UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
FACULDADE DE CIÊNCIAS AERONÁUTICAS
Davi Antonio da Silva
FATORES QUE ELEVAM OS NÍVEIS DE ANSIEDADE NO PILOTO
DURANTE O TREINAMENTO NO SIMULADOR
CURITIBA
2011
FATORES QUE ELEVAM OS NÍVEIS DE ANSIEDADE NO PILOTO
DURANTE O TREINAMENTO NO SIMULADOR
CURITIBA
2011
Davi Antonio da Silva
FATORES QUE ELEVAM OS NÍVEIS DE ANSIEDADE NO PILOTO
DURANTE O TREINAMENTO NO SIMULADOR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso
Superior de Pilotagem Profissional de Aeronaves, da
Faculdade de Ciências Aeronáuticas, da Universidade
Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção
do Grau de Tecnólogo em Pilotagem Profissional de
Aeronaves.
Orientador: Prof.ª Margareth Hasse
CURITIBA
2011
TERMO DE APROVAÇÃO
Davi Antonio da Silva
FATORES QUE ELEVAM OS NÍVEIS DE ANSIEDADE NO PILOTO
DURANTE O TREINAMENTO NO SIMULADOR
Eu, professora Margareth Hasse sendo orientador do trabalho de conclusão
de curso desenvolvido pelo aluno Davi Antonio da Silva com o título Fatores que
Elevam os Níveis de Ansiedade no Piloto durante o Treinamento no Simulador,
informo que tenho ciência do conteúdo contido no corpo do trabalho e aprovo o
envio para apreciação do avaliador a ser designado.
Curitiba,____ de ________________ de _____.
______________________________________________
ORIENTADOR
RESUMO
Os chamados simuladores de voo completos (Full Flight Simulator - FFS) são
dispositivos de treinamento que reproduzem todas as manobras e procedimentos de
um determinado tipo de aeronave e são usados para o treinamento e formação de
pilotos no ingresso para a aviação comercial e executiva. O piloto como aluno e
gerenciador dos procedimentos do simulador de voo, deve apresentar durante o
treinamento boas condições físicas e psicológicas para a memorização dos itens, ou
seja, a principal ferramenta cognitiva usada pelo piloto no aprendizado é sua própria
memória. Por ser uma situação nova, a ansiedade, uma reação emocional ligada ao
estresse, pode surgir e elevar os níveis de estresse normal do piloto, interferindo na
cognição e atrapalhando a retenção das informações que estão lhe sendo passadas.
Nesse trabalho serão identificados e analisados os fatores que aumentam o grau de
ansiedade em pilotos que já passaram por treinamento em simuladores de voo
completos.
Palavras chave: Memória, fatores emocionais, piloto, simulador de voo.
ABSTRACT
The full flight simulators (FFS) are training devices that reproduce all the
maneuvers and procedures of a particular aircraft type and are used for pilots
formation and training in the entrance for commercial and executive aviation. The
pilot, as a student manager of the procedures of the flight simulator, should present
during the training good physical and psychological conditions to memorize the items
of the training. This means that the main cognitive tool used by the pilot in learning is
its own memory. Because it is a new situation, anxiety, which is an emotional
reaction to stress, may arise and increase the levels of stress in the pilot, interfering
the cognition and muddle retention of the information that are being passed. This
work will identify and analyze the factors that increase the levels of anxiety in pilots
who have experienced the full flight simulators.
Key Words: Memory, emotional factors, pilot, flight simulator.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................07
2. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO.................................................................10
2.1 MEMÓRIA....................................................................................................10
2.1.1 Processos de Memória.............................................................................12
2.1.2 Tipos de Memória.....................................................................................12
2.1.2.1 Memória Sensorial.................................................................................12
2.1.2.2 Memória de Curto Prazo........................................................................13
2.1.2.3 Memória de Longo Prazo.......................................................................14
2.2 AGENTES ESTRESSORES........................................................................15
2.3 ESTRESSE..................................................................................................16
2.3.1 Ansiedade.................................................................................................18
2.3.2 Enfraquecimento Cognitivo.......................................................................20
2.4 SIMULADOR DE VOO.................................................................................21
2.5 TREINAMENTO NO SIMULADOR DE VOO...............................................24
3. METODOLOGIA............................................................................................25
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................27
5. CONCLUSÃO................................................................................................29
6. REFERÊNCIAS.............................................................................................31
7
1. INTRODUÇÃO
Por permitirem um ambiente muito próximo do real e diminuírem os custos e
os problemas de treinamento dos pilotos de aeronaves, os chamados Dispositivos
de Treinamento Simuladores de Voo (FSTD – Flight Simulator Training Devices) 1
são usados na formação, seleção e treinamento de pilotos de aeronaves. Os FSTD
são classificados de acordo com seu propósito e regidos pelos órgãos reguladores
de cada país.
O simulador de voo é muito usado no mundo para o ingresso no mercado da
aviação. Ele tem o propósito de apresentar ao piloto as diversas operações, tanto
em condições normais ou adversas de uma determinada aeronave para qual ele
está sendo treinado. No simulador, o piloto treina procedimentos de rotina, mas
também diversos procedimentos que talvez nunca sejam postos em prática, tais
como os de emergência. Para isso é fundamental o completo entendimento de todas
as funções da simulação de voo para a carreira de um piloto, pois se sabe que os
erros operacionais são os principais causadores de acidentes aeronáuticos no
mundo.
