UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Pedagogia
Ana Cláudia de Oliveira Britto
INDISCIPLINA NA SALA DE AULA: contribuições da
análise do comportamento
LINS – SP
2013
ANA CLÁUDIA DE OLIVEIRA BRITTO
INDISCIPLINA NA SALA DE AULA: contribuições da análise do
comportamento
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Banca Examinadora do
Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium, curso de Pedagogia, sob a
orientação do Professor Dr. Luiz Carlos de
Oliveira e orientação técnica da Profa.
Esp. Érica Cristiane dos Santos
Campaner.
LINS – SP
2013
B878i
Britto, Ana Cláudia de Oliveira
Indisciplina na sala de aula: contribuições da análise do comportamento
/ Ana Cláudia de Oliveira Britto. – – Lins, 2013.
71p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Pedagogia, 2013.
Orientadores: Luiz Carlos de Oliveira; Érica Cristiane dos Santos
Campaner
1. Indisciplina. 2. Sala de aula. 3. Análise do Comportamento. I Título.
CDU 37
DEDICATÓRIA
Ao Pai ao Filho e ao Espírito Santo.
Até aqui nos ajudou o Senhor. (I Sm 7:12)
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela misericórdia e amor.
Ao Prof. Orientador Dr. Luiz Carlos de Oliveira, pela dedicação.
A Profa. Érica Cristiane dos Santos Campaner, pelas correções e auxilio.
Ao meu maravilhoso marido pela paciência e auxilio sempre que necessário.
Aos meus pais, pela constante confiança.
As minhas amigas que aliviam a caminhada.
RESUMO
A presente pesquisa visou ampliar o conhecimento e a compreensão da
realidade vivenciada pelo professor na sala de aula em relação ao fenômeno
indisciplina, identificando as concepções e estratégias para auxiliar no
enfrentamento de um dos maiores problemas da vivência escolar. Fez-se,
inicialmente, um levantamento bibliográfico na literatura específica,
identificando conceitos e causas da indisciplina em várias áreas do
conhecimento, porém a interpretação dos dados fundamentou-se nas
concepções da Análise do Comportamento que é uma abordagem da
Psicologia que busca compreender o ser humano, visto como um todo, a partir
de sua interação com o seu ambiente. Foram convidados a participar do estudo
29 professores de três escolas urbanas do Ensino Fundamental da rede
pública municipal de Lins/SP, sendo 12 professores da Escola Verde, 06 da
Escola Amarela e 11 da Escola Azul. Omitiu-se o nome real das escolas por
questão de sigilo. Utilizou-se um questionário com perguntas fechadas, porém
com espaço para que o entrevistado acrescentasse informações, caso
desejasse. O questionário foi entregue nas escolas para cada professor titular
da sala, permanecendo com eles por um período médio de 10 dias. Do total
dos questionários entregues, 20 foram respondidos e devolvidos. Os resultados
indicaram que os professores consideram a indisciplina o maior problema de
sua atuação e acreditam que o conceito de indisciplina está relacionado à
aquisição de regras e limites. Os motivos do comportamento indisciplinar, na
atribuição da maioria dos professores, provém da família do aluno, ou seja,
daqueles que não tem limites em casa ou daqueles com problemas familiares
graves. Para enfrentar o problema da indisciplina os professores utilizam
estratégias diversas na sala de aula que vão desde as atitudes com caráter
punitivo como repreensão verbal, até o reforçamento com elogios para os
comportamentos adequados. Conclui-se, para lidar com a indisciplina, os
professores possuem algumas características aversivas, utilizam-se também
de alguns conceitos da análise do comportamento, porém de modo empírico.
Desse modo, porém se faz necessário formação que venha dar subsidio ao
professor saiba lidar com segurança com o comportamento do aluno, para isso
a Análise do comportamento constitui-se uma importante ferramenta.
Palavras-chave: Indisciplina, Sala de aula, Análise do Comportamento.
ABSTRACT
This research aimed to increase knowledge and understanding of the
reality experienced by the teacher in the classroom indiscipline in relation to the
phenomenon, identifying the concepts and strategies to assist in addressing
one of the biggest problems of school life. There was initially a bibliographic
reference in literature, identifying concepts and causes of indiscipline in various
areas of knowledge, but interpretation of the data was based on the concepts of
behavior analysis is an approach to Psychology that seeks to understand the
being human, viewed as a whole, from its interaction with its environment. Were
invited to participate in the study 29 teachers from three urban schools of Basic
Education of municipal public Lins / SP, 12 teachers of Green School, 06
School 11 School Yellow and Blue. Omitted if the actual name of schools for
reasons of confidentiality. We used a questionnaire with closed questions, but
with space for the respondent would add information if desired. The
questionnaire was delivered in schools for each professor's room, staying with
them for an average of 10 days. Of the total questionnaires distributed, 20 were
completed and returned. The results indicated that teachers consider the
biggest problem the indiscipline of their work and believe that the concept of
indiscipline is related to the acquisition of rules and limits. The reasons for the
behavior indisciplinar in the allocation of most teachers, comes from the family
of the student, ie, those that have no limits at home or those with serious family
problems. To tackle the problem of indiscipline teachers use different strategies
in the classroom ranging from punitive attitudes as verbal reprimand, to the
reinforcement with praise for appropriate behaviors. It follows to deal with
indiscipline, teachers have some aversive characteristics, are also used in
some concepts of behavior analysis, but empirically. Thus, however we still
need training that will give subsidy to the teacher knows how to deal safely with
the student's behavior, for it is the behavior analysis is an important tool.
Keywords: Indiscipline, classroom, Behavior Analysis.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: principais problemas que o professor enfrenta na sala de aula ......... 49
Figura 2: existência de alunos com comportamento indisciplinar ..................... 51
Figura 3: a relação da indisciplina e a nota baixa ............................................. 52
Figura 4: alunos que apresentam comportamento indisciplinar ........................ 53
Figura 5: característica dos alunos com o comportamento indisciplinar .......... 54
Figura 6: situações que geram indisciplina ....................................................... 56
Figura 7: interesse do aluno que apresenta comportamento indisciplinar ........ 57
Figura 8: comportamento indisciplinar mais frequente ...................................... 58
Figura 9: atitude do professor diante do comportamento do aluno. .................. 59
Figura 10: atitude do professor diante do comportamento do aluno ............... ..60
Figura 11: visão dos alunos em relação ao professor ....................................... 61
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10
CAPÍTULO I – A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO ..................................... 12
1
CONCEITO ......................................................................................... 12
1.1
Alguns conceitos básicos ..................................................................... 13
1.1.1
O comportamento reflexo ou respondente ........................................... 14
1.1.2
Comportamento operante e condicionamento operante ...................... 15
1.1.3
O reforço .............................................................................................. 17
1.1.4
Punição ............................................................................................... 19
1.1.4.1 Efeitos da punição e aversão ............................................................... 20
1.1.5
Extinção ............................................................................................... 21
1.1.6
Controle comportamental ..................................................................... 22
1.1.7
Controle de estímulos .......................................................................... 23
CAPÍTULO II – INISCIPLINA NA SALA DE AULA .......................................... 26
2
CONCEITO ........................................................................................... 26
2.1
Causas da indisciplina ............................................................................ 28
CAPÍTULO III – A INDISCIPLINA E A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO.... 32
3
O COMPORTAMENTO INDISCIPLINAR .............................................. 32
3.1
Reforçando comportamentos em sala de aula ....................................... 33
3.1.1 Reforço diferencial ................................................................................. 36
3.2
Estratégias educacionais para lidar com a indisciplina .......................... 38
3.3
As regras e limites .................................................................................. 42
3.4
Habilidades sociais ................................................................................. 44
CAPÍTULO IV – PESQUISA ............................................................................. 47
4
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 47
4.1
Sujeitos da pesquisa .............................................................................. 48
4.1.1 Metodologia do estudo .......................................................................... 48
4.1.2 Resultados e Análise dos dados ............................................................ 49
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ..................................................................... 63
CONCLUSÃO ................................................................................................... 64
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 66
ANEXOS ........................................................................................................... 69
10
INTRODUÇÃO
O estudo, a qual corresponde esta produção acadêmica, é caracterizado
por trazer o tema da indisciplina por uma concepção diferente das habituais. As
contribuições da ‘Análise do comportamento’.
A indisciplina continua sendo um fenômeno que ocupa lugar de
destaque entre as preocupações pedagógicas da atualidade, sendo vivenciada
de forma intensa no cotidiano escolar e apontada como um dos principais
objetos de discussões nos meios acadêmicos entre os profissionais da
educação, também por familiares e pela mídia.
As consequências da indisciplina exigem medidas de combate efetivas e
urgentes, pois estão, sem dúvida, entre os problemas que mais afetam
indistintamente a escola, a formação do cidadão e a sociedade como um todo.
Diante da complexidade e abrangência desse tema, esta pesquisa
propõe um recorte para sua análise: a realidade vivenciada pelo professor na
sala de aula em relação ao fenômeno da indisciplina do aluno, como subsídio
para futuras ações interventivas e preventivas. Ou seja: verificar como o
professor que convive com a realidade do contexto de uma sala de aula
percebe a indisciplina do aluno e que estratégia utiliza para enfrentá-la.
Nesse sentido, no primeiro capítulo, ‘Análise do comportamento’,
abordou-se os conceitos básicos desta área da psicologia, pouco explorada
pela educação.
No segundo capítulo, ‘A indisciplina’, de maneira um pouco mais breve
definiu-se a indisciplina. O mesmo foi feito ao apontar as causas dos problemas
indisciplinares. No entanto, neste momento, algumas concepções da Análise
do comportamento começaram a ser mas evidentes.
Ao se aproximar do terceiro capítulo, ‘A indisciplina e a Análise do
comportamento’ apresentou-se concepções que a Análise do comportamento
possui
para
lidar
com
problemas
comportamentais,
focalizando
os
comportamentos inadequados em sala de aula.
E, no último capítulo, foi realizada uma análise dos dados coletados do
questionário, realizado com vinte professores do Ensino Fundamental. Seguido
da Proposta de intervenção e Conclusão para finalizar esta pesquisa.
11
Portanto, o presente trabalho teve como objetivo conhecer as
concepções dos professores sobre indisciplina, sua estratégias e, se nestas,
esta presente ações características da Análise do Comportamento.
12
CAPÍTULO I
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
1
CONCEITO
Diante dos grandes problemas encontrados no contexto educacional,
torna-se necessário intervenções de várias áreas do conhecimento, entre elas
a Psicologia que, com suas várias abordagens muito tem contribuído para a
educação de maneira geral.
A análise do comportamento e seu campo filosófico, o behavorismo
radical, tem crescido em seus estudos no mundo, e apesar do grande número
de críticas tem grandes chances de alcançar uma posição de destaque na área
da educação.
O
predomínio
recente
de
abordagens
ancoradas
no
socioconstrutivismo e no cognitivismo tem reduzido o espaço para que
propostas da Análise Experimental do Comportamento (AEC) sejam
acolhidas na área da educação. A Análise Comportamental e a filosofia
de ciência que lhe é subjacente, o Behavorismo Radical, têm
constituído objeto de frequentes e contundentes críticas, especialmente
na área da educação. Paradoxalmente, apesar da literatura crítica, as
pesquisas nessa abordagem tem crescido significativamente em todo o
mundo, incluídos os principais núcleos brasileiros de pesquisa das
universidades públicas.(CARRARA, 2004, p.109)
Para entender melhor a análise do comportamento é necessário
conhecer o behavorismo radical.
A filosofia do behavorismo teve sua origem em 1913, com Watson,
porém, tempos depois Skinner deu continuidade com o behavorismo radical,
para a compreensão do que Carrara (2004) chama de enigma humano,
(behavior) o comportamento, baseado–se no interacionismo. Carrara (2004,
p.111) destaca: “tomar o Behavorismo como referência equivale a centrar
atenção nas interações entre organismos e ambientes em que estes se
inserem.”
Na descrição de Kahhale (2005), o behavorismo radical com Skinner
passou pelo campos das ciências físicas, questionando a noção de
casualidade e ciências biológicas, reformulando os estudos sobre reflexo e os
assumindo, destacando a relação funcional, ou seja, não dando ao
13
comportamento uma causa e sim, relações funcionais que fazem com ele
possa ocorrer. Ao adotar diferentes modelos de ciências, percebe-se
mudanças na visão de Skinner.
Kahhale
(2005)
continua
afirmando
que,
para
compreender
o
comportamento, Skinner considera o homem em três dimensões: história do
homem enquanto espécie, filogêneses; enquanto indivíduo, a ontogêneses; e a
história cultural, ou comportamento social. O propulsor do behavorismo radical,
destaca nesta tríplice a seleção pelas consequências. O homem, irá ter
determinados comportamentos de acordo com as consequências que obteve
nas suas experiências anteriores. No entanto, é importante ressaltar que nesta
visão o homem não é passivo, ele age sobre o mundo, em uma interação
dinâmica. Nesta perspectiva Carrara afirma:
...o comportamento ocorre diante de é alterado por determinadas
condições ambientais e, por seu turno, também altera o ambiente. O
estudo dessa relações constitui finalidade precípua da Análise do
comportamento.(CARRARA, 2004, p.11)
Portanto, a análise do comportamento estuda o comportamento
entendido segundo Bock; Furtado; Teixeira, (2008) como interação entre
indivíduo e ambiente. Este mesmo ser é: “produto e produtor dessa interação”.
