ROMANTISMO POESIA Antes de conferir os gabaritos, seria interessante ler alguns textos importantes: Texto 1 Canção do exílio Kennst du das Land, wo die Citronen blühen, Im dunkeln die Gold-Orangen glühen? Kennst du es wohl? – Dahin, dahin! Möcht ich... ziehn. Goethe Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar – sozinho, à noite – Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. Coimbra – d julho 1843. (Gonçalves Dias – Poemas. Biblioteca Folha, 15 – Seleção, introdução e notas de Péricles Eugênio da Silva Ramos. Rio de Janeiro: Ediouro. São Paulo: publifolha, 1997, pp. 27-8) 2 Soneto Pálida à luz da lâmpada sombria, Sobre o leito de flores reclinada, Como a lua por noite embalsamada, Entre as nuvens do amor ela dormia! Era a virgem do mar, na escuma fria Pela maré das águas embalada! Era um anjo entre nuvens d'alvorada Que em sonhos se banhava e se esquecia! Era mais bela! o seio palpitando Negros olhos as pálpebras abrindo Formas nuas no leito resvalando Não te rias de mim, meu anjo lindo! Por ti - as noites eu velei chorando, Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo! (Álvares de Azevedo. Lira dos vinte anos. Editora FTD. São Paulo. Série Grandes leituras, 1999. 3ª. edição. P. 72) 3 “Navio negreiro” – fragmento Era um sonho dantesco... O tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar do açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras moças... mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs. E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais ... Se o velho arqueja, se no chão resvala, Ouvem-se gritos... o chicote estala. E voam mais e mais... Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que martírios embrutece, Cantando, geme e ri! (...) (Castro Alves. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar. 1986. P. 280) Questões 1. “Nova Canção do Exílio” Um sabiá na palmeira, longe. Estas aves cantam um outro canto. O céu cintila sobre flores úmidas. Vozes na mata, e o maior amor. Só, na noite, seria feliz: um sabiá, na palmeira, longe. Onde é tudo belo e fantástico, só, na noite, seria feliz. (Um sabiá, na palmeira, longe.) Ainda um grito de vida e voltar para onde é tudo belo e fantástico: a palmeira, o sabiá, o longe. O poema acima integra a obra Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade. Deste poema, como um todo, é incorreto afirmar que a) é uma variação do tema da terra natal, espécie de atualização moderna de uma idealização romântica da pátria. b) estabelece uma relação intertextual com a ―Canção do Exílio‖, de Gonçalves Dias, e se mostra como uma espécie de paráfrase. c) evidencia que o poeta se apropriou indevidamente do poema de Gonçalves Dias e manteve os esquemas de métrica e de rima do texto original. d) traduz na palavra ―longe‖, o significado do ―lá‖, lugar do ideal distante, aracterizador de visão de uma pátria idealizada. e) utiliza a imagem do sabiá e da palmeira para sugerir um espaço ―onde tudo é belo e fantástico‖ e, afastado do qual, o poeta se sente em exílio. Resposta: c A alternativa ―c‖ está incorreta porque Drummond não ―se apropriou indevidamente do poema de Gonçalves Dias‖. O poeta da 2ª. fase do Modernismo brasileiro estabelece uma relação intertextual com o artista romântico, propondo uma nova maneira de ―ler‖ a temática do ―exílio‖. Além disso, Drummond não mantém ―os esquemas de métrica e de rima do texto original‖. A ―canção do exílio‖ (1843), de Gonçalves Dias, apresenta 5 estrofes: 3 quadras e 2 sextilhas (ver texto na íntegra no box de imagens) — modelo com que a ―Nova canção do exílio‖, de Drummond, dialoga. A ―canção do exílio‖ apresenta versos de redondilha maior (7 sílabas poéticas) e rimas alternadas; a ―Nova canção do exílio‖, por sua vez, possui versos livres e brancos – bem ao estilo modernista. Os exercícios a seguir trabalham com um fragmento de um romance histórico escrito por Ana Miranda que trata da vida do poeta Gonçalves Dias e seguem a tendência dos concursos vestibulares de privilegiar a interpretação de textos em detrimento