística brasileira defendida por Lucchesi (1994,
2001), sustenta-se, neste trabalho, a hipótese de que a sócio-história do português
brasileiro foi determinante para tal. Com este estudo, analisa-se como se encontram, na comunidade de fala de Feira de Santana-Ba, o entrecruzar-se de normas,
acelerado no Brasil a partir da década de 1940. Acredita-se que a análise da influência de variáveis linguísticas e socioculturais possibilita que se averigúe se a realidade
sociolinguística brasileira ainda se apresenta constituída em dois subsistemas distintos – o das normas cultas e o das populares – ou se está em processo de aproximação desses subsistemas. Nesse sentido, investiga-se, por meio de uma análise
variacionista laboviana da concordância verbal com a primeira e a terceira pessoa
do plural, o perfil sociolinguístico da cidade de Feira de Santana-Ba, partindo-se do
entendimento de que a utilização de uma amostra heterogênea (dados de informantes com diferentes níveis de escolaridade), coletados numa cidade marcada por
tardios e acelerados processos de urbanização e escolarização, possibilita identificar o nível em que se encontra esse entrecruzar-se de normas na área estudada.
Constatou-se que, não obstante a presença de diferenças marcantes nas normas
investigadas, algumas semelhanças podem ser observadas, a exemplo do uso da
variante zero nos contextos menos salientes com a terceira pessoa do plural. No
que tange ao trabalho empírico, foi pesquisada a influência dos fatores sociais faixa
etária, escolaridade e sexo e dos estruturais saliência fônica, posição do sujeito e
paralelismo formal. Foram utilizados dados linguísticos levantados em trinta e seis
entrevistas sociolinguísticas pertencentes ao acervo do Projeto A língua Portuguesa
do Semiárido Baiano - fase 3, sediado no Núcleo de Estudos da Língua Portuguesa
da Universidade Estadual de Feira de Santana, além de terem sido também considerados dados sócio-históricos e demográficos da comunidade de fala pesquisada.
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
JUANITO ORNELAS DE AVELAR (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS)
email: [email protected]
A complementação de verbos direcionais no português brasileiro e no português
moçambicano: contato, mudança e variação
Este estudo compara a complementação de verbos direcionais no português
brasileiro (PB) e no português moçambicano (PM), focalizando a ocorrência das preposições em e a. Tanto no PB quanto no PM, em contraste com o português europeu (PE), em é usual junto a complementos direcionais (como em Vou no cinema vs.
Vou ao cinema). No PM, contudo, complementos direcionais dispensam a preposição (como em Fomos jardim vs Fomos no/ao jardim), contrastando tanto com o PB
quanto com o PE. Segundo Gonçalves (2010), as duas particularidades atestadas no
PM resultam do aprendizado do português por falantes de línguas bantas, com propriedades dessas línguas sendo transpostas para o português adquirido como L2.
Explorando pressupostos minimalistas (Chomsky 1995-2008), este trabalho
sugere que, no PB, a introdução de complementos direcionais pela preposição a
caracteriza o que se convencionou chamar de dummy preposition (ou seja, preposição que não apresenta projeção na computação sintática). Isso significa que, da
perspectiva sintática, o PB se iguala ao PM quanto ao licenciamento de complementos direcionais sem preposição; a diferença entre as duas variedades está no fato de
que, ao contrário do PM, o PB insere um morfema dissociado (a preposição a) junto
a complementos sintaticamente desprovidos de preposição. Um dos pontos em favor dessa hipótese está relacionado à ocorrência de dêiticos do tipo aqui, ali e lá: no
PB, esses dêiticos causam estranhamento quando antecedem complementos introduzidos por a, ao contrário dos casos com em (Fui lá na universidade vs. *Fui lá à
universidade). Esse contraste pode ser atribuído ao fato de a não dispor, nos complementos direcionais do PB, de uma projeção para hospedar o dêitico, uma vez
que só é inserida no componente morfo-fonológico; já em dispõe dessa projeção,
podendo por isso hospedar o dêitico. No PE, em oposição ao PB, dêiticos são usuais
junto à a, o que revela uma diferença entre as duas variedades quanto ao estatuto
dessa preposição.
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
Frente a essa hipótese, uma das questões é saber se, como proposto por
Gonçalves para o PM, a emergência de em nos complementos direcionais do PB
pode ser atribuída a situações de contato. Cabe também indagar por que o PB, ao
contrário do PM, introduz o item a nos casos em que o complemento não dispõe de
projeção preposicional. A esse respeito, o trabalho seguirá Avelar, Cyrino & Galves
(2009), sugerindo que a mudança relevante no PB resulta do contato do português
com línguas africanas; contudo, ao contrário do que ocorre em Moçambique, a constituição e difusão do vernáculo brasileiro, historicamente afetada por um processo
de transmissão linguística irregular (Lucchesi, Baxter & Ribeiro 2010), foram marcadas
pela presença constante e regular de dados produzidos por falantes portugueses no
input para a aquisição da língua. Essa presença garantiu uma “sobrevida” à preposição a, que, sem lugar na computação sintática dos complementos direcionais, tem
seu uso cada vez mais restrito a contextos de interlocução formal, ao contrário de
em, que se firmou sintaticamente como a preposição canônica na introdução desses complementos.
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
B
MARLYSE BAPTISTA (UNIVERSITY OF MICHIGAN)
email: [email protected]
Traces of contact in creole genesis: Accounting for variation in a complex creole
continuum
This presentation focuses on the two most distinct varieties of Cape Verdean
Creole spoken on the islands of Santiago and São Vicente. These two varieties are
consistently viewed as being in opposition to each other on historical, linguistic,
political and cultural grounds. Historically, the two islands of Santiago and São Vicente
were settled during different centuries (15th and 18th, respectively), hence by different
source populations.
Linguistically, for the past 120 years (de Paula Brito, 1888), the two
language varieties have been traditionally described as being at opposite ends
of the creole continuum and display dramatically distinct properties in a number
of grammatical domains.
For the sake of this presentation and for reasons we discuss below, the two
core domains that are examined are gender agreement and specific markers
conveying Tense, Modality and Aspect (henceforth, TMA) (see Bangura et al., in
preparation; Brown, in preparation).
The main objective of this paper is to account for the linguistic variation
observable between Santiago and São Vicente by tracing back some of the linguistic
features to specific source languages or founding populations. In this paper, we
focus on the founding settlers of Santiago. On this topic, according to Mufwene
(1996), the goal of the Founder Principle is to “explain how structural features of
creoles have been predetermined to a large extent (but not exclusively) by the
characteristics of the vernaculars spoken by the populations that founded the colonies
in which they developed.” This principle, if valid, gives us good grounds for examining
the impact of the language variety(ies) spoken by the original settlers. Based on the
assumption that the first European settlers came from Portugal and from Madeira
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Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
(Andrade,1996; Barros,1944; Carreira, 1972), we elaborate on the exact identity of
these Portuguese and the language they spoke. We show that this information
obviously has some bearing on the linguistic properties observed in Santiago. On
this issue, we support the claims by Serels (1997), Green (2006) and Jacobs (2009)
that Sephardic Jews contributed in major ways to the development of Cape Verdean
society in its early years. In addition, we highlight that Sephardic Jews who fled both
Spain and Portugal took refuge in the city of Ribeira Grande, Santiago in the late
1400s and emphasize, in accord with Green (2006) and Jacobs (2009), the importance
of these speakers to the genesis of the Santiago variety of Cape Verdean Creole. We
specifically argue in this paper that the traces of 15th/16th century Portuguese (possibly
mixed with Ladino) may be detectable to this day in Santiago in the areas of gender
agreement and the domain of TMA markers, distinct from their São Vicente
counterparts. We chose gender agreement because it offers a yardstick to measure
superstratal influences and the position of a variety on the creole continuum. We
chose TMA markers because they have traditionally been a domain where linguists
can detect more readily traces of source languages (substratal or superstratal). This
comparative study shows that in these two areas, the variety of Santiago actually
behaves more like an acrolect (also see Brown, in preparation), simply because it
reflects the variety(ies) of Portuguese spoken by the original settlers. Based on these
findings, we offer to redefine the concept of basilect.
ANGELA BARTENS (UNIVERSITY OF TURKU/UNIVERSITY OF HELSINKI)
emails: [email protected] / [email protected]
Una Comparación de Algunas Estructuras de la Morfosintaxis del Español
Ecuatoguineano con el Portugués Angoleño
En nuestra presentación pretendemos hacer una comparación del español
ecuatoguineano (EG) con el portugués angoleño (PA). Nuestro objetivo es encontrar
estructuras que el EG y el PA tengan en común y que los diferencien de las variantes
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Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
peninsulares estándares, el español peninsular (EP) y el portugués peninsular (PP),
respectivamente. No nos ocuparemos en detalle de la colonización lingüística de los
dos países ni de la situación sociolingüística actual. Sin embargo, quisiéramos llamar
la atención sobre el hecho de que en ambos casos la difusión de las lenguas
iberorrománicas ocurrió muy tardíamente, de manera efectiva durante la segunda
mitad del siglo XIX en el caso de Guinea Ecuatorial y durante el siglo XX en el de
Angola, lo que todavía se refleja en las variantes lingüísticas nacionales.
El nivel de la estructura lingüística que hemos escogido para nuestro análisis
es el nivel morfosintáctico por ser de particular interés, en nuestra opinión, ya que
es en este nivel donde las lenguas introducidas por los colonizadores presentan mucha
divergencia estructural comparadas con las lenguas autóctonas, lo que permite un
análisis en el marco de la teoría de las lenguas en contacto, desarrollado en las últimas décadas por Thomason y Kaufman (1988), Thomason (2000), Myers-Scotton
(2002), Winford (2003), entre otros.
Aunque sea de igual importancia destacar las divergencias morfosintácticas,
en este trabajo nos centraremos en el escrutinio de los paralelismos que encontramos entre el EG y el PA que, a su vez, son ajenos al EP y al PP. Nuestra hipótesis es
que detrás de los paralelismos se encuentren casos de interferencia lingüística.
Plantear una posible influencia de las lenguas autóctonas de Guinea Ecuatorial y de
Angola en la lengua iberorrománica hablada en cada país requiere obviamente una
breve presentación de las principales lenguas que hayan podido influir en la
constitución del EG y del PA. A continuación, pasaremos a presentar los rasgos
morfosintácticos que hallamos en las descripciones existentes de ambas variedades, así como en nuestras notas de trabajo de campo en Guinea Ecuatorial,
buscándoles estructuras paralelas posibles en las lenguas autóctonas que llamaremos
“lenguas de adstrato” por seguir coexistiendo e influyendo en las lenguas
iberorrománicas que son lenguas oficiales en sus respectivos países.
Mientras que p.ej. Casado-Fresnillo y Quilis (1995) y Lipski (1985) han
estudiado la morfosintaxis del EG y Endruschat y Huth (1993) e Inverno (2009) la del
PA, el único estudio comparativo de que tenemos conocimiento es Bartens (2007).
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Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
ALAN N. BAXTER (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA)
email: [email protected]
Are there ‘short’ and ‘long’ forms of verbs in Malacca Creole Portuguese (MCP)?
In MCP, some disyllabic verbs, such as pódi <Ptg. pode ‘3SG can’ (and
influenced by sundry root-stressed forms in the paradigm of Ptg. poder) are stressed
on the penultimate syllable. However, other disyllabic verbs display variation, with
stress either on the penultimate or the final syllable. Baxter (1988:40) ventured that
this tendency in modern MCP was related to the immediacy of the next tonic stress
after the verb, as in:
(a)
(b)
éli
ta
bébe súra
3SG -P
drink toddy
‘He is drinking toddy’
éli
ta
bebé na
butíka
3SG -P
drink LOC shop
‘He is drinking at the shop’
Nevertheless, until now, a detailed study of this phenomenon in MCP has not
been entertained.
Corne (1981), DeGraff (2001), Syea (1992), and Veenstra (2003), working on
French-lexified creoles (CF), identified verbs having a short form (e.g. Haitian mäz
‘eat’) and a long form (e.g. Haitian mäze ‘eat’). In some varieties of CF, this alternation
reflects clause structure. Recent work on Mauritian Creole by Becker & Veenstra
(2003) and Veenstra (2009) points to the role of learner strategies in the acquisition
of Portuguese L2 in early contact, and the interplay of these with substrate or
developmental mechanisms subsequent to target shift in the creolizing situation.
Some French creoles assign distinct functions to the variants that originated in early
L2 acquisition prior to target shift, whereas others have simply eliminated the
variation. On the other hand, Becker & Veenstra (2003) also point out that in one
instance, that of Lousianna Creole, long and short verbs appear to have been acquired
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Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
through renewed contact with the lexifier in the 19thC.
What is the situation in MCP? Is variable verb stress a sentence-level phonetic
phenomenon, or is it deeper seated in the grammar of MCP? The present paper
considers the results of an analysis of variable stress assignment on disyllabic verbs
in MCP, in data from traditional oral stories. Adopting the experimental assumption
that the two stress patterns are variants of a single variable, a pilot study was
conducted within the variationist paradigm (Labov 1972;Bayley 2004) to consider
the relative effect of several hypotheses stemming from the work of the
abovementioned research on long and short verbs in CF. The hypotheses examined
include the phonetic environment following the verb (following vowel/consonant/
pause), the position of tonic stress in material following the verb, the form of the VP,
the syntactic-semantic class of verb, tense and aspect, and questions of clause
structure. Initial results of this ongoing research yield traces of a tendency for a
long/short verb form-function distinction, relating to the position of the verb in the
clause, the structure of the VP, tense-aspect factors, and the phonetic context
following the verb-final syllable. The profile of this variation has complex origins
related to different stages of L2 acquisition of Portuguese in the history of the creole
and also from the influence of local Malay. The paper contributes to linguistic research
on the development of the verb in Romance-lexified creoles.
NOËL BERNARD BIAGUI (LLACAN-INALCO/UNIVERSITÉ DE DAKAR)
email: [email protected]
NICOLAS QUINT (LLACAN-CNRS/INALCO)
email: [email protected]
Les Idéophones en Créole Casamançais et dans les autres créoles apparentés
La communication proposée porte sur les adverbes idéophoniques du créole
afro-portugais de Casamance (Sénégal). Bien que la plus grande partie de son lexique
soit d’origine romane (portugais), le créole casamançais a une série d’adverbes
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
d’origine non-romane qui intensifient spécifiquement une notion adjectivale ou
verbale donnée:
Exemples: À partir d’une notion adjectivale
forti /’forti/aigre >
seku /’seku/sec
>
pretu /’pretu/ noir >
forti baw
h
seku koh
pretu nok
/’forti baw/ complètement aigre
/’seku koh/ complètement sec
/’pretu nok/ complètement noir
Exemples: À partir d’une notion verbale
kabá /ka’ba/ finir
>
yiñcí /ji’øcí/ remplir >
mojá /moïa/ mouiller >
kabá fep /ka’ba fep/
yiñcí kuh
h /ji’øci kuú/
mojá yop /mo’ïa jop/
finir complètement
remplir complètement
mouiller complètement
À ce jour, je dispose de plus de 60 formes adverbiales intensives de ce genre
collectées auprès de créolophones de langue maternelle en Casamance. Il s’agit à
ma connaissance du corpus le plus important d’adverbes idéophoniques collecté à
ce jour pour un créole afro-portugais d’Afrique de l’Ouest (pour le bisséen, cf. Couto
(1994:103), Mbodj (1984:58), Rougé (1988:28) et Scantamburlo (1999:189-191)).
Cette présentation comptera trois parties :
1- tout d’abord je ferai le point le point de manière aussi détaillée que possible
sur le fonctionnement morpho-syntaxique de ces adverbes idéophoniques
(reduplication, place par rapport à l’élément intensifié, type d’éléments à intensifier,
sémantisme…);
2- ensuite, j’analyserai la syntaxe de ces adverbes idéophoniques et le rapport
entre le radical de l’idéophone et celui de l’item intensifié;
3- enfin, je donnerai une ouverture comparative à ma présentation en
soulignant les points communs et les différences qui existent entre le créole
casamançais, le créole de Guinée-Bissao et le capverdien dans le domaine des
idéophones.
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Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
La communication ici présentée se veut une contribution à la description du
Créole afro-portugais Casamançais (C.C), variété dont les caractéristiques
linguistiques sont encore peu connues de la communauté scientifique.
LILIAN DO ROCIO BORBA (PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS)
email: [email protected]
Artigos de Cândido da Fonseca Galvão: fontes escritas para história do
português brasileiro
Este trabalho faz parte da pesquisa linguística que desenvolvo sobre os escritos de Cândido da Fonseca Galvão (1845 -1890), o Dom Obá, brasileiro de primeira
geração, filho de africano forro. Alfabetizado, Cândido da Fonseca Galvão publicou
diversos artigos em colunas pagas de jornais do Rio de Janeiro no final do século
XIX.(Silva, 2001) Nessas colunas de jornal, seus interlocutores não eram apenas os
leitores comuns dos periódicos. Frequentemente, Dom Obá explicitava alguns de
seus, digamos, ‘interlocutores preferenciais’. Em um dos artigos que analisamos,
por exemplo, o interlocutor é Conde d’Eu, o marido da princesa Izabel, filha de D
Pedro II. O fato de selecionar, nomear alguns de seus interlocutores e de veicular
em suas publicações pedidos, defender-se de calúnias recebidas, permite caracterizar algumas de suas colunas como ‘conversas ou diálogos públicos’. Sendo assim,
seus textos constituem uma rara e rica fonte de dados relativos à escrita de
afrodescendentes em fins do século XIX, no contexto da abolição. Como destacam
Oliveira e Lobo (2009), “nas investigações sobre a história e a cultura escrita no
Brasil, um campo de estudos ainda por explorar é o dos caminhos trilhados por
negros livres e libertos, integrantes de grupos sociais subalternos.” Tomando como
objeto de análise artigos de Dom Obá publicados no Jornal do Commercio entre os
anos de 1882 e 1886, um dos objetivos de nosso estudo é identificar e analisar
características morfossintáticas da escrita desse importante personagem histórico.
Além disso, procuramos refletir sobre a apropriação da língua escrita por esse indi-
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
víduo que em seus textos manipula fórmulas de tradição oral, citações em latim e
alguns vocábulos de suposta origem africana. Para tal discussão, baseamo-nos em
Labov (1964), para quem os usos linguísticos são uma forma de comportamento
social porque as variedades (as formas linguísticas) são revestidas de valor simbólico. Considerando as questões acima propostas, nossa pesquisa busca contribuir com
os estudos sobre fontes escritas para a história do português do século XIX.
