91
Publicação da Sandvik Coromant do Brasil ISS nº 1518-6091 RGBN 217-147
ISO 13399:
simplificando a
troca de dados para
ferramentas de corte
SEBRAE:
inova na educação
à distância
Bombas Esco:
modernização impulsiona a produtividade
ROMI
Índice
edição 91 02/2013
12 Produtividade
13399
CoroTurn HP
Crédito: AB Sandvik Coromant
4 Soluções de Usinagem
18 Negócios da Indústria
24 Educação e Tecnologia I
32 Conhecendo um Pouco Mais
4
Soluções de Usinagem
Bombas Esco: política de renovação centrada na qualidade
12Produtividade
ISO 13399: simplificando a troca de dados
para ferramentas de corte
18 Negócios da Indústria
Outsourcing: o que fazer e o que comprar?
24 Educação e Tecnologia I
Cursos de EaD do SEBRAE
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28 Educação e Tecnologia II
A Educação em Engenharia e a Inovação Tecnológica
32 Conhecendo um Pouco Mais
Crowdfunding, a “vaquinha” moderna
36 Nossa Parcela de Responsabilidade
2013: o desafio da superação
EXPEDIENTE: O MUNDO DA USINAGEM é uma publicação da Sandvik Coromant do Brasil, com circulação de seis edições ao ano e
distribuição gratuita para 15.000 leitores qualificados. Av. das Nações Unidas, 21.732 - Sto. Amaro - CEP 04795-914 - São Paulo - SP
Editor-chefe: Fernando Oliveira Co-editora: Vera Natale Coordenação editorial, redação e revisão: Teorema Imagem e Texto (Fernando
Sacco, João M. S. B. Meneses, Thais Kuperman, Vivian Camargo) Jornalista responsável: Fernando Sacco - MTB 49007/SP Projeto
gráfico: RW3 Editoração Eletrônica: RW3 Impressão: Promograf
Vivian Camargo
soluções de usinagem
Vista parcial do chão de fábrica da empresa: produtos
presentes em 85% das usinas hidrelétricas brasileiras
Bombas Esco:
política de renovação
centrada na qualidade
FABRICANTE DE BOMBAS E SISTEMAS HIDRÁULICOS
INVESTE NAS PARCERIAS E AUMENTA QUALIDADE
DOS PRODUTOS COM VISTAS AO CRESCIMENTO DO
MERCADO INTERNO NOS PRÓXIMOS ANOS
4
o mundo da usinagem
Localizada na cidade de Embu
horizontais, válvulas para diversos
das Artes, na região metropolitana
segmentos no Brasil e no mundo. E,
de São Paulo, a Bombas Esco tor-
mesmo com uma demanda oscilan-
nou-se um exemplo de gestão pla-
te causada pelos abalos na econo-
nejada e busca por resultados.
mia internacional, a companhia de-
A empresa, familiar e 100% na-
cidiu investir na modernização do
cional, produz desde a década de
seu parque fabril com a aquisição
1960 bombas centrífugas verticais e
de dois Centros de Usinagem senfevereiro.2013/91
do um horizontal com quatro eixos
processo de usinagem das bombas
e um vertical com três eixos. Ambos
é extremamente exigente, pois de-
com cone BT 50, voltados aos pro-
manda cilindricidade e acabamento
cessos de fresamento de carcaças
superficial excelentes. E, por se tra-
de bombas.
tar de um equipamento que está em
“Adquirimos novos equipamen-
contato direto com a água, os diâ-
tos porque buscávamos, além de
metros devem estar rigorosamente
um aumento de produtividade,
dentro do padrão, caso contrário a
superar problemas com nossas an-
vedação será prejudicada e o pro-
tigas máquinas que não estavam
duto, inutilizado.
atendendo plenamente a capacida-
Atenta a estes detalhes, a Diretha,
de dimensional das peças”, recorda
distribuidor
Robson Reis dos Santos, responsá-
Coromant que atende a Bombas Esco
vel pela área Industrial e de Projetos
desde 1990, se juntou ao esforço para
da Bombas Esco.
obter a melhor condição possível
O primeiro passo da empresa
autorizado
Sandvik
dos novos equipamentos.
O primeiro desafio foi o inedi-
processos envolvendo tempo de
tismo dos processos, pois não havia
produção, detalhes de operação,
parâmetros de comparação. “Com
ferramentas e dispositivos que se-
a aquisição destes equipamentos
riam utilizados. “Nesse momento
passamos por uma nova realidade,
vimos a oportunidade de ganhar
já que existem poucas máquinas
também na qualidade final do
semelhantes operando no Brasil,
nosso produto, pois uma máquina
eu diria que menos de vinte, sendo
mais dinâmica abriria a possibili-
que a maioria delas está na região
dade para utilizarmos ferramentas
de São José dos Campos, operando
mais modernas”, explica o analista
para a indústria aeronáutica, pois
de métodos e processos da empre-
o nível de precisão delas é muito
sa, Marcel Luciano Garbelotti. O
grande”, reforça Santos.
Vivian Camargo
foi realizar estudos de métodos e
fevereiro.2013/91
A aquisição de
dois novos centros
de usinagem
e ferramentas
de corte mais
modernas foi
decisiva na
modernização
do processo
produtivo da
empresa, com
reflexos em
qualidade, preço
e capacidade
de produção. No
detalhe, Henrique
Kawã e Claudio
Garbelotti, do
departamento
de Usinagem,
avaliam usinagem
da carcaça
da Bomba LP
6 juntos com
Marcel Luciano
Garbelotti, analista
de métodos e
processos da
Bombas Esco e
Mario Landi, da
Diretha
o mundo da usinagem
5
Com a chegada das máquinas,
teve início a fase de tryouts.
“Uma das primeiras melhorias foi a introdução da fresa
de facear CoroMill 345”, explica Mario Landi, vendedor
técnico da Diretha, distribuidor
autorizado Sandvik Coromant.
Trata-se de uma ferramenta
mais robusta, que proporciona
uma maior remoção de material e consequentemente eleva
a capacidade produtiva, gerando uma excelente qualidade
superficial.
6
o mundo da usinagem
Arquivo Bombas Esco
Renovação completa
soluções de usinagem
Bomba modelo LP 6
A empresa também adotou a fre-
o método de usinagem convencio-
sa CoroMill 390 Long Edge (Abaca-
nal. Atualmente fazemos fresamen-
xi) para desbaste com sistema de fi-
to e faceamento de acabamento em
xação Coromant Capto no processo
só uma etapa”, comemora Santos.
de desbaste dos diâmetros da carca-
A solução encontrada para a
ça por interpolação, o que possibili-
operação de acabamento dos gran-
tou grande remoção de material.
des diâmetros com balanço em tor-
Além de atender os diâmetros
no de 300 mm, foi a utilização da
e o comprimento de usinagem exi-
Fresa Coromant R215 Long Edge
gidos na produção da peça, a fresa
(Abacaxi) para acabamento, com fi-
ainda substitui o trabalho que seria
xação Coromant Capto, resultando
realizado por várias barras de man-
em excelente qualidade superficial,
drilamento, pois cada bomba possui
com um perfeito controle dimen-
diâmetros distintos. Essa facilidade
sional. “Com a introdução da fresa
gerou ainda mais economia. “Devi-
R215 Long Edge para acabamento,
do às novas ferramentas, abolimos
eliminamos os sistemas de mandrifevereiro.2013/91
lamento convencional, proporcio-
ma capacidade produtiva dos cen-
nando uma maior economia. Pre-
tros de usinagem e as potencialida-
cisávamos de uma ferramenta que
des das ferramentas empregadas.
desse acabamento em diâmetros lo-
Além disso, o investimento em
calizados a 300 mm de profundidade
máquinas e ferramentas foi acom-
e que garantisse a precisão tanto em
panhado pela capacitação dos fun-
diâmetros com dimensões pequenas,
cionários da empresa. Diversos
como em grandes diâmetros. Essa
operadores participaram de cursos
fresa R215 solucionou esse proble-
na sede da Sandvik Coromant, em
ma”, complementa Garbelotti.
São Paulo a fim de aprimorar suas
A equipe ainda contou com auxí-
técnicas de usinagem. “O resultado
lio do software CoroGuide, um pro-
foi muito bom, pois nossos colabo-
grama para escolha de ferramentas,
radores colocam em prática todo
pastilhas, componentes e dados de
conhecimento técnico obtido nesses
corte empregados na usinagem.
cursos, reduzindo nosso tempo de
Com isso, foi possível aliar a máxi-
máquina parada”, afirma Garbelotti.
fevereiro.2013/91
Resultados expressivos
Vivian Camargo
Bomba modelo LP 4
O investimento na melhoria
dos equipamentos e no treinamento da equipe envolvida trouxe bons resultados
conforme mencionado. Tomemos como exemplo um
dos produtos que faz parte
da linha master da empresa.
