CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS ADVERSAS NA AVIAÇÃO Autores: Anne Karine de Queiroz (Orientadora) - Escola Superior de Aviação Civil (ESAC) ESAC) Dayana Grace Ribeiro de Araújo - Escola Superior de Aviação Civil (ESAC) Erivaldo Herculano da Silva Filho - Escola Superior de Aviação Civil (ESAC) Juliano Cunha - Escola Superior de Aviação Civil (ESAC) Thiago Cavalcante Lopes - Escola Superior de Aviação Civil (ESAC) E-mail: [email protected] RESUMO ESTENDIDO Segundo o Departamento de Controle do Espaço Aéreo(DECEA),a informação meteorológica é muito importante para a segurança das operações aéreas, contribuindo para o conforto dos passageiros e facilitando o estabelecimento de rotas mais rápidas, econômicas e de voos regulares.Entre os vários fatores que possam constituir causa para um acidente aeronáutico, o tempo é o único fator contribuinte a um acidente sobre o qual o homem não exerce nenhum controle. Lidar com ele, porém, é uma tarefa difícil, uma vez que se encontra em constante mudança. Por outro lado, o homem pode prever com certa precisão quando determinado fenômeno vai ocorrer. Dessa forma, esse trabalho tem o objetivo de apresentar as condições meteorológicas adversas para a aviação, bem como os procedimentos de segurança que devem ser realizados pelo piloto. Dessa forma, foi realizada uma pesquisa bibliográfica baseada nos autores Sonnemaker (2012), sites institucionais como o DECEA e REDMET. Esse trabalho também faz uso da pesquisa documental, pois será realizado estudo dos Relatórios do CENIPA, buscando observar acidentes ou incidentes que tenham como fator contribuinte as condições meteorológicas. Segundo Sonnemaker (2012), são várias as condições meteorológicas desfavoráveis à aviação, como por exemplo; a formação de gelo na aeronave, nevoeiros, nuvens Cumulonimbus, granizo, relâmpago, entre outros. Dessa forma o objetivo dessa pesquisa é apresentar algumas dessas condições meteorológicas adversas para a aviação, seus efeitos, consequências e maneiras para evitá-los e em último caso reverter uma situação de crise. O Nevoeiro é um dos muitos fatores meteorológicos que podem atrapalhar o aeronauta. É algo muito parecido com aquela fumaça que se forma no banheiro quando tomamos banho quente. O que vemos no banheiro é, também, uma porção de gotículas de água flutuando no ar. Só há duas formas pelas quais os nevoeiros aparecem: acrescentando vapor no ar como no caso do banho quente e pelo resfriamento do ar como ocorre nas noites em que a temperatura se apresenta bem mais baixa que a do dia. Quando ocorre um nevoeiro no aeroporto, a visibilidade fica muito comprometida, inferior a 1000 metros, dificultando o pouso ou a decolagem. O piloto pode decidir não decolar com o tempo desfavorável. O maior problema é no pouso, pois o piloto não pode escolher “não pousar”, uma hora o combustível acaba. Para voar numa situação em que a visibilidade esteja comprometida, como é o caso do nevoeiro, o piloto deve estar habilitado a utilizar um aparelho chamado ILS(Sistema de Pouso por Instrumento). Segundo o DECEA o ILS é um dispositivo que fornece ao piloto duas informações essenciais: o eixo da pista e a trajetória ideal de planeio. O sistema auxilia o piloto no pouso sob condições de teto e visibilidade restritas. Outro fenômeno que compromete um voo seguro é a formação de gelo no avião. Segundo Sonemaker (2012), a formação de gelo deve ser esperada sempre que a umidade e a temperatura estiverem próximas ou abaixo do ponto de congelamento. Uma aeronave depende de sustentação para o seu voo, porém, a formação de gelo no bordo de ataque dos aerofólios, ocasiona o aumento do arrasto, ocasionando, assim, quebra de sustentação. O acúmulo de gelo ou chuva nos pára-brisas interfere na visibilidade. Além de interferir na capacidade de manobra do avião, o gelo também interfere na quantidade de combustível utilizado para o voo, a aeronave exigirá mais dos motores para compensar a falta de sustentação e o maior peso devido ao gelo. A intensidade do gelo formado na aeronave pode ser leve, moderado, forte ou extremamente forte. Quando leve, não há necessidade de utilizar o sistema contra gelo, mas quando temos um quadro de gelo extremamente forte, o uso do sistema anti-gelo da aeronave se torna insuficiente, exigindo a mudança imediata do nível de voo. As medidas a serem tomadas no caso de formação de gelo na aeronave são os procedimentos de degelo e anti-gelo. O anti-gelo é a prevenção do gelo por assim dizer. São as medidas tomadas antes da criação do gelo na aeronave. O degelo é a utilização dos instrumentos da aeronave que tem a função de quebrar ou derreter o gelo formado durante o voo. Outro fenômeno que compromete a segurança do voo é o granizo, que segundo Francisco(Graduado em Geografia) o granizo é um fenômeno caracterizado pela precipitação de água no estado sólido, ou seja, em forma de gelo. Essas partículas são transparentes ou translúcidas e apresentam tamanhos e pesos variados. O granizo é formado principalmente nas nuvens do tipo cumulonimbus, que se desenvolvem verticalmente e atingem grandes altitudes. Segundo Buarque e Araújo(2009) antes de decolar, o comandante recebe seu planejamento de voo, chamado navegação. Quando recebe a navegação, o piloto a estuda na cabine e decide como vai executá-la, contestando se achar que há algum problema. Ao longo do voo, o comandante acompanha a