Artigo Original Rabdomiólise e injúria renal aguda em pacientes submetidos a cirurgias de grande porte em cabeça e pescoço Rhabdomyolysis and acute kidney injury in patients undergoing prolonged head and neck operations Resumo Introdução: Rabdomiólise é definida como uma síndrome clínica e bioquímica causada por necrose muscular esquelética, resultando em liberação de conteúdo intracelular na circulação sistêmica após a revascularização das áreas lesadas. Durante procedimentos cirúrgicos, relaciona-se a imobilização prolongada e a posições cirúrgicas não fisiológicas, nas quais o paciente fica sujeito à compressão muscular direta e prolongada na mesa de operação. Embora existam alguns trabalhos sobre o tema, o evento tem sido pouco estudado nas cirurgias para o tratamento do câncer de cabeça e pescoço. Objetivo: Estabelecer a incidência e a relação entre rabdomiólise e Injúria Renal Aguda (IRA) em pacientes submetidos a cirurgias prolongadas, de grande porte, em cabeça e pescoço. Casuística e métodos: Estudo prospectivo que incluiu 78 pacientes submetidos cirurgias com duração superior a 7 horas no Instituto Nacional do Câncer (INCA/MS/RJ), pela mesma equipe cirúrgica. O diagnóstico de rabdomiólise foi estabelecido por aumento sérico da creatinaquinase (CK) superior a 5 vezes o valor normal (> 950U / l) na ausência de lesão cardíaca ou neurológica. Resultados: A média de idade dos pacientes incluídos na amostra foi de 52,8 anos, variando de 6 a 81 anos. O gênero masculino correspondeu a 65,4%. 65 pacientes eram portadores de lesões malignas, sendo 84,7% estadiadas como T4. A ressecção de tumores de cavidade oral com reconstrução microcirúrgica foi o procedimento mais comum, respondendo por 53,8% dos casos, seguida pela maxilarectomia alargada (acesso craniofacial) com ou sem reconstrução microcirúrgica em 21,8%. A incidência de rabdomiólise na série foi de 83,3%, com 23,1% dos pacientes apresentando altos níveis de CK, superiores a 10.000U/l. Dos 65 pacientes com diagnóstico de rabdomiólise, evidenciou-se que 10 (15,4%) evoluíram com IRA em algum momento da internação, tendo a disfunção renal maior incidência quanto maior a dosagem sérica de CK. Dos 18 pacientes com os níveis de CK mais de 10.000 U/l, 22,2% desenvolveram IRA. Nos pacientes com os níveis de CK entre 951 e 10.000 U/l, essa incidência diminuiu para 12,8%. Nove pacientes (90%) recuperaram a função renal. Três pacientes necessitaram de diálise. Não houve óbitos relacionados à agressão renal. Conclusão: A rabdomiólise e a IRA são duas complicações potencialmente graves após cirurgias prolongadas, com alta incidência nesta amostra. Identificar os fatores associados é muito importante na prevenção de sua ocorrência, pois, com dados precisos e orientação adequada, a tendência é que haja diminuição desta grave complicação nestes pacientes. Descritores: Rabdomiólise; Creatina Quinase; Neoplasias de Cabeça e Pescoço. Gledson Andrade Santos 1 Terence Pires de Farias 2 Fernando Luiz Dias 3 Ana Carolina Pastl Pontes 1 Maíra de Barros e Silva Botelho 1 Uirá Luiz de Melo Sales Marmhoud Coury 1 Marina Azzi Quintanilha 4 Abstract Introduction: Rhabdomyolysis is defined as a clinical and biochemical syndrome caused by skeletal muscle necrosis resulting in the release of intracellular contents into the systemic circulation after revascularization of damaged areas. It is related to prolonged immobilization and non-physiological surgical positions, with direct muscle compression on the operating room. Although there are some papers on the topic, the event has been little studied in surgeries to treat head and neck cancer. Purpose: The aim of this study is to establish the incidence and the relationship between rhabdomyolysis and acute kidney injury (AKI) in patients undergoing prolonged head and neck