FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA TURMA - PDE/2012 1 Dados de Identificação Título A leitura e a escrita de crônicas em sala de aula: dialogia, responsividade e interlocução em foco Autora Alzira Rodrigues de Oliveira Leite Disciplina/Área (ingresso) Língua Portuguesa Escola de Implementação do Colégio Projeto e sua localização Estadual Olavo Bilac - Ensino Fundamental e Médio. Rua Costa e Silva, nº 1313. Município da Escola Ubiratã Núcleo Regional de Educação Goioerê Professora Orientadora Adriana Delmira Mendes Polato Instituição de Ensino Superior FECILCAM- Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão Relação Interdisciplinar História Resumo A educação e em especial o ensino da Disciplina de Língua Portuguesa tem como objetivo principal propiciar ao aluno construir o seu conhecimento científico e desenvolver habilidades que o levem ampliar sua capacidade de aprender e exercer a cidadania. Por isso a elaboração deste material didático que visa à produção de uma proposta metodológica para que o processo de ensino e de aprendizagem da leitura e da escrita tenha sucesso por meio do trabalho com o gênero crônica, visando à formação de um aluno que não seja mero repetidor de conceitos, mas que seja capaz de refletir sobre a linguagem para poder entendê-la e usá-la apropriadamente à situação e à finalidade comunicativa, considerando sua natureza social, ou seja, sua dimensão dialógica e discursiva. Palavras-chave Leitura; escrita; crônica; interacionismo Formato do Material Didático Caderno Pedagógico Público Alvo Alunos do 9º ano 2 Apresentação Época em que a informação circula simultaneamente aos fatos, o conceito de aprendizagem muito se distancia da ideia de que aprender é receber e reter conhecimentos. Sabe-se que o ato de aprender pressupõe e desenvolve habilidades de analisar, interpretar e relacionar informações recebidas, fazendo com que o aluno assuma uma posição crítica sobre fatos e idéias e o professor uma postura de mediador. Levando em conta o que o aluno aprende na escola e o que ele traz para a escola, sabendo que isso influencia de maneira continua na aquisição do conhecimento sistematizado, é importante que, em seu papel de mediador, o professor considere a existência de fatores políticos, sociais, culturais e psicológicos que interferem no processo de ensino e aprendizagem. Nessa perspectiva, a educação e, em especial, o ensino da Disciplina de Língua Portuguesa tem como objetivo principal propiciar ao aluno construir o seu conhecimento científico e desenvolver habilidades que o levem ampliar sua capacidade de aprender e exercer a cidadania. Especificamente isso se dá à medida que é capaz de ler e escrever melhor, defender suas opiniões, ou seja, buscar sua inserção ativa e crítica por meio da linguagem. A leitura e a escrita precisam ser desenvolvidas num contexto de reflexões e de análises que não deixem de enfatizar os conhecimentos e a satisfação pessoal que tais atividades possam proporcionar. Assim sendo, este trabalho de leitura e escrita de crônicas que será desenvolvido com os alunos do 9º ano se torna importante e interessante, pois o cronista tira seus temas do próprio cotidiano e fala de tudo, de política a sentimentos pessoais, alertando ou distraindo de maneira crítica. É uma leitura agradável, capaz de encantar o leitor, pois traz informação e entretenimento a partir de temas aparentemente corriqueiros. A crônica é um texto dialógico por si só, pois exige que o leitor consiga perceber as relações que se estabelecem entre seu conteúdo e o conteúdo de outros textos, além de que, para escrever uma crônica, o autor precisa antes cercar-se de fatos ou notícias cotidianas. Baseando-se nesses acontecimentos de maneira pessoal, o autor redige seu texto incluindo elementos fictícios, fantasiosos e críticos. Dessa forma, quando o aluno está construindo sua crônica ele está mostrando seu jeito pessoal de compreender os fatos que o cercam através de suas palavras e seu estilo. Acreditamos que o trabalho de leitura e escrita de crônicas é capaz de auxiliar na formação de um sujeito-leitor crítico e responsivo, assim como de um sujeito-autor mais consciente de seu papel como produtor de textos e mais consciente quanto aos objetivos de sua interlocução. Portanto, cabe ao professor por meio deste caderno pedagógico fazer sua intervenção pedagógica, propiciando situações de ensino e aprendizagem com práticas leitoras e de escritura, respeitando o tempo de preparação para a atividade a ser realizada, o conhecimento prévio do aluno, objetivando, que a partir do que já conhece, possa romper paradigmas, apropriando-se de novos conhecimentos. E nesse caso, especificamente, isso se dará a partir do trabalho com gênero crônica, quando procuraremos identificar o grau de dificuldade de leitura e escrita apresentado pelos alunos, e assim desenvolver estas atividades mediando trocas enriquecedoras entre professor e alunos, a fim de que possam ler e produzir textos com competência, passando a compreender a leitura e a escrita como práticas discursivas indissociáveis e extremamente relevantes à vida social. 3 Material Didático Este material didático foi planejado para (32) trinta e duas aulas, ele é composto de (6) seis unidades didáticas, as (4) quatro primeiras unidades com (5) cinco aulas e as duas últimas com (6) seis aulas, mas como sabemos todo planejamento é flexível e está sujeito a mudanças. As atividades aqui propostas seguem a linha bakthiana, assim sendo, desenvolvem a leitura e a escrita de crônicas considerando o conteúdo temático, a organização composicional e o estilo deste gênero. E atendem igualmente aos alunos qual for sua condição social e econômica, sua origem étnica e cultural e às possíveis necessidades especiais para aprendizagem dos conhecimentos científicos que cabe à escola ensinar. LER ESCREVER COMPREENDER http://www.educacao.pr.gov.br/ 4 Para início de conversa, caro aluno Ler e escrever são habilidades que nos permitem agir no mundo que nos cerca e com ele interagir. E colocamos em prática essas habilidades por meio da linguagem. Dessa forma, quanto mais conhecermos a linguagem e as suas possibilidades de uso, melhor nos expressaremos e compreenderemos a expressão do outro. Por isso, esse trabalho foi desenvolvido pensando em você, caro aluno. Foram reunidos aqui textos que me parecem mais significativos. Tudo isso para que você possa sentir vontade de ler, para conhecer o que escritores dizem e já disseram sobre o mundo e as pessoas que nele vivem; sentir vontade de escrever para expressar o que sente e pensa; de refletir para entender o que está a sua volta; de indignar-se, para poder procurar maneiras de melhorar o mundo no que se diz injusto. Esse trabalho será desenvolvido com o gênero crônica, e espero que este gênero permita a você descobrir os benefícios da leitura e a satisfação de conseguir se expressar por escrito, sem temer as palavras, podendo enxergar o mundo de maneira cada vez mais crítica, mais criativa e mais inteligente. 5 Objetivos deste Material Didático - Associar leitura e produção de textos do gênero crônica considerando seu conteúdo temático, sua construção composicional e seu estilo verbal; - Trabalhar a análise discursiva e linguística no gênero crônica; - Refletir sobre a atemporalidade das crônicas literárias; - Analisar a criticidade presente no gênero textual crônica; - Compreender o diálogo da crônica jornalística com o factual da notícia ou de uma série de notícias; - Refletir por meio da leitura, as práticas sociais de produção e circulação da crônica; - Conhecer a vida e a obra de alguns autores; - Refletir sobre a importância do letramento na vida do cidadão para a inserção política social efetiva; - Considerar que as condições de produção do texto corroboram sua leitura e, consequentemente, são de grande importância à reflexão daquele que produz o texto. Unidade 1 É hora de começar Objetivos desta unidade: - Aproximar os alunos do gênero crônica; - Conhecer as características do gênero crônica; - Mostrar o diálogo da crônica jornalística com o factual da notícia ou de uma série de notícias; - Compreender a atemporalidade da crônica literária a partir da abordagem de temas do cotidiano; - Trabalhar a leitura, interpretação e compreensão dos textos apresentados; - Trabalhar aspectos discursivos e linguísticos dos textos. Professor: Nesta unidade, trabalharemos com os alunos as características do gênero crônica; a leitura, a interpretação, a compreensão, como também os aspectos discursivos e linguísticos dos textos desta unidade. Contrapondo uma crônica jornalística com uma crônica literária, analisaremos as confluências e diferenças que esse gênero apresenta nesses diferentes campos. Também procuraremos refletir sobre o diálogo temático entre a crônica jornalística e a notícia. Aluno: Nesta unidade vocês irão conhecer ou reconhecer o gênero crônica. Analisar como elas surgiram e como são estruturadas. Também aprenderão que existem dois tipos de crônicas: a jornalística e a literária. Por meio da leitura e da reflexão, poderão perceber que sempre existe uma relação temática entre a crônica jornalística e o factual da notícia. Atividade 1 Conhecendo o gênero crônica Professor: Faça uma sondagem com seus alunos perguntando e aguarde um tempo para ouvir as respostas: a) Vocês sabem o que é uma crônica? b) Quem já leu uma crônica? c) Em que suporte foi encontrada? d) Que cronistas vocês conhecem? e) De que assuntos tratavam essas crônicas? f) Estas crônicas levavam à reflexão sobre alguma situação? Depois da sondagem, apresentar e comentar com os alunos os aspectos do gênero crônica. Aluno: O Gênero Crônica A crônica é um gênero híbrido que oscila entre a literatura e o jornalismo, resulta da visão pessoal, particular, subjetiva do cronista ante um fato qualquer colhido no noticiário do jornal ou no cotidiano. É uma produção curta, apressada, (geralmente o cronista escreve para o jornal alguns dias da semana ou tem uma coluna diária), redigida numa linguagem descompromissada, coloquial, muito próxima do leitor. Quase sempre explora o humor, mas às vezes diz coisas sérias por meio de uma aparente conversa – fiada. Noutras, despretensiosamente faz poesia da coisa mais banal e insignificante. A palavra “crônica”, em sua origem está associada à palavra “krónos” (grego) ou “chronos” (latim), que significa “tempo”. Para os antigos romanos a palavra “chronica” significava o gênero que fazia o registro de acontecimentos