da exploração de características isoladas dos movimentos literários. Aproveite para revisar alguns tópicos de teoria literária como o foco narrativo, além das características do Romantismo. Leia o texto a seguir para responder às questões 2 a 4. O fluido elétrico Quando chegava perto de Antônio alguma endiabrada moça requebrando e seduzindo-o com palavras, com os gestos, com os olhos e com os modos, ele confessa numa carta que sentia um fluido elétrico a correr pela medula da sua coluna vertebral, então por que não sentiria isso também por mim? Antônio é fraco para com as mulheres e nunca sincero com elas, nem consigo mesmo, sincero apenas com Alexandre Teófilo e com a poesia, sua Musa, por isso acredito que o poema tenha sido inspirado em meus olhos, que ele via verdes mas infelizmente são da cor do mel, um mel turvo, quase verdes quando olho a luz, o mar ―quando viajávamos na costa do Ceará, Natalícia admitiu que meus olhos estavam verdes‖. Desejo acreditar no que diz Maria Luíza, mas acredito apenas em meu coração, sei quanto fel pode haver no coração de uma romântica. Talvez ele tenha confundido meus olhos com as vagens do feijão verde e com as paisagens que ele tanto ama de palmeiras esbeltas e cajazeiros cobertos de cipós, talvez estivesse apenas ensaiando o grande amor que iria sentir na sua vida adulta, quando escreveria tantos poemas, dos mais dedicados, apaixonados, melancólicos, dos mais saudosos, e ao pensar nisso uma tristeza funda, inexprimível, o coração me anseia. (MIRANDA, Ana. Dias e Dias. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 19) Questão 2 Esse texto é um capítulo da obra Dias e Dias, de Ana Miranda, publicado em 2002, que reconstitui a vida de Antônio Gonçalves Dias. É, portanto, um romance histórico ―escrito no século XXI‖ que retrata o século XIX. a) Como se estrutura o foco narrativo do texto? Trata-se de uma narradora-personagem (foco narrativo em primeira pessoa). b) Transcreva uma passagem que comprove sua resposta. Algumas respostas possíveis: ―então por que não sentiria isso também por mim?‖; ―por isso acredito que o poema tenha sido inspirado nos meus olhos,‖; ―quando olho a luz, o mar‖; ―Quando viajávamos na costa do Ceará, Natalícia admitiu que meus olhos estavam verdes.‖; ―Desejo acreditar no que diz Maria Luíza, mas acredito apenas em meu coração, sei quanto fel pode haver no coração de uma romântica.‖; ―Talvez ele tenha confundido meus olhos com vagens de feijão verde‖; ―e ao pensar nisso uma tristeza funda, inexprimível, o coração me anseia.‖ Questão 3 Que argumento é usado para comprovar a hipótese de que o poema ―Olhos verdes‖ foi inspirado nos olhos cor de mel da admiradora de Antônio Gonçalves Dias? O argumento segundo o qual o poeta era sincero com a Poesia, sua Musa, ou o argumento de que Dias poderia ter-se confundido com a cor das vagens do feijão verde e com as paisagens. Questão 4 Tendo em vista que Gonçalves Dias foi um poeta romântico da chamada primeira geração, indique a que características da poesia dessa fase os fragmentos a seguir se referem: a) ―...com as paisagens que ele tanto ama de palmeiras esbeltas e cajazeiros cobertos de cipós,‖ Valorização da paisagem brasileira (nacionalismo) ou culto à natureza. b) ―quando escreveria tantos poemas, dos mais dedicados, apaixonados, melancólicos, dos mais saudosos,‖ Sentimentalismo ou saudosismo. A questão proposta a seguir trabalha com uma característica bastante presente na lírica romântica: a natureza como espelho do estado de alma do eu lírico. Retome esse aspecto e revise com os alunos pontos que diferenciam a produção lírica de Castro Alves (poeta da 3ª. geração) da de poetas como Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire (artistas da 2ª. geração). Leia o texto e responda à questão 5. A cruz da estrada Caminheiro que passas pela estrada, Seguindo pelo rumo do sertão, Quando vires a cruz abandonada, Deixa-a em paz dormir na solidão. É de um escravo humilde sepultura, Foi-lhe a vida o velar de insônia atroz. Deixa-o dormir no leito de verdura, Que o Senhor dentre as selvas lhe compôs. Dentre os braços da cruz, a parasita, Num abraço de flores se prendeu. Chora orvalhos a grama, que palpita; Lhe acende o vaga-lume o facho seu. Caminheiro! Do escravo desgraçado O sono agora mesmo começou! Não lhe toques no leito de noivado, Há pouco a liberdade o desposou. (ALVES, Castro. (1883) In: LAJOLO, Marisa & CAMPEDELLI, Samira (org.) Literatura comentada. 