Por ser uma situação que testa a habilidade do piloto, ao mesmo tempo em
que o treina, os simuladores podem aumentar o nível de ansiedade no piloto.
Na psicologia, situações que exigem adaptação podem gerar medo ou
preocupação, e são denominadas de estímulos estressores. Nesse contexto, cabe
classificar o simulador de voo como um estímulo estressor para um aluno em
treinamento.
Considerando que certos momentos da simulação são reservados para os
procedimentos de emergência, que por sua característica podem aumentar o nível
1
http://www2.anac.gov.br/simulador/qualificacao.asp
8
de estresse e comprometer o aprendizado, se o piloto se sentir vulnerável diante da
simulação, e questionar sua capacidade frente àquela situação, poderá se sentir
mais ansioso e reduzirá sua capacidade de retenção na memória do conteúdo
aprendido.
O presente trabalho deseja investigar os fatores que elevam os níveis de
ansiedade no piloto durante o treinamento no simulador de voo, os quais podem
interferir no processo cognitivo da memorização. Para tal fim, uma pesquisa
bibliográfica sobre memória e estresse foi feita com o propósito de auxiliar na
elaboração de um questionário, que foi aplicado em pilotos que já tiveram
treinamento em simuladores de voo do tipo completo (FFS – Full Flight Simulator).
1.1 QUESTÃO PROBLEMA
Quais fatores elevam os níveis de ansiedade no piloto em treinamento, e
dificultam a retenção da informação?
1.2 OBJETIVO GERAL
Investigar os fatores que elevam a ansiedade no piloto, dificultando a
retenção da informação.
1.2.1 Objetivos específicos
•
Compreender a memória como habilidade cognitiva.
•
Definir o que são agentes estressores.
•
Definir o estresse.
•
Esclarecer o sentimento de ansiedade.
•
Entender o que é enfraquecimento cognitivo.
9
•
Entender as funções e o treinamento no simulador de voo.
•
Investigar em que momentos as emoções dos pilotos em treinamento no
simulador de voo podem atrapalhar o aprendizado.
1.3 JUSTIFICATIVA
O tema do trabalho leva em conta os fatores emocionais a que o piloto está
submetido durante o treinamento no simulador de voo. As emoções negativas
podem ser prejudiciais ao bom desempenho do aluno, afetando a memorização e
por consequência a manutenção do conteúdo passado no treinamento. Entender
como o piloto trabalha suas emoções e sentimentos durante o treinamento no
simulador, permite que se conheçam melhor quais emoções negativas podem
interferir no seu desempenho.
10
2 DESENVOLVIMENTO TEÓRICO
2.1 MEMÓRIA
A grande capacidade que o ser humano apresenta em memorizar coisas
durante uma vida inteira leva o homem a imaginar que a memória é como uma
grande biblioteca repleta de livros, e cada livro é um momento marcante da vida que
ficou armazenado na mente do indivíduo.
Basicamente tudo que o ser humano faz depende da memória, pois é ela
que se encarrega de armazenar todas as informações recebidas a cada momento,
desde sons, cheiros e sensações, a fatos e acontecimentos. A Dra. Sílvia Helena
Cardoso2 cita em seu texto que a memória “é uma faculdade cognitiva
extremamente importante, porque ela forma a base para a aprendizagem”. Tanto é
verdade que se pode tomar como exemplo a fase de estudante na vida de um ser
humano, pois sem a capacidade de memorização um aluno teria grandes
dificuldades no aprendizado. Tudo isso mostra a importância da memória como
habilidade cognitiva.
A memória acompanha o ser humano em todos os momentos vívidos por
ele, desde sua infância à sua velhice. E ela se faz presente tanto em ocasiões
habituais como em experiências marcantes.
Por exemplo, se lembrar de como dirige um automóvel é um efeito da
memorização, devido ao hábito que a grande maioria das pessoas tem em dirigir
constantemente. Outro hábito é o de ir ao trabalho utilizando o transporte público,
como metrô ou ônibus, as pessoas sabem exatamente qual coletivo pegar para
chegar ao trabalho, devido também a esse fato estar armazenado na memória. Em
2
http://www.cerebromente.org.br/n01/memo/memoria.htm
11
outras situações vividas rotineiramente, como: pagar contas, fazer discagens
telefônicas a familiares e amigos, percorrer o trajeto para a faculdade ou ao
supermercado, entre outras, a memória também está presente, devido à capacidade
de memorização do ser humano.
Mas não é só em situações de rotina que há a participação da memória.
Durante uma vida inteira as pessoas passam por eventos marcantes que ficam
armazenados na mente. Normalmente nos eventos com grande carga emocional as
pessoas têm grande facilidade de lembrá-los, como nos casos de desastres naturais
ou guerras mundiais. Doenças e falecimentos na família, viagens ou mudança na
vida social, também têm intervenção da memória, pois todas essas ocasiões são
geralmente carregadas de emoção, sendo assim marcantes. Por isso se conclui que
o ser humano tem grande habilidade de memorizar coisas ou fatos, sejam eles
momentâneos ou históricos.