históricos, verídicos, na ordem em que aconteciam, de maneira engraçada, crítica e criativa. E finalmente, a crônica é o relato de um flash, de um breve momento do cotidiano de um ou mais personagens. Características de uma crônica: A crônica é um texto narrativo; É em geral um texto curto; Trata de problemas cotidianos, assuntos comuns do dia a dia; Narra acontecimentos envolvendo pessoas comuns como personagens; Há poucas personagens; e o fato ocorre em um tempo breve; É organizada em torno de um único núcleo, um único problema; Tem como objetivo envolver, emocionar o leitor; Apresenta uma visão pessoal do escritor sobre o assunto escolhido; Promove uma reflexão crítica sobre o assunto; É um texto opinativo; Mescla aspectos da escrita com outros da oralidade com uma linguagem muitas vezes coloquial. A origem da crônica (...) a crônica surge primeiro no jornal, herdando a sua precariedade, esse seu lado efêmero de quem nasce no começo de uma leitura e morre antes que se acabe o dia, no instante em que o leitor transforma as páginas em papel embrulho, ou guarda os recortes que mais lhe interessam num arquivo pessoal. O jornal, portanto nasce e envelhece e morre a cada 24 horas. Nesse contexto, a crônica também assume essa transitoriedade, dirigindo–se inicialmente a leitores apressados, que leem nos pequenos intervalos da luta diária, no transporte ou no raro momento de trégua que a televisão lhes permite. (Jorge de Sá. A crônica. São Paulo: Ática, 1997. p.10) Atividade 2 Crônica jornalística e crônica literária A crônica, quando surgiu, publicada em jornais, consistia em um comentário pessoal de uma ou outra notícia. Essa característica da crônica se mantém até hoje, embora no decorrer do tempo outros assuntos do cotidiano tenham sido incorporados pelo gênero. A crônica narra com naturalidade fatos corriqueiros, miudezas do comportamento das pessoas, trazendo à tona a vida da cidade. Você já leu crônicas publicadas em jornais, livros, revistas? A seguir conheceremos um pouco de dois grandes cronistas: Moacyr Scliar e Luís Fernando Veríssimo. Conhecendo mais Moacyr Scliar e Luiz Fernando Veríssimo Professor: Exibir aos alunos o seguinte vídeo de mais ou menos 4 minutos: http://www.youtube.com/watch?v=jQVvKZQ9jOo&feature=related Explique para eles que nesse vídeo estão sendo entrevistados dois importantes cronistas brasileiros: Luiz Fernando Veríssimo e Moacyr Scliar. Relacione o vídeo assistido com a questão de que a crônica é baseada em fatos cotidianos, especialmente a parte na qual Moacyr Scliar fala que “a crônica é a forma literária dessa conversa informal.” Questione: Qual o papel do cronista e qual deve ser postura do autor diante dos fatos cotidianos? Explore também a ideia de que as crônicas são, de modo geral, publicadas em jornal. Comente também a ambigüidade apontada por Scliar a respeito de como a crônica (como um texto literário) fica deslocada dentro do jornal. Pergunte aos alunos: Ficou claro o que é para vocês uma crônica literária e uma crônica jornalística? Todas as crônicas primeiramente são publicadas em jornais e revistas. Mas nem todas as crônicas resistem ao tempo. Muitas publicadas em jornais e revistas são lidas apenas uma vez, em geral, esquecidas pelo leitor e pelo autor. A crônica literária, no entanto, tem longa duração e é sempre apreciada pelo estilo de quem a escreveu e pelo tema abordado. Sempre que houver dúvidas, o professor deve ser mediador do conhecimento, retornando explicações. Atividade 3 Trabalhando uma crônica literária Aluno: O texto que leremos é uma crônica literária que aborda um acontecimento aparentemente banal do cotidiano, que captado pela sensibilidade do cronista nos leva a repensar a realidade que nos cerca e a observá-la sob novos ângulos. Parece que Luis Fernando Veríssimo estava inspirado num clima de amor e romance quando escreveu a crônica abaixo. Confira! Sugestão: Pode-se dramatizar o texto, trocando os papéis para que todos participem. Texto 1 Crônica: Namorados O melhor do namoro, claro, é o ridículo. Mas o Alcyr se passara. Chegara a um extremo de ridículo. Chegara a uma apoteose do ridículo. Ou como você chamaria ter que imitar um cachorro para não descobrirem que era ele no quintal, louco de ciúmes, embaixo da janela da namorada, numa fria noite de agosto? O Alcyr exagerara. Alcyr, que Suzana chamava de Ipsilone, porque aquela fora a primeira coisa que ele lhe dissera. - Ipsilone. - Hein? - Alcyr. É com Ipsilone. - Ah. Ela estava preenchendo um formulário para dar entrada no seu pedido, algo a ver com um crediário, não interessa, e precisava de todos os seus dados. - Estado civil? - Solteiríssimo. Daí para a pergunta "Que horas tu larga?" e o convite para tomarem um chope foi um pulo, e do chope para o namoro firme foi outro. Suzana ouvia cantadas e convites o dia inteiro, não era dessas, mas simpatizara com o Alcyr. O Alcyr parecia não ser como os outros. E o ipsilone, sei lá. O ipsilone no nome dele lhe dava uma certa segurança. - Desliga você. - Não, desliga você. Crônica encontrada em http://www.edukbr.com.br/leituraeescrita/leitura_escrita.asp?Id=9&Area=Esq uinaDosPersonagens&TipoIJ=1 Luis Fernando Veríssimo nasceu em 26 de setembro de 1936, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Filho do grande escritor Érico Veríssimo, iniciou seus estudos no Instituto Porto Alegre, tendo passado por escolas nos Estados Unidos quando morou lá. Jornalista, iniciou sua carreira no jornal Zero Hora, em Porto Alegre, em fins de 1966, onde começou como copydesk mas trabalhou em diversas seções ("editor de frescuras", redator, editor nacional e internacional). Além disso, sobreviveu um tempo como tradutor, no Rio de Janeiro. A partir de 1969, passou a escrever matéria assinada, na Zero Hora. O sucesso de sua coluna garantiu o lançamento, naquele ano, do livro "A Grande Mulher Nua". Além disso, tem textos de ficção e crônicas publicadas nas revistas Playboy, Cláudia, Domingo (do Jornal do Brasil), Veja, e nos jornais Zero Hora, Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e, a partir de junho de 2.000, no jornal O Globo. http://www.releituras.com/lfverissimo_bio.asp Conversando sobre o texto 1. A crônica é quase sempre um texto curto, com poucas personagens, que se inicia quando os fatos principais da narrativa estão por acontecer. Por esta razão, o tempo e o espaço são limitados. Na crônica: Namorados a) Qual o tema da crônica? b) Quais são as personagens envolvidas na história? c) Onde acontecem os fatos narrados? d) Qual o tempo de duração desses fatos? e) Em poucas linhas conte os fatos narrados? 2. Na crônica, os fatos podem ser narrados por um narrador- observador ou por um narrador–personagem. Qual é o tipo de narrador na crônica: “Namorados.”? Justifique sua resposta. 3. Observe a linguagem empregada na crônica em estudo. a) Os fatos são narrados de maneira pessoal, subjetiva, de acordo com a visão do cronista ou são narrados de forma pessoal, objetiva numa linguagem jornalística? Comente. b) Em relação à linguagem, a crônica está mais próxima do noticiário geral de um jornal ou dos textos literários? c) Como é a linguagem da crônica em análise, formal, informal? Justifique. 4. O cronista volta seu olhar atento para notícias veiculadas em jornais falados e escritos e para fatos do dia a dia e os registra com sensibilidade e poesia, ora criando humor, ora provocando uma reflexão crítica acerca da realidade. A crônica lida apresenta humor e crítica? Justifique. a) A história narrada na crônica lida é apenas ficcional. Uma história dessas pode acontecer na realidade? Comente sua resposta. b) Comente: A crônica se limita a narrar fatos ou busca uma abordagem mais abrangente deles? c) A partir da leitura da crônica e dos papeis de suas personagens é possível refletir sobre a vida e o comportamento das pessoas? Comente. 5. Essa crônica poderá parecer mais significativa a quais interlocutores? Sobre alguns recursos lingüísticos da crônica Os tipos de discurso apresentados na crônica: Nesta crônica aparecem três tipos de discurso: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso indireto livre. Discurso Direto: Neste tipo de discurso as personagens ganham voz. É o que ocorre normalmente em diálogos. Isso permite que traços da fala e da personalidade das personagens sejam destacados e expostos no texto. O discurso direto reproduz fielmente as falas das personagens. Travessões, dois pontos, aspas e exclamações são muito comuns durante a reprodução das falas. -As dondozeira ama os dondozeiro? - Mas os dondozeiro ama as dondozeira mais do que as dondozeira ama os dondozeiros. Discurso Indireto: O narrador conta a história e reproduz fala e reações das personagens. Nesse caso, o narrador se utiliza de palavras suas para reproduzir aquilo que foi dito pela personagem. “Alcyr não se agüentou, pulou a cerca, se agachou sob a janela da Suzana, bateu com o joelho em alguma coisa, gritou, e quando o seu Amorim apareceu na porta dos fundos e perguntou "Quem é que está aí?” tentou imitar um cachorro.” Discurso Indireto Livre: que ocorre quando o texto é escrito em terceira pessoa e o narrador conta a história, mas as personagens têm voz própria, de acordo com a necessidade do autor de fazê-lo. Sendo assim é uma mistura dos outros dois tipos de discurso e as duas vozes se fundem. “Todas as luzes da casa apagadas e o Alcyr pensando, quase chorando: não pode ser, não pode ser. Como é que o seu Amorim e a dona Laurita deixam? Eu, eles botavam na rua às onze e meia. O outro, deixam dormir com a Suzana na sua própria cama. Porque a Suzana só podia estar na cama com o outro.” 6. Esta parte do texto está no discurso indireto, transforme em discurso direto e reflita se com essa mudança o efeito de sentido obtido é o mesmo. O que muda? Não convenceu ninguém, claro, tanto que, dez minutos depois, estava sentado na mesa da cozinha, tiritando, as calças sujas de barro, tomando o café da dona Laurita com uma mão, e o outro braço em volta da cintura de Suzana. Sim, reconciliados, abraçados, emocionados. Pois Suzana se enternecera com o ciúme do seu Ipsilonezinho. Não havia outro nenhum, ela fora à farmácia com o pai, o homem que ele vira entrar em casa com ela era o seu Amorim, bobo! Mas o que realmente conquistara Suzana fora o ganido do Alcyr, tentando imitar um cachorro. Só um homem muito apaixonado faria um ridículo daqueles. 