Com as melhorias implementadas, foi alcançada redução de 70% no tempo de
usinagem.
o mundo da usinagem
7
soluções de usinagem
Vivian Camargo
Fresa de facear
CoroMill 345. Mesmo
com áreas de corte de
dimensões variadas,
essa fresa apresenta um
excelente desempenho
proporcionando um
desbaste seguro com maior
remoção de material
“O que nos motiva é que ain-
tica, implementando um novo siste-
da existe espaço para melhorias e
ma de MRP e estamos reativando o
vamos trabalhar para isso. Temos
software CAM, que abre a possibili-
muito para oferecer”, avalia o ven-
dade para, futuramente, adotarmos
dedor técnico da Diretha. Nos pró-
um sistema autônomo”, explica
ximos meses, novas tecnologias
Robson Reis dos Santos, responsá-
devem ser incorporadas, trazendo
vel pela área industrial e de projetos
consigo novos desafios: “Estamos
da Bombas Esco.
passando por uma mudança logís-
Quando questionado sobre o que
Vivian Camargo
Fresa Coromant
R 215 Long Edge
(Abacaxi) para
acabamento
garantiu ótimo
resultado final nos
diâmetros das
peças
8
o mundo da usinagem
fevereiro.2013/91
Vivian Camargo
Marcel Luciano
Garbelotti, analista
de métodos e
processos da
Bombas Esco,
Mario Landi,
vendedor técnico
da Diretha,
Robson Reis
dos Santos,
responsável pela
área Industrial e
de Projetos da
Bombas Esco
e Arquemedes
Luiz Gonçalves,
Técnico de
Usinagem
a Bombas Esco espera de uma par-
melhor solução. “Temos produtos,
ceria, o diretor da empresa, Antonio
pessoas, qualidade, capacidade e
Escobar Neto, é enfático: “Transpa-
vontade e com a ajuda de parceiros
rência e responsabilidade”. “Trata-
vamos alcançar, juntos, nossos obje-
-se de um trabalho contínuo”, refor-
tivos”, finaliza o diretor.
ça Garbelotti, “pois além de estudar
constantemente os processos inter-
Fernando Sacco
Jornalista
nos, depositamos nossa confianmeios de reduzir custos sem abrir
mão da qualidade”.
Com ganhos expressivos de produtividade e aumento na qualidade
de seus produtos, a Bombas Esco reforça a importância de uma política
séria de constante renovação, além
disso, chega em 2013 preparada
para novos desafios e com a segurança de buscar e oferecer sempre a
fevereiro.2013/91
Antonio
Escobar Neto,
diretor da
empresa:
“Pretendemos
crescer
entre 15% e
18% em 2013”
Vivian Camargo
ça nos parceiros para buscarmos
o mundo da usinagem
9
Planta da Bombas
Esco em Embu das
Artes (SP): 15 mil m²
de área construída
Com mais de oito décadas de história, a
Arquivo Bombas Esco
soluções de usinagem
Bombas Esco
projeta bons
resultados
em 2013
pela ISO 9001 e obedece a regras do Cadastro
cogita a possibilidade de estabelecer parcerias
Bombas Esco iniciou suas atividades em 1927,
Corporativo da Petrobras, da qual é fornece-
e joint ventures ainda este ano. “Pretendemos
com o ensacamento de grãos destinados à ex-
dora. Entre os clientes da Bombas Esco ainda
crescer ente 15% e 18% em 2013”, afirma o
portação. Na década de 60, a empresa come-
incluem-se departamentos e serviços de águas
diretor. Uma meta possível levando em conta
çou a atuar na área de bombas verticais. Em
e esgotos (DAEs e SAEs), indústrias e unida-
as aspirações do governo federal, que pretende
1974, a Bombas Esco iniciou suas operações
des geradoras de energia. No mercado externo,
universalizar os serviços de saneamento básico
na cidade de Embu das Artes (SP), onde está
Uruguai, Argentina, Chile, Angola e Estados Uni-
até 2030. Vale lembrar que, segundo dados do
até hoje. Instalada em uma área de 50 mil m²,
dos são alguns dos destinos das exportações
IBGE, somente 61% das residências no Brasil
a empresa emprega atualmente 130 colabora-
da empresa.
têm seu esgoto coletado, sendo que apenas
dores e conta com laboratórios de hidráulica e
bancadas de teste.
“Hoje em dia, o grande mercado é a área
30% desse total é tratado.
de saneamento, mas queremos conquistar
Não se trata simplesmente de um mercado
Ela está hoje presente em 85% das usinas
novos mercados na linha de mineração, side-
que certamente tem espaço para se desenvol-
hidrelétricas brasileiras, consolidando-se como
rúrgica e indústrias em geral, além de diversi-
ver, mas acima de tudo do incentivo à saúde, ao
fornecedor de destaque no segmento de bom-
ficar nossa linha de bombas”, pontua o diretor
meio ambiente e à dignidade de toda população.
beamento. A Bombas Esco ainda é certificada
Antonio Escobar Neto. Para isso, a empresa
10
o mundo da usinagem
fevereiro.2013/91
DEB’MAQ
produtividade
13399
Simplificando a
troca de dados para
ferramentas de corte
Dados de codificação
para ferramentas de corte
passam por revisão.
Saiba o que muda.
12
o mundo da usinagem
Tornar o processo de usinagem
mo (KTH), o francês Cetim (Centro
mais rápido, prático e eficiente.
Técnico das Indústrias Mecânicas) e
Esse tem sido o resultado da ISO
outros representantes do setor.
13399, norma que visa, sobretudo,
O objetivo da norma é oferecer
simplificar a troca de dados para
um mecanismo capaz de descre-
ferramentas de corte.
ver dados de produtos relaciona-
Padrão internacional para a re-
dos com ferramentas de corte de
presentação interpretável por com-
maneira a possibilitar não só a
putador e intercâmbio de dados de
troca de arquivos neutros como,
produtos industriais, a ISO 13399
também, servir de base para im-
foi
conjuntamente
plementar e partilhar bases de da-
pela Sandvik Coromant, o Institu-
dos de produtos e seu respectivo
to Real de Tecnologia em Estocol-
arquivamento.
desenvolvida
fevereiro.2013/91
antiga
terminologia
80º
ISO 13399
80º
s
S
IC
iC
re
RE
L
l
Ângulo de posição:
Ângulo de ataque:
TSYC
KAPR
PSIR
PCLNR/L
kr 95º
-5º
h1
f1
l3
WF
HF
kr
OHN KAPR
LF
l1
h
PCLNR/L..HP
95º
-5º
b
B
H
Comparação entre as antigas
e as novas terminologias
Alguns segmentos da indústria
industriais é amplo e antigo e a par-
estão se deparando com a norma
tir deste ano essas mudanças serão
pela primeira vez, mas o assun-
incorporadas no universo das ferra-
to não é novo. O Instituto Real de
mentas de corte.
Tecnologia em Estocolmo pontua
Conforme explica
Aldeci Santos,
supervisor de
Treinamento Técnico
da Sandvik Coromant
e participante do
ABNT/CB-60:
que o desenvolvimento de versões
preliminares da norma começou
em meados da década de 90, entretanto, grupos como o Comitê Brasileiro de Ferramentas Manuais e de
Usinagem (ABNT/CB-60), responsável pela discussão e revisão da
norma no Brasil, trabalham com a
revisão de conteúdos elaborados na
década de 70.
Atualmente, a International Organization for Standardization (ISO) disponibiliza cerca de vinte versões da
recente de 2011.
