N° 991219341-0/2010 DR/RJ Veículo de Comunicação da AHERJ . Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro Ano XIV Nº 103 Janeiro / Fevereiro de 2012 UM NOVO SUS Subfinanciamento e profissionalização da gestão são alguns dos desafios que precisam ser enfrentados pelo Sistema Único de Saúde após mais de 20 anos de sua criação. Páginas 4, 5 e 6 Lavanderia Hospitalar Entre as determinações da resolução da ANVISA estão as regras para o transporte interno e externo de roupas de serviços de saúde, que deverá ser realizado em carrinho e veículo exclusivos para essa atividade. Página 7 Acesse o site da AHERJ: www.aherj.com.br Correio Hospitalar • Veículo de Comunicação da AHERJ • Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro • Ano XIV • Nº 103 • Janeiro/Fevereiro de 2012 SUS Não há dúvida que o Sistema Único de Saúde que no mundo proporciona de forma inteiramente gratuita à população assistência médica integral, seja, na teoria de sua criação, digno dos maiores elogios e admirações. A concepção do Sistema foi perfeita, porém, na prática, observa-se que a universalidade dos atendimentos deixa muito a desejar, principalmente no que se refere à pequena e média complexidade que, pelo volume representam a quase totalidade da assistência médica. Em contrapartida, a grande complexidade é objeto de elogios na sua execução. Outros fatores como má gestão, desvio de recursos, etc. também contribuíram, em muito, para o enfraquecimento do SUS, agravado, sem dúvida nenhuma, pela descentralização – municipalização – mal planejada e pior executada. Não podemos deixar de registrar que, com modificações consistentes e necessárias, poderemos finalmente atingir o desejado aprimoramento de um Sistema tão completo, complexo e bem elaborado. Mansur José Mansur - presidente da AHERJ 2 Correio Hospitalar • Veículo de Comunicação da AHERJ • Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro • Ano XIV • Nº 103 • Janeiro/Fevereiro de 2012 Cartão Nacional de Saúde Em relação à obrigatoriedade do Cartão Nacional de Saúde (CNS) para os atendimentos pelo SUS a partir de 1º de março e pelos planos de saúde a partir de 5 de junho, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) esclarece que nenhum beneficiário de plano de saúde poderá ter seu atendimento negado por parte dos prestadores de serviços caso não esteja de posse do CNS. Da mesma forma, nenhum beneficiário poderá ter seu plano de saúde cancelado devido à ausência do número do CNS. As operadoras de planos de saúde deverão informar à ANS os números do CNS de seus beneficiários, conforme previsto na Resolução Normativa nº 250 de 2011. O Ministério da Saúde e a ANS criarão meios eletrônicos para facilitar que as operadoras façam o registro dos seus beneficiários no cadastro do CNS. A data prevista na RN 250 para o envio destas informações é 5 de junho. No entanto, a data está sujeita a alterações. Para o cidadão, o número do Cartão Nacional de Saúde possibilitará o registro eletrônico único nas bases de dados dos hospitais públicos e privados, bem como nos planos de saúde. Ministério emite novas Cartas SUS Mais de 640 mil usuários do Sistema Único de Saúde começaram a receber a segunda remessa das Cartas SUS – uma ferramenta desenvolvida pelo governo federal para avaliar a satisfação dos brasileiros sobre os serviços públicos de saúde e unidades conveniadas ao SUS. As correspondências estão sendo distribuídas nos 26 estados e no Distrito Federal, permitindo aos pacientes conferir o valor do procedimento realizado e, ainda, fazer críticas ou elogios ao atendimento recebido. Em 2011, o Disque-Saúde recebeu mais de 3,5 milhões de ligações e disseminou 7,5 milhões de informações. Os temas que geraram maior número de ligações foram o Programa Farmácia Popular (23,4%), tabagismo (23%) e aids (9,6%). Anvisa divulga relatório sobre higiene das mãos Já está disponível no site da ANVISA o Relatório sobre Autoavaliação para Higiene das Mãos (HM). O documento apresenta os resultados brasileiros para o instrumento elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O trabalho é inédito e revela dados importantes sobre as rotinas de