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JORNAL DE BRASÍLIA
Brasília, sexta-feira,
24 de janeiro de 2014
Mundo.
ESTADOS UNIDOS
Índia
Estupro é
ordenado
por líderes
Crimes revelados
Arquidiocese divulga 20 anos de abusos cometidos por padres em Chicago
DIVULGAÇÃO
Documentos da Arquidiocese de
Chicago, nos Estados Unidos, divulgados na internet após acordo
com advogados das vítimas de pedofilia detalham abusos sexuais
cometidos por 30 padres da cidade
contra crianças e adolescentes entre
as décadas de 1960 e 1980.
Nas mais de 6.000 páginas, estão relatados casos como o do padre
William J. Coutlier, acusado de violentar um rapaz de 13 anos e ameaçá-lo com uma arma, e do padre
Joseph Bennett, que teria violentado uma moça com o cabo
de uma patena (prato usado
para colocar a hóstia) dentro
da paróquia.
Em pelo menos uma das várias
ocasiões de abuso, Bennett teria
permitido que uma terceira pessoa
"assistisse" ao ato. Os nomes das vítimas foram ocultados.
PRIMEIRO PASSO
Para o advogado de algumas vítimas, Jeff Anderson, a liberação dos
documentos com os detalhes chocantes sobre os casos já é "um grande passo". "Mas ainda está longe do
que queremos", disse Anderson,
que luta pela divulgação de crimes
referentes a outros 35 padres.
Dos 30 religiosos que tiveram
suas acusações divulgadas, 14 já
morreram -entre eles, Coutlier. Todos os outros já largaram a batina.
Para o advogado dos padres acusados, Joseph Roddy, os documentos devem ser lidos com "cautela".
"Para alguns de nós, isso [a divul-
“
Para alguns de nós,
isso vai representar
respostas. Para alguns
de nós, isso vai
significar paz de
espírito. Mas para
todos nós, é um
começo".
Angel Santiago, uma das vítimas
Violência
sexual
gação dos documentos] vai representar respostas. Para alguns de
nós, isso vai significar paz de espírito. Mas para todos nós, é um começo", disse Angel Santiago, 47,
uma das vítimas do padre Joseph
Fitzharris nos anos 1980.
Santiago recebeu, em 2011, indenização de US$ 700.000 da Arquidiocese de Chicago. Fitzharris, acusado de manter um trailer onde cometia os abusos com meninos, deixou a igreja em 2009.
ONU EXIGE EXPLICAÇÕES
Na última semana, a Organização das Nações Unidas (ONU) cobrou explicações ao representante
do Vaticano sobre os casos de pedofilia e abusos sexuais contra crianças envolvendo religiosos no mundo inteiro.
Na ocasião, a ONU cobrou quais
medidas estariam sendo adotadas
para reprimir esses crimes e quais
punições os envolvidos teriam recebido.
Os documentos da
Arquidiocese de
Chicago, nos Estados
Unidos, divulgados na
internet detalham
abusos sexuais
cometidos por 30 padres
da cidade contra
crianças e adolescentes
entre as décadas de 1960
e 1980. O advogado das
vítimas luta pela
divulgação de crimes de
outros 35 padres.
Arcebispo foi condescendente
A Arquidiocese diz ter pago, no
total, mais de US$ 100 milhões em
indenizações nos últimos 25 anos.
Além de revelar detalhes dos
abusos, os documentos liberados
pelo advogados das vítimas mostram que o arcebispo de Chicago,
cardeal Francis George, que está no
posto desde 1997, ajudou a acobertar os casos de pedofilia, mesmo indo contra as sugestões de outros religiosos da diocese.
Ele teria mudado os padres acu-
sados de paróquia em paróquia como forma de conter os escândalos.
No caso do padre Bennett, por
exemplo, ele adiou o quanto pode
sua remoção -ocorrida apenas em
2012-, e, para monitorar o acusado,
designou um amigo próximo do religioso.
IGREJA SE EXIME DA CULPA
A Arquidiocese de Chicago não
quis se manifestar sobre as decisões
tomadas pelo arcebispo. No site da
instituição, um comunicado especifica que 95% dos casos de abuso
ocorreram antes de 1988, e que nenhum dos acusados está mais sob a
sua tutela.
"A Arquidiocese reconhece que
seus líderes tomaram decisões no
passado que agora são difíceis de
justificar. Eles as tomaram de acordo com o pensamento prevalecente
na época", diz o texto.
A instituição pede "desculpas pela dor e o sofrimento das vítimas”.
Uma indiana de 20 anos foi
estuprada por um grupo de homens a mando de um conselho
tribal porque se apaixonou por
um homem de uma religião diferente, informou a polícia do
Estado de Bengala Ocidental.
Treze homens foram presos
por envolvimento no crime. A
vítima está internada em estado
grave. Ela relatou ter perdido a
conta de quantos homens a violentaram.
ESTUPRO COMO PENA
Emissoras de televisão indianas mostraram imagens da mulher dando entrada no hospital já
recebendo soro na veia. O rosto
dela era coberto por véus.
De acordo com a vítima, ela foi
condenada pelo conselho tribal
do povoado de Subalpur a pagar
uma multar de 25 mil rupias,
quantia equivalente a cerca de
US$ 400, quando seu relacionamento com um homem de outra
religião foi descoberto. O estupro
coletivo foi ordenado depois que
a família declarou ser pobre demais para pagar a multa.
SITUAÇÃO FORA DE CONTROLE
Ao longo do último ano, uma
série casos de estupro vem abalando a Índia diante da violência
sexual crônica e da incapacidade das autoridades locais de
protegerem as mulheres. Esse
caso é ainda mais perturbador
porque a violência sexual foi ordenada por um conselho tribal.
saiba
mais
» Na Índia, os conselhos tribais
decidem sobre temas que
vão de normais sociais a
códigos de vestimenta. Eles
decidem com quem uma
mulher vai ou não se casar.
» O Parlamento de Marrocos
aboliu o parágrafo da Lei 475
do Código Penal, que
permitia que um estuprador
se casasse com a sua vítima,
o que o exonerava de todo
castigo.
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24/01/2014 1a. Caderno A_24_Tb