A análise do comportamento estuda, como esse comportamento ocorre, o que
o reforça e o que extingue, enfim as relações que o envolve.
Com base nos autores consultados e citados acima, entende-se que o
behavorismo, como filosofia da Análise do Comportamento, considera como
maior fonte de seu trabalho o comportamento humano, que é construído
através das interações com o ambiente.
Sendo assim, a Análise do Comportamento é de grande relevância para
entender o comportamento do aluno em sala de aula. Ou, como expressa nas
palavras de Sidman (2003, p.21) “uma ciência que provê métodos para
formular e responder importantes questões sobre a conduta humana.”
Para melhor compreensão da Análise do Comportamento e sua
contribuição ao contexto escolar, serão descritos alguns conceitos e princípios
básicos desta abordagem psicológica.
1.1 Alguns conceitos básicos
14
1.1.1 O comportamento reflexo ou respondente
O ser humano, assim como outros seres vivos, possuem os reflexos,
que auxiliam na sua proteção e sobrevivência, de acordo com Davidoff (2001).
Skinner (2003, p.59) afirma: “se um cão machucar a pata pisando em um
objeto cortante, é importante que a perna possa ser rapidamente flexionada
para que o pé seja retirado.”
Este tipo de comportamento nas palavras de Bock; Furtado; Teixeira
(2008,
p.60)
“são
interações
entre
um
estímulo
e
uma
resposta
incondicionadas”
Na verdade, Moreira; Medeiros (2007, p.18) deixam claro que: “o termo
reflexo não se refere aquilo que o indivíduo fez e o que aconteceu antes de ele
fazer. Reflexo, é uma relação entre estímulo e resposta, é um tipo de interação
entre um organismo e seu ambiente.”
Ainda fazendo menção aos autores, exemplificam citando: uma mão é
colocada perto do fogo, é o estímulo, e a reação, seria a contração do braço, a
resposta; ou, também, a flexão da perna quando recebe uma martelada no
joelho. A martelada é o estímulo e o levantar da perna, a resposta.
O reflexo varia de acordo com a intensidade - magnitude, Moreira;
Medeiros (2007, p.22) “quanto maior a intensidade do estimulo maior será a
magnitude da resposta.” O reflexo na visão de Moreira; Medeiros (2007)
também possui uma intensidade mínima para que a resposta seja iliciada de
acordo com o estímulo, além de apontar a lei da lactência, que trata-se do
tempo decorrido entre o estímulo e a resposta. O autor destaca também que o
estímulo, utilizado várias vezes, como cortar uma cebola e obter os olhos
lacrimejando como resposta, pode passar a ser acostumado pelo organismo e
não conseguir mais a mesma resposta, como colocam o efeito da habituação.
Carrara (2004) apresenta o paradigma de Pavlov, que aproveitou o
reflexo incondicionado para parear outro estímulo que recebeu a mesma
resposta.
Quanto aos reflexos condicionados é afirmado:
De acordo com a formula da substituição de estímulos precisamos
eliciar uma resposta antes de condiciona–la. Destarte, todos os
reflexos condicionados baseiam–se em reflexos incondicionados.
Mas já vimos que as respostas reflexas são apenas uma parte do
comportamento total do organismo. O condicionamento proporciona
15
novos estímulos controladores, mas não pode acrescentar novas
respostas. Assim, ao usar o princípio, não estamos presos a uma
“teoria de reflexos condicionados” para todo o comportamento.
(SKINNER, 2003 p.61)
Esse comportamento também diz respeito as emoções que segundo
Moreira; Medeiros ( 2007) são reflexos, são respostas reflexas a estímulos
ambientais e diz respeito em boa parte a fisiologia do organismo. E portanto,
assim como os reflexos podem ser condicionados, as emoções também
possuem esta característica.
Davidoff (2001), enfatiza que Watson com a ajuda de uma estudante
universitária Rosalie Rayner, realizou estudos e registros da aprendizagem de
um novo reflexo, envolvendo respostas emocionais. Para provar sua teoria
realizou um estudo, que basicamente foi: um bebê de 11 meses colocado na
presença de um rato branco não apresentou reações de repulsa, porém o
mesmo rato começou a apareceu acompanhado de um barulho assustador.
Depois de varias repetições o bebê conhecido como Albert apresenta medo do
rato mesmo que o barulho não o acompanhe mais.
Skinner (2003, p.53) ressalta os estudos com a seguinte afirmação
“quanto mais o comportamento dos organismos for explicado com base nos
estímulos, mais e mais se reduzirá o território ocupado por explicações
interiores.”
O comportamento respondente, demonstrado nas afirmações anteriores,
deixa claro que o reflexo é natural do ser vivo, baseia-se em um estímulo que
faz o corpo produzir ou eliciar uma resposta. Conhecer o comportamento
respondente auxilia na compreensão de parte do comportamento humano e
sua aprendizagem, inclusive no que diz respeito as emoções.
Porém, os reflexos são limitados para explicar comportamentos. Kahhale
(2005, p.103) alerta: “no entanto, o reflexo como unidade básica apresenta
limites, pois não explicava comportamentos que não estavam associados
diretamente a estímulos incondicionados.”
1.1.2 Comportamento operante e condicionamento operante
16
Moreira; Medeiros (2007) sintetiza que os comportamentos que não são
tidos como respondentes, são chamados de comportamento operante, até
porque o comportamento respondente não consegue sozinho abranger a
complexidade do comportamento humano. O comportamento respondente é
aprendido por meio do condicionamento respondente, já em relação ao
operante encontra-se outra realidade. Ao conceituar Moreira; Medeiros (2007)
afirmam: “o comportamento que modifica (que opera sobre) o ambiente e é
afetado por sua modificações.”
No destaque de Davidoff (2001) afirma que andar, sorrir, escrever, beijar
são exemplos de comportamento operante. Para estudar melhor este
comportamento e descobrir como as variações ambientais interferem no
mesmo, Skinner utilizou experimentos com ratos e pombos.
Segundo Bock; Furtado; Teixeira (2008) a caixa de Skinner, como ficou
conhecida, provou que um rato pode ter seu comportamento alterado e fazer o
que antes não sabia, ou seja, aprender, pois, confinado na caixa ele aprendeu
a pressionar a barra para receber água ou comida. O rato foi condicionado a
determinado comportamento.
De acordo com Sidmam (2003), os experimentos em laboratório foram
feitos com várias espécies de animais, até chegar ao ser humano. E as
respostas sempre evidenciaram que apesar da variedade de animais e
situações existentes “[...] consequências determinam comportamento”,ou seja,
o condicionamento operante é real.
Moreira; Medeiros (2007, p.47) afirmam: “[...]condicionamento operante
[...] comportamentos que são aprendidos em função de suas consequências.”
Sobre o comportamento operante ainda pode–se dizer:
Nesse caso de comportamento operante, o que propicia a
aprendizagem dos comportamentos é a ação do organismo sobre o
meio e o efeito dela resultante – a satisfação de alguma necessidade,
ou seja, a aprendizagem está na relação entre sua ação e seu efeito.
(BOCK; FURTADO;TEIXEIRA, 2008, p.62)
Martins (1997) exemplifica o comportamento operante como aquele que
envolve a musculatura estriada do corpo: andar, falar, estudar. E afirma
baseada nos estudos de Skinner, que esse comportamento pode ser
modificado é facilmente controlado pelas consequências.
17
O comportamento operante de acordo com Skinner (2003), refere-se a
interação do sujeito com o ambiente e, a relação entre a ação deste e o que
seria a emissão da resposta e a consequência, chama-se relação funcional.
De acordo com as citações mencionadas, percebe-se que experimentos
realizados constataram que todo ser vivo possui comportamento operante, pois
interage com o ambiente, modifica-o e, é modificado por ele. Esse
comportamento também é passível de mudança e pode ser controlado pelas
consequências de suas ações.
1.1.3 O reforço
A análise do comportamento, segundo Carrara (2004) está alicerçada
basicamente na seleção pelas consequências e, o que faz com que essa
consequência novamente ocorra é o reforço.
Portanto, reforço é um tipo de consequência do comportamento que
aumenta a probabilidade de um determinado comportamento voltar a
ocorrer. Novamente temos uma relação entre organismo e ambiente,
na qual o organismo emite uma resposta (um comportamento) e
produz alterações no ambiente. (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p.51)
Skinner (2003, p.80) “[...] a única definição característica de um estímulo
reforçador é que ele reforça.”
O reforço mantém o comportamento, Sidman (2003) ressalta que os
reforçadores para que realmente cumpram sua função devem seguir uma ação.
Entende-se que ele, o reforçador, como o próprio nome diz, reforça algo que
existe, um comportamento que já é operante. O autor continua a enfatizar que
outra característica importante é que será reforçador se a ação realmente voltar
a ocorrer, ou melhor, ele fará ser mais provável que a pessoa volte a fazer,
sendo essa, uma definição mais funcional.
Outro detalhe importante relevado por Sidman (2003) é de que
reforçadores específicos devem ser descobertos, o que é reforçador par um
pode não ser para outro, tornando o estudo do reforço ainda mais cuidadoso.
Os eventos reforçadores são dois. Um, é denominado reforço positivo,
segundo os relatos de Skinner (2003) este tipo de reforço caracteriza – se pela
apresentação de estímulo acrescido de alguma coisa, comida, bebida dentre
18
outros. Skinner também descreve o reforço negativo que, em palavras gerais,
trata-se da remoção, ausência; como exemplo, retirada de luz, de calor, porém,
Skinner (2003, p.81) em suas palavras deixa claro: “[...] a ausência só é eficaz
depois da presença”. O importante nos dois casos é aumentar a probabilidade
da resposta.
De outra maneira Bock; Furtado; Teixeira (2008, p.64) afirmam: “o
reforço positivo oferece alguma coisa ao organismo (gotas de água com a
pressão da barra, por exemplo). O reforço negativo permite a retirada de algo
indesejável [...].”
Além desta divisão, há também tipos de reforçadores.
Na descrição de Martins (1997) os reforçadores podem ser primários ou
secundários. O primeiro, diz respeito as necessidades básicas saciadas; o
segundo, as necessidades sociais, ou aprendidas, como prestígio.
De acordo com a Carrara (2004) também pode ser classificado os
reforçadores de, simples ou generalizados. Quando simples, suas propriedades
reforçadoras possui um único reforçador prévio. Quando generalizados
segundo Skinner (2003), está emparelhado com mais de um reforço primário.
Para exemplificar tem–se a seguinte afirmação.
Outro reforçador generalizado ainda mais forte é o
especialmente relacionado com o contato sexual
primário, mas quando alguém que demonstra
igualmente outros tipos de reforços, o efeito
(SKINNER, 2003, p.87)
afeto. Pode estar
como reforçador
afeição fornece
é generalizado.
Tem-se também, os reforçadores naturais e arbitrários.
Nos relatos de Moreira; Medeiros (2007, p.52) o reforço natural é
conceituado com as seguintes palavras: “no momento em que a consequência
reforçadora do comportamento é produto direto do próprio comportamento,
dizemos que a consequência é um reforçador natural”.
Como exemplo
Moreira; Medeiros (2007) falam de alguém que aprende a tocar violão e o faz
simplesmente para ouvir a música, e obter prazer com isso; o seu
comportamento é reforçado pela própria música. Se a mesma pessoa tocasse
por dinheiro, então, seria um reforço arbitrário.
Sobre a perspectiva de Sidman (2003) há três tipos de relações
controladoras: reforçamento positivo, reforçamento negativo e punição.
19
Acima foi abordado os tipos de reforçamento, ampliando até mesmo com
auxílio de diferentes autores, porém, a punição não poderá deixar de ser
considerada.
1.1.4 Punição
Funcionalmente punição pode ser definida como:
[...] consequência que reduz a frequência do comportamento que a
produz. Por exemplo, se ingerimos diferentes bebidas alcoólicas e
tivermos ressaca no dia seguinte esse comportamento será menos
provável no futuro. Dizemos, portanto, que tal comportamento foi
punido pela ressaca do dia seguinte. outra vez o termo punição
refere-se a uma relação de contingência entre um comportamento e
uma consequência [...]. (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p.70)
Segundo Sidman (2003) a utilização da punição ocorre, pois, há
necessidade de controlar o comportamento ou desencorajar o infrator, para
colocar um fim a conduta indesejável. No entanto deixa bem claro que a
punição não é a melhor maneira de fazer as pessoas comportarem–se como é
desejado. Apesar de parecer ser a melhor forma de controle ela, a punição, é
ilusória, pois controla momentaneamente. A punição depois de um tempo, terá
desvantagem para a pessoa punida, inclusive para quem a aplicou.
Baseado em estudos experimentais, Skinner (2003, p. 199) afirma que
“a redução na frequência de comportamento punido pode não ser permanente.”
Thorndike chamou antes, de maus efeitos da lei do efeito, mas foi substituído
pelo termo punição por Skinner, Thorndike realizou experimento com gatos e
logo com humanos, e descobriu que quando utilizava a expressão ‘certo’, o que
chamava de reforço verbal condicionado, verificava um aumento na frequência
do comportamento, porém, quando utilizava o reforço verbal condicionado,
‘errado’, isso não enfraquecia o comportamento.
Com isso, é observável as afirmações anteriores. A punição muitas
vezes é escolhida por seu poder, porém esse poder é extremamente
temporário. Quanto a isso tem-se a seguinte declaração:
Punir ações leva a supressão temporária da resposta. Por causa de
resultados como esses, os behavoristas tem debatido a validade do
procedimento da punição como forma de reduzir a frequência de
certas respostas. (BOCK; FURTADO;TEIXEIRA, 2008, p.66)
20
Segundo as palavras de Davidoff (2001) a punição esta dividida em dois
tipos, positiva e negativa. A primeira está intimamente ligada à consequência
que o próprio comportamento produz e, reduz a probabilidade do mesmo voltar
a acontecer.
