UNIMAR Paisagismo Breve Histórico do Paisagismo “O jardim nasceu com o homem. A primeira residência do primeiro casal foi um jardim... A cidade é sempre o homem do primeiro jardim, mas não há meio de achar um jardim em si mesma e vai tecendo o século com outros...” Machado de Assis, 1895 Na construção das primeiras cidades, a criação de ambientes especiais dotados de significados simbólicos, a obra divina cede lugar à arquitetura dos seres humanos e o espaço da natureza cedia lugar aos espaços culturais da civilização. No Extremo Oriente, 2000 anos a.C., as composições dos jardins exercem funções culturais e simbólicas paralelas à própria existência das cidades e das arquiteturas. Enquanto a cidade realça a artificialidade, através de seu traçado geométrico, o jardim evolui gradativamente na liberdade formal plena do jardim japonês. A tentativa de organização do entorno é uma necessidade observada no decorrer da História da Humanidade. Inicialmente a significação simbólica e religiosa nas culturas egípcia e persa, além de um vínculo com as práticas agrícolas, uma crescente evolução no sentido de estilização e formalização do entorno real . Jardim Grego Jardim Persa O Egito encontra-se em uma área de solo fértil, em meio a uma região árida e desértica. Assim, no início de sua história seus jardins desenvolveram plantas e frutos para uso de seus proprietários. Tinham como característica a irrigação, feita por meio de canais que definiam áreas geométricas retangulares. Na Mesopotâmia, em especial a cidade de Babilônia, os jardins seguiam as mesmas características dos encontrados no Egito. Foi na Babilônia que Nabucodonosor presenteou a princesa dos Medas com os “jardins suspensos”, uma das “sete maravilhas do mundo”, revelando também de forma bastante clara, a antiga intenção de preservar a ligação do homem com a natureza. Jardins suspensos Na Grécia antiga, os jardins têm caráter mais voltado às construções e percursos públicos não envolvidos com edificações. Em Roma, representam o status social mais elevado, estão dentro dos palácios, nas termas, envolvidos pelos peristilos. A água e a vegetação, controladas e implantadas de forma planejada, representam a sabedoria humana e as possibilidades de domínio sobre a natureza por uma sociedade cada vez mais antropocêntrica. O Renascimento, séculos depois, recupera e fortalece o humanismo e o barroco produz jardins monumentais, geometrizados, totalmente controlados pelo homem, onde a vegetação perde suas características, transformando-se em elemento construtivo de uma arquitetura exterior de grande impacto visual. Alguns destes jardins estão fora da cidade, nos palácios, fugindo do caráter urbano. São criados mundos que existem por si, todas as relações são planejadas. Os romanos, também na busca de novos territórios de dominação, importaram principalmente da cultura grega a concepção de seus jardins. As casas romanas eram orientadas para áreas que sugeriam amplitude como mar ou o campo. Em seus jardins, eram colocados afrescos, fontes e topiárias (esculturas em plantas realizadas por meio da poda). Esses jardins interavam-se à arquitetura da casa. Com o fim das invasões, com o controle das pestes e o início da expansão comercial, a Europa começou a experimentar um período de paz. Renascimento, um período em que se destacaram os jardins da Itália e da França. O século XV marcou na Europa o início do Renascimento, os descobrimentos, as conquistas. Os jardins também renasceram. Os jardins eram feitos para o homem e a dignificavam; seus modelos eram trazidos da antiguidade clássica, representada por Roma, e passaram a ocupar, junto com a música, a pintura e a arquitetura, um lugar de destaque nas artes. A água era largamente empregada com a construção de repuxos, chafarizes e cascatas. Também eram introduzidos nos jardins elementos construtivos como escadas, terraços e esculturas. As plantas eram submetidas a um tratamento formal com grande utilização de tapiárias e parterres (canteiros geométricos e bem marcados pelo cultivo, em blocos, de plantas de uma única espécie). A França sofreu grande influência dos jardins romanos. Os jardins de Versailles (1624-1688) foram construídos e idealizados por André Lê Notre, com traçado simétrico, valorizando a perspectiva e a sensação de grandiosidade. O passeio central comandou toda a composição de cada lado, canteiros dispostos simetricamente separados dos bosquetes por cercas vivas podadas e estátuas de mármore branco. Sobressaia a tudo isso os tapetes de relva, as inúmeras fontes e canteiros floridos. O local tinha sido anteriormente um imenso brejo onde se praticava a caça. O liberalismo democrático dos ingleses do século XVIII levou a que fossem rejeitados os governos despóticos franceses e, com isso, os jardins renascentistas. Nessa época, o movimento romântico na pintura exaltava as belezas da paisagem natural, devido à influência oriental pelas relações comerciais Inglaterra/Oriente. Os jardins imitam paisagens naturais. Importância do elemento “surpresa”- eram montados com grandes gramados e a incorporação de lagos e rios. Jardim Inglês Com a Revolução Industrial, as áreas urbanas foram se adentrando. Houve o aburguesamento da sociedade e o parcelamento da terra acentuou-se, provocando a diminuição das áreas particulares livres. Parques e jardins públicos eram usados para arejamento das áreas urbanas, eram os “pulmões” das cidades. Central Park Boston Park Parque Ibirapuera Parque Barigui Paisagismo no Brasil Períodos: . Ecletismo . Moderno . Contemporâneo Ecletismo Passeio Público- RJ Nesse período, as influências francesa e inglesa sobre os projetos, ocorrem na totalidade. Tem por principais caracteríticas: a visão romântica; evidencia o bucólico: lagos, fontes, gramados, poda temporária, esculturas, coretos, pontes, aves e animais silvestres soltos, circulação sinuosa ou em eixos define a estrutura. 3 fases: séc. XVII-XVIII, séc. XIX- XX, 1900-1940 Moderno 1940-1980 Aterro do Flamengo- RJ Tem como marco inicial as obras de Burle Marx, em Recife, e jardins do MEC, no Rio. o uso da vegetação nativa e o total rompimento com as escolas clássicas. Apresenta nítida influência americana e do Movimento moderno. Principais características : a vegetação criando ambientes; novos usos e programas; lazer ativo, equipamentos esportivos; a utilização de grades; uso intenso da vegetação nativa e a incorporação e transformação dos antigos elementos formais: lagos, fontes, pontes e esculturas Brasília Contemporâneo Reflete a inquietação dos anos 80 e 90 e não está consolidado. Recebe forte influência dos paisagistas japoneses, americanos e franceses, em especial na seleção de estruturas construídas e vegetação. Sofre influência americana pós- moderna. As características principais: novas buscas formais, influência formal do pósmoderno, revisão do moderno, visão ecológica, colunas, pórticos e cores. Representa uma definição em andamento.