Faculdades Integradas do Vale do Ivaí Instituto Superior de Educação - ISE Credenciado pela Portaria MEC nº. 533 de 22/02/05 – D.O.U. – 23/02/2005 ROSANGELA APARECIDA DA SILVA VAGULA ZENAIDE GONÇALVES ENSINO E APRENDIZAGEM NAS AULAS DE MATEMÁTICA NO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL IVAIPORÃ 2013 ROSANGELA APARECIDA DA SILVA VAGULA ZENAIDE GONÇALVES ENSINO E APRENDIZAGEM NAS AULAS DE MATEMÁTICA NO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Matemática, para obtenção total de nota e parcial à aquisição do título de Licenciado em Matemática pelas Faculdades Integradas do Vale do Ivaí. Orientadora: Prof. Esp. Dircéia Portela IVAIPORÃ 2013 ROSANGELA APARECIDA DA SILVA VAGULA ZENAIDE GONÇALVES ENSINO E APRENDIZAGEM NAS AULAS DE MATEMÁTICA NO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Matemática, para obtenção total de nota e parcial à aquisição do título de Licenciado em Matemática pelas Faculdades Integradas do Vale do Ivaí. COMISSÃO EXAMINADORA __________________________________________ Coordenadora do Curso: Profª Ms. Kátia Regina Figueiredo Lemos Faculdades Integradas do Vale do Ivaí ___________________________________________ Orientadora de Estágio: Profª Esp. Dircéia Portela Faculdades Integradas do Vale do Ivaí ___________________________________________ Professor (a) Convidado (a) Faculdades Integradas do Vale do Ivaí IVAIPORÃ 2013 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a Deus, pela força e sabedoria concedida. A minha família pela confiança depositada. A orientadora pela paciência demonstrada e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a elaboração do mesmo. Rosangela Ap. Da Silva Vagula Para todos que acreditam que são capazes de mudar a própria realidade por meio dos estudos. E aqueles que contribuíram para que este trabalho fosse desenvolvido, professores, alunos, amigos e familiares. Zenaide Gonçalves AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou o meu caminho durante esta caminhada. Agradeço também a toda minha família que sempre estiveram ao meu lado nesta caminhada. Aos professores que me acompanharam nesta graduação, em especial a professora Dircéia pela paciência, apoio e por toda sua participação na realização deste trabalho. Aos amigos, pelas palavras compartilhadas nas horas difíceis, auxílio para superar as dificuldades. A todos, muito obrigada. Rosangela Ap. da Silva Vagula A todos que direta ou indiretamente cooperaram e apoiaram o desenvolvimento deste trabalho de conclusão de curso, os meus agradecimentos, ao meu esposo, a minha filha e os demais familiares, também aos meus amigos e os professores do curso de licenciatura em Matemática, em especial a minha companheira de trabalho Rosangela, e a professora orientadora Dircéia, cuja contribuição foi imprescindível à concretização deste trabalho e acima de tudo a força Suprema DEUS. Zenaide Gonçalves VAGULA, Rosangela Ap. da Silva; GONÇALVES, Zenaide. Ensino e aprendizagem nas aulas de matemática no 6º ano do ensino fundamental. Faculdades Integradas do Vale do Ivaí. Monografia do Curso de Licenciatura em Matemática. Ivaiporã, 2013. RESUMO O presente trabalho aborda o tema: Ensino e aprendizagem nas aulas de matemática no 6º ano do ensino fundamental. O mesmo tem por intuito observar e conhecer como se dá o processo de ensino e aprendizagem na transição que ocorre do 5° para o 6° ano do Ensino Fundamental, bem como analisar como é o trabalho dos professores e equipe pedagógica em relação a este processo de transição. De cunho bibliográfico abordaremos aspectos relevantes sobre, como se dá a entrada desses alunos no ensino fundamental II, analisando suas características sócio educativas ao se deparar com outro processo de ensino diferenciado dos anos iniciais do ensino fundamental, no qual os estudos eram dirigidos, na maior parte do tempo por um só professor, diferentemente desta nova etapa de ensino. Destacaremos estudos relativos ao desenvolvimento cognitivo desse aluno que se encontra a faixa etária de 11 a 12 anos, aspecto relevante para o fator do desenvolvimento da aprendizagem. Outras questões que foram abordadas neste trabalho é o papel do professor de matemática ao trabalhar com esta nova demanda de 6º ano; a valorização da relação professor – aluno em função dos aspectos sócio – emocionais desse educando ingressante e, outro fator que se destaca em nossos estudos são as questões de como desenvolver um processo de ensino que possa amenizar a indisciplina nessa etapa. Nossa pesquisa de campo foi quali-quantitativa, onde distribuímos questionários com a participação de dois pedagogos e dois professores que trabalham com turmas de 6º ano, afim de conhecer o trabalho por eles realizado desde o momento de acolher os alunos advindos do 5º ano, a metodologia utilizada pelos docentes e a forma de como se dá o processo de ensino e aprendizagem. Após análise das respostas verificamos que há uma preocupação de toda comunidade escolar em acolher esses alunos e conduzir todo este processo para melhor adaptação dos mesmos na nova etapa de escolaridade. Palavras – chave: Aprendizagem. Aluno. 