Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo/RS Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo/RS 26 a 29 de abril de 2006 A PSICOLOGIA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL Janaína Schmidt URI / Santo Ângelo – [email protected] Lizete Dieguez URI / Santo Ângelo – [email protected] INTRODUÇÃO: O projeto de Extensão intitulado “A Psicologia no Desenvolvimento Infantil” busca desenvolver atividades que auxiliem na otimização da qualidade de vida das pessoas envolvidas no contexto da Educação Infantil, contado com as contribuições da Psicologia, em especial, da Psicologia do Desenvolvimento. Com o objetivo de informar e orientar professores, pais e responsáveis sobre o desenvolvimento infantil, pretende-se estabelecer um diálogo direto com estes, a partir da sistematização de um roteiro de atividades que inclui palestras, grupo de estudos, oficinas. A execução do Projeto teve início em agosto de 2005, sendo que no decorrer do segundo semestre buscou-se parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Santo Ângelo, sendo que foi realizada reunião com a Sra. Secretária Municipal de Educação e coordenadoras do Departamento de Educação Infantil. Na oportunidade foi entregue cópia do projeto que após exposição oral, foi discutido e aprovado pela SMED. Como condição primeira para o trabalho, solicitou-se que a SMED disponibilizasse a listagem das escolas de Educação Infantil, com respectivos endereços. A Secretária de Educação pediu que aguardasse retorno, via telefone, pois precisaria reunir com as Diretoras das escolas para apresentar o trabalho que seria realizado. Quando a SMED liberou as visitas, também sugeriu escolas que teriam maior urgência em serem assistidas. METODOLOGIA: Foram visitadas 4 escolas, e nestas visitas foram feitas escutas, essencialmente com as coordenadoras pedagógicas, a fim de obter informações acerca da realidade da escola, do contexto onde se insere e, também, as demandas que enunciava. A partir disso, formulou-se.uma palestra com os temas mais recorrentes, a qual vai ser divulgada em todas as escolas que demonstrarem interesse nos temas que nela são referidos. REFERENCIAL TEÓRICO: Segundo Gasparin (1997), a atuação do psicólogo na escola consiste em esclarecer e orientar os elementos da instituição e a família sobre as características das diferentes etapas do desenvolvimento e seus momentos de evolução, sobre os diferentes níveis de socialização, bem como, sobre as condições psicodinâmicas e determinantes da dificuldade de aprendizagem. A cada fase a criança precisa alcançar o equilíbrio através do processo de adaptação, que inclui a acomodação. As estruturas da inteligência são construídas progressivamente pelos atos da adaptação da criança ao meio, em sistemas e trocas recíprocas e interacionais. São fatores indispensáveis à aprendizagem e ao desenvolvimento: hereditários, experiência física, transmissão social e equilibração. Segundo Piaget (p.16, 1976), “a criança, assim como o adulto, só executa uma ação exterior, ou mesmo inteiramente interior, quando impulsionada por um motivo, que sempre se traduz sob a forma de uma necessidade.” Quando os conhecimentos Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo/RS Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo/RS 26 a 29 de abril de 2006 propostos aos alunos correspondem a essas necessidades e interesses, ou seja, mobilizam suas reservas internas de força, há um significativo aumento do rendimento escolar. O ensino só pode ser estabelecido em capacidades que já se desenvolveram na criança fundamentadas em experiências precoces e na continuidade de um segurar confiável, em termos de um círculo escolar cada vez mais amplo. As influências mais importantes na constituição subjetiva da criança são intensificadas antes de seu ingresso na escola, assim, algumas atitudes que poderão afetar o seu desenvolvimento já terão se formado. As atividades lúdicas das crianças constituem uma atividade real do pensamento, embora essencialmente egocêntricas, consistem em satisfazer o eu por meio de uma transformação do real em função dos desejos: a criança que brinca de boneca refaz sua própria vida, corrigindo-a à sua maneira, e revive todos os prazeres ou conflitos, resolvendo-os, compensando-os, ou seja, completando a realidade através da ficção. Winnicott (p.134, 1975) esclarece que a área do brincar não é a realidade psíquica interna da criança, ela encontra-se fora dela, sem, contudo, ser o mundo externo. A criança traz para dentro da brincadeira objetos da realidade, do mundo externo, utilizando-os para mostrar uma realidade interna ou pessoal. Para Seber (1995, p.99), a evolução do pensamento em geral – sob a influência da linguagem, das representações gráficas e dos jogos - , do raciocínio e da socialização estimulam a criança a