Em suma, o trabalho para padronizar e simplificar dados de produtos
fevereiro.2013/91
Vivian Camargo
norma em seu portal, sendo a mais
“Até então cada
fabricante de
ferramenta tinha
sua maneira de
parametrizar
e definir a
terminologia da
dimensão de
ferramentas, o que
obrigava, muitas
vezes, uma
interpretação de
dados correlatos
identificados de
formas distintas”.
o mundo da usinagem
13
produtividade
Com a adoção da ISO 13399, a
pela ISO 13399 não vai alterar a ma-
gerente Departamento Técnico de
finalidade principal é evitar este
neira de trabalho, pois irá fornecer
Produtos da Sandvik Coromant.
trabalho, tornando o processo mais
informações de ferramentas de cor-
A denominação das ferramen-
rápido e simples. A norma objetiva
te em formato neutro, independen-
tas de corte, tradicionalmente cha-
ainda reduzir custos com gerencia-
temente de qualquer sistema espe-
madas de insertos ou pastilhas
mento de ferramentas e facilitar o
cífico ou nomenclatura de empresa.
também foi tema de normalização.
trabalho de documentação e pro-
Sua adoção também não será fei-
Optou-se por oficializar o termo
cessos internos já que os fabricantes
ta de forma obrigatória, no entanto,
pastilha como padrão brasileiro na
passarão a utilizar o mesmo símbo-
“com a globalização, quem quiser
referência a este tipo de ferramenta.
lo para designar o diâmetro, o com-
ter seus produtos dentro das espe-
Outra mudança trazida pela
primento, ângulo de saída, entre
cificações normalizadas, permitin-
norma se refere aos sistemas CAD,
outras especificações. (ver tabela ao
do a exportação de seus produtos
CAM, CAE, PDM e outras tecnolo-
final desta matéria).
para outros países, terá que seguir
gias auxiliadas por computadores,
Além disso, a norma possibilita a
os parâmetros que as normas pa-
o que é importante para a integrida-
comunicação complexa sobre itens
dronizam” esclarece Aldeci Santos.
de da comunicação e uma necessi-
e conjuntos, bem como sobre ferramentas multifunções. As referências
Catálogos e softwares
dade para a efetiva troca eletrônica
de dados.
a documentos externos e informa-
Os catálogos de ferramentas
Os sistemas passarão a englobar
ções sobre ferramentas físicas e no-
também passarão por revisão para
a nova terminologia das dimensões
minais também estarão disponíveis
se adequarem às novas termino-
e assim poderão estabelecer interfa-
como resultado dessa adaptação.
logias. Nesse sentido, a Sandvik
ce com catálogos eletrônicos de fer-
Mas as empresas não devem se
Coromant foi pioneira, sendo a
ramentas de todos os fornecedores.
preocupar, a padronização trazida
primeira empresa brasileira a fazer
Os benefícios ao cliente incluem
essa transição:
baixo custo para informação sobre
ferramentas e uso dos recursos de
Vivian Camargo
“Todos os catálogos
eletrônicos já
seguem a norma
ISO 13399 e nossos
catálogos impressos
serão atualizados
gradativamente
conforme forem
sendo lançados ou
reeditados – trabalho
que teve início
em 2012” aponta
Domenico Landi,
14
o mundo da usinagem
manufatura mais acurados e eficientes. Com isso, não haverá mais
a necessidade de mudar ajustes de
programação pré-existentes para
instalar uma determinada ferramenta de corte por exemplo.
Futuramente, espera-se incluir
nos sistemas também a classificação de ferramentas quanto ao tipo,
conferindo ainda mais dinâmica e
segurança ao processo de usinagem
e simulações computadorizadas,
como explica Domenico Landi: “As
ferramentas estão evoluindo muito,
então cada vez mais os usuários têm
a necessidade de trabalhar com sistemas virtuais para fazer simulação
fevereiro.2013/91
As normas da International Organization
Fazem parte desse grupo representantes
for Standardization (ISO) passam por cons-
de universidades, institutos, instituições go-
tantes revisões a fim de manter seu conteúdo
vernamentais e não governamentais, profis-
atualizado. Este trabalho é realizado através
sionais autônomos e empresas produtoras e
de comissões formadas por diversos órgãos,
consumidoras (produtos e serviços) que atu-
empresas e entidades em todo mundo.
am de forma voluntária.
No Brasil, o comitê responsável pela ela-
De acordo com Carlos Martins, ges-
boração e publicação das normas técnicas
tor do ABNT/CB-60 e gerente executivo do
para o setor de ferramentas é o ABNT/CB-60,
SINAFER, um dos principais objetivos das co-
o “Comitê Brasileiro de Ferramentas Manuais
missões de estudo é a atualização técnica do
e Usinagem”, constituído em 2008. Os en-
acervo, tornando-o mais equivalente possível
contros, realizados mensalmente, tratam da
com as Normas ISO. “Por isso, a maior parte
deliberação dos projetos de norma e análise
das normas que foram e continuam sendo
de novas demandas, entre as quais está a
trabalhadas desde novembro de 2008 são
ISO 13399.
adoções idênticas das Normas ISO, embora
Sua secretaria técnica, não por acaso, está
instalada na sede do Sindicato da Indústria de
existam normas exclusivamente brasileiras
neste acervo”, pontua.
A “Comissão de Estudo de Usinagem”
Artefatos de Ferro, Metais e Ferramentas em
Geral do Estado de São Paulo, o SINAFER.
Atualmente este comitê é formado por
já apresentou a necessidade de incluir no
Programa de Normalização Setorial (PNS)
três comissões de estudo, voltados à:
um projeto para adoção da ISO 13399, cujo
•Ferramentas Manuais e Dispositivos
título geral é Cutting tool data representation
(CE-60:000.01)
and exchange e está dividida em aproxima-
•Usinagem (CE-60:000.02)
damente 300 partes. “Este será um trabalho
•Ferramentas Abrasivas (CE-60:000.03)
de longo prazo”, avalia Martins.
Arquivo SINAFER
A norma 13399 no Brasil
Carlos Martins, gerente
executivo do SINAFER e
gestor do ABNT/CB-60:
As comissões de estudos
são responsáveis pela
qualidade do conteúdo
técnico das normas que
desenvolvem, portanto
têm como obrigação a
revisão periódica do acervo
de normas, mantendoas sempre atuais em
relação as suas similares
internacionais, podendo,
porém, adaptá-las às
especificações técnicas
encontradas no Brasil
Percentual de atualização do acervo do ABNT/CB-60:
QUANTIDADE TOTAL DE
NORMAS DO ACERVO
QUANTIDADE
ATUALIZADA %
ATUALIZAÇÃO
FERRAMENTAS MANUAIS
E DISPOSITIVOS
53
51
96,23%
USINAGEM
99
60
60,60%
FERRAMENTAS ABRASIVAS
05
00
0%
157
111
70,70%
CE
(COMISSÃO DE ESTUDO)
TOTAL DO ABNT/CB-60
(2009-2012)
Para receber os convites das
reuniões mensais, entre em contato
com a secretaria técnica do ABNT/
CB-60 através dos e-mails:
[email protected]
ou [email protected]
É necessário informar nome
completo, empresa, telefone e a
comissão de estudo de interesse.
Fonte: SINAFER 1) Dados atualizados em 24/10/12. 2) A Comissão de Estudo de Ferramentas
Abrasivas iniciou o trabalho de normalização no ABNT/CB-60 em outubro/2012.
fevereiro.2013/91
o mundo da usinagem
15
Confira as novas siglas
adotadas pela ISO 13399:
produtividade
de parâmetros de corte e colisão.
Trata-se de outra necessidade que
a norma vem atender: a simulação
em sistemas virtuais”.