segurança sanitária realizadas por gestores e profissionais que trabalham em estabelecimentos de saúde de todo o Brasil. Informações no site www.anvisa.org.br 3 Correio Hospitalar • Veículo de Comunicação da AHERJ • Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro • Ano XIV • Nº 103 • Janeiro/Fevereiro de 2012 Renovação do SUS Especialistas defendem melhoria na gestão e aumento de recursos O Sistema Único de Saúde passa por um período de avaliação, após mais de 20 anos de sua criação. Na visão de alguns especialistas, o SUS está precisando resolver as principais demandas, que são o subfinanciamento e a adoção de técnicas gerenciais modernas. Ou seja, falta dinheiro e gestão para equalizar o sistema de saúde. Recentemente, algumas iniciativas prometem mais recursos e uma melhoria na qualidade do SUS. O Governo regulamentou a Emenda 29, que fixou percentuais mínimos de recursos da União, estados e municípios, enquanto o Ministério da Saúde instituiu o Índice de Desempenho (IDSUS). O objetivo é detectar os gargalos e planejar ações. 4 De todos os programas que o estado brasileiro desenvolve, o SUS é um dos que mais inclui pessoas na sociedade. No entanto, o próprio tamanho dificulta o aperfeiçoamento gerencial. O sistema, compartilhado pelos governos federal, estaduais e municipais realiza 3,2 bilhões de procedimentos médicos por ano, é recordista mundial em transplantes e faz 1 milhão de internações mensais, segundo dados do Ministério da Saúde. Na opinião do presidente da Federação Brasileira de Hospitais, Luiz Aramicy Bezerra Pinto, o SUS evoluiu e conquistou qualidade em alguns ponjtos, principalmente na alta complexidade. “O atendimento a transplante, hemodiálise, quimioterapia, radioterapia e cirurgia cardíaca é um verdadeiro sucesso do SUS”, explica, acrescentando que na média e baixa complexidade o sistema ainda enfrenta imensas dificuldades, principalmente nas emergências. Segundo o médico sanitarista José Noronha, ex-secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, o SUS não envelheceu. Pelo contrário, cada vez mais se torna necessário fortalecê-lo. Na sua opinião, as fragilidades decorrem devido ao baixo gasto público per capita e da fragmentação da organização dos serviços pelos excessos de descentralização. “Essa fragmentação começa a ser corrigida a partir do Decreto 7508/2011 que ao regulamentar o SUS, determina a organização de redes assistenciais de base territorial e populacional”, explica. Correio Hospitalar • Veículo de Comunicação da AHERJ • Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro • Ano XIV • Nº 103 • Janeiro/Fevereiro de 2012 Novo perfil de atendimento O sistema de saúde também precisa ser renovado, pois está preparado para atender doenças infecciosas e agudas, mas com o envelhecimento da população, o perfil agora são as doenças como câncer, AVC, infarto do miocárdio, hipertensão e diabetes. - Certamente o envelhecimento populacional aumentará o predomínio das doenças crônicas e da quantidade de pessoas com necessidade de cuidados prolongados e maior intensidade de uso de tecnologias. Isto torna ainda mais importante o fortalecimento de sistemas públicos universais como o SUS e o aumento dos recursos per capita para seu financiamento, explica José Noronha, também especialista em saúde pública. Por outro lado, explica, torna-se também urgente a retomada de estratégias para o adequado tratamento de pacientes crônicos em unidades de menor complexidade, como as chamadas “nursing homes” americanas, e também para a organização de um sistema de cuidados paliativos (“hospice care”) praticamente inexistente no Brasil. O presidente da FBH também destaca os desafios do SUS frente ao envelhecimento da população. Lembra que o IBGE divulgou recentemente pesquisa onde se constatou que o brasileiro está vivendo mais (média de 73 anos). - Apesar desses números, muito pouco, para não dizer quase nada, se tem feito como política de saúde em relação à população idosa. Sabemos que a grande maioria das internações, que encarecem o tratamento e sobrecarregam ainda mais os hospitais, poderia ser evitada nos cuidados domésticos, como apoio