7. A crônica foi escrita com partes no passado e partes no presente. Cite algumas partes do texto que estejam no passado e outras no presente. Por que foram alternados esses tempos para escrevê-la? 8. Nas últimas linhas do texto, percebemos que há uma mudança no tratamento do casal, por que isso aconteceu? 9. Durante o texto aparecem muitas falas com o uso do travessão, mas também o autor usou outro recurso pra apresentar uma fala. Qual é este recurso? O uso deste recurso é legítimo? E que fala é esta? 10. Observe no texto algumas atitudes e alguns apelidos que os apaixonados usam para se tratarem e que parecem ridículos. Como, linguisticamente esse efeito de ridicularização acontece? Você também considera isso ridículo? 11. As pessoas movidas por sentimentos como: raiva, alegria, tristeza, ciúmes, às vezes tomam atitudes extremas e com graves consequências. Como isso se apresenta na crônica? Você acha que esses sentimentos devem ser levados em consideração para o julgamento das atitudes das pessoas, ou seja, os sentimentos justificam as ações? Atividade 4 Professor: Trabalhando uma crônica jornalística Mostre aos alunos trechos da notícia publicada no Jornal Folha de São Paulo. Retome com os alunos o principal objetivo da notícia: relatar o fato ocorrido de maneira o mais impessoal possível. Lembrar que Moacir Scliar publica semanalmente uma crônica, com base numa notícia veiculada no jornal. Explore com os alunos a sensibilidade do escritor Moacyr Scliar em construir, com base na notícia, uma crônica de conteúdo crítico. Aproveite e analise junto com os alunos os recursos utilizados pelo cronista. Aluno: A Crônica que já lemos: Namorados é uma crônica literária baseada em fatos do cotidiano, mas temos também crônicas baseadas numa notícia, chamadas de crônicas jornalísticas. Veja a seguir uma crônica jornalística escrita por Moacyr Scliar. Texto 1 Notícia: Juiz proíbe casamento de virgem. Para justiça, adolescente de 15 anos não está preparada para casar com homem de 37 anos. Jornal Folha de São Paulo, 11/12/94. P.3-4 Texto 2 Crônica: Muito cedo para amar Com muita dificuldade - nenhuma das duas tinha sequer curso primário – elas percorriam a notícia o jornal. Quando terminaram a hesitante leitura, ficaram um instante em silêncio. - Não sei, não – disse por fim a mais velha, Rosa, de 12 anos- mas acho que o juiz tem razão. Quinze anos não é idade para casar. - Você acha mesmo?- Maria que tinha 11 anos, respeitava muito a opinião da mais velha. -Acho. Nesta idade, uma moça ainda não sabe o que é bom para ela. Precisa amadurecer, você entende? Moacyr Scliar, Jornal Folha de São Paulo, 11/12/1994 Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre, RS, em 1937. Formou-se em medicina em 1962. Especialista em saúde pública e doutor em ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública, seu primeiro livro publicado foi Histórias de médicos em formação, contos baseados em sua experiência como estudante. Foi autor de mais de setenta obras, entre romances, ensaios, contos, ficções, e infantojuvenis, dos quais muitos traduzidos para vários idiomas. As crônicas de Scliar têm como temática os fatos do cotidiano noticiados em jornal ou ouvidos na rua. Elas se caracterizam pelo humor fino e refinado, pela preferência por temas sociais e pelas tensões. Foi membro da Academia Brasileira de Letras desde 2003. Era um dos escritores mais representativos e premiados da literatura brasileira contemporânea. http://www.releituras.com/mscliar_bio.asp Conversando sobre o texto 1. Muito cedo para amar é uma crônica jornalística e como tal apresenta uma opinião sobre um tema presente numa notícia. Qual é a crítica critica apresentada nesse texto? 2. O título da crônica é “Muito cedo para amar”, qual a relação que existe entre o título e o assunto do texto? 3. De acordo com a crônica, duas personagens do texto concordam que existe uma idade para amar, mas na vida pessoal elas agem como pensam? Comente o porquê da atitude das meninas. 4. Moacyr Scliar escreveu esta crônica baseando-se numa notícia, a qual foi publicada num jornal. Quais os possíveis interlocutores? 5. Esta crônica já foi escrita há algum tempo, como vimos pela data de publicação. O problema social focado nela continua atual? Justifique sua resposta. 6. Uma das características da crônica é ser breve e de poucas personagens. Quanto tempo durou este fato narrado? Quantas personagens participaram? Onde ocorreu o enredo? 7. Transforme esta parte do texto somente em discurso indireto e reflita sobre o motivo do autor em escrever praticamente o texto todo em discurso direto. “- Não sei, não – disse por fim a mais velha, Rosa, de 12 anos- mas acho que o juiz tem razão. Quinze anos não é idade para casar. - Você acha mesmo?- Maria que tinha 11 anos, respeitava muito a opinião da mais velha. -Acho. Nesta idade, uma moça ainda não sabe o que é bom para ela. Precisa amadurecer, você entende? E depois tem a diferença de idade. “O noivo está com 37 anos.” 8. Pelos diálogos do texto, o narrador do texto é narrador-personagem ou narradorobservador? Sobre o narrador A narração pode ser feita em primeira ou em terceira pessoa, sendo assim podemos classificar os narradores como: narrador em 1ª pessoa e narrador em 3ª pessoa. Narrador em primeira pessoa Narrador personagem: além de contar a história em primeira pessoa, faz parte dela, sendo por isso chamado de personagem. Geralmente, narra de forma subjetiva, emite opiniões em relação aos fatos ocorridos. Dessa forma, a narrativa é dotada de características emocionais daquele que narra. Narrador em terceira pessoa Narrador observador: é o que presencia a história e comporta-se como uma testemunha dos fatos relatados, mas não faz parte de nenhum deles. Sua atitude é a de reproduziras ações que enxerga a partir do seu ângulo de visão. Não participa das ações, mas narra demonstrando ter maior ou menor conhecimento a respeito da vida das personagens, de seus pensamentos, de seus sentimentos ou personalidade. 9. Analise a fala da personagem D. Teresa: “_ Vocês ainda estão aí? Os fregueses estão esperando, vagabundas. Vamos logo.” Que a função D. Teresa desempenha no contexto social do fato? E qual a função das meninas? 10. O título ao texto poderia ser “Cedo para amar”, mas na verdade é “ Muito cedo para amar”, qual é o efeito de sentido que se obtém a partir do uso do advérbio “muito”? 11. Em qual pessoa é escrito este texto? Que elementos do texto comprovam sua resposta? 12. No enunciado: Maria ficou em silêncio. Mas pelo jeito não tinha concordado muito com a opinião da amiga... Se a palavra negritada fosse trocada por “e” o enunciado teria o mesmo sentido? Que outras palavras podem substituir a palavra ”mas” para que o enunciado continue com o mesmo sentido? 13. No enunciado: “Por isso não permitiu o casamento. Fez ele muito bem.” Se a palavra negritada for trocada por “portanto”, o enunciado teria o mesmo sentido? Explique. 14. O desejo de uma das adolescentes é casar-se na igreja de véu, grinalda... Mas ela mesma diz que é um sonho. Considerando toda a história, por que esse desejo é difícil de acontecer? 15. Esta crônica retrata um problema social muito presente em nossos dias. Qual é esse problema e qual a sua posição diante desse fato? Comente. 16. O autor da crônica baseou-se numa notícia de jornal para escrevê-la. O que a notícia relatava? Qual a relação que existe entre a crônica e a notícia? 17. O que se pode considerar quanto uma crônica jornalística e uma crônica literária? 18. Há coerência entre o que as personagens pensam sobre o amor e estilo de vida que adotam? Por quê? Comente. Unidade 2 O cotidiano e suas histórias Objetivos desta unidade: - Estimular o manuseio e o conhecimento do jornal impresso; - Identificar textos de diferentes gêneros: notícia, classificados, notas sociais, editoriais; - Identificar a intencionalidade marcada no uso de suportes de comunicação distintos: o caráter informativo do jornal; - Ler, interpretar e compreender os textos do gênero crônica propostos nesta unidade; - Trabalhar alguns aspectos discursivos e linguísticos da crônica; - Trabalhar os aspectos organizacionais e estruturais do gênero crônica; - Possibilitar que os alunos exercitem a oralidade na sala de aula a partir da vivência dos conteúdos. Professor: Nesta unidade você dará continuidade ao trabalho com gênero crônica, contrapondo-o ao gênero notícia. Também apresentará o suporte jornal aos alunos. Como sabemos, a principal finalidade do jornalismo é relatar ou opinar sobre os fatos mais importantes do nosso cotidiano. Atualmente, somos bombardeados por uma enorme quantidade de informações, que nos chegam através da mídia. É importante estarmos atentos a essas leituras. O gênero notícia, em especial, cuja especificidade é a informação, tem a finalidade de relatar com uma pressuposta imparcialidade e compromisso de verdade os acontecimentos do cotidiano de maior relevância, inéditos e de interesse público, como fatos políticos, econômicos, culturais, esportivos, trágicos, escandalosos e sensacionais. Não obstante, as noticias são ponto de partida para outros textos do jornal como os editoriais e as crônicas, por exemplo. Aluno: Nesta unidade você conhecerá um pouco mais sobre crônicas e também sobre o suporte jornal. Sabemos que a notícia tem a finalidade de relatar com imparcialidade e compromisso de verdade os acontecimentos do cotidiano de maior relevância, inéditos e de interesse público, como fatos políticos, econômicos, culturais, esportivos, trágicos, escandalosos e sensacionais. Será que a notícia é realmente neutra? Outros textos do jornal têm a ver com a notícia? Atividade 1 Aprimorando o conhecimento sobre a crônica jornalística. Texto 1 Escola impede estudo de aluno com brinco Menino de seis anos é barrado por furar a orelha, pais acusam colégio de discriminação e vão à justiça. Folha de São Paulo, Cotidiano, 27/11/1994 Texto 2 Crônica: Uso de brinco O homem – um senhor de certa idade, trajando terno e usando gravata – estava furioso: - Onde já se viu? Brinco no colégio, isso tinha de ser mesmo proibido! Com risco de incorrer em sua sagrada ira, perguntei se aplicaria a proibição também às meninas. Olhou-me com desprezo: -Claro que não. Você é idiota? Claro que não. Meninas podem usar brincos. Rapazes é que não podem. É coisa de bicha, de afeminado. Lembrei que vários homens de cuja masculinidade não se poderia duvidar bucaneiros, até, e bandidos - usavam brincos, isso sem falar em índios guerreiros. O argumento deixou-o perplexo e irritado. Moacyr Scliar, Jornal Folha de São Paulo, Cotidiano 27/11/94. Conversando sobre o texto 1. O texto traz aspectos da oralidade para a escrita. Aponte passagens em que essa característica parece ser mais evidente. 