XXI JORNADA DOCENTE DO
SERVIÇO PHÝSIS DE
HOMEOPATIA
INSTITUTO MINEIRO DE
HOMEOPATIA
SAÚDE E HOMEOPATIA
Abril 2010
Maraisa Salgado Vilela
 CONCEITO
 EPISTEME
 TRATAMENTO
Organização Mundial de Saúde
(carta magna de 07 Abril de 1948)
Conceito de Saúde
O conceito de saúde reflete a conjuntura social, econômica,
política e cultural. Ou seja: saúde não representa a mesma coisa
para todas as pessoas.
Dependerá da época, do lugar, da classe social. Dependerá de
valores individuais, dependerá de concepções científicas,
religiosas, filosóficas. O mesmo, aliás, pode ser dito das doenças.
Aquilo que é considerado doença varia muito.
Houve época em que masturbação era
considerada uma conduta patológica capaz de
resultar em desnutrição (por perda da
proteína contida no esperma) e em distúrbios
mentais. A masturbação era tratada por dieta,
por infibulação, pela imobilização do
“paciente”, por aparelhos elétricos que davam
choque quando o pênis era manipulado e até
pela ablação da genitália.
A saúde envolve aspectos
relativos e dinâmicos da
própria cultura
“Saúde é um fenômeno clínico e sociológico
vivido culturalmente.”
MINAYO, M.C.
Fatores
sociais
Fatores
psicológicos
Fatores
ambientais
Fatores
genéticos
Fatores
educacionais
Fatores
ecológicos
Fatores
culturais
Fatores
políticos
Fatores
econômicos
O Elo Perdido da Medicina poderia ser resumido no
primeiro mandamento de Hipócrates, a que todo o
formando jura honrar por toda a sua vida
profissional de médico: “primeiro não lesar”. Só isso,
contudo, ainda que espetacularmente necessário,
não tem sido suficiente. A terapêutica, a cura e o
próprio relacionamento médico-paciente-arcabouço
do sistema de saúde (pública e privada) estão tão
longe do ideal quanto mais longe estiverem desse
princípio básico.
ABORDAGEM / RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE
O leigo geralmente sofre a tendência de entregar ao médico
toda a responsabilidade (e poder) pela cura de sua
enfermidade ou mal-estar.
CONCEITO SAÚDE-DOENÇA
PREOCUPAÇÃO ANTIGA
Pensamento mágico, religioso e sobrenatural
VONTADE DOS DEUSES
DOENÇA CASTIGO
Mesopotâmia, Egito, etc
Viam as doenças como decorrentes
de causas externas, sem que o
organismo tivesse participação no
processo (espíritos, elementos da
natureza,...)
Eram realizadas atividades cirúrgicas
limitadas aos socorros ministrados
aos ferimentos e fraturas (soldados).
Operações cirúrgicas: circuncisão
(judeus) e castração (condenação ).
Em outras culturas, também com enfoque espiritual,
era o xamã, o feiticeiro tribal, quem se encarregava de
expulsar, mediante rituais, os maus espíritos que se
tinham apoderado da pessoa, causando doença. O
objetivo é reintegrar o doente ao universo total, do
qual ele é parte. Esse universo total não é algo inerte:
ele “vive” e “fala”; é um macrocorpo, do qual o Sol e a
Lua são os olhos, os ventos, a respiração, as pedras, os
ossos (homologação antropocósmica). A união do
microcosmo que é o corpo com o macrocosmo faz-se
por meio do ritual: canções xamanísticas, danças e
uso de plantas com substâncias alucinógenas que são
chamarizes para os espíritos capazes de combater a
doença.
A Medicina Grega representa uma importante inflexão
na maneira de encarar a doença. Na mitologia grega,
várias divindades estavam
vinculadas à saúde:
Aesculapius, Higieia (a Saúde) e Panaceia (a Cura).
Higieia era uma das manifestações de Athena, a deusa
da razão, e o seu culto, como sugere o nome, representa
uma valorização das práticas higiênicas; e apesar de
Panaceia representar a idéia de que tudo pode ser
curado - uma crença basicamente mágica ou religiosa,
a cura, para os gregos, era obtida pelo uso de plantas e
de métodos naturais, e não apenas por procedimentos
ritualísticos.
Essa visão religiosa antecipa a entrada em cena de um
importante personagem: o pai da Medicina, Hipócrates
Os vários escritos que lhe são atribuídos, e que formam o
Corpus Hipocraticus, provavelmente foram o trabalho de
várias pessoas, talvez em um longo período de tempo.
O importante é que tais escritos traduzem uma visão
racional da medicina, bem diferente da concepção
mágico-religiosa antes descrita.
O texto intitulado “A doença sagrada” começa com a
seguinte afirmação: “A doença chamada sagrada não é, em
minha opinião, mais divina ou mais sagrada que qualquer
outra doença; tem uma causa natural e sua origem
supostamente divina reflete a ignorância humana”.
O Pai da Medicina - Hipócrates de Cós
(460-377 a.C.)
Postulou a existência de quatro fluidos
(humores) principais no corpo:
 Fogo (coração/ sangue)
 Ar (pituíta do cérebro/ fleuma)
 Terra (bile amarela)
 Água (bile negra do estômago)
A saúde era baseada no equilíbrio desses elementos. Ele via o
homem como uma unidade organizada e entendia a doença
como uma desorganização desse estado.
Valorização da observação empírica.
Corpus Hipocraticus
O texto conhecido como “Ares, águas, lugares” discute os
fatores ambientais ligados à doença, defendendo um
conceito ecológico de saúde-enfermidade.
