Nos textos deste exercício que o/a professor(a) vai ler (um lengalenga e um poema de D.
Mourão Ferreira) há um jogo de sons; deles, há um ­consonântico­ que se ouve mais do que os
outros:
1. Qual acha que é?
2. Com que letra(s) está representado? Marque­as no texto.
3. Escute bem e observe se essas letras têm sempre a mesma pronúncia no poema?
4. Procure em textos diferentes essas grafias e, com a ajuda do/a professor/a, tire conclusões
e veja se pode criar uma regra para as pronunciar bem em cada contexto.
5. Mário Cesariny escreveu:
“Burgueses somos nós todos
ou ainda menos.
Burgueses somos nós todos
desde pequenos”
Encontra alguma relação destes versos com o poema?
6. Procure informação sobre os autores D. Mourão Ferreira e Mário Cesariny.
Descasca a castanha muito bem descascadinha e verás sob a casca castanha outra casca castanha
clarinha
CAPITAL
Casas, carros, casas, casos.
Capital
encarcerada.
Colos, calos, cuspo, caspa.
Cautos, castas. Calvos, cabras.
Casos, casos… Carros, casas…
Capital
acumulado.
E capuzes. E capotas.
E que pêsames! Que passos!
Em que pensas? Como passas?
Capitães. E capatazes.
E cartazes. Que patadas!
E que chaves! Cofres, caixas…
Capital
acautelado.
Cascos, coxas, queixos, cornos.
Os capazes. Os capados.
Corpos. Corvos. Copos, copos.
Capital,
oh! capital,
capital
decapitada!
David Mourão Ferreira
(1927­1996)
Chave do exercício
Nos textos deste exercício (um lengalenga e um poema de D. Mourão Ferreira) há um jogo de
sons; deles, há um ­consonântico­ que se ouve mais do que os outros:
1. Qual acha que é?
É o fricativo pré­palatal surdo (xixi).
2. Com que letra(s) está representado? Marque­as no texto.
O esse, o cê agá e o xis
Marcado no texto com diferentes cores, segundo as letras
3. Escute bem e observe se essas letras têm sempre a mesma pronúncia no poema?
O esse, não. As outras grafias, nestes textos, sim
4. Procure em textos diferentes essas grafias e, com a ajuda do/a professor/a, verifique se
acontece o mesmo; tire conclusões e crie regras para a pronúncia dessas grafias como xixi.
O cê agá pronuncia­se sempre como xixi. O xis, não
Regras:
“s” como xixi:
1. No final de sílaba, antes de alguns sons consonânticos /s, f, k, p, t/
2. No final de palavra e antes de pausa (na escrita, quando há a seguir um signo de pontuação).
3. No fim de uma palavra quando a palavra seguinte começa pelos sons /f, k, s, p, t/.
“x” como xixi:
1. Quando segue a um ditongo decrescente com “i”: caixa, queixo, deixar, baixar
2. Noutras palavras: xadrez, xaile, xeque, xixi
Outros casos:
Achámos outra grafia que também se pode pronunciar xixi: o zê. Acontece nos
mesmos casos que o esse
5. Mário Cesariny escreveu:
“Burgueses somos nós todos
ou ainda menos.
Burgueses somos nós todos
desde pequenos”
Encontra alguma relação destes versos com o poema?
Pois. No mundo em que vivemos agimos como burgueses e estamos condicionados pelo
capital ­capital acumulado­, pela desnecessária e estúpida necessidade do mais pelo mais,
numa constante desumanização.
6. Procure informação sobre os autores D. Mourão Ferreira e Mário Cesariny.
Resposta livre.
Documentário sobre Mourão Ferreira
Blogue sobre Mário Cesariny
Descasca a castanha muito bem descascadinha e verás sob a casca castanha outra casca castanha
clarinha
CAPITAL
Casas, carros, casas, casos.
Capital
encarcerada.
Colos, calos, cuspo, caspa.
Cautos, castas. Calvos, cabras.
Casos, casos… Carros, casas…
Capital
acumulado.
E capuzes. E capotas.
E que pêsames! Que passos!
Em que pensas? Como passas?
Capitães. E capatazes.
E cartazes. Que patadas!
E que chaves! Cofres, caixas…
Capital
acautelado.
Cascos, coxas, queixos, cornos.
Os capazes. Os capados.
Corpos. Corvos. Copos, copos.
Capital,
oh! capital,
capital
decapitada!
David Mourão Ferreira
(1927­1996)
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