2. Qual é o tema da crônica e qual é a crítica que esse tema suscita? 3. Em vários trechos da crônica percebemos expressões que dão instrução de sentido de tempo e lugar. Cite algumas dessas expressões e justifique suas escolhas. Depois podemos pesquisar na gramática para saber como são classificadas. 4. No texto, aparecerem várias formas verbais que introduzem as vozes das personagens? Cite algumas dessas formas verbais. Você sabe como se chamam essas formas verbais de acordo com a gramática? Pesquise. 6. No desenrolar da narrativa ocorre alguma surpresa? Qual? Na crônica que lemos na unidade passada, você observou também alguma surpresa? 7. Notícia e crônica são gêneros diferentes. Quem tem mais liberdade para expressar sentimentos e opiniões, o autor de uma notícia ou o autor de uma crônica? Por quê? 8. Uma boa notícia de jornal, responde às questões fundamentais do jornalismo: o que, quem, quando, onde, como e por que. A crônica também apresenta estes aspectos de maneira diferente. Responda analisando a notícia: “Escola impede uso de brinco” e a crônica: “Uso de brinco.” Questões Gênero notícia Gênero crônica Qual é o fato? Onde e quando aconteceu o fato? Quando aconteceu o fato? Como aconteceu? Por que aconteceu o fato? Analisando as respostas dadas, comente o que diferencia e aproxima uma crônica de uma notícia? 9. Analise este excerto da crônica: ”Diga uma coisa: quanto é que você acha que daria para cobrar por um brinco desses? ”Qual pode ser interesse da personagem ao fazer esta pergunta? 10. No enunciado: - Onde é que já se viu? Brinco no colégio, isso tinha de ser mesmo proibido! A palavra isso é um pronome relativo. A que se refere o pronome isso? 11. No enunciado: “Claro que não. Você é um idiota? Claro que não. Meninas podem usar brincos. Rapazes é que não podem. É coisa de efeminado.” Essa é a opinião do senhor, personagem da crônica. Você compartilha dessa opinião? Argumente. 12. Vamos imaginar que você seja a favor do uso de brincos. Que argumentos usaria para defender a sua opinião? 13. Os dois pontos ( : ) aparecem seis vezes no texto. A função deles é a mesma nas diversas passagens? Comente. 14. O travessão ( - ) também aparece várias vezes. Qual a função dele nas diversas passagens em que aparece no texto? Explique. 15. Releia o texto e localize o enunciado: “Os argumentos deixou-o perplexo e irritado”. O pronome o se refere a quem? 18. ” bucaneiros, até, e bandidos”. Qual o efeito de sentido do uso de até no enunciado? 19. No meio em que você vive ainda existe discriminação pelo uso de brincos? Você já foi discriminado por algum motivo? Comente. Atividade 2 Analisando o suporte jornal Professor: Nesta atividade você convidará os alunos a examinarem exemplares de jornais. Posteriormente, explicará sobre a composição do jornal, levando em conta as seções que o compõem: as semelhanças e diferenças entre elas quanto ao tamanho, à localização, à linguagem, ao interlocutor, à intenção ( informar, divertir, convencer...); - Solicitar aos alunos que anotem todas as seções que compõem o jornal; - Distribuir aos alunos, em dupla, cartões cada um com o nome de uma seção do jornal: editorial, internacional, política, cultura, sociedade, economia, classificados, esporte, policial, saúde, cidade, crônica, opinião do leitor. - Orientar a escolha e o recorte do texto do jornal relativo à seção de cada grupo, selecionando o conteúdo mais significativo e o formato mais interessante ou diferente; - Convidar a dupla a apresentar o texto escolhido, relatando qual o motivo da escolha do texto, relacionando o que leu, o conteúdo do texto lido e a função específica da seção; - Afixar uma folha de jornal, em branco, e pedir aos alunos que planejem a distribuição das seções no espaço; - Colar nas respectivas seções os textos selecionados, montando o formato de um jornal coletivamente; - Comentar que o jornal é um suporte de registro cotidiano; - Analisar com qual notícia o assunto da crônica encontrada no jornal está relacionado; Questionar aos alunos se eles já haviam analisado como se constituía um jornal e como a crônica se insere no jornal a partir das relações temáticas que mantém com a notícia. Aluno: Depois de observar como um jornal é constituído, sabendo que todo jornal apresenta informação e também opinião, direcionando a opinião do leitor, você acha que quem escreve para o jornal é livre para expor sua opinião sem se preocupar com a opinião que o jornal quer publicar? Então, o suporte influencia ou não no conteúdo dos textos? Unidade 3 Cada um é cada um Objetivos desta unidade: - Identificar as marcas e os recursos utilizados pelo autor na escrita da crônica; - Ler, interpretar e compreender os textos lidos; - Trabalhar aspectos linguísticos e discursivos dos textos lidos; - Possibilitar aos alunos que identifiquem a diversidade de estilo e linguagem entre autores de épocas diferentes. Professor: Nesta unidade identificaremos com os alunos os recursos utilizados pelos autores, a diversidade de estilo e linguagem entre autores de épocas diferentes, além dos aspectos organizacionais e discursivos. Trabalharemos também a leitura, a interpretação e a compreensão dos textos propostos. Nesta unidade haverá uma atividade específica para que os alunos exercitem sua oralidade a partir da vivência dos conteúdos. Aluno: Conheceremos nesta unidade, estilos, linguagens, e recursos utilizados pelos autores de diversas épocas na escritura de crônicas. Além disso, faremos leitura, interpretação e compreensão dos textos, abordando os aspectos de sua organização e também aspectos linguístico-discursivos. Além disso, nesta unidade, você terá atividades que proporcionarão oportunidades para que você exercite sua oralidade. Atividade 1 Atividade extraclasse Visita à Biblioteca do Colégio e também à Biblioteca Municipal para conhecer o acervo que estas têm no que se refere ao gênero CRÔNICA. a) O aluno pesquisará e trará uma crônica para sala de aula, como também a biografia do autor desta, mesclando textos de escritores cronistas do início do século como também de escritores contemporâneos. Atividade 2 Atividade em grupo em sala de aula. (Para essa atividade os alunos irão precisar de cartolina e pincel.) -Primeiramente formarão grupos com dois alunos; -Depois escolherão uma crônica por grupo daquelas que pesquisaram; -Em seguida farão uma tabela na cartolina conforme o modelo abaixo; Autor da crônica Título Situação do cotidiano Foco narrativo Espaço Ambiente do Estilo (tom) Pessoa verbo Características (físicas e Época psicológicas) Tema Assunto da personagem central Cenário Desfecho Fato criticado Opinião crítica do pelo autor aluno crônica. sobre a -Neste momento os alunos completarão a tabela usando a crônica escolhida com a ajuda mediadora do professor; - Dando prosseguimento à atividade os alunos apresentarão oralmente aos colegas suas respostas; -Logo após os alunos relatarão suas experiências e aprendizagens que tiveram com essa atividade por meio de uma roda de conversa comentando e comparando os aspectos abordados; - Finalizando a atividade, os alunos deixarão expostos seus cartazes para observação posterior, caso precisem de pesquisa no momento da elaboração de sua crônica. Atividade 3 Refletir sobre a notícia e a crônica: Leitura de uma notícia “Menina atacada por ratos corre risco de vida” e da crônica “Quem é o verdadeiro dono da casa.” Texto 1 Maus tratos Menina atacada por ratos corre risco de vida Menina está internada na UTI do Hospital Santo Antonio. Os médicos... Jornal Folha de São Paulo, 01/ 08/ 1993. Texto 2 Crônica: Quem é o verdadeiro dono da casa? Era tarde da noite quando ela voltou para a vila. Estava cansada, tinha tomado uns tragos, tudo o que queria era dormir. Mas alguma coisa chamou sua atenção: o movimento dos ratos. Rato era o que não faltava, na pequena casinhola de madeira, mas eles pareciam particularmente alvoroçados naquela noite. Dirigiuse à imunda enxerga onde dormia a filha, de 22 meses, e descobriu por que: um bando de roedores atacava a menina. Os dedos dos pés e das mãos roídos eram agora cotos, sangrentos. Com o grito da mulher os ratos fugiram; todos, menos um, que insolente, parecia disposto a enfrentá-la. Ela batia nele com um pau, sem resultado. Moacir Scliar, Jornal Folha de São Paulo, 01/08/1993. P.3-4 Conversando sobre o texto 1. No 1º parágrafo percebemos a presença do narrador-observador. Se o narrador fosse personagem, como poderia ser a narração do primeiro parágrafo? 2. O assunto da notícia e o assunto da crônica são os mesmos. Qual é este assunto? Na crônica, especificamente, qual é a crítica realizada? 3. O título do texto teria o mesmo sentido se fosse: Qual é o dono da casa? A palavra “verdadeiro” promove que efeito de sentido no título? Comente. 4. Procure no texto da crônica os recursos dos quais o autor se vale para mostrar: a) que a mulher aceitava sua condição miserável. b) que a família acreditava que somente ela era responsável por tal situação. 5. Considerando o parágrafo final do texto 2, como você explicaria o título do texto? 6. Quais elementos do 1º texto indicam que ele foi publicado em jornal? 7. Analisando o texto 2, o que podemos refletir sobre a personagem central quanto: a) Sua vida matrimonial: b) Sua vida trabalhista: c) Sua vida de mãe: d) Sua vida de cidadã: 8. “Era tarde da noite”. Que efeito de sentido o advérbio tarde traz para o enunciado? 9- No enunciado: “Com os gritos da mulher os ratos fugiram; todos, menos um, que insolente, parecia disposto a enfrentá-la.” Se for omitido o ponto e vírgula (;),o sentido será o mesmo? Comente. 9. E no enunciado: “...quando os médicos anunciaram que a criança tinha, pela primeira vez desde sua internação, chorado.” Qual o motivo das vírgulas ? Comente. 10. Analise estes dois enunciados: 1º “...quando os médicos anunciaram que a criança tinha, pela primeira vez desde sua internação, chorado.” 2º “Um bom sinal: estava recuperando as forças, em breve poderia até ter alta.” No 1º enunciado a expressão negritada é separada por duas vírgulas e no 2º é separado por dois pontos e por uma vírgula. Em ambos os enunciados, estas pontuações têm as mesmas funções? 11. No enunciado: “Por fim, já estavam até animados.” Que outra expressão poderia ser utilizada no lugar de por fim e dar-lhe o mesmo sentido. 12. “Ia cantando, feliz”. Qual o efeito de sentido do uso dessa vírgula? 