Para o professor Klaus Schützer,
ALP Ângulo de folga axial
LGR ​
Comprimento da reafiação
ANN Ângulo de folga menor
LH ​
Comprimento da cabeça
Profundidade de corte máxima
LPR ​
Comprimento da saliência
Largura da haste
LS ​
Comprimento da haste
Ângulo - lado da peça
LSC ​
Comprimento de fixação
BBD Balanceado pelo desenho
LSCN ​
Comprimento mínimo de fixação
BBR Balanceado pelo teste rotacional
LSCX ​
Comprimento máximo de fixação
BD Diâmetro do corpo
LSD ​
Comprimento da haste
Ângulo do cone de transição
LU ​
Comprimento útil (máx. recomendado)​
APMX B BAWS da Universidade Metodista de Pira-
BHTA Comprimento da aresta alisadora
MHD ​
Distância do furo de montagem
cicaba (Unimep), a padronização de
BSG Norma
MIID ​
Identificação da pastilha padrão
terminologias permite muito mais
CDX Profundidade máxima de corte
MMCC ​
Código para torque pré-definido
CHW Largura do chanfro de canto
NOF ​
Número de canais
flexibilidade na hora de uma pro-
CICT Número de cortes
OAH ​
Altura total
CND Diâmetro de entrada de refrigeração
OAL Comprimento total
gramação NC, com a possibilidade
CNSC Código do tipo de entrada de refrigeração
OAW ​
Largura total
Cobertura
OHN ​
Balanço mínimo
CNT Tamanho da rosca de entrada de
refrigeração
OHX ​
Balanço máximo
CP PHD ​
Diâmetro do furo pré-usinado
Pressão de refrigeração
PHDX ​
Diâmetro máximo do furo pré-usinado
de acessar catálogos de ferramentas
diretamente com o sistema CAM
que esteja sendo utilizado. Outro
bs COATING ​
CRKS Tamanho da rosca do tirante de tração
CTPT Tipo de operação
PRFRAD ​
Raio do perfil
Máximo diâmetro de corte da peça
PRSPC ​
Especificação do perfil
ponto de destaque é a posterior
CUTDIA troca de informações tanto com o
CWTOLL Tolerância mínima da largura de corte
CWTOLU Tolerância máxima da largura de corte
CXSC Código do tipo de saída de refrigeração
CZC Código do tamanho da conexão
fornecedor de ferramentas, como
também com a contratação de um
fornecedor de serviços de usinagem, para o qual é possível enviar
CW Largura de corte
PL ​
Comprimento da ponta
PSIR ​
Ângulo de ataque da ferramenta
PSIRL ​
Ângulo da aresta de corte principal versão
esquerda
PSIRR ​
Ângulo da aresta de corte principal versão
direita
RADH ​
Altura radial do corpo
RADW ​
Largura radial do corpo
CZC MS Código do tamanho da conexão - lado da
máquina
CZC WS Código do tamanho de conexão - lado
da peça
RETOLL ​
Tolerância mínima do raio de canto
Diâmetro do furo de acesso
RETOLU ​
Tolerância máxima do raio de canto
DAH RE ​
Raio do canto
o programa NC e informação sobre
DAXIN Diâmetro interno mínimo do canal axial
o ferramental necessário sem o ris-
DAXX RPMX ​
Diâmetro externo máximo do canal axial
Dbc S ​
Diâmetro do círculo para fixação
DC SDL ​
Comprimento do diâmetro escalonado
Diâmetro de corte
DCB SIG ​
Ângulo da ponta
Diâmetro do furo de conexão
DCBN SSC ​
Código do tamanho do assento da pastilha
Diâmetro mínimo do furo de conexão
DCBX SUBSTRATE ​
Diâmetro máximo do furo de conexão
DCF TCDC ​
Diâmetro de corte da face de contato
TCDMM ​
co de perda de dados em virtude da
troca via digital.
Ao tornar o acesso às informações mais rápido e prático, a nova
DCON Diâmetro da conexão
DCSFMS norma promete ser um passo im-
Diâmetro da superfície de contato - lado
da máquina
DCSFWS portante para reduzir gargalos na
Diâmetro da superfície de contato - lado
da peça
DCX ​
Máximo diâmetro de corte
área de usinagem, acelerando pro-
DIX ​
Máximo diâmetro para interferência no
trocador de ferramenta
cessos e facilitando o planejamento
das empresas.
DMIN Diâmetro mínimo do furo
DMM ​
Diâmetro da haste
DN ​
Fernando Sacco
Jornalista
DSGN ​
16
o mundo da usinagem
Desenho
Espessura da pastilha
Substrato
Classe de tolerância do diâmetro de corte
Tolerância do diâmetro da haste
Tolerância atingível do furo
TCT ​
Classe de tolerância da ferramenta
TCTR ​
Classe de tolerância da rosca
TD ​
Diâmetro da rosca
TDZ ​
Diâmetro da rosca
TFLA ​
Total flutuação do macho à frente
TFLB ​
Total flutuação do macho para trás
THCHT ​
THFT ​
THLGTH ​
THUB ​
Tipo de chanfro do macho
Tipo de rosca
Comprimento da rosca
Espessura do cubo
D1 ​
Diâmetro do furo de fixação
TP ​
Passo da rosca
FHA ​
Ângulo de hélice do canal
TPI ​
Fios por polegadas
FLGT ​
Espessura da flange
TPIN ​
Mínimos fios por polegada
FTDZ ​
Para o tamanho do diâmetro da rosca
TPIX ​
Máximos fios por polegada
H Altura da haste
TPN ​
Passo mínimo da rosca
HF ​
Altura funcional
TPX ​
Passo máximo da rosca
HRY ​
Menor ponto a partir do plano de referência
TQ ​
Torque
HTB ​
Altura do corpo
TSYC ​
Código da ferramenta
HTH ​
Altura
ULDR ​
Relação comprimento/diâmetro útil
Diâmetro do círculo inscrito
WB ​
Largura do corpo
INSL ​
Comprimento da pastilha
WF ​
Largura útil
IZC ​
Código do tamanho da pastilha
WSC ​
Largura de fixação
IC ​
Mais informações sobre a norma
referida estão disponíveis no
portal da Sandvik Coromant.
www.sandvik.coromant.com/br
e clique na aba Conhecimento
Diâmetro do pescoço
TCHA ​
Rotação máxima
KAPR ​
Ângulo da aresta de corte da ferramenta
WT ​
Peso do item
KCH ​
Chanfro do canto
W1 ​
Largura da pastilha
L
Comprimento da aresta de corte
LB ​
Comprimento do corpo
LCF ​
Comprimento do canal para cavacos
LE ​
Comprimento efetivo da aresta de corte
LF ​
Comprimento útil
ZEFF ​
Número efetivo de arestas de corte na
parte frontal
ZEFP ​
Número efetivo de arestas de corte na
periferia
ZWX ​
Número máximo de pastilhas alisadoras
fevereiro.2013/91
BLASER
ShutterStock
negócios da indústria
OUTSOURCING: o que
fazer e o que comprar
NA BUSCA POR VANTAGENS COMPETITIVAS, EMPRESAS
SE PERGUNTAM O QUE DEVE SER TERCEIRIZADO EM SUA
CADEIA PRODUTIVA. E A RESPOSTA PODE DETERMINAR
O SUCESSO OU O FRACASSO DO NEGÓCIO
18
o mundo da usinagem
Novos modelos de gestão seguem uma
do estoque dá agilidade aos processos fi-
tendência com foco no aumento da com-
nais e pode representar vantagens deter-
petitividade nas empresas para que sobre-
minantes ao negócio.
vivam em mercados dinâmicos e cada vez
Mas ao avaliar a empresa como um
mais acirrados. Neste cenário, uma das
todo, gestores se deparam com uma per-
estratégias é adquirir essas competências
gunta crucial: “o que eu devo fazer inter-
por meio da terceirização de produtos e
namente e o que eu devo terceirizar?” Na
serviços. Entre as vantagens dessa prática,
indústria a maneira mais fácil de respon-
conhecida como outsourcing, está a aquisi-
der essa questão seria fazendo uma análise
ção de capacidades que a organização não
econômica. Isso quer dizer comparar o cus-
possui internamente como, por exemplo,
to de fabricação com o custo de aquisição
a logística. Terceirizar operações de trans-
no mercado. É mais barato produzir aqui
porte, armazenagem, distribuição e gestão
ou comprar fora? Porém, a decisão não é
fevereiro.2013/91
O QUE FAZER E
O QUE COMPRAR?
tão simples. Pode ser inviável terceirizar,
tor para a empresa, na complexidade do
por exemplo, a produção ou serviços liga-
processo de transição e no investimento
dos à expertise da empresa. Pois, “uma vez
contraposto ao retorno financeiro espera-
a par dos processos, fornecedores podem
do num determinado período de tempo.
virar concorrentes, como já aconteceu em
O fato é que não há uma regra ou fór-
inúmeros casos”, relata o Prof. Dr. Mauro
mula exata que responda o que terceirizar.
Sampaio, do Centro Universitário da FEI.
Existem modelos que orientam a desen-
Segundo ele, para reduzir esse risco é
volver internamente as competências de
necessário, primeiro, definir as compe-
maior valor. Outros estudiosos dizem que
tências centrais do negócio. “Essa análi-
o processo de outsourcing pode ocorrer
se deve considerar as vantagens frente à
em diferentes fases da produção, do pro-
concorrência e o que mais agrega valor ao
jeto à manufatura, desde que haja forne-
mercado” explica. Se uma indústria pro-
cedores competentes, contratos e multas
duz um componente com exclusividade,
muito claros, e um bom relacionamento
não seria indicado terceirizar a produção
entre ambos. E, por fim, que o risco valha
dessa peça. Já o que não agrega valor, é
a pena. Tudo deve ser ponderado, mas se a
tido como competência não central. Para
decisão for terceirizar, a contratante deve
Sampaio, é fácil concluir que não faz sen-
manter o domínio sobre a arquitetura do
tido um esforço interno para gerir depar-
conhecimento. Em outras palavras, preci-
tamentos de TI e RH, limpeza e restau-
sa saber como tudo é feito e acompanhar o
rante caso estes não sejam estratégicos.
processo produtivo. Pois é possível tercei-
“As maiores incertezas estão, na verdade,
junto às atividades intermediárias, próximas das centrais. É quando outros itens
Terceirizando tudo
tornam-se decisivos, como o relaciona-
É preciso saber
como tudo é feito
e acompanhar o
processo produtivo.