meteorologia com três ferramentas: A mais básica é perguntar ao controle de tráfego aéreo através do serviço Volmet, que passa informações atualizadas por rádio, informando o que mudou desde a partida do voo. Esta é a ferramenta mais clássica.A segunda é falar com a companhia aérea pelo ACARS (Automatic Communication AddressingandReporting System – uma espécie de computador de bordo ligado por satélite), por voz ou por escrito. É um serviço privado, que as companhias têm por satélite. A empresa aérea ajuda a tomar decisões.Por último vem a ferramenta mais grosseira, que é o radar meteorológico, com um princípio de funcionamento dos anos 1930. Ele mostra na tela do piloto uma imagem vertical, escaneando as nuvens e permitindo interpretar o miolo delas. Segundo Sonnemaker (2012),Cumulonimbus (CB)é uma nuvem de trovoada com base entre 700 e 1.500 metros e um topo que pode ir de 24 a 35 km de altitude, tendo a média entre 9 e 12 km.São formadas por gotas d´água, cristais de gelo, gotas superesfriadas, flocos de neve e granizo. De acordo com a REDEMET, o Cumulonimbus(CB) para a aviação, além de ser um limitador de espaço aéreo, pois o voo dentro destas nuvens é de extremo risco, também pode afetar os procedimentos de pouso e decolagem devido às cortantes de vento geradas pelas fortes correntes, ascendentes e descendentes, em torno da nuvem. Turbulência, granizo, formação de gelo, saraiva (granizos que são lançadospara fora da nuvem, em ar claro), relâmpagos e por vezes tornados poderão estar associados aos CB's e influenciarem na segurança das operações aéreas. O bom senso diz que a única regra de voo válida para todos os níveis e todas as categorias de aeronaves é EVITAR O VOO DENTRO DE UM CB. Como isto, nem sempre é possível, o requisito essencial é que a aeronave esteja convenientemente equipada e possuir estrutura condicionada para tal voo.Antes de iniciar a penetração na nuvem, o piloto deve tomar algumas providências como apertar os cintos de segurança e fixar todos os objetos que estejam soltos, confeccionar mensagem de posição (AIREP), efetuar varredura com radar, para uma melhor avaliação da nuvem, desligar o rádio e retirar os fones, luzes acesas e cortinas fechadas para evitar cegueira causada pelos relâmpagos e ajustagem da potência para manutenção da “velocidade ótima de penetração”. Após apresentar essas condições meteorológicas adversas, foram analisados dois acidentes aeronáuticos, que tiveram como fatores contribuintes tais condições. Um acidente ocorrido com uma aeronave PT-EBF, modelo EMB- 810C, em 11 de setembro de 2004, a aproximadamente 12NM do município de Presidente Figueiredo, o piloto e o passageiro faleceram e a aeronave teve danos graves. Durante o voo em rota, segundo o relatório do CENIPA, o piloto entrou em uma formação de nuvens cumulonimbos, havendo a separação de partes da estrutura da aeronave e a perda de controle em voo. No local da ocorrência, o céu estava encoberto com cumulonimbos de grande porte. O voo se realizava de acordo com regras de voo visual(VFR) e a aeronave não possuía radar meteorológico instalado, desta forma havia a necessidade de o piloto efetuar o desvio da nuvem. Outro acidente aconteceu com a aeronave PP-EJB, modelo EMB- 810D, ocorrido em 01 julho 2011, o piloto e três passageiro faleceram no local do acidente e a aeronave ficou totalmente destruída. Durante o deslocamento entreCuxaré e aldeia Bona, no Pará, a aeronave colidiu contra arvores e contra o solo em uma área de selva. O tempo nublado predominante sobre a região onde se deu a queda da aeronave, sugerindo as condições de instabilidade, que favoreceram a formação e o desenvolvimento de varias células de trovoadas no decorrer da tarde. Nas proximidades da tempestade, possivelmente havia variações, com grande probabilidade de ocorrência de rajadas de ventos. Como vemos, a meteorologia tem um papel importante na aviação, tanto no voo de cruzeiro como no pouso e decolagem, os conhecimentos meteorológicos são de suma importância para o planejamento de voo. Algumas condições adversas, como o teto e a visibilidade restringem diretamente o funcionamento do aeroporto. É essencial que os membros da tribulação possuam conhecimento básico das condições de tempo de modo a utilizar as informações meteorologia corretas. Além da meteorologia os procedimentos de segurança são essenciais para aviação para evitar acidentes ou incidentes, e também para o conforto dos passageiros, além de obter bons resultados no voo. Palavras-chave: Meteorologia ; Acidente ; Segurança. Referências DECEA. Meteorologia Aeronáutica, e O Sistema de Pouso por Instrumento (ILSInstrument Landing System)Disponível em:http://www.decea.gov.br/espacoaereo/meteorologia-aeronautica/ e www.decea.gov.br/cnsatm.Acesso em 07 abr. 2013. SONNEMAKER, João Baptista. Meteorologia PP-PC-IFR-PLA. São Paulo: Asa, 2012. BUARQUE, Daniel; ARAÚJO, Glauco. Entenda como uma tempestade afeta um voo. Disponível em: http://www.g1.globo.com/noticias/mundo. Acesso em 08 abr. 2013. FRANCISCO, Wagner de Cerqueira. Granizo. Disponível em: http://www.brasilescola.com/geografia/granizo.htm. Acesso em 05 abr. 2013. REDEMET. CUIDADO, CUMULONIMBUS NA ÁREA! Disponível em: http://www.redemet.aer.mil.br/Artigos/cumulonimbus.pdf. Acesso em 05 abr/ 2013. CENIPA. FENÔMENO METEOROLÓGICO. Disponível em: http://www.cenipa.aer.mil.br/cenipa/paginas/relatorios/relatorios. Acesso em 15 abr/2013.