No entanto, a memória humana pode ser afetada por inúmeros fatores, que
vão desde doenças neurológicas a transtornos psicológicos desencadeados pelo
estresse, tais como o sentimento de ansiedade.
A falta de vitaminas e o uso excessivo de medicamentos também estão
envolvidos em processos de alteração de memória. Para contornar esse problema, a
medicina recomenda a manutenção de uma dieta adequada e uma boa noite de
sono, além ainda de manter a prática de atividades que estimulem a memória, como:
jogos de xadrez, palavras cruzadas, esportes, entre outros3.
3
http://www.cerebromente.org.br/n01/memo/memoria.htm
12
2.1.1 Processos da Memória
Segundo a ciência, a memória quando recebe uma informação processa-a
em três estágios, sendo esses: codificação, armazenamento e recuperação.
A codificação é colocar a informação na memória, ou seja, é a introdução.
Segundo Davidoff (2001, p. 205) “a codificação é todo processo de preparar as
informações para o armazenamento”. O armazenamento é o arquivamento da
informação, ou seja, a retenção do conteúdo. E por sua vez, a recuperação é o
resgate da informação na memória, ou seja, é a recordação.
Por exemplo, um indivíduo escuta no rádio a notícia de que uma grande
avenida de sua cidade estará interditada para obras naquele dia. Em um primeiro
instante, a mente humana trabalha na codificação da informação, ou seja, coloca a
informação na memória. Após isso, a mente parte para o estágio de
armazenamento, pela qual a informação fica retida. Por estar na memória, se o
indivíduo utilizar as redondezas da avenida em obras, recupera a informação da
mente e busca outro caminho.
2.1.2 Tipos de Memória
Existem diversos tipos de memórias presentes na mente humana, entretanto
as principais são: a memória sensorial, a memória de curto prazo e a memória de
longo prazo.
2.1.2.1 Memória Sensorial
Davidoff (2001, p. 210) define memória sensorial “como aquela que envolve
o ser humano através da visão, de uma sensação ou de um som”. Pode-se dizer que
a memória sensorial está ligada diretamente aos órgãos dos sentidos, pois ela
13
utiliza-se destes para armazenar no cérebro as informações recebidas pelo ser
humano. Os sentidos relacionados nesse tipo de memória podem ser através de
estímulos visuais, auditivos, táteis, olfativos ou gustativos4.
Por exemplo, a buzina de um carro ou uma batida de palmas dentro de uma
caverna gera sons que deixam rastros na mente humana, possíveis de perceber
através da lenta diminuição do som, como um eco.
Pode-se exemplificar também a memória sensorial como um forte abraço ou
mesmo um beijo recebido de outra pessoa. Esses gestos deixam no corpo de quem
os recebeu as sensações de toque. Todas essas situações são chamadas de
memórias sensoriais.
As memórias sensoriais geralmente têm apenas uma fração de segundo
(Davidoff, 2001).
2.1.2.2 Memória de Curto Prazo
Também chamada pelos psicólogos de memória de operação, “a memória
de curto prazo tem como principal característica a retenção de um conteúdo apenas
por alguns segundos” (Davidoff, 2001, p. 212).
Por exemplo, é essa memória que se permite fazer um cálculo matemático
mentalmente. Olha-se para os números, para a operação e se busca o resultado.
Porém, um tempo depois, já não há a informação na mente, pois só é importante
para aquele determinado momento.
Outra forma de explicitar a presença da memória de curto prazo é, ao fazer
um telefonema utilizando um número ainda desconhecido, geralmente tem-se o
hábito de repetir diversas vezes o número para então discá-lo, entretanto após certo
4
http://www.medicinapratica.com.br/tag/memoria-sensorial/
14
tempo a sequência do número telefônico já não é mais lembrada. Nas palavras de
Atkinson (2002, p. 292) esse hábito chama-se ensaio5, o ato de repetir um item
diversas vezes. Essa repetição ajuda a fixar a informação recebida na memória.
Vale lembrar que a memória de curto prazo possui duas características
importantes, que são: uma capacidade extremamente limitada e uma fragilidade no
estágio de armazenamento (Eysenck & Keane 1994, p. 123).
Davidoff (2001, p. 214) afirma que muitos estudos da psicologia provaram
que o ser humano é capaz de lembrar na ordem uma sequência na média de sete
itens, tendo uma margem de dois itens para menos (5) e dois itens para mais (9).
Esses estudos baseavam-se em sequências de números, letras ou palavras, e
tinham a intenção de mostrar o quanto é limitado esse tipo de memória.
Levando em conta o exemplo já citado do hábito que o ser humano tem de
repetir um numero de telefone antes de discá-lo, Eysenck & Keane (1994, p. 123)
afirma que por menor que seja a distração, durante a memorização do número
telefônico, ela é capaz de fazer com que o indivíduo esqueça algum item. Mostrando
dessa forma que a fragilidade da armazenagem também está presente.