Pois é possível
terceirizar com
maior ou menor
controle.
fevereiro.2013/91
mento com fornecedores, posicionamento
Existem empresas automotivas que praticam
estratégico, além da visão do mercado e
o outsourcing desde o chão de fábrica, levando
do futuro”, complementa.
ao extremo a tendência em terceirizar cada vez
Já o consultor Paulo Bacarat, gerente
mais setores. No interior do Rio de Janeiro, uma
sênior da Accenture, empresa especiali-
montadora adotou um modelo de consórcio mo-
zada em gestão, defende que áreas estra-
dular, em que insere dentro da mesma planta
tégicas não deveriam ser elegíveis em um
vários fornecedores que, além de produzirem as
processo de outsourcing, “salvo em caso
peças, montam os veículos. Com isso ela con-
de mudança da própria estratégia do ne-
seguiu baratear processos e alcançar vantagens
gócio”, ou seja, quando a empresa busca
competitivas que culminaram na liderança no
desenvolver capacidades inéditas para
setor de caminhões médios. “O custo passou de
conquistar novos nichos de mercado. O
fixo para variável. Antes ela bancava a estrutura
motivo é que essas áreas “críticas” detêm
de produção e hoje, neste modelo revolucioná-
a inteligência, experiência e conhecimento
rio, remunera os fornecedores a partir do veícu-
necessários ao funcionamento do negócio.
lo pronto, quanto ele entra no depósito para ser
Conforme ele, a decisão de terceirizar deve
vendido”, detalha Sampaio.
estar baseada em quão crítico é o dado se-
Para não perder o controle do seu negócio,
o mundo da usinagem
19
negócios da indústria
rizar com maior ou menor controle.
a montadora assume novas responsabilidades. Ela coordena o processo, controla
a cadeia de suprimentos e a qualidade do
produto, desenvolve novos projetos, cuida
do marketing e das vendas. Ainda assim,
vale ressaltar que as atividades essenciais
de engenharia e fabricação foram entregues a terceiros. Mas, se por um lado é
arriscado ceder tais atividades, por outro a
decisão pode ser estratégica num período
turbulento ou quando se perde mercado. O
mesmo vale para setores muito dinâmicos,
quando os produtos se renovam rápido (ver
quadro). E trazer bons fornecedores, inclusive aos projetos, pode ser a solução para
manter-se de pé. Diante dessa velocidade evolutiva, muitos modelos de gestão e
competências perdem o sentido num ambiente hipercompetitivo.
Na contramão do sucesso de algumas
Um bom exemplo da aplicação de
Auxílio Externo
ter poucos parceiros que ofereçam
Para ajudar na decisão, através
de análises mais profundas e particulares a cada caso, existem consultorias cujo foco não se restringe
apenas à redução de custos. Afinal,
isso pode comprometer a qualidade
e o poder da empresa sobre a cadeia
produtiva de forma irreversível.
“Todos os projetos de terceirização
devem ser encarados como estratégicos”, enfatiza o professor da FEI.
Mas para saber quais áreas são de
fato relevantes, consultorias como a
Accenture, que atua em mais de 120
países, trabalham em conjunto com
a empresa antes de decidir qual modelo adotar, estimando o esforço e
investimentos necessários.
algo que vá além do baixo custo,
“Nós avaliamos os potenciais ga-
chegando até ao desenvolvimento
nhos de eficiência que o outsourcing
de projetos em conjunto.
pode trazer para as áreas que par-
tais conceitos está no ramo metalmecânico. Para o professor da FEI,
ao analisar uma cadeia automotiva,
vê-se que no passado as empresas
eram verticalizadas e faziam tudo
internamente. À medida que a competição aumentou, elas perceberam
que não conseguiam fazer tudo “em
casa” e começaram a terceirizar.
Fizeram cotações e optaram pelo
mais barato. Porém, ao longo do
tempo deram-se conta que o foco
de alguns fornecedores ou distribuidores não estava na qualidade,
mas no preço. Agora, elas buscam
montadoras, existem experiências menos
Análise estratégica da decisão fazer x comprar
exitosas. No sul do País, um grupo de
engenheiros montou uma empresa para
Alianças Estratégicas
vender peças para a fábrica de carrocerias
em que trabalhavam, assumindo o papel
Fazer
4
empresa constituída, eles montaram uma
fábrica que se tornou a maior concorrente
e acabou comprada pela própria contratante como forma de deter tal avanço. “Eles
estavam a par de todo o processo e dominavam as técnicas do negócio, ou seja, conheciam as competências centrais”, alerta Sampaio. Para se prevenir disso, uma
IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA
de fornecedores. Mais tarde, com a nova
Desenvolver
3
2
grande montadora japonesa, apesar de
possuir diversas capacidades terceirizadas,
preserva a liderança tecnológica daquelas
que considera críticas na sua cadeia de
fornecimento.
20
o mundo da usinagem
1
Terceirizar
2
3
COMPETÊNCIA RELATIVA
Desativar
4
Fonte: HAMEL, G., PRAHALAD, C. K. Competing
for the future. Boston:
Harvard Business School
Press, 1994. (adaptado)
fevereiro.2013/91
MAZAK
negócios da indústria
Velocidade Evolutiva: as vantagens competitivas são temporárias e variam de acordo com cada segmento
Velocidade
Evolutiva
Alta
Média
Baixa
Tecnologia
do Produto
Tecnologia
do Processo
Organização
Computadores
Brinquedos
Semicondutores
Menos de 6 meses
Menos de 1 ano
De 1 a 2 anos
De 2 a 4 anos
De 5 a 15 anos
De 3 a 10 anos
De 2 a 4 anos
De 5 a 15 anos
De 2 a 3 anos
Bicicletas
Automóveis
Produtos Farmacêuticos
De 4 a 6 anos
De 4 a 6 anos
De 7 a 15 anos
De 20 a 25 anos
De 10 a 15 anos
De 5 a 10 anos
De 5 a 10 anos
De 4 a 6 anos
De 10 a 20 anos
Aeronaves Comerciais
Petroquímica
Eletricidade
De 10 a 20 anos
De 10 a 20 anos
100 anos
De 20 a 30 anos
De 20 a 40 anos
De 50 a 75 anos
De 5 a 30 anos
De 20 a 40 anos
De 20 a 30 anos
Setor
ticipam dos principais processos
do negócio”, diz o gerente Bacarat.
Insourcing
Fonte: FINE, C. H. Clockspeed: winning industry
control in the age of temporary advantage. Readings,
MA : Massachusetts Instituteof Technology Perseus
Book, 1998 (adaptado)
em um processo de insourcing. “Nos
Como o sucesso dessa empreita-
anos 90 a terceirização virou moda
da nunca é garantido em nenhum
e problemas surgiram à medida que
país do mundo, muitos proces-
muitos gestores não conseguiram
sos de outsourcing terminaram em
distinguir exatamente quais eram
prejuízo ou levaram empresas a
as competências aptas à terceiriza-
senho de um bom modelo de out-
concluírem que era melhor fazer
ção”, acrescenta Sampaio. Mesmo
sourcing deve atentar, entre outros
internamente. “Isso acontece geral-
em áreas não centrais, vários ter-
direcionadores, para a simplifica-
mente quando o nível de serviço
ceirizados são trocados até encon-
ção em futuros processos de troca
não é atendido pela contratada e os
trar-se o ideal. Pesquisas revelam,
da empresa contratada ou mesmo
clientes são impactados de modo
inclusive, que no setor de logística,
a reversão, ou insourcing”, comple-
negativo ou, ainda, quando surgem
citado no início da reportagem, 90%
menta o consultor. Em suma, a as-
variações de custo que inviabili-
das empresas já tiveram problemas
sociação com um terceirizado tem
zem a continuidade do modelo”,
com seus contratados.
que melhorar o nível do serviço
aponta Bacarat. Neste caso, ocorre
que era feito antes dele, agregando
o processo inverso, quando a con-
mais valor à empresa do que ela ti-
tratante retoma as rédeas daquele
nha quando fazia tudo sozinha.
setor, dispensando a terceirização,
Alberto Dias
Jornalista
Bom ou Ruim
da velocidade do mercado atual. “É
questionado se o outsourcing, afinal,
preciso saber quando abandonar as
é bom ou não, encerra a entrevista
Por fim, Sampaio incita a reflexão
competências tradicionais, conhe-
com uma resposta simples e enfáti-
ao afirmar que uma empresa isola-
cidas e dominadas, para seguir as
ca. “Ele é vantajoso quando tanto a
da não sobrevive e que, mais do que
tendências ou até antecipá-las, de-
empresa quanto a contratada estão
definir competências, é necessário
senvolvendo novas habilidades ou
satisfeitas com as condições do acor-
perceber o momento de criar novas
ampliando as capacidades já exis-
do para a prestação de serviços nes-
capacidades e se reinventar diante
tentes”. Já o consultor da Accenture,
te modelo”.