ELIZANA SCHAFFEL BREMENKAMP (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO)
email: [email protected]
A língua holandesa no Espírito Santo: análise sociolinguística do seu
desaparecimento
O intenso fluxo de imigração do século XIX possibilitou, ao estado do Espírito
Santo, receber milhares de imigrantes de diferentes nacionalidades, principalmente
europeias. Essa situação trouxe consigo a diversidade linguística ao estado. Os holandeses estavam entre esse grupo de imigrantes, somando 323 pessoas (APEES,
2010). Eles enfrentaram a miséria e a discriminação, tanto em West-Zeeland-Vlaamse
(Holanda), como no Espírito Santo. Atualmente, a maioria dos descendentes se concentra na agricultura. Nesta pesquisa exploratória de campo, entrevistamos 76 (setenta e seis) descendentes de holandeses residentes em diversas comunidades de
diferentes municípios do Espírito Santo. As entrevistas foram devidamente filmadas, fato o qual os entrevistados permitiram, sabendo que sua identidade seria
mantida em sigilo. As mesmas foram analisadas por meio dos princípios da Sociolinguística. Os resultados de nossas análises mostram que, infelizmente, os holandeses
foram esquecidos por muito tempo, o que dificultou uma intervenção com vistas à
preservação de sua língua. Neste trabalho, fazemos um percurso histórico da língua
de imigração holandesa no Espírito Santo e seu atual estágio vitalício, além de discutir a substituição linguística com base em dados reais. A pesquisa mostra que hoje
o dialeto holandês Zeeuws conta com pouquíssimos falantes, e os jovens têm ouvi-
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Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
do cada vez menos essa língua de imigração. Dadas as estatísticas e segundo
o Language Vitality and Endangerment, da Unesco (2003), a língua está criticamente ameaçada, e isso se deve a diversos fatores sócio-histórico-linguístico-culturais.
Alguns deles são: o reduzido número de holandeses que vieram para o Espírito Santo; o isolamento da comunidade holandesa; o casamento misto, principalmente com
pomeranos; o caráter permanente da imigração holandesa para o estado; o grande
número de descendentes europeus de outras nações que não a holandesa; a migração interna, que isolou muitos imigrantes; o preconceito linguístico e a discriminação de quem falava de forma diferente da maioria; a mudança de religião, do
calvinismo para o luteranismo; a política de integração, ocorrida na década de 1930,
que visava à destruição das línguas alóctones e, dessa forma, proibiu o uso de qualquer outra língua que não fosse o português; e o ensino formal. A escola, como
aparelho repressor do Estado, incumbiu-se de aplicar com rigor o ideal monolíngue.
Neste trabalho, esses fatores são discutidos, com vistas a auxiliar a elaboração de
políticas que preservem a diversidade linguística no estado.
63
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
C
EDNALVO APÓSTOLO CAMPOS (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARÁ/UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO-PG)
email: [email protected]
Sobre a (in)existência de pronomes clíticos no ‘português étnico’ de Jurussaca
Neste trabalho, retomo a temática de pesquisa da área do português falado
em Jurussaca/PA – denominado ‘português étnico’ por Oliveira et alii (a sair) – que
atesta um sistema pronominal com enfraquecimento de pronomes clíticos. No tocante à análise, considero duas vertentes: (i) a tradição da descrição das línguas
românicas quanto ao estudo dos pronomes clíticos e (ii) estudos de descrição de
línguas ameríndias (cf. Everett, 1996) que defendem a inexistência de pronomes
clíticos em algumas dessas línguas. Os dados analisados foram todos coletados na
comunidade quilombola de Jurussaca e compõem a pesquisa referente à tese de
doutorado, em andamento, sobre a expressão pronominal que desenvolvo nessa
comunidade.
Tradicionalmente, os pronomes tônicos são descritos como aqueles que se
referem à pessoa gramatical das entidades participantes do ato da comunicação,
enquanto os clíticos são prototipicamente correspondentes átonos das formas dos
pronomes tônicos e ocorrem associados à posição dos complementos dos verbos.
Tal correlação, no entanto, não é simétrica, pois, segundo Mateus et alii (2003, p
826, 827) o uso dos clíticos tanto pode se enquadrar na definição tradicional de
pronome pessoal, designando uma das entidades envolvidas no processo de comunicação, como pode denotar um predicado e não uma entidade, conforme se pode
verificar nos exemplos, retirados de Mateus et alii (op. cit. p 827):
(1)
Ele viu-me ontem na praia
(2)
Simpáticos para nós, eles sempre assim o foram
em que a primeira ocorrência diferencia-se da segunda pelo fato de denotar a enti-
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Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
dade participante do discurso, no caso a primeira pessoa; já a segunda ocorrência
denota uma categoria gramatical, no caso, um predicado.
Mateus et alii (2003) argumentam que a inclusão dos pronomes clíticos nos pronomes pessoais, embora pareça formalmente pertinente, não permite estabelecer um
paralelo exato entre as formas fortes do pronome pessoal e as formas clíticas, em
termos do seu significado e das funções que desempenham. Tal observação é bastante pertinente, pois no português vernacular brasileiro tende-se ao emprego das
formas tônicas na posição de complementos verbais. Em Jurussaca, como se pode
ver nos exemplos (3) e (4), abaixo, esse uso é categórico:
(3)
dá uma rebocada, arrumá ela melhor...
(4)
e... com o poder de Deus... e... o Lula nós deu essa uma, que nós tava precisando mesmo...
Nesse sentido, parece interessante ‘olhar’ as construções (3) e (4) como parte de um fenômeno mais amplo dentro de um quadro que aborda as variedades do
português como o ‘português étnico’, em que ocorre reestruturação no quadro pronominal dessas variantes.
HUGO C. CARDOSO (CELGA, UNIVERSIDADE DE COIMBRA)
email: [email protected]
ANA R. LUÍS (UNIVERSIDADE DE COIMBRA)
email: [email protected]
Conjugação verbal e alomorfia no crioulo indo-português de Diu
A presença de morfologia flexional em línguas crioulas tem gerado intenso
debate e numerosos estudos têm demonstrado que nem todos os crioulos são igualmente isentos de flexão (Plag 2008, Siegel 2004, Kihm 2003, 2010). Os crioulos indo-
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
portugueses, em particular, são conhecidos pelo grau invulgar de retenção de
morfologia flexional (Clements 1996, Clements & Koontz-Garboden 2002, Luís 2008,
Cardoso 2009). Esta comunicação pretende dar um contributo para o debate geral
sobre a natureza da flexão nas línguas crioulas através de um estudo que incide
sobre os padrões alomórficos dos paradigmas verbais do indo-português de Diu (IPD).
Tal como demonstrado na tabela (1), os verbos regulares em IPD têm quarto
formas flexionadas: uma forma de infinitivo, uma forma de não-passado, uma forma de passado e uma forma de particípio. Nenhuma delas admite marcadores de
concordância e todos os verbos se organizam nas classes temáticas em -a, -e e -i.
Para além disso, observa-se ainda alomorfia sufixal para os marcadores de passado
(-o e -w) e alomorfia ao nível do radical para as formas de passado e particípio (falo vs kum-i-d).
Infinitivo
Classe 1 ‘falar’
Classe 2 ‘comer’
Classe 3 ‘pedir’
Tabela 1
Não-passado
fal-a fal
kum-e kTm
pid-i påd
Passado
fal-o
kum-e-w
pid-i-w
Particípio
fal-a-d
kum-i-d
pid-i-d
Uma das caraterísticas mais significativas do IPD prende-se com o fato de
reter uma forma verbal (finita) com o valor de não-passado (Cardoso 2009), a qual
difere das demais formas verbais de modo significativo: i) não contém afixos, ii) o
acento recai sobre o radical, e iii) pode divergir de outras formas pela inclusão de
uma vogal aberta ([T] ou [å]). A sua forma fonológica deriva, na maioria dos casos,
do radical de 3ª pessoa singular do Presente do Indicativo em Português.
Estes dados revelam que os paradigmas verbais do IPD se apoiam nos seguintes radicais: a) o radical regular (em -a, -e ou -i), b) o radical da primeira conjugação para formas de passado, e c) o radical ‘derivado’ para formas de não-passado.
Para além destes, há ainda a registar os radicais supletivos dos verbos irregulares,
para as formas de não-passado e, nalguns casos, também para as formas de passado, como se observa na tabela 2. Assim, para estes verbos, o IPD oferece dois tipos
adicionais de radical, a saber iv) o radical supletivo para a forma de não-passado, e
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
v) o radical supletivo para a forma de passado.
Infinitivo
Classe 2 ‘trazer’
Classe 3 ‘sair’ sa-i
Tabela 2
Não-passado
traz-e trag
say
Passado
tros
sa-i-w
Particípio
traz-i-d
sa-i-d
A presença significativa de alomorfia ao nível do radical constitui uma clara
violação da relação isomórfica entre forma e significado, aumentando assim o grau
de opacidade dos paradigmas verbais. No âmbito da teoria morfológica de Stump
(2001), será possível demonstrar que a seleção destes alomorfes constitui efetivamente uma operação flexional predominantemente formal que contraria o princípio da transparência semântica, proposto por Seuren & Wekker (1986) para as línguas crioulas.
ANA M. CARVALHO (UNIVERSITY OF ARIZONA)
email: [email protected]
Contato de línguas e variação: a expressão do pronome sujeito em português e
espanhol em contato no norte do Uruguai
Tanto em espanhol como em português, a expressão do pronome sujeito é
variável. A variação entre o pronome expresso e o nulo tem sido objeto de vários
estudos, que visam detectar os contextos lingüísticos que favorecem ou não a expressão do sujeito em ambos os idiomas. Estes estudos mostram que, de um modo
geral, os dialetos de espanhol tendem ao uso do sujeito nulo (Otheguy et al. 2007,
entre outros), enquanto que em português brasileiro, o pronome expresso tem se
tornado cada dia mais frequente (Paredes Silva 2003, entre outros). Neste trabalho,
analiso a distribuição dessa variável em português e espanhol de bilíngües na cidade uruguaia de Rivera, na fronteira com o Brasil, onde ambas as línguas tem coexis-
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
tido de maneira semi diglóssica já há mais de um século (Behares 1985, Elizaincín
1992, Carvalho 2006).
Baseada em dados coletados durante 24 entrevistas sociolingüísticas com
doze bilíngües, feitas primeiramente em espanhol e posteriormente em português,
examino a ocorrência dessa variável em ambos os idiomas entre os mesmos participantes, a fim de analisar os efeitos do contato de línguas nos padrões variacionais
desde numa perspectiva variacionista comparativa (nos moldes de Meyerhoff 2009,
Nagy 2011, Poplack & Levey 2010). A partir da análise probabilística, meu primeiro
objetivo é identificar e descrever os fatores linguísticos e extra-linguísticos que
condicionam a expressão do pronome sujeito no português uruguaio e espanhol
uruguaio fronteiriço. Logo, comparo-os com os resultados encontrados em variedades monolíngues dos respectivos idiomas, a fim de detectar até que ponto o uso
dessa variável é afetado pelo contato de línguas. O objetivo final dessa pesquisa é
explorar as maneiras pelas quais os bilíngues utilizam as estruturas paralelas entre
os idiomas em situações onde línguas parecidas estão em contato, a fim de testar a
hipótese de economia cognitiva proposta por Silva-Corvalán (1994).
Sabe-se que as línguas tipologicamente similares em situações de contato
prolongado tendem à convergência gramatical (Muysken 2000). O português e o
espanhol apresentam vários paralelos lexicais e estruturais, o que em teoria deveria
levá-los à convergência. No entanto, os resultados baseados em aproximadamente
1.800 tokens em cada idioma mostram que, em termos de freqüência e padrões
distribucionais, o português uruguaio e o espanhol fronteiriço apresentam convergência somente parcial. Esses resultados apontam para as vantagens do método
variacionista de análise no estudo de línguas em contato, já que esses padrões não
são acessíveis através de intuição e observação da comunidade.
68
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
ZHANG CHAOFENG (UNIVERSIDADE DE MACAU)
email: [email protected]
A variação do uso dos clíticos no português falado em Angola
Apresenta-se uma análise da variação do uso dos clíticos na linguagem falada do PA (Português de Angola), em Luanda, o qual tem assumido um papel cada
vez mais importante no que se refere ao estudo de contato linguístico entre o português e as línguas da família bântu (Oliver, 1991; Mingas, 2000; Inverno, 2005; Webb
& Kembo-Sure, 2000; Heine & Nurse, 2000; Nurse & Philippson, 2003; Nurse, 2008;
Cat & Demuth, 2008). Vale dizer que se trata de uma análise parcial que faz parte de
uma pesquisa em realização no curso de mestrado da UM. O estudo sobre a variação dos clíticos no PA apresenta uma nova frente para o aprofundamento na investigação de como o processo de dispersão mundial do português encontrou alternativas para adaptar a estrutura linguística observada, a qual representa a última instância da flexão casual latina (Nascentes, 1954; Williams, 1961; Camara Jr., 1975;
Teyssier, 1987). Este trabalho objetiva revelar como se dá o preenchimento (Abraham,
1939; Cyrino, 1997) e a colocação (Figueiredo, 1944; Lobo, 1992) dos clíticos na
língua falada do PA, comparando os resultados aos existentes para o PE - português
europeu (Costa & Lobo, 2003; Martins, 2005; Antonelli, 2007) e o PB - português
brasileiro (Cyrino, 1997; Galves, 2009; Barreto, 2010), para elucidar as suas características, além de combinar fatores histórico-sociais angolanos (Pepetela, 1990;
Heintze, 2007) para investigar a causa, o processo e a influência da sua variação.
Sabe-se que Angola é pátria de algumas das línguas bantus (Sanders, 1885; Stover,
1885; Chatelain, 1889; Torrend, 1891; Nogueira, 1955; Valente, 1964; Fernandes &
Ntondo, 2002; Ntondo, 2006), e que vários falantes dessas línguas tiveram um papel
fundamental no processo de divulgação do português também na América. Assim,
supõe-se que o PA tem o papel de ser como uma ponte, tendo a sua generalidade e
especificidade em relação às outras duas principais modalidades do português. Diante disso, elegeu-se a investigação dos casos do preenchimento e da colocação dos
clíticos, para que se desvele quais são as estratégias utilizadas no cotidiano. A análise baseia-se em entrevistas que foram recolhidas no início de 2011 para o projeto
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
Angolan Oral Portuguese: a historical and present record e ainda se encontram sob
o processo de transcrição. Faz-se um cômputo estatístico dos casos catalogados,
comparando com os estudos realizados alhures para o PE e o PB. Além disso, estuda-se a sócio-história, usando a abordagem da área da sociolinguística laboviana
para observar como tal uso pode ter sido influenciado. Pretende-se com isso observar a história de como o PE foi divulgado em Angola, nos dois últimos séculos, e qual
foi o seu impacto no ambiente da língua falada. Persegue-se ao mesmo tempo a
revelação de como se deu o processo de diferenciação entre o PA e o PB na cidade
de Luanda, uma vez que se assume que estas duas últimas variantes são parte de
um mesmo processo histórico que se diferenciou a partir do século XIX.
BEATRIZ PROTTI CHRISTINO (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO)
email: [email protected]
A concordância de gênero e a expressão da definitude em Português Huni-Kuin
As variedades de Português empregadas como segunda língua pelas diversas
comunidades indígenas brasileiras não apenas servem de veículo de comunicação
com a sociedade nacional, mas também desempenham o papel de línguas francas
na interação entre indígenas de distintas origens e constituem elemento de identidade étnica (v. Maher 1996, 1998).
Várias pesquisas vêm apontando as especificidades do ‘Português-Indígena’
e, com isso, trazendo dados valiosos para as reflexões envolvendo as relações entre
contato linguístico e mudança linguística. Boa parte desses trabalhos destaca a ausência completa ou parcial de concordância de gênero, tal como se observa em outros falares ligados a situações de contato linguístico, como o de habitantes da comunidade rural afro-brasileira de Helvécia (BA), estudado por Lucchesi, Baxter e
Ribeiro (2009) e o Português vernacular de Angola (v. Holm 2009). Com efeito, Costa (1993) constatou que o Português-Fulniô nem sempre apresentava concordância
de gênero, situação semelhante à identificada por Lucchesi e Macedo (1997) no
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
Português de contato do Alto Xingu. De acordo com Ferreira (2005), o PortuguêsParkatejê não realiza a concordância de gênero. O Português-Kaingang escrito (investigado por Lima e Silva e Christino 2011) conta com construções como (1) “a
marca contrario vai lavar ela” e (2) “a criança fica certo da cabeça”.
O presente trabalho tem por objetivo descrever o modo como opera a concordância de gênero no Português-Huni Kuin. Por conta da estreita ligação entre
artigos e marcação de gênero, em Português, atenta-se também para a(s) forma(s)
de expressão da definitude naquela variedade linguística. Os auto-denominados huni
kuin (ou homens verdadeiros, também conhecidos como kaxinawás) vivem ao longo dos rios Tarauacá, Jordão, Breu, Muru, Humaitá e Purus (no Acre) e, no lado
peruano da fronteira, às margens do Juruá, do Curanja e do Envira. Ao todo são
cerca de 5.000 e sua língua materna pertence à família Pano.
Como se pôde notar por meio de gravações obtidas em 2009, no PortuguêsHuni Kuin um nome com gênero feminino pode ocorrer antecedido por artigo no
masculino, como em: (3) “no tinta de nosso fuso” (Adauto Paulo Busã), (4) “Aí eu
peço pro Bia ficá mais com vontade” (Raimundo Paulo Tuin). Também foram encontradas estruturas semelhantes a (2), caso de “isso deixou muita gente confuso” (João
Carlos Iskubu) e verificou-se a atuação do neutro tudo como desencadeador da ausência da concordância (fenômeno anteriormente reconhecido no Português
xinguano por Lucchesi e Macedo 1997): (5) “a gente vê tudo essa diversidade” (João
Carlos Iskubu).
A presença/ ausência de artigos definidos no Português Huni-kuin nem sempre se dá da mesma forma como nas variedades em uso por falantes nativos. Dentre
os casos de ausência de (um previsível) artigo definido podem-se lembrar: (6) “quando chega tempo de apanhá algodão” (Adauto Paulo Busã), (7) “vô contá como é que
pessoal trabalha” (Adauto Paulo Busã) e (8) “meu nome em língua português” (Gilberto Paulo Bane). Noutros contextos, surgem artigos definidos que falantes nativos dificilmente usariam, a exemplo de: (9) “Quer dizer que eu falei no Português”
(Adauto Paulo Busã) e (10) “vô contar história do antigamente” (Ademar Inkamuru).
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
MAGDALENA COLL (UNIVERSIDAD DE LA REPÚBLICA, URUGUAY)
email: [email protected]
Las voces malungo, muyinga y yimbo en el español del Uruguay
Existen importantes – aunque aislados – mojones en la historia de las
investigaciones que apuntan a rescatar la presencia lingüística africana en el Uruguay,
entre ellos los trabajos de Pereda Valdés (1937 y 1965) y Laguarda Trías (1969). Ya
para fines del siglo XX y principios del XXI, aparecen nuevas investigaciones en torno
al tema (Fontanella de Weinberg 1987, Lipski 1998, Álvarez López 2007 y Coll 2010),
que apuntan a describir las características fonético-fonológicas, morfosintácticas y
léxicas del español hablado por africanos o afrodescendientes en el Río de la Plata
durante el siglo XIX.
En esta oportunidad, y teniendo en cuenta los antecedentes mencionados,
abordaremos el análisis de malungo, muyinga y yimbo, tres formas de tratamiento
nominales de origen africano que sirven para dirigirse o referirse a los africanos y a sus
descendientes. Varias son las fuentes a las que recurrimos para analizar estos
africanismos, consignados por Laguarda Trías (1969). Por un lado, revisamos diferentes documentos del XVIII y XIX, a saber, querellas, sumarios, expedientes, en los que se
consignan formas nominales para hacer referencia o dirigirse a un esclavo y también
revisamos anuncios de fuga o venta de esclavos publicados en la prensa del siglo XIX.
