Universidade Estadual de Goiás UnUCET - Anápolis Química Industrial Físico-Química Experimental II Parâmetros de Arrhenius: Efeito da Temperatura na Velocidade de uma Reação Alunos: Bruno Ramos; Wendel Tiago Mendes. Professor: Ademir João Camargo Anápolis, 2005. 1. Introdução 1.1 Catálise Do grego καταλειν ou κατάλυσις, significando anular ou desamarrar, a catálise é a aceleração da velocidade de reação de uma reação química, através de uma substância denominada catalisador, que não sofre alterações químicas na reação global. A catálise acelera a reação química por prover um caminho de menor energia entre os reagentes e os produtos da reação; ou seja, por diminuir a energia de ativação (Ea) da reação: adição de catalisador Esse abaixamento de energia geralmente envolve a formação de um ou mais intermediários, que não podem ser formados sem o catalisador. A formação deste(s) intermediário(s) e a reação subseqüente tem uma energia de ativação muito menos do que o requerido para a reação direta sem o catalisador. A unidade derivada do SI para medir a atividade catalítica é o katal, moles por segundo. O grau de atividade de um catalisador também pode ser descrita pelo turn over number, TON; e a eficiência catalítica, pelo turn over frequency, TOF. A palavra catálise foi primeiramente usada por Jöns Jakob Berzelius, em 1835, que foi o primeiro a notar que certas substâncias aceleram uma reação. Outros químicos anteriores envolvidos com catálise foram Alexander Mitscherlich, que em 1831 se referiu a processos de contato, e Johann Wolfgang Döbereiner, que falou de ação de contato, e cuja luminária baseada em hidrogênio e uma “esponja” de platina fez um enorme sucesso nos anos 1820. 2 A catálise é um processo extremamente importa de um ponto de vista industrial, uma vez que a produção da maioria dos compostos mais industrialmente importantes envolve catálise. Os processos mais antigos são a síntese da amônia pelo processo de Haber, e a síntese de Fischer-Tropsch. A pesquisa na área de catálise é um campo enorme da ciência aplicada, e envolve muitos campos da química (especialmente a química organometálica) e da física. A catálise também é de enorme importância na ciência ambiental, desde os conversores catalíticos nos automóveis até as causas do buraco de ozônio. 1.2 Catalisadores Os catalisadores, como mencionado no item anterior, permitem às reações químicas se processarem muito mais rápido, ou a temperaturas menores por causa das mudanças que eles promovem nos reagentes. Eles reduzem a quantidade de energia necessária para iniciar uma reação química. Moléculas que não teriam a energia para reagir, ou que tivessem energias tão baixas que provavelmente levariam um bom tempo para reagir são capacitadas de reagir na presença de um catalisador. Então, mais moléculas que precisam ganhar menos energia promoverão a reação química. Os catalisadores, entretanto, não podem tornar uma reação energeticamente desfavorável possível – eles não afetam o equilíbrio químico de uma reação porque as velocidades de ambas reações – direta e inversa – são igualmente afetadas. Os catalisadores podem ser heterogêneos ou homogêneos. 1.3 Catalisadores homogêneos Catalisadores homogêneos geralmente reagem com um ou mais reagentes para formar um intermediário químico que subseqüentemente reage para formar o produto final da reação e, no processo, regenerando o catalisador, como indica o esquema a seguir: A + C → AC (1) B + AC → AB + C (2) Apesar de o catalisador (C) ser consumido na reação 1, ele é produzido pela reação 2; então, para a reação global: A + B + C → AB + C o catalisador não é nem consumido, nem produzido. Catalisadores homogêneos estão na mesma fase que o meio reacional. 1.3 Autocatálise 3 Diz-se que uma reação química sofreu autocatálise se a reação por si só produz seu próprio catalisador. Exemplos de reações autocatalíticas são a degradação da camada de ozônio atmosférica e a reação descrita no experimento relatado. 2. Objetivo Determinar experimentalmente a influência do catalisador na velocidade de reação entre permanganato de potássio e ácido oxálico. 3. Metodologia Utilizou-se, nesse experimento, os seguintes materiais: - 01 proveta de 100,0 mL; - 15 tubos de ensaio; - 01 conta-gotas; - Cronômetro; - Solução aquosa de ácido sulfúrico 0,5M; - Solução aquosa de permanganato de potássio 0,01M; - Solução aquosa de ácido oxálico 0,05M; - Solução aquosa de sulfato de manganês 0,2M. Transferiu-se para uma proveta (de capacidade volumétrica de 25 mL) 50 gotas de solução de permanganato de potássio (KMnO4) e diluiu-se-a ao volume com água deionizada, obtendo uma solução denominada de A. Em seguida, transferiu-se 2 gotas de uma solução de ácido oxálico (H2C2O4) e 2 gotas de uma solução de ácido sulfúrico (H2SO4) para um tubo de ensaio. Feito isso, transferiu-se 1 gota da solução A para o tubo e registrou-se o tempo necessário para o desaparecimento da coloração da solução de KMnO4. E assim seguiu-se, colocando uma gota da solução A no mesmo tubo e marcando o tempo decorrido até o desaparecimento da cor. O procedimento foi repetido 11 vezes. Os dados coletados constam na tabela 1. 4 Em outro tubo de ensaio, adicionou-se 2 gotas da solução de ácido oxálico e 2 gotas da solução de sulfato manganoso (MnSO4) e 1 gota da solução A, e registrou-se o tempo necessário para a cor da solução desaparecer. 4. Resultados e Discussão H2C2O4 (gotas) H2SO4 (gotas) 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 MnSO4 KMnO4 (gotas) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 (gotas) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 t (s) t-1 (s-1) 180 77 47 40 36 34 31 30 25 18 15 12 3 5,6 x 10-3 1,3 x 10-2 2,2 x 10-2 2,5 x 10-2 2,8 x 10-2 2,9 x 10-2 3,2 x 10-2 3,3 x 10-2 4,0 x 10-2 5,6 x 10-2 6,7 x 10-2 8,3 x 10-2 3,3 x 10-1 Tabela 1: Dados coletados no experimento A reação que ocorre no experimento acima pode ser representada pela seguinte equação: 2MnO4- + 5H2C2O4 + 6H+ -> 10CO2 + 2Mn2+ + 8H2O Esta reação é irreversível, pois ocorre liberação de gás carbônico (CO2) para a atmosfera. O íon MnO4- é colorido, no entanto íon Mn2+ em solução aquosa é incolor. Sendo assim, o desaparecimento da coloração da solução corresponde ao consumo total do reagente MnO4-, com produção do íon Mn+2, que faz o papel de catalisador. Como a reação produz seu próprio catalisador, ela é denominada autocatalisada. Observando a tabela, vê-se que as velocidades das reações vão tornando-se cada vez maiores devido à presença do catalisador. A maior velocidade notada na última reação deve-se à pronta presença do catalisador, fornecido pela adição do sulfato manganoso. 5. Conclusão 5 A reação produz o íon Mn2+ que, por observação da última etapa do experimento, conclui-se se tratar realmente do catalisador da reação. 6. Bibliografia WIKIPEDIA. Catalysis; Catalysts; Autocatalysis. Disponível online em: http://en.wikipedia.org/wiki/Autocatalysis http://en.wikipedia.org/wiki/Catalysis e http://en.wikipedia.org/wiki/Catalysts. Acessados em 02.10.05. 6