REACÇÕES AGUDAS PÓS-TRAUMÁTICAS
Apresentação
Clara Leitão e João Martins
Grupo de Estudos do Trauma
REACÇÕES AGUDAS PÓS-TRAUMÁTICAS
EM SOLDADOS E CIVIS
(CAPÍTULO 5)
ZAHAVA SOLOMON
NATHANIEL LAOR
ALEXANDER
McFARLANE
1. REACÇÃO DE STRESS EM COMBATE
(RSC)
É o tipo de reacção de stress agudo mais estudado pelo seu impacto
na capacidade de combate e pela frequência de acidentes na frente de
combate.
Devido à dificuldade de estabelecer critérios de diagnóstico, a primeira
taxonomia da RSC só foi elaborada a partir de estudos feitos durante
a Guerra do Líbano. Confirmou-se que:
• a sua natureza é instável (11% dos casos) e polimórfica (48%),
sendo o sintoma prevalecente nos últimos a ansiedade seguida pela
depressão;
• nos casos não polimórficos predomina a ansiedade (13%)
seguida pela depressão (9%).
FACTORES PRINCIPAIS (determinados pela análise factorial dos dados) que representam 62%
da variância:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
•
distanciamento (20%) – incluindo casos de entorpecimento psíquico, fantasias de fuga e
pensamentos acerca da vida civil (meios usados pelos soldados para bloquear a intrusão de
estímulos de batalha demasiado ameaçadores e/ou para se distanciarem mental e emocionalmente
da luta);
ansiedade (11%) – incluindo ansiedade paralisante, medo da morte e pensamentos acerca da
morte (estes sintomas associados com insónia parecem ser causados pelo medo);
fadiga e culpa pela fraca actuação em combate (8%) – a culpa parece ter sido superior aos casos
de falhanço real e aos casos de inaptidão efectiva;
solidão e vulnerabilidade (8%) – solidão por estarem longe de casa e da família, numa unidade
nova, pela perda de amigos e camaradas em combate e pelo reconhecimento de que na morte cada
um está só; vulnerabilidade por terem poucos meios para evitar os perigos a que estavam expostos;
perda do auto-controlo (7%) – incluindo choro, gritos e uma variedade de comportamentos
impulsivos, tais como reacções somáticas de vómitos, diarreia, enurese (incapacidade de controlar
as respostas à ameaça de ferimentos e morte);
desorientação (6,5%) – incluindo dificuldade de concentração, de focar os pensamentos e fazer
associações mentais; em casos extremos não sabiam onde estavam, a que unidade pertenciam ou
que dia era.
Muitas destas manifestações são disfuncionais, mas também podem não ser. O que distingue umas
das outras é a intensidade e a extensão com que interferem no funcionamento do indivíduo.
2. PERTURBAÇÃO PÓS-STRESS TRAUMÁTICO (PPST)
Muitos dos efeitos patogénicos do stress de combate desaparecem
com o fim da guerra; outros prolongam-se dando origem a sequelas
psicológicas profundas, prolongadas e variadas. A mais conhecida é a
PPST. A ligação entre a RSC e a PPST pode ter origens diversas:
• reflectir o stress que o trauma provoca - acontecimentos
intensamente traumáticos podem induzir RSC imediata e PPST de
longa duração;
• reflectir a vulnerabilidade do indivíduo - os indivíduos mais
vulneráveis podem sofrer RSC e PPST mais graves;
• reflectir o facto de que a PPST geralmente envolve
ruminações sobre as reacções durante o trauma –
indivíduos que tiveram RSC ficam preocupados com as suas falhas,
o que, por sua vez vai exacerbar as reacções pós-traumáticas.
3. REACÇÕES AGUDAS DE CIVIS À GUERRA
•
•
As reacções dos civis israelitas durante a Guerra do Golfo e nos meses
anteriores ao conflito, com a ameaça de ataques químicos, foram as mais
estudadas.
Conclusões:
o medo indiferenciado é o determinante primário nos comportamentos:
só 22% dos casos observados nas urgências hospitalares resultaram de
ferimentos por mísseis ou estilhaços; 78% foram provocados pelo medo
quando os alertas de ataque aéreo soavam (1/4 apresentavam ferimentos
físicos sofridos quando corriam para se abrigarem, mais de metade
apresentava sintomas de Perturbação Psicológica Aguda;
foi encontrado um nível muito elevado de sintomatologia de PPST
entre os desalojados, logo após a destruição das suas casas; um ano depois,
embora tivesse havido um decréscimo, a diminuição era menor do que na
maioria de outros casos (vítimas de violações, por exemplo).
4. DIAGNÓSTICO DE PERTURBAÇÃO AGUDA DE
STRESS – PAS
Ver a síntese do artigo “PAS”
Reacções Agudas Pós-Traumáticas
Referência Bibliográfica
Solomon, Z., Laor, N., McFarlane, A. (2007). Acute Posttraumatic Reactions
in Soldiers and Civilians. In B. A.Van Der Kolk, A. C. McFarlane, L. Weisaeth,
Traumatic Stress: The Effects of Overwhelming Experience on Mind, Body, and
Society. (pp. 102-114). New York
Apresentação
Clara Leitão – [email protected]
João Martins – [email protected]
Grupo de Estudos do Trauma
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