INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS EM ESCOLAS REGULARES: ORIENTAÇÕES E PRÁTICAS DE ENSINO. Orientações aos professores: Assim como os demais alunos, os surdos não são todos iguais; cada um tem uma trajetória e traz consigo conhecimentos, habilidades e informações diferenciadas. Alguns surdos não são fluentes em Libras; outros nem sabem da existência de uma língua de sinais, o que desafia o professor a buscar estratégias para ensinar ao aluno. Existem também os surdos que usam próteses e implantes cocleares e não aceitam o uso da língua de sinais, comunicando-se através da fala e da audição apoiada pela leitura labial. É importante que o professor compreenda qual é a função do intérprete de Libras no processo educacional dos surdos e construa uma boa parceria com esse profissional. A Libras, de modalidade espaço-visual, como outros línguas, possui estruturação gramatical distinta da Língua Portuguesa. Da mesma forma que as línguas orais, a Libras permite a expressão de qualquer conceito descritivo, emotivo, literal, metafórico, concreto ou abstrato. Possibilita, enfim, a demonstração de todos os significados decorrentes da necessidade comunicativa e expressiva do ser humano. A maioria dos surdos sinalizadores (aqueles que utilizam a Libras como forma de comunicação) tem a língua de sinais como sua primeira língua. Os surdos, em geral, possuem dificuldade de leitura, compreensão e escrita da língua portuguesa, devido à falta de ensino adequado do português como segunda língua. É essencial que o professor considere essa diferença lingüística. Atividades e recursos visuais são indispensáveis e enriquecedores do processo de ensinoaprendizagem dos surdos. É importante o professor compreender que o aluno surdo não é capaz de acompanhar a leitura de um texto no quadro ao mesmo tempo em que acompanha a sua sinalização. Portanto ou ele presta a atenção à sinalização ou lê o texto no quadro. Aconselha-se que o aluno leia o texto primeiramente e, posteriormente, observe sua sinalização. O mesmo acontece com as imagens. Os trabalhos propostos devem contemplar toda a turma, sem excluir os surdos ou os ouvintes de qualquer atividade ou do próprio cotidiano da sala de aula. A participação dos alunos surdos em atividades no quadro ou em apresentações orais de trabalho é perfeitamente viável. Nesse caso, basta um planejamento prévio em conjunto com intérprete de Libras (aluno apresenta em libras e o intérprete verbaliza em LP). Os enunciados das atividades devem ser devidamente trabalhados com os alunos surdos. Nas avaliações, vale o cuidado do professor em manter os enunciados já conhecidos por eles. Sugestões de atividades para o ensino da língua portuguesa para surdos. CAIXA DE ALFABETO LIBRAS E PORTUGUÊS Descrição do material: Consiste em adquirir ou confeccionar com as crianças vários conjuntos de alfabetos tanto em língua de sinais quanto em português para utilizá-los em diferentes momentos de aprendizagem. Recursos didáticos Podem ser feitos em pequenos cartões de 2cm x 2cm, coloridos ou não,e plastificados. Sugestões de uso: O professor monta palavras em alfabeto manual para a criança montá-la abaixo em português; Fazer pareamento de letras com os dois alfabetos; Brincar de palavras cruzadas com o alfabeto em português; Montar palavras e trocar letras para formar palavras diferentes; 2 Brincar com as letras num saco, onde uma criança tira uma letra para que as demais apresentem sinais de objetos cujos nomes em português comecem ou terminem com a letra escolhida; Brincar de formação de frases onde todas as palavras comecem com a letra sorteada. Exemplo: “C” – “Carlos comeu chocolate com coco.” Montar bingo utilizando este recurso: figuras e letras, palavras e letras,... CAIXA DE GRAVURAS Descrição do material: Consiste numa caixa contendo inúmeras gravuras, ricas em informações, visualmente atrativas, que serão utilizadas de diversas formas com o objetivo de desenvolver e explorar o pensamento e a criatividade da criança e serão de grande auxílio para estimular a sua produção escrita. Recursos didáticos Caixa de tamanho igual ou maior que uma caixa de camisa, com tampa, identificada e bem decorada, de material