6º ano do Ensino Fundamental Vagula, Rev. Rosangela da Silva, Gonçalves, Zenaide. Teaching and learning in mathematics classes in the 6th grade of elementary school. Integrated College Valley Ivaí. Monograph Degree in Mathematics. Ivaiporã, 2013. ABSTRACT This paper addresses the issue: teaching and learning in mathematics classes in the 6th grade of elementary school. The same is meant to observe and know how is the process of teaching and learning that occurs in the transition from 5th to 6th grade of elementary school , as well as analyzing how the work of teachers and teaching staff in relation to this process transition . Of bibliographical discuss relevant issues on, how is the entry of these students in elementary II, analyzing their socio - educational to come across another case of differentiated instruction in the early years of elementary school, in which the studies were conducted, in most of the time by a single teacher, unlike the teaching of this stage. We will highlight studies on the cognitive development of that student who meets the age group 11-12 years relevant aspect to factor in the development of learning. Other issues that were addressed in this work is the role of the mathematics teacher to work with this new demand for 6th year, the development of the teacher - student relationship as a function of the socio - emotional that student newcomer and another factor that stands out in our studies are questions of how to develop a teaching process that can mitigate the indiscipline that stage. Our field research was qualitative and quantitative, which distribute questionnaires with the participation of two teachers and two teachers working with groups of 6th year in order to know the work they performed from time to welcome students coming from the 5th year, methodology used by the teachers and the way how is the process of teaching and learning. After analyzing the responses we find that there is a concern of every school community to welcome these students and lead this process to better adapt them to the new stage of schooling. Key - words: Learning. Student. 6th grade of elementary school SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9 2 A ENTRADA DO ALUNO NO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL ................ 11 3 COMO FUNCIONA O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DO ALUNO AO INGRESSAR NO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL II ..................................... 14 4 A ATUAÇÃO DOCENTE NO DESENVOLVIMENTO DESSAS CRIANÇAS ......... 17 4.1 ASPECTOS DA INTERAÇÃO PROFESSOR - ALUNO ................................... 18 4.1.1 Aspectos sócios - emocionais entre professor e alunos .....................19 4.1.2 Processo de ensino x indisciplina .........................................................21 5 MÉTODO............................................................................................................... 23 5.1 COLETA DOS DADOS ....................................................................................23 5.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS AOS PROFESSORES ...............................................................................................................................23 5.3 O ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO ........................................................26 6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 29 7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 31 ANEXOS ................................................................................................................... 33 9 1 INTRODUÇÃO O objetivo do presente trabalho será analisar e refletir sobre o processo de transição dos alunos do 5º ano do Ensino Fundamental I para o 6º ano do Ensino Fundamental II, momento em que se percebe uma descontinuidade no processo de ensino – aprendizagem resultando em fatores que podem interferir na adaptação dos estudantes na nova fase de escolarização, mudanças que caracterizam um rompimento nos objetivos, procedimentos, organização didática, interação professor – aluno e até mesmo alterações físicas e emocionais; a maior dificuldade para os educandos nessa etapa é a organização, o aumento no número de professores, os conteúdos curriculares, metodologias diferenciadas e o relacionamento professor – aluno. A transição para o 6° ano provoca nos alunos medo, angústias e inseguranças levando-os ao fracasso escolar, aumentando os índices de reprovação e evasão. Estudos de autores como Demerval Saviani e Rosa Fátima Souza apontam uma crise na série em questão demonstrando urgência de reorganização na prática pedagógica, melhoria na relação entre alunos e profissionais da educação para que todos possam se envolver e desenvolver numa relação de confiança, colaboração e apoio em comum. Ao chegar ao 6º ano além de se depararem com vários professores, os alunos precisam se acostumar rapidamente com a forma como os professores ensinam mais focados nos conteúdos do que nas necessidades dos alunos, as consequências dessa transição são maiores na Matemática. Cabe ao