Além disso, a consultoria auxilia
na hora de aferir o resultado, definindo indicadores para os serviços
tangíveis de mensuração. “O de-
22
o mundo da usinagem
fevereiro.2013/91
MITUTOYO
ShutterStock
educação e tecnologia I
Cursos de
EaD do SEBRAE
ENTENDA OS BENEFÍCIOS
DA EDUCAÇÃO ASSOCIADA
À TECNOLOGIA
24
o mundo da usinagem
Quando pensamos em Ensino à
lacuna prático-conceitual ao longo
Distância, geralmente temos uma
de sua aplicação. A gama de Cursos
certa tendência a desmerecer tais
de EaD oferecidos no Portal de Cur-
cursos, pela negação de que estes
sos a Distância do SEBRAE coloca à
possam ser realmente proveitosos
disposição do empreendedor uma
quanto ao conteúdo e à preparação
série de temas, que vão desde os
para o mercado. Na contramão da
cursos básicos como o módulo SEI
realidade das instituições educacio-
(Sei Comprar, Sei Controlar meu
nais no Brasil e com a quinta mar-
Dinheiro, Sei Empreender, Sei Pla-
cha engatada, o SEBRAE (Serviço
nejar, Sei Unir Forças para Melhorar
Brasileiro de Apoio às Micro e Pe-
e Sei Vender), que servem como ali-
quenas Empresas) se coloca à frente
cerce conceitual para o empreende-
deste nicho educacional, descons-
dorismo, até cursos mais avançados
truindo a imagem de que Cursos de
e específicos de alguns segmentos
EaD são fracos ou deixam alguma
como nos quadros ao lado:
fevereiro.2013/91
Toda essa gama
de cursos é
gratuita, incluindo
o certificado e o
material didático
virtual, tendo o
educando que
concluir um curso
para sequenciar
uma nova matrícula.
Atendimento
ao Cliente
Aprender a
Empreender
Além disso, há ainda
cursos especializados
para a área de vendas
no varejo, chamado
Programa Varejo Fácil,
com diversos enfoques
como:
• Atendimento ao Cliente,
• Controles Financeiros,
• Formação do Preço de Venda,
• Gestão de Pessoas,
Boas
Práticas nos
Serviços de
Alimentação
Análise e
Planejamento
Financeiro
• Gestão do Visual de Loja e
• Técnicas de Vendas.
Todo o calendário de 2012 e, futuramente, o de 2013, podem ser
vistos no Portal SEBRAE — http://
Compras
Governamentais
Condições de
Vendas para
o Mercado
Externo
D-Olho na
Qualidade:
5Ss para os
Pequenos
Negócios
Como
Vender Mais
e Melhor
www.ead.sebrae.com.br/hotsite/.
Os cursos têm vagas abertas ao
longo do ano e se configuram em
“eventos” devidamente anunciados no portal para matrícula, cujas
vagas costumam ser preenchidas
Empreendedor
Individual
Formação
do Preço de
Venda
Gestão
Empresarial
Integrada
Gestão de
Cooperativas
de Crédito
em dias.
Ao longo dos dez anos de seu
funcionamento, os cursos receberam
3.182.664 matrículas e o percentual de conclusão, nos últimos quatro
anos, com emissão de certificados,
Gestão da
Qualidade:
Visão
estratégica
Iniciando
um Pequeno
e Grande
Negócio
Primeiros
Passos para a
Excelência
Planejamento
para Exportar
Procedimentos
para
Exportação
fevereiro.2013/91
Internet para
Pequenos
negócios
varia entre 65 a 70%, o que nos indica
média de mais de 20 mil pessoas capacitadas por ano! Atualmente, existem 2.228.638 alunos cadastrados.
ShutterStock
Gestão da
Inovação:
Inovar para
Competir
o mundo da usinagem
25
educação e tecnologia I
O gestor do projeto EaD SEBRAE
- cursos pela Internet, Rodrigo Estrela de Freitas, elucida que o foco
principal dos cursos são os candidatos a empresário, empreendedor
individual, microempresário, pequeno empresário e produtor rural.
“Durante o curso os alunos possuem
uma equipe de tutores à disposição
para dúvidas técnicas relacionadas
ao conteúdo através de fóruns de
discussão e uma Central de Mensagem para dúvidas individualizadas.
Os fóruns, por exemplo, são ambientes ricos nas trocas de experiências entre os participantes, dessa
forma o aluno tem a possibilidade
não só de ter seus questionamentos atendidos, como compartilhar e
participar da experiência de outros
A carga horária pode variar, de
26
o mundo da usinagem
empreendedores”, pontua ele.
curso a curso. Os cursos SEI, men-
Outra iniciativa inteligente cria-
cionados acima, tem carga horária
da pelo SEBRAE são as Oficinas
de apenas cinco horas. Os demais,
SMS, como uma solução educacio-
de maneira geral, permanecem on-
nal inteligente e dinâmica. Via tele-
line por 30 dias e a carga horária é
fone celular (utilizando mensagens
de 15 a 16 horas, com recomenda-
de texto SMS), a oficina direciona
ção de 3 horas e 45 minutos de es-
conteúdos e informações relevantes
tudo por semana em cursos como
à área de interesse escolhido, como
Análise e Planejamento Financeiro,
vendas e empreendedorismo. Em-
Aprender a Empreender e o D-Olho
bora sem uma pesquisa de satisfa-
na Qualidade: 5Ss para pequenos
ção desse serviço, “neste primei-
negócios. Ou seja, os cursos são,
ro momento já tivemos cerca de 8
inclusive, facilitadores para o con-
mil alunos”, informa-nos o gestor
tato com importantes ferramentas
Rodrigo de Freitas. Essas oficinas
atuais de administração, como o
-têm a duração de vinte dias, com
vital 5S do toyotismo: Seiri (utiliza-
envio de duas mensagens por dia
ção), Seiton (ordenação), Seiso (lim-
“apenas durante a semana e em ho-
peza), Seiketsu (higiene) e Shitsuke
rário comercial”, tem o cuidado de
(autodisciplina).
especificar o gestor.
fevereiro.2013/91
ShutterStock
Os cursos oferecidos representam muito mais do que o certificado
conferido pelo SEBRAE. Eles representam um suporte técnico e conceitual necessário para os diversos estágios da criação e administração de
micro e pequenas empresas e como
tal capacitam seus empresários a
melhor gerir seus empreendimentos. Cursos à distância que quebram
barreiras, vencem as distâncias geográficas e as limitações de mobilidade, aproximando o educador (instituição) do educando. Podemos,
portanto, entender a importância
desse modelo educacional para uma
conceitos e práticas dentro dos pro-
abrangência nacional homogênea
cessos pedagógicos das últimas dé-
e alinhada às leis, normas, regula-
cadas. E, nisso, tenham certerza, o
mentos e práticas do mercado den-
SEBRAE é pioneiro e continua ino-
tro de cada ramo de atuação.
vador. Neste tocante vemos como o
SEBRAE
SEBRAE entende o trabalho da Edu-
Rodrigo de Freitas esclareceu-nos
cação à Distância como parte de um
ser também muito comum recebe-
processo de inovação educacional
rem em seus cursos (presenciais ou
mais amplo, que é a integração das
à distância) “alunos da iniciativa
novas tecnologias de informação e
pública e privada por entenderem
comunicação nos processos educa-
que o conteúdo do empreendedo-
cionais. O SEBRAE Nacional, como
rismo pode ajudar a potencializar
pouquíssimas instituições no Brasil,
algumas competências”. “Afinal de
entende essa mediação como um
contas é possível adotar uma postu-
“eixo pedagógico” a ser desenvolvi-
ra empreendedora frente à carreira
do e considera essa técnica um meio
profissional”, arremata ele.
e não finalidade educacional, usan-
O
gestor
do
EaD
A Educação à Distância é bas-
do suas duas dimensões indissoci-
tante antiga e chamava-se, inicial-
áveis: ao mesmo tempo como fer-
mente, “educação por correspon-
ramenta pedagógica extremamente
dência”. O modelo atual é uma das
rica e proveitosa para a melhoria e
decorrências das primeiras intera-
a expansão do ensino e como objeto
ções entre Tecnologia da Informa-
de estudo complexo e multifaceta-
ção e Comunicação com a Educação
do, exigindo abordagens criativas,
tradicional, estabelecendo novos
críticas e interdisciplinares.
fevereiro.2013/91
Os alunos
agradecem:
“Os cursos do SEBRAE estão
cada dia melhores, gostaria
de agradecer à toda equipe do
Educação SEBRAE que trabalha
muito para manter o alto índice
de qualidade dos cursos.”