resistente. Gravuras: diferente das gravuras para o fichário, estas devem ser escolhidas de forma a apresentarem riqueza de informações, que representem acontecimentos, situações, com um ou vários personagens, lugares, paisagens, etc. Devem ter no mínimo o tamanho de uma folha A4, para que possam ser bem visualizadas também em trabalhos de grupo, e coladas em papéis mais firmes (cartolina, cartão,...) pois terão maior durabilidade. Sugestões de uso: Explorar elementos da gravura de forma sinalizada e escrita; 3 Criar frases ou textos sobre a mesma; Imaginar o que teria acontecido antes e depois do que é visto; Brincar com as gravuras: escolher e mostrar 3 gravuras diferentes, depois contar uma história em língua de sinais ou escrever uma no quadro,para que a criança indique a qual delas a história se refere; espalhar na mesa algumas gravuras viradas para baixo, para que a criança escolha uma e invente uma história sobre ela, que pode ser registrada depois; as crianças montam um teatro a partir de uma gravura escolhida aleatoriamente,apresentam e depois trabalham em conjunto o registro da experiência em diferentes tipos de texto;... Trabalhar com interpretação escrita a partir das gravuras. Exemplo: Quem você vê? O que está fazendo? O que acha que aconteceu antes deste momento? Você gostaria de fazer o mesmo? De que cor é...? Quantos..... tem nesta gravura? O que fará depois?... Podem ser utilizadas no dia de atividades de mesas diversificadas; Aproveitá-las em outros conteúdos curriculares. DICIONÁRIO LIBRAS/PORTUGUÊS Descrição do material: São dicionários bilíngües, imprescindíveis nas escolas e salas onde haja trabalho de educação de surdos. Há, no comércio, alguns dicionários que podem ser adquiridos e existem também apostilas montadas de acordo com as necessidades e usos de cada região. Mas lembre-se!!! A confecção deste tipo de material precisa ter a participação e revisão de um grupo de surdos da região, fluente em língua de sinais. É um recurso que deve ser consultado sempre que necessário. Sugestões de uso: O dicionário deve ser usado pelo professor tanto no preparo quanto no desenvolvimento das aulas sempre que houver dúvida, que esquecer ou que não souber determinado sinal, para não incorrer no erro de inventar um sinal para suprir a necessidade daquele instante. As crianças também podem recorrer ao dicionário para pesquisar as palavras que não conhecem. Usá-lo como recurso para copiar sinais para a confecção de jogos, fichas e exercício de fixação. DICIONÁRIO CONFIGURAÇÃO DE MÃOS/PORTUGUÊS Descrição do material: 4 Este é um recurso que pode ser montado com a criança no decorrer das aulas, com o objetivo de incentivá-la a buscar sozinha as palavras que lhe faltam para sua produção escrita. Crianças ouvintes elaboram este dicionário a partir da primeira letra da palavra, organizando-o em ordem alfabética. É aquele caderno, cujo número de páginas é dividido e onde as letras do alfabeto são colocadas na beirada das páginas, então cada palavra nova é acrescentada e junta ela é colada ou desenhada a figura correspondente. Só que para acriança ouvinte ter autonomia nas suas buscas a este dicionário, ela faz relação com o som das palavras, observe o exemplo: Criança: – Professora, como se escreve “árvore”? Prof.: – Árvore? Ah! Você já tem no dicionário. Onde você acha que está escrita esta palavrinha? Com que letra ela começa? Criança: – Árvore...ar... a... Já sei, começa com A. Prof.: – Isso mesmo! Então encontre você mesma. Vários professores utilizam este recurso com a criança surda, mas, é claro, isto não acontece da mesma forma. O surdo fará o sinal do que pretende escrever, por exemplo, “sinal de avião”. Não há no sinal nenhuma relação com a letra inicial da palavra, portanto, a menos que o professor lhe mostre a letra “A”, ele não terá como procurar sozinho neste dicionário, então se perde o objetivo que é estimular sua autonomia para escrever. A idéia apresentada aqui é a adaptação deste modelo de dicionário onde a base da procura não seja a letra, mas a configuração de mão. A partir da configuração a criança encontrará a página e aí sim a figura ou sinal com o nome escrito abaixo. Modelo: 5 Sugestões de uso: Acrescentar semanalmente no caderno as palavras novas trabalhadas em aula. A sugestão é que se reserve as sextas-feiras para revisão de vocabulário e acréscimo do mesmo no dicionário, sendo que a criança o leva para casa para procurar e colar as gravuras correspondentes no final de semana.Esta atividade deve ser realizada pela criança com o apoio ou orientação do professor ou dos pais; Será utilizado sempre que a criança não saiba como escrever determinada palavra; Serve de apoio em qualquer atividade tanto nas horas de leitura e produção textual quanto nas horas de atividades lúdicas. CONTAÇÂO DE HISTÓRIAS POR MEIO DE IMAGENS HISTÓRIAS SÉRIADAS Da reunião de histórias do passado, a criança constrói o quadro dela mesma no presente.As histórias inventadas são importantes. A criança precisa saber de coisas que não fazem parte de sua experiência cotidiana. É comum ela ter um amigo imaginário ou atribuir qualidades humanas e sobrenaturais a um brinquedo ou a um animal. As conversas e as histórias desses personagens, unindo o real e o imaginário, dão aos pais muitas dicas sobre seus filhos, pois é nessas horas que a criança deixa transparecer sentimentos como medo, a insegurança, o ódio, o amor. 6 Observar a personagem da história e pensar: O que ela tem de fada? O que ela tem de bruxa? Fazer no quadro uma lista de características de uma fada e de uma bruxa. O que elas têm em comum? O que elas têm de diferente? Sugestões de atividades sobre o texto: Os professores podem dar a história recortada para as próprias crianças organizarem, a ordem. ( trabalhar coerência do texto) Pedir um reconto por meio das sequencias organizadas Pedir, depois de conversar com as crianças e verificar que elas entenderam a seqüências, que elas escrevam a história. Pode-se propor a construção de um texto coletivo, fazer uma leitura coletiva do texto e depois fazer um caça-palavras com a turma Propor as crianças que procurem a definição de bruxa e de fada no dicionário. CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS POR MEIO DE TEATRINHO 7 Sugestão de atividades Fazer adaptações de alguns livros por meio de pequenos painéis, com escritas atrás e distrbuir para que os alunos façam a leitura contando uma história. Onde mora o Bichinho da maçã ???? Cada um mora onde pode... 8 Eu tenho um amigo que mora numa pêra... Tenho outro amigo que mora em uma laranja, eu gosto de laranja... E um outro coitadinho, mora num limão, argh!!! 9 E um outro ainda, que mora em um abacaxi, imagina??? O meu amigo mais elegante mora em um pêssego. Fabuloso !!! O amigo mais guloso mora numa melancia, delíciaaaa! 10 E o meu amigo mais famoso, mora em uma goiaba, cada saída é um flash !!! Cada um mora onde pode, e vai amando viver na sua casa, não importa o seu sabor... Mas sabe de uma coisa, a melhor casa é a minha !!! TRABALHANDO AS HISTÓRIAS POR MEIO DE FILMES COM ADOLESCENTES 11 Filmes sempre chama a atenção dos alunos, para alunos surdos os filmes precisam ser legendados. Sugestão de atividades. Escrever e contar a parte do filme que mais gostou . Desenhar um personagem do filme. Conversar sobre o papel de cada personagem. Usar filmes que possuem uma literatura escrita e trabalhar as diferentes versões da historia escrita e a história no filme A História : Alice no país das maravilhas. Tem em diversos formatos e versões: Livros, filmes e até mesmo em Língua de Sinais . 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 REFERÊNCIAS A Bruxinha disponível em http://websmed.portoalegre.rs.gov.br/escolas/martim/projeto2007/bruxa_fada.htm, acesso em 06/110/2011 QUADROS, Ronice Muller de . SCHMIEDT ,Magali L. P.Idéias para ensinar português para alunos surdos. Brasília : MEC, SEESP, 2006. REILY , Lucia H. As imagens : o lúdico e o absurdo no ensino de arte para pré- escolares surdos.In. SILVA, I. R.; KAUCHAKJE, S.; GESUELI, Z. M.(org) Cidadania, surdez e linguagem: desafios e realidades. São Paulo: Plexus editora, 2003.p.161-192 50 PINTO, Ziraldo Alves. Ziraldo. O bichinho da maçã. Editora:Melhoramentos . coleção Bichim.1982 A contadora de histórias . Disponível em http://acontadoradehistoria.blogspot.com/2011/08/ondemora-o-bichinho-da-maca.html Acesso em 06/10/2010 . 51