Como esos caminos no nos condujeron a información pertinente, recopilamos un
amplio y relevante conjunto de representaciones literarias que evocan, imitan o
representan el habla de los esclavos y sus descendientes. En estas fuentes encontramos la forma malungo, en casos como el que reproducimos a continuación:
(1) E qui á ese su malungo quiliado e sinvidole (anónimo, 1831).
Por otro lado, nos apoyamos en algunas obras de narradores uruguayos en
las que aparecen personajes de origen africano y en cuyos diálogos surgen diferentes formas de tratamiento. En estas obras asimismo se dan formas de tratamiento
que otros sectores de la sociedad utiliza para referirse o dirigirse a los descendientes
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
de esclavos. En esta narrativa uruguaya aparecen las formas muyinga y yimbo:
(2) - Tratá de no dejármele ni un cañuto a ese bicho, muyinga!, agrega doña Cirila!
(García 1928: 70).
(3) - Mirá, yimbo, no te hagás el santo. No vas a tener dentrada porque han declarau
cerrada la lista (Ballesteros 1950: 98).
Las tres formas se diferencian claramente. Malungo aparece sólo en boca de
los propios africanos para hacer referencia a un compañero de viaje, un compañero
de vida. Mishungo se ha empleado como sinónimo de negrito o negrita, con ciertas
connotaciones afectivas, tanto por miembros de la colectividad africana como por
personajes de extracción social baja y/o del ámbito rural. Yimbo, por otra parte, es
una forma de tratamiento usada por no africanos que, de forma despectiva, se dirigen
(o hacen referencia) a un niño afrodescendiente. Se diferencian, asimismo, por poseer
desigual vigencia en el español actual del Uruguay.
Sin embargo, todas ellas contribuyen a entender el contacto entre el español
y las lenguas africanas en el Uruguay y echan luz sobre el proceso de pérdida de
lenguas no europeas en territorio americano.
PAULA MENDES COSTA (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO)
emails: [email protected] / [email protected]
Descrição fonológica segmental do crioulo da Guiné-Bissau: um estudo
preliminar
Este trabalho objetiva realizar uma descrição sincrônica da fonologia
segmental do crioulo da Guiné-Bissau (Kriyol), isto é, descrever o inventário segmental
da língua, bem como as realizações fonéticas decorrentes de variação contextual.
Ele faz parte de um estudo maior, ainda em andamento, cujos resultados comporão
uma dissertação de mestrado. Para a sua realização, serão levados em consideração
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
trabalhos anteriores acerca da fonologia do Crioulo da Guiné-Bissau (CGB), como os
de Mbodj (1979), Rougé (1988) e Couto (1994), e trabalhos que apresentam análises fonológicas de outras línguas africanas, como o de Moura (2007), a respeito da
língua Fula, falada na Guiné-Bissau, e o de Rodrigues (2007), acerca do caboverdiano
(ou Kabuverdianu), os quais, pela natureza da pesquisa científica, podem contribuir
para a elucidação de questões pertinentes ao presente estudo. O CGB integra a família linguística dos crioulos de base lexical portuguesa da Alta Guiné (CAG), da qual
também fazem parte o Crioulo Kabuverdianu e o crioulo de Casamansa. Nessa perspectiva, o CGB é uma língua que resulta do contato entre o português (língua de
superstrato ou lexificadora) e as diversas línguas africanas (línguas de substrato)
faladas na Guiné-Bissau, todas pertencentes à família Níger-Congo, nomeadamente
aos grupos Mande e Atlântico, conforme atestam Hagemeijer e Alexandre (2010). O
mosaico linguístico do país compreende um total de 22 línguas, entre elas o Crioulo
da Guiné-Bissau, a respeito do qual Couto (2009) afirma ser “um dos menos estudados do mundo”. Nesse contexto, salienta-se a pertinência do presente estudo, a
qual se respalda, pelo menos, em razões de três naturezas: 1) social, que diz respeito à relevância de qualquer língua para sua sociedade; 2) linguística, que se refere à
contribuição potencial que o conhecimento de línguas (e de sua fonologia) pode dar
para a construção da teoria linguística e para o avanço do entendimento da faculdade humana da linguagem, acrescentando-se a perspectiva de colaborar para o esclarecimento de questões referentes à fonologia do CGB e, dessa forma, para a realização de trabalhos posteriores acerca da língua; e 3) cultural, visto que compreende um intercâmbio sócio-cultural de conhecimento, cujo resultado vem a funcionar
como elemento catalisador desse mesmo processo, fortalecendo o desenvolvimento de pesquisas que pressuponham uma relação de troca bilateral entre as partes
envolvidas. Para a realização desse estudo, procedeu-se à coleta de dados sonoros
junto a estudantes guineenses de ambos os sexos vinculados à UFPE através do
Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), os quais compreendem
um total de 26 alunos. Finalmente, é importante dizer que o presente trabalho de
descrição fonológica inscreve-se nos estudos crioulísticos de base sincrônica, apoiando-se inicialmente na abordagem estruturalista norte-americana, através do uso
das técnicas da linguística distribucional, bastante úteis para o estabelecimento da
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
fonologia segmental das línguas naturais. Além disso, para se proceder à análise
mais avançada acerca da fonologia da língua, o estudo se apoia em arcabouço teórico mais moderno, fornecido pela fonologia pós-gerativa, constantes em Goldsmith
(1995), Clements (1995), entre outros.
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
F
STEPHEN FAFULAS (INDIANA UNIVERSITY)
email: [email protected]
MIGUEL RODRÍGUEZ-MONDOÑEDO (INDIANA UNIVERSITY)
email: [email protected]
Language shift and the emergence of new varieties: Spanish in contact with
Bora and Okaina
BACKGROUND
Spanish is in contact with a vast number of languages, a situation which has
been studied in depth from many perspectives (see Díaz-Campos 2012). However,
little attention has been devoted to the Amazon, where Spanish is in contact with
dozens of less well-known languages. The current study addressees the contact
between Spanish and two Amazonian languages, Bora and Okaina, in several
communities along the Yaguasyacu and Ampiyacu rivers, in Peru. Both of these
Amazonian languages have a reduced number of speakers, and Okaina is nearing
extinction. While they come from the same family, they are distinct languages
(Kaufman 1990).
METHODOLOGY
The data of the present study are comprised of sociolinguistic interviews and
community-wide surveys from five communities (Aconcolonia, Brillo Nuevo, Nuevo
Peru, Puerto y Sango, and Nueva Esperanza) of the North-Western Amazon region
of Peru. First, data from language usage surveys for 63 members of these
communities will be presented. Then, a fine-grained analysis of morphosyntactic
phenomena of ten residents from Bora communities will be analyzed alongside the
speech of ten residents from the Okaina communities.
HYPOTHESES
Since Spanish is expanding, we expect to find evidence of language shift,
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
from the local language to Spanish. Bora and Okaina are different languages and we
hypothesize that the contact varieties will display divergences. However, given they
are of the same family, we anticipate that the interlanguages of the bilinguals will
have features in common, while still differing from monolingual Spanish.
RESULTS
Results indicate that: (i) Bora and Okaina proficiency is declining in the
community, and (ii) the Spanish which has emerged in these communities is unique
in a number of ways. For example, Bora Spanish offers a number of features that are
not common in other varieties of Spanish:
(A) Gerundive agreement: gerundives show agreement with the subject in number
(PLU=plural), which is not found in native Spanish (NS):
(1)
Nosotros
venimo-s
We
come- PLU
We have been suffering
sufriendo-s cf. Nosotros venimos sufriendo (NS)
suffering- PLU
(2)
Está-n
cogiendo-s unas frutas
Be- PLU
taking- PLU
some fruits
They are taking some fruits
cf. Están cogiendo unas frutas (NS)
(B)
Plural floating: the verbal plural marker for agreement (AGR) with the subject
is inserted on a word other than the verb, replacing the nominal agreement marker:
(2)
lo que ello-n
hablaba
what they-AGR
talk
what they talked about
cf. lo que ellos hablaban (NS)
(C)
One plural marker in the nominal domain: PLU is expressed only once in the
noun phrase:
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
(3)
los
trece año
The thirteen
The thirteen years
cf. los trece años (NS)
year
(D)
Double relatives: Locative relativization with a secondary relative pronoun
(4)
Donde que está ese fruto
Wherethat is
the fruit
Where that fruit is
cf. Donde está ese fruto (NS)
Interestingly, these features are not found in Okaina Spanish. A feature particular to
this variety is:
(E) Plural marking only through overt subjects
(5)
Ello no buscaba coca
They no looked-for coca
They did not look for coca
cf. Ellos no buscaban coca (NS)
CARLOS FILIPE G. FIGUEIREDO (UNIVERSIDADE DE MACAU)
email: [email protected]
Uso variável do artigo definido no português reestruturado da comunidade de
Almoxarife, São Tomé
As variedades africanas de português (Ptg) permitem analisar fenómenos emergentes do contacto entre o Ptg e as línguas africanas e entender fases de formação do
português brasileiro (PB). O uso do artigo definido no português da comunidade
bilingue (português e santomense) de Almoxarife (PA), São Tomé, regista variação
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
ternária: (i) Aplicação do determinante do Ptg (o, a, os, as, exemplo [1]); (ii) Omissão, configurando nomes nus (NNs) (exemplo [2]); (iii) Em sintagmas nominais (SNs)
plural, realização sob a forma do pronome pessoal eles (exemplo [3]):
[1]
PA:
É os meus pai. [OSVALH1]
[2]
PA:
E amigo meu. [OSVALH1]
[3]
PA:
outra pessoa foi tirô eles rôpa, [ZECAH1]
A variação [1] e [2], envolvendo posse ou não, regista-se no Brasil, seja no
PtgL2 indígena (Aikhenvald, 2002) seja em registos rurais (Baxter & Lopes, 2004b,
2009) e urbanos (Baxter & Lopes, 2004a). Idêntica variação ocorre no Ptg dos Tongas
(PT), Roça Monte Café, São Tomé (Baxter & Lopes, 2004a). Os NNs registam-se na
aquisição de L1 (Klein & Perdue, 1992), mas, na aquisição de L2, são também relacionados a influências da L1 na estruturação das categorias funcionais da L2 (Hawkins,
2001). Assim, importa verificar se estas realizações no PA apresentam idêntico perfil
ao do substrato santomense, cujos NNs têm distribuição e interpretação livre a nível gramatical, mas restringidas pela componente extra-gramatical. Licenciando-se
na interface entre nível gramatical e extra-gramatical, os NNs relacionam o discurso
à pragmática (Alexandre & Hagemeijer, 2007:49) e a interpretação de definitude
acontece por ser previamente licenciada no discurso.
O uso do determinante resulta de reestruturação geracional do PA, determinada pela aquisição diacrónica em relação ao artigo pleno do Ptg.
A variação [3] em nomes [+humanos] ou extensão de [+humanos] é uma
especificidade do PA e respaldará também no santomense. Neste, uma das formas
de marcar o plural recorre ao determinante definido inen do edo (exemplo [4]),
homófono do pronome pessoal, 3ª pessoa plural, colocado pré-nominalmente como
marcador de flexão plural em nomes [+humanos]:
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
[4]
SANTOMENSE:
ome
plejidu
(Hagemeijer, 2000:118)
“(o) homem preguiçoso”
inen ome
plejidu
3PL homem
preguiçoso
“os homens preguiçosos”
Recorrendo ao GOLDVARB X (Sankoff, Tagliamonte & Smith, 2005), observarse-á a influência de variáveis linguísticas (p.e. animacidade do substantivo, número
do SN ou função sintáctica do SN) e extralinguísticas (p.e. idade e escolaridade) nas
realizações do PA, com ou sem artigo definido. A comparação com resultados do PT
(Baxter & Lopes, 2004a), da norma urbana de Salvador (Baxter & Lopes, 2004a) e do
dialecto rural de Helvécia (Baxter & Lopes, 2004a, 2004b, 2009), contribuirá com
mais dados para o conjunto de variáveis que testemunham a reestruturação
morfossintáctica quer do PA quer de variedades do Brasil, permitindo conclusões
sobre: (i) Tipologia do NN do PA relativamente à de crioulos portugueses atlânticos
(CP’s) – observada por Alexandre & Hagemeijer (2007) e Baptista (2007) – e das
variedades comparadas; (ii) Possibilidade do Ptg adquirido por contacto por falantes de um CP manifestar idênticos padrões de variação do Ptg adquirido por falantes
cuja língua ancestral não é um CP (Figueiredo, 2010b); (iii) Formação do PB.
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G
DÂNIA PINTO GONÇALVES (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS)
email: [email protected]
Aspectos do bilinguismo societal no comércio da fronteira uruguaio-brasileira
A zona fronteiriça Uruguai/Brasil que estudamos é cenário do contato
linguístico entre duas línguas de poderosas raízes culturais, demográficas e econômicas na região. Nessa fronteira, além das línguas nacionais- português e espanholencontramos variantes desse contato linguístico denominado pela literatura especializada, a Linguística Fronteiriça, de Dialetos Portugueses do Uruguai (DPU), do lado
fronteiriço uruguaio e Português Gaúcho da Fronteira (PGF), do lado fronteiriço brasileiro. Os DPUs são dialetos de base lusitana e sua descrição pode ser encontrada
em Elizaincín, Behares e Barrios (1987). Já o PGF recebe este nome não só por ter
influência da língua espanhola, mas também por não ser a variedade do português
padrão. Behares (2011) considera o produto linguístico dos comerciantes e
comerciários fronteiriços uruguaios como uma das variantes dos DPUs, que formam,
em sua concepção, quase um pidgin, visto que a comunicação se dá através da necessidade de interatuar no âmbito comercial dos Free Shops, entre uruguaios locais
e brasileiros distantes da região fronteiriça, tal como do nordeste, sudeste, centrooeste do Brasil. Como do lado fronteiriço brasileiro, a comunicação ocorre com o
brasileiro ou uruguaio local, desconsideramos a prática do pidgin e levamos em consideração outro fenômeno dessas variantes fronteiriças que, segundo Mozzillo (2011),
podem ser consideradas um code-switching, característica de indivíduos bilíngues.
O termo bilinguismo é utilizado para denominar uma comunidade que se expressa
em mais de uma língua ou um sujeito que também se comunica em mais de uma
língua. Por esse motivo, Romaine (1997) compreende que não há como separar a
definição de bilinguismo societal de bilinguismo do indivíduo. As cidades gêmeas de
Jaguarão/Rio Branco se configuram, portanto desse bilinguismo societal. A comunidade linguística jaguarense, mais especificamente, maneja dois códigos linguísticos,
a saber, as línguas nacionais Português e Espanhol. O fato de haver um bilinguismo
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societal nos leva a crer que os comerciantes e os comerciários estão mais sujeitos a
esse bilinguismo por tratarem com clientes de ambas nacionalidades. Para esse trabalho, o que se pretende é mostrar os resultados parciais dos dados que estão sendo coletados na fronteira de Jaguarão/Rio Branco, a fim de analisar o produto
linguístico enunciado pelos comerciantes e comerciários fronteiriços brasileiros quando querem se comunicar em espanhol, como se dá o code-switching no comércio
jaguarense e quais suas possíveis motivações.
ANTHONY GRANT (EDGE HILL UNIVERSITY, UK)
email: [email protected]
On the (dis)unity of the Manila Bay Creoles
A number of Spanish-lexifier creoles have been recorded at various points in
Manila Bay, Luzon, Philippines, namely Caviteño, Ternateño and the extinct or highly
obsolescent Ermitaño. Very valuable linguistic work on these has been carried out
on these, especially in the past few years (Sippola 2011 and references, and
Steinkrüger 2007 on Ternateño, Lesho to appear on Caviteño).
Although the creoles spoken around Manila Bay show strong structural
similarities, Ternateño stands out from other creoles especially strongly because of
many unique features in its lexicon. As a glance at the indexes in Riego de Dios (1987)
immediately shows, a greater number of Ternateño words are phonologically or
lexically distinct from those of Caviteño or of the Mindanao creoles which Riego
profiles (Zamboangueño and especially Cotabateño) than any others. Some of this
is the result of sound changes upon forms of Spanish origin which operated only in
Ternateño at the time. Other forms (especially the ‘Mardica’ words which Tirona
1924 lists, and which he associates with the Márdikas, 17th century Christian refugees
from the island of Ternate who wound up in the Philippines) are exclusive to this
creole. Molony (1978) stated that these forms came from Portuguese, Moluccan
(Ternate) Malay and Bahasa Ternate, a non-Austronesian language with a lexical
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
overlay of Malay. This hypothesis is examined with regard to the Márdika words,
paying close attention to forms of Bahasa Ternate origin (as documented in HayamiAllen 2001). These forms do not occur in Caviteño or what we have of Ermitaño
(notably Whinnom 1956), nor for that matter in Mindanao Creole Spanish, and I
suggest that ‘Manila Bay Creoles’ is better as an areal than as a genealogical term.
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H
JOHN HOLM (UNIVERSIDADE DE COIMBRA)
email: [email protected]
16th-century evidence regarding the origins of the Capeverdean verbal marker -ba
This paper offers newly uncovered evidence to help solve an old problem
with important implications for linguistic theory: whether inflectional morphemes
have existed in some restructured varieties of Portuguese used by Africans since
their very beginnings, rather than being the results of comparatively recent
decreolization. One of the few indisputable inflections found in basilectal varieties
of the Atlantic creoles is the past or anterior marker -ba found in Capeverdean:
kantaba ‘cantava’ [‘was singing’] (Lopes da Silva 1957:140). This “-ba...foi tirada dos
verbos portugueses da 1.ª conjugação (canta-va) e assumiu a form -ba” (ibid.). [‘-ba
was taken from the first conjugation of Portuguese verbs (canta-va) and took the
form -ba.] However, the credibility of this etymology alone was undermined by the
nearly total lack of inflected forms in other Atlantic creoles and the fact that in the
closely related Portuguese-based creole of Guinea-Bissau (GB), the past/anterior
marker ba is not a bound morpheme like its Capeverdean (CV) counterpart:
GB CP N konta u ba...
1s tell 2s PAST
‘I told you...’
(Kihm 1994:99)
Kihm suggests conflation with GB CP kaba ‘finish’ (cf. P acabar idem) and
substrate forms “We may suppose that both /-va/ and (a)cabar, the latter reinforced
by the honetically similar Manjaku, Diola-Fogny, and perhaps still other languages,
ba, had to enter into the process” (1994: 103). Boretzky (1983:132) agrees that “Im
Crioulo von Guinea-Bissau ist kaba zu ba verkürzt worden, erscheint aber ebenfalls
nach dem Verb und drückt Vorzeitigkeit aus” [‘In the Creole of Guinea-Bissau kaba
has been shortened to ba but also occurs after the verb to express anteriority.’]