De acordo com Moreira; Medeiros (2007, p.71) ocorre: “pela adição de
um estímulo aversivo (punitivo) ao ambiente”. A segunda também está
relacionada à consequência, porém, trata-se da retirada de reforçadores.
Skinner (2003) ressaltou outras formas, ou como ele mesmo coloca,
alternativas para a punição, enfraquecendo um operante de outras maneiras.
Modificar das circunstâncias em que o comportamento acontece, respeitar o
esquema de desenvolvimento esperando o tempo para o comportamento
mudar, condicionar um comportamento incompatível com reforço positivo.
Porém, uma das alternativas mais eficientes é a extinção.
Há um número considerado de questionamentos quando se diz respeito
a métodos aversivos, pois, apesar de ser muito usado na sociedade, de modo
geral, as suas vantagens são mínimas diante do número de problemas
causados por eles.
1.1.4.1 Efeitos da punição e aversão
Punir sempre parece mais fácil, pois, aparentemente o resultado é mais
rápido, diferentemente de reforçar um comportamento adequado que requer
mais tempo, porém, além de muitas vezes este tipo de ação ser em sua
maioria temporária, como já afirmada nos diversos autores consultados, gera
efeitos colaterais ao punido.
A eliciação de respostas emocionais é um dos efeitos destacado por
Moreira; Medeiros (2007). Após a punição, o punido libera respostas
emocionais, como por exemplo, o choro. A pessoa que puniu diante disso elicia
outras respostas emocionais e às vezes para livrar-se do sentimento de culpa,
pode acaba por liberar reforçadores; como uma mãe, que dá um doce ao filho
para que ele pare de chorar, pois ela acabou de puni-lo; o que é muito
prejudicial, pois o choro deixa de ser comportamento respondente, reflexo, para
ser operante, além de atribuir uma função reforçadora.
21
A autora Davidoff (2001) ressalta a questão do excesso de punição, que
causa medo e não, respeito, somente a presença do indivíduo que pune, elicia,
respostas emocionais.
Sidman (2003) chama os efeitos da punição de efeitos colaterais,
comparando-o a um remédio que mesmo que tire a dor momentaneamente
causam problemas sérios. E ao descrever os efeitos da punição, o autor
demonstra sua preocupação com ampliação que o punido fará do que o pune
em seu ambiente. Uma criança que apanha, adiciona a seu sofrimento, mais
um elemento punido, quando apenas vê a mão erguida. O resultado de um
ambiente com muitos elementos punidores é o silêncio, a imobilidade, porém,
sem envolvimento.
De acordo com Pereira; Marinotti; Luna (2004, p. 27): “o aluno punido
pode ficar quieto, mas não se envolverá mais com a atividade.”
1.1.5 Extinção
A extinção é, de acordo como dicionário Léxico, é o ato de apagar; ato
de pôr fim a algo; desaparecimento definitivo. E é realmente o que ocorre com
a extinção dentro da análise comportamental.
Segundo Bock; Furtado; Teixeira (2008, p.65) a extinção é um
procedimento no qual uma resposta deixa de ser reforçada, e ao poucos
desaparece.
Martins (1997) define como um processo de remoção de reforço até que
o comportamento retorne a um nível mais baixo. Porém, para isso será
necessário observar o que realmente reforça aquele comportamento, se o
reforço pode ser eliminado e, se os passos de extinção estão sendo seguidos.
Skinner (2003, p.78) considera: “a extinção é o modo efetivo de remover
um operante do repertório de um organismo.”
Nos casos apresentados, observa-se que tratar realmente da retirada do
reforço, o estímulo reforçador que mantém aquele comportamento, e aos
poucos ele acaba por ser extinto.
Para melhor compreensão observe o exemplo:
[...] quando João falas palavras inadequadas, seu colegas riem
bastante dele (a risada de seus colegas é uma consequência
22
reforçadora para o comportamento: é o que mantém Joãozinho
portando – se de tal forma). A mãe de Joãozinho quer que ele pare
com isso; para tanto ela retira a ‘mesada’ de Joãozinho, cessando o
comportamento [...]. (MOREIRA; MEDEIROS 2007, p.74)
Ao analisar o caso, Moreira; Medeiros (2007) deixam claro, de modo
geral, em suas palavras, que por tratar–se de uma retirada, o resultado é
punição ou extinção, entretanto a consequência reforçadora, que é a risada dos
colegas, não foi retirada. A frequência diminui, porém, a consequência
reforçadora não neste caso, caracteriza por punição negativa e não extinção.
Para que a extinção realmente ocorresse, a mãe de Joãozinho deveria
conversar com os amigos para que não rissem quando ele falasse
determinadas palavras, aos poucos o comportamento seria extinto.
1.1.6 Controle comportamental
Portanto, controle comportamental não é uma questão de filosofia ou
de sistemas pessoais de valor a serem aceitos ou rejeitados de acordo
como nossa preferência. É uma questão de fato. Não faz sentido,
portanto, rejeitar ou defender o controle comportamental. Pelo
contrário, as leis do controle exigem investigação. A noção pode nos
desagradar e mesmo amedrontar, mas as leis do comportamento são
uma característica do mundo em que vivemos: não podemos repeli-las.
(SIDMAN, 2003, p.46)
Como se pode observar, o controle comportamento ocorre na relação do
indivíduo com o meio, e ele acontece mesmo que não haja intenção.
Parece simples como o assunto é colocado, as pessoas são facilmente
controladas e se tornam passivas na interação, mas a realidade não é bem
assim. Carrara (2004) lembra que a análise do comportamento não considera
as pessoas como passivas nesta relação. É uma interação, a pessoa reage ao
meio e o meio reage a sua ação.
De acordo com Sidman (2003) esse controle da conduta ocorre pelo
ambiente social e físico, é o que ele chama característica do mundo, o autor
iguala a questão a reações químicas ou processos fisiológicos.
No entanto, quando se usa o controle comportamental de modo
intencional, é necessário ser cauteloso. Martins (1997) ressalta que é
23
necessário uma aplicação correta das teorias para que o resultado seja
realmente verdadeiro.
A mudança de comportamento é chamada de modificação do
comportamento. Martins (1997) destaca que essas são resultantes da interação
dos indivíduos, o que pode ter resultados bons ou ruins, as chamadas
consequências.
São exatamente essas consequências, fruto da interação com outros
indivíduos e com o ambiente, já citado, que controlam de maneira geral as
ações dos seres vivos.
Sidman (2003, p.50) afirma: “as consequências do que fizemos
determinarão quão provável é que façamos a mesma coisa novamente.”
Tornando a fala de Sidman mais evidenciada tem – se o destaque de
Skinner (1972, p. 9): “por um lado, as relações que prevalecem sobre o
comportamento e, por outro lado, as consequências deste comportamento, cujo
resultado, tem sido um controle muito eficaz do comportamento.”
Na verdade o comportamento pode ser modificado; ele exerce influência
sobre o ambiente e por ele é influenciado, esse é chamado de comportamento
operante segundo observação de Martins (1997)
A ciência do comportamento tem em sua função, estudar o controle
comportamental que segundo SIDMAN (2003), é um fato da vida.
1.1.7 Controle de estímulos
O comportamento pode ser controlado pelas consequências, porém,
existem muitos estímulos que antecedem um comportamento operante que
também devem ser analisados. Carrara (2004) afirma que na análise do
comportamento deve-se levar em consideração três pontos importantes.
Primeiro, os antecedentes daquele comportamento, o comportamento em si, e
o que o mantém, ou seja, o que o reforça.
Os antecedentes referem-se ao contexto, o comportamento no caso
seria a indisciplina, e a manutenção ou o reforço, poderia ser a atenção que o
aluno deseja ao comportar-se de determinada maneira.
De acordo com Moreira; Medeiros (2007, p. 97) o controle de estímulos
pode ser visto como: “o efeito que o contexto tem sobre o comportamento.”
24
Para tornar mais claro o entendimento será utilizado os experimentos de
Skinner.
Skinner (2003) relata que um pombo foi colocado sobre o controle de
determinado estímulo. O estímulo trata-se de um ponto vermelho, que o
mesmo bicava na parede da câmara experimental. O pombo também teria
respostas iguais se o ponto fosse trocado por laranja, ou até mesmo amarelo.
Segundo Skinner (2003, p.145): “uma vez colocado o comportamento sobre o
controle de um dado estímulo, frequentemente verificamos que outros
estímulos também são eficazes.”
De acordo com o mesmo autor, o fato de haver o mesmo resultado com
um estímulo diferente caracteriza generalização ou indução.
Martins (1997, p.8) relata: “sem generalizações teríamos que todos de
aprender cada nova tarefa desde o princípio, mas felizmente podemos aplicar o
que aprendemos no passado a novas situações.”
Portanto, de acordo com Skinner (2003) a generalização é o controle
adquirido e compartilhado por estímulos semelhantes.
Também se encontra no controle de estímulo, a discriminação que nas
afirmações de Martins (1997) é o contrário de generalização, neste caso é
quando determinado comportamento só ocorre em determinadas situações, ou
em um contexto específico.
De acordo com Skinner (2003) o estímulo de discriminação está
associado a extinção. Martins (2007) já relata o reforço diferencial. Enfim, a
descriminação ocorre quando se necessita de determinada respostas
específica, o que pode ocorrer no reforço diferencial.
Moreira; Medeiros (2007) ressalvam que o estímulo discriminativo,
produz uma resposta e logo uma consequência. Tanto o estímulo quanto a
consequência aumentam a probabilidade do comportamento voltar a ocorrer.
De volta aos experimentos com pombos de Skinner (2003) verifica-se
um pombo que estira o pescoço, voluntariamente. Uma luz é utilizada para
reforçar seu comportamento, associado ao alimento. Tem se então, segundo
Skinner (2003), a seguinte conclusão, de que o estímulo é a luz, a resposta é
estirar o pescoço, e o reforço, o alimento. Diante disto Skinner (2003) afirma
que todas às vezes que a luz aparecer, a probabilidade do pombo repetir o
movimento será maior. Esse processo denomina-se discriminação e, é utilizado
25
para alterar a probabilidade de uma resposta rapidamente, pela remoção ou
apresentação do estímulo discriminativo.
Para Moreira; Medeiros (2007) os estímulos discriminativos são os que
sinalizam que uma dada resposta será reforçada.
Bem cedo aprendemos a discriminar as expressões faciais de nossos
pais. [...] Quando o pai está de cara boa pedimos-lhe algo, e ele
geralmente atende ao pedido reforço; quando esta de “cara feia”, os
pedidos geralmente são negados (extinção). Depois de alguns
pedidos reforçados na presença da “cara boa” e outros negados na
presença da “cara feia”, passamos a fazer os pedidos quase sempre
na presença da “cara boa”. A partir daí dizemos que estabeleceu –se
um controle de estímulos, pois o estímulo “cara boa” passa a
controlar o nosso comportamento. (MOREIRA. MEDEIROS, 2007,
p.100)
Assim, o discriminativo ensina ao indivíduo qual comportamento ele
deve ter diante de quais condições.
Portanto, o controle de estímulos é aquele que ocorre sobre o
comportamento por estímulos antecedentes, ou seja, o contexto onde o
comportamento acontece.
26
CAPÍTULO II
INDISCIPLINA
2
CONCEITO
A educação no Brasil possui vários fatores que prejudicam a
aprendizagem do aluno, porém, existem aqueles que são problemas mundiais,
sendo um dos mais comentados atualmente, o comportamento inadequado, a
chamada indisciplina escolar.
Porém, o que se pode chamar de indisciplina ou disciplina? Para
responder esta questão o presente texto trará a definição em autores
diferentes.
Em geral o conceito de indisciplina é definido em relação ao conceito
de disciplina, que na linguagem corrente significa regra de conduta
comum a uma coletividade para manter boa ordem e, por extensão, a
obediência à regra. Evoca-se também a sanção e o castigo que se
impõem quando não se obedece a regra. Assim, o conceito de
disciplina esta relacionado com a existência de regra.(PARRATDAYAN, 2008, p.18)
Com o mesmo raciocínio de que a indisciplina estaria ligada a questão
de transposição de regras, Bock; Furtado; Teixeira (2008, p.275) colocam:
“enfim, a indisciplina está relacionada ao não cumprimento das regras postas
pela escola como necessárias ao seu bom funcionamento.” Todavia os autores
lembram que um clima de participação e interesse em sala não pode ser
confundido com indisciplina.
Com um olhar um pouco mais diferente, tirando o enfoque apenas do
aluno, tem-se a seguinte constatação:
A disciplina escolar é um conjunto de regras que devem ser
obedecidas tanto pelos professores quanto pelos alunos para que o
aprendizado escolar tenha êxito. Portanto, é uma qualidade de
relacionamento humano entre o corpo docente e os alunos em uma
sala de aula e, consequentemente, na escola. (TIBA, 1996, p.117)
27
Parrat-Dayan (2008, p.8) coloca também que: “ser disciplinado não é
obedecer cegamente, é colocar a si próprio regras de conduta em função de
valores e objetivos que se quer alcançar.”
Ao definir indisciplina Weber (2009, p. 20) destaca: “disciplinar do
original em latim significa ensinar, formar.”