13. No quinto parágrafo a personagem central faz duas perguntas. Caso você fosse ajudar esta pessoa, quais ações concretas você desenvolveria? 14. Analise o texto a seguir para responder a próxima questão: Constituição Federal de 1988 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: IV - Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/anotada/10209663/art-7-inc-iv-da-constituicao-federal-de-88 A personagem central da crônica é uma cidadã que usufrui de todos os direitos previstos na Constituição Federal, Lei Maior do Brasil? Inclusive o direito à moradia, previsto no “artigo 7º, inciso IV”?Comente e justifique. Constituição Federal Lei fundamental e suprema do país, a Constituição da República Federativa do Brasil, foi promulgada em 5 de outubro de 1988. Isto é, a Assembleia Constituinte, formado por deputados e senadores eleitos, escreveu e aprovou uma nova Constituição, que também pode ser chamada de Carta constitucional. A Constituição de 1988 pode ser considerada o auge de todo o processo de redemocratização brasileiro. Ela é a sétima versão na história da República. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm 15. Sabemos que quando efetuamos uma compra, parte deste dinheiro pago são impostos embutidos, assim indiretamente contribuímos com a educação, moradia, saúde... Como em sua comunidade estão sendo aplicados estes recursos? Comente. 16. O que se pode fazer para defender direitos previstos por lei, e muitas vezes não concedidos? 16- Na crônica de Moacyr é citado o “Conselho Tutelar”. Leia o texto abaixo para saber mais sobre o Conselho Tutelar. Ele está desenvolvendo sua verdadeira função em sua comunidade? Comente. O Conselho Tutelar é composto por cinco membros, eleitos pela comunidade para acompanharem as crianças e os adolescentes e decidirem em conjunto sobre qual medida de proteção para cada caso. Devido ao seu trabalho de fiscalização a todos os entes de proteção (Estado, comunidade e família), o Conselho tem autonomia funcional, não tendo nenhuma relação de subordinação com qualquer outro órgão do Estado. http://pt.wikipedia.org/wiki/Conselho_Tutelar 17. Leia agora o poema “O bicho” de Manuel Bandeira e analise sobre o comportamento da personagem da crônica e sobre o sentimento do eu lírico da poesia e responda: Quem nunca se deparou com uma cena como a descrita no texto de Manuel Bandeira? Lamentavelmente, esses fatos acontecem tão rotineiramente que muitos já nem se importam mais6 O Bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Manuel Bandeira http://www.jornaldepoesia.jor.br/manuelbandeira.html b) O que o eu lírico está relatando tem a ver com o que o narrador da crônica conta? Justifique 19. Reflita sobre a situação das personagens centrais da crônica e do poema e argumente a favor delas em prol de uma vida digna. Atividade 4 Identifique as marcas, os recursos utilizados pelo autor na escrita da crônica. As crônicas podem ser poéticas, recheadas de descrições líricas, bem humoradas, irônicas, críticas, políticas e cultural. Para melhor compreender um texto, é preciso saber de suas condições de produção. Leia os trechos das crônicas abaixo e também as biográficas dos autores contendo explicações sobre as características de suas obras. Relacione e descubra quem são seus autores por meio de sua biografia, seus estilos e da época em que viveram. 1) Peladas Esta pracinha sem aquela pelada virou uma chatice completa: agora, é uma babá que passa, empurrando, sem afeto, um bebê de carrinho, é um par de velhos que troca silêncios num banco sem encosto. E, no entanto, ainda ontem, isso aqui fervia de menino, de sol, de bola, de sonho: "eu jogo na linha! eu sou o Lula! no gol, eu não jogo, tô com o joelho ralado de ontem; vou ficar aqui atrás: entrou aqui, já sabe." Uma gritaria, todo mundo se escalando, todo mundo querendo tirar o selo da bola, bendito fruto de uma suada vaquinha. Oito de cada lado e, para não confundir, um time fica como está; o outro jogo sem camisa. “Peladas” Os melhores da crônica brasileira. Rio de janeiro: José Olympio, 1977. 2) A arte de ser avó Já a avó não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do imprevisto. Mora em outra casa. Traz presentes. Faz coisas não programadas. Leva a passear, "não ralha nunca". Deixa lambuzar de pirulito. Não tem a menor pretensão pedagógica. É a confidente das horas de ressentimento, o último recurso dos momentos de opressão, a secreta aliada nas crises de rebeldia. Uma noite passada em sua casa é uma deliciosa fuga à rotina, tem todos os encantos de uma aventura. Lá não há linha divisória entre o proibido e o permitido, antes uma maravilhosa subversão da disciplina. Dormir sem lavar as mãos, recusar a sopa e comer croquetes, tomar café, mexer na louça, fazer trem com as cadeiras na sala, destruir revistas, derramar água no gato, acender e apagar a luz elétrica mil vezes se quiser - e até fingir que está discando o telefone. Riscar a parede com lápis dizendo que foi sem querer - e ser acreditado! Cronistas modernos. Rio de Janeiro: Olympio, 2003 3) As Meninas-Moça Não sei quantos anos tem a moça, nem o leite da moça. Mas, desde que eu me entendo por gente, que tem uma lata por perto. Com aquela moça com jeitão de suíça (se for búlgara, não faz a menor diferença). Embaixo, está escrito: indústria brasileira. Sim, não tem nada mais brasileiro do que o sempre bem-vindo leite condensado. Qualquer que seja a sua idade. Sabe com o que as gordinhas sonham nos spas? Com elas. As latinhas condensadas. Não uma, que não sacia. Muitas moças, muitos leites moça. Um furinho de cada lado, um maior onde vai a boca. E é só chupar que a moça entra dentro de você. Jornal O Estado de S. Paulo, 07/04/1999 4) O criado-mudo Tudo começou quando resolvi me mudar do décimo para o quarto andar, aqui mesmo, neste edifício da Alameda Franca. Um carrinho de supermercado seria o suficiente. Queria fazer lá embaixo um lar, já que isso aqui virou um vício. E, como todo vício, tesão! Lá no quarto andar, tem quatro apartamentos. Eu não conhecia ainda os vizinhos quando o fato se deu. Passei o dia levando coisas lá para baixo. Há dois dias faço isso, ajudado pela Cristina. Uma das últimas viagens e lá ia eu com a Cris ao lado, descendo pelo elevador. Carregávamos o criado-mudo. O criado-mudo tem uma gavetinha. Filho é bom, mas dura muito. São Paulo:Maltase,1995 5) Quem sou eu? Nesta altura da vida já não sei mais quem soua Vejam só que dilema!!! Na ficha da loja sou cliente, no restaurante freguês, quando alugo uma casa inquilino, na condução passageiro, nos correios remetente, no supermercado consumidor. Para a receita federal contribuinte, se vendo algo importado contrabandista. Se revendo algo, sou muambeiro, se o carnê está com o prazo vencido inadimplente, se não pago imposto sonegador. Para votar eleitor, mas em comícios massa, em viagens turista, na rua caminhando pedestre, se sou atropelado acidentado, no hospital paciente. Nos jornais viro vítima, se compro um livro leitor, se ouço rádio ouvinte. http://aaliyahrj-palavrasaovento.blogspot.com.br/2012/06/dica-de-leituracronicas-de-luis.html 5) A cobrança Ela abriu a janela e ali estava ele, diante da casa, caminhando de um lado para outro. Carregava um cartaz, cujos dizeres atraíam a atenção dos passantes: "Aqui mora ― Você não uma pode devedora fazer isso comigo inadimplente". ― protestou ela. ― Claro que posso ― replicou ele. ― Você comprou, não pagou. Você é uma devedora inadimplente. E eu sou cobrador. Por diversas vezes tentei lhe cobrar, você não ― Não paguei porque não pagou. tenho dinheiro. Esta crise... ― Já sei ― ironizou ele. ― Você vai me dizer que por causa daquele ataque lá em Nova York seus negócios ficaram prejudicados. Problema seu, ouviu? Problema seu. Meu problema é lhe cobrar. O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2001. Autores 1) Nascido em Porto Alegre e filho do também escritor 17. Érico Veríssimo, Luis Fernando Veríssimo é famoso por suas crônicas cheias de ironia humorística, mais precisamente de sátiras de costumes. Além de escritor, ele também é jornalista, publicitário, cartunista e tradutor. Entre suas paixões, estão a família, o time de paixão, Internacional de Porto Alegre, e o jazz sendo praticamente inseparável de seu saxofone. 2) Rachel de Queiroz – CE (1910- 2003). Foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Publicou 23 livros individuais e quatro em parceria. Traduziu 45 obras para o português, sendo 38 romances. Colaborou semanalmente com crônicas no Jornal O Estado de S. Paulo. Escreveu mais de duas mil crônicas e a maioria delas, apresenta como pano de fundo, o regionalismo, a realidade, retratos pitorescos do povo e imagens exatas da cidade do Ceará, sua terra natal, e do Rio de Janeiro. 3) Mário Alberto Campos de Morais Prata- MG (1946-). Trabalhou em jornais, escreveu editorias, reportagens e artigos. Entre seus livros podem-se citar: “O morto que morreu de rir; Preto no Branco e 100 crônicas. Além de livros, escreveu novelas, roteiros, peças para teatro e por meio desse vasto trabalho recebeu prêmios internacionais e nacionais. Usa linguagem leve e coloquial, e gírias num estilo jovem e dinâmico que dá fôlego a seus textos. Aborda com freqüência temas como Internet, maconha e outros que o aproximam do público jovem. É extremamente criativo, inventa metáforas cômicas e inusitadas, e brinca com ditados populares e lugares-comuns invertendo seu sentido em favor do humor e de uma maior aproximação com o leitor. 4) Moacyr Scliar- RS, (1937-). As crônicas de Scliar têm como temática os fatos do cotidiano noticiados em jornal ou ouvidos na rua. Elas se caracterizam pelo humor fino e refinado, pela preferência por temas sociais e pelas tensões. Usa muito o absurdo que serve, quase em surdina, para a crítica social, a condenação das vaidades humanas, a reflexão sobre as armadilhas da vida moderna. Mas, seja em seus mergulhos no absurdo, seja na captação do cotidiano, o cronista nunca perde o poder de se comunicar com o leitor, através de uma linguagem clara, coloquial, sem rebuscamentos, a linguagem do povo, mas depurada por uma rígida disciplina. É membro da Academia Brasileira de Letras desde 2003. 