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
Baptista (2002: 201) pointed out that CV “...-ba is a verbal inflection found
exclusively bound to verb stems”, causing speculation that the CV inflection -ba may
have had its origin in a free morpheme like GB ba but later have conformed to the
bound status of the Portuguese inflection –va through decreolization. It has also
been pointed out that Portuguese -va alone as the etymon of CV-ba and GB ba seems
unlikely in that no other examples are known of creole morphemes being derived
from superstrate inflections, which cannot be isolated or stressed and tend to be
semantically opaque, thus not lending themselves to borrowing.
However, this paper presents evidence that throws light on the above
controversy: what appears to be a past/anterior inflection -ba occurs in a passage in
Língua de Preto (LP) in a played called O Negro da Frágua d’Amor, written by Gil
Vicente in 1524:
Oyae, seoro ferreyro,
boso meu negro tornae
como mi saba primeyro!
Olhai, senhor ferreiro
transformai-me vós em negro
Como eu era primeiro
(Teyssier 2005:285)
The form sa is clearly the LP copula sa (also spelled saa) as “tu saa home o
saa riabo?” [‘Are you a man or a devil?’] (ibid.) so the only possible meaning of saba
is past ‘was’, as the translation ‘era’ indicates. While the relationship between the
Língua de Preto and the modern Upper Guinea creoles is problematical, this
documentation of an apparently inflectional form -ba in the 16th century suggests
that the inflectional status of modern CV -ba need not be the product of modern
decreolization.
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
I
INCANHA INTUMBO (UNIVERSIDADE DE COIMBRA)
emails: [email protected] / [email protected]
ANA R. LUÍS (UNIVERSIDADE DE COIMBRA)
email: [email protected]
Uma análise morfológica da reduplicação no Kriol da Guiné-Bissau
Enquanto processo de criação lexical, a reduplicação total tem ocupado um
lugar secundário na investigação morfológica. Katamba considera mesmo que, por se
tratar de um fenómeno que duplica a totalidade de uma palavra, afigura-se demasiado simples para merecer um tratamento teórico (Katamba, 1993:182-3). O presente
trabalho apresenta dados empíricos que permitem contrariar esta posição. Será nosso objectivo demonstrar que a reduplicação total no Kriol da Guiné-Bissau, além de
apresentar propriedades semânticas e morfológicas complexas, estabelece uma
interação produtiva com outros processos morfológicos, entre os quais a conversão, a
derivação e a flexão. Por se tratar de uma interacção que coloca desafios a qualquer
teoria morfológica, propomo-nos explorar uma análise da reduplicação total no Kriol
no âmbito do quadro teórico da Morfologia Construcional (Booij, 2010).
Com base num corpus recentemente recolhido, começaremos por reforçar a
ideia, anteriormente defendida por Kihm (1994), Couto (2000) e Melo (2007), de
que as palavras reduplicadas constituem unidades lexicais com significado noncomposicional. Quanto às operações morfológicas que interagem com verbos reduplicados, destacaremos de seguida o processo de conversão. Conforme ilustrado
em (1a-b), verbos reduplicados no Kriol podem converter-se em nomes, sem recurso à afixação. Esta conversão realiza-se através da migração do acento de palavra
para a esquerda, conforme exemplificado em (1b). Verbos reduplicados podem ainda adquirir um valor causativo através da sufixação múltipla do marcador causativo.
Neste caso, a derivação causativa terá de marcar simultaneamente a base e o
reduplicante, conforme exemplificado em (2a-b). Por fim, em (2c), toda a sequência
reduplicada causativa pode adquirir o valor de particípio passado através de uma
operação flexional que coloca o sufixo na margem direita da palavra reduplicada.
86
Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
(1)
a. kuri kurí (V) ‘caminhar continuamente’
b. kuri kúri (N) ‘caminhar contínuo’
(2)
a. ianda iandá ‘caminhar de um lado para o outro’
b. ianda-nta ianda-ntá ‘fazer caminhar de um lado para o outro’
c. ianda-nta ianda-ntá-du ‘obrigado a caminhar de um lado para o outro’
Formalmente, a nossa análise permite corroborar a ideia de que a
reduplicação total no Kriol constitui um processo de formação de lexemas. Será proposto o esquema construcional apresentado em (3), segundo o qual os sub-constituintes da palavra reduplicada são membros de um lexema não-composicional. A
interação entre verbos reduplicados e outras operações morfológicas será formalizada através de sub-esquemas construcionais. Assim, derivamos a forma reduplicada do particípio, através da unificação do esquema (3) com o sub-esquema (4), colocando o sufixo na margem direita da forma verbal reduplicada. A forma causativa do
verbo reduplicado será derivada através da unificação do esquema (3) com o subesquema (5), verificando-se aqui a inserção do sufixo causativo nos dois sub-constituintes da palavra reduplicada. Por fim, a forma verbal exemplificada em (2c) será
obtida através da unificação sucessiva dos esquemas (3), (4) e (5).
(3)
(4)
(5)
VV reduplication: [[V]i [V]i]V,j Û [RED i] j
Past Participle formation: [[V]j du]V, k Û [PASS j]k
Reduplicated Causative formation [[Vi - nti]Vj-1 [Vi - nti]Vj-1 ] V, j]V, m Û [CAUSE j]m
LILIANA INVERNO (CELGA, UNIVERSIDADE DE COIMBRA/CECL, UNIVERSIDADE DO ALGARVE)
emails: [email protected] / [email protected]
Traços distintivos do português vernáculo de Angola face ao português
vernáculo do Brasil
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
Após o surgimento, ao longo das duas últimas décadas, de inúmeros estudos
comparativos da estrutura linguística das variedades vernáculas do português faladas
no Brasil, por um lado, e nos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOPs) por
outro, ganha cada vez mais fundamento empírico a proposta de existência de um
“continuum afro-brasileiro do português” (Petter 2007; 2008; 2009) fruto do contacto
linguístico entre esta língua e as diferentes línguas africanas. Contudo, no que respeita
às variedades angolana (PVA) e brasileira (PVB), essa fundamentação tem assentado
exclusivamente na identificação e descrição dos muitos aspetos linguísticos que ambas
partilham, sendo ignorados, ou desconhecidos, os aspetos nos quais, parecendo convergir, as duas variedades, de facto, divergem (Gärtner 1989; 1996; 1997; Mello 1998;
Gärtner 2003; Holm 2005; Holm 2009). Ao fazê-lo, estes estudos comparativos permitem comprovar a pertença do PVB e do PVA a um mesmo continuum, mas não permitem avaliar o seu posicionamento nesse continuum.
Partindo de dados orais recolhidos no interior de Angola pela autora e de
dados e análises disponíveis na literatura para o português vernáculo do Brasil, a
presente comunicação visa ajudar a preencher esta lacuna na literatura através da
análise de quatro fenómenos linguísticos partilhados pelas variedades vernáculas
do português em Angola e no Brasil: a apócope do morfema de infinitivo nos verbos
da segunda conjugação, a ausência de concordância de género no seio do sintagma
nominal (SN), a utilização da negação bipartida como estratégia de marcação da
negação frásica e a redução do paradigma de marcação do modo imperativo. Procurar-se-á demonstrar que embora PVA e PVB partilhem os traços linguísticos acima
enumerados, inexistentes no português europeu, estes não se concretizam,
linguisticamente, da mesma forma em cada uma das variedades, o que aponta, não
para diferentes processos de formação, mas para uma formação mais recente da
variedade angolana face à brasileira. Longe de refutar a hipótese do continuum afrobrasileiro do português, as conclusões apresentadas nesta comunicação permitem,
espera-se, ganhar uma compreensão mais abrangente dos vários mecanismos
linguísticos envolvidos na sua criação e do posicionamento de cada uma das variedades em estudo nesse mesmo continuum.
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Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
J
BART JACOBS (JAGIELLONIAN UNIVERSITY OF KRAKÓW/RADBOUD UNIVERSITEIT NIJMEGEN)
email: [email protected]
Grammaticalization in Afro-Portuguese Creoles: Idiosyncracies and
particularities
In recent decades, scholars have come to realize that creoles offer a unique
and quite spectacular window on grammaticalization. (On grammaticalization in
creoles, see e.g. Detges 2000, Bakker 2008, Bruyn 2008, 2009, Hopper & Traugott
2003, Heine 2005, Heine & Kuteva 2000, 2005, etc.). The Portuguese-based creoles
spoken in West Africa form no exception: they contain a significant amount of
grammatical words, morphemes and constructions that have developed out of (often
clearly identifiable) content words from the lexifier. The present paper discusses the
most interesting and characteristic of these grammatical features, moving from the
Gulf of Guinea through to Upper Guinea, then to the ABC Islands, and back.
First, we discuss a set of grammaticalization phenomena shared by all of the
Afro-Portuguese creoles (including Papiamentu) and estimate the idiosyncrasy of
these shared features by contrasting them with non-Afro-Portuguese creoles. Then,
we describe grammaticalization phenomena that appear to set the Upper Guinea
Creoles apart from the Gulf of Guinea Creoles. Finally, Papiamentu is brought into
the equation and compared with both the Upper Guinea and Gulf of Guinea branch.
Taking this comparative approach, the paper shows how grammaticalization
phenomena can be used to corroborate alleged genetic links between certain creoles.
More precisely, it will be argued that the grammaticalization phenomena shared
between Papiamentu and Upper Guinea Creole are of such an idiosyncratic nature
that chance cannot plausibly account for them (cf. Martinus 1996; Quint 2000; Jacobs
2008, 2009, forthcoming).In addition, I will classify the discussed phenomena in terms
of internal vs. contact-induced grammaticalization, showing, amongst other things,
that both types are abundantly found in all the creoles. Also, some mixed cases are
discussed, i.e. cases where internal grammatical change appears to have been
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
accelerated by language contact. Furthermore, while contact-induced
grammaticalization processes are generally thought to occur more rapidly than
internal grammaticalization (e.g. Bruyn 2008, 2009), I will put forward data from
Early Papiamentu texts to argue that not only contact-induced, but also internal
grammaticalization processes can, under the right socio-linguistic circumstances,
occur extremely rapidly.
Finally, I will explain why the assumption that Papiamentu and Upper Guinea
Creole are genetically related sheds interesting new light on the rate of
grammaticalization processes in emerging creoles.
ANNA JON-AND (STOCKHOLMS UNIVERSITET)
email: [email protected]
Tendências universais na marcação de plural em variedades africanas e
brasileiras do português
A concordância variável de número no SN (CVN) é um fenómeno que ocorre
principalmente em variedades do português influenciadas pelo contato linguístico,
historicamente ou atualmente. A origem da CVN é um assunto que tem gerado muito
debate nas últimas três décadas. Em estudos como os de Guy (1981), Lopes (2001),
Andrade (2003) e Baxter (2009) a CVN no português brasileiro é interpretada como
resultando principalmente do contacto entre português e línguas africanas na história do Brasil. O mesmo fenómeno é, no entanto, interpretado por Scherre (1988) e
Naro e Scherre (1993, 2007) como o resultado de processos internos da língua portuguesa, sem nenhuma relação ao contacto linguístico. Em estudos quantitativos de
CVN em variedades de português L1 e L2 de São Tomé (Baxter, 2004; Figueiredo,
2008) o fenómeno é explicado a partir de influências da estrutura de marcação de
plural nas línguas bantu.
O presente estudo compara dados quantitativos novos da CVN em duas variedades africanas de português L2, com estudos anteriores de CVN em variedades
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Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
brasileiras e africanas do português. O português de Moçambique e o português de
Cabo Verde são duas variedades particularmente interessantes de incluir numa perspectiva comparativa, já que em Moçambique línguas bantu são basicamente as únicas línguas que podem influenciar o português, e em Cabo Verde nunca houve presença considerável de línguas bantu, mas apenas de línguas da África ocidental.
O estudo comparativo revela tendências universais nos padrões de marcação
de plural nas variedades comparadas. A CVN é regida principalmente por fatores sintáticos, e a marcação de plural em elementos pré-nucleares é uma tendência forte
encontrada em todas as variedades. O que distingue as variedades comparadas quanto à marcação de número é a frequência de elementos que levam marca de plural em
relação a elementos flexionáveis que não o levam, mais do que a própria estrutura da
variação. Observa-se ainda que parece haver uma tendência para as variedades, que
presentemente têm, ou historicamente tiveram, mais condições para reestruturação
gramatical (isto é, ASL informal por adultos numa parte considerável da população),
apresentarem uma frequência menor de marcação de plural. A partir dos dados apresentados discute-se a existência de um contínuo de reestruturação gramatical em relação à marcação de plural, incluindo as variedades comparadas.
LURDES TERESA LOPES JORGE (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA)
email: [email protected]
A expressão morfossintática e semântica de itens lexicais: considerações sobre o
português do Brasil e línguas crioulas de base portuguesa do Atlântico
Neste trabalho analiso o comportamento de itens lexicais no que se refere a
propriedades relativas a traços formais e a traços semânticos (Chomsky, 1998, 1999,
2001, 2005 e 2008), na derivação de estruturas do português brasileiro (PB), com o
objetivo de explicar fenômenos gramaticais considerados inovadores no PB, tais
como: sentenças interrogativas diretas e indiretas (Quem que o Zé Victor viu?); (Ninguém me diz quando que ela chega.), em que elementos QU- que codificam categorias ontológicas, entre elas, ‘quem’ e ‘quando’, por exemplo, co-ocorrem com um
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
elemento (que) na posição de núcleo do sistema complementizador - CP (Jorge&Oliveira, 2010; cf. Mioto & Negrão; 2007, entre outros); a falta de concordância de número (cf. Scherre, 1988; Magalhães, 2004, entre outros) em elementos
não nucleares de sintagmas determinantes - DPs - (Eu não tolero esses menino da
Benzinha); a variação da concordância de gênero em DPs (Esse é amiga da onça...)
(cf. Carvalho, 2008; Lucchesi, 2000, 2009, entre outros). Tomando como ponto de
partida Oliveira (2005), e Jorge&Oliveira (2010), em que se estudam estruturas de
foco em línguas crioulas do Atlântico, pretendo buscar evidências independentes
para a hipótese de que aspectos da gramática do PB como os acima representados
podem ser creditados à verificação de traços formais e semânticos instanciados em
contrapartes nominais de categorias funcionais (Jorge&Oliveira (op.cit.) e atestam
operações disponíveis no curso da derivação sintática (Chomsky, 2008). A exemplo
do que se propõe para a derivação das interrogativas em que duas posições de CP
estão preenchidas, investigar-se-á, com base na perspectiva da derivação por fases
(Chomsky, 2008), o comportamento - em especial no que se refere à sua expressão
morfossintática - das categorias funcionais C(omplementizador), D(eterminante) e
T(empo), em estruturas do PB e de línguas crioulas do Atlântico- aqui, cite-se, em
especial, a análise de aspectos ligados à instanciação das categorias de gênero e
número em DPs (Holm, 1989; Baxter&Lucchesi&Guimarães, 1995, entre outros) e à
codificação de tempo, modo e aspecto (Oliveira, 2011, entre outros). A possibilidade de interrelação, no PB, entre aspectos representados nos dados citados neste
trabalho é inovadora, e o será, também, no que se refere às línguas crioulas de base
portuguesa, em se considerando estudos já existentes, ao passo que ratifica propostas em que os pressupostos da teoria da gramática e os da teoria substratista
são vistos como complementares (Mufwene, 1986; Oliveira&Agostinho, 2010, entre outros). A proposta de investigação, que integra pesquisa em andamento, confirmaria, ainda, a perspectiva gerativista, intensificada a partir do sistema de fases
(Chomsky, 2008), de que a variação paramétrica encontra-se centrada no conjunto
de traços que alimentam a sintaxe para que esta gere derivações que serão interpretadas semanticamente. Assim sendo, se a interpretação semântica é compu-tada
a partir de operações sintáticas creditadas a traços distintos de itens lexicais, interessa à pesquisa a questão do comportamento, no curso da derivação, de traços
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
intrínsecos a categorias funcionais distintas. A questão trazida pela configuração do
léxico para a arquitetura da faculdade da linguagem (cf. Lobato, 2010) justifica, portanto, o interesse do presente estudo.
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
K
CATHERINE BÁRBARA KEMPF (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA)
email: [email protected]
CYNARA ALBINA RABELO DOS REIS (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA)
email: [email protected]
ELIANA PEREIRA DA SILVA (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA)
email: [email protected]
Tabu linguístico e empréstimo de lexias bantu no português do Brasil
Os contatos de língua – podendo levar à mescla ou não – são conhecidamente
as maiores fontes de empréstimos de lexias e de calques. A sexualidade, por seu
lado, pode ser considerada como uma atividade física e natural, mas de fato adquiriu nas culturas humanas uma função simbólica de extrema relevância, o que explica os tabus que afetam o vocabulário referente a ela. Isso levou a pesquisa a investigar a influência dos vocábulos de suposta origem africana no léxico do português
brasileiro referente à sexualidade, com suas variedades regionais. Os termos referentes à sexualidade não foram repassados pela língua dominante por conta dos
tabus característicos da cultura luso-católica, o que favoreceu a preservação das
lexias e calques vindos das línguas africanas. A pesquisa já foi tema de uma dissertação de Mestrado, baseada num levantamento de lexias e expressões específicas à
Vila Bela da Santíssima Trindade – MT, de um lado, da cidade de Salvador e cidades
que compõe o Recôncavo Baiano de outro. Ela mostra pontos de “encontros” e
“desencontros” entre os “africanismos” dessas localidades. Os “encontros” – lexias,
“dicionarizadas” ou não, semelhantes entre esses dois pontos opostos do vasto território brasileiro –, são justificados pelo deslocamento de muitos escravos trazidos
da Bahia, no século XVIII, para o Vale do Guaporé. Os “desencontros” – lexias que
existem somente em Vila Bela da Santíssima Trindade, ou somente no Recôncavo
Baiano – têm sua explicação no tempo e no espaço que separam os dois ecossistemas
lingüísticos. Foram levantadas ao todo 291 lexias, das quais 21 são fortes candidatos
a bantuismos, conforme os levantamentos de Yeda Castro (Castro, Yeda Pessoa. Fa-
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Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
lares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. 2. ed., Rio de Janeiro:
Topbooks. 2005.) e de Angenot e Angenot (Angenot, Jean Pierre; Angenot, Geralda
de Lima Vitor, 2010, Glossário dos bantuísmos brasileiros. Guajará-Mirim/RO, Caderno de Ciências da Linguagem. Publicação on-line);. mas tem também um certo
números de lexias, ou sem registro em dicionário algum, ou então cunhadas como
de “origem obscura”, ou ainda “controvérsia”, que, pelos critérios usados pelos
bantuistas (Angenot, Jean Pierre ; Jacquemin, Jean Pierre, 1976, Identificação de
critérios Línguísticos que permitem precisar a origem dos empréstimos bantos no
português do Brasil. In: X Reunião Brasileira de Antropologia. UFBA. Salvador/BA)
são candidatas a bantuismos. Neste trabalho pretendemos apresentar os resultados preliminares de um levantamento de possíveis cognatos encontrados nos léxicos e dicionários das línguas bantu afetadas pelo tráfico, ora acessíveis à nossa equipe, para embasar a procura dos possíveis étimos das lexias brasileiras. Apresentaremos alguns dos casos mais interessantes.