Com uma explicação mais piagetiana tem-se o conceito de Yves de la
Taille:
Não é tão simples. Se entendermos por disciplina comportamentos
regidos por um conjunto de normas, a indisciplina poderá traduzir de
duas formas: 1) a revolta contra essas normas; 2) o desconhecimento
delas. [...] Aproveito para dizer que hoje segundo caso parece valer
[...] Hoje o cinismo (negação de todo valor, e logo,de qualquer regra)
explica melhor os desarranjos das salas de aulas. (TAILLE apud
AQUINO,1996, p.10)
Apesar das tantas definições deve-se levar em consideração que de
acordo com Aquino (1996) o conceito de indisciplina não é estático, está
relacionado com um conjunto de valores que são modificados com a história,
em diversas culturas.
Para definir indisciplina, Antunes (2002) prefere conceituar o que seria
uma classe indisciplinada. Para o autor há três características relevantes para
definir uma classe indisciplinada. Uma sala indisciplina não tem condições para
que um professor desenvolva o processo de auxilio na construção do
conhecimento do aluno. Esta mesma sala não permite, ao professor, condições
de despertar no aluno suas potencialidades para cidadania e trabalho. E por
último, esta sala também, não permite o desenvolvimento de uma
aprendizagem significativa, com vivências geradoras da formação de atitudes
aceitas socialmente.
Antunes (2002) também, como Bock; Furtado; Teixeira (2008),
acreditam, que uma sala disciplinada, necessariamente não necessita do
silêncio a absoluto, até porque a participação dos alunos é muito importante
para aprendizagem.
Não pode esquecer-se de abordar o tema na visão do aluno, o que ele
pensa sobre essa situação, se o problema da indisciplina é ultrapassar as
regras, quando o professor ou a escola assumem esta postura, infringindo
28
regras, trapaceando e muitas vezes se mantendo injusta, também estão sendo
indisciplinados, portanto as regras são para todos.
Sendo assim, Picado (2009) coloca que nas escolas, existe todo um
sistema de regras que contribuem para determinar o comportamento das
crianças e, o conjunto desses deveres constitui aquilo a que se chama
disciplina escolar.
Ao falar de indisciplina Werneck (2005, p.9) assegura: “a disciplina é
baseada em regras claras e definidas escrita em manuais de procedimento.” O
mesmo autor questiona o termo e o substitui, segundo a UNESCO, por
convivência escolar.
Observa-se que, realmente a disciplina escolar seria obedecer às regras
que ajudam a organizar o ambiente escolar. O que, segundo Parrat–Dayan
(2008) são instrumentos que orientam a conduta nas diversas situações
sociais. Skinner (2003) ao falar das regras, reconhece o poder de controle que
as mesmas exercem, fazendo parte de um conjunto de contingências de
reforço.
Portanto, o descumprimento das regras seria conceitualizado de
indisciplina o que acarretaria, algum tipo de prejuízo, isso é relativo ao lugar e
aos valores do mesmo.
2.1
Causas da indisciplina
Os professores, de acordo como Bock; Furtado; Teixeira (2008)
reclamam que seus alunos são inquietos, não prestam atenção e deixam o
professor falando sozinho, enfim, relacionam grosseiramente com professor o
que prejudica a aprendizagem.
Aquino (1996) retrata que segundo os professores o ensino é
comprometido, muitas vezes, pela conduta desordenada dos alunos, sendo o
inimigo número um do educador.
O autor ressalta que não se deseja alunos mudos, que não participe
como antigamente onde a disciplina era conquistada a base do castigo, ou
ameaça dele. Efeitos que já foram abordados no capítulo anterior.
Segundo Parrat–Dayan (2008), a indisciplina esta associada com
problemas de moral; as regras de convivência devem ser adquiridas não
29
nascem com o ser humano, e o lugar para essa aquisição seria, a casa, logo a
escola e a sociedade em geral.
Nessa construção, a moral acaba sendo
diferente para cada pessoa.
Para explicar melhor as causa da indisciplina, Parrat-Dayan (2008) inicia
com a diversidade cultural, encontrada na escola, com regras diferentes de
diferentes cultura, que acabam se chocando. A autora continua dando ênfase
a má interpretação da permissividade. O que é confirmado por D’Antola (1989,
p.79) que cita a: “[...] supervalorização do conceito de liberdade [...] como um
dos responsáveis por certos abusos e por um clima de geral de confusão.”
Os problemas externos ao contexto escolar, podem também contribuir
para o problema da indisciplina. Divórcio, droga, desemprego, pobreza,
violência doméstica dentre outros. Segundo Aquino (1996) os problemas
possuem ligação com a adolescência, estes junto às diferenças de valores da
sociedade neoliberal, somados a falta de entendimento que a demanda escolar
mudou, os meios de comunicação que sempre colocam em destaque pessoas
que não respeitam regras, trouxeram uma falta de referência, perda do sentido
das regras.
Tiba (1996) atribui várias causas para a indisciplina tais como os
distúrbios pessoais que, em suas palavras, tratam-se de problemas
psiquiátricos, distúrbio neurótico com comportamentos bastante inadequados.
O referido autor também menciona como causa da indisciplina, as etapas do
desenvolvimento, como a adolescência, onde muitas transformações ocorrem,
como por exemplo, a puberdade que torna os rapazes mais agressivos, e
também o uso de entorpecentes que causam alterações no comportamento do
aluno. Outra causa que Tiba (1996) atribui é o distúrbio de auto estima que
depende, inicialmente, do amor dos pais e leva a perda de limites,
autodesvalorização, excesso de auto estima, ego murcho, enfim, problemas
que refletem na falta de respeito e na indisciplina na sala de aula.
São muitos os motivos para o comportamento inadequado manifestado
em sala de aula, no entanto as causa biológicas não são uma regra.
Ao dissertar sobre os fatores que tem influência no comportamento
Weber (2009) relembra que as pesquisas demonstram que os genes podem
influenciar no comportamento, como a introversão observada em alguns bebês.
30
No entanto biologia não é destino como afirma a autora. O comportamento
ocorre por meio de interações.
De acordo com os princípios da Análise do Comportamento, as ações
das pessoas são determinadas pela interação da filogênese, da ontogênese e
também da cultura. Portanto, é necessário analisar profundamente o
comportamento dentro do contexto em que ele ocorre, ou seja, o que vem
antes do comportamento, o antecedente e o consequente. O que houve antes
e o que veio depois de determinado comportamento. Weber (2009) enfatiza
que é de grande importância descobrir em que condições a criança apresenta
determinado comportamento e não porque ela o faz. A autora concorda que há
muitas causas para um mesmo comportamento e consequências diferentes.
De acordo com a análise do comportamento, aspectos relevados pelos
diversos autores no presente trabalho possuem sentido, pois, estão incluídos
na interação com o ambiente. Se este ambiente apresenta problemas ou
contradições poderá, por exemplo, reforçar condutas desajustadas.
Como exemplo tem-se:
Uma criança que faz birra para que seus pais a atendam, podemos
identificar o reforço e seus efeitos claramente. Cada vez que a
criança faz birra (comportamento/resposta) e seus pais a atendem
(consequência), aumentam as chances (a probabilidade) de que na
próxima vez que a criança queira algo, ela se comporte da mesma
forma. (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p.51)
Se esta situação ocorresse em uma sala de aula, com um professor e
seu aluno, teríamos o mesmo resultado; uma das causa de indisciplina é o
reforço que o próprio professor fornece a situação, gerando mais indisciplina.
A verdade, é que são várias as causam da indisciplina e vários os
problemas que os professores estão enfrentando ao lidar com a falta de
disciplina em sala de aula. Os professores, especialmente os brasileiros, a
cada dia estão mais estressados, adoentados, não conseguem fazer com que
as regras funcionem, não sabem se ensinam ou mantém a disciplina.
Segundo Picado (2009), o principal objetivo dos professores, até
mesmo os mais experientes, nos primeiros dias de aula, é adquirir o domínio
da sala de aula. O autor também ressalta que cresce o número de professores
que abandonam o ensino por problemas psicológicos.Enfim, os professores
31
perdem o controle sobre suas salas, são desestimulados. Todos estes
agravantes comprometem a aprendizagem.
Esta situação gera mal estar e causa tensões que causam
indisciplina. Os alunos são bagunceiros e alguns desrespeitam o
adulto. Então o professor dá sua aula como pode e o grupo de alunos
atentos é cada vez menor e, ainda assim, ele não poderá ter muitos
alunos reprovados. (PARRAT-DAYAN, 2008, p.13)
Talvez o professor não tenha sido preparado para enfrentar essa
situação, ou então, a tendência mundial da responsabilidade da ordem social
ficar para a escola e, logo, o professor esteja impossibilitando o bom
andamento do processo. Porém, a questão é, que a situação é real, a
indisciplina está na sala de aula. No entanto, em resposta a esse agravante, os
professores parecem utilizar métodos variados baseados em sua vivência
educacional, pessoais, de infância e profissional.
Pereira; Marinotti; Luna, (2004) afirmam que a sociedade está passando
por uma crise educacional, os professores acabam perdidos, controlados por
vários fatores e esquecem o maior objetivo do processo ensino aprendizagem,
que o aluno aprenda. A escola não consegue provocar no aluno as
transformações que deveria, com atividades sem sentido, como resultado,
temos alunos desmotivados, desinteressados e indisciplinados.
Enfim, são muitos os motivos e as causas da indisciplina, será
necessário uma intervenção neste meio, neste ambiente, nas relações.
32
CAPÍTULO III
A INDISCIPLINA E A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
3
O COMPORTAMENTO INDISCIPLINAR
A indisciplina, constitui um obstáculo pedagógico e transformou-se em
um pesadelo para o docente, que não sabe com agir com segurança frente ao
problema. (Parrat-Dayan, 2008 p.11) destaca: “diante de tanta dificuldade
ensinar, no momento atual seria uma missão impossível [...].”
Baseados nas colocações de Aquino (1996) percebe-se que o problema
é real em escolas pública e privadas.
Ainda Aquino (1996) considera o problema, resultado da inadequação
da escola a mudança do mundo. Entende-se que indisciplina na escola faz
parte do contexto, ou seja, o que acontece na escola se articula com o mundo
exterior.
Para enfrentar o problema da indisciplina, a escola, os professores e os
alunos utilizam diferentes condutas. Porém, aqui pretende-se nortear o trabalho
por uma perspectiva da análise do comportamento.
De acordo com Skinner (2002), Johm B. Watson, em 1913, colocou em
evidência seu trabalho, tendo como objeto de estudo da Psicologia do
comportamento. A Psicologia que, até então, era uma ciência que só estudava
a vida mental.
Porém, depois de vários estudos e pesquisas, hoje, entende-se que a
psicologia também pode estudar o comportamento tendo como base só o
comportamento, ao invés de ter apenas os sentimentos, ou pensamentos, já
que estes não podem ser medidos ou verificados, segundo Sidman (2003).
A análise do comportamento como já tratado nos capítulos anteriores,
trabalha com as interações de organismos com seus ambientes. Todo e
qualquer comportamento deve ser visto e analisado nessa perspectiva, logo, o
comportamento indisciplina pode ser analisado assim.
Segundo Hubner; Marinotti (2004, p.13) toda a explicação de Skinner
sobre o comportamento humano funda-se na negação de causas mentais [...]
33
como fator determinante da ação humana [...] sem negar a existência de
eventos, como sentimentos ou estados mentais.”
Diante dessa afirmação, entende-se que a psicologia da análise do
comportamento verifica e considera o que pode ser medido, visto e analisado,
levando em consideração, não características cognitivas, mas as contingências
ambientais, até porque o cognitivo também será resultado da interação do
indivíduo com o ambiente.
Carrara (2004) ressalta, baseado na análise do comportamento, que o
comportamento operante baseia-se na tríplice relação de contingência, ou seja,
para que o aluno comporte–se de maneira inadequada em sala de aula,
ultrapassando as regras, desrespeitando os colegas; os motivos estão ligados
as contingências. O autor divide em: eventos antecedentes, o que precede a
ocorrência do comportamento, o porquê daquela ação, o que aconteceu antes.
Em seguida, o autor destaca o comportamento em si, que também deve ser
analisado. E, em um terceiro momento, o que permite, ou o que mantém o
mesmo comportamento, o que o reforça.
Como citado no capítulo anterior, são muitos os antecedentes ou as
causas da indisciplina, portanto, a atenção agora será para como este
comportamento é reforçado, mantido, como reforçar o comportamento
adequado extinguindo a indisciplina ou traços da mesma, ou seja, como lidar
com o comportamento indisciplinar.
3.1
Reforçando o comportamento em sala de aula
De acordo com Martins (1997), o reforço é um modo sistemático que
pode auxiliar na aprendizagem das crianças, além de facilitar sua interação
com os colegas e adultos. Não se trata, segundo a autora, de um novo estilo
separado e, sim uma extensão do trabalho dos educadores.
Segundo Sidman (2003) há três tipos de relações reforçadoras: reforço
positivo, reforço negativo e punição. Os dois últimos são considerados como
coercitivos. O reforço positivo é quando se acrescenta algo, como um elogio,
porém, ele pode estar reforçando um comportamento inadequado, mesmo
sendo um reforço positivo. O reforço negativo nas palavras de Skinner (2002,
p.170) é: “um estímulo cuja redução ou remoção fortalece o comportamento.” E
34
a punição o autor chamou de condicionamento negativo enquanto realizava
experiências com ratos.
