Gêneros do Discurso “ É impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero” (MARCUSCHI, 2002). GÊNERO: situado na “zona de tensão” entre um conjunto de restrições/regularidades e um horizonte de possibilidades/variações possíveis sujeito capaz de operar sobre o convencional, assumindoo ou subvertendo-o. . Vantagem favorecer uma reflexão mais crítica e profunda sobre a noção de gêneros reconhecer as especificidades de diferentes gêneros + observar como elas se articulam e se “desviam” na construção de determinados efeitos de sentido (humor, surpresa etc). Gêneros (Bakhtin, 2000): As esferas de utilização da língua compõem um repertório de tipos relativamente estáveis de enunciados, que são os gêneros do discurso. ALGUNS PESQUISADORES QUE ABORDAM A QUESTÃO 1) MARCUSCHI (2002) • Intertextualidade inter-gêneros (U. FIX, 1997): • Aspecto da hibridização ou mescla de gêneros em que um gênero assume a função de outro. Por exemplo: um artigo de opinião (gênero funcional) no formato de um poema. • Não se confunde com a heterogeneidade tipológica do gênero (= um gênero realiza várias sequências de tipos textuais). • Predomínio da função supera a forma na determinação do gênero. ALGUMAS CONSTATAÇÕES 1) publicidade transgressão: recurso para promover seus produtos. Gêneros transgressores: bastante variados (poema, carta pessoal, quadrinhos, manual de instrução etc), ultrapassando largamente o domínio midiático; • 2) os gêneros de imprensa (notícia, classificados, artigo de opinião etc) igualmente propícios à transgressão = domínio midiático: espaço privilegiado para o estudo desse fenômeno; • 3) um mesmo gênero pode transgredir ou ser transgredido; 2) MIRANDA (2007) • Cruzamento de gêneros = “intertextualização”: processo em que se estabelece uma relação de copresença entre elementos (ou traços) associáveis a parâmetros de textualização que relevam de gêneros textuais diferenciados no espaço de um único texto • Noção também mais ampla do que a de “intertextualidade inter-gêneros” = “gênero convocado” (ou hipogênero) pode preencher a totalidade do texto (pastiche global de um gênero) ou ser integrado como parte(s) do texto. • Hipogênero serve aos interesses do hipergênero (“gênero convocante”). • 4) mesmo os gêneros mais padronizados (como a bula de remédios ou a carteira de identidade) são passíveis de transgressão, mas aparecem preferencialmente na posição de transgressores; • 5) a transgressão não se limita a um mesmo domínio, havendo intensa circulação dos gêneros em domínios diferentes. ALGUMAS FORMAS DE HIBRIDIZAÇÃO/MESCLA DE GÊNEROS a) Incorporação: um gênero se articula a outro para reforçá-lo. b) Retextualização: um texto de um dado gênero é reescrito, de modo a transformar-se num outro gênero (DEL’ISOLLA, 2007). c) Transgressão: um gênero assume a função de outro, emprestando-lhe, ao mesmo tempo, sua forma camuflagem de um gênero por outro.