95
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
L
JÜRGEN LANG (UNIVERSITÄT ERLANGEN-NÜRNBERG)
Email: [email protected]
A dive in the feature pool
In recent times, it has become rather usual to make biological scenarios a
model of what occurs in situations of language contact and creolization. We hear of
a linguistic “feature pool” (as genetists speak of a “gene pool”), of “competition’
among” and “selection of” linguistic features, of linguistic “ecologies”, etc. There is
of course a long tradition of metaphorical use of biological terms in linguistics, and it
is hard to say whether these metaphors have done linguistics more good or harm. In
order to prevent the second from happening this time, we shall examine the new
recourse to biology analyzing Salikoko Mufwene’s contributions from 2001 e 2002.
These two publications seem to have contributed more than any other to establish
the new trend.
In principle, three questions should be answered:
1. What does Mufwene affirm, concerning language contact, using biologyinspired metaphors?
2. To what extent does the metaphorical use of these terms correspond to
their literal sense in biology and genetics?
3. Does the linguistic scenario outlined with the help of these terms
correspond to what we think is going on in language contact?
This program is too ambitious for a 20 minute’s talk. We shall confine ourselves
to the first and the second question. It will be shown that Mufwene’s use of biological
terms differs too much from their use in biology and genetics to be of great help.
We keep our doubts concerning the appropriateness of what he asserts about the
mechanisms of language contact and criolization for another occasion.
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Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
ISABELLE LÉGLISE (CNRS, SEDYL, PARIS)
email: [email protected]
PASCAL VAILLANT (LIMBIO, UNIVERSITÉ PARIS 13)
email: [email protected]
JOSEPH JEAN-FRANÇOIS NUÑES (INALCO, SEDYL/LLACAN)
email: [email protected]
Application de la méthodologie CLAPOTY à des phénomènes de contacts de
langues trilingues (Créole Casamançais, Français et Wolof)
Bien que la créolistique aie peu investi ce domaine, longtemps réservé aux
relations entre les créoles et leurs langues lexificatrices (Goury & Léglise, 2005), la
linguistique du contact (ou contact linguistics) est en plein essor depuis une quinzaine
d’années. Deux traditions de recherche s’y croisent : l’une en diachronie, plutôt axée
sur la description des conséquences du contact sur les langues elles-mêmes
(Thomason, 2001, Heine & Kuteva, 2005), l’autre en synchronie, plutôt intéressée
par la description des effets du plurilinguisme et du sens socialement attribué, par
les locuteurs, à l’alternance de langues (Auer, 1998).
Le projet ANR CLAPOTY (Léglise et al., 2009) propose un modèle d’analyse
des conséquences linguistiques des contacts de langues qui articule ces deux
traditions. Il est actuellement testé sur un corpus commun multilingue comprenant
40 langues (soit 164 enregistrements différents représentant 290 locuteurs). Ce
corpus constitue, à notre connaissance, la plus grande base de données multilingues
existante dans la communauté scientifique internationale.
Dans cette communication, nous présenterons dans une première partie les
objectifs et méthodes mis en place dans le projet Clapoty, en insistant sur les choix
d’annotation des données. L’originalité de notre modèle d’analyse réside en ce qu’il
a été élaboré en commun par des linguistes de différentes traditions disciplinaires,
au cours d’une démarche empirique et ascendante — c’est-à-dire par agrégation de
cas, à partir d’un recensement systématique de « phénomènes remarquables »
observés dans les corpus, sans pré-catégorisation.
Dans une deuxième partie, nous présenterons l’étude de phénomènes de
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
contact intervenant dans des corpus trilingues créole afro-portugais casamançais –
français – wolof, enregistrés auprès de locuteurs plurilingues au Sénégal dans les
villes de Dakar et Ziguinchor. La situation sociolinguistique du Sénégal est
relativement bien documentée depuis une quinzaine d’années (Juillard, 1995) ainsi
que le créole casamançais (Chataigner, 1963, Rougé, 2010, Biagui en préparation).
Après avoir présenté les particularités du corpus, nous illustrerons comment les trois
langues sont traitées au niveau morphosyntaxique dans les interactions quotidiennes.
Nous nous concentrerons en particulier sur les phénomènes de contact intervenant
au niveau du GN et sur le traitement – par les locuteurs créolophones - des substantifs
issus du français comme influansa (composé d’un élément probablement issus du
français «influ» (influence) et d’un suffixe créole «ansa») notamment lors de
l’expression des repères temporels.
MARIVIC LESHO (THE OHIO STATE UNIVERSITY)
email: [email protected]
Acoustic description of the Caviteño vowel system
The present study offers a preliminary acoustic description of the vowel system
of the variety of Chabacano spoken in Cavite City, Philippines (Caviteño). Chabacano
phonology is relatively underdescribed, and the few studies available have relied on
small sets of impressionistic data. Using phonetic methods to describe the creole
allows for a more nuanced description of the vowel system, which is useful in
determining the relationships between Caviteño and its superstrate (Spanish) and
substrate/adstrate (Tagalog). Preliminary results suggest that the vowels pattern
similarly to those of Tagalog in different prosodic positions.
Caviteño has a 5-vowel system of /i e a o u/. German (1932) and Ramos (1963)
observe that there is a difference in how the mid vowels are realized in the two main
districts of the city where Caviteño is still spoken, Caridad and San Roque. German
(1932:12-13) observes that in San Roque the mid vowels are often raised in post-
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Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
tonic positions (e.g. noche [notƒi] ‘night’), which he compares to similar behavior in
some Spanish dialects. It is equally possible that there is influence from the Old
Tagalog 3-vowel system of /i a u/. Ramos (1963:63-66) also observes mid vowel
raising in San Roque but claims that it occurs in free variation, regardless of stress or
position. She also claims that Caviteño vowels do not vary in duration, whether they
are stressed or unstressed (Ramos 1963:76), and that there is no vowel reduction
(1963:79).
To test these previous claims about the Caviteño vowel system, I present
preliminary analysis of data elicited over the course of five months of fieldwork,
focusing on two word lists elicited from one male speaker from San Roque and one
from Caridad. Measurements of vowel duration, quality, and dispersion were taken
from 907 vowel tokens in varying prosodic positions: stressed antepenultimate,
penultimate, and ultimate position, and unstressed preantepenultimate,
penultimate, and ultimate position.
For both dialects, duration measurements show that phrase-final vowels tend
to be longer than non-final vowels, regardless of stress. Additionally, F1 and F2
measurements show that vowel quality is reduced in unstressed positions. Measures
of vowel dispersion also confirm that the vowel spaces of both speakers are reduced
in unstressed compared to stressed positions, and in non-final compared to final
positions. Both speakers show some overlap between the mid and high vowel
categories, although to varying degrees and with slightly different patterns affecting
the front and back vowels.
These preliminary results show that contrary to Ramos (1963), Caviteño has
a reduced vowel space in unstressed and non-final positions, and duration also varies according to prosodic factors. This behavior is similar to patterns previously
observed in Tagalog (Gonzalez 1970), but not Spanish (Ortega-Llebaria & Prieto 2011).
At the broad level, Chabacano appears to be similar to Spanish in having a 5-vowel
rather than a 3-vowel system, but fine-grained acoustic analysis shows that there
are phonetic and phonological similarities to the substrate/adstrate. Further analysis
will show whether these patterns hold across the other 32 speakers in the corpus,
including in utterances elicited in other task types.
99
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
FRANCISCO JOÃO LOPES (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO)
email: [email protected]
MARIA DE LOURDES ZANOLI (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO)
email: [email protected]
Considerações sobre o foco na posição de sujeito no crioulo de São Nicolau
O crioulo de São Nicolau (CSN) é um dos nove dialetos do caboverdiano (CCV),
e parte do grupo de Barlavento (ver Quint, 2000: 9). Neste trabalho apresentamos
um estudo inicial sobre a categoria sintático-discursiva foco na posição de sujeito
em CSN, assumindo a definição de foco de Zubizarreta (1997: 1): “[...] foco é definido em termos da noção discursiva de pressuposição: o foco é a parte não pressuposta da sentença”. Ratificamos ainda a proposta dessa autora de que a interpretação
de um constituinte focalizado deve ser representada por meio de duas asserções (A)
no nível da Forma Lógica (A1 e A2). Seguindo a literatura acerca da tipologia do foco
– ver entre outros, Zubizarreta (1998) & Kiss (1998) – propomos que em CSN é possível identificar dois tipos de foco na posição de sujeito: ‘de informação’ e ‘contrastivo’.
A seguir, apresentamos um exemplo produzido em contexto de obtenção de foco
contrastivo, em CSN, em (1b), antecedido de sua contraparte neutra em (1a):
(1) (a)
Juaun konpra un kadern
Juaun konpra
un
kadern
Kinha comprar
DET caderno
O Juaun comprou um caderno.
(a’) Análise Entoacional – Programa Praat
100
Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
tal
(b)
Naun, é [F Juaun] k’konpra un kadern
Naun, é
Juaun k’
konpra
un
Kadern
NEG COP Juaun +FOC comprar
DET Caderno
Não, é o Juaun que comprou um caderno.
(b’) Forma Lógica
A1: Há um X tal que o X comprou um caderno.
A2: Não é o caso que o tal X (que comprou um caderno) = (Kinha) & o
X (que comprou um caderno) = [F Juaun]
(Abrev.: A1/ A2 = asserção 1/2; COP = cópula; DET = determinante; F = núcleo
de foco; FOC = foco; NEG = negação).
(b’’)
Análise Entoacional – Programa Praat
O programa evidencia a marcação de foco no sintagma [Juaun], o elemento
com pico entoacional mais alto.
(c)
*Nau, [F Juaun] konpra um kadern. – “Não, Juaun comprou um caderno”.
Os dados em (1a’ e 1b’’) exemplificam o fato de que, em CSN, o sujeito clivado
é marcado prosodicamente (em termos entoacionais) de maneira distinta do sujeito neutro, à semelhança do que Fernandes (2007) encontra para as variedades brasileira e europeia do português. Em uma descrição preliminar, tal como demonstrado em (1b), a estrutura clivada se apresenta como a estratégia de marcação de foco
por excelência na posição de sujeito em CSN, o que se pode ver pela agramaticalidade
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
da sentença em (1c).
Em trabalhos futuros, pretendemos comparar o comportamento prosódico
(em termos entoacionais) do sujeito neutro e clivado do CSN com os resultados
obtidos por Fernandes (2007) para o comportamento prosódico dos sujeitos neutro
e clivado nas variedades do português brasileiro e europeu, apontando diferenças
e/ou semelhanças entre CSN e essas duas variedades.
LAURA ÁLVAREZ LÓPEZ (STOCKHOLMS UNIVERSITET)
email: [email protected]
VIRGINIA BERTOLOTTI (STOCKHOLMS UNIVERSITET)
email: [email protected]
COMUNIDADES LINGÜÍSTICAS AFROHISPANOAMERICANAS Y LA PERVIVENCIA DEL TRATAMIENTO SU MERCED
Este trabajo documenta los usos de su merced y variantes en América en el
siglo XIX. Aportamos evidencia empírica a favor de la hipótesis de que la conservación
de la forma de tratamiento su merced (y variantes) en América se relaciona con
contextos de fuerte presencia de africanos esclavizados. Si bien varios autores han
señalado la correlación entre el uso de esta forma y población de origen africano la
mayoría lo hace, por no ser el centro de su análisis, sin aportar datos o a partir de
documentación episódica sobre la cuestión (Granda 2007; Obediente 2009, 2010;
Pérez Guerra 1988, 1989).
Reunimos un total de 115 casos de su merced (y variantes) en textos con
representaciones del habla de personajes negros y esclavos de 21 autores publicados en Colombia, Cuba, Perú y Puerto Rico. Los ejemplos provienen del apéndice
que acompaña el libro The History of Afro-Hispanic language: five centuries, five
continents de John Lipski (2005) y del CORDE (www.rae.es). Diatópicamente, cabe
señalar que los ejemplos encontrados en el CORDE se limitan a Puerto Rico, Colombia
y Cuba y no hay allí ejemplos peruanos.
En la literatura, la mayoría de los personajes que pronuncian esta forma son
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
descritos como africanos o afrodescendientes, que se dirigen a un amo o señor, o a
alguien de un nivel social que puede ser interpretado como superior. En todos los
casos se dan relaciones de diferencias de poder (Brown y Gilman 1960) y el uso de la
forma de tratamiento tiene que ver con la cortesía normativa (Escandell Vidal 1996).
Hay además comentarios metalingüísticos que revelan una relación entre estructuras
esclavistas de fuerte presencia afro y la forma de tratamiento su merced, como es el
caso siguiente ejemplo en el que se hace alusión a la caída en desuso de ‘su mecé’
cuando los afrodescendientes se vuelven ciudadanos:
[…] Ya no diremo a ninguno
ni amo, ni su mecé,
ya no somo tata pepe
somo Señó don Cosé
(citado en Lipski 2005: 127)
A diferencia de lo que sucede actualmente en algunas variedades de español,
no encontramos evidencia alguna que permita suponer un uso solidario (Brown y
Gilman 1960) de la forma en el período estudiado.
Si bien este trabajo pone de manifiesto un fenómeno ya profusamente
estudiado y documentado, el de las relaciones sociales como explicación del cambio
en las formas de tratamiento, conjuga los estudios sobre el contacto de lenguas con
los de los estudios sobre la historia de las formas de tratamiento en español,
adoptando una renovada perspectiva que nos propone Klaus Zimmermann (2011):
pensar la historia de la lengua como la historia de una comunidad comunicativa.
Resulta de este estudio un nuevo caso de innovación en el español americano, consecuencia de la aceptación y difusión del nuevo uso de una “vieja” forma
lingüística, determinado por una comunidad comunicativa integrada por africanos y
sus descendientes nacidos en América.
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
DANTE LUCCHESI (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA)
email: [email protected]
Contato entre línguas e mudança linguística: as relativas e as palavras
interrogativas no português afro-brasileiro
Uma das questões centrais no desenvolvimento da crioulística diz respeito à
própria natureza das línguas pidgins e crioulas. Essas línguas teriam uma configuração estrutural especial ou não? Um dos principais modelos teóricos desenvolvidos
no campo, o Bioprograma da Linguagem, de Derek Bickerton (1981 e 1999), assentava essencialmente na idéia de que as línguas crioulas eram um tipo especial de
língua que refletia mais diretamente os dispositivos da Faculdade da Linguagem.
Esse modelo gozou de muito prestígio no campo na década de 1980, porém, a partir
do final da década de 1990, sua influência tem declinado, e explicações baseadas na
hipótese da transferência das línguas do substrato ganharam força (Siegel, 2008).
Passaram a surgir no campo também posições que preconizam que as línguas crioulas não devem ser vistas como línguas diferenciadas (DeGraff, 2005; Mufwene, 2003).
Contudo, recentemente Bakker, Daval-Markussen, Parkvall e Plag (2011) apresentaram evidências empíricas consistentes de que os crioulos “formam um subgrupo
estruturalmente diferenciado no conjunto das línguas do mundo”, em um amplo
estudo que emprega modelos estatísticos recentemente desenvolvidos no âmbito
da tipologia quantitativa.
Temos defendido a posição de que as características estruturais que aproximam as línguas crioulas de diferentes regiões do planeta, independentemente das
línguas do substrato que concorreram para sua formação, refletem as situações históricas especiais em que essas línguas se formaram. Assim, as línguas crioulas constituíram um profícuo terreno para desenvolvimento de teorizações sobre a relação entre
a mudança linguística e as situações de contato entre línguas. Dentro dessa perspectiva, a pesquisa pode ampliar o seu escopo, observando não apenas as línguas crioulas,
mas variedades linguísticas que se formaram em situações de contato massivo, sem
se terem crioulizado. Pode-se pensar, assim, em um nível de generalização mais elevado, em uma teoria geral dos efeitos do contato linguístico na estrutura da gramática.
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
Temos desenvolvido uma ampla pesquisa empírica sobre variedades do português popular do Brasil que se formaram em uma situação de contato do português com línguas africanas que investe nessa perspectiva teórica. Nesta comunicação
apresentaremos os resultados de análises variacionistas da fala de comunidades rurais
afro-brasileiras isoladas do interior do Brasil que fornecem uma base empírica consistente para uma teorização de como o contato entre línguas afeta dois aspectos
da gramática que já constavam do modelo de Bickerton (1981): as orações relativas
e as palavras interrogativas.
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
M
MARIA APARECIDA CURUPANÁ DA ROCHA DE MELLO (BIRKBECK UNIVERSITY OF LONDON)
email: [email protected]
Reduplicações no guineense e no caboverdeano: composição ou derivação?
No estruturalismo, quando o morfema era considerado como elemento mínimo de som e significado, composição e derivação se distinguiam, principalmente,
na estrutura interna da palavra. A composição se estrutura na base de duas palavras
da língua que, juntas, formam uma terceira palavra, com um significado final diferente de suas bases. Essa caraterística difere a composição da derivação, que usa,
no acionamento da regra, uma forma livre, supostamente uma palavra da língua, e
uma forma presa, ou seja, uma base lexical e um afixo gramatical. Contudo, nem
sempre a distinção entre derivação e composição é clara, tampouco a separação
entre afixo e radical é resolvida no âmbito das formas presas e livres, proposta por
Bloomfield (1933) . O exemplo clássico para a discussão é conhecido na literatura
como cran morphemes. Por sua vez, a reduplicação consiste na cópia do material
fonético da base de uma palavra e a adjunção dessa forma copiada junto à base
lexical. Esse processo é acionado para fins gramaticais e tem a tendência de copiar
constituintes da base, porém, o material reduplicado pode ser uma palavra inteira,
um morfema inteiro, uma sílaba ou uma sequência de sílabas (Spencer, 1995). O
estatuto gramatical da reduplicação não é consensual entre os linguistas. Há aqueles que a consideram processo de afixação, outros como composição ou mesmo
como um processo de formação, juntamente com a afixação, e a composição, que é
o caso de Sapir (1971). Para aqueles que consideram a reduplicação no âmbito da
composição, a base argumentativa está na gênese dos processos morfológicos e das
línguas, de forma mais generalizada. Já aqueles que consideram a reduplicação como
processo de afixação, tem uma olhar voltado para as questões gramaticais nos moldes sincrônicos, sem considerar o processo de gramaticalização, bastante relevante
para os estudos de morfologia das línguas crioulas. Enfim, trata-se da antiga discus-
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
são entre os pontos de vista sincrônico e diacrônico. Nos estudos crioulos, a diacronia
é bastante reveladora das articulações cognitivas de uma língua crioula, uma vez
que os fatores históricos e sociolinguísticos do crioulo refletem na construção de
sua gramática e, consequentemente, nos processos recursivos que se apresentam
no plano sincrônico. Este trabalho discute o estatuto morfológico das
reduplicações no guineense e no caboverdeano: composição ou derivação. Adotando-se como modelo teórico Aronoff (1976) e Kiparsky (1982), discutem-se aspetos
relacionados à produtividade, à gramaticalização, a morfofonologia e as implicações destes nos planos sincrônicos e diacrônicos desses crioulos.