2ª. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 89-90) Nesse fragmento do poema ―A cruz da estrada‖, observa-se um traço marcante da poesia romântica, que é (a) o egocentrismo exacerbado revelador das emoções do eu. (b) o nacionalismo expresso na origem histórica do nosso povo. (c) o envolvimento subjetivo dos elementos da natureza. (d) a evasão do eu para espaços distantes e exóticos. (e) a idealização da infância como uma época perfeita. Resposta: c O egocentrismo citado na alternativa ―a‖, a ―evasão do eu para espaços distantes e exóticos (alternativa b), bem como a ―idealização da infância como uma época perfeita‖ (alternativa c) estão mais presentes nos poemas da 2ª. geração; o nacionalismo a que se refere a alternativa ―b‖ marca fortemente os poetas da 1ª. geração. Castro Alves pertence à 3ª. geração romântica. Aproveite a questão proposta a seguir para revisar Ubirajara, romance em que José de Alencar aborda uma série de lendas do povo indígena antes da chegada dos portugueses ao Brasil. Estabeleça também um diálogo entre os romances indianistas e os textos informativos produzidos pelos viajantes europeus sobre o Brasil no século XVI, explorando os aspectos pitorescos da nova terra e de seus habitantes. 6. No tocante à descrição dos costumes indígenas, José de Alencar, em Ubirajara, retoma um procedimento já utilizado nos relatos dos cronistas do século XVI. No romance, o tratamento das informações referentes à cultura indígena resulta na a) transformação do passado colonial do Brasil. b) idealização da figura do indígena nacional. c) indicação dos sentidos da cultura autóctone. d) apresentação dos primeiros habitantes do Brasil. e) introdução do índio na literatura brasileira. Resposta: b Retome com os alunos os principais autores nativistas ou indianistas do Brasil: Gonçalves Dias (poesia) e José de Alencar (prosa). Destaque que os indianistas brasileiros foram influenciados pela teoria do ―bom selvagem‖, de Jean-Jacques Rousseau. 7. A poesia romântica desenvolveu-se em três gerações: Nacionalista ou Indianista, do Mal-do-século e Condoreira. O Indianismo de nossos poetas românticos é: a) um meio de reconstruir o grave perigo que o índio representava durante a instalação da Capitania de São Vicente. b) um meio de eternizar liricamente a aceitação, pelo índio, da nova civilização que se instalava. c) uma forma de apresentar o índio como motivo estético; idealização com simpatia e piedade; exaltação de bravura, heroísmo e de todas as qualidades morais superiores. d) uma forma de apresentar o índio em toda a usa realidade objetiva; o índio como elemento étnico da futura raça do Brasil. e) um modelo francês seguido no Brasil; uma necessidade de exotismo que em nada difere do modelo europeu. Resposta: c Aproveite o poema ―Marabá‖ para relembrar aos alunos que Gonçalves Dias abordou em sua obra os mitos e lendas indígenas, seus dramas, amores, lutas, sua fusão com o branco. Entre os textos produzidos pelo autor, destacam-se os poemas "Marabá", "Leito de folhas verdes", "Canto do piaga", "Canto do tamoio", "Canto do guerreiro" e "I-JucaPirama" (ponto alto da poesia indianista brasileira). Além da análise do texto, é possível revisar, por meio dos exercícios propostos, regência verbal e figuras de linguagem, especialmente a metáfora. Texto para as questões de 8 a 12. MARABÁ Eu vivo sozinha; ninguém me procura! Acaso feitura Não sou de Tupá ? Se algum dentre os homens de mim não se esconde — ― Tu és‖, me responde, ― Tu és Marabá!