Como se sabe de acordo com a análise do comportamento na
observação de Moreira; Medeiros (2007), o comportamento é influenciado
pelas consequências que determinaram, em algum grau, se aquele
comportamento voltará a ocorrer, e qual a frequência do mesmo, não
esquecendo que o evento antecedente também influência a probabilidade da
ocorrência.
Ninguém conhece tão bem a sala como o professor, ele é capaz de
identificar os comportamentos que necessitam ser alterados, para um melhor
aproveitamento da aula. Pois como Antunes (2002) já citou, é importante a
disciplina na sala de aula, não para ter alunos mudos que não questionem e
nem participem, mas para que não haja comprometimento do desenvolvimento
devido a conduta.
Disciplina apresenta–se como um maneira de ser e de se comportar
que permite ao aluno alcançar seu desenvolvimento pleno, tomando
consciência da existência do outro e que ajuda, ao mesmo tempo, a
respeitar regras como um requisito útil para a ação. (ANTUNES,
2002, p. 17)
Portanto, o professor considera a necessidade da disciplina para que a
aprendizagem aconteça.
Ao dissertar sobre a importância da indisciplina para aprendizagem,
Parrat-Dayan (2008) compara a escola a uma orquestra que não seria nada
sem disciplina.
Para
eliminar
comportamentos e
substituir
por
comportamentos
aceitáveis, Picado (2009) sugere a utilização do reforço social.
Skinner (2003, p. 327) explica esse tipo de reforço da seguinte forma:
“quando a mãe alimenta a criança, o alimento, como um reforço primário, não é
social, mas o comportamento da mãe ao apresentá–lo é.”
Picado (2009), ao conceituar o reforço social, coloca como uma
consequência positiva após um comportamento, para que ele volte a ocorrer,
como atenção, elogio, sorriso. Estes estímulos reforçadores são simples e
podem significar muito ao aluno.
secundário.
Martins (1997) chama este reforço de
35
Ao escrever sobre o problema da indisciplina, Antunes (2002) destaca
como uma estratégia o elogio, e afirma ser importante descobrir nos alunos
considerados indisciplinados, qualidades para isto. Percebe-se que alguns
autores mesmo não escrevendo sobre análise do comportamento diretamente,
possuem conhecimento de seus benefícios, mesmo que de forma empírica.
Quanto a isso, Weber (2009) relata que o ato de elogiar os
comportamentos, reforçar, faz parte de uma disciplina positiva onde o que
recebe atenção são os acertos e não, os erros. Com resultado haverá o
aumento da autoestima e otimismo. A autora lembra que muitas são as
condições que reforçam um comportamento e, é importante descobrir o que
reforça individualmente, no entanto, deixa claro que reforço não é suborno, não
é oferecer uma recompensa para que a criança pare de agir de determinada
maneira.
Porém, o reforço social também pode ser negativo e reforçar
comportamentos inadequados.
Antunes (2002) cita como exemplo, o professor que dá muitas broncas
altas e em público, que em alguns casos alimentam o aluno que deseja chamar
a atenção, que quer ser visto e de alguma forma admirado pelos outros, talvez
pela ousadia. Na visão da análise do comportamento, a atitude do professor
estaria reforçando o comportamento inadequado do aluno. A bronca seria
então o reforço positivo para uma atitude negativa, já que ele esta sendo visto
e seu nome mencionado. Carrara (2004) enfatiza que o reforço positivo tem
como característica, o fortalecimento da resposta, ou seja, a resposta bagunça
será fortalecida e, voltará provavelmente a ocorrer de acordo com a seleção
pelas consequências. De acordo com Moreira; Medeiros (2007): “o reforço é
um tipo de consequência do comportamento que aumenta a probabilidade de
um determinado comportamento voltar a ocorrer.”
Sidman (2003), ao mencionar o reforço positivo na educação, o
descreve como um poderosa ferramenta, e menciona inicialmente para utilizar
o recurso. É necessário que o professor, em primeiro lugar, consiga que o
aluno faça algo novo e em seguida reforce aquele comportamento. Como
reforço, o autor fala de escrever bilhete aos alunos, elogiá-los verbalmente e
até mesmo chamar algum outro professor para elogiá-los também.
36
Quanto a isso, Pereira; Marinotti; Luna (2004), baseados em Skinner,
destaca
que
os
professores
acabam
por
não
saber
reforçar
os
comportamentos, para fortalecer movimentos corretos punem movimentos
incorretos.
Parece mais fácil falar, do que o aluno não consegue fazer, do que ele
não fez, do que ele fez errado, tentando desta maneira produzir nos ouvintes e
no que é corrigido uma outra atitude. Do que falar de suas atitudes adequadas.
Para isso, a análise do comportamento utiliza o reforço diferencial.
3.1.1
Reforço diferencial
Whaley; Malott (1980, p. 69) descreve o reforço diferencial, como um
uso especial do reforço positivo e conceitua da seguinte forma: “consiste em
reforçar apenas um membro ou resposta de um conjunto de respostas e deixar
de reforçar todos os outros membros do mesmo conjunto.”
Skinner (2003) exemplifica com uma mãe que reclama que seu filho fala
muito alto e chora para ter atenção, porém:
Quando está ocupada com outras mães, provavelmente não
responde a um chamado ou apelo feito em tom normal. Quando a
criança eleva a voz, ela responde. Isto é reforço diferencial. A
intensidade média do comportamento vocal da criança aumenta.
Quando a mãe estiver adaptada ao novo nível, outra vez são
reforçado os sons mais altos[...] De fato, aquilo que denominamos
comportamento incômodo é em geral aquele comportamento
especialmente eficaz em fazer outra pessoa agir. (SKINNER, 2003,
p.108)
É possível observar atitudes como estas na sala de aula, o professor
com um número grande de alunos em um ambiente barulhento, onde os alunos
concorrem pela atenção o que acaba gerando mais indisciplina.
Parrat-Dayan (2008) coloca como exemplo de indisciplina a atitude a
seguir.
Por exemplo, o aluno fica em pé frequentemente interrompe o
professor, tenta chamar a atenção etc. Essas condutas são
incômodas e desagradáveis, tanto para o professor como para o
aluno. Em casos extremos, aparecem condutas agressivas.
(PARRAT- DAYAN, 2008, p.21)
37
Esta atitude do aluno, pode ser um exemplo para conseguir chamar a
atenção do professor, utilizando reforço diferencial. A citação acima não coloca
qual é atitude do professor, porém, pode acontecer do aluno só obter atenção
quando levanta, por exemplo, e quando este comportamento não resolve mais,
ele pode ter atenção quando grita e levanta. Portanto, o comportamento
humano é muito complexo e não acontece sem motivos. É importante o
professor estar atento a estes detalhes para usar realmente o conhecimento a
seu favor; a favor da aprendizagem do aluno.
Carrara (2004), ao conceituar o reforço diferencial descreve, que neste
caso, reforçam-se as resposta que se aproximem do repertório desejado, na
verdade se diferencia as respostas das demais, reforça o que se deseja ter
como resposta, de modo que as outras venham ser extintas ou diminuam sua
força. Carrara (2004, p.120) assim afirma: ”a resposta escolhida é, assim,
designada resposta diferenciada.”
Este tipo de reforço também pode partir de um modelo, como afirma
Martins (1997). Quando se deseja que determinada resposta seja eliciada,
então se apresenta um modelo de maneira natural, para que o outro perceba
qual é o comportamento adequado. Quando se deseja que as crianças parem
de correr e sentem todas, para a hora da história, se elogia por exemplo, as
poucas que já estão sentadas.
Não se pode deixar de destacar que mesmo de forma simples o reforço
diferencial trata-se de uma modelagem, assim como declara Moreira; Medeiros
(2007), nem sempre a resposta que se deseja é reforçada e, sim,
aproximações sucessivas, ou seja, gradualmente o comportamento é reforçado
até que chegue ao comportamento alvo.
Todas as palavras acima, serviram para afirmar a ideia de que o aluno,
em sala de aula, considerado indisciplinado, que atrapalha a aula, e atrapalha
os outros a aprenderem, pode ter seu comportamento alterado como pequenas
ações dos educadores. Não se pretende trazer a culpa aos professores, até
por que não é esta a realidade, e nem acabar com o problema de indisciplina,
até porque seria muita pretensão e ingenuidade. O que se propõe, como já
mencionado, é um olhar diferente para a situação da indisciplina em sala de
aula, tornando as ações mais intencionais.
38
3.2
Estratégias educacionais para lidar com a indisciplina
O professor não tem seu comportamento controlado pela aprendizagem
de seu aluno e sim em muitos momento controlado pelo comportamento
indisciplinar do mesmo dentre outros fatores. Pereira; Marinotti; Luna (2004,
p.18) destacam: “professores afirmam evitar mudanças nas atividades
habituais, como por exemplo, trabalho em grupo, porque os alunos fazem muita
bagunça.”
Outro exemplo do prejuízo que a indisciplina agrega é na relação
professor aluno.
Outras vezes, comportamentos aversivos por parte dos alunos
(indisciplina, falta de respeito para com o professor) geram reações,
por parte dele, que comprometem o “ensino individualizado”: o
professor evita contato com estes alunos (portanto, conhece pouco
de seus repertórios e necessidades) e fica mais sob controle de seu
comportamento interacional (adota medidas disciplinares) do que de
seu desempenho acadêmico. (PEREIRA; MARINOTTI; LUNA, 2004,
p.25)
Pereira; Marinotti; Luna, (2004) entendem a aprendizagem, como a
principal comprometida neste contexto, e declaram ser esta finalidade básica
da educação. O professor muitas vezes sem saber como reverter essa situação
não se sente responsável por isso e desvincula os resultados dos alunos de
sua atuação.
Diante da presente situação, os mesmos autores propõe alguns
princípios baseados na análise do comportamento que, como eles mesmos
afirmam, pode subsidiar um planejamento do ensino que respeite a
aprendizagem do aluno e, consequentemente melhore os comportamentos
indesejáveis.
Nas observações de Sidman (2003), nota-se que o atual sistema
educacional é desestimulante e não considera o aluno. E entende que nesta
situação o sistema e seu modo de ensino contribuem para comportamentos
inadequados.
Pereira; Marinotti; Luna; (2004) iniciam os princípios, dissertando sobre a
necessidade de manter o aluno em atividade, acompanhando o desempenho
do mesmo, avaliando e replanejando; lembrando que desta forma, será
possível verificar em suas ações, sua aprendizagem. Não é possível avaliar o
39
que ele pensa somente quando recebe as explicações, é importante as
atividades para tornar este diagnóstico real registrado.
Outro fator importante diz repeito ao reforço positivo, sendo o segundo
princípio:
Promover
consequências
reforçadoras
positivas
para
o
comportamento do aluno[...] implica em avaliar não apenas o produto
de seu comportamento (quantos problemas de aritmética ele
conseguiu acertar, por exemplo), mas o seu comportamento,[...] que
passos ele deve ter dado para chegar a solução, ressaltando ao
máximo aproximações ao desempenho adequado/correto e criando
condições para que ele aprenda o que ainda não sabe. Para
aumentar as chances de o aluno ser positivamente reforçado, é
necessário garantir que as tarefas sejam compatíveis com o que ele
já sabe e aumentar a dificuldade delas gradativamente. (PEREIRA;
MARINOTTI; LUNA, 2004, p.13)
O reforço, como já descrito, pode auxiliar na modelagem do
comportamento, porém, constitui uma excelente ferramenta para aprendizagem
que, logo, será revertido no comportamento propriamente dito, pois o aluno
envolvido com a aprendizagem e acreditando ser capaz de realizar tal,
normalmente terá um comportamento melhor.
Antunes (2002), considera vários fatores importantes para a disciplina
em sala de aula e, em sua descrição, destaca a estrutura da aula, as técnicas
pedagógicas como influenciadoras deste comportamento. Sendo assim acaba
por concordar com as afirmações de Pereira; Marinotti; Luna, (2004).
Ainda os autores, apontam como terceiro princípio, evitar ao máximo as
consequências aversivas, tão comuns na escola, afirmando que a escola já é
uma agência social de cunho aversivo.
De acordo com a análise do comportamento, esta consequência também
pode ser chamada de punição ou reforço negativo.
Sidman (2003) ressalta que a punição é usada, para que aja mudança
na maneira das pessoas agirem, para colocar fim à conduta indesejável, como
retirar um brinquedo de uma criança quando esta se comporta mal. Além da
retirada de um reforçador positivo, a punição também pode acontecer ao inserir
um reforço negativo, como repreender ou ridicularizar uma criança que se
comporte mal, a repreendendo.
Segundo Skinner (2003), a punição não significa mudança no
comportamento posterior, porém, na maioria das vezes, é apenas algo
imediato, trata-se então de algo temporário. Outro aspecto da punição é que
40
ela depende mais do comportamento de outra pessoa, de tempo em tempo, pra
reestabelecer o efeito aversivo. O comportamento tende a repetir assim que as
contingencias punitivas forem retiradas.
Picado (2009) lembra que punir já é algo delicado, pois geralmente a
criança punida acredita que a punição acontece à ela e não ao seu
comportamento, o que pode trazer consequência na sua autoestima.
Este tipo de atitude pode gerar no aluno comportamento de fuga. E
Sidmam (2003, p. 106) afirma: “reforço negativo gera fuga [...] reforçamento
negativo torna uma ação mais provável, punição usualmente torna uma ação
menos provável.”
O que nota-se das afirmações que a punição, além de não possuir muita
força para realmente modificar o comportamento, ocasiona uma situação de
desconforto que pode gerar fuga ou esquiva.
