GERAL CORREIO DO POVO DOMINGO, 27 de junho de 2004 — 3 Mensageiro da Caridade dá chance a jovens Arquidiocese da Capital arrecada móveis e objetos usados. Restauração oportuniza empregos e rende verba para obras sociais cos. “Aqui tive uma verdadeira escola”, destaCarina Fernandes á 45 anos, o Secretariado de Ação Social cou. A supervisora do secretariado, Lourdes da Arquidiocese de Porto Alegre se dedica Guizzardi, afirmou que com o salário muitos a recolher móveis e diversos objetos CRISTIANO SANT’ANNA usados transformando-os em praticamente novos, por meio do programa Mensageiro da Caridade. Todo o trabalho de restauração é feito por jovens, a partir de 16 anos, que vêem nessa iniciativa a oportunidade do primeiro emprego. O serviço conta com 140 funcionários. Há pessoas que já estão há 30 anos trabalhando no programa. Esse é o caso de Clério, que começou aos 14 anos, e, atualmente, realiza a função de instrutor do trabalho de conserto de eletrodomésti- Equipes coletam doações, que chegam a 300 por dia H Arquidiocese tem obras sociais O Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre, mais conhecido como Caritas Arquidiocese e Mensageiro da Caridade, desenvolve outros seis programas. Um deles, o Centro de Promoção do Menor, localizado no bairro Cavalhada, completará 30 anos em agosto. Diariamente, 93 crianças carentes de 2 a 8 anos, da zona Sul da Capital, são atendidas em dois turnos. Os pequenos participam de atividades voltadas para o lado emocional e social. Atualmente, 11 funcionários trabalham no local, que recebe doações da arquidiocese. A coordenadora do centro, Catiane Santos, destacou que muitas mães não tinham com quem deixar os filhos e encontraram na creche uma alternativa segura e sem custos. Há seis anos, a funcionária pública Maria dos Santos leva ao centro os filhos de 6 e 9 anos, além da neta, de 7. Moradora da Ca- valhada, conta que as crianças preferem muitas vezes ficar no centro a retornar para casa. “O comportamento deles melhorou muito, principalmente o da minha neta, que antes tinha problemas para se adaptar às creches”, contou Maria. O diretor-superintendente do Secretariado de Ação Social, Ivo Guizzardi, salientou, entre os outros programas desenvolvidos, o da Proteção à Família, que presta assistência habitacional a cerca de 3 mil pessoas. Pela iniciativa, são cedidas moradias para as famílias que pagam aluguel simbólico. A estimativa é de que no ano passado mais de 280 mil pessoas tenham sido beneficiadas pelo programa de Proteção à Família. A Arquidiocese de Porto Alegre também participa de discussões sobre políticas públicas e trabalha na defesa das minorias, por exemplo, com o Grito dos Excluídos. Ex-sem-teto reciclam materiais Ex-moradores de rua estão buscando auxílio da comunidade do centro de Porto Alegre para implementar uma alternativa de trabalho, reciclando materiais. O grupo montou a Associação de Catadores Novo Cidadão e já recebeu até um local, embaixo do Viaduto da Conceição, para separação de papéis, vidros e latas. São dez pessoas, a maioria acolhida no Abrigo Bom Jesus, na Capital, que antes viviam nas ruas e estão buscando uma forma de sair da situação de risco social. Eles obtêm, em média, entre R$ 10 e R$ 15 por semana e recebem ajuda do programa Fome Zero. Conforme o coordenador-geral da associação, José Matias, a intenção é conseguir o apoio de lojistas da região central, especialmente da Voluntários da Pátria e da Alberto Bins, para o recolhimento dos materiais. Matias disse que uma rede de lojas de eletrodomésticos já está doando caixas de papelão e plásticos para a entidade. Ele informou que a associação desenvolve um projeto para que essas empresas parceiras possam, se quiserem, colocar material publicitário nos carrinhos de recolhimento. “É mais uma forma de incentivo”, comentou. A Associação de Catadores Novo Cidadão conta com a assessoria de uma organização não-governamental e já se encontra registrada na Junta Comercial. Quem desejar contatar com a entidade deve ligar para o número (51) 98390071. Homossexuais se mobilizam A programação da 8a Parada Livre 2004, que ocorre neste domingo, na Redenção, em Porto Alegre, continuará durante a semana. Além da manifestação na Esquina Democrática ao meio-dia desta segunda-feira, Dia Internacional do Orgulho Gay, mais dois eventos vão movimentar militantes e simpatizantes do movimento homossexual. Na quarta-feira, às 19h, na Palavraria Livraria Café (Vasco da Gama, 165) ocorrerá o “Seminário sobre a homossexualidade em Porto Alegre no século XX – A história fora da história”. O evento terá a presença dos historiadores Íris Germano, Alice Trusz e Élvio Rossi. Conforme o mi- litante do Nuances Luís Gustavo Weiler, os temas tratados serão a presença gay nos blocos de Carnaval das décadas de 30 e 40; os “almofadinhas”, rapazes que tinham modos delicados em 1910; a boate Flower’s, a primeira casa noturna GLS importante do Estado; e a Coligay, a torcida do Grêmio formada por homossexuais em 1981. Os interessados também poderão conferir, no Birra e Pasta do Praia de Belas, até o dia 4 de julho, a exposição de fotos das paradas de 2002 e 2003. Intitulada “A rua derruba o armário”, da fotógrafa Adriana Franciosi, a mostra foi inaugurada no shopping na última quarta-feira. jovens passam a ter mais responsabilidade e a sustentar as suas famílias. Com a instrução recebida, alguns chegam a montar oficinas como forma de conseguir uma renda extra. Nos depósitos são abrigados centenas de equipamentos desde os mais antigos aos mais modernos, como geladeiras, aparelhos de televisão, bicicletas e computadores. As doações atingem a média de 300 por dia. Depois de passar pelas oficinas, as peças saem praticamente novas e são comercializadas em duas lojas. Os preços chegam a 30% do valor de um produto novo. Tudo é aproveitado. Mesmo os objetos sem condições de uso são desmontados e dão origem a outros. Também são recolhidos papéis, jornais e todo tipo de lixo seco. O dinheiro arrecadado com as vendas destina-se para outros projetos da Arquidiocese de Porto Alegre, como o de Apoio à Criança e Amparo à Família, que cuida de 395 famílias repassando todos os meses recursos para o sustento; e o Centro de Promoção do Menor, que abriga crianças de 2 a 8 anos durante o dia, enquanto os pais trabalham. O dinheiro é repassado ainda a obras sociais e aos municípios atingidos por calamidade pública. As doações podem ser feitas através do telefone (51) 3223-2555, durante o horário das 7h30min às 18h30min. As equipes do Mensageiro da Caridade realizam a coleta dos donativos normalmente 12 horas após a chamada, sempre uniformizadas e com credenciamento. Além disso, a supervisora do secretariado da instituição destacou e fez um alerta para a comunidade: o programa nunca telefona pedindo doações.