aprendendo a viver
com a sujeira
aprendiendo a vivir con la suciedad
Learning to Live with the Filth
Keila Alaver, Lia chaia, Marcelo Cidade,
André Komatsu, Nicolás Robbio
VERMELHO
Aprendendo a Viver com a Sujeira/ aprendiendo a vivir con la suciedad/ Learning to Live with the Filth
A Vermelho abriga a coletiva Aprendendo a Viver com a Sujeira entre
14 de maio e 06 de junho de 2015. Podem ser vistos trabalhos de André
Komatsu, Keila Alaver, Lia Chaia, Marcelo Cidade e Nicolás Robbio.
As convergências entre esse grupo são muitas. Além de amigos
próximos, são interlocutores regulares uns dos outros, tendo todos
dividido um mesmo estúdio no bairro do Belenzinho, em São Paulo. É
significativa a escolha desse bairro, que pertence a uma localização
fundamental para a historia da cidade. Foi lá que se deu o início da
industrialização paulista, reunindo fábricas de vidro e tecido. É lá,
também, que está a histórica Vila Maria Zélia, primeira vila operária
do Brasil. O conjunto de casas e a fábrica que compõe a vila foram
construídos por Jorge Luis Street, entre 1912 e 1916, para abrigar
a Companhia Nacional de Tecidos de Juta e moradas para seus
funcionários. Em 1931, fábrica e vila foram transferidas para o governo
federal, que converteu o parque fabril em presídio para o Estado Novo.
Muitos presos políticos foram alocados por lá, entre eles intelectuais
de esquerda, o que rendeu ao presídio o apelido de Universidade
Maria Zélia. É pertinente observarmos como uma mesma localidade
da cidade abrigou diferentes faces da característica progressista
da cidade de São Paulo. Desde o início de uma produção em larga
escala, que seria responsável pelo crescimento urbano, populacional
e de riquezas de São Paulo, e do Brasil, até o abrigo de presos de
um Estado Militar ditador. São cursos de uma tendência ligada aos
movimentos modernistas que, dentre outras coisas, investigavam
mecânicas com aspiração para uma identidade nacional forte.
Não é à toa, portanto, que o olhar desses artistas, se volte para a
observação e crítica de diferentes características do desenvolvimento
social. E não é por acaso, que busquem uma região onde as marcas
do passado formador de nossa sociedade sejam fortes. Talvez o
comum na poética destes cinco artistas seja de fato o olhar para o
entorno. Alguns investigando e criticando a formação de nosso Estado
via características formativas, outros desafiando nosso olhar para
pequenezas cotidianas que se revelam complexas em sua estrutura.
É o olhar para esses problemas que possivelmente gera uma poética
que não necessariamente se articula ao redor do deleite estético, mas
que pode encontrar o belo em elementos cotidianos, descartados,
aproveitados ou re-significados, e que guardam rastros do seu lugar
de origem. É talvez uma resposta à assepsia moderna, formadora
de nossa identidade, que leva suas obras a lidarem com a sujeira.
Mas não estamos (necessariamente) falando de uma sujeira da
ordem da imundice, mas de um ardil que se instaura sobre situações
corriqueiras, que podem fazer compreender um dado do mundo de
outra maneira. Um ato vil que qualifica ou “des-(re)-qualifica” a rotina
da arte ou da vida.
La galería Vermelho acoge la colectiva Aprendendo a viver com a
Sujeira (aprendiendo a vivir con la suciedad) del 4 de mayo al 6 de
junio de 2015. Podrán verse trabajos de André Komatsu, Keila Alaver,
Lia Chaia, Marcelo Cidade y Nicolás Robbio
Galeria Vermelho is hosting the group show Aprendendo a Viver com
a Sujeira [Learning to Live with the Filth] from May 14 through June 6,
2015. The exhibition features works by André Komatsu, Keila Alaver,
Lia Chaia, Marcelo Cidade and Nicolás Robbio.
Las convergencias entre este grupo, son muchas. Además de
amigos íntimos, son interlocutores regulares unos de los otros,
habiendo, todos ellos, compartido un mismo estudio en el barrio de
Belenzinho, en Sao Paulo. Es significativa la elección de este barrio,
ya que pertenece a una localización fundamental en la historia de la
ciudad. Allí fue donde se dio el inicio de la industrialización paulista,
albergando fábricas de vidrio y tejido. Y allí, también, se ubica la
histórica Vila Maria Zélia, primera villa operaria de Brasil. El conjunto
de casas y fábrica que la componen fueron construidas por Jorge
Luis Street, entre 1912 y 1916, para albergar la Compañía Nacional de
Tejidos de Yute, y la residencia de sus funcionarios. En 1931, fábrica y
villa, fueron transferidas al gobierno federal, que convirtió el parque
empresarial en presidio para el Estado Nuevo. Muchos presos políticos
fueron alojados allí, entre ellos, intelectuales de izquierda, lo que le
confirió al presidio el sobrenombre de Universidad de Maria Zélia.
Es pertinente observar como una misma zona de la ciudad abrigó
diferentes caras de característica progresista. Desde el inicio de una
producción a gran escala, que sería responsable del crecimiento
urbano, de población y de riquezas de Sao Paulo y de Brasil, hasta
el amparo de presos de un Estado Militar dictador. Son cursos de
una tendencia ligada a los movimientos modernistas que, entre
otras cosas, investigan mecanismos con aspiración de una identidad
nacional fuerte.