2.1.2.3 Memória de Longo Prazo
Esse tipo de memória tem como principal característica o armazenamento
de informações que podem variar desde minutos até anos. De acordo com as
palavras de Atkinson (2002, p. 298) “a memória de longo prazo está envolvida
quando a informação precisa ser retida por intervalos tão curtos quanto alguns
minutos ou durante uma vida inteira”.
5
Repetição consciente de informações na memória de operação (Atkinson, 2002).
15
A memória de longo prazo possui uma capacidade ilimitada de informações
para o armazenamento, bem como o tempo de permanência, que também é
ilimitado.
É essa memória que permite, por exemplo, que as pessoas lembrem fatos
de sua infância, eventos políticos marcantes, guerras mundiais e até mesmo
tragédias que envolveram a humanidade, como desastres naturais e/ou ataques
terroristas.
Outro exemplo a ser citado para a memória de longo prazo são os
conhecimentos adquiridos pelo ser humano na escola. As pessoas que tiveram
oportunidade de estudar dificilmente irão esquecer quanto é 1+1, desde que não
tenham sido afetadas por problemas de memória, pois essa informação está
armazenada na memória de longo prazo.
No entanto, como já citado, essa memória também está envolvida em casos
de armazenamento de eventos que tiveram duração de pouco tempo, desde alguns
minutos ou horas, até alguns dias. Por exemplo, uma pessoa lembrar-se da última
vez que foi ao cinema e a qual filme assistiu, o aroma de um alimento consumido há
alguns dias atrás ou uma música que tenha sido escutada no rádio, são algumas
formas de exemplificar a atuação da memória de longo prazo.
2.2 AGENTES ESTRESSORES
O cotidiano da sociedade nos dias de hoje tem feito com que as pessoas
cada vez mais estejam expostas a um sentimento de estresse. No entanto, existem
fatores determinantes para que esse sentimento se manifeste, são os chamados
agentes ou estímulos estressores.
16
O autor Lipp (1996) define agente estressor como “tudo o que cause uma
quebra da homeostase6 interna que exija alguma adaptação”, e ainda, “qualquer
evento que amedronte, confunda ou excite a pessoa”. Nesse contexto, a grande
carga e cobrança no trabalho, a violência e a insegurança nas grandes cidades, a
tristeza gerada pela perda de um ente querido ou a dificuldade financeira, estão
entre alguns exemplos de agentes estressores que podem deixar uma pessoa
estressada, pois são situações que causam preocupação, medo, tristeza, cansaço,
entre outros.
Os agentes estressores, no entanto, podem ser contornados, pois a partir do
momento em que a pessoa não se defronta mais com eles, o organismo volta a sua
condição normal, reduzindo o sentimento de estresse. Para isso, muitas vezes um
indivíduo precisa criar técnicas para controlar um fator que o estresse, como por
exemplo, manter um bom senso de humor mesmo em situações difíceis7.
2.3 ESTRESSE
O ser humano a cada momento de sua vida recebe uma carga de estresse.
Diferente do que muitos pensam o estresse nem sempre é algo ruim, ele é uma
resposta do organismo para uma qualidade de vida desordenada8.
Atkinson (2002, p. 509) diz que o estresse significa “experimentar situações
que são percebidas como ameaçadoras a nosso bem estar físico ou psicológico”.
De acordo com SELYE (1926), “estresse é o conjunto de reações que um
organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige esforço para
adaptação”.
6
Equilíbrio que os elementos encontram para o estado de harmonia intrínseco, ou seja, "acomodar".
http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=4567&ReturnCatID=1801
8
http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=4567&ReturnCatID=1801
7
17
LAZARUS & FOLKMAN (1984) fala que “o estresse é uma relação particular
entre a pessoa e o ambiente”.
Segundo TANGANELLI (2001) “toda vez que você se preocupa, tem medo
ou se sente muito feliz com uma situação ou evento, seu organismo inicia uma
reação denominada de estresse, envolvendo o hipotálamo, glândulas (hipófise,
tireóide e supra-renal), órgãos (coração, fígado e estômago) e os músculos, entre
outros”.
Com base nas definições, entende-se por estresse como uma reação do
organismo humano exposto em um ambiente que haja um estímulo estressor que
coloque em risco a qualidade de vida do ser humano.
O organismo de um indivíduo exposto constantemente a um estímulo
estressor inicia um processo de reações de defesa, sendo essas tanto físicas, ou
seja,
no
seu
corpo,
como
psicológicas,
atuando
nos
sentimentos
e/ou
comportamentos.
De acordo com a Mayo Foundation for Medical Education and Research
(MFMER, 2009) uma pessoa estressada pode apresentar no corpo frequentes dores
de cabeça e nas costas, doenças do coração e palpitação, pressão alta, imunidade
baixa, dor de estômago, problemas de sono, entre outros.
Nos sentimentos, conforme a MFMER (2009), o estresse age na forma de
ansiedade,
enfraquecimento
cognitivo,
preocupação,
agitação,
irritabilidade,
depressão, tristeza, raiva, falta de atenção, entre outros.
No comportamento, um indivíduo estressado pode comer demais durante as
refeições ou comer menos que o habitual, ter crises de choro ou de raiva, fazer o
uso excessivo de álcool ou drogas, como o cigarro, entre outros (MFMER, 2009).