operations. Patients and methods: A prospective study that included 78 patients undergoing head and neck tumor resections with duration greater than 7 hours at National Cancer Institute (INCA/MS/RJ) with the same surgical team. The diagnosis of rhabdomyolysis was established by increased serum creatinekinase (CK) greater than 5 times normal value (>950U/l) in absence of cardiac or neurological injury. Results: The mean age was 52.8 years (range 6 to 81 years). Sexty-five percent were male. Sexty-five patients had malignant lesions, 84.7% staged as T4. Resection of tumors of the oral cavity with microsurgical reconstruction was the most common procedure, accounting for 53.8%, followed by extended total maxillectomy (craniofacial access) with or without free flap reconstruction in 21.8%. The incidence of rhabdomyolysis was 83.3% (65 cases). Twenty-three percent of the patients had CK levels higher than 10,000 U/l. Of the 65 patients diagnosed with rhabdomyolysis, 10 (15.4%) developed AKI during hospitalization. Higher levels of serum CK was related with higher renal dysfunction incidence. Of the 18 patients with CK levels more than 10,000 U / l, 22.2% developed AKI. In patients with CK levels between 951 and 10,000 U / l, the incidence decreased to 12.8%. Ninety percent of patients who developed AKI recovered renal function with creatinine levels similar to preoperative values. Three patients required dialysis. There were no deaths related to renal injury. Conclusion: RML and AKI are two serious complications after prolonged surgeries, with high incidence in this sample. To identify factors associated is very important in preventing its occurrence because, with accurate and proper guidance, the trend is having reduction of these serious complications in these patients. Key words: Rhabdomyolysis; Creatine Kinase; Head and Neck Neoplasms. 1)Residência em Cirurgia de Cabeça e Pescoço pelo Instituto Nacional de Câncer. Médico (a) Residente (Ano opcional) em Cirurgia de Cabeça e Pescoço pelo Instituto Nacional de Câncer. 2)Mestrado em Oncologia pelo Instituto Nacional de Câncer. Médico da seção de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional de Câncer. 3)Doutorado em Medicina (Clínica Cirúrgica) pela Universidade de São Paulo. Chefe da seção de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional de Câncer. 4)Especialista em Cirurgia de Cabeça e Pescoço pelo Instituto Nacional de Câncer. Cirurgiã de Cabeça e Pescoço do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Instituição: Instituto Nacional de Câncer. Rio de Janeiro / RJ - Brasil. Correspondência: Gledson Andrade Santos - Praça da Cruz Vermelha, 23 - Centro - Rio de Janeiro / RJ - Brasil - CEP: 20231-092 - E-mail: [email protected] Recebido em 19/06/2012; aceito para publicação em 04/11/2012; publicado online em 17/12/2012. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.41, nº 4, p. 163-166, outubro / novembro / dezembro 2012 ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 163 Rabdomiólise e injúria renal aguda em pacientes submetidos a cirurgias de grande porte em cabeça e pescoço. INTRODUÇÃO A cirurgia de cabeça e pescoço é uma especialidade médica de implantação relativamente recente e, como tal, apresenta diversos pontos de contato com outras especialidades clínicas e cirúrgicas. A recente disponibilidade de técnicas de reparação sofisticadas como os implantes microcirúrgicos e as reconstruções da base do crânio ampliou consideravelmente as indicações das ressecções tumorais, possibilitando a realização de cirurgias cada vez mais complexas e de maior tempo cirúrgico1. Evento pouco estudado, porém de grande importância e potencial complicador fatal nas cirurgias de grande porte é a rabdomiólise (RML). A RML é uma síndrome clínica e bioquímica causada por necrose muscular