WÂNIA MIRANDA (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO)
emails: [email protected] / [email protected]
A semântica dos determinantes es e uma em caboverdiano
Consoante aos pressupostos da semântica formal, faremos uma abordagem
preliminar sobre a função de alguns determinantes em caboverdiano (CCV) – variedade de Sotavento –, a saber, es e uma, que, embora possuam pouca ocorrência em CCV,
têm função semântica específica e integram o sistema de determinantes da língua.
No tocante ao determinante es, Quint (2000:184) aponta que é menos empregado que kel – partícula muito estudada em CCV e que causa controvérsia entre
os estudiosos quanto à previsibilidade de seus contextos de ocorrência. Esta discussão não será detalhada no presente trabalho, mas virá à baila quando pertinente à
exposição dos dados, pois também é foco de nosso estudo –, e essencialmente em
contraste a ele, pois assinala a proximidade ou a “imediatidade” do objeto designado. Es parece ser neutro quanto ao referente ser novo no discurso, ou exige qualquer grau de familiaridade, podendo fazer referência inclusive à eventos futuros,
enquanto kel exige um alto grau de familiaridade por parte do falante.
No que diz respeito ao determinante uma, Baptista (2002) assevera que a
ocorrência desta partícula é acidental e não sistemática. As análises que realizamos
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
em trabalho anterior, contudo, indicam que esta partícula não é a contraparte feminina de un e sim um intensificador que aponta para o maior grau, tanto de quantidade quanto de qualidade (Miranda, Quadros Gomes e Oliveira: 2010). Observemos os dados abaixo:
1)
N
1SG
sta
estar
kaloka un
colocar
ramedi
na
DET remédio
bo
firida
PREP 2SG.POSS
ferida
“Vou passar um remédio na sua ferida”
2) N
sta
1SG estar
kaloka
colocar
UMA
IntP
ramedi
remédio
na
PREP
bo
2SG.POSS
firida
ferida
“Vou passar UMA remédio na sua ferida”
3) N
sta
1SG estar
kaloka
colocar
UMA
IntP
baita
baita
ramedi na
remédio PREP
bo
2SG.POSS
firida
ferida
“Vou passar UMA baita remédio na sua ferida”
Glosas: 1SG – primeira pessoa do singular; 2SG - segunda pessoa do singular; DET –
determinante; IntP – sintagma intensificador; POSS – possessivo; PREP – preposição.
As sentenças acima estão ordenadas em escala de intensidade: a palavra
ramedi comporta-se como um kind, ou seja, faz referência a uma (sub)espécie e não
a um indivíduo particular. Na sentença (1), a interpretação é que uma espécie de
medicamento vai ser aplicada ao ferimento. Não há requerimento de que a quantidade de remédio seja grande, nem o comprometimento com a qualidade do remédio, já em (2), uma intensifica a palavra ramedi e a sentença pode ser interpretada
tanto como um remédio muito eficaz, quanto como uma quantidade demasiada de
remédio. O adjetivo baita em (3) enfatiza ainda mais a intensificação de uma. Vale
salientar que a própria entonação de uma na sentença é diferente.
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
No presente trabalho apresentaremos, de modo preliminar, as funções semânticas dos determinantes supracitados, delimitando os contextos que propiciam
ou não a utilização de cada determinante, posto que, não obstante à sua baixa ocorrência, possuem funções semânticas específicas na língua e são pertinentes ao entendimento do sintagma nominal do CCV como um todo.
ISABELLA MOZZILLO (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS)
email: [email protected]
Um olhar sobre o portunhol da fronteira Brasil-Uruguai
Na região da fronteira brasileiro-uruguaia coexistem, ao lado do espanhol e
do português em suas variantes culta e popular, diversas variedades de contato,
dentre as quais o chamado portunhol ou fronteiriço.
Estudados há muito por linguistas como Rona (1959), Elizaicín, Behares e
Barrios (1987), os também chamados Dialetos Portugueses do Uruguai (DPU) raramente contam com uma situação de prestígio entre os próprios falantes nativos, o
que poderia configurar uma situação de bilinguismo com diglossia.
Trata-se de práticas essencialmente orais, o que implica que tais variedades
híbridas raramente apareçam impressas, já que tanto o Uruguai como o Brasil caracterizam-se por uma política linguística historicamente direcionada ao monolinguismo
nos respectivos idiomas nacionais ou oficiais.
Pretendo neste trabalho analisar alguns elementos linguísticos oriundos dessas variedades em contato no sentido de verificar se são produtos de code-mixing
também denominado language mixing, momento intermediário dentro do
continuum de alternância de códigos que parte do code-switching e se dirige à criação de um terceiro código, a uma fusão de letos, variedade mesclada estabilizada
com uma gramática mista ou fused lects. (AUER, 1999).
O que define o grau da mistura não são só as evidencias gramaticais, mas as
funções comunicativas e a história sociolinguística dos falantes. Depende da histó-
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
ria particular da aquisição de línguas de cada falante, das pressões sociolinguísticas
que influenciam suas vidas e falares, os vários contextos e funções da situação de
contato que levam aos sistemas mistos.
Matras (2000) considera que a diferença do code-switching para o code-mixing
é que este é já um sistema convencional, onde a alternância não mais ocorre como
uma opção sincrônica, mas ele apenas reflete a etimologia dos componentes. As
condições de emergência do code-mixing dependem da habilidade de os falantes
mexerem com diversas línguas num estágio inicial.
As orações mistas não são como as do code-switching, em que se ativam
elementos de cada língua, mas sim ativações de elementos de origem da outra língua que já passaram por processos de mistura e estão convencionalizados.
A partir de tais considerações, acredito que o portunhol possa ser no momento um produto de code-mixing no qual a língua de base parece ser o português.
Para ilustrar minha análise, lanço mão do corpus compilado por Behares e Díaz (1998)
o qual é composto de poesia e prosa tanto já impressa como ainda inédita produzida na variedade de contato.
110
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
N
ANTÔNIO FÉLIX DE SOUZA NETO (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO)
email: [email protected]
Implicações do contato linguístico no sistema vocálico do papiamentu de
Curaçao
Embora contrariando alguns estudos prévios (cf. HARRIS, 1951;
KOUWEMBERG & MURRAY, 1994 e MARTINUS, 2004), o estagio da pesquisa que
estamos desenvolvendo em torno do sistema fonológico do papiamentu de Curaçao
permite-nos concluir que o sistema vocálico dessa língua é constituído das sete vogais (/i/, /e/, /D/, /a/, //, /o/, /u/) comuns aos crioulos de base portuguesa da
África Ocidental (cf. FERRAZ, 1979; MAURER, 1995/2009; BARRENA, 1957; SEGORBE,
2007; CARDOSO, 1981), mais quatro segmentos (éticos) vocálicos ([y], [ø], [«] e
[®]), que demonstram pouca ou nenhuma produtividade contrastiva. Além de sua
pouca ou nenhuma produtividade contrastiva, ([y], [ø], [«] e [®]) estão restritos ao
léxico originário do holandês (tal como em [úyr] ‘alugar, aluguel’, [brøx] ‘ponte’,
[Èsta.t«n] ‘Estado’, [Èejx.lök] ‘na realidade, de fato’) e do inglês (tal como em
/døs/ ‘assim’, [pl«s] ‘mais’, [swötS] ‘mudar, mudança, troca’). Por serem pouco
produtivos e estarem restritos ao léxico de origem, esses segmentos podem até
mesmo ser interpretados como fones. Donald Winford (2003), afirma que os resultados de contatos de línguas podem variar desde o simples empréstimo de vocabulário até a criação de novas línguas. De acordo com Mufwene (2007), as línguas
crioulas – bem como na diversificação das línguas do mundo – são produtos de
contatos linguísticos: competição, seleção e especiação ecológica das línguas, devido a contatos linguísticos promovidos por movimentos populacionais. Thomason e
Kaufman (1988) defendem a tese de acordo com a qual, fatores como grau e duração do contato, assim como a relação estabelecida entre as línguas contactantes são
decisivos – pressão cultural forte e duradoura da língua emprestadora, bem como
bilinguismo da parte dos falantes da língua receptora geralmente resultam em empréstimo de elementos de vários níveis linguísticos. De acordo com Silva-Corvalán
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
(2008), o fenômeno da convergência é típico de situação de bilinguismo/
multlilinguismo. Ele consiste da ativação de potencialidades de línguas, promovido
por uma situação de contato, que convergem/acomodam os traços potencias comuns às línguas contactantes ou os convertem para algum traço específico de cada
uma dessas línguas. De acordo com Myers Scotton (2002), as estruturas abstratas
resultantes de contato são as janelas empíricas das estruturas das línguas, sua manifestação, sua matéria empírica. Com base nas propostas teóricas básicas da Linguística
de Contato – tal como proposto por Thomason e Kaufman (1988), Myers-Scotton
(2002), Winford (2003), Mufwene (2007) e Silva-Corvalán (2008) –, apresentaremos
evidências de que as ocorrências de [y], [ø], [«] e [®] no papiamentu de Curaçao
são o reflexo de empréstimos, interferências e convergência linguísticos devidos a
contatos com o holandês, o espanhol, e o inglês.
112
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
Q
NICOLAS QUINT (LLACAN-CNRS/INALCO)
email: [email protected]
NOËL BERNARD BIAGUI (LLACAN-INALCO/UNIVERSITÉ DE DAKAR)
email: [email protected]
Un aperçu de la catégorie «Adjectif» en Créole Casamaçais
Le créole afro-portugais de Casamance (ou créole casamançais) est la langue
maternelle d’environ 10.000 personnes vivant dans la ville de Ziguinchor (Sénégal)
et dans un certain nombre de villages environnants (Nyaguis, Sindone, Adéane…); il
est également pratiqué en tant que langue seconde par plusieurs milliers de
personnes demeurant dans la même région.
Dans cette langue créole, encore très peu décrite de nos jours, il existe des
éléments à valeur qualifiante, que nous avons choisi de nommer « adjectifs » et dont
le comportement syntaxique et morphologique présente des caractéristiques à la fois
verbales et nominales et variables selon les unités considérées. Ainsi, si nous
considérons l’adjectif dudu, fou, cet élément peut d’une part et à l’instar d’un nom:
- (1) être fléchi (en tant qu’épithète) en fonction du genre du référent qu’il qualifie:
womi dudu, un homme fou vs. miñjer duda, une femme folle (cf. opposition
primu, cousin vs. prima, cousine).
- (2) occuper le centre d’un syntagme et être pluralisé:
kel
dudu-s
DEM fou-PL
Ces fous.
Si nous prenons maintenant l’adjectif burmeju, rouge, cet élément peut être
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
nominalisé (cf. (2)) mais pas être fléchi en genre (cf. (1)). Il peut en revanche, à l’instar
d’un verbe:
- (3) se combiner avec des marques d’aspect (ici la particule aspectuelle
d’inaccompli na):
e
maKgu
na
burmeju
DEM mangue
INACC
rouge
Cette mangue va mûrir, litt. “rouge-ra”.
- (4) être suivi d’un pronom objet:
i
ø
burmeju-mi
3SG ACC rouge-O1SG
Ça va mal pour moi, litt. “ça me rouge”.
Les deux adjectifs présentés ci-dessus suffisent à montrer que la
caractérisation des unités adjectivales est loin d’être une tâche aisée dans une langue
telle que le créole casamançais. Dans cette présentation, nous nous attacherons à
montrer que la catégorie « adjectif » est bien une réalité en créole casamançais.
Pour ce faire, nous étudierons d’abord successivement les principales
caractéristiques nominales puis verbales des adjectifs casamançais (en nous fondant
sur un corpus d’environ 160 adjectifs casamançais collectés auprès de locuteurs
natifs), avant de faire le point sur l’ensemble des propriétés qui permettent de définir
la catégorie « adjectif » dans cette langue.
Puis nous donnerons une perspective comparative à notre présentation en
comparant le système adjectival du casamançais avec ceux –mieux décrits – du créole
de Guinée-Bissao et du capverdien (langue dans laquelle l’item dodu, fou, peut se
combiner avec une marque aspectuelle (cf. (3)) ce qui n’est pas possible en
casamançais).
Enfin, nous élargirons davantage encore la perspective de notre présentation
en montrant que la question de la délimitation de la catégorie « adjectif » est un
114
Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
problème récurrent dans nombre de langues du monde (Dixon 2011 : 62-114 ; 2010 :
112-114) et en mettant en relation ces données typologiques avec le cas particulier
du casamançais.
115
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
R
MICHELA ARAÚJO RIBEIRO (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA)
email: [email protected]
JACKY MANIACKY (MUSÉE ROYAL DE L’AFRIQUE CENTRALE – TERVUREN, BELGIQUE)
email: [email protected]
Anatomia e fisiologia humana nas línguas bantu
Apresentamos os resultados iniciais de um estudo lexical histórico-comparativo da anatomia e fisiologia humana nas línguas bantu, que cobre um vasto território
da África que é o berço de uma parte importante da realidade linguística e cultural do
Brasil (Lopes, 1999; Angenot e de Lima Angenot 2009). Apesar das línguas bantu estarem sendo amplamente documentadas desde meados do século XIX, as informações
referentes à anatomia e fisiologia humana são escassas (Homburger, 1929). Os resultados hora apresentados, visam, através da análise e reflexão do grau de semelhança
entre as línguas bantu, evidenciar assim, por meio dos cognatos existentes entre palavras que expressam a anatomia do corpo humano nessas línguas:
1) como uma mesma palavra pode, com o tempo e/ou por meio do contato entre as
diversas línguas, mantendo sua forma ou não e variar de sentido de uma língua para
a outra;
mbombo
mbombo
kikongo
mboombo
‘testa’ em duala (Camarões)
‘testa’, ‘nariz’ em kikongo (Congo, Angola), depende da variedade
‘nariz’ em kibeembe (Congo)
2) palavras que integram o vocabulário anatômico e fisiológico bantu que estão presentes no léxico do Português brasileiro;
mutuê, camutuê
bunda
‘cabeça’, ‘testa’
‘nádegas’
(só ‘cabeça’ nas línguas bantu)
(não sempre ‘nádegas’ nas línguas bantu)
116
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
3) o dinamismo e a riqueza cultural das línguas expressos no processo de formação, por justaposição, de palavras em bantu que designam as partes do corpo
humano.
omol’iso
‘pupila’ em umbundu
(literalmente ‘menina do olho’)
Assim, a referida pesquisa, com uma, abordagem histórico-comparativa (cf.
Campbell, 2004), pretende, além, de contribuir à reconstrução do acervo lexical do
proto-bantu (cf. Gutherie, 1967-1971; Meeussen, 1980; Bastin et alii, 2002), busca
destacar alguns dos reflexos deste léxico presentes no Português do Brasil.
ROSA MARIA DE LIMA RIBEIRO (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA)
email: [email protected]
JACKY MANIACKY (MUSÉE ROYAL DE L’AFRIQUE CENTRALE – TERVUREN, BELGIQUE)
email: [email protected]
Crenças e línguas em contacto: empréstimos da religião cristã nas línguas bantu
Os contatos ocorridos entre europeus e africanos nos séculos passados e até
hoje afetaram de modo importante as concepções religiosas africanas. O processo
da escravidão dos povos africanos levados para a América também foi a fonte de
um amálgama de doutrinas ou concepções heterogêneas. A língua é uma parte da
cultura, é o veículo dela. A partir da linguística podemos ver a evolução destes
contatos através das integrações lexicais, das adaptações morfológicas e das
mudanças semânticas. Podemos perceber com isso o problema da exportação de
um sistema de crença diferente e as questões da tradução (Comby, 2005). Isso já foi
bem verificado na coleta de dados preliminar de uma pesquisa doutoral (Ribeiro,
em fase de elaboração) em linguística bantu (Nurse & Philippson, 2003), no domínio da religião, no sentido largo do termo, incluindo todas as práticas da medicina
tradicional e o que está qualificado de feiticismo, paganismo...
117
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
Exemplos em kikongo:
nzambi
‘o ser supremo’
nkuya
‘espírito de antepassado’
>
>
‘Deus’ (do cristianismo)
‘demônio’
Existem estudos dedicados a uma região só ou uma língua (Labrecque, sd;
Burton, 1961; Dos Santos, 1969; Maniacky, 2007). Mas a abordagem histórico-comparativa (Campbell, 2004) permite ver evoluções das palavras e dos sentidos delas.
É bem verdade que as ingerências religiosas na África não dizem respeito
somente ao cristianismo, haja vista a difusão do Islã principalmente no lado leste do
continente, porém, para este trabalho, foi necessário fazer esta delimitação,
enfocando amostras significativas de todas as zonas linguísticas bantu. Muitas palavras são encontradas como tradução de termos cristãos e outras simplesmente incorporadas ao universo bantu, como inovação na religião, com adaptações
fonológicas, morfológicas e semânticas. Quando empréstimos, estas palavras são
de origem portuguesa, inglesa, francesa...
Exemplos:
jianju
em kimbundu,
ombatisimu
em umbundu,
ndáko (ya) nzambé em lingala,
do português ‘anjo’
do português ‘batismo’
literalmente ‘casa de Deus’
Uma parte do vocabulário religioso bantu encontra-se hoje no português do
Brasil, também com mudanças fonológicas, morfológicas e semânticas (ANGENOT
& ANGENOT, 2009).
Exemplos:
calundo, calundu
kalundu
kilundu
okalundu
‘espírito, alma, lugar dos mortos, denominação dos antigos
cultos afro-baianos’
‘cemitério, divindade’ em kimbundu
‘espírito’ em kimbundu
‘cemitério’ em umbundu
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Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
S
EDUARDO FERREIRA DOS SANTOS (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO/CNPQ)
email: [email protected]
Estrutura de foco no português de Angola: cotejo com línguas do oeste da África
e com o português brasileiro
Neste trabalho enfoca-se as construções de ‘perguntas QU fronteadas seguidas de ‘que’ sem cópula’ no português de Angola (PA) e sua aproximação com o
português brasileiro ‘norma padrão’ (PB), o português vernacular brasileiro ‘norma
não padrão’ (PVB) e algumas línguas do oeste africano (LA). Comumente classificadas como ‘interrogativas clivadas sem cópula’, essas construções serão consideradas sentenças do tipo monoclausais, em que o elemento fronteado, que recebe a
leitura de foco, é seguido de uma partícula focalizadora, resultando em um tipo de
foco controlado gramaticalmente e, portanto, fora do âmbito das clivadas – ver Oliveira (2011); Santos & Oliveira (a sair) – como vemos em uma sentença do português angolano em (01):
(01)
Onde que vai seguir a faculdade?
O exemplo em (01) é uma estrutura que também ocorre no PB e no PVB e em
algumas LAs, mas que se faz ausente no português europeu (PE) – ver Oliveira &
Holm (2011):
(02)
PB/PVB/*PE O que que você fez?
Segundo Oliveira (2011), a presença de uma construção como (01) nessas
duas variedades do português brasileiro está diretamente relacionada ao contato
linguístico com as línguas do oeste africano que exibem o fenômeno do foco de
controle gramatical, como exemplifica Green (2007) para o foco em hausa. Ainda
segundo Oliveira (2011:75), esse tipo de foco difere do foco ‘convencional’ por (i)
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
não apresentar um padrão entoacional; (ii) não apresentar tipologia; e (iii) não ser
controlado pela intenção do falante.