18
Entretanto, é importante ressaltar que outros problemas de saúde mais
graves podem ser confundidos com os sintomas do estresse, por isso deve-se
buscar um profissional, o médico, para que ele possa analisar melhor a situação do
paciente.
Existem muitas maneiras de controlar o estresse e seus sintomas para obter
uma qualidade de vida melhor. Escutar música ou ter um animal de estimação são
pequenas formas de controlar o estresse. A MFMER (2009) cita a busca nas
técnicas de relaxamento e massagens, a prática de exercícios físicos como natação
ou caminhada, ou ainda a prática do yoga9 e a meditação, como mais algumas
formas que podem diminuir os sintomas do estresse.
2.3.1 Ansiedade
A ansiedade é uma das reações emocionais ligadas ao estresse, e surge em
um indivíduo exposto a um evento estressante. Atkinson (2002, p. 514) fala que “a
ansiedade é uma emoção desagradável ligada a sentimentos de preocupação,
apreensão, tensão e medo, sendo a principal consequência de um estressor”.
Pessoas com preocupação generalizada, por falta de dinheiro ou problemas
de saúde, ou pessoas com medo excessivo da violência, roubo ou mesmo voar de
avião, tendem a ser ansiosas demais quando expostas a esses fatores, sentindo-se
altamente vulneráveis a possíveis ameaças do meio ambiente presente. De acordo
com Eysenck & Keane (1994, p. 420) “pessoas ansiosas possuem esquemas
negativos, que envolvem a percepção de uma ameaça física ou psicológica ao
domínio pessoal, assim como uma sensação exagerada de vulnerabilidade”.
9
É um ensinamento prático e científico que inclui um sistema de exercícios que visam a controlar o físico e a
mente, além de proporcionar bem-estar, com o objetivo de realizar a união do espírito humano com o Espírito
Universal. Significa união. (C. G. Jung)
19
Momentos de expectativas, como por exemplo, uma pessoa que não via um
familiar há anos e está prestes a rever, o resultado de um exame final de um
estudante universitário ou até mesmo o domingo para muitas pessoas, são
situações que envolvem o sentimento de ansiedade.
Como no último exemplo citado, as pessoas durante o domingo
normalmente ficam ansiosas pelo próximo dia, que é a segunda-feira, pois é nesse
dia que a vida retorna ao normal. As pessoas que trabalham e estudam voltam a
levantar mais cedo depois do descanso do final de semana, a preocupação com a
carga de trabalho e estudos da semana que se inicia aumenta, e até mesmo o
trânsito caótico a ser enfrentado no próximo dia no trajeto ao trabalho que uma
pessoa possa fazer, são fatores que determinam um aumento no grau de ansiedade
no domingo das pessoas.
Muitas pessoas que algum dia já foram vítimas da violência, como em
assaltos, tendem a ser ansiosas demais após o episódio e apresentar um medo
excessivo em situações que relembrem o acontecimento. Por exemplo, um indivíduo
que tenha sofrido um assalto em um comércio ou no seu carro parado em um
semáforo, muito provavelmente se sentirá vulnerável quando entrar em um comércio
ou transitar com seu carro pela cidade.
As emoções que o ser humano vive diariamente são controladas por uma
região do cérebro chamada hipotálamo10, no qual possui uma conexão com a
glândula hipófise11. Esses dispositivos juntos trabalham direta e indiretamente no
controle de todas as funções do organismo. Quando se vive momentos intensos de
10
O hipotálamo é uma estrutura que se localiza abaixo do tálamo, na região do diencéfalo, juntamente com o
epitálamo e o tálamo. Os corpos mamilares, túber cinéreo, infundíbulo e quiasma óptico são estruturas do
hipotálamo. Liga-se ao Sistema Nervoso e ao Sistema Endócrino, controlando a maioria das funções vegetativas,
endócrinas,
comportamentais
e
emocionais
do
corpo.
(http://www.infoescola.com/anatomiahumana/hipotalamo/)
11
Situada na base do cérebro, região superior ao palato, é responsável pela síntese de hormônios (sistema
endócrino), e que atua indiretamente no controle funcional de diversos órgãos do corpo humano.
(http://www.brasilescola.com/biologia/hipofise.htm)
20
emoção, o funcionamento desses dispositivos é alterado, e consequentemente
provocam no organismo reações indesejáveis, como: doenças respiratórias (asma),
de pele (acne), circulatórias e gastrointestinais (úlceras e gastrites)
12
. Por isso, se
não for controlado, o sentimento excessivo de ansiedade pode trazer sérios
problemas de saúde.
2.3.2 Enfraquecimento Cognitivo
A psicologia mostra que a cognição envolve diversos processos, entre eles:
a atenção, a percepção, a memorização, o raciocínio e o pensamento, entre outros.
O enfraquecimento cognitivo está relacionado à diminuição da capacidade de um
indivíduo perante esses processos.