Daí emergirá a idéia de miasma, emanações de regiões
insalubres capazes de causar doenças como a malária,
muito comum no sul da Europa e uma das causas da
derrocada do Império Romano. O nome, aliás, vem do
latim e significa “maus ares” (os romanos incorporam os
princípios da medicina grega).
TEORIA DOS MIASMAS
(MAUS ARES)
Mostra a origem das doenças situando-se na má
qualidade do ar, proveniente das emanações
oriundas da decomposição de animais e plantas.
Cristianismo
Causas das moléstias – pecado, mau espírito que domina a alma e o
corpo do doente. A doença era sinal de desobediência ao
mandamento divino e proclamava o pecado, quase sempre em forma
visível, como no caso da lepra.
Índia e China – apresentavam sistemas teóricos fundamentados
em complexas filosofias e deixavam os elementos mágico-religiosos
em plano secundário.
A doença era vista como um desequilíbrio entre os elementos
(humores).
Christian Friedrich Samuel Hahnemann (Meissen, Saxônia, 10
de Abril de 1755 – Paris , 02 de Julho de 1843)
Um sistema terapêutico baseado no princípio dos semelhantes
que cuida e trata de vários tipos de organismos
(homem, animais e plantas)
Tem a singularidade do sujeito como questão
básica para a medicina, fazendo renascer o
vitalismo como filosofia homeopática.
Hahnemann
Médico alopata, que se desiludiu com os processos de
cura da época, buscando novas formas de tratamento.
Em 1790 traduziu a Matéria Médica de William Cullen e
passou a fazer experimentos em si mesmo, ingeriu por
dias a China off (quinino) e passou a ter sintomas da
malária, que cessavam ao parar de tomar o
medicamento.
“Deve haver portanto uma identidade entre
doença e droga ingerida.”
Princípios da Homeopatia
Alopatia
Princípio dos contrários
paracombater as doenças
Ex: antiinflamatórios ,
antitérmicos...
•Perda da visão do ser humano
como um todo
•Muitas especialidades médicas
•Muitos exames clínicos
•Alto consumo de
medicamentos com efeitos
colaterais
•Alto custo dos tratamentos
Homeopatia
Princípio da similitude
Observação experimental de que
toda substância capaz de provocar
determinados sintomas em um
indivíduo sadio é capaz de curar,
desde que em doses adequadas,
um doente que apresenta
sintomas semelhantes.
•Visão completa do ser humano
•Menor consumo de medicamentos
•Menor custo do tratamento
•Melhor relação médico x paciente
(Hahanemann ,1852, p. 420)
“Nós nunca estivemos mais próximos da descoberta da
ciência da medicina do que no tempo de Hipócrates.
Este observador atencioso não sofisticado procurou
natureza na natureza. Ele descreveu as doenças... sem
adição, sem colorir, sem especulação.”
“Um sábio precisa de muito pouco.”
Hahnemann em carta a um paciente.
O elogio a Hipócrates não era fortuito, para
Hahnemann, ele reuniria elementos de síntese
científica capazes de regenerar aquilo que ele
considerava como bagunça em medicina: o poder
da observação médica, o raciocínio empírico e o
respeito à natureza dos fenômenos.
Relação do homem com a Natureza
Segundo a sabedoria tradicional, o homem
deve seguir os passos da Natureza.
O que não significa
observação superficial e
imitação. (Biomimética).
Significa a observação dos
princípios que operam por
meio dela.
Para Hahnemann, a vis (força) só é medicatrix
(medicamentosa), de fato, se assistida. Caso contrário,
não passaria de uma força desgovernada, atuando sob o
automatismo cego das reações orgânicas.
“Não devemos jamais fazer como a natureza que apressa a
ruína geral sem poder ao menos no mundo contribuir para
extinguir o mal original.” Hahnemann,1846,p.196
ORGANON § 3
Se o médico compreende nitidamente o que deve ser curado
nas doenças, isto é, em cada caso individualmente
(reconhecimento da doença, indicação) e compreende o
elemento curativo dos medicamentos, isto é, em cada
medicamento em particular (conhecimento das forças
medicamentosas), sabendo, segundo fundamentos nítidos,
adequá-lo ao que ele, sem sombra de dúvida, detectou de
patológico no doente, tendo em vista o restabelecimento e
objetivando, tanto a adequação do medicamento no caso,
segundo seu modo de ação (escolha do meio de cura, Indicat),
como também a adequação relativa ao preparo exato e à exata
quantidade dos mesmos (dose certa) e ao tempo apropriado de
repetição da dose; se ele conhece, enfim, os obstáculos ao
restabelecimento em cada caso e sabe como afastá-los, de modo
que a cura seja duradoura, saberá, então, agir racional e
profundamente e será um legitimo artista da cura.
ORGANON § 17
Visto que, na cura, sempre que há a remoção da completa
essência dos sinais e fenômenos perceptíveis da doença, é
removida, ao mesmo tempo, a alteração interna de sua força
vital que lhe deu origem - a totalidade da doença* - segue-se,
então, que o artista da cura simplesmente deve tomar a essência
dos sintomas a fim de afastar e aniquilar a alteração interna, isto
é, a afecção do princípio vital - portanto, o total da doença, a
própria doença2* . A doença aniquilada é a saúde restabelecida,
o mais alto e único objetivo do médico que conhece o significado
de sua missão, que consiste, não em falatórios que soam a
erudição, mas no auxílio ao doente.
SAÚDE
X
DOENÇA
HARMONIA
EQUILÍBRIO
DESARMONIA
DESEQUILÍBRIO
HOMEOPATIA
Perturbação das funções
e sensações
ORGANON § 1
A mais elevada e única missão do médico é tornar
saudáveis as pessoas doentes, o que se chama curar *.
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Saúde é um fenômeno clínico e sociológico vivido culturalmente.