A presença da língua portuguesa em território africano resultou em variedades
com diferentes substratos e que também estão relacionadas ao contato linguístico do
português com as respectivas línguas africanas presentes em cada país – no caso específico de Angola, temos um caso de diglossia com falantes de língua portuguesa e
línguas banto, conforme aponta Figueiredo (2010:38). Ao considerarmos, portanto,
que tanto o PA como as variedades brasileiras do português atestam uma situação de
contato e que sentenças como (01) são manifestações específicas de uma marcação
de foco presente em certas LAs que participaram desse contato linguístico, ratificamos as posições de Figueiredo (2010) e Oliveira (2011) de considerarem, respectivamente, o PA e o PB/PVB, como ‘línguas reestruturadas’ nos termos de Holm (2004).
ALFREDO CHRISTOFOLETTI SILVEIRA (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO/FAPESP)
email: [email protected]
A realização do ditongo /ej/ no português vernacular são-tomense
O objeto de estudo deste trabalho é o português vernacular são-tomense
(PVS), uma variante transplantada do português europeu (PE) em contato com línguas crioulas faladas nas ilhas de São Tomé e Príncipe (STP), como o santomé, o
principense, o angolar e o kabuverdianu (Hagemeijer, 2009, 2012 (submetido); Gonçalves, 2009, 2010; Figueiredo, 2010). Estudos recentes de Gonçalves (2010), Silveira
(2011), Santos & Silveira (2011) indicam que o PVS difere estruturalmente do sistema linguístico europeu tanto na fonética e fonologia, na prosódia, e na sintaxe. O
presente trabalho traz os primeiros resultados de um amplo estudo sobre as realizações dos ditongos no PVS.
A metodologia aplicada para a constituição e análise do corpus foi baseada na
sociolinguística variacionista (Labov, 1972). O corpus é constituído por gravações individuais de fala espontânea com 18 informantes distintos, coletadas in loco. Para a
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
análise, consideraram-se variáveis linguísticas que poderiam influenciar na realização
dos ditongos, como: tonicidade; posição do ditongo na estrutura; contexto seguinte;
entre outras. Quanto às variáveis sociais, foram escolhidas idade, escolarização e sexo.
Nos dados parciais obtidos desse estudo, voltado para o ditongo /ej/, é possível verificar a singularidade do sistema fonético-fonológico dessa variedade africana de português. Diferente da norma europeia (Mateus & D’Andrade, 2000;
Mateus, 2002), considerada de prestígio no país, o PVS realiza a monotongação dos
ditongos /ej/, como em “dinheiro” [di”JeRu] (a transcrição fonética segue o padrão
SAMPA extendido), “primeiro” [pri”meRu], “feijoada” [feZu”adQ] e “beijo” [“beZu],
sugerindo uma aproximação ao comportamento do português brasileiro (PB) (cf.
Bisol 1991, 1994; Araújo, 1999; Lopes, 2002 e outros), todavia, a monotongação
ocorre ainda em contextos nos quais na variantes citadas do PB, bem como nas
variantes citadas do PE, ela é bloqueada, como quando ocorre no contexto seguinte
ao ditongo uma consoante alveolar plosiva [t], como em “feitiço” [fe”tisu], “leitão”
[le”ta~w~], “direito” [di”Retu] e “azeite” [a”zet•]. Verificou-se, em relação às variáveis sociais, uma relação da aplicação do processo de monotongação com a quantidade de anos de escolarização, sendo que as pessoas mais escolarizadas tendem
evitar mais a monotongação do que as pessoas menos escolarizadas.
A influência do contato com as línguas crioulas faladas no país, como o
santomé (Ferraz, 1979), o principense (Maurer, 2009), o angolar (Maurer, 1995) e o
kabuverdianu, assim como o aprendizado do português como L2 (por gerações passadas recentes) (Hagemeijer, 2009; Gonçalves, 2010) são as hipóteses para o comportamento do sistema fonético-fonológico do PVS, visto que as comunidades são
bilíngues ou convivem em espaços multilíngues. O contato também justificaria esse
comportamento na realização do ditongo /ej/ e de outros ditongos do PVS, pois no
santomé, principal contato com o PVS, esse ditongo não aparece (Braga, inédito).
A justificativa para o estudo das realizações dos ditongos, constatada a singularidade de suas realizações, é observar o comportamento de uma variante de português em um ambiente multilíngue; aumentar o nosso conhecimento sobre essa
variante; confrontar um sistema em diglossia; possibilitar outros estudos sobre o
PVS e comparações com outras variantes de português nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
EEVA SIPPOLA (UNIVERSITY OF HELSINKI)
email: [email protected]
Chabacano escrito: variación e ideologías
La presente investigación abordará la forma escrita de las variedades
chabacanas de Filipinas que carecen de ortografía estandardizada. Las variedades
chabacanas son, sobre todo, lenguas habladas, y el uso de la lengua escrita varía
entre hablantes y de comunidad en comunidad. En estudios anteriores (por ejemplo,
Forman 2001, Sippola 2010) se han señalado varias formas divergentes en el uso
escrito de estas variedades de contacto hispano-filipinas, pero hasta hoy no se ha
ofrecido un análisis sistemático de muestras de diferentes dominios de uso, ni una
interpretación discursiva de las prácticas literales.
Esta investigación presenta un análisis comparativo de las prácticas actuales en
y entre las comunidades de Cavite, Ternate y Zamboanga, así como una interpretación
de los resultados desde el punto de vista de actitudes lingüísticas y culturales.
El material analizado consta de diversas muestras de lengua escrita,
recolectadas de los hablantes, así como de publicaciones impresas y digitales. Incluye
material de enseñanza del chabacano, diccionarios, ejercicios de redacción, poemas, canciones, textos de foros de internet y mensajes de texto. Las muestras se
clasifican según las soluciones ortográficas empleadas en ellas, el dominio en escala
de formalidad, y los datos de fondo del autor, cuando son aplicables.
El estudio revela que los hablantes del chabacano de Zamboanga y Cavite
son los que más usan su lengua en forma escrita. Los resultados apuntan a un uso
mayor de una ortografía etimológicamente motivada en contextos formales, en que
las entidades léxicas que se interpretan como palabras de origen español, se escriben
generalmente según la ortografía española, mientras las interpretadas como elementos de lenguas filipinas, siguen la ortografía de las lenguas filipinas, con una
mayor correspondencia fonema-grafema. En dominios informales, como foros de
internet y mensajes de texto, la edad del hablante es significativa.
La ortografía es generalmente vista como un símbolo de normalización y
representación de las normas lingüísticas estrechamente relacionada con políticas
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
lingüísticas e ideologías políticas (Sebba 1996). Por ello, este estudio abordará una
discusión de las motivaciones para la variación encontrada, así como sus implicaciones
para los procesos de normativización y la producción de materiales de enseñanza.
Los resultados del análisis y la discusión contribuyen a la investigación de la
situación sociolingüística de las lenguas criollas iberorrománicas como lenguas
minoritarias en la región de Asia-Pacífico y en particular de las comunidades
chabacanas. Asimismo, aportan información para actores involucrados en políticas
lingüísticas locales y la promoción de las variedades chabacanas.
JURGEN ALVES DE SOUZA (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA)
email: [email protected]
A contribuição do contato entre línguas para o apagamento do clítico reflexivo
no português afro-brasileiro
Muitos dos estudos que já foram realizados a respeito do processo de
reflexivização no português popular brasileiro apontaram o apagamento do clítico
reflexivo como traço típico do nosso português, mas a maioria deles não considerou
o contato entre línguas ocorrido no período colonial como uma explicação provável
para o surgimento dessa estratégia de reflexivização. Diferentemente desses estudos, a pesquisa que aqui se apresenta procurou investigar, tomando por base o conceito de transmissão linguística irregular, a contribuição do contato entre línguas
para o apagamento do clítico reflexivo no chamado português afro-brasileiro, variedade do português popular brasileiro que teria sido mais afetada pelas situações de
contato linguístico ocorridas em nosso território. Amparando-se nos fundamentos
teóricos e metodológicos da Sociolinguística Variacionista, analisou-se a variação
nas estratégias de reflexivização presentes na fala vernácula de quatro comunidades rurais afro-brasileiras isoladas do interior do Estado da Bahia e constatou-se
que o apagamento dos clíticos reflexivos seria a estratégia mais utilizada pelos falantes locais, principalmente os mais idosos, do sexo feminino, que não se ausenta-
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
ram da comunidade e que tiveram menos acesso aos padrões culturais externos,
apontando, assim, para a possibilidade de ter havido influência do contato entre
línguas para o surgimento dessa estratégia de reflexivização no português afro-brasileiro. No que tange aos aspectos linguísticos, é importante lembrar que, apesar de
a situação de contato linguístico ocorrida no Brasil não ter sido das mais radicais,
ocasionando a gramaticalização de itens originais para desempenhar as funções dos
elementos que se perderam durante o contato – como acontece nas línguas crioulas, as quais usam a palavra “corpo” ou “cabeça” para desempenhar a função de
partícula reflexivizadora –, esta pesquisa constatou que o processo de reflexivização
no português afro-brasileiro foi marcado pelo apagamento dos clíticos reflexivos
que possuem menos valor informacional. Essas constatações, para além de traçar
um perfil das estruturas reflexivas presentes no português afro-brasileiro, contribuem para uma melhor compreensão do relevante papel do contato entre línguas para
forjar os traços peculiares do português popular brasileiro, lançando luz sobre as
ainda obscuras origens do nosso português.
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130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
T
ELIANA PITOMBO TEIXEIRA (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA)
email: [email protected]
Sintaxe dos clíticos no português popular angolano
Pagotto (1993, p. 202) entende que “lidar com mudança na posição dos clíticos
é lidar com profundas alterações na gramática de uma língua como um todo.” Galves
(1993) observa que a raiz da mudança gramatical é atestada já no século XVIII nos
dados de Pagotto (1992) onde aparece a próclise ao verbo principal na presença da
negação ou do complementizador. Ora, se levarmos em conta que tal estudo foi
realizado a partir de dados de língua escrita, pode-se inferir que tais inovações já
andavam na boca do povo bem antes de serem documentadas nos setecentos. Resultados de estudos em aquisição do português como L1 corroboram essa hipótese,
mostrando que a ênclise é adquirida via educação formal, portanto, usado por pessoas letradas. Estudos sobre o português vernacular de Angola (PVA), têm demonstrado haver semelhanças morfossintáticas ao português do Brasil, nas suas variedades popular e coloquial (cf. Teixeira, 2008; Teixeira & Almeida, 2011; Petter, 2009;
Holm, 2009; Inverno, 2004). Assim, nos propomos a descrever a sintaxe dos clíticos
no português popular falado em Angola, com base em uma amostra constituída de
dez informantes de ambos os sexos, pertencentes a duas faixas etárias distintas,
falantes nativos e não nativos do português. Todos eles são analfabetos ou têm até
cinco anos de escolarização e pertencem à classe baixa. Com base Sociolinguística
Quantitativa (Labov, 1972), estabelecemos como possíveis fatores condicionadores
a estrutura do sintagma verbal, o tipo semântico de verbo, gênero/sexo, faixa etária
e língua nativa. Os resultados mostram que, nessa variedade linguística, há uma
nítida preferência pela próclise, independentemente de idade, e sexo do informante, como o comprovam os dados a seguir:
(1) Nós tivemos lá, fizeram lá o primeiro curativo, nos deram receita (homem, analfabeto, faixa 1, falante nativo do kimbundu).
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
(2) Mas eu sempre faço mesmo coragem, lhe deixo em casa e venho pra escola
(mulher, analfabeta, faixa 2, falante nativa do kimbundu).
(3)... eu me deparei com uma ponte, uma ponte já partida (homem, faixa 1, analfabeto, falante nativo do português).
(4) Eu disse não, no posso te mostrar porque a tia é muito má, mas vamos combinar
o seguinte (mulher, analfabeta, faixa 1, falante nativa do português).
Tais resultados constituem evidências de que as variedades populares/coloquiais angolana e brasileira do português – formadas a partir do contato com outras
línguas, entre elas as línguas africanas do grupo bantu – são o resultado da transmissão linguística irregular (Lucchesi & Baxter, 2009) ou aquisição imperfeita (Kroch,
1994) o que pressupõe transferência de traços gramaticais das línguas do substrato.
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V
SILVIA RODRIGUES VIEIRA (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO)
email: [email protected]
KAREN CRISTINA DA SILVA (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO)
email: [email protected]
Estudo sociolinguístico da concordância verbal na fala de indivíduos de São
Tomé e Príncipe
Constitui tema do presente trabalho a concordância verbal de terceira pessoa do plural no português falado em São Tomé e Príncipe, África. A pesquisa tem
por intuito proceder ao exame dos condicionamentos lingüísticos e extralinguísticos
que (des-)favorecem a variação no corpus em estudo, com base fundamentalmente
na Teoria da Variação e Mudança (Labov & Herzog, 1968; Labov, 2003), como suporte teórico-metodológico.
Vinculado ao projeto internacional “Estudo comparado dos padrões de concordância em variedades africanas, brasileiras e européias do Português”, este trabalho realiza a análise dos dados da variedade africana, partindo do corpus organizado pelo Professor Tjerk Hagemeijer, cedido ao projeto. Consideram-se gravações
da fala dos são-tomenses, que são analisadas de acordo com as seguintes variáveis
independentes: (i) de natureza extralinguística: escolaridade, sexo, faixa etária e língua de intercomunicação do informante; (ii) de natureza linguística: posição do sujeito em relação ao verbo, configuração morfossintática do sujeito, animacidade do
sujeito, paralelismo, saliência fônica, tempo/modo verbal.
A metodologia consiste na coleta e na codificação dos dados, seguida do tratamento computacional das ocorrências através do pacote de programas GOLDVARB
X, sistematização e interpretação dos resultados de acordo com as variáveis lingüísticas e extralingüísticas.
Observando os resultados preliminares, propõe-se que os grupos de fatores
relacionados à escolaridade e à língua de intercomunicação dos informantes no contexto social, que exibe vasto contato linguístico (Hagemeijer, 2009), importem para
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
as motivações que configuram a regra variável. Na realidade, ao analisar a língua de
intercomunicação dos informantes, nota-se uma correlação com a escolaridade, uma
vez que, quanto menor a escolaridade do informante, maior contato com uma língua crioula, o que, em conjunto, concorre para a tendência à menor realização dos
índices de concordância. Em outro extremo, é altíssimo o nível de concordância para
os mais escolarizados, os quais, consequentemente, são aqueles que possuem maior contato com a língua portuguesa. Quanto aos demais grupos de fatores, a concordância na variedade em questão mostrou-se influenciada pelas variáveis estruturais animacidade, posição do sujeito e paralelismo, além da variável social sexo,
mostrando tendências de incremento da marca para mulheres, sujeitos animados,
antepostos e com marcas de plural.
No âmbito geral, o Português de São Tomé e Príncipe demonstra preferência
pela concordância (cf. Brandão, 2011), o que o aproximaria do modelo europeu.
Atesta-se, no entanto, haver uma regra variável na variedade africana (da ordem de
cerca de 90%), o que a diferencia, em certa medida, da variedade europeia, especialmente a lisboeta, que apresentaria uma regra semicategórica (cf. Labov, 2003) de
concordância. De outro lado, o índice de concordância obtido em São Tomé e Príncipe mostra-se semelhante ao apresentado no Português do Brasil em variedades
urbanas cultas/semicultas (Lucchesi et alii, 2009).
Por fim, ressalte-se que os resultados obtidos, principalmente quanto à escolaridade e à língua de intercomunicação, são importantes para que se compreenda aquilo que ocorreu no Brasil, cuja variedade também surgiu com base em várias
línguas em situação de contato lingüístico, o que teria influenciado de maneira expressiva a formação do português popular brasileiro.
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RESUMO DOS PAINÉIS
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
RESUMO DOS PAINÉIS
(por ordem alfabética)
A
ÉLIDA SILVA PITANGUEIRA DE ANDRADE (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA)
[email protected]
Construções de tópico com retoma na posição de sujeito no português afrobrasileiro
Em seu trabalho pioneiro, Pontes (1987) analisa minuciosamente as construções de tópico, constantemente presentes no português popular brasileiro. Posteriormente, estudos de Galves (1996 e 2001) evidenciam que o português brasileiro
(PB) apresenta uma gramática bastante diferente da gramática do português europeu (PE), principalmente no que se refere às construções de tópico. Possivelmente,
um dos motivos para tal divergência seria a interferência das línguas africanas. Podemos explicar essa hipótese pelo fato de que, durante o período colonial, o número de negros africanos no Brasil superava o número de brancos em decorrência do
tráfico de escravos, que trazia negros de todos os cantos da África. Houve uma diversidade de grupos étnicos africanos, o que possibilitou uma série de manifestações linguísticas. Em função disso, Mattos e Silva (2001) afirma terem sido os africanos e afro-descendentes os principais difusores e formatadores do atual português
brasileiro. Segundo Lucchesi (2006), esse contato com as diversas etnias africanas
contribuiu para que ocorresse um processo de transmissão linguística irregular para
os descendentes de escravos africanos. Seguindo essa perspectiva, o objetivo desse
trabalho é analisar dados de oralidade de comunidades remanescentes de
quilombolas para verificar a ocorrência das construções de tópico com retomada na
posição de sujeito, em fala de pessoas da faixa etária acima de 60. Após levantamento de corpus de oralidade de comunidades remanescentes de quilombolas, audição e análise dos dados e identificação do material de análise, notou-se que é
possível encontrar na fala de pessoas mais velhas construções do tipo: i) As fia da
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
gente, depois que casa elas vai simbora...; ii) As folha, elas seca tudo. O contato com
as duas línguas e a consequente transmissão irregular promoveu a criação dessas
construções. Esses exemplos foram produzidos por pessoas com idade acima de 60
anos. No entanto, construções desse tipo foram mais realizadas por falantes jovens
dessas comunidades e são as mesmas que estão presentes no dia-a-dia do português popular. Diante desse quadro teórico e da análise realizada, defende-se a ideia de
que as construções de tópico no português brasileiro podem ter sido oriundas da
transmissão linguística irregular (cf. Lucchesi e Baxter, 2009) e do consequente enfraquecimento do sistema flexional, o que levou ao preenchimento da posição de
sujeito pelo traço de pessoa (cf. Galves, 1996) pela faixa mais jovem, já que as pessoas mais velhas das comunidades analisadas pouco realizaram construções de tópico com retomada pronominal.