professor valorizar a Matemática, tornando-a uma disciplina prazerosa, criativa e útil, garantindo assim, a participação e o interesse dos educandos, a fim de proporcionar um aprendizado eficiente e de qualidade. Segundo Freire (1997), o professor precisa ser mediador do conhecimento, sensível e crítico, aprendiz permanente e organizador do trabalho na escola, um orientador, um cooperador de sentido. No ensino da Matemática se faz necessário que os educadores se envolvam com o firme compromisso de auxiliar na formação dos educandos, no sentido de solucionar as dificuldades do cotidiano escolar. Para isso é importante que o professor como mediador do ensino e aprendizagem provoque em seus alunos o interesse em conhecer e aprender Matemática mostrando que 10 todos são capazes de aprender, mas cada um tem tempo e momentos diferentes. O professor precisa estar junto com seus alunos procurando meios e formas para a construção e produção dos conhecimentos. Na transição do 5º ano do Ensino Fundamental I, para o 6 º no do Ensino Fundamental II, é visível a descontinuidade no processo de ensino aprendizagem, para compreendermos o que realmente acontece nessa passagem realizaremos uma pesquisa com professores e pedagogos que trabalham com turmas do 6º ano em duas escolas, tendo como objetivo verificar a organização da escola para receber os alunos do 6º ano, o convívio, a interação, a relação-professor aluno, as conquistas e dificuldades encontradas pelos alunos e professores das turmas de 6º ano do Ensino fundamental II. Sabendo que esta pesquisa será de ordem quali- quantitativa, por isso, para a coleta e análise dos dados usaremos como instrumentos questionários dirigidos a dois pedagogos e dois professores de duas Instituições de Ensino públicas distintas das cidades de Lidianópolis e Cruzmaltina, Estado – Pr, a fim de adquirirmos informações a respeito de como é feito a acolhida dos alunos advindos dos 5º anos para o 6º anos do Ensino Fundamental, bem como verificar como é planejado o processo de ensino nas aulas de Matemática quanto a demanda destes educandos, tanto nas orientações dos pedagogos quanto as ações pedagógicas dos professores durante o ano letivo em relação ao processo de ensino e aprendizagem desses alunos. 11 2 A ENTRADA DO ALUNO NO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL É necessário que tomemos como um dos focos deste trabalho de pesquisa o ingresso do aluno advindo do 5º ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental para o 6º ano, sabendo que é em torno dos 11 anos de idade que acontece esse processo, idade que coincide com a fase da puberdade, onde ocorre o início da adolescência, que é caracterizada por intensas alterações físicas e emocionais e inaugura um grande drama: a ruptura com o universo infantil e o surgimento de um indivíduo de quem se requer uma série de novas adaptações e que ainda não sabem bem como reagir e se posicionar diante de tantas transformações. Nessa fase a escola deixa de ser o único centro de referência da sua vida, surgem novos interesses, o que leva ao desinteresse e atitudes que refletem no desempenho escolar do aluno. Ocorrem as mudanças no humor, comportamento, estilo de agir e até mesmo de se vestir, muitos se acham o centro de todas as atenções. Já vida social, este aluno passará por transformações na sua linguagem em relação ao meio em que está inserido onde o mesmo demonstra interesse pelo mundo adulto e, na vida escolar, na transição que vivencia do 5º para o 6º ano há uma ruptura com uma estrutura em que o mesmo não estava habituado: não ter mais a professora única, serão vários professores; nova rotina; dinâmica diferente para administrar as tarefas, bem como o tempo; várias matérias e horários estabelecidos para cada uma, com conteúdos mais aprofundados com assuntos que ainda não foram vivenciados, muitos componentes curriculares, o que pode gerar ansiedade, medo e angustia, toda essa transformação requer uma série de adaptações e auxílio. Por conta disso, Silva (1997) destaca: Que é inegável que a organização didática estabelecida pelo sistema escolar para essas séries está diretamente ligada a maioria das diferenças e das dificuldades enfrentadas. O aluno tem que adaptar-se rápido as mudanças da unidocência para pluridocência, e ainda perceber que cada professor tem uma personalidade diferente. (p.111). E conforme ressalta este autor sobre a adaptação deste aluno na nova série o mesmo enfatiza que: Parece evidente que o que está em jogo na passagem das 4ª séries (5° 12 ano) para 5ª série (6° ano) é muito mais do que o número de professores ou disciplinas. Está em jogo fazeres diferentes, está implicando saberes diversos, objetivos distintos, intenções e crenças. (SILVA, 1977.p.112). Por isso, fica evidente a ruptura do processo de ensino em relação à passagem do aluno de uma série para a outra em que um dos fatores é essa mudança da unidocência para pluridocência, ou seja, é de que não terá somente um professor para lhe auxiliar, e sim vários professores que contribuirão de maneira distinta em sua aprendizagem. Tal problema abrange não só a