nos banheiros, retirada dos tapetes e piso que evitem queda. Participação dos hospitais privados O presidente da FBH acha que os hospitais privados podem desenvolver uma colaboração com o SUS através das parcerias público-privadas (PPP), onde se fará uma contratualização numa realidade que contemple o valor do serviço a ser prestado. “Nosso setor possui os melhores e mais bem equipados hospitais do Brasil, daí julgarmos importante esta parceria, principalmente no alto custo, ficando a atenção primária e secundária sob a responsabilidade dos entes públicos”, explica. Formação do gestor No entendimento do presidente da FBH, Luiz Aramicy Bezerra Pinto, enquanto não houver uma política de recursos humanos para fidelizar os profissionais envolvidos, o sistema continuará amargando resultados negativos, não condizentes com o volume de recurso disponibilizado. ”Neste particular, a descentralização dos recursos, democraticamente correta não condiz com a realidade, pois não se tem uma auditoria forte para coibir os desvios e punir os responsáveis”. Com a experiência de atuação no segmento da saúde, o presidente da FBH sustenta que não se forma um gestor da noite para o dia. “O que constatamos hoje é uma grande alternância nos cargos de gestão, motivada por acordos políticos e até mesmo pelo fato de termos eleição a cada 2 anos. Na maioria dos casos, os gestores estão mais preocupados com seus projetos pessoais do que com o compromisso em melhorar a saúde do cidadão brasileiro”, adverte. Índice de desempenho do SUS O primeiro Índice de Desempenho do SUS (IDSUS), divulgado no dia 1º de março, pelo Ministério da Saúde foi calculado a partir de dados obtidos em 2008, 2009 e 2010 pelo IBGE, Organização Mundial de Saúde, Ipea e estados e municípios. Ele é composto de 24 indicadores e avalia com notas de 0 a 10 a qualidade e o acesso dos ser- viços da rede pública em estados e municípios. O Rio (4,33), foi a pior nota entre as grandes cidades. Segundo explicou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em declaração à imprensa, o que mais pesou para a avaliação do Rio foi o baixo acesso à atenção básica. Ele diz que, se contados os dados de 2011, o Rio de Janeiro estaria acima da média nacional. “Outra coisa que pesa muito no Rio é que a proporção de pessoas com acesso a plano de saúde é grande. Mas como o SUS é universal, tem que se avaliar o índice no conjunto da população”, declarou. O ministro Alexandre Padilha propôs que estados e municípios que melhorarem a nota sejam premiados com mais recursos. Defesa de recursos para o setor Sancionada pela presidente da República Dilma Housseff, a Emenda 29 fixou percentuais mínimos de recursos da União, estados (12%) e municípios (15%) no setor. A União não aumentará o percentual de seus gastos, que continuará numa média de 6% a 7% de sua receita bruta. No dia 3 de fevereiro a Associação Médica Brasileira (AMB) lançou, em São Paulo, o Projeto de iniciativa popular e Frente Nacional por Mais Recursos para a Saúde que propõe o investimento de 10% da receita bruta corrente da União na saúde pública. A iniciativa também conta com o apoio da Federação Brasileira de Hospitais. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou a Campanha da Fraternidade 2012, com o tema “A Fraternidade e a Saúde Pública”. Para o presidente da Frente Parlamentar da Saúde, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), o tema da campanha foi muito bem escolhido, justamente agora que o Governo Federal resolveu cortar quase R$ 5,5 bilhões do setor, que já passa por séria crise de financiamento. 