‖ Meus olhos são garços, são cor das safiras, Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar; Imitam as nuvens de um céu anilado, As cores imitam das vagas do mar! Se algum dos guerreiros não foge a meus passos: — ― Teus olhos são garços‖ , Responde anojado, ― mas és Marabá: ― Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes, ― Uns olhos fulgentes, ― Bem pretos, retintos, não cor d’ anajá!‖ É alvo meu rosto da alvura dos lírios, Da cor das areias batidas do mar; As aves mais brancas, as conchas mais puras Não têm mais alvura, não têm mais brilhar. Se ainda me escuta meus agros delírios: — ― És alva de lírios‖ , Sorrindo responde, ― mas és Marabá: ― Quero antes um rosto de jambo corado, ― Um rosto crestado ― Do sol do deserto, não flor de cajá.‖ Meu colo de leve se encurva engraçado, Como hástea pendente do cáctus em flor; Mimosa, indolente, resvalo no prado, Como um soluçado suspiro de amor! — ― Eu amo a estatura flexível, ligeira, Qual duma palmeira‖, Então me respondem; ― tu és Marabá: Quero antes o colo da ema orgulhosa, Que pisa vaidosa, Que as flóreas campinas governa, onde está.‖ Meus loiros cabelos em ondas se anelam, O oiro mais puro não tem seu fulgor; As brisas nos bosques de os ver se enamoram, De os ver tão formosos como um beija-flor! Mas eles respondem : — Teus longos cabelos, ― São loiros, são belos, Mas são anelados; tu és Marabá; Quero antes cabelos bem lisos, corridos, Cabelos compridos, Não cor d’ oiro fino, nem cor d’ anajá.‖ E as doces palavras que eu tinha cá dentro A quem nas direi? O ramo d’ acácia na fronte de um homem Jamais cingirei: Jamais um guerreiro da minha arazóia Me desprenderá: Eu vivo sozinha, chorando mesquinha, Que sou Marabá! (Gonçalves Dias) 1 . marabá: mestiço de francês com índia. 2 . Tupá ou Tupã (v. 3 ) 3 . engraçado: gracioso (v. 27) 4. arazóia ou araçóia: saiote de penas usado pelas mulheres indígenas. 8. Após leitura, análise e interpretação do poema ―Marabá‖, algumas afirmações como as seguintes podem ser feitas, com exceção de uma. Indique-a. a) O poema se inicia com uma pergunta de ordem religiosa e termina com uma consideração de aspecto sensual. b) O poema é um profundo lamento construído com base na estrutura dialética, apresentando-se argumentação e contraargumentação. c) Ocorre interlocução registrada em discurso direto, estrutura que enfatiza assim o desprezo preconceituoso dado à Marabá. d) A ocorrência de figuras de linguagem e o emprego da primeira pessoa marcam, respectivamente, as funções da linguagem poética e emotiva. e) ―Marabá‖ é poema representante da primeira fase que cultua o aspecto físico da mulher. Resposta: e 9. A expressão ―Quero antes‖ pode ser substituída, sem que haja alteração de significado, por ―preferir‖. Quanto à regência desse verbo, de acordo com a norma padrão, está correto: a) Prefiro uns olhos bem pretos, luzentes, uns olhos fulgentes, bem pretos, retintos, / que cor d’anajá! b) Prefiro uns olhos bem pretos, luzentes, uns olhos fulgentes, bem pretos, retintos, / do que cor d’anajá! c) Prefiro a uns olhos bem pretos, luzentes, uns olhos fulgentes, bem pretos, retintos, / do que cor d’anajá! d) Prefiro uns olhos bem pretos, luzentes, uns olhos fulgentes, bem pretos, retintos, / à cor d’anajá! e) Prefiro uns olhos bem pretos, luzentes do que, uns olhos fulgentes, bem pretos, retintos, / a cor d’anajá! Resposta: d 10. A leitura dos versos abaixo permite a identificação de figuras de linguagem. Aquela que está em desacordo com o contexto do poema é a) ― Eu vivo sozinha, chorando mesquinha‖ ( v. 53 ) gradação b) ― Se algum dentre os homens de mim não se esconde‖ ( v. 4 ) hipérbato c) ― Não têm mais alvura, não têm mais brilhar‖ ( v. 20 ) comparação d) ― O oiro mais puro não tem seu fulgor;‖ ( v. 38 ) hipérbole e) ― E as doces palavras que eu tinha cá dentro‖ ( v. 47 ) sinestesia Resposta: a 11. A unidade dramática vivenciada pelo eu-lírico no poema Marabá concentra-se em a) tristeza e compreensão. b) aflição e frustração. c) amargura e comedimento. d) indignação e passividade. e) decepção e aceitação. Resposta: b 12. O Romantismo tende ao uso de metáforas, o que denota um comportamento linguístico voltado para a imagística em geral, tanto nas descrições apresentadas, quanto nas alegorias. O fragmento de texto que exemplifica o uso predominante da metáfora é a) ― Jamais um guerreiro da minha arazóia/ Me desprenderá...