relação professor – aluno, mas também a estrutura escolar, metodologias de ensino e a relação escola e família. Assim, outro aspecto importante na sua vida social/escolar é a presença e apoio da família. A família precisa assumir papel de coadjuvantes importantes, que sugerem, dão exemplos e apoiam em um caminho de conquista de autonomia. Devem participar de reuniões, conhecer os professores e perguntar para a criança, com real interesse e disposição para ouvir, como foi à aula, o que foi ensinado e o que ela achou de mais interessante em seu dia. Buscar a interação com a escola, professores, coordenação pedagógica, para juntos encontrararem meios de solucionar probemas relacionados à adaptação, organização pedagógica, dificuldades de aprendizegens, indisciplina e outros conflitos que interferem no processo de ensino aprendizagem. Levando em consideração que família e escola buscam atingir os mesmos objetivos, preparar a criança para o mundo, deve estes comungar os mesmos ideais para que possam vir a superar dificuldades e conflitos que diariamente angustiam os profissionais da escola e também os próprios alunos e seus pais. “A escola nunca educará sozinha, de modo que a responsabilidade educacional da família jamais cessará. Uma vez escolhida à escola, a relação com ela apenas começa. É preciso o diálogo entre escola, pais e filhos”. (Reis, 2007, p.6). Tendo em vista formação do aluno requer um conjunto de ações que envolvem seus responsáveis e todos os profissionais da educação, podemos destacar que o papel da coordenação da escola também é de suma importância, oferecendo o aluno apoio e incentivo, atuando como mediador e facilitador em todas as interações ocorridas na escola, visando alcançar os objetivos almejados, que é o pleno desenvolvimento do educando, o mesmo deve intermediar os conflitos 13 escolares; orientar os pais nas atitudes a serem tomadas em relação ao estudo de seus filhos; apoiar e atender as famílias. Portanto, como afirma Giacaglia; Penteado (2010) estes profissionais que contribuem no processo de interação entre professores, alunos e pais, atuam: Como elemento de ligação entre escola e a família, esses profissionais devem manter a comunicação constante com ela, respeitando os seus valores e procurando obter sua colaboração, já que ambos têm por objetivo o bem estar o desenvolvimento e a formação do educando”. ( p. 150). No ambiente escolar o coordenador pedagógico desenvolve ações voltadas para questões como valores, atitudes, emoções e sentimentos, trabalhando com assuntos que dizem respeito ás escolhas e relacionamentos. Precisam ter atitudes importantes, tais como: atender bem os pais dos alunos que venham a fazer visitas na escola; recepcionar os alunos; realização de dinâmicas; proporcionar esclarecimentos aos envolvidos no processo educativo das singularidades de cada uma das fases pelos quais passa os educandos e as possíveis implicações nas questões pedagógicas e juntamente com os professores atua em parceria ouvindo, dialogando e orientado os pais e responsáveis, tudo isso para ensinar os alunos a enfrentar desafios dessa nova etapa da vida escolar com autonomia e segurança. A seguir, ressaltaremos outro ponto importante deste trabalho afim de que possamos entender como funciona o raciocínio deste aluno nas aulas de matemática ao ingressar no 6º ano. Tomaremos como base e como fator de entendimento o desenvolvimento cognitivo nesta faixa etária conforme as contribuições de Piaget. 14 3 COMO FUNCIONA O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DO ALUNO AO INGRESSAR NO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL II Para entendermos como o aluno do 6º ano desenvolve seu raciocínio nas aulas de matemática é válido destacar a princípio, a necessidade de compreender como funciona o processo mental do aluno ao passar do 5º ano para o 6ºano do Ensino Fundamental, sendo assim é de extrema importância conhecer em que etapa do desenvolvimento cognitivo a criança se encontra ao ingressar no 6ºano, principalmente, nas aulas de matemática. O cognitivo pertence ou está relacionado ao conhecimento, o qual por sua vez é o conjunto de informações armazenadas por intermédio da experiência ou da aprendizagem. O desenvolvimento cognitivo ou cognoscitivo enfoca-se nos processos do pensamento e no comportamento que reflete esses processos. Este desenvolvimento resulta dos esforços que a criança faz para compreender e agir no mundo. A cognição envolve fatores diversos como o pensamento, a linguagem, a percepção, a memória e o raciocínio, que fazem parte do desenvolvimento intelectual. Raciocínio este indispensável na disciplina de matemática. Piaget define o desenvolvimento cognitivo como sendo um processo de equilibrações sucessivas. Entretanto, esse processo embora contínuo, é caracterizado por diversas fases, etapas ou períodos. Cada etapa define o momento de desenvolvimento ao longo do qual a criança constrói certas estruturas cognitivas. Segundo Piaget, o desenvolvimento passa por quatro etapas distintas: a sensória – motora (0-24 meses), pré – operatória (2- 7 anos), a operatória – concreta (7- 