The members of this group have a lot in common. Besides being close
friends, they talk with one another on a regular basis, since they all
shared the same studio in São Paulo’s Belenzinho District. The choice
of this district is significant insofar as it has played an essential role
in the city’s history. The process of industrialization that made São
Paulo State a hub of manufacturing began there, with glass and textile
factories. It was also the location of the historical Vila Maria Zélia,
the first worker’s villa in Brazil. The set of houses and the factory that
make up the villa were built by Jorge Luis Street, between 1912 in
1916, to hold the Companhia Nacional de Tecidos de Juta [National
Jute Fabrics Company] and dwellings for its workers. In 1931, the
factory and villa were transferred to the federal government, which
converted the industrial park into a prison for the Estado Novo [New
State]. Since many political prisoners, including leftist intellectuals,
were held there, the prison came to be nicknamed Universidade Maria
Zélia [Maria Zélia University]. It is noteworthy how the same district
has constituted different faces of the city of São Paulo’s progressivist
process: spanning from the beginning of large-scale production,
which ushered in a boom of wealth and urban growth, to the detention
of political prisoners during a military dictatorship. These paths are
linked with trends of the modernist movements, whose agendas
included the investigation of mechanics aimed at forming a strong
national identity.
No es de extrañar, por lo tanto, que la visión de estos artistas, se
vuelva hacia la observación y crítica de las diferentes características
del desarrollo social. Y no es por casualidad, que busquen una región
donde las huellas del pasado formador de nuestra sociedad sean
fuertes. Tal vez lo común en la poética de estos cinco artistas sea,
de hecho, mirar al entorno. Algunos investigando y criticando la
formación de nuestro Estado, vía características formativas, otros
desafiando nuestro observar hacia pequeñeces cotidianas, que se
revelan complejas en su estructura.
It is not by chance, therefore, that the outlook of these artists is
focused on the observation and criticism of different characteristics
of social development. And there is a reason why they have settled
their practice in a region strongly marked by our society’s history.
Perhaps the common poetic thread of these five artists is their
intense awareness and observation of their surroundings. Some of
them investigate and criticize the development of our state through
formative characteristics, while others challenge us to look at
seemingly insignificant everyday things that turn out to be structurally
complex.
Es el observar esos problemas que, posiblemente, genera una poética
que no necesariamente se articula alrededor del deleite estético, pero
que puede encontrar lo bello en elementos cotidianos, descartados,
aprovechados o re-significados, y que guardan rastros de su lugar de
origen.. Es, tal vez, una respuesta a la asepsia moderna, formadora de
nuestra identidad, la que lleva sus obras a lidiar con la suciedad. Pero
no estamos (necesariamente) hablando de una suciedad del orden
de la inmundicia, pero si de un ardil que se instaura sobre situaciones
comunes, que pueden hacer comprender el mundo de otra forma. Un
acto vil que cualifica o “des-(re)-cualifica” la rutina del arte o de la vida.
The focus on these issues can possibly generate a poetics that is not
necessarily articulated around an aesthetic delight, but rather finds
the beauty in commonplace, discarded objects that are appropriated
and re-signified, and which bear traces of their place of origin. It is
perhaps a response to the modernist sterility, a formative element
of our identity, which leads their works to deal with filth. But we are
not (necessarily) talking about a grimy sort of filth, but rather a clever
artifice that is instated atop everyday situations, which can allow us
to understand an aspect of the world in another way. A vile act that
qualifies or “dis-(re)qualifies” the routine of art or of life.
keila alaver
guarda-chuvas
2015
Tinta, tecido e madeira
paint, fabric and wood
marcelo cidade
Equilíbrio entre resisência e proteção
2014
140 x 115 x 66 cm
cobertor de aglomerado têxtil, martelo, pé de cabra e casaco camuflado americano
textile cluster blanket, hammer, crowbar and American camouflaged jacket
nicolás robbio
tonelada
2015
variáveis/ variable
abajur e areia
lamp and sand
marcelo cidade
ícone
2015
14 x 64 x 4 cm
luminária de teto e poeira fixada
ceiling lamp and fixed dust
andré komatsu
individuo qualquer
2013
14 x 64 x 4 cm
papel sulfite A4, fita adesiva, cola, ventilador de coluna e pintura acrílica sobre parede
A4 bond paper, tape, glue, pillar fan and acrylic painting on wall
marcelo cidade
Entre quadras
2015
96 x 97 x 32 cm
intervenção em luvas de livros em papelão
intervention in cardboard books sleeves
marcelo cidade
Geometria do colapso (elemento vazado)
2015
240 x 110 x 2 cm
cobertores de aglomerado têxtil, cabo de aço e extensores
blankets of Textile cluster, steel cable and extenders
andré komatsu
água suja
2015
100 x 52 x 55 cm
balde, motor, água com pigmento e madeira
bucket motor water , pigment and wood
keila alaver
Almofadas
2014
variáveis/ variable
crochê sobre chassis
crochet on frame
marcelo cidade
Livro e caderno de São Paulo - da série Nóia
2015
76,5 x 223 x 4 cm
cimento sobre livros e cadernos
cement on books and notebooks
lia chaia
Para GB
2015
video
9’ – loop
keila alaver
Polígonos [série/ series]
2014
variáveis/ variable
alumínio anodizado
anodised aluminum
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