5) Armando Nogueira- AC, (1927-). Formado em direito, começou em 1950, a carreira de jornalista. Foi repórter, redator, e colunista. Fez a cobertura de todas as copas do mundo a partir de 1954. Iniciou o no telejornalismo em 1959. Atualmente colabora em diversos jornais e mantém programa em uma emissora de televisão. Autor de diversos livros, todos sobre esporte. Criou uma abordagem nova do futebol, aproximando-se mais do leitor a partir de uma consciência artesanal que envolve suas crônicas, com uma força imagística, poética, carga épica e dramática. Armando escreveu crônicas para o jornal e só depois elas foram publicadas em seu livro “Os melhores da crônica brasileira” (Rio de Janeiro: José Olympio, 1977). Atividade 5 Reflita com os alunos sobre as múltiplas escritas que podem ocorrer sobre o mesmo tema ou assunto. E as múltiplas leituras que este texto terá a partir do momento que chegar até o leitor, apresentando aos alunos a crônica “Os diferentes estilos” de Paulo Mendes Campos e o “Poema tirado de uma notícia de jornal” de Manuel Bandeira. Na crônica de Paulo Mendes Campos, em cada “estilo”, ocorre uma paródia não de um texto específico, mas sim uma imitação de um modo de falar, ou seja, de um estilo. Os diferentes estilos Narra-se aqui, em diversas modalidades de estilo, um fato comum da vida carioca, a saber: o corpo de um homem de quarenta anos presumíveis é encontrado de madrugada pelo vigia de uma construção, à margem da Lagoa Rodrigo de Freitas, não existindo sinais de morte violenta. Estilo interjetivo - Um cadáver! Encontrado em plena madrugada! Em pleno bairro de Ipanema! Um homem desconhecido! Coitado! Menos de quarenta anos! Um que morreu quando a cidade acordava! Que pena! (...) Estilo antimunicipalista - Quando mais um dia de sofrimentos e desmandos nasceu para esta cidade tão mal governada, nas margens imundas, esburacadas e fétidas da Lagoa Rodrigo de Freitas, e em cujos arredores falta água há vários meses, sem falar nas freqüentes mortandades de peixes já famosas, o vigia de uma construção (já permitiram, por debaixo do pano, a ignominiosa elevação de gabarito em Ipanema) encontrou o cadáver de um desgraçado morador desta cidade sem policiamento. Como não podia deixar de ser, o corpo ficou ali entregue às moscas que pululam naquele perigoso foco de epidemias. Até quando? Estilo reacionário - Os moradores da Lagoa Rodrigo de Freitas tiveram na manhã de hoje o profundo desagrado de deparar com o cadáver de um vagabundo que foi logo escolher para morrer (de bêbedo) um dos bairros mais elegantes desta cidade, como se já não bastasse para enfear aquele local uma sórdida favela que nos envergonha aos olhos dos americanos que nos visitam ou que nos dão a honra de residir no Rio. (...) Paulo Mendes Campos. Para gostar de ler, vol. 4. São Paulo, Ática, 1979. 2º texto Poema Tirado de uma Notícia de Jornal João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número Uma noite ele chegou ao bar Vinte de Novembro Manuel Bandeira. Antologia poética. Rio de Janeiro, José Olympio, 1982 Comente com os alunos que os dois textos: a crônica e o poema trazem praticamente o mesmo assunto, mas com uma maneira particular de expressar. Pode-se designar uma personagem de várias maneiras: um cadáver, um homem morto, um ser humano abandonado, um corpo estendido no chão, um presunto, uma vida que se esvai para sempre etc. A escolha do estilo depende do objetivo de cada narrador e do modo pessoal que ele usa para expressar suas idéias a partir de um mesmo acontecimento. Aluno: Escreva também um parágrafo sobre o assunto mostrando seu estilo parodiando o conteúdo do texto ”Os diferentes estilos” de Paulo Mendes Campos. Agora leia seu texto aos colegas e perceba também o estilo deles. Unidade 4 Um novo jeito de olhar Objetivos desta unidade: - Ler, interpretar e compreender a crônica lida; - Instigar os alunos sobre a construção e a escrita de uma crônica; - Apresentar excertos de uma crônica, refletir sobre cada um deles e organizá-los: A crônica utilizada será “O Homem nu” de Fernando Sabino. - Estimular os alunos para a escrita de uma crônica; - Trabalhar os aspectos linguísticos e discursivos dos textos, como também a estrutura composicional, o conteúdo temático, e o estilo; - Pesquisar crônicas e autores de diferentes épocas e estilo; - Trabalhar características na composição de uma crônica; Professor: Nesta unidade será organizada uma crônica junto com os alunos, como se fosse um quebra-cabeça. A crônica será “O homem nu” de Fernando Sabino. Os alunos serão provocados refletir sobre o tema, a descobrir como será a próxima parte da crônica e assim sucessivamente até organizá-la por completo. Durante esta atividade serão trabalhados os aspectos estruturais, linguísticos, discursivos, o estilo e a compreensão do texto. Aluno: Nesta unidade vocês organizarão uma crônica: “O homem nu” de Fernando Sabino. Refletirão sobre a temática, sobre a construção e sobre as possibilidades de desenvolvimento do texto. Dessa forma, aprofundarão seus conhecimentos quanto a esse gênero. Atividade 1 Desafiando a turma a) Primeiramente os alunos conhecerão um pouco de Fernando Sabino, para entenderem melhor seu estilo. Depois receberão parte por parte do texto, sendo que em cada uma serão feitos alguns questionamentos sobre a estrutura da crônica, estilo, aspectos linguísticos, aspectos discursivos, análise linguística e compreensão da mesma. Biografia Fernando Tavares Sabino nasceu em Minas Gerais, em 12/10/1923 e faleceu em 11/10/2004. Durante a adolescência, foi locutor de programa de rádio Pila No Ar e começou a colaborar regularmente com artigos, crônicas e contos em revistas da cidade, conquistando prêmios em concursos.No início da década de 1940, começou a cursar a Faculdade de Direito e ingressou no jornalismo como redator da Folha de Minas. O primeiro livro de contos, Os grilos não cantam mais, foi publicado em 1941, no Rio de Janeiro quando o autor tinha apenas dezoito anos, e sendo que alguns contos do livro foram escritos quando Fernando Sabino tinha apenas quatorze anos.Mudouse para o Rio de Janeiro em 1944. Depois de se formar em Direito na Faculdade Federal do Rio de Janeiro em 1946. Iniciou uma produção diária de crônicas para o Jornal do Brasil, escrevendo mensalmente também para a revista Senhor. Em 1960, Fernando Sabino publicou o livro O homem nu, pela Editora do Autor, enttre tantas outras obras. Faleceu em sua casa em Ipanema (zona sul no Rio de Janeiro), às vésperas do 81º aniversário. A pedido, o epitáfio é o seguinte: "Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino!" http://www.releituras.com/fsabino_bio.asp Dando continuidade ao trabalho, será entregue aos alunos o título da crônica:” O homem nu” de Fernando Sabino. 1ª parte: Título da crônica: “O Homem Nu” Fernando Sabino 1ª Seção de questionamentos: a) Conhecendo um pouco de Fernando Sabino e o título, sobre o que possivelmente a crônica tratará? b) Qual poderá ser o tema abordado? c) Se o título do texto fosse: “Um homem nu”. O sentido seria o mesmo? Explique? d) Qual a importância de conhecer um pouco o autor para compreender um texto? Comente. 2ª parte: Do 1º ao 4º parágrafo Ao acordar, disse para a mulher: — Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum. 2ª Seção de questionamentos: a) O pedido do marido será atendido? b) Sabemos que na maioria das vezes mascaramos a verdade para não ofender ou contrariar alguém. Já aconteceu alguma vez isso com você, de precisar mentir ou omitir? Qual sua opinião sobre isso? c) O que poderá acontecer agora? d) Qual o sentido da conjunção mas no enunciado: ‘Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro...” Esta conjunção poderia ser trocada por porém sem haver alteração do sentido no enunciado? Comente. 3ª parte: 5º parágrafo Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. 3ª Seção de questionamentos: a) O autor anuncia um problema. Qual é esse problema? b) O homem foi irresponsável em seu ato?Fale de atos irresponsáveis que você ou alguém já cometeu? c) O que você acha de pessoas que cometem atos impensáveis que prejudicam outras pessoas? Comente. d) Analise a palavra até nestes dois enunciados: “ ...antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho...” “Ele deixou cair até o embrulho dos presentes.” A palavra “até” tem o mesmo sentido nos dois enunciados? e) Qual o foco narrativo usado no texto? 4ª parte: Do 6º ao 11º parágrafo Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. 4ª Seção de questionamentos: a) Escreva a primeira parte deste trecho do texto como se fosse um narrador– personagem. b) Será que a mulher vai abrir a porta? Ou ele terá que tomar outra atitude? Qual será a atitude que ele irá tomar agora? c) Qual o tempo verbal utilizado neste trecho? d) Qual o motivo da personagem chamar a mulher em voz baixa? e) Alguém irá vê-lo nu? Quem? 5ª parte: Do 12º ao 14º parágrafo Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. 5ª Seção de questionamentos: a) O que poderá acontecer agora com ele? Qual a próxima atitude que ele deverá tomar? c) Por que ele ficou tão apavorado quando o elevador começou a descer? d) Poderia se empregar no lugar da palavra MAL, “em mal ensaiado” a palavra MAU? Explique. 6ª parte: Do 15º ao 18º parágrafo E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror! 6ª Seção de questionamentos: a) Sabemos que a cônica narra um acontecimento de curta duração. Quanto tempo durou esta história até agora? b) Qual o conflito que desencadeou esta situação? c) O espaço no qual se desenvolve esta história é num prédio, entre o apartamento, o corredor e o elevador. Como é o ambiente desta história? d) No enunciado: “Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força- entre andares- obrigando-o parar” A que se referem os pronomes negritados: “se, a, o”. Por que o autor utilizou destes pronomes neste enunciado? e) Quem abriu a outra porta atrás do homem nu? 7ª parte Do 19º ao 22º parágrafo Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho: 7ª Seção de questionamentos: a) Qual poderá será atitude da senhora? b) Quantas orações possuem neste enunciado: “A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:” Como sabemos disso? d) Qual a função das vírgulas neste mesmo enunciado: “A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito.” Explique. e) Qual a função das reticências no enunciado: “Imagine que eu...” 8ª parte Do 23º ao 28º parágrafo E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha: — Tem um homem pelado aqui na porta! 8ª Seção de questionamentos: a) Quais vizinhos pronunciaram estas falas: * “– Não olha não! Já para dentro minha filha!” * “É um tarado!” * “- Olha, que horror!” b) Se ele morava no prédio por que as pessoas agiram chamando a polícia como se ele fosse um estranho? Comente. c) Quais as características da linguagem utilizada em toda crônica? Comprove com expressões tiradas do texto. e) Qual poderá ser o desfecho desta história? 