‖ b) ―Quero antes uns olhos bem pretos, reluzentes, / uns olhos fulgentes...‖ c) ―Quero antes o colo da ema orgulhosa, / que pisa vaidosa....‖ d) ―Teus longos cabelos, ― são loiros , são belos,...‖ e) ―Meus olhos são garços, são cor das safiras, / têm luz das estrelas, têm meigo brilhar.‖ Resposta: e Sérgio de Castro Pinto é um autor paraibano, nascido em 1947. Estreou como poeta com o livro Gestos lúcidos (1967). Posteriormente, publicou A Ilha na Ostra (1970), Domicílio em Trânsito (1983) e O cerco da memória (1993), do qual a UFCG retirou o poema ―Nômade‖, reproduzido a seguir. Sérgio é doutor em Letras pela Universidade Federal da Paraíba, onde é professor, e membro da Academia Paraibana de Letras. Observe a diferença de linguagem entre os textos de Dias e de Sérgio. 12. Assinale a alternativa correta, com base nos versos transcritos dos livros Poesia lírica e indianista, de Gonçalves Dias, e O cerco da memória, de Sérgio de Castro Pinto. Inocência 1.Ó meu anjo, vem correndo, Vem tremendo Lançar-te nos braços meus; Vem depressa, que a lembrança 5. Da tardança Me aviva os rigores teus. (...) É belo o pudor, mas choro, E deploro Que assim sejas medrosa. 10. Por inocente tens medo. De tão cedo, De tão cedo ter amor; Mas sabe que a formosura Pouco dura, 15. Pouco dura, como a flor. (p. 125) Nômade acha que atritas, o meu falo queima. somos trogloditas descobrindo o fogo. crescem labaredas. sob a braguilha, armo uma tenda com a minha glande. e o meu falo nômade rumo à tua fenda levanta acampamento. (p. 9) a) Tanto nas estrofes de Gonçalves Dias quanto nas de Sérgio de Castro Pinto, observase que a temática gira em torno da experiência amorosa, já comprovada a partir do título de ambos. b) Em se tratando da figura feminina, observa-se que nos versos de Gonçalves Dias a mulher é um ser frágil, angelical e inatingível, enquanto que nos versos de Sérgio Castro Pinto, ela é troglodita e sem nenhum pudor. c) Em ambos os textos, percebe-se que os poetas, cada qual a seu modo, lançam mão de uma linguagem coloquial, utilizando a metáfora e a comparação para ratificar o prosaísmo das obras. d) Nos 7º, 8º e 9º versos, de Gonçalves Dias, verifica-se que o eu-lírico admira o pudor da amada e prefere que ela continue tendo medo de amar. e) Nos versos de Sérgio Castro Pinto, observa-se que o poeta utiliza uma linguagem de caráter erótico, lançando mão de imagens predominantemente metafóricas. Resposta: b 13. A partir da leitura do fragmento do poema, abaixo transcrito, e da leitura de Poesia lírica e indianista, de Gonçalves dias, assinale a alternativa incorreta: Marabá Eu vivo sozinha; ninguém me procura! Acaso feitura Não sou de Tupá! Se algum dentre os homens de mim não se esconde: - ―Tu és‖, me responde, ―Tu és Marabá!‖ Meus olhos são garços, são cor das safiras, Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar; Imitam as nuvens de um céu anilado, As cores imitam das vagas do mar! (...) (p. 89) a) Gonçalves Dias soube aliar, em sua obra, habilidade técnica aos temas de que tratou, além de ostentar uma reconhecida imaginação criadora. b) O eu-lírico ressalta suas qualidades, assemelhando-as a elementos da natureza como forma de convencer algum índio a querê-la. c) Este poema, como tantos outros de Gonçalves Dias, traz a valorização do indígena elemento símbolo do nacionalismo defendido pelos românticos. d) O eu-lírico é a típica representação da mulher indígena romântica: formosa, mas valorizada por poucos homens. e) O poema reproduz um diálogo entre a índia e os rapazes da tribo em que se observa a rejeição sofrida pelo eu-lírico por ser fruto da mistura de raças: européia e indígena. Resposta: e Marabá é desprezada pelo fato de ser mestiça. Por apresentar características que correspondem ao ideal europeu de beleza, a índia é rejeitada pelos outros índios.