colocar, progressivamente, seus sentimentos em relação aos sentimentos daqueles com quem interage. O dinamismo do conjunto desses processos implica interesse, motivação e afetividade tanto quanto supõe um aspecto ligado à organzação interna, possibilitando a evolução das aprendizagens. Bowlby diz que quando a criança pode confiar em suas figuras de apego, sejam cuidadores ou professores, torna-se auto-confiante e com coragem para explorar o seu mundo, torna-se cooperativa, prestativa e complacente com os outros em situações aflitivas. Quando existe sentimento de segurança as crianças tendem a explorar o ambiente, incluindo as brincadeiras e outras atividades com crianças da mesma idade, de forma bastante afetiva. A escola deve preocupar-se em trabalhar o sujeito de forma integral, como sujeito em constituição, com vivências subjetivas anteriores, atuais e futuras. Faz-se necessário um trabalho conjunto entre a família e a escola, uma relação onde os pais continuem a fornecer os elementos essenciais e um ambiente favorável para que o professor desse nível de ensino tenha condições de iniciar as aprendizagens propriamente ditas. O psicólogo tem o papel de identificar e justificar a formação de qualquer sintoma, e também contribuir decisivamente na construção de condições favoráveis ao aprender (BONIN; ALCANTARA, p.179, 2001). A escola deve estar em consonância com a família, proporcionando às crianças um senso de proteção e segurança de que o espaço pode ser considerado uma base segura para o seu desenvolvimento. Mais do que ensinar, a escola deve preocupar-se com o sujeito que está se constituindo, aceitando-o, incondicionalemente, pois ele transporta para a sala de aula suas frustrações, medos e segredos construídos no meio familiar (BONIN; ALCANTARA, p.179, 2001). Segundo Gasparin (1997), para que haja uma redefinição de postura das pessoas que atuam na instituição, é necessário dar uma nova significação ao professor, devolvendolhe a dignidade e a integridade como ser humano, redimensionando o conceito de educação, de homem, de mundo e de sociedade, fazendo com que ele transforme-se Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo/RS Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo/RS 26 a 29 de abril de 2006 num profissional da educação criativo e crítico e que possa fazer com que seus alunos se transformem, transformando a sociedade. RESULTADOS: Em função de o calendário escolar estar estabelecido, apenas uma atividade foi realizada, porém, já foram agendadas outras para o 1º semestre de 2006. Nesta atividade foram reunidos pais e professores para um encontro de reflexão, juntamente com a bolsista, a fim de tratar assuntos como a relação familiar (pais e filhos), relação entre família e escola, limite, agressividade das crianças, entre outros. Estiveram presentes 10 pais e professores. CONCLUSÃO: Ao final da primeira etapa da realização do projeto, pôde-se perceber, até mesmo através da fala da clientela atingida, a importância da parceria com o curso de Psicologia (Projeto), bem como das contribuições da Psicologia do Desenvolvimento no âmbito escolar; a relevância de um “mediador” – bolsista – entre a escola e a comunidade escolar; a recorrência do tema “Limite” ou a falta dele, bem como as maneiras de trabalhá-lo com os pais e as crianças; o assinalamento da visão assistencialista que os pais ainda têm da escola. A perspectiva para este 1º semestre de 2006 é de visitar o maior número de escolas de Educação Infantil possível, realizando as atividades propostas e de acordo com os objetivos do projeto, buscando sempre otimizar as relações que ocorrem na dinâmica interna das escolas, bem como, da escola em si com a comunidade escolar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BONIN, Denise Maria; ALCÂNTARA, José Vicente N. Relações iniciais pais – bebês e suas significações para a aprendizagem. Caderno de Pesquisa. Santo Ângelo. Ano 1, n.2, p.175-181, dez. 2001. BOWBLY, Jonh. Uma base segura – aplicações clínicas da teoria do apego. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. BRAZELTON, T. B.; GREENSPAN, Stanley I. As necessidades essenciais das crianças: o que toda criança precisa para crescer, aprender e se desenvolver. Porto Alegre: Artmed, 2002. GASPARIN, Maria Cecília C. Psicopedagogia institucional sistêmica. São Paulo: Lemos Editorial, 1997. GRIFFA, Mª Cristina, MORENO, José Eduardo. Chaves para a psicologia do desenvolvimento. São Paulo: Paulinas, 2001. PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976. SEBER, Mª da Glória. Psicologia do pré-escolar: uma visão construtivista. São Paulo: Moderna, 1995. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo/RS Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo/RS 26 a 29 de abril de 2006 WINNICOT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda, 1975.