Aluno:
Wagner Aparecido de Lima
“O Curso de EaD SEBRAE: é
muito gratificante para a nossa
vida profissional. O tutor é super
atencioso e prestativo com a turma e o material é de qualidade.
Parabéns!”
Aluno:
Wenderson Matias
do Nascimento
João Manoel Bezerra de Meneses
Gestor Ambiental/Jornalista
o mundo da usinagem
27
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educação e tecnologia II
A Educação em
Engenharia e a
Inovação Tecnológica
A INTERDISCIPLINARIDADE SURGE
QUANDO OS CURRÍCULOS REFLETEM
A PRESSÃO DA SOCIEDADE
28
o mundo da usinagem
Temos muitos significados para
tão, inovar pode ser uma atividade
a palavra inovação. Um dos apli-
muito difícil e dolorosa para os en-
cáveis é a introdução de algo novo
genheiros.
em qualquer atividade humana. A
Segundo W. Brian Arthur autor
palavra é derivada do termo latino
do livro “The Nature of Technolo-
innovatio, e se refere a uma ideia,
gy”, as novas tecnologias aparecem
método ou objeto que é criado e que
pela combinação das já existentes.
pouco se parece com padrões ante-
Diz ainda que as tecnologias se
riores. Temos neste ponto a questão
criam por si e de si mesmas e que
central da nossa discussão: toda a
a inovação tecnológica dependeria
formação do engenheiro é baseada
dos seguintes fatores: demandas
no estudo das leis da natureza e no
sociais, de tecnologias existentes e
seguimento de procedimentos. En-
de estoque de conhecimentos cienfevereiro.2013/91
WM TOOLS
ShutterStock
educação e tecnologia II
Estrutura molecular do grafeno
tíficos disponíveis. Vamos aos fatos.
ciência já era importante, agora a in-
pers publicados. O aluno deve ser
As demandas sociais existem no
terdisciplinaridade é um fator adi-
motivado a adentrar o mundo das
Brasil. O consumerismo no País é
cional. As universidades e os cursos
incertezas. Ao contrário, em geral o
uma realidade, assim como a me-
devem preparar o futuro profissio-
processo de aprendizado é cauteloso
lhoria econômica nos últimos anos.
nal para que se sinta confortável em
demais, e doutrina a não correr ris-
Aumentaram a oferta e a compe-
atuar nas fronteiras do conhecimen-
cos. Os TCCs (Trabalhos de Conclu-
tição, e o cliente detém o poder
to, cercado de incertezas, entre uma
são de Curso), as teses de mestrado,
de exigir. Com alguns cliques no
ciência e outra.
doutorado, são projetos com data
computador é possível comparar
A
interdisciplinaridade
surge
de início e término bem determina-
preços, produtos e lojas, coisa que
quando os currículos refletem a
das, objetivos e métodos estabele-
antes exigia certo tempo. O brasi-
pressão da sociedade, provendo o
cidos desde o início. O aluno não é
leiro começou a viajar e adquiriu
estoque de conhecimento necessá-
estimulado a ousar; a ousadia nessa
padrões de comparação da América
rio em cada área, e as universidades
hora pode postergar a conclusão do
do Norte e da Europa. Os órgãos de
curso, e ninguém é criativo e ousado
defesa do consumidor são ativos e
quando o ambiente o ameaça.
os jornais, blogs, e Facebook estão
A descoberta do grafeno, forma
cheios de notícias do mundo do
bidimensional do carbono que pode
consumo e de gente reclamando de
trazer inúmeros benefícios à eletrô-
produtos e serviços.
nica, foi feita por dois pesquisadores
O estoque de conhecimento cien-
da Universidade de Manchester uti-
tífico e a tecnologia existente, por
lizando uma fita adesiva para retirar
sua vez, devem ser analisados de
pequenos fragmentos de um grande
forma conjunta. O ponto nevrálgi-
pedaço de grafite. Perturbadora-
co aqui é a comunicação entre eles.
geram ambiente de trabalho colabo-
mente criativo e simples, mas va-
A inovação se faz combinando co-
rativo entre os seus departamentos.
leu o prêmio Nobel. A formação de
nhecimento e tecnologia. Exemplifi-
Isso se aplica não apenas entre as en-
engenharia e a inovação foi o tema
cando algumas combinações: tran-
genharias, mas pensando de forma
principal do painel Educação do 21º
sistores bioeletrônicos, eletrônica
mais abrangente, também às áreas
Congresso SAE BRASIL, que acon-
molecular, spintrônica, computação
biológicas e humanas. Digo colabo-
teceu entre os dias 2 e 4 de outubro
quântica, apenas para citar algumas
rativo e não competitivo como se
de 2012, na cidade de São Paulo.
áreas, são tecnologias emergentes e
tem notícia de algumas universida-
já estão se tornando realidade. Se o
des, onde se disputa pelo aumento
trabalho em equipe no mundo da
de orçamento e pelo número de pa-
30
o mundo da usinagem
Mauro Andreassa
Professor associado do Instituto
Mauá de Tecnologia
fevereiro.2013/91
ERGOMAT
conhecendo um pouco mais
O CROWDFUNDING
VEIO SEM DÚVIDA
NENHUMA
PARA QUEBRAR
PARADIGMAS
ECONÔMICOS E
RECONFIGURAR
A MANEIRA COMO
SE ENTENDE O
FINANCIAMENTO DE
PROJETOS E CHEGA
A CONTESTAR O
GRANDE PODER
ECONÔMICO DE
CORPORAÇÕES
Crowdfunding,
a “vaquinha” moderna
A INTERNET, DE FATO, POSSIBILITOU
E INSTRUMENTALIZOU ESTE NOVO
GÊNERO DE FINANCIAMENTO
32
o mundo da usinagem
O conceito de Crowdfunding vem
sultado, como um disco, ingressos
se difundido no mundo há qua-
de teatro ou cinema, camisetas, etc.
se vinte anos, despontando como
(se for um projeto de arte) ou a sim-
um novo mecanismo para finan-
ples – e enorme – satisfação de ver
ciamento de projetos necessários à
uma obra social em andamento.
sociedade contemporânea. O termo
Para atingir os objetivos é neces-
significa “financiamento pelas mul-
sário uma campanha e é aí que entra
tidões” e é usado para iniciativas de
a tecnologia dos micropagamentos,
financiamento colaborativo. A ideia
que só foram tornados possíveis
é que muitas pessoas contribuam,
pela expansão da Internet.
com pequenas quantias, para viabi-
A Internet, de fato, possibilitou e
lizar uma ideia, negócio ou projeto,
instrumentalizou este novo gênero
normalmente em troca de algum re-
de financiamento colaborativo em
fevereiro.2013/91
detrimento do velho modelo econô-
tros intermediários que efetivamen-
mico que previa capital já acumula-
te encarecem muito as iniciativas.
do para iniciar projetos.
Também pioneiro foi o sistema de
Doações e contribuições on line,
financiamento de filmes, iniciado
por telefone ou depósitos bancá-
pelos cineastas franceses Benjamin
rios, existem há bem mais tempo,
Pommeraud e Guillaume Colboc,
sobretudo para socorro em mo-
com Demain la Veille (Esperando por
mentos de desastres naturais ou
Ontem), de 2004.
projetos filantrópricos, como as iniciativas brasileiras do Criança Esperança e o Teleton. Como funciona
Hoje já existem plataformas na
A ideia do Crowdfunding, contu-
Internet que recebem os projetos.
do, é mais restrita e mais direciona-
Os interessados em ter um finan-
da. O primeiro exemplo específico
ciamento fora dos padrões vigentes
data de 1997, quando a banda britâ-
em nossa sociedade encaminham
nica Marillion pediu financiamento
sua ideia, com os objetivos, como
de seus fãs, via Internet, para pro-
desenvolvê-la, tempo e pessoal ne-
duzir álbuns e financiar turnês. Os
cessário para fazê-lo e quantidade
fãs atenderam de maneira maciça
de fundos necessária para sua im-
e a iniciativa os presenteou com
plementação.
exemplares dos discos e ingressos
As
plataformas
normalmente
A campanha
“Vamos fazer
uma vaquinha”,
criada em 2007,
visa construir uma
nova sede para
o Lar Escola Dr.