11/12 anos) e a operatório – formal (12 anos em diante). Por isso, podemos compreender que a nossa criança do 5º ano ao ingressar no 6º ano de Ensino Fundamental II, se encontra na etapa operatório – concreta que ocorre por volta dos (7 – 11/12 anos), período este, conforme cita Piaget (1973): É marcado por grandes aquisições intelectuais, observa-se um marcante declínio do egocentrismo e um crescente incremento do pensamento lógico. Isto é, em função da capacidade adquirida de formação de esquemas conceituais e mentais verdadeiros, a realidade passará a ser estruturada pela razão e não mais pela assimilação egocêntrica como ocorria na fase anterior. (p. 37) 15 Neste período criança será capaz de lidar com as questões de raciocínio lógico matemático construindo conceitos por atingir a aquisição da capacidade de conservação de quantidades. Terá como base o conhecimento real, correto e adequado de objetos e situações da realidade externa (esquemas conceituais) e poderá trabalhar com eles de modo lógico, ou seja, já conseguem relacionar os conteúdos escolares com a matemática vivenciada fora do contexto escolar por meio de jogos ou situações reais. Assim, a tendência lúdica do pensamento típico da idade anterior quando o real e o fantástico se misturavam nas explicações fornecidas pela criança será substituída por uma atitude crítica. A criança não irá tolerar contradições em seu pensamento e ação como antes, mas irá sentir necessidade de explicar logicamente suas ideias e ações. Outra questão importante são as ações que devemos observar nestes alunos, pois as ações físicas, típicas da inteligência sensório – motora ainda necessária na fase pré – operacional, passam a ser internalizadas, passam a ocorrer mentalmente. Daí o nome dado à fase: operações concretas, a criança irá solucionar problemas mentalmente. No estágio operatório concreto a criança começa a construir conceitos, através de estrutura lógica, consolida a conservação de quantidade e constrói o conceito de número. Seu pensamento apesar de lógico, ainda está centrado nos conceitos do mundo físico, os conhecimento matemáticos são resultantes das relações com o mundo, segundo Piaget (1972): É uma construção, resultado de uma ação mental da criança sobre o mundo, o mesmo não é inerente ao objeto, ele é construído a partir das relações que a criança elabora na sua atividade de pensar o mundo. Portanto, ele não pode ser ensinado por repetição ou verbalização. Contudo, da mesma forma que o conhecimento físico, ele também é construído a partir das ações sobre os objetos.(p. 48) Em se tratando do raciocínio lógico na matemática temos que após o aluno alcançar o período das operações mentais por volta dos 11 anos de idade, os mesmos são capazes de abstrair e interpretar informações, o próximo passo é buscar as relações existentes entre os conteúdos apresentados e os conhecimentos já adquiridos, para isso é necessário uma boa base teórica de matemática firmada na interação do aluno com aprendizagem, isto é, a matemática trabalhada na escola relacionada com a realidade dos indivíduos. Piaget afirma em sua teoria que: 16 O conhecimento lógico matemático, incluindo o número e a aritmética, é construído ou “criado” por cada criança de dentro para fora, na interação com o ambiente, ou seja, o conhecimento lógico matemático não é adquirido diretamente do ambiente por internalização, é necessária a interação para que a criança construa internamente este conceito. (KUNAST ET. AL. 2006, APUD PIAGET, 1970). Nesse período as operações mentais consistem em transformações reversíveis (toda operação pode ser invertida) que implicam da aquisição da noção de conservação ou invariância, o julgamento deixa de ser dependente da percepção e torna-se conceitual. A criança entende, portanto, tanto a operação direta como a inversa como fazendo parte de um mesmo sistema, e isto consolida o pensamento da criança numa estrutura lógico matemática e não psicológica. Quanto ao desenvolvimento social, que não somente ocorre paralelamente ao intelectual, mas que se constitui em um dos seus fatores motivadores apresenta um progresso significativo, ocorrerá à diminuição do egocentrismo social e o aumento da flexibilidade mental, a linguagem será totalmente socializada. Assim, vemos uma criança que caminha lenta, mas decisivamente, de um estado de indiferença, de desorganização, para a compreensão lógica e adequação da realidade que lhe permite perceber-se como indivíduo entre outros, como um elemento de um universo que pouco a pouco passa a estruturar-se pela razão. O pensamento é sem dúvida, para Piaget, um dos aspectos centrais na adaptabilidade do homem ao seu meio circundante. De posse desses conhecimentos, destacamos a seguir, a ação docente no desenvolvimento dessas crianças durante as aulas de matemática. 