esquelética resultando em liberação de conteúdo intracelular na circulação sistêmica após a revascularização das áreas lesadas2. Está relacionada principalmente com posições cirúrgicas não fisiológicas, nas quais o paciente fica sujeito à compressão muscular direta e por tempo prolongado na mesa de operação3. Caso não seja prevenida, o diagnóstico seja postergado ou o tratamento correto não seja instituído, várias complicações podem ocorrer, tais como hipercalemia, hipocalcemia, hiperfosfatemia, arritmias cardíacas, coagulação intravascular disseminada, lesões neurais e injúria renal aguda (IRA), que podem ser letais4. A elevação da creatinofosfoquinase (CK) é o indicador mais sensível de lesão muscular na RML. Ela está presente em 100% dos casos. Valores normais da CK variam entre 45 e 190 UI/L. O pico da CK sérica ocorre do quarto ao sétimo dia após a injúria muscular, se mantendo elevada até 12 dias após a lesão. Em alguns casos as isoenzimas MM e MB da CK devem ser dosadas a fim de diferenciar lesão muscular cardíaca de lesão muscular esquelética5. Quando ocorre o desenvolvimento da síndrome decorrente da RML, os profissionais de saúde devem instituir, o mais rápido possível, o tratamento desta complicação cirúrgica. Tendo em vista que a IRA é a principal complicação da RML, o principal foco do tratamento encontra-se na preservação da função renal. Quanto mais precoce a intervenção for feita, menor possibilidade de desenvolver insuficiência renal. O fluxo urinário deve ser mantido em não menos de 300ml/h até cessar a mioglobinúria, com monitorização por cateter para evidenciar alterações no volume e cor da urina orientando a reposição de água e eletrólitos, já que a mioglobina apresenta elevada nefrotoxicidade6. Este trabalho tem como objetivo estabelecer a incidência e a relação entre RML e IRA em pacientes submetidos a cirurgias prolongadas, de grande porte, em cabeça e pescoço. MÉTODO Foi realizado um estudo prospectivo incluindo 78 pacientes submetidos a cirurgias de grande porte, de dura- Santos et al. ção maior ou igual há 7 horas, com ou sem reconstrução microcirúrgica, tratados no Instituto Nacional de Câncer (INCA/MS/RJ) no período de 2008 a 2011 pela mesma equipe cirúrgica. A elevação persistente dos níveis de CK sugere lesão muscular ou desenvolvimento de uma síndrome compartimental, estando presente em 100% dos casos de RML. Embora vários valores de CK-T sejam postulados para definir RML, a magnitude da elevação é arbitrário e não há valor de corte que conclusivamente confirme o diagnóstico. Contudo, a grande maioria dos autores considera a atividade de CK-T sérica superior a cinco vezes o valor normal (na ausência de doenças cardíacas ou cerebrais) como critério diagnóstico para RML7. Este foi o ponto de corte utilizado nesta análise. Em 2005, um grupo constituído por nefrologistas e especialistas em cuidados intensivos propôs uma nova definição de IRA, com critérios diagnósticos bem definidos e baseados no aumento da creatinina sérica ou na redução do débito urinário, conforme mostrado no Quadro 18,9. Essa nova definição foi utilizada neste estudo para o diagnóstico de IRA. As variáveis dependentes analisadas foram a elevação de CK-T, a alteração da função renal e o diagnóstico de RML e IRA no pós-operatório. Gênero, idade, sítio, estadiamento e histologia da lesão primária, tipo de reconstrução, tempo de cirurgia, diurese no per-operatório e no 1º DPO, infusão de líquidos no per-operatório e no 1º DPO, dosagem de creatinina no pré e pós-operatório e a necessidade ou não de diálise foram as variáveis independentes relevantes ao estudo. Os escores brutos obtidos através do Instrumento de investigação e da análise dos prontuários foram processados e tabulados eletronicamente através do programa Excel, versão 2007, da Microsoft. Para