No geral, as pessoas que apresentam um enfraquecimento cognitivo, assim
como a ansiedade, estão expostas a um estressor. Por exemplo: prestar uma prova
de vestibular, disputar uma vaga de emprego, falar ao público em uma palestra, a
falta de dinheiro ou até mesmo sentimentos de tristeza ou depressão, geram um
estresse maior no ser humano, causando um sentimento de ansiedade e
preocupação na mente, e consequentemente isso faz com que sua cognição fique
prejudicada. No entender de Atkinson (2002, p. 517) “quanto mais ansioso, bravo ou
deprimido alguém estiver, depois de experimentar um estressor, maior a tendência
de apresentar um enfraquecimento cognitivo”.
Atkinson (2002, p. 517) diz que “o enfraquecimento cognitivo também está
relacionado aos pensamentos que nos distraem quando nos defrontamos com um
estressor”. Por exemplo, ao prestar um concurso público, um indivíduo pode
demonstrar-se ansioso demais, preocupando-se com o desempenho de seus
12
http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3022&ReturnCatID=1712
21
concorrentes e com um possível fracasso de sua parte. Gerando dessa forma uma
falta de atenção e por consequência uma dificuldade de lembrar e compreender o
conteúdo do concurso público em questão.
O cansaço também é um fator que desencadeia uma diminuição da
cognição. Um indivíduo cansado devido a excesso de trabalho pode apresentar uma
redução da sua cognição pela dificuldade de concentração, ou por uma dificuldade
de raciocínio e pensamento quando estiver executando alguma atividade complexa
desgastante. Por exemplo, estudantes podem ter grande dificuldade em assistir a
uma aula se estiverem muito cansados ou uma aula muito complexa e longa pode
se tornar desgastante e assim afetar o cérebro, desconcentrando o aluno e
prejudicando os processos cognitivos.
2.4 SIMULADOR DE VOO
A ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), órgão regulador referente à
aviação civil no Brasil, define simuladores de voo como “dispositivos utilizados para
o crédito de horas de treinamento em voo para qualificação de tripulantes técnicos”
13
. Pode-se dizer que é uma fase do treinamento que gera o acúmulo de horas de
voo na formação de um piloto.
O simulador de voo, segundo a ANAC, é uma categoria de dispositivos de
treinamento, e ele faz parte dos “Dispositivos de Treinamento em Simulação de Voo”
(FSTD – Flight Simulation Training Device) cuja qualificação é regulamentada pelo
FAR14 (Federal Aviation Regulations), e é subdividido em: “Dispositivos de
Treinamento de Voo” (FTD – Flight Training Device) e “Simuladores de Voo
13
http://www2.anac.gov.br/simulador/
São regras prescritas pela Administração Federal da Aviação (FAA) que regem todas as atividades de aviação
nos Estados Unidos.
14
22
Completos” (FFS – Full Flight Simulator). Os FTD podem representar uma aeronave
genérica15 ou serem direcionados a obtenção de uma habilitação de tipo16
específica. Os FFS, como o próprio nome diz, são dispositivos completos que
reproduzem um determinado tipo de aeronave e realizam todas as manobras e
procedimentos necessários à obtenção de uma habilitação de tipo.
As demais categorias são os: “Dispositivos de Treinamento da Aviação
baseado em Computador Pessoal” (PCATD - Personal Computer Based Aviation
Training Device) e os “Dispositivos de Treinamento da Aviação” (ATD - Aviation
Training Device).
Esses dispositivos recebem uma qualificação por meio da Gerência de
Avaliação de Aeronaves e Simuladores de Voo (GAAS), setor pertencente à ANAC,
que de acordo com o órgão, “tem o objetivo de verificar suas características de
desempenho e realismo”.
O treinamento de pilotos em simuladores de voo tem o intuito de mostrar aos
alunos as diversas operações de uma aeronave, tanto em condições normais como
anormais, seja em solo ou em voo. Segundo a ANAC, “somente nestes
equipamentos é possível treinar determinadas situações de pane em voo com
grande realismo, sem risco à vida dos profissionais”.
A operação do simulador de voo apresenta muitas vantagens, e entre elas
está a redução de custos, pois o gasto com o equipamento é menor do que se
estivesse utilizando para o treinamento uma aeronave real, que exige manutenção
regular de toda sua estrutura física e combustível para o seu uso. Além de que, a
15
Segundo a ANAC, dispositivos que representam uma aeronave genérica não podem ser usados para crédito de
horas de treinamento em voo para a obtenção de uma habilitação de tipo.
16
São habilitações averbadas ao Certificado de Habilitação Técnica (CHT) referente a toda aeronave
homologada para operação com tripulação mínima de dois pilotos, todos os helicópteros, independentemente do
número de tripulantes requerido pelo seu certificado de homologação ou do peso máximo de decolagem, e toda
aeronave considerada não convencional ou de operação complexa pela autoridade aeronáutica no processo de
homologação de tipo (ANAC).
23
queima de combustível proporciona o aumento da emissão de gás carbônico na
atmosfera, com isso o uso do simulador passa a ter menos impacto ambiental. Outra
vantagem do simulador de voo, é que muitas situações de emergências não podem
ser treinadas em uma aeronave real, como aquelas que envolvam fogo ou uma
situação climática específica, como windshear17.