9ª parte Do 29º ao 31º parágrafo Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. O texto acima foi publicado no livro "Crônicas Escolhidas”, Editora Ática – São Paulo, 1994, pág. 13, e extraído do livro "As Cem Melhores Crônicas Brasileiras", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2007, pág. 27, organização e introdução de Joaquim Ferreira dos Santos. 9ª Seção de questionamentos: a) Qual a crítica abordada pelo autor nesta crônica? Comente. b) Qual o estilo usado pelo autor nesta crônica? c) “Ele entrou como um foguete...” Esta expressão é uma figura de linguagem chamada de comparação. O que essa expressão significa no texto? Que outras expressões poderiam ser usadas no lugar desta e dar o mesmo sentido ao enunciado? d) As suas respostas corresponderam ao texto ou foram muito diferentes? f) O desfecho poderia ser diferente. Qual? Unidade 5 Trocando ideias Objetivos desta unidade: - Produzir coletivamente um texto do gênero crônica levando em conta três aspectos que se inter-relacionam e se completam: os elementos lingüísticos, ou seja, a escolha lexical que garante a precisão e a coerência, e aspectos gramaticais, como a concordância, ortografia, etc.; os elementos de textualização, que envolvem aspectos de textualidade (coerência, coesão, informatividade, etc.) e de sequenciação do texto; e os elementos da situação, ou seja , a conformidade do texto como a características do gênero escolhido, a adequação ao interlocutor previsto, a adequação ao suporte, etc. - Reescrever o texto modificando se necessário os elementos lingüísticos, de textualização, e de situação até que ele atenda plenamente aos objetivos do projeto que o concebeu. - Estimular os alunos a ler, analisar e a serem interlocutores de si no momento de revisão e reescrita do texto. Professor: Agora é a hora do aluno colocar em prática o que aprendeu. Primeiramente os alunos escreverão uma crônica de maneira coletiva e a reescreverão até que ela atenda aos objetivos propostos. Lembrando que é fundamental preservar a voz do autor. Aluno: Você agora é o escritor, ordene as informações, identifique o que precisa contar, decida o que contar, substitua e refina a escrita, para que o texto atenda um leitor real, o suporte, e o local de circulação social. Atividade1 Hora de escrever Esta atividade consiste em dar continuidade ao texto de um cronista consagrado Luís Fernando Veríssimo. Mostre aos alunos apenas o primeiro parágrafo da crônica já publicada. Peça-lhes que se coloquem no lugar do cronista, mas que possam assumir seu lugar enquanto autores e a completem de forma coerente. Peça que analisem como cada autor inicia sua crônica, pois uma das grandes dificuldades de qualquer escritor é começar o texto; Lembre aos alunos que cada um tem seu estilo, por isso não precisam se preocupar em seguir o estilo do autor da crônica original; Faça uma leitura coletiva do primeiro parágrafo desta crônica, retomando as marcas próprias e os recursos linguísticos utilizados no gênero. Amigos Os dois eram grandes amigos. Amigos de infância. Amigos de adolescência. Amigos de primeiras aventuras. Amigos de se verem todos os dias. Até mais ou menos os vinte e cinco anos. Aí, por uma destas coisas da vida- e como a vida tem coisas!-, passaram muitos anos sem se ver. Até que um dia. Luis Fernando Veríssimo. Comédias da vida privada. Porto Alegre, L&PM,1994. p.137. Lembre à turma de que o ponto de partida para a escrita da crônica é o próprio acontecimento relatado no cotidiano e o cronista vai colocar a sua visão pessoal do fato, acrescentando uma dose de ficção, lirismo ou mesmo de humor. Direcione o trabalho para seleção de situações que possam contribuir para dar o tom literário para a elaboração do texto de forma critica. Planeje com os alunos a escrita da crônica, por meio das seguintes perguntas: a) Qual será foco narrativo?(autor-observador ou autor-personagem); b) Quem serão as personagens? c) Como vai desenrolar a narrativa?( o elemento surpresa, que pode ser tanto uma personagem quanto a descoberta de uma situação inusitada); d) Onde o fato vai acontecer?(em que cenário ocorreu a situação); e) Qual será o estilo?( humorístico, lírico, irônico, crítico); f) E o desfecho? ( aberto, conclusivo, surpreendente); g) E o autor do texto? (autor-personagem ou autor-observador); h) E o tempo? (lembre que a crônica se passa em um curto espaço de tempo: minutos, horas); i) Questione com os alunos qual o melhor jeito de escrever para se aproximar do leitor. No caso; a comunidade escolar j) Retome com eles a situação de comunicação ( quem fala, de que fala, com que objetivo,de que lugar, para quem) e os elementos próprios do gênero; Sabendo que a escrita coletiva exige muitas idas e vindas ao texto, divida o quadro negro. Ouça as propostas dos alunos e ajude-os a transformar as ideias apresentadas oralmente; Anote no quadro, num dos lados as idéias dos alunos, no outro o parágrafo redigido; Instigue os alunos com perguntas: (Podem ser usadas estas perguntas como outras nesse sentido.) Como poderemos dar continuidade a essa situação do cotidiano? Vocês acham que o texto está ficando com cara de crônica? A linguagem é simples, como se fosse uma conversa com o leitor? Como podemos reescrever este parágrafo para que as frases não sejam tão explicativas, mas demonstrem a emoção do autor, despertando a imaginação, envolvendo o leitor; Poderiam ser inclusos diálogos entre os personagens da trama para envolver o leitor no enredo? Vocês não acham que deveria apontar outras características do personagem? Falta alguma coisa? O quê? Peça aos alunos que copiem os parágrafos redigidos nos cadernos; Solicite a um dos alunos que faça o registro da crônica em papel Kraft, para uso posterior; Releia com os alunos cada parágrafo produzido para verificar o encadeamento do texto e faça as alterações necessárias; À medida que o texto for sendo reescrito, recomende aos alunos relê-los, para verificar a unidade, a coerência e a coesão do texto; Estimular os alunos a ler, analisar e criticar o próprio texto; Estimule a participação de todos, evitando somente as dos que tem mais facilidade para se expressar; Deixe a decisão final para os alunos, o texto é deles, você pode mediar, mas eles são os autores; É na inteiração entre professor e alunos, alunos e alunos que o texto vai se organizando, ganhando sentido. Atividade 2 Aprimoramento da crônica Depois que o texto estiver finalizado parágrafo por parágrafo, é necessário uma revisão do texto como um todo; Cole o papel Kraft no quadro negro com o texto redigido, releia-o e faça os ajustes finais com os alunos; Ouça os alunos e faça-os refletirem mais uma vez sobre os aspectos citados no quadro abaixo, aprimorando o texto até a versão definitiva; Observe: - As peculiaridades do gênero; - A estrutura do texto; - A coerência no desenvolvimento das ideias; - Se o nível de informação corresponde às características do leitor pretendido: - Os recursos de coesão utilizados; - Se a variedade linguística e o registro escolhido são adequados ao tema, ao objetivo e à situação interlocutiva; - Ortografia; -Pontuação. Diagnostique os problemas e ajuste-os com a ajuda dos alunos; Depois de pronto, escolha um título para a crônica com os alunos que pode ser a combinação de várias propostas dadas por eles; Fale com os alunos sobre a importância de se aprender a avaliar o próprio texto, de reescrevê-lo até que esteja de acordo com a finalidade daquele tipo de produção. Atividade 3 Comparando sua crônica Projetar a crônica: “Os amigos” de Luís Fernando Veríssimo na íntegra; Ler com os alunos; Retomar as marcas próprias da crônica e os recursos linguísticos utilizados; Peça aos alunos que anotem em seus cadernos diferenças e semelhanças entre o que eles escreveram e a crônica pelo autor Luís Fernando Veríssimo; Em uma roda de conversa peça que apresentem as diferenças e semelhanças encontradas na escrita. Estas serão anotadas no quadro para que analisem se todos tiveram as mesmas percepções; Faça-os refletir sobre a importância de serem autores, de assumirem esse papel. Unidade 6 O cronista agora é você Objetivos desta unidade: -Orientar o aluno a redigir uma crônica individualmente atentando-se para o léxico e os recursos linguísticos adequados ao gênero crônica, ao leitor e à finalidade do texto, cuidando dos aspectos normativos, como ortografia, pontuação e concordância, e dos aspectos relativos à unidade textual, como coerência e coesão. -Estimular o aluno a desenvolver sua capacidade crítica, identificando no texto os aspectos que comprometem a coerência ou a coesão textual e os elementos adequados e inadequados ao seu objetivo, ao interlocutor e ao gênero, encontrando alternativas para melhorá-lo. - Estimular o aluno a compreender que sua autoria, seu estilo, não podem ser renegados, porque é importante criar e não seguir modelos. Professor: Nesta unidade você será o mediador do processo de produção do aluno. Este ato implicará em realizar e articular diversas tarefas em conjunto, como “planejar o texto” em função dos objetivos, do leitor visado, das especificidades do gênero e/ ou suporte; “escrever articulando conhecimentos linguísticos” (gramaticais, de pontuação, paragrafação, convenções de como reproduzir a fala das personagens); revisar o texto refletindo sobre o projeto que o concebeu. Aluno: Nesta unidade vocês irão produzir uma crônica. Vimos que escrever é um trabalho minucioso e consistente do escritor. São inúmeras escritas, leituras, reescritas, antes que o texto chegue às mãos do leitor, mas vocês terão a intervenção mediadora do professor que criará condições para que possam aprender a se deslocar para o lugar de leitor do próprio texto, sobre os objetivos e, assim, identificar o que precisa ser modificado, para que a escrita ganhe qualidade e você ganhe confiança. Atividade1 Agora é a sua vez: Agora os alunos produzirão individualmente a crônica que será aperfeiçoada com a mediação do professor. Elas devem ser aprimoradas já que serão reunidas num livro de crônica que ficará na biblioteca para a apreciação de todos. Pedir aos alunos que tragam para sala de aula notícias publicadas em diversos jornais; Organize com eles um varal com essas notícias e convide-os a lê-las; Peça-lhes que as analisem e escolham entre elas uma que, na opinião deles, possa originar uma boa crônica; Diga