Moreira; Medeiros (2007) definem fuga como, fugir realmente do
estímulo aversivo presente, e a esquiva como um comportamento que evita ou
atrasa o contato com o mesmo estímulo.
Outra consequência do uso de estímulos aversivos são as reações
emocionais. Pereira; Marinotti; Luna; (2004) dissertam sobre o relacionamento
professor aluno, carregado, muitas vezes, de frustrações por parte do professor
e desinteresse por parte do aluno, o que gera um comportamento agressivo de
ambos
De acordo com os mesmos autores, mais um dos efeitos produzido pela
prática de controle aversivo é a inibição de comportamentos punidos. O
professor,
muitas
vezes,
deseja
que
o
aluno
tenha
determinado
comportamento, então acaba por punir o comportamento indesejável, porém,
não reforça o comportamento desejável.
Pereira; Marinotti; Luna (2004) destacam que é necessário, na
elaboração do planejamento de ensino, dar ênfase aos princípios relevados
aqui, enfatiza contingencias positivas para controlar o comportamento do
professor e principalmente do aluno.
Martins (1997) ressalta que o ambiente escolar deve ser estimulante,
agradável, propício para aprendizagem, ou seja, positivo e lembra que a
estrutura atual da escola não permite programar esse sistema de reforçamento
positivo, dizendo ser necessário antes, haver conhecimento do aluno e atenção
41
do professor a comportamentos desejáveis, atenção no sentido de reforço
social.
Outro princípio relevante nesta prática segundo Pereira; Marinotti; Luna
(2004), é priorizar consequências naturais ao invés das artificiais.
Carrara (2004) exemplifica:
Os reforçadores também podem ser naturais ou arbitrários conforme
sigam tipicamente, no ambiente social, determinada resposta (ler
para compreender um romance e ser reforçado naturalmente a partir
da compreensão da trama e sua identificação com situações
prazerosas do cotidiano, por exemplo, exemplifica reforçadores
naturais) ou conforme se constituam em artifícios, apenas utilizados
para intermediar, na prática, uma situação de aprendizagem (um
muito bem do professor diante da mesma leitura já mencionada
representa uma consequência artificial). Por certo a utilização de
reforçadores é preferível, embora, às vezes, seja inevitável o uso de
reforçadores arbitrários como primeiro passo para se chegar aos
naturais numa situação qualquer do cotidiano. (CARRARA, 2004,
p.117)
Percebe-se que as consequências naturais estão ligadas a motivação,
ou o que levou a pessoa a ler. O simples prazer de descobrir é a consequência
reforçadora de seu comportamento, porém, Pereira; Marinotti; Luna, (2004)
apesar de acreditarem que os comportamentos deveriam ser mantidos por
contingencias o mais natural possível, também concordam com Carrara (2004)
que afirma a necessidade de utilizar consequências reforçadoras arbitrárias em
alguns
momentos
iniciais,
para
incentivar
o
aluno
à
determinado
comportamento, como recursos intermediários. Pereira; Marinotti; Luna, (2004)
destacam: “até que a proficiência adquirida pelo aprendiz lhe possibilite usufruir
o benefício próprio à atividade, quando, então passa-se a falar de uma
atividade intrinsecamente motivadora.”
O último princípio que deve nortear um planejamento de ensino que
realmente considere a aprendizagem do aluno e, com isso diminua situações
de indisciplina é, segundo Pereira; Marinotti; Luna, (2004), envolver o aluno ao
máximo na avaliação de seu próprio desempenho. Ainda de acordo com os
autores neste caso, o uso de contingências artificiais serão aos poucos
substituída por naturais.
Desta maneira, os alunos aprendem a avaliar seu próprio desempenho e
dependem menos de outro para tal, tem a oportunidade de tomarem decisões
diferentes, assim como o professor replaneja, reorganiza de frente a avaliação.
42
Por exemplo, descrever para o aluno os critérios de avaliação,
apontar quais foram ou não atingidos por ele e gradualmente leva-lo a
confrontar estes critérios com seu comportamento aumentará as
chances de ele interagir com as condições com que se defronta e a
reorienta seu próprio desempenho. Na pior das hipóteses, ele
dependerá cada vez menos de que alguém lhe diga se foi bem ou foi
mal. (PEREIRA; MARINOTTI; LUNA, 2004, p. 30).
Os princípios, descritos no presente trabalho, reafirmam a importância
da reorganização das contingências dentro do ambiente escolar. A organização
do ambiente, do planejamento que respeite o aluno diretamente na sua
aprendizagem, reflete em seu comportamento e seu comportamento reflete
também na aprendizagem. A escola é o lugar onde se aprende, onde o aluno é
preparado para a vida e se houver maneiras de tornar essa aprendizagem
efetiva deverá receber mais atenção.
A característica essencial é tornar a aprendizagem real, potencializando
o ensino e diminuindo problemas de comportamento que dificultam a
aprendizagem. Antunes (2002) explica que a principal característica de
indisciplina diz respeito a dificultar a aprendizagem, quando o comportamento
indisciplinar do aluno dificulta o ensino.
Quanto a isso Carrara (2004) afirma:
No que concerne à indisciplina, o envolvimento do aluno em
programas que organizam sequências apropriadas de ensino, que
respeitam o ritmo de aprendizagem individual, que proporcionam
consequências apropriadas aos alunos e que, portanto, asseguram
condições para que eles se envolvam positivamente com a instrução
garantem incompatibilidade genérica com a apresentação e
manutenção da indisciplina escolar. (CARRARA, 2004, p.125)
Sendo assim, os princípios destacados aqui para o planejamento do
ensino, possuem grande relevância como estratégia para se lidar com o
problema da indisciplina. Pois, se o aluno receber a atenção necessária e a
preocupação autêntica com seu aprendizado, com certeza isso refletira em seu
comportamento.
3.3
As regras e limites
43
Weber (2009) afirma: “ausência de regras leva a insegurança.” Portanto,
as regras são extremamente importantes não somente para manter uma certa
ordem, mas para que uma criança cresça segura.
Quanto a isso, Parra-Dayan (2008) destaca que em alguns momentos, a
sociedade passa por crises onde as formas habituais de vida e as regras
acabam por não funcionar e, é necessário redefinir novas regras. A perda
destas regras também, segundo a autora, leva a desorientação do indivíduo.
Portanto, as regras são imprescindíveis e são construídas socialmente.
No entanto Bock; Teixeira; Furtado (2009) ressaltam que as regras na
escola não surtem mais muito efeito, pois talvez estejam sem sentido,
desvinculada do aprendizado e impostas.
De acordo com Weber (2009), o que se pretende não são crianças que
obedeçam sem pensar, mas que conheçam limites, o que ela chama de
fronteira, que saibam até onde podem ir e consigam controlar seu próprio
comportamento.
Weber (2009) escreve sobre o ato de educar direcionado para pais,
entretanto, suas colocações são baseadas na análise do comportamento e
podem ser utilizadas e transferidas para a sala de aula.
A autora destaca alguns pressupostos quando se lida com as regras,
que serão elencados aqui. Segundo Weber (2009), as regras devem ser
ensinadas, ser claras e supervisionadas e, em algumas vezes, as regras são
decidas em conjunto. Quanto a clareza das regras, deve ser dito o que se
espera e reforçar quando determinado comportamento esperado ocorrer. Devese também não utilizar frases como:
Não, porque não e pronto! Tire esse sorriso do seu rosto, já. Você
não é capaz de fazer nada direito! Para de se comportar como um
bebê! Você é mesmo estúpido! Se você me amasse você não teria
feito isso. Eu já falei um bilhão de vezes. (WEBER, 2009, p. 78)
A autora também destaca as coerências das regras, de acordo com a
idade da criança. E, de que o excesso de limites pode produzir efeito contrário,
a criança não levar a sério. É importante também que as regras sejam flexíveis
na medida do possível, de acordo com o bom senso. A regra deve ser para
todos, inclusive para quem esta a frente.
44
Tiba (1996) ressalta por exemplo, que o professor que exige dos alunos
um comportamento não agressivo, erra quando é irritadiço e agressivo.
Um fator que auxilia muito, segundo as colocações de Weber (2009) é a
explicação do motivo da regra de maneira simples e breve.
Apesar do cuidado com o tema e das instruções presentes Weber
(2009), lembra que é normal que as crianças tentem ultrapassar as regra, mas
é necessário que haja firmeza de quem está à frente.
3.4
Habilidades sociais
Os problemas de aprendizagem, vivenciados pelas crianças, possuem
muitas causas e algumas delas podem estar ligadas a inabilidades nos
relacionamentos. Indivíduos rotulados como indisciplinados sofrem de um
grande déficit nas habilidades sociais. Deficiências nas habilidades sociais
podem levar uma pessoa a se comportar de uma forma inadequada.
Del Prette; Del Prette (2011), afirmam que as crianças que possuem
problemas de aprendizagem, na avaliação dos professores, tendem a ser
consideradas inquietas, briguentas, sem iniciativa, com dificuldade nas
habilidades de trabalhar com grupo, desenvolver e manter amizade, encerrar
conversações, lidar com insultos, ou até mesmo possuem tendências a
interagir de maneira agressiva e imatura. Enfim, um quadro de alunos que
apresentam comportamento indisciplinar.
Pesquisas mostram, segundo Del Prette; Del Prette (2011), que o
treinamento de habilidades sociais obtiveram resultado positivo em crianças
com as características citados acima.
As habilidades sociais, segundo Gresham (2009), são classe de
respostas comportamentais, são comportamentos aprendidos socialmente, que
permite a interação de um ser com outros. Essas habilidades sociais são
necessárias para relacionamentos bem sucedidos.
Quando a criança entra na escola, depara-se com uma variedade de
comportamentos.
Segundo
Del
Prette;
Del
Prette,
(2011),
estes
comportamentos possuem como base os relacionamentos familiares. Portanto,
a escola pode oferecer uma aprendizagem mais ativa baseada no treinamento
de Habilidades Sociais.
45
O treinamento de Habilidades Sociais consiste em uma estratégia
cujo objetivo é a prevenção de futuras dificuldades comportamentais
por meio do ensino e da facilitação de padrões de comportamentos
prossociais que podem reduzir efetivamente a ocorrência de
problemas de comportamento. (GRESHAM, 2009, p. 17)
O treinamento pode ser utilizado, segundo Del Prette; Del Prette (2011),
por psicólogos e professores em sala de aula. O treinamento desenvolve as
principias classes de habilidades:
Seguir regras ou instruções orais; observar, prestar atenção; Imitar
comportamentos socialmente competentes; aguardar a vez para falar
(autocontrole); orientar-se para tarefa, ignorando interrupções dos
colegas; fazer e responder pergunta; oferecer, solicitar e agradecer
ajuda; buscar aprovação por desempenho realizado; reconhecer e
elogiar a qualidade do desempenho do outro; agradecer elogio ou
aprovação; cooperar; atender pedidos; participar em discussões em
classe. (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2011, p. 242)
Para tal o professor poderá ter algumas ações em sala. O docente em
sua
atuação,
segundo
Del
Prette;
Del
Prette
(2011),
possui
uma
responsabilidade muito grande nas relações quando amplia ou restringe as
oportunidades de interação; expressa rejeição ou aceitação das formas
indesejáveis de relacionamento entre os alunos; oferece modelos adequados
ou inadequados de relacionamento na sua interação com as crianças.Todos
estes comportamentos refletem nos alunos e ajudará na construção deste ser.
Del Prette; Del Prette (2011) citam exemplos de atividade para o
trabalho em grupo com o ensino fundamental. O objetivo específico da
atividade é desenvolver o respeito, a cooperação, a partilha, e atenção. Para tal
os materiais serão fichas de sulfite dobradas ao meio, com uma instrução do
que cada dupla deve desenhar. Será dado um tempo para que isso ocorra e o
mais importante, as duas crianças deverão participar juntas do desenho.
Acabado o tempo, verifica-se qual dupla conseguiu se ajustar a regra e pede
para a mesma contar aos outros sua experiência. Novamente, todos realizam a
atividade, porém, agora com mais silêncio. Ao final, é discutido o significado da
atividade e feitas perguntas como: qual foi a maior dificuldade?
Com o breve texto sobre habilidades sociais, é possível verificar que o
trabalho com este tema também constitui uma importante ferramenta para lidar
com a indisciplina.
46
Levando atividades como esta, para a sala de aula, poderá ser
desenvolvido no aluno, habilidades facilitadoras da convivência em grupo, o
que certamente refletirá na aprendizagem.
47
CAPÍTULO IV
A PESQUISA
4
INTRODUÇÃO
O presente trabalho teve como objetivo geral verificar as estratégias que
os professores utilizam para lidar com o problema da indisciplina.
Além de, definir a indisciplina e levantar suas causas em diversas
correntes de pensamentos. No decorrer do trabalho, foi realizado um estudo
sobre os conceitos básicos da análise do comportamento e suas contribuições
para lidar com o problema da indisciplina escolar.
A pesquisa justifica-se pela quantidade de notícias, dos meios de
comunicação em massa, sobre professores desmotivados com vários fatores
da de sua profissão, principalmente sua relação conflituosa com os alunos que
não obedecem, possuem comportamento inadequado, desrespeitam os
colegas e o professor. Essas atitudes refletem diretamente na aprendizagem
que é prejudicada.
Os alunos estão indisciplinados, o limite já é confuso e os professores
usam vários métodos baseados em suas experiências pessoais. Enfim os
problemas com a indisciplina merecem atenção.