De acordo com a IAC 061-1004, o simulador de voo deve apresentar
características específicas, e algumas delas são: “ser uma réplica em tamanho real
da cabine de pilotagem de um específico tipo de aeronave ou de uma série de
aeronaves de mesmo fabricante e modelo”. Por exemplo, o treinamento pode ser
realizado em uma réplica da cabine de um Boeing 767, ou em uma réplica da cabine
das aeronaves da família Airbus A319/320/321. Outra característica importante é:
“incluir o hardware e o software necessário para representar a aeronave em
operações no solo e em voo”.
Para um simulador de voo estar em plena atividade, ele deve possuir
primeiramente um instrutor licenciado pelo órgão regulador do país, para que esse
possa ensinar, acompanhar e avaliar o piloto em treinamento. Segundo a Royal
Aeronautical Society (2009) é fundamental um simulador de voo conter um sistema
de computação e movimento, para poder demonstrar ao piloto a parte operacional e
os diversos movimentos de uma aeronave em inúmeras situações. E possuir ainda
um sistema visual baseado em um gerador de imagens e exibição, para mostrar ao
piloto nos painéis a condição atual da aeronave, como: peso, níveis de combustível,
temperatura do motor, entre outros.
17
Tipo de turbulência. No português: tesoura de vento.
24
2.5 TREINAMENTO NO SIMULADOR DE VOO
O treinamento no simulador de voo normalmente é prestado por um centro de
treinamento, que fornece os programas de treinamento para cada tipo de aeronave.
No centro de treinamento o piloto encontra toda a infraestrutura adequada para a
execução dos procedimentos referentes ao simulador de voo, desde salas de aula
para estudo teórico, aos equipamentos que simulam o cockpit de uma aeronave que
irão fornecer o aprendizado das técnicas de voo ao piloto.
De acordo com dados obtidos em um centro de treinamento, a EPA Training
Center, o treinamento na maioria das vezes é feito com dois pilotos e um instrutor,
um piloto fica com a função de comandante18 e o outro com a função de copiloto19,
porém ambos revezam depois. Em pouquíssimos casos, o treinamento é feito com
um piloto apenas.
No que diz respeito à duração, ele é composto por 06 seções, cada seção
tem duração de quatro horas, que são divididas em duas horas em estudo teórico e
as outras duas horas em treinamento prático no simulador.
Na primeira e na segunda seção não há treinamento de situações
emergenciais, são seções direcionadas à familiarização do piloto com a aeronave,
com a execução de procedimentos básicos, como: decolagem, pouso, curvas,
manobras de stall20, entre outros.
A partir da terceira seção, iniciam os procedimentos emergenciais, tais como:
fogo no motor durante a partida ou em voo, pane na decolagem ou em voo, pouso
monomotor, entre outros.
18
Piloto responsável pela operação e segurança da aeronave – exerce a autoridade que a legislação aeronáutica
lhe atribui (art. 6º, a, Lei 7.183/84).
19
Piloto que auxilia o comandante na operação da aeronave (art. 6º, b, Lei 7.183/84).
20
Perda de sustentação. Significa queda. No português: estol.
25
3 METODOLOGIA
Com o propósito de fazer o levantamento sobre quais são os fatores que
elevam os níveis de ansiedade no piloto em treinamento no simulador de voo, fez-se
uma pesquisa bibliográfica na área da saúde psicológica, assim como sobre o
funcionamento e o treinamento prestado aos pilotos nos simuladores de voo.
A partir de então, elaborou-se um questionário, no qual participaram
voluntariamente cinco pilotos, sendo que quatro deles estão voando em linhas
aéreas e um voa na aviação executiva. O questionário foi composto de 07 questões
objetivas, como pode-se ver abaixo:
Perguntas
Respostas
1
Sentiu ansiedade antes de iniciar o treinamento
(preocupação, apreensão, medo)?
Sim
Não
2
Durante o treinamento, em especial nos
procedimentos de emergência, sentiu-se tenso?
Sim
Não
3
Teve, em algum momento do treinamento, uma
reação física diferente no corpo (suor,
tremedeira, dor no corpo, dor de cabeça)?
Sim
Não
4
Durante o treinamento, algo atrapalhou seu
aprendizado, desconcentrando-o (problemas
particulares externos, reações físicas no
organismo)?
Sim
Não
5
Sentiu dificuldade em memorizar alguma
informação do treinamento, devido à extensão ou
complexidade?
Sim
Não
6
Sentiu cansaço no treinamento devido ao tempo
de duração?
Sim
Não
7
Acredita que seu estado emocional em uma
situação real de emergência, seria muito
diferente de um treinamento em emergência no
simulador?
Sim
Não
As questões de 01 a 04 foram elaboradas com a ideia de identificar os fatores
emocionais assim como suas consequências no organismo do piloto. A questão 05
26
pretende revelar se quando o piloto é exposto a um exercício complexo, com
grandes detalhes em informações, o mesmo apresenta uma dificuldade no
raciocínio, podendo gerar dessa forma um nervosismo desnecessário. Na questão
06, pretende-se analisar se o tempo de duração do treinamento também pode ser
um fator estressor responsável pela diminuição da cognição. E na última questão,
busca-se uma opinião de cada piloto sobre seu estado emocional numa situação
real, que porventura possa ocorrer, em comparação com o treinamento no simulador
de voo.