aos alunos que escreverão uma crônica individualmente; Em seguida, peça-lhes que escolham entre os fatos noticiados em jornal uma situação que mereça uma boa crônica e justifiquem a escolha; Relembre a situação de comunicação: o que escrevo, para quem escrevo, com que objetivo, sobre o que escrevo, qual o suporte e em que espaço a produção irá circular; Valorize as aprendizagens conquistadas e deseje boa escrita; Atividade 2 Aperfeiçoando o texto Escolha um texto de um aluno para ser analisado e aperfeiçoado com o consentimento dele e passe-o em papel kraft; Para a revisão e aprimoramento do texto é interessante que questione com os alunos: Se o lugar e o tempo onde ocorreu o fato, refletem realmente o acontecimento da notícia; Se o texto reporta significativamente o aspecto escolhido do cotidiano; Se a situação de produção própria da crônica foi desenvolvida; Se o objetivo proposto da crônica foi cumprido, como refletir sobre a realidade, se houve criticidade no texto; Se a linguagem e o estilo utilizados estão coerentes com o gênero crônica; Se a organização geral do texto está de acordo com o tipo de crônica escolhido; Se todos os elementos da narrativa: personagem, cenário, tempo, clímax, conflito, desfecho foram bem desenvolvidos; Se há problemas de morfossintaxe, de ortografia, de acentuação e de pontuação a serem resolvidos; Se o título foi bem elaborado; Se o desfecho é surpreendente, mobiliza o leitor; Se os recursos de linguagem estão adequados ao estilo proposto. Faça uma roda de conversa com os alunos para uma melhor interação; Use a tabela acima para a correção do texto escolhido do aluno; Faça as orientações necessárias de maneira resolutiva ou interativa para que o aluno possa ter baliza à reescrita do texto. Atividade 3 Revisando o próprio texto: Agora o aluno irá aperfeiçoar o próprio texto. Peça aos alunos que sentem em dupla para correção; Orientados sobre os critérios a serem observados, peça que revisem e aperfeiçoem suas escritas; Com esta atividade os próprios alunos podem ler, analisar e criticar o texto do colega, sugerir mudanças, questionar trechos que não estejam tão claros sobre o que dizer. Na condição de leitores, os alunos geralmente são tão ou mais críticos em relação ao texto do colega, do que em relação ao próprio texto. O aluno escritor, por sua vez, tendo leitores, verá mais sentido em aprimorar seu texto de acordo com o público. E assim o papel do professor será o de mediar o ensinoaprendizagem. Em seguida o professor recolherá as crônicas dos alunos, lerá os textos individualmente e fará um levantamento dos problemas existentes de cada uma, anotará na própria folha do texto escrito os problemas ainda encontrados e dará sugestões para o aperfeiçoamento de forma interativa, levando o aluno a ser autor. Atividade 4 Em sala de aula novamente o professor devolverá as crônicas e auxiliará de forma mediadora uma nova correção, agora individualmente; A fim de que chegue ao gênero pretendido o professor precisa auxiliar os alunos no processo de revisão, solicitando a releitura e reelaboração da produção textual, diagnosticando possíveis intervenções durante todo esse processo. Fazendo com que o aluno perceba que a prática de planejar, escrever, revisar, e reescrever seus textos é antes de qualquer coisa uma maneira do autor refletir sobre seus pontos de vista, sua criatividade, sua imaginação ao analisar seu texto conforme as condições de sua produção. Finalizando esta etapa, é necessário que o professor atenda aos alunos individualmente, seja na hora atividade, para que possa fazer as correções finais, já que as crônicas serão colocadas em circulação; Cada aluno também produzirá uma pequena biografia que será escrita em sua crônica, para que todos que a leiam, saibam um “pouquinho” do autor da mesma; Agora é o momento de fazer uma avaliação com os alunos sobre o percurso realizado. Lembrando que: É imprescindível que a avaliação da leitura e escrita de crônicas seja um processo de aprendizagem contínuo e dê prioridade à qualidade e ao desempenho do aluno ao longo do desenvolvimento das atividades. Houve aprendizagem significativa em relação ao gênero crônica? O que esta aprendizagem pode ajudar na aprendizagem da leitura e escrita de outros gêneros? Em qual sentido a leitura e a escrita pode melhorar a vida política social de cada um? As crônicas ficarão expostas no pátio do colégio e serão convidados pais, responsáveis, professores e alunos de outras turmas, enfim, toda comunidade escolar para a apreciação das mesmas; Depois estas produções farão parte de um livro de crônicas que ficará exposto na biblioteca para acesso da comunidade escolar. Considerações Finais Sabendo da importância da leitura e da escrita para a inserção social e cultural do indivíduo na sociedade é relevante que o professor selecione diversos textos para os seus alunos e o gênero crônica sendo dialógico, responsivo e interlocutivo reforça tal objetivo, pois tem como linguagem predominante o relato, constituindo uma representação de experiências vividas, situadas no tempo, envolvendo a documentação e a memorização de acontecimentos humanos, com tom despretensioso, às vezes poético, às vezes filosófico, às vezes divertido, mas sempre crítico. A crônica é um gênero discursivo que pela sua mutabilidade, flexibilidade, plasticidade e pela função dialogal possibilitam ao indivíduo interagir criticamente com seu meio. Lendo e escrevendo crônicas daremos conteúdo ideológico e vivencial ao texto e trabalharemos a palavra com o sentido que o contexto social e histórico lhe atribui, dessa forma o sentido do discurso depende do ponto de vista daquele que fala no ato da elaboração e daquele que ouve no ato da recepção. Finalizamos com essa reflexão de Bakhtin: “Na realidade, não são palavras o que pronunciamos ou escutamos, mas verdades ou mentiras, coisas boas ou más, importantes ou triviais, agradáveis ou desagradáveis, etc.” (BAKHTIN, 1992, p.81). REFERÊNCIAS ANTUNES, Irandé. Aula de Português: encontro & inteiração. São Paulo: Parábola Editorial, 2003. BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. ___________. Marxismo e filosofia da linguagem. 9ª ed. São Paulo: Hucitec, 1999. BANDEIRA, Manuel, disponível em <http://www.jornaldepoesia.jor.br/manuelbandeira.html> acesso em 06 de outubro de 2012. BANDEIRA, Manuel. Antologia poética. Rio de Janeiro, José Olympio, 1982. BERTIN, T. C. H., Borgatto, A. M. T., e Marchezi, V. L. C.Viagem Nestlé pela Literatura, Fundação Nestlé de Cultura, Ano 6, São Paulo 2004. BONATELLI, I., CHIAPPINI, L., CITELLI, H.B. e GERALDI, J. W. Aprender e ensinar com textos. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1998. CAMPOS, Paulo Mendes. Para gostar de ler, vol. 4. São Paulo, Ática, 1979. CENPEC. Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Leitura e Ação Democrática, Olimpíada de Língua Portuguesa- Escrevendo o Futuro, Crônica, 9º ano do Ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio. São Paulo, Anos 2009 e 2010. Comédias da vida privada. Porto Alegre, L&PM,1994. Conselho Tutelar<http://pt.wikipedia.org/wiki/Conselho_Tutelar> Acesso em 10 de outubro de 2012. Constituição da república Federativa do Brasil de 1988.Disponível em<http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/anotada/10209663/art-7-inc-iv-daconstituicao-federal-de-88> acesso em 06 de outubro de 2012> Constituição da república Federativa do Brasil de 1988.Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>Acess o em 06 de outubro de 2012 Crônica Namorados disponível em <http://www.edukbr.com.br/leituraeescrita/leitura_escrita.asp?Id=9&Area=EsquinaDo sPersonagens&TipoIJ=1> Acesso em 09 de setembro de 2012. Cronistas modernos. Rio de Janeiro, Olympio, 2003 Elenco de cronistas por Drummond de Andrade e outros. Rio de janeiro: José Olympio, 1974. Entrevista com Moacyr Scliar e Luis Fernando Veríssimo. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=jQVvKZQ9jOo&feature=related> Acesso em 19 de setembro de 2012 Falemos das flores (1855), in: Ao correr da pena. 2ª ed. São Paulo: Melhoramentos, s.d.. FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. São Paulo, Ática, 1991 (Coleção Princípios). Filho é bom, mas dura muito. São Paulo, MALTASE, 1995 GERALDI, J. W. Portos de passagem. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. Imagem. Disponível em: <http://www.educacao.pr.gov.br/>acesso em 9 de outubro de 2012 JESUS de C. A. Reescrevendo o texto: a higienização da escrita In. GERALDI J. W. , CITELLI B. Ensinar e aprender com textos de alunos. São Paulo. Cortez, 1997. p. 99-117 JORNAL, Folha de São Paulo, São Paulo LOPEZ, T. P. A. A crônica de Mário de Andrade: impressões que historiam. In. CANDIDO, A. et. al. A crônica; o gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil. Campinas, SP: Cabral: SP: Ed. Unicamp; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1992. MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2005. Memórias da Rua do Ouvidor. Rio de Janeiro: Tip. Perseverança, 1878. MENEGASSI, R. J. ; ANGELO, C. M. P. Conceitos de leitura. In: MENEGASS, R. J. (org.). Leitura e ensino (Formação de Professores EAD, 19). Maringá: EDUEM, 2005. MENEGASSI, R. J. Conceitos de leitura. In: MENEGASS, R. J. (org.). Leitura e ensino (Formação de Professores EAD, 19). Maringá: EDUEM, 2005 O cego de Ipanema. Rio de janeiro: Editora do Autor, 1960 Os melhores da crônica brasileira. Rio de janeiro: José Olympio, 1997. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica, 2008. PERFEITO, A. M. Concepções de Linguagem, Teorias Subjacentes e Ensino de Língua Portuguesa. In: Concepções de linguagem e ensino de língua portuguesa (Formação de professores EAD, 18). V.1. 1. Maringá: EDUEM, 2005. PERNAMBUCO, J. Coletânea de Textos para Aulas e Oficina de Redação, PósGraduação “Lato Sensu” em Língua Portuguesa, Batatais, 1997. SÁ, J. A crônica. São Paulo: Ática, 1997. SABINO, Fernando Tavares. Disponível em: http://www.releituras.com/fsabino_bio.asp acesso em 06 de outubro de 2012. SANTOS J. F. As Cem Melhores Crônicas Brasileiras, Objetiva: Rio de Janeiro, 2007. SCLIAR, Moacyr Jaime. Disponível em:<http://www.releituras.com/mscliar_bio.asp>acesso em 06 de outubro de 2012. VERÍSSIMO, Luis Fernando. Disponível em: <http://www.releituras.com/lfverissimo_bio.asp> acesso em 06 de outubro de 2012. VERÍSSIMO, Luis Fernando. Disponível em:<http://aaliyahrj- palavrasaovento.blogspot.com.br/2012/06/dica-de-leitura-cronicas-deluis.html>acesso em 06 de outubro de 2012.