17 4 A ATUAÇÃO DOCENTE NO DESENVOLVIMENTO DESSAS CRIANÇAS Tomando como foco a aprendizagem dos alunos do 6º ano em relação aos conteúdos de Matemática, é válido ressaltar a importância do papel do professor em função do desenvolvimento das aprendizagens dos alunos, enfatizando que as relações entre professores e alunos, as formas de comunicação, os aspectos afetivos e emocionais, a dinâmica das manifestações na sala de aula fazem parte das condições organizativas do trabalho docente. A interação professor– aluno é um aspecto fundamental da organização da situação didática, tendo em vista alcançar os objetivos do processo de ensino: a transmissão e a assimilação dos conhecimentos, hábitos e habilidades. Entretanto, esse não é o único fator determinante da organização do ensino, razão pela qual ele precisa ser estudado em conjunto com outros fatores, principalmente a forma da aula (atividade individual, coletiva, em pequenos grupos e fora da classe). Conforme Piaget, o educador não é o detentor do saber, mas, o facilitador do processo ensino aprendizagem. O aluno não é um mero receptor de conhecimento, mas, o agente ativo que constrói o conhecimento. A relação professor-aluno deve ser de respeito mutuo e cooperação. Segundo Piaget, o trabalho coletivo socializa, estabelece laço de afetividade e permite a criança perceber-se como parte de uma coletividade, superando seu egocentrismo. O que se evidencia para o aluno do 6° ano é que os laços afetivos ficaram em segundo plano, e o que importa agora é somente o seu intelectual. Conforme cita Wadsworth (1997) quanto ao desenvolvimento mental dessa criança e a afetividade: “Ao analisar os processos de desenvolvimento mental da criança, Piaget afirma que a inteligência e a afetividade são indissociáveis. Caminhando em direção as estruturas de funcionamento integrando a criança reinventa o mundo e desenvolve a inteligência e a afetividade por meio da construção do próprio conhecimento”. (p. 165). Por isso, o autor ressalta que a afetividade ajuda na construção do próprio conhecimento desta criança que frequenta o 6º ano. Podemos ressaltar dois aspectos fundamentais na interação professor alunos: o aspecto cognoscitivo e o aspecto sócio – emocional, que devem ser valorizado na relação que ocorre no ato do processo de transmissão de conhecimentos explicitados a seguir. 18 4.1 ASPECTOS DA INTERAÇÃO PROFESSOR - ALUNO Na interação professor – aluno supõe-se que o primeiro ajuda inicialmente o segundo na tarefa de aprender, porque essa ajuda logo lhes possibilitará pensar com autonomia. Para aprender o aluno precisa ter ao seu lado alguém que o auxilie a nos diferentes momentos da situação de aprendizagem e que lhe responda de forma a ajudá-lo a evoluir no processo, alcançando um nível mais elevado de conhecimento, por meio da interação o aluno vai construindo novos conhecimentos, habilidades e significações. Os comportamentos do professor e dos alunos estão, portanto, dispostos em uma rede de interações envolvendo comunicação e complementação de papeis, onde expectativas recíprocas são colocadas. Nessas interações é importante que o professor procure colocar – se no lugar dos alunos para compreendê-los, ao mesmo tempo em que os alunos podem, com ajuda do professor, conhecer as opiniões, os propósitos e as regras que este busca estabelecer para o grupo – classe. Na troca de experiências o professor procura entender, os motivos e dificuldades dos aprendizes, suas maneiras de sentir e reagir diante de certas situações, fazendo com que suas interações em sala de aula prossigam de modo produtivo, superando obstáculos que surgem no processo de construção partilhada de conhecimentos. Nesse processo, professor e aprendizes se respeitam como pessoa, como sujeitos únicos que possuem experiências diversas dentro de uma mesma cultura. Conforme corrobora Freire (2000): Devemos pensar num novo professor, mediador do conhecimento, sensível e crítico, aprendiz permanente e organizador do trabalho na escola, um orientador, um cooperador, curioso e, sobretudo, um construtor de sentido. Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades desde o começo do processo ou a sua construção {...} É preciso que, pelo contrário, desde o começo do processo, vá ficando cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e reforma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado {...} Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprende. (FREIRE, 1997, apud GADOTTI, 2000). Por isso, de acordo com o autor, outro fator relevante desta interação é o processo cognoscitivo onde transcorre no ato de ensinar e no de aprender, tendo em 19 vista a transmissão e assimilação de conhecimentos. Nesse sentido, ao ministrar aulas, o professor sempre tem em vista, o objetivo da aula, conteúdos, problemas, exercícios. Os alunos por sua vez, dispõem de um grau determinado de potencialidade cognoscitivo conforme o nível de desenvolvimento mental, idade, experiências de vida, conhecimentos já assimilados. Por isso, o professor deve cuidar de apresentar os objetivos, os temas de estudo e as tarefas numa forma de comunicação compreensível e clara. Para isso o professor de matemática deve diagnosticar por meio de suas atividades diárias o conhecimento que os alunos já assimilaram, para adaptar sua metodologia de ensino, buscando provocar nos mesmos o interesse de conhecer e desenvolver cada vez mais o raciocínio matemático. O trabalho do professor não é apenas transmitir informações, mas também de ouvir os alunos, dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas, assim será possível perceber como estão reagindo a atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação do conhecimento e ajudam diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades. Para atingir uma boa interação entre professor aluno, além de conhecer os aspectos cognoscitivos dos mesmos, também é preciso levar em conta os aspectos sócios emocionais que envolvem a dinâmica na sala de aula, explicitados a seguir. 