a apreciação dos dados foi feita a análise descritiva, calculando-se algumas medidas-resumo. RESULTADOS A média de idade dos pacientes na amostra estudada foi de 52,8 anos, sendo 51 (65,4%) do gênero masculino e 27 (34,6%) do feminino. Com relação à natureza da lesão primária, a grande maioria (65 pacientes) apresentava doença maligna, sendo o carcinoma epidermoide e o carcinoma basocelular os tipos histológicos mais frequentes, respondendo por 48,7% e 10,3%, respectivamente. De acordo com classificação de tumores TNM da UICC, 7ª edição10, 55 (84,7%) pacientes foram estadiados como T4 e 8 pacientes (12,3%) como T3. Dois pacientes da amostra estudada apresentavam-se lesões consideradas iniciais (T1 e T2) no laudo histopatológico definitivo. Com relação aos 13 pacientes portadores de lesões benignas (16,7%), predominou o ameloblastoma em 61,5%. Do total de cirurgias, a maxilarectomia alargada foi a mais frequentemente realizada, em 22 (28,2%) pacien- 164 e���������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.41, nº 4, p. 163-166, outubro / novembro / dezembro 2012 Rabdomiólise e injúria renal aguda em pacientes submetidos a cirurgias de grande porte em cabeça e pescoço. Santos et al. Quadro 1. Classificação/Estadiamento da Injúria Renal Aguda de acordo com o AKIN. Estágio Creatinina Sérica Débito Urinário 1 Aumento ≥ 0,3 mg/dl ou Aumento ≥ 150 a 200% da linha de base < 0,5 ml/kg/h durante 6h 2 Aumento ≥ 200 a 300% da linha de base < 0,5 ml/kg/h durante 12h 3 Aumento ≥ 300% da linha de base com aumento < 0,3 ml/kg/h durante 24h ou anúria durante 12h agudo ≥ 0,5 mg/dl ou creatinina sérica ≥ 4,0 mg/dl Fonte: MEHTA et al., 2007 tes (Tabela 1). Em 23 das 78 cirurgias (29,5%) fez-se necessário o esvaziamento das cadeias linfonodais cervicais, profilático ou terapêutico. Na amostra considerada, 65 (83,3%) pacientes apresentaram elevação de enzimas musculares a níveis compatíveis com o diagnóstico de RML (>950 U/l). A Tabela 2 mostra a distribuição amostral da dosagem máxima dos níveis séricos de CK-T no seguimento pósoperatório dos pacientes. De acordo com os critérios usados por esse estudo para o diagnóstico de IRA, 11 (14,1%) pacientes evoluíram com disfunção renal. Destes, 10 (90,9%) conseguiram reduzir os níveis de creatinina a níveis pré-operatórios em algum momento da evolução. Dos 65 pacientes que desenvolveram rabdomiólise, 10 (15,4%) evoluíram com injúria renal aguda em algum momento da internação hospitalar. De maneira geral, houve relação direta entre o aumento dos níveis séricos de CK-T e a incidência de IRA, conforme demonstra a Tabela 3. DISCUSSÃO Este estudo descreve as características clínicas associadas à elevação de CK, ao surgimento de RML e IRA em 78 pacientes submetidos a cirurgia de grande porte em cabeça e pescoço. A incidência de elevação de CK acima do valor de referência nesta amostra foi de 83,3%, considerada bastante elevada, mesmo não tendo dados disponíveis na literatura para análise comparativa com relação a esse tipo de intervenção cirúrgica. Dos 78 pacientes, 23,1% apresentaram níveis de CK-T considerados muito altos (>10.000U/l). Dados de revisão bibliográfica mostram que o evento é bem mais estudado no pós-operatório de cirurgias para o tratamento da obesidade mórbida do que em outras intervenções. Ettinger (2005), Khurana et al (2004), Mognol et al (2004), Faintuch et al (2006) e Lagandré et al (2006), mostraram que a incidência de RML no pósoperatório de pacientes submetidos a cirurgia bariátrica variou de 1,4% a 37,8%11,12,13,14,15. A maior incidência de RML nas cirurgias de grande porte em cabeça e pescoço quando comparada às cirurgias bariátricas pode ser atribuída ao tempo cirúrgico maior, com maior tempo de imobilização na mesa operatória e, consequentemente, maior compressão muscular direta. A incidência de