5 Correio Hospitalar • Veículo de Comunicação da AHERJ • Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro • Ano XIV • Nº 103 • Janeiro/Fevereiro de 2012 Luiz Aramicy Bezerra Pinto Presidente da FBH “Após 11 anos de tramitação, com imensa mobilização da frente parlamentar da saúde e das entidades nacionais incluindo a FBH, ocorreu a efetiva aprovação da emenda 29 que foi sancionada pela Presidente Dilma, com alguns vetos. Observou-se uma frustração dos que lutam por mais recursos para o setor da saúde, no que diz respeito a não definição do percentual orçamentário a ser alocado pelo governo federal. Hoje já estamos engajados com as entidades nacionais no intuito de reverter este ponto através de projeto popular. Luiz Aramicy Bezerra Pinto Outro ponto importante é o que diz respeito aos estados e municípios que não poderão incluir gastos com saneamento básico, pessoal etc. como despesa o que certamente, pela lógica aritmética, deverá beneficiar o investimento em saúde. Esperamos que assim ocorrendo, esses recursos cheguem aos pacientes”. José Noronha Ex-Secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde José Noronha 6 “A regulamentação da Emenda Constitucional 29 constituiu um passo importante para disciplinar os gastos em saúde. É verdade que não se conseguiu, nessa fase, um aporte adicional de recursos federais para a saúde, mantendo-se apenas o seu crescimento, já previsto, de acordo com a variação nominal do PIB. Mas a definição clara do que são gastos de saúde permitirá um acréscimo da ordem de 5 bilhões de reais por parte dos Estados que vinham colocando na rubrica gastos não diretamente relacionados com a saúde. Além disso, aqueles Estados que não vinham cumprindo com a determinação constitucional de aplicação de 12 por cento de suas receitas, terão obrigatoriamente que fazê-lo em 2012. Isso deve permitir um acréscimo de 2 a 3 bilhões de reais. A crise financeira mundial não permitiu que o governo autorizasse a vinculação pretendida de 10 por cento da receita líquida para a saúde (Emenda Tião Viana), mas esperamos que superada a crise o tema volte ao centro da pauta de reivindicações setoriais”. Correio Hospitalar • Veículo de Comunicação da AHERJ • Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro • Ano XIV • Nº 103 • Janeiro/Fevereiro de 2012 Recolhimento do Adicional de Risco Grave O tributo só deve ser recolhido se o hospital ou clínica mantiver como especialidade o tratamento de doenças infecto-contagiosas. Um ponto a ser ressaltado, é sobre o recolhimento do Adicional de risco grave que os Hospitais vêm fazendo. Tal adicional tem como alvo os hospitais e clínicas, cuja especialidade é o tratamento de doenças infecto-contagiosas. O Decreto 3.048 prevê de forma taxativa a classificação dos agentes nocivos e biológicos nas atividades relacionadas a Microorganismos de Parasitas Infecciosos Vivos e suas Toxinas bem como o tempo de ex- posição necessário para se ter direito à concessão da aposentadoria especial. No entanto, grande parte dos hospitais vem recolhendo o adicional de risco grave sobre todo e qualquer funcionário/segurado, que tenha mero contato, indireto e/ou ocasional com agente nocivo biológico, o que não configura hipótese de benefício de aposentadoria especial. tiva e retroativa, desonerando ainda daqui por diante. Sendo assim, a Cardoso & Siqueira Advogados Associados, em parceria com a AHERJ, coloca-se à disposição dos associados para esclarecer o procedimento a ser adotado junto ao INSS na recuperação de tais valores. Desta forma o dito recolhimento é indevido e pode ser recuperado de forma administra- Walace Cardoso Cardoso & Siqueira Advogados Associados. Contato: Tel: 21 2524 6401 Funcionamento de lavanderias hospitalares De acordo com a resolução RDC nº 06/2012, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, publicada no dia 31 de janeiro, no Diário Oficial da União, as unidades que funcionam dentro dos serviços de saúde só podem processar roupas provenientes de serviços de saúde. O entanto o processamento das roupas pode ser realizado fora das unidades hospitalares. Para isso, as unidades terceirizadas deverão ter licença sanitária local emitida pela vigilância do município. A norma especifica ainda que a vestimenta dos funcionários do serviço de lavagem que atuam na área de coleta da roupa suja também deve ser lavada no próprio serviço. Outro ponto determinado pela norma é a utilização de máquinas lavadoras com barreiras. Trata-se de uma máquina de lavar que possui duas portas distintas, uma para a colocação da roupa suja e outra para retirada da roupa limpa. Nos serviços de processamento as áreas de roupas suja e limpa devem ser separadas fisicamente. 7