4.1.1 Aspectos sócios - emocionais entre professor e alunos Destacam-se aqui os vínculos afetivos entre professor e alunos, como também às normas e exigências objetivas que reagem a conduta dos alunos na aula (disciplina). A interação deve estar voltada para a atividade de todos os alunos em torno dos objetivos e do conteúdo da aula. Na sala de aula o professor exerce uma autoridade, fruto de qualidades intelectuais, morais e técnicas. Ela é um atributo da condição profissional do professor e é exercida como um estímulo e ajuda o desenvolvimento independente dos alunos. O professor estabelece objetivos sociais e pedagógicos, seleciona e organiza os conteúdos, escolhe métodos, organiza a classe, entretanto essas ações 20 docentes devem orientar os alunos para que respondam a elas como sujeitos ativos e independentes. Autoridade e autonomia são pólos do processo pedagógico, exercendo um papel de mediação entre aluno e sociedade. A autonomia do aluno traz consigo a individualidade e liberdade, entretanto a liberdade individual está condicionada pelas exigências grupais e pelas exigências pedagógicas, implicando a responsabilidade. Nesse sentido, a liberdade é o fundamento da autoridade e a responsabilidade é a síntese da autoridade e da liberdade. Do ponto de vista das relações entre autoridade e autonomia, a interação professor-aluno não está livre de conflitos. Uma das dificuldades mais comuns enfrentadas pelo professor é o que se costuma chamar de controle da disciplina. A disciplina da classe está diretamente ligada ao estilo da prática docente, ou seja, à autoridade profissional, moral e técnica do professor. A autoridade profissional se manifesta no domínio da matéria que se ensina métodos e procedimentos de ensino, na maneira de lidar com a classe e as diferenças individuais, na capacidade de controlar e avaliar o trabalho dos alunos e do docente. A autoridade moral é o conjunto da personalidade do professor, sua dedicação profissional, sensibilidade, senso de justiça, traços de caráter. A autoridade técnica constitui o conjunto de capacidades, habilidades e hábitos pedagógicos didáticos para dirigir com eficácia a transmissão e assimilação dos conhecimentos. Luna (1991) enfatiza que: O professor com autoridade é também aquele que deixa transparecer as razões pelas quais a exerce: não por prazer, não por capricho, nem mesmo por interesse pessoais, mas por um compromisso genuíno com o processo pedagógico, ou seja, com a construção de sujeitos que, conhecendo a realidade, disponha-se a modificá-la em consonância com um projeto comum. (p. 69) Por isso, a disciplina da classe depende do conjunto dessas características do professor, que lhe permitem organizar o processo de ensino tendo como requisitos um bom plano de aula, principalmente quanto as aulas de Matemática, a estimulação para a aprendizagem que suscite a motivação dos alunos controle da aprendizagem incluindo avaliações do rendimento escolar, o conjunto de normas e exigências que vão assegurar o ambiente de trabalho escolar ações e comportamento dos alunos. 21 4.1.2 Processo de ensino x indisciplina Em se tratando de alunos do 6º ano com características socioeducativas que o aluno se encontra em relação a sua organização para a compreensão lógica e adequação da realidade escolar onde se encontra, a maioria dos alunos apresentam comportamento de relutas nas aulas de Matemática em função do amadurecimento dos aspectos globais e princípios de abstrações em relação aos cálculos. Por isso, o professor muitas vezes é o único que pode desenvolver no aluno a essencial autoconfiança e os hábitos e métodos de estudo me relação a esta disciplina. A comunidade educativa exige do professor cada vez mais competências e empenho nessas áreas. No início do ano, o professor apresenta aos alunos atividades, pensamentos e estratégias para que estes possam ter melhor sucesso e ao longo do ano o professor vai repetindo e sugerindo novas atividades para reforçar a utilização dos métodos de estudo sugeridos. O professor é o líder da sala e para os alunos é a imagem de um ideal, seja ele positivo ou negativo. Uma de suas árduas tarefas é manter a disciplina na sala de aula. A indisciplina é um dos grandes problemas enfrentados atualmente por educadores brasileiros do ensino, muitos acabam desmotivados ou afastados de suas atividades por diagnósticos de doenças laborativas diversas. Quando se fala de indisciplina, abordam-se duas perspectivas. A primeira relaciona-se a problemas advindos da própria escola, como