Os problemas de indisciplina manifestam-se com frequência na
escola, sendo um dos maiores obstáculos pedagógicos do nosso
tempo. A maioria dos docentes não sabe como interpretar nem como
enfrentar um ato de indisciplina. (PARRAT-DAYAN, 2008, p.7)
A presente pesquisa, foi realizada com os professores das três escolas
urbanas da Rede pública municipal do Ensino Fundamental, da cidade de
Lins/SP.
Os dados foram coletados com a utilização de questionários com
perguntas abertas e fechadas, distribuídos nas três escolas citadas
anteriormente.
48
4.1
Sujeitos da pesquisa
Os sujeitos da pesquisa são professores do Ensino Fundamental da
Rede Municipal de Lins/SP.
A pesquisa restringiu-se às escolas, públicas de Ensino Fundamental.
O objeto da pesquisa restringiu-se às escolas públicas, excetuando-se
da pesquisa as filantrópicas e particulares.
O questionário foi entregue as escolas um para cada professor titular da
sala. No total foram entregues 29 questionários, que permaneceram na escola
em uma média de 10 dias. No entanto, houveram 20 questionários devolvidos e
respondidos.
4.2
Metodologia de estudo
O trabalho foi realizado com levantamento bibliográfico realizado através
de livros e pesquisas na internet.
A pesquisa caracteriza-se em um estudo de caso, descritivo e
qualitativo, pois trata-se de analisar as característica de uma realidade, do
ponto de vista de um grupo de professores, através de questionário,
evidenciando as concepções e estratégia dos professores sobre a indisciplina.
O questionário (ANEXO) foi elaborado a partir da bibliografia pesquisada
e apresentou, em sua maioria, perguntas qualitativas, ou seja, perguntas
fechadas de múltipla escolha, porém, as perguntas possuíam um espaço para
que se o entrevistado desejasse escrever mais informações sobre o assunto.
O campo da investigação foram 3 escolas da Rede Municipal de Ensino
Fundamental.
A presente pesquisa, por questão de sigilo dos nomes das escolas,
utilizou um nome fictício para cada escola. Escola Verde, Escola Amarela,
Escola Azul.
À escola Verde, foram entregues 13 questionários que permaneceram
na mesma, durante uma semana, porém, devolvido e respondidos foram 9
questionários.
49
À escola Amarela, foram entregues 6 questionários que permaneceram
na mesma, durante duas semanas, devolvidos foram 5 questionários.
À escola Azul, foram entregues 11questionários que permaneceram na
mesma durante uma semana, porém, devolvidos e respondidos foram 6
questionário.
4.3
Resultados e Análise dos dados
Os dados coletados junto aos professores, consistiram em obtenção das
contingências em que a indisciplina ocorre, frequência e caracterização do
comportamento indisciplinar, na visão do professor do Ensino Fundamental da
Rede Municipal e as estratégias que eles utilizam para lidar com a indisciplina.
A presente pesquisa retratará um perfil da atuação e concepções dos
professores do Ensino Fundamental rede municipal de Lins/SP, em relação a
indisciplina, pois foram feitas com os docentes de três, das três escolas
Municipais de Ensino Fundamental da área urbana do município.
A interpretação dos dados foi feita mediante agrupamento de respostas
iguais. Na única pergunta aberta, dissertativa, utilizou–se agrupamento das
respostas baseando-se em concepções comuns.
A seguir, será analisado doze perguntas aplicadas aos professores.
Na primeira pergunta, buscou-se saber dos professores entrevistados se
a indisciplina era uma desafio real em suas salas de aula.
Figura 1 – principais problemas que o professores enfrenta na sala de aula
Em grau de importância, enumere quais os maiores
problemas que o professor enfrenta em sala de aula:
4 5
1º problema apontado
7
2° problema apontado
5
6 6
1 1
Falta de
Material
Falta de
Apoio
Institucional
Fonte: Elaborado pela autora, 2013
1 1
Falta de
disciplina
Falta de
apoio dos
pais
Formação
insuficiente
50
Os professores, da escola Verde, destacaram como primeiro problema
que enfrenta em sua atuação a indisciplina, seguida da falta de apoio dos pais.
Na escola Verde houve uma professora que não respondeu ao
questionário de maneira casual, pois afirmou:
Neste ano milagrosamente não enfrento este, que é um dos maiores
problemas da aprendizagem em sala de aula (indisciplina).
Os professores, da escola Amarela, destacaram como primeiro problema
em sua atuação a indisciplina e a falta de material escolar, e como segundo
problema, também, a falta de apoio dos pais.
Os docentes da escola Azul, quando questionados sobre os maiores
problemas que enfrentam em sua atuação, elegeram em primeiro lugar, a falta
de apoio dos pais e em uma segunda posição, a indisciplina, junto a falta de
material.
Contudo, nota-se que apesar das escolas serem diferentes, a
indisciplina e a falta de apoio dos pais é apontado como um dos maiores
problemas evidenciados pelos professores de Ensino Fundamental da Rede
Pública Municipal de Lins. Com esta constatação, a pesquisa evidencia e
concretiza sua afirmação inicial a indisciplina realmente é um dos maiores
problemas enfrentados pelos professores em sala de aula.
Na segunda pergunta, teve como objetivo conhecer as concepções dos
professores sobre o conceito Indisciplina.
Os professores da escola Verde, de modo geral, atribuíram ao
descumprimento de regras, falta de limite, porém, somente um professor atribui
ao descumprimento de regras construídas coletivamente. No entanto, foram
observadas repostas como as citadas abaixo.
Indisciplina é a bagunça, a falta de respeito por parte de alguns alunos
que não vem a escola para aprender e sim para aprontar.
51
As respostas dadas, pelos professores da escola Amarela, de maneira
geral também citaram o não respeito a regras estabelecidas e apenas uma
resposta ligou essa necessidade a aprendizagem.
É a falta de um conjunto de características sociais e educacionais que
comprometem o processo de formação e qualificação do indivíduo.
A escola Azul atribuiu, de maneira geral, a um determinado
comportamento que atrapalha a aula, porém houve respostas que atribuíram
um limite que não foi dado pela família.
Enfim, de modo geral os professores atribuíram indisciplina, a falta de
respeito as regras, agitação, bagunça, comportamento contrário ao esperado,
falta de limite da família, não diferenciar a hora do lazer e dever, prejudicar o
andamento escolar. Portanto, os professores concordam com as colocações de
Parrat-Dayan (2008, p. 18): “assim, o conceito de disciplina está relacionado
com a existência de regras; e o de indisciplina, com a desobediência a essas
regras.”
A terceira pergunta ressaltou a presença de alunos indisciplinados nas
salas dos professores entrevistado.
Figura 2 – existência de alunos com comportamento indisciplinar.
Fonte: Elaborado pela autora, 2013
Os professores da escola Verde, afirmaram ter alunos indisciplinados em
6 dos 9 questionários. E uma professora comentou:
52
Milagrosamente este ano não tenho.
Os professores da escola Amarela afirmaram ter alunos indisciplinados
em 4 dos 5 questionários.
Os professores da escola Azul, relataram ter alunos indisciplinados em
5 dos 6 questionários, porém, o professor que afirmou não ter indisciplina
relatou ao lado da questão:
Não admito.
Conclui-se que os professores, em sua maioria, admitem ter alunos
indisciplinados em sua sala.
Este resultado permite mais segurança na pesquisa, pois foi solicitado
aos professores, que respondessem de acordo com suas salas. Entende-se
que as respostas são resultados de uma vivência próxima dos mesmos.
A quarta pergunta, diz respeito sobre a relação entre o comportamento
indisciplinar e aprendizagem.
Figura 3 – a relação da indisciplina e a nota baixa
Existe uma relação entre indisciplina e nota baixa?
13
7
sim
não
Fonte: Elaborado pela autora, 2013
53
Os docentes da escola Verde, em sua maioria, 6 professores afirmaram
que há uma relação entre disciplina, no entanto, 3 declararam que essa
afirmação não é real.
Os professores da escola Amarela, responderam, de maneira geral, que
não há uma relação entre nota baixa e indisciplina.
Ao serem questionados a respeito da relação da indisciplina com nota
baixa, os 5 professores da escola Azul afirmaram que sim e, apenas 1 relatou
negação.
Neste caso, houve muita diferença de uma escola para outra, o que não
foi observado nas outras questões. No entanto, de maneira geral, os
professores de Ensino Fundamental da Rede municipal de Lins/SP acreditam
que há uma relação entre o comportamento indisciplinar e o desempenho
educacional. Antunes (2002, p. 9), ao conceituar uma classe indisciplinada
destaca: “não permita aos professores oportunidades plenas para o
desenvolvimento do seu processo de ajuda na construção do conhecimento do
aluno.” O que geralmente irá refletir na avaliação, na nota.
A pergunta número 5, teve a intenção de descobrir quais são as
crianças que apresentam comportamento indisciplinar, nas salas de aula da
Rede Pública Municipal.
Figura 4 – os alunos que apresentam comportamento indisciplinar
A indisciplina acontece geralmente com:
11
8
1
0
Todos os alunos
Alguns alunos
em diferentes
momentos
Sempre com os
mesmos
Fonte: Elaborado pela autora, 2013
não respondeu
54
Os docentes da escola Verde, afirmaram que na maioria a indisciplina
acontece sempre com os mesmos alunos.
Os docentes da escola Amarela, afirmaram que os comportamentos
indisciplinares estão divididos, ocorrem com alguns alunos em diferentes
momentos e sempre com os mesmos.
Os professores da escola Azul, concluem também, que os alunos que
possuem comportamentos indisciplinares são alguns e em diferentes
momentos.
No entanto, por tratar-se de uma pesquisa quantitativa, entende-se que
nas escolas da Rede Pública Municipal, os alunos que apresentam problemas
de indisciplina, em sua maioria, são sempre os mesmos. Analisando este fator
que compõe as contingências, percebe-se que o problema torna-se mais grave,
pois já que estes alunos possuem um comportamento inadequado em todos os
momentos, necessitam de mais atenção. Weber (2009) destaca que é muito
importante analisar a criança, e tentar descobrir, não porque determinado
comportamento ocorre, mas em que condições a criança apresenta um
comportamento.
A sexta pergunta irá descobrir exatamente qual a causa da indisciplina,
para que sejam levantadas as contingencias que propiciam a indisciplina,
utilizando uma pergunta que atribui diferentes graus de importância para cada
resposta.
Figura 5 – alunos que apresentam comportamento indisciplinar.
Enumere quais os alunos que apresentam mais
comportamentos indisciplinares. Aqueles que:
1ªopção
7
5
4
6
4
2
2ªopção
5
2 2
0
A
0
B
C
Fonte: Elaborado pela autora, 2013
D
E
1
F
1
0
G
55
Os docentes da escola Verde, em sua maioria, apontaram que o aluno
que apresenta comportamento de indisciplina, é aquele que não tem limite em
casa e, em segundo lugar, aquele aluno que tem problemas familiares graves,
sendo assim, a escola Verde atribui o problema a causas externas.
A escola Amarela também atribui a causa a problemas externos,
colocando como o aluno que apresenta problemas familiares graves, e em
segundo lugar, destacou os aluno que possuem dificuldade de aprender, junto
com os que confundem liberdade com bagunça.
Da mesma forma, a escola Azul considerou a causa, os problemas
familiares, junto ao fato dos alunos confundirem, liberdade com bagunça e, em
seguida, como sua segunda opção, voltou a destacar como causa aquele aluno
que confundem liberdade com bagunça.
No entanto, percebe-se que assim como Pereira; Marinotti; Luna (2004)
afirmam, os professores atribuem o problema a causas externas, atribuem ao
aluno e a família e se isentam, de certa, forma da responsabilidade. Os
professores costumam atribuir o fracasso do aluno a fatores independentes de
sua atuação, e o mesmo acontece com a indisciplina. Na pesquisa a causa da
indisciplina, de maneira geral, na opinião dos professores do Ensino
Fundamental da Rede Municipal, é a falta de limites em casa e a confusão
entre liberdade e bagunça. Sendo assim, entende-se que o problema não está
ligado a interação na sala de aula com o indivíduo, na visão dos professores.
A sétima pergunta, tem a intenção de descobrir se há situações que
geram mais indisciplina, analisam as causa ambientais.
56
Figura 6 – situações que geram indisciplina.
Enumere, quais as situações que geram mais
indisciplina?
8
6
3
Trabalho
em grupo
6
2
3
1
1
Explicações
de
conteúdo
novo
Algumas
máterias
1ª opção
2
3
2ª opção
2
0
Troca de Atividades
Outros/
professores curtas que Depende
e de aula permitem
como é
sobra de conduzida a
tempo
atividade
Fonte: Elaborado pela autora, 2013
Os professores da escola Verde apontaram a troca de aula, em primeiro
e segundo, no grau de importância, como a situação que mais gera indisciplina,
porém, houve um comentário de um dos entrevistados escrito no meio de seu
questionário que é interessante relevar:
Acredito que todas as atividades aqui citadas se bem conduzidas não
provocarão indisciplina.
No entanto, ao analisar os dados dos professores da escola Amarela, a
troca de aula aparece como a primeira opção e o trabalho em grupo, como a
segunda.
O mesmo acontece ao verificar os questionários dos docentes da escola
Azul. A troca de aula é apontada como a situação que mais gera indisciplina na
escola, em primeiro e segundo grau.