Leocádio José
Correia, que
atualmente atende
160 crianças entre
quatro meses e
cinco anos de
idade. Um grupo
de voluntários
decidiu criar a
campanha para
arrecadar fundos
para realizar a
obra da nova
sede. O objetivo
é aumentar
gradativamente
a faixa etária
das crianças
atendidas, bem
como ampliar a
quantidade de
crianças de 160
para 400.
para os shows. No caso da Marillion,
limitam o tempo para a coleta dos
o financiamento funciona como
fundos e divulgam os projetos on
uma espécie de pré-reserva e a ban-
line, junto a comunidades com perfil
da só grava o novo disco ou monta
equivalente a cada projeto e também
o show quando a verba necessária
junto a associações de classe e e-mail
Bazar da Vaquinha
está garantida. Com isso eles tiram
marketing para mailings específicos.
Mais informações:
de campo o empresário e vários oufevereiro.2013/91
No Brasil existem inúmeras pla-
www.vaquinha.org.br
o mundo da usinagem
33
Arquivo projeto Pimp My Carroça
conhecendo um pouco mais
taformas, como a Idea, Catarse, Mo-
grafiteiro Mundano, inspirado nas
dentário e médico, entre outros. Tal
vere, Benfeitoria, Senso Incomum,
personalizações de carros que se
projeto ampara os catadores, au-
que já estão chegando ao notíciário
realizam nos Estados Unidos, sob
menta sua autoestima e questiona a
dos principais jornais diários do
a denominação de Pimp My Ride,
desatenção das autoridades públi-
país, como no O Estado de São Pau-
idealizou a reforma de carroças de
cas para com esses agentes ambien-
lo, no Caderno Link: http://blogs.
catadores de papel nos grandes cen-
tais, que são fundamentais para os
estadao.com.br/link/todos-juntos/,
tros urbanos do Brasil.
processos de reciclagem nas gran-
que apresenta algumas das 249 re-
O sucesso de público fez com
des cidades brasileiras. O próprio
alizações da plataforma Catarse em
que duas edições do Pimp My Car-
grafiteiro Mundano tem perfeita
tarse foi conseguir financiar o filme
roça fossem realizadas, em São Pau-
consciência, em suas entrevistas, so-
Belo Monte, Anúncio de uma Guer-
lo e no Rio de Janeiro, com mais
bre o projeto não ser a solução ideal
ra, já na Internet, que discute, após
de 150 carroças. Além da reforma
para o problema da marginalidade
três expedições ao Xingu e região
nas carroças de coleta, o objetivo é
social, mas pela primeira vez os 20
de Altamira, São Paulo e Brasília,
a instalação de itens de segurança
mil catadores informais de São Pau-
o impacto e significado da obra da
como retrovisores, buzinas e faixas
lo, que recicla apenas 1% da sua pro-
usina de Belo Monte. Outro grande
refletoras, e oferecer aos catadores
dução diária de 17 mil toneladas de
sucesso é o Pimp My Carroça, que o
serviços de barbearia, atendimento
lixo, têm um espaço e uma voz.
seus então apenas dezoito meses de
vida. Os mais de R$ 3 milhões arrecadados pela Catarse resultam da
iniciativa dos universitários recém-formados Diego Reeberg e Luis
ram pelo Crowdfunding a partir da
plataforma americana Kickstarter e,
associando-se a Daniel Weinmann,
de Porto Alegre, colocaram a Catarse no ar em janeiro de 2011.
Arquivo projeto Pimp My Carroça
Otávio Ribeiro, que se interessa-
Um dos grandes feitos da Ca-
34
o mundo da usinagem
fevereiro.2013/91
Arquivo projeto Pimp My Carroça
O mais famoso
exemplo
cos. Já existem livros e muitos cur-
era o de 25 mil réis, número da vaca,
sos ensinando o processo.
de onde o nome “vaquinha”.
Bastante conhecida é a manei-
Antes dos recursos da Internet e
ra como o Presidente Obama fi-
sem o convincente nome em inglês,
ainda está se acostumando com
nanciou sua primeira campanha
no Brasil já se pratica, há quase 100
esta nova modalidade de negócios
nas eleições americanas de 2008,
anos, o financiamento comunitário
promovida pela Internet e levará
de prêmios, sonhos e ideais. Diz
ainda um tempo para que consiga-
a tradição que a “vaquinha” teve
mos entender até onde podemos
início na década de 1920, quando
chegar com tal ferramenta. Mas o
torcedores do Vasco da Gama se co-
caminho está aberto.
A
sociedade
contemporânea
levantando cerca de meio bilhão
de dólares! Ele contou com ajuda
financeira de quase 4 milhões de
pessoas que contribuíram com poucos dólares cada. Como o objetivo
principal da campanha era político,
muitas foram as discussões sobre a
legalidade da coleta, mas em abril
de 2012 ele mesmo assinou ato que
permite a prática do Crowdfunding
para campanhas políticas, considerando que embora não se trate
de uma pré-venda de produto, as
pessoas contribuem por considerar
a recompensa algo implícito no próprio ato de participar.
O Crowdfunding veio sem dúvida
nenhuma para quebrar paradigmas
econômicos e reconfigurar a maneira como se entende o financiamento de projetos e chega a contestar o
grande poder econômico de corporações e até mesmo partidos polítifevereiro.2013/91
tizavam para premiar seus jogadores, os prêmios correspondendo aos
João Manoel Bezerra de Meneses
números do bicho. O prêmio maior,
Gestor Ambiental/Jornalista
reservado para as grandes vitórias,
o mundo da usinagem
35
nossa parcela de responsabilidade
Passamos por um ano extremamente complexo no que se refere ao
desenvolvimento econômico industrial no Brasil. Um ano em que todas
as projeções e expectativas apontavam para um crescimento de 4 a 5%
em nosso PIB, e terminamos com
um modestíssimo 1%.
Vários são os motivos, bem como
as explicações e justificativas, mas o
fato é que não crescemos o quanto
precisaríamos ter crescido, o que
aumenta nossa responsabilidade de
recuperação durante este, e os próximos anos. O Brasil tem um grande
potencial de crescimento, é reconhecido por isso mundialmente e portanto não podemos ter o crescimento que tivemos em 2012.
INICIAMOS O ANO DE 2013 COM
MUITAS EXPECTATIVAS POSITIVAS
E COM O OTIMISMO RENOVADO!
Da mesma forma como o Brasil
é reconhecido pelo seu enorme potencial, nossos profissionais, sejam
qual forem as áreas a que pertencem, também são reconhecidos pela
capacidade de adaptação, reação e
superação das novas realidades que
surgem a qualquer momento, o que
implica ainda em um grande poder
de automotivação.
Este será o ano de 2013 para nós:
um ano de reação e superação!
Temos que continuar na busca in36
o mundo da usinagem
Vivian Camargo
2013: o desafio
da superação
cessante da competitividade, da eficiência e das oportunidades de melhoria. Temos que manter nosso foco
na produtividade e planejar a melhor forma de atingi-la, para sermos
insuperáveis naquilo que fazemos.
Temos uma responsabilidade
muito grande de implementar esta
filosofia de trabalho e disseminá-la
para as futuras gerações, para que sejamos realmente uma potência mundial, por isso reconhecidos. Sempre!
Sabemos ainda que tudo isso não
acontece por acaso e que requer um
esforço enorme por parte de todos
nós, porém se não estivermos focados em atingirmos nossos objetivos,
estaremos aqui no futuro falando
novamente de um crescimento inferior ao que gostaríamos de ter.
Temos que ser, incondicionalmente,
competitivos! Junte-se a nós !
Feliz 2013.
Cláudio Camacho
Diretor da Sandvik Coromant
do Brasil
fevereiro.2013/91
Sandvik Coromant
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O Mundo da Usinagem 91
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Porto Alegre - RS
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Campinas – SP
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da usinagem. Acesse www.sandvik.coromant.com/br, na barra principal, clique em ‘treinamento’ e
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plant, ministrados dentro de sua empresa!
Blaser17
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Mitutoyo23
29
2ª capa
O leitor de O Mundo da Usinagem
pode entrar em contato com os
editores pelo e-mail: faleconosco@
omundodausinagem.com.br ou
ligue: 0800 770 5700
CORRIGENDA nº 90
Na matéria Soluções de Usinagem: John Deere
e Arwi - trabalho conjunto e qualidade global,
publicada na OMU 90, pág. 5, onde se lê:
“a operação de faceamento das carcaças
passou de 10 para 6 peças por minuto”
LEIA-SE
“a operação de faceamento das carcaças
passou de 6 para 10 peças por minuto”
FALE COM ELES
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Diretha - (11) 2063-0004
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