27
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram do questionário cinco pilotos, todos do sexo masculino, entre 22
e 31 anos e que possuem entre 400 a 4000 horas voadas.
Com base nos resultados, observou-se que todos os pilotos antes do início do
treinamento apresentaram-se ansiosos, envolvidos por sentimentos de medo e/ou
preocupação.
De acordo com as respostas obtidas na segunda pergunta, foi possível
perceber que o sentimento de tensão também surgiu durante o treinamento de três
pilotos, em especial nos procedimentos emergenciais.
Nenhum piloto apresentou reações físicas no organismo, como: dores
musculares e de cabeça, suor ou tremedeira, que pudessem de alguma forma ser
consequentes de emoções negativas, tais como: a tensão, a ansiedade, a
apreensão, entre outras.
Um piloto afirmou que se desconcentrou em certos momentos da simulação,
que de acordo com a pergunta de número 04, pode ter sido causada por problemas
particulares externos ou por reações físicas no organismo. Como nenhum piloto
apresentou alguma reação diferente no organismo, se conclui que provavelmente o
determinado piloto tinha problemas particulares fora daqueles envolvidos com o
simulador de voo e que esses interferiram em seus processos cognitivos durante o
treinamento.
Os resultados obtidos na questão 05 mostraram que um piloto não sentiu
dificuldade em memorizar algum item que seja complexo ou com muitas
informações. Os demais responderam positivamente a pergunta, ou seja, essa
dificuldade de memorização pode ser um fator determinante para um grau de
28
ansiedade maior, pois pode gerar um nervosismo no piloto frente àquele evento e
dificultar o raciocínio e pensamento do mesmo.
O tempo de duração do treinamento também pode ser responsável por
prejudicar a cognição do piloto. Com base na questão 06, quatro pilotos
responderam que tiveram cansaço, ou seja, o longo período em treinamento, com
poucos intervalos, prejudicou o aprendizado dos pilotos.
E na última questão, apenas um piloto acredita que seu estado emocional não
seria diferente numa situação real de emergência, se comparada com a simulação
de emergência. Os outros quatro pilotos com a afirmação positiva, possivelmente
teriam muitas reações, físicas e/ou psicológicas no organismo, muito mais intensas
que as vividas no simulador.
29
5 CONCLUSÃO
O presente trabalho tem o propósito de identificar os fatores que elevam os
níveis de ansiedade no piloto em treinamento no simulador de voo, e verificar se
esses fatores de alguma forma prejudicam o aprendizado do aluno.
Foi possível classificar com base nos resultados obtidos, que o treinamento
no simulador de voo é um agente estressor para o aluno. Essa classificação foi
descoberta pelo fato de que todos os pilotos antes de iniciar o treinamento já se
apresentavam com um grau de estresse maior, que agia na forma de ansiedade.
Como o simulador além de treinar para o voo, testa a habilidade do piloto em
inúmeros eventos que venham a ocorrer com a aeronave, esse sentimento de
ansiedade pode ter surgido pela sensação de vulnerabilidade do aluno frente ao que
iria encontrar no treinamento, pois se trata de uma situação nova que o piloto está
vivendo.
Os
procedimentos
de
emergência
treinados,
por
exigirem
grande
concentração e de certa forma envolverem o piloto em uma situação perigosa,
também podem ser estímulos estressores, pois o sentimento de tensão diante dos
eventos pode surgir e assim prejudicar o aprendizado do aluno.
Problemas que não estejam ligados ao simulador de voo, tais como:
financeiros, de família ou de saúde, podem ser fatores responsáveis por dificuldade
no
aprendizado,
pois
geram
ansiedade,
preocupação
e/ou
medo,
e
consequentemente interferem nos processos cognitivos.
O cansaço, devido ao tempo de duração do treinamento, foi um fator físico
abordado pela maioria dos pilotos, que de acordo com a pesquisa bibliográfica feita
também prejudica na retenção de informações, pois causa uma dificuldade de
30
concentração, podendo afetar o desempenho do piloto. Com isso, caso o piloto
tenha uma desqualificação por esse motivo, ele pode se sentir vulnerável ao
cansaço quando refizer o treinamento.
De uma forma geral, percebeu-se que muitos são os fatores que interferem no
aprendizado de um piloto no simulador. A ansiedade é um fator natural presente,
mas que em excesso pode vir a prejudicar, porém antes que isso ocorra o estresse
normal do ser humano precisa ser quebrado. Com a ocorrência disso
desencadeiam-se reações indesejáveis, que vão desde sentimentos de medo, a
situações relacionadas com um enfraquecimento cognitivo, ou seja, que vão gerar
falta de atenção, dificuldade de concentração, raciocínio e memorização, entre
outros. Em casos mais avançados podem surgir também os efeitos físicos no
organismo, que trazem: dores de cabeça, musculares, estomacais, intestinais, entre
outros. Como os resultados do questionário não mostraram nenhum efeito físico nos
pilotos diante do sentimento de ansiedade, se conclui que nenhum deles apresentou
um nível intenso de emoção.
31
6 REFERÊNCIAS
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Universitária Estácio de Sá, Campo Grande, 2002.
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