IRA nesta série foi também considerada alta, totalizando onze casos (14,1%). A IRA foi Tabela 1. Distribuição de 78 cirurgias de grande porte no INCA. Cirurgia Frequência Frequência Absoluta Relativa Maxilarectomia Alargada 22 Glossopelvemandibulectomia 16 Mandibulectomia 12 Pelvemandibulectomia 9 Exenteração Alargada de Órbita 7 Ressec. de Tu de Fossa Craniana Ant. 3 Ressecção Alargada de Tu de Pele 5 Outras 4 28,2% 20,5% 15,4% 11,5% 9,0% 3,8% 6,4% 5,2% Total 100,0% 78 Tabela 2. Níveis séricos máximos de CK-T de 78 pacientes submetidos a cirurgias de grande porte no INCA. CK-T Máximo Frequência Absoluta Frequência Relativa < 951 951 – 10.000 > 10.000 13 47 18 16,7% 60,2% 23,1% Total 78 100,0% Tabela 3. Relação entre níveis séricos de CK-T e IRA em 78 pacientes submetidos a cirurgias de grande porte no INCA. CK-T (n) Com IRA n (%) Sem IRA n (%) < 951 (13) 951 – 10.000 (47) > 10.000 (18) 01 7,7% 06 12,8% 04 22,2% 12 92,3% 41 87,2% 14 77,8% Total 11 67 revertida em 10 casos, sendo 7 pela infusão de líquidos, sugerindo tratar-se de IRA pré-renal, e 3 pela realização de hemodiálise. Um paciente não conseguiu ter a sua função renal reestabelecida ao patamar pré-operatório, evoluindo para a cronificação da insuficiência renal, porém não dialítica. Não houve óbitos relacionados à agressão renal. Sharma et al (2006), também estudando pós-operatório de cirurgias bariátricas, relatou 2,3% (42 pacientes) de IRA em 1800 pacientes, com seis pacientes necessitando de diálise e dois de diálise permanente16. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.41, nº 4, p. 163-166, outubro / novembro / dezembro 2012 ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 165 Rabdomiólise e injúria renal aguda em pacientes submetidos a cirurgias de grande porte em cabeça e pescoço. Uma limitação em relação ao estudo foi o uso de níveis séricos de creatinina sem a estimativa da taxa de filtração glomerular. Mesmo assim, a dosagem de creatinina serviu para demonstrar o aparecimento de IRA e a progressão da doença. Não existe um consenso na literatura quanto à definição de IRA e neste trabalho foi utilizada a classificação e estadiamento da IRA de acordo com o Acute Kidney Injury Network9. Os resultados apresentados serão úteis para direcionar e proporcionar um estudo maior, com o poder de relacionar os níveis de CK com as taxas de infusão de líquidos no intra e no pós-operatório, com a diurese e com o índice de massa corpórea para que se possam identificar os fatores de risco para o desenvolvimento da RML e, a partir de então, traçar estratégias para a prevenção da doença nesses pacientes. É importante a criação de um protocolo de prevenção de RML consistindo em acolchoamento da mesa operatória para evitar a compressão muscular, hidratação vigorosa no intra e pós-operatório, diminuição do tempo operatório e deambulação precoce após a cirurgia. Outros fatores importantes que devem ser levados em consideração são: diagnóstico e tratamento precoces da RML evitando-se complicações e sequelas provocadas por esta doença. Medidas para diminuir a elevação dos níveis de CK e o aparecimento de RML também ajudam a diminuir a incidência de IRA no pós-operatório. CONCLUSÃO A RML e a IRA são duas complicações potencialmente graves após cirurgias prolongadas, com alta incidência nesta amostra. Identificar os fatores associados é muito importante na prevenção de sua ocorrência, pois, com dados precisos e orientação adequada, a tendência é que haja diminuição destas graves complicações nestes pacientes. Santos et al. REFERÊNCIAS 1. Carvalho M B. Tratado de Cirurgia de Cabeça e Otorrinolaringologia. Ed. Ateneu, 2007. 2. Lane R, Phillips M. Rhabdomyolysis. BMJ, 2003;327:500. 3. Kikuno N, Urakami S, Shigeno K, Kishi H, Shiina H, Igawa M. 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