Nas escolas Rede Municipal de Ensino Fundamental de Lins/SP, os
alunos possuem aula de Inglês, Arte, Educação Física e Informática. Estas
aulas são lecionadas por outros professores durante o horário de aula. E ficou
claro que, no momento que há transferência de um professor para o outro,
existe maior manifestação de comportamento indisciplinar.
57
Na oitava pergunta da presente pesquisa, foi sondado quais as
atividades que as crianças que apresentam comportamento indisciplinar mais
se interessa.
Figura 7 – interesse dos alunos que apresentam comportamento indisciplinar.
Quando o aluno considerado indisciplinado demostra
interesse?
7
5
3
2
1
1
1
Fonte: Elaborado pela autora, 2013
A escola Verde apontou como o interesse do aluno que possui
comportamento inadequado, as atividades esportivas.
A mesma constatação ocorreu com a escola Amarela, que afirmou
serem as atividades esportivas, no entanto, neste caso, essas atividades
foram divididas com a alternativa de determinadas
matérias escolares que
despertam interesse neste aluno que possui comportamento indisciplinar.
O mesmo aconteceu com a escola Azul, que destacou atividades
esportivas e algumas matérias escolares.
De maneira geral, entende-se que as atividades que despertam
interesse nos alunos com comportamento indisciplinar são as esportivas. Desta
forma, foi possível perceber que os alunos que apresentam comportamentos
inadequados podem ser reforçados em atividades esportivas.
Na nona pergunta do questionário, foi possível constatar quais os
comportamentos indisciplinares mais frequentes na sala de aula.
58
Figura 8 – comportamentos indisciplinares mais frequentes
11
Quais os comportamentos de indisciplina mais
frequentes?
1ª opção
3
Falar muito
com os
colegas
durante a
aula
2
4
Exercer
agressão
verbal
contra os
colegas
1 1
Exercer
agressão
fisíca
contra os
colegas
2ª opção
9
3
Levantar
muitas
vezes
3
Outros/ não
respeitar
regras perder
materiais brincar
Fonte: Elaborado pela autora, 2013
Os professores da escola Verde, afirmaram que falar muito durante a
aula, é o comportamento indisciplinar mais frequente encontrado na sala de
aula, na segunda posição, elencaram o comportamento de levantar várias
vezes.
Na escola Amarela, encontrou-se o mesmo resultado, a maioria dos
professores responderam que o comportamento indisciplinar mais frequente é
falar muito com os colegas e, na segunda posição, levantar muitas vezes.
Os docentes, da escola Azul, destacaram como o comportamento mais
frequente também, falar muito com os colegas durante a aula, porém, como
segunda opção no grau de importância, a agressão verbal foi a mais apontada.
O resultado demonstrou que os professores de Ensino Fundamental da
Rede Municipal de Lins/SP, consideram que o comportamento de falar muito
com os colegas durante a aula é a atitude mais frequente e, em segunda opção
elencaram o comportamento de levantar muitas vezes.
Essa questão, demonstrou que apesar da indisciplina ocorrer na sala de
aula, das escolas do Ensino Fundamental da Rede Municipal, os problemas
parecem mais simples. Falar muito realmente pode atrapalhar a aula, porém
Weber (2009) e Antunes (2002) ressaltam que é importante que a criança
questione, se expresse, enfim, fale em sala. No entanto, como Antunes (2002)
mesmo cita, a partir do momento que o comportamento desta criança atrapalhe
seu desenvolvimento, então nota-se indisciplina.
59
A décima e a décima primeira pergunta, tiveram a intenção de descobrir
quais atitudes os professores tem, diante dos comportamentos inadequados.
Quais as estratégias que utilizam para lidar com essa dificuldade.
A décima pergunta, especificamente, retratou o comportamento de falar
muito e atrapalhar a aula.
Figura 9 – atitude do professor diante do comportamento do aluno.
Fonte: Elaborado pela autora, 2013
Os docentes da escola Verde, relataram que resolvem o problema do
aluno que atrapalha a aula, com sua conversa, esperando que ele tenha uma
atitude adequada para elogiá-lo.
O mesmo aconteceu com os docentes da escola Amarela no entanto a
diferença foi de um professor.
Porém, na escola Azul, os professores afirmaram, em sua maioria, que
chamam a atenção prometendo informar aos pais para que ele melhore.
Ao tabular a quantidade de respostas, percebe-se que por uma
diferença mínima, a maioria espera o aluno ter uma atitude melhor para elogialo. Essa afirmação demonstra que os professores estão utilizando várias
técnicas, para lidar com a indisciplina e que utilizam o reforço positivo e a
extinção, mesmo que empiricamente.
60
A décima primeira pergunta questiona os professores sobre mais um
comportamento inadequado do aluno - fazer e jogar bolinhas de papel em seus
colegas - e qual seria atitude do professor.
Figura 10 – atitude do professor diante do comportamento do aluno.
Fonte: Elaborado pela autora, 2013
Os professos da escola Verde, declaram corrigir o aluno verbalmente e
assim que ele tiver uma atitude positiva, o elogia.
O corpo docente da escola Amarela, optou de maneira diferente, porém,
houve uma pequena diferença, com destaque para opção onde afirmaram
repreensão verbal mais forte, para mudança de comportamento.
Na escola Azul, foi possível perceber a mesma realidade, repreensão
verbal para mudança de atitude.
De modo geral, houveram duas atitudes mais apontadas, a repreensão
verbal pública e a correção verbal seguida de um elogio a uma atitude positiva.
Nessa situação, percebe-se que os professores corrigem os alunos
verbalmente e pune oralmente, mas reforçam os comportamentos adequados.
61
As respostas obtidas nas duas últimas perguntas, citadas acima,
possuíam a intenção clara de descobrir quais as estratégias utilizadas pelos
professores para lidar com a indisciplina. Os resultados das entrevistas, apesar
de conseguir um número maior em determinadas resposta, demonstrou uma
diversidade de atitudes que os professores possuem, para tentar conter o
problema. As alternativas mais escolhidas foram: esperar uma atitude melhor
para elogiar; chama atenção e ameaçar contar aos pais; correção verbal
seguida de reforço de atitudes positivas e punição.
Essa atitude, dos professores, demonstra que há uma utilização do
elogio, que trata-se de um reforço social de acordo com Picado (2009),
deixando claro que o professor percebe a necessidade deste tipo de atitude
para gerar comportamento adequado no aluno.
A última pergunta, teve por intenção, estabelecer como os professores
acreditam que são vistos pelos alunos.
Figura 11 – visão dos alunos em relação ao professor.
Fonte: Elaborado pela autora, 2013
Os professores da escola Verde, responderam na maioria de seus
questionários, que os alunos gostam deles e por este motivo os obedecem.
Os docentes da escola Amarela, acreditam que seus alunos gostam
deles, porém, ás vezes confundem a relação.
Os professores da escola Azul dividiram suas respostas, uma turma de 3
professores acredita que os alunos gostam, mas confundem e, a outra turma
também de 3 alunos, acredita que alunos gostam do professor e, por isso,
respeitam.
62
Ao analisar este último resultado, entende-se de modo geral os
professores acreditem que o respeito das crianças, está relacionado a
afinidade. Porém, houve uma professora que, escreveu:
A respeitam porque você deixa claro as regras e combinados com a sala
e aplica, assim eles gostam muito de vocês.
.
63
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
A indisciplina é um problema real na escola, e atrapalha a aprendizagem
do aluno, o que é o papel central da educação escolar. No entanto, os cursos
de formação de professores se atentam a conteúdo de modo geral, porém, se
esquecem de prepara o professor para esse problema.
Portanto, o presente trabalho propõe que os cursos de formação de
professores, e cursos de formação continuada não sejam omissos a esta
realidade. Auxiliem o professor a lidar com a indisciplina, proporcionando ao
futuro professor, acesso aos conhecimentos sobe Análise do comportamento,
ou até mesmo incentivando, já que esta Psicologia acaba por ser poupada do
conhecimento dos professores em formação.
Estudar melhor o comportamento, talvez garantisse professores mais
preparados para trabalhar com o aluno em sala de aula.
64
CONCLUSÃO
O término deste trabalho possibilitou compreender melhor que existem
ainda problemas de indisciplina nas escolas e, essa ainda continua sendo
apontada como um dos obstáculos para a aprendizagem.
Possibilitou perceber, que as estratégias utilizadas pelos professores do
Ensino Fundamental da Rede Municipal, para lidar com a indisciplina, possuem
pouca características aversivas e utilização de alguns conceitos da análise do
comportamento, porém, de modo empírico.
Os professores, de modo geral, utilizam estratégia que aprenderam ao
longo de suas experiências.
Foi possível perceber, que os problemas de indisciplina citados,
acontecem, de maneira geral, sempre com os mesmos alunos. Entende-se que
o professor não consegue observar e assumir as contingências que também
influenciam no ambiente propício a indisciplina. E o mais grave, talvez esteja
estereotipando um grupo de alunos e já os considere um caso sem solução.
Observa-se também, que o professor continua se isentando do problema
e encontrando a causa somente na família, que ainda é considerada primordial
no trabalho com os alunos indisciplinados.
Não se pode negar este fato, no entanto, é importante o professor
assumir a responsabilidade do ambiente escolar, especificamente a sala de
aula e assumindo, com isso, o comportamento do aluno, que reflete as
interações do ambiente com o indivíduo.
A análise do comportamento pode realmente contribuir, auxiliando a
visão do professor sobre o comportamento do aluno, entendendo o
comportamento como resultado das interações, compreendendo que o excesso
de punições geram resultados negativos no aluno e, as atitudes que reforçam
comportamentos adequados auxiliam no enfrentamento do problema da
indisciplina na sala de aula.
O professor, mesmo não sendo um analista do comportamento, pode ter
uma novo olhar na identificação e ação sobre as contingências que contribuem
65
para o comportamentos inadequados, oportunizando um ambiente que
favorece a aprendizagem.
66
REFERÊNCIAS
ANTUNES, C. Professor bonzinho igual aluno = aluno difícil: a questão da
indsciplina em sala de aula. Petrópolis: Vozes, 2002.
AQUINO, J.G. (Org). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas.
São Paulo, 1996.
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma
introdução ao estudo de pscicologia. São Paulo: Saraiva, 2008.
CARRARA, K. Behavorismo, Análise do comportamento e educação. In
CARRARA, K. (Org) Introdução a psicologia da educação: seis abordagens.
São Paulo: Avercamp, 2004.
D’ANTOLA, A. (Org.) Disciplina na escola: autoridade versus autoritarismo.
São Paulo: E.P.U.,1989.
DAVIDOFF, L. L. Introdução a Psicologia. Tradução Lenke Peres; 3. Ed. São
Paulo: Pearson Makron Boocks, 2001.
DEL PRETTE, Z. A. P; DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais
na infância: teoria e prática. Petrópolis: Vozes, 2011.
GRESHAM, F. M. Análise do comportamento aplicada às habilidades sociais.
In DEL PRETTE, Z. A. P; DEL PRETEE, A. Psicologia das habilidades
sociais: diversidade teórica e suas implicações. Petrópolis: Vozes, 2009.
HUBNER, M. M: MARINOTTI, M. Subsídios da Análise do Comportamento
para formação de professores. In HUBNER, M. M: MARINOTTI, M. (org).
Análise do comportamento para a educação. São Paulo: ESEtec, 2004.
KAHHALE, E. M. P. A diversidade da psicologia : uma construção teórica.
Porto Alegre: Mediação, 2005.
67
MARTINS, R. O Reforço como estratégia educativa. Universidade de Évora –
Centro de Competência TIC, Portugal, jan.1997. Disponível em: <
http://www.minerca.uevora.ptpublicar/nees/reforco.htm>. Acesso em: 23 jul.
2012.
MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. Princípios básicos de análise do
comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2007.
PARRAT-DAYAN, S. Como enfrentar a indisciplina na escola. São Paulo:
Contexto, 2008.
PEREIRA, M. E. M.; MARINOTTI, M.; LUNA, S. V. O compromisso do
professor com a aprendizagem: contribuições da Análise do Comportamento. In
HUBNER, M. M: MARINOTTI, M. (org). Análise do comportamento para a
educação. São Paulo: ESEtec, 2004.
PICADO, L. A indisciplina em sala de aula: uma abordagem comportamental e
cognitiva. Instituto Superior de Ciências educativas, Portugal, jul.2009.
Disponível em: < http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0484.pdf>. Acesso em
22 jan. 2013.
SIDMAN, M. Coerção e suas implicações. Campinas: Livro Pleno, 2003.
SKINNER, B. F. Questões recentes da análise do comportamento.
Tradução Anita Liberalesso Neri. 3. Ed. Campinas: Papirus, 2002.
________. Ciência e comportamento humano. Tradução Rodolfo Azzi. 11.
ed.São Paulo: Martins Fontes, 2003.
________..Tecnologia do ensino. Tradução Rodolfo Azzi. São Paulo: EPU,
1972.
TIBA, I. Disciplina, limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1996.
WEBER, L. Eduque com carinho. Curitiba: Juruá, 2009.
68
WERNECK, H. Pulso forte e coração que ama: a indisciplina tem jeito. Rio de
Janeiro: DP&A, 2005.
WHALEY, D. L; MALOTT, R. W. Princípios elementares do comportamento.
Tradução Maria Amélia Matos, Maria Lúcia Ferrara, Cibele Freire Santoro. São
Paulo: EPU, 1980.
69
ANEXOS
70
Download

INDISCIPLINA NA SALA DE AULA: contribuições da