práticas pedagógicas e condutas do professor. A segunda vê a indisciplina como descumprimento das normas impostas, seja por razões de “revolta” ou pelo simples fato de “não conhecimento” da mesma. Nesse sentido, La Taille (2002), argumenta que: A indisciplina escolar não envolve somente características encontradas fora da escola como problemas sociais, sobrevivência precária e baixa qualidade de vida, além de conflitos nas relações familiares, mas aspectos envolvidos e desenvolvidos na escola como a relação professor- aluno; a possibilidade de o cotidiano escolar ser permeado por um currículo oculto; entre outros. Portanto, a indisciplina escolar pode ser atribuída a fatores externos e/ou fatores que envolvem a conduta do professor, sua prática pedagógica e até mesmo, práticas da própria escola que podem ser excludentes. (p. 09) 22 Os motivos da indisciplina podem ser extrínsecos à aula, tais como problemas do cotidiano familiar, inserção social ou escolar. Proteção excessiva dos pais e nesses casos o professor pouco pode fazer. Mas se demonstrar autoridade de professor, tanto no que se refere ao conhecimento, quanto à postura em sala de aula, sendo mais realista, dando confiança aos alunos, envolvendo-os nas atividades propostas, sem perder a situação e sem se mostrar inutilmente permissivo, é possível que consiga evitar alguns conflitos. Quanto mais eficaz e bem organizada for uma aula, melhor será o comportamento dos alunos. O professor precisa mostrar-se sério nas primeiras aulas, limitar as saídas durante a aula, não permitir que se levantem do lugar ou troquem materiais sem que peçam autorização, dispor os alunos em lugares fixos de modo a favorecer a cooperação e a concentração, impor a lei de que quando um fala os outros escutem. A motivação dos alunos para a aprendizagem através de conteúdos significativos e compreensíveis para eles é fator preponderante na concentração e atenção dos mesmos, pois se estes estiverem envolvidos nas tarefas, diminuirão as oportunidades de distração e de indisciplina. Exemplo desta situação foi possível constatar nos estágio I e II ,quando realizamos observações nos 6°ano do Ensino Fundamental, onde alguns professores iniciavam suas aulas diretamente com atividades de fixação “mecânica” sem uma breve retomada dos conceitos relativo ao conteúdo abordado, o que para muitos alunos que não entenderam o processo a aula se tornou desinteressante, abrindo deixas para que os mesmos conversassem paralelamente e até trocassem insultos durante as aulas. 23 5 MÉTODO 5.1 COLETA DOS DADOS Com o objetivo de investigar, conhecer e analisar as dificuldades existentes na transição do 5º para o 6º ano na disciplina de Matemática, utilizamos de uma pesquisa de ordem quali- quantitativa, sendo esta realizada em dois municípios distintos, Lidianopolis- no Colégio Estadual D. Pedro I e em Cruzmaltina no Colégio Estadual Padre Gualter Farias Negrão, com dois professores e duas pedagogas. Entregamos a eles um questionário possuindo nove perguntas para o pedagogo e dez questões para os professores, tentando perceber como se desenvolve as orientações do Pedagogo em relação aos trabalhos dos professores em sala de aula em função dos fatores de ensino e aprendizagem dos alunos ingressantes no 6º ano do Ensino Fundamental. 5.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS AOS PROFESSORES Para conhecer um pouco os professores, a forma com que recebem os alunos vindos do 5º ano e a metodologia utilizada nas aulas de matemática usamos de um questionário estruturado com as seguintes perguntas: Primeira questão: Quantas horas você trabalha como professor (a) e quantas turmas de 6º ano você tem com quantos alunos em cada uma? Nesta questão queríamos saber a quantidade de alunos, pois, quanto maior for o número, maiores as dificuldades para trabalhar o conteúdo e, quanto a carga horária que exerce, se a mesma possibilita algum tempo para que possa planejar melhor suas aulas e aprimorar seus conhecimentos. O professor x nos respondeu que trabalha 42 horas semanais, dentre estas com duas turmas de 6º ano, sendo uma com 18 alunos e outra com 20 alunos. A professora y trabalha 40 horas, com uma turma de 6º ano com 12 alunos. Questionamos a seguir: Você faz algum trabalho diferenciado para receber os alunos que saem do 5º e se inserem no 6º ano? Nesta questão tínhamos o objetivo se conhecer como é feita a acolhida desses alunos e como o professor faz para que esse momento seja natural, bem como a adaptação dos mesmos ao novo ambiente de ensino. 24 O professor x não nos deu uma resposta clara, dizendo que usa de materiais concretos. Já a professora y nos relatou que costuma receber seus alunos com algum tipo de jogo ou dinâmica com premiação na busca de conquistá-lo e tirar o receio que possuem quanto às aulas de matemática. Dessa forma, vemos a importância do professor ser criativo, dinâmico e não ficar apenas se utilizando de quadro e giz. Perguntamos então: Quais as dificuldades que você percebe nos alunos seja quanto a aprendizagem, seja quanto à adaptação? O professor x nos relatou que para seus alunos é dificultoso, pois