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N
NATIVAL ALMEIDA SIMÕES NETO (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA)
[email protected]
O preenchimento do sujeito nos verbos climáticos
O Princípio de Projeção Estendido (EPP) garante que toda sentença tem um
sujeito, que pode ser proveniente da seleção do verbo, como o argumento externo,
ou da exigência paramétrica da língua, como é o caso dos expletivos, seguindo-se os
pressupostos da teoria gerativa. O português europeu (PE) é uma língua de
morfologia forte, tendo uma forma verbal devidamente associada a cada pessoa
pronominal. Dessa forma, existe a possibilidade de o sujeito ser nulo, enquanto o
inglês, por exemplo, não apresenta essa propriedade. Essas duas línguas se diferenciam pelo Parâmetro do Sujeito Nulo, que decorre de outras propriedades substantivas na língua (cf. RIZZI, 1982), como a existência de sujeitos nulos referenciais ou
sujeitos nulos expletivos, dentre outras. O PE, em virtude de sua morfologia forte,
não realiza foneticamente o sujeito expletivo; além disso, não exibe pronomes
expletivos no léxico para tal propriedade. É considerada, portanto, uma língua de
sujeito nulo. Estudos comparativos entre o português europeu e o português brasileiro (PB), como os empreendidos por Duarte (1996), Galves (1996, 2001) e Kato
(2002), dentre outros, evidenciam que o primeiro licencia o sujeito nulo, enquanto
o segundo tende a apresentar o preenchimento do sujeito. As formas de preenchimento do sujeito são amplamente discutidas nos trabalhos de Duarte, principalmente nos casos de sujeitos referenciais. Há, entretanto, algumas formas de preenchimento do sujeito no PB que merecem destaque, como o que ocorre nos verbos
climáticos, objeto de estudo do presente trabalho. Tem-se encontrado com
frequência frases do seguinte tipo: Essas cidades chovem muito e Uns verões chovem mais, outros menos. Face a construções desse tipo, levanta-se a hipótese de
que o preenchimento do sujeito é um fenômeno linguístico proveniente do contato
entre a língua portuguesa e as línguas africanas da família bantu. Essa hipótese encontra respaldo nos estudos desenvolvidos por Bearth (2006), visto que, conforme
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
indica o autor, nas línguas da família bantu, há uma tendência em tornar sujeito o
elemento que está deslocado à esquerda, ocorrendo a concordância desse elemento com o verbo. Essa semelhança de fenômenos sintáticos sugere uma contribuição
das línguas africanas para a formação da sintaxe do PB, já que é historicamente
evidenciado que o contato existiu. E como num determinado período da história do
Brasil, a maioria da população era negra, esta foi responsável por disseminar a língua e sendo assim, contribuiu não somente para o léxico (contribuição mais evidente), mas também para a sintaxe (cf. MATTOS E SILVA, 2006). O grande problema é
que estudos nessa área ainda são muito incipientes e, muitas vezes, esses fenômenos são considerados meras coincidências. Mas não se pode considerar coincidência fenômenos que distinguem a sintaxe do português europeu em relação às outras vertentes, como a brasileira e a africana, como indica Petter (2009). É em função desses fatos que se justifica a realização deste trabalho como forma de investigar o preenchimento do sujeito com verbos climáticos, contribuindo para a discussão da história do português brasileiro.
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S
RAQUEL AZEVEDO DA SILVA (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO)
[email protected] [email protected]
Morfema ‘que’ complementizador versus morfema ‘que’ marcador de foco no
português étnico de Jurussaca-PA
Silva (2011) apresenta uma descrição preliminar das orações relativas na fala
da comunidade de Jurussaca – PA – observando os principais fenômenos que envolvem esse tipo de construção nesta variedade do português vernacular brasileiro (PVB)
denominada de ‘português étnico’ por Oliveira et alii (a sair). Silva (2011) orienta sua
descrição/análise a partir de estudos já realizados sobre as sentenças relativas no português afrobrasileiro (PVB) – ver Ribeiro (2009) – e destaca características
morfossintáticas das relativas em PVB, apontando, brevemente, um cotejo com as
construções relativas no português em sua ‘norma padrão’, chamada PB (toma Braga,
Kato & Mioto (2009: 243-244) como referência para as relativas da variedade PB).
Silva (2011: dados (1), (2)) observou que, na fala de Jurussaca, as sentenças
com antecedente nominal são introduzidas por meio do complementizador que em
lugar do uso do pronome relativo acompanhado da preposição, configurando-se a
chamada ‘relativa cortadora’ como se veem nos dados abaixo:
(1) Rocinha é um local que tem umas manguera... (PB – em que)
(2) Essas véia que eu tô falando (PB – de quem)
Silva (2011: dados (5), (6), renumerados abaixo) descreveu ainda que os falantes de Jurussaca utilizam os pronomes relativos onde (e suas variações livres seguidas
de ‘a’ e em’: aonde e na onde) e quem quando a oração relativa é uma relativa do tipo
‘livre’ – sobre relativas livres ver (Negrão, 1994). Observe os exemplos:
(3) É porque de tudo tem que... diz que de tudo existe na onde é... remanescente de quilombo, né. Tem pajé, tem parteira, tem tudo.
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70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
(4) (...) eu não sei as pessoa, né, a... a... quem mora aqui porque [das vêz] (...)
Neste trabalho propomos uma ampliação da descrição/análise das relativas
de Silva (2011) da fala de Jurussaca a partir de um conjunto de dados que
exemplificamos em:
(5) [ foi ela que ] começô a descobrí lá e aí ela chamô o meu irmão que era
o... presidente da associação
(6) Pois é. [É essa Meire que ] foi ..que foi a dona de descobri lá o negócio
que aqui em Jurussaca era remanescente de quilombos...
As sentenças entre colchetes em (5), (6) apresentam claros exemplos de construções clivadas e, seguindo a análise sintática corrente na literatura, o que presente nas clivadas é analisado como um pronome relativo – ver Braga, Kato & Mioto
(2009: 283). No entanto, seguimos a abordagem semântica de clivagem de Modesto (2001), ratificada em Mioto & Negrão (2007) para as orações clivadas em colchetes em (5) e (6). Estas orações apresentam foco dos sintagmas nominais – ‘ela’/’essa
Meire’ – e neste caso há uma leitura ‘especificacional’ desses sintagmas que exclui a
análise de que nessas construções ocorra uma relativa. O que nas clivadas em (5) e
(6) é um marcador de foco e não um pronome relativo.
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Sumário
PROGRAMAÇÃO ........................................................................................................ 9
PROF. DR. NICHOLAS FARACLAS ........................................................................................ 11
Recontextualizando a Emergência das Línguas Crioulas:
o Papel dos Povos Marginalizados na Gêneses dos Crioulos
PROF. DR. JOHN HOLM – UNIVERSIDADE DE COIMBRA, PORTUGAL ............................................. 14
Paralelos no Desenvolvimento Social e Linguístico de Duas Línguas Parcialmente
Reestruturadas: Português Vernacular Brasileiro e Africâner da África do Sul
RESUMO DAS CONFERÊNCIAS ................................................................................ 23
HUGO C. CARDOSO (CELGA, UNIVERSIDADE DE COIMBRA) ................................................. 25
Redescobrindo os Crioulos do Malabar
JOSEPH CLANCY CLEMENTS (UNIVERSIDADE DE INDIANA) ...................................................... 26
Accelerated contact-induced language change in Korlai Creole Portuguese: A case
for a Marathi-relexified creole
NICHOLAS FARACLAS AND THE WORKING GROUP ON THE AGENCY OF MARGINALIZED PEOPLES IN THE
EMERGENCE OF CREOLE LANGUAGES AND CULTURES (UNIVERSIDADE DE PORTO RICO, RÍO PIEDRAS) .... 28
Recentering the Ibero-Atlantic and the Ibero-IndoPacific within Creolistics:
Acknowledging the Crucial impact of the Patterns and Outcomes of Creolization in
the Iberian Empires on the Emergence of all of the Colonial Era Creoles
CARLOS FILIPE G. FIGUEIREDO (UNIVERSIDADE DE MACAU) ................................................. 30
MÁRCIA SANTOS DUARTE DE OLIVEIRA (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) .................................... 30
Português das comunas do Libolo, Angola, e português Étnico da Comunidade de
Jurussaca, Brasil: Cotejando os Sistemas de Pronominalização
137
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
ALAIN KIHM (CNRS – UNIVERSIDADE PARIS-DIDEROT) ......................................................... 34
Morphological Complexity in Pidgins-Creoles: Portuguese-Lexifier Pidgins-Creoles
from an Abstractive Morphology Perspective
SILVIA KOUWENBERG (UNIVERSIDADE ‘WEST INDIES’) ....................................................... 35
The Prosodic System of Papiamentu: Between Stress and Tone
JOHN M. LIPSKI (UNIVERSIDADE DA PENSYLVANIA) ............................................................... 37
Mapping the Psycholinguistic Boundaries Between Spanish and Palenquero: How
Many “Grammars” per “Language”?
EDENIZE PONZO PERES (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO) ....................................... 39
A Diversidade Linguística no Espírito Santo, Brasil
DONALD WINFORD (UNIVERSIDADE DO ESTADO DE OHIO) .................................................... 41
Creole Formation, Second Language Acquisition, and Language Processing: A Look
at the Issues
RESUMO DAS COMUNICAÇÕES .............................................................................. 43
DAVI BORGES DE ALBUQUERQUE (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA/UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ..... 45
Alguns traços de crioulos portugueses asiáticos no Português de Timor-Leste
ANA LÍVIA AGOSTINHO (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) ...................................................... 46
MANUELE BANDEIRA (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) ......................................................... 46
SHIRLEY FREITAS (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) ................................................................ 46
Adaptação de empréstimos no principense moderno
TÂNIA ALKMIM (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS) ..................................................... 48
LAURA ÁLVAREZ LÓPEZ (STOCKHOLMS UNIVERSITET) ............................................................. 48
A fala de africanos e os seus descendentes no Brasil: representações orais e escritas
138
Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
EDIVALDA ARAÚJO (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) ........................................................ 50
Do tópico nulo ao sujeito preenchido: caminhos de um contato linguístico
SILVANA SILVA DE FARIAS ARAÚJO (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA) .................... 51
O continuum de normas linguísticas no português falado em Feira de Santana-Ba .
JUANITO ORNELAS DE AVELAR (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS) .................................... 53
A complementação de verbos direcionais no português brasileiro e no português
moçambicano: contato, mudança e variação
MARLYSE BAPTISTA (UNIVERSITY OF MICHIGAN) ................................................................. 55
Traces of contact in creole genesis: Accounting for variation in a complex creole
continuum
ANGELA BARTENS (UNIVERSITY OF TURKU/UNIVERSITY OF HELSINKI) ........................................ 56
Una Comparación de Algunas Estructuras de la Morfosintaxis del Español
Ecuatoguineano con el Portugués Angoleño
ALAN N. BAXTER (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) ......................................................... 58
Are there ‘short’ and ‘long’ forms of verbs in Malacca Creole Portuguese (MCP)?
NOËL BERNARD BIAGUI (LLACAN-INALCO/UNIVERSITÉ DE DAKAR) .................................... 59
NICOLAS QUINT (LLACAN-CNRS/INALCO) .................................................................. 59
Les Idéophones en Créole Casamançais et dans les autres créoles apparentés
LILIAN DO ROCIO BORBA (PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS) ............................ 61
Artigos de Cândido da Fonseca Galvão: fontes escritas para história do português
brasileiro
ELIZANA SCHAFFEL BREMENKAMP (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO) ...................... 62
A língua holandesa no Espírito Santo: análise sociolinguística do seu desaparecimento
139
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
EDNALVO APÓSTOLO CAMPOS (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARÁ/UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO-PG) ... 64
Sobre a (in)existência de pronomes clíticos no ‘português étnico’ de Jurussaca
HUGO C. CARDOSO (CELGA, UNIVERSIDADE DE COIMBRA) ................................................. 65
ANA R. LUÍS (UNIVERSIDADE DE COIMBRA) ........................................................................ 65
Conjugação verbal e alomorfia no crioulo indo-português de Diu
ANA M. CARVALHO (UNIVERSITY OF ARIZONA) ................................................................. 67
Contato de línguas e variação: a expressão do pronome sujeito em português e
espanhol em contato no norte do Uruguai
ZHANG CHAOFENG (UNIVERSIDADE DE MACAU) ................................................................ 69
A variação do uso dos clíticos no português falado em Angola
BEATRIZ PROTTI CHRISTINO (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO) ................................ 70
A concordância de gênero e a expressão da definitude em Português Huni-Kuin
MAGDALENA COLL (UNIVERSIDAD DE LA REPÚBLICA, URUGUAY) ............................................... 72
Las voces malungo, muyinga y yimbo en el español del Uruguay
PAULA MENDES COSTA (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) .......................................... 73
Descrição fonológica segmental do crioulo da Guiné-Bissau: um estudo preliminar
STEPHEN FAFULAS (INDIANA UNIVERSITY) ......................................................................... 76
MIGUEL RODRÍGUEZ-MONDOÑEDO (INDIANA UNIVERSITY) ............................................ 76
Language shift and the emergence of new varieties: Spanish in contact with Bora
and Okaina
CARLOS FILIPE G. FIGUEIREDO (UNIVERSIDADE DE MACAU) ................................................. 78
Uso variável do artigo definido no português reestruturado da comunidade de
Almoxarife, São Tomé
140
Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
DÂNIA PINTO GONÇALVES (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS) ........................................... 81
Aspectos do bilinguismo societal no comércio da fronteira uruguaio-brasileira
ANTHONY GRANT (EDGE HILL UNIVERSITY, UK) ................................................................. 82
On the (dis)unity of the Manila Bay Creoles
JOHN HOLM (UNIVERSIDADE DE COIMBRA) ........................................................................ 84
16th-century evidence regarding the origins of the Capeverdean verbal marker -ba
INCANHA INTUMBO (UNIVERSIDADE DE COIMBRA) .............................................................. 86
ANA R. LUÍS (UNIVERSIDADE DE COIMBRA) ........................................................................ 86
Uma análise morfológica da reduplicação no Kriol da Guiné-Bissau
LILIANA INVERNO (CELGA, UNIVERSIDADE DE COIMBRA/CECL, UNIVERSIDADE DO ALGARVE) ...... 87
Traços distintivos do português vernáculo de Angola face ao português vernáculo
do Brasil
BART JACOBS (JAGIELLONIAN UNIVERSITY OF KRAKÓW/RADBOUD UNIVERSITEIT NIJMEGEN) ............ 89
Grammaticalization in Afro-Portuguese Creoles: Idiosyncracies and particularities
ANNA JON-AND (STOCKHOLMS UNIVERSITET) .................................................................... 93
Tendências universais na marcação de plural em variedades africanas e brasileiras
do português
LURDES TERESA LOPES JORGE (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA) .................................................... 91
A expressão morfossintática e semântica de itens lexicais: considerações sobre o
português do Brasil e línguas crioulas de base portuguesa do Atlântico
CATHERINE BÁRBARA KEMPF (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ........................ 94
CYNARA ALBINA RABELO DOS REIS (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) .................. 94
ELIANA PEREIRA DA SILVA (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ............................. 94
Tabu linguístico e empréstimo de lexias bantu no português do Brasil
141
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
JÜRGEN LANG (UNIVERSITÄT ERLANGEN-NÜRNBERG) ............................................................. 96
A dive in the feature pool
ISABELLE LÉGLISE (CNRS, SEDYL, PARIS) ....................................................................... 97
PASCAL VAILLANT (LIMBIO, UNIVERSITÉ PARIS 13) ........................................................... 97
JOSEPH JEAN-FRANÇOIS NUÑES (INALCO, SEDYL/LLACAN) ............................................ 97
Application de la méthodologie CLAPOTY à des phénomènes de contacts de
langues trilingues (Créole Casamançais, Français et Wolof)
MARIVIC LESHO (THE OHIO STATE UNIVERSITY) .................................................................. 98
Acoustic description of the Caviteño vowel system
FRANCISCO JOÃO LOPES (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) ..................................................... 100
MARIA DE LOURDES ZANOLI (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) ............................................... 100
Considerações sobre o foco na posição de sujeito no crioulo de São Nicolau
LAURA ÁLVAREZ LÓPEZ (STOCKHOLMS UNIVERSITET) ........................................................... 102
VIRGINIA BERTOLOTTI (STOCKHOLMS UNIVERSITET) ......................................................... 102
Comunidades lingüísticas afrohispanoamericanas y la pervivencia del tratamiento
su merced
DANTE LUCCHESI (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) ....................................................... 104
Contato entre línguas e mudança linguística: as relativas e as palavras
interrogativas no português afro-brasileiro
MARIA APARECIDA CURUPANÁ DA ROCHA DE MELLO (BIRKBECK UNIVERSITY OF LONDON) ............ 106
Reduplicações no guineense e no caboverdeano: composição ou derivação?
WÂNIA MIRANDA (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) ........................................................... 107
A semântica dos determinantes es e uma em caboverdiano
ISABELLA MOZZILLO (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS) .................................................. 109
Um olhar sobre o portunhol da fronteira Brasil-Uruguai
142
Universidade de São Paulo
130 ENCONTRO DA: ASSOCIAÇÃO DOS CRIOULOS DE BASE LEXICAL PORTUGUESA E ESPANHOLA
ANTÔNIO FÉLIX DE SOUZA NETO (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) ........................................... 111
Implicações do contato linguístico no sistema vocálico do papiamentu de Curaçao
NICOLAS QUINT (LLACAN-CNRS/INALCO) ................................................................ 113
NOËL BERNARD BIAGUI (LLACAN-INALCO/UNIVERSITÉ DE DAKAR) ................................... 113
Un aperçu de la catégorie «Adjectif» en Créole Casamaçais
MICHELA ARAÚJO RIBEIRO (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ........................ 116
JACKY MANIACKY (MUSÉE ROYAL DE L’AFRIQUE CENTRALE – TERVUREN, BELGIQUE) ................. 116
ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA NAS LÍNGUAS BANTU
ROSA MARIA DE LIMA RIBEIRO (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) .................. 117
JACKY MANIACKY (MUSÉE ROYAL DE L’AFRIQUE CENTRALE – TERVUREN, BELGIQUE) ................. 117
Crenças e línguas em contacto: empréstimos da religião cristã nas línguas bantu
EDUARDO FERREIRA DOS SANTOS (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO/CNPQ) ............................... 119
Estrutura de foco no português de Angola: cotejo com línguas do oeste da África e
com o português brasileiro
ALFREDO CHRISTOFOLETTI SILVEIRA (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO/FAPESP) ......................... 120
A realização do ditongo /ej/ no português vernacular são-tomense
EEVA SIPPOLA (UNIVERSITY OF HELSINKI) ........................................................................ 122
Chabacano escrito: variación e ideologías
JURGEN ALVES DE SOUZA (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) .............................................. 123
A contribuição do contato entre línguas para o apagamento do clítico reflexivo no
português afro-brasileiro
ELIANA PITOMBO TEIXEIRA (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA) ........................... 125
Sintaxe dos clíticos no português popular angolano
143
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
70 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CRIOULOS E SIMILARES
SILVIA RODRIGUES VIEIRA (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO) .................................. 127
KAREN CRISTINA DA SILVA (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO) .................................. 127
Estudo sociolinguístico da concordância verbal na fala de indivíduos de São Tomé
e Príncipe
RESUMO DOS PAINÉIS .......................................................................................... 129
ÉLIDA SILVA PITANGUEIRA DE ANDRADE (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) ............................ 131
Construções de tópico com retoma na posição de sujeito no português afrobrasileiro
NATIVAL ALMEIDA SIMÕES NETO (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) ...................................... 133
O preenchimento do sujeito nos verbos climáticos
RAQUEL AZEVEDO DA SILVA (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO) ................................................. 135
Morfema ‘que’ complementizador versus morfema ‘que’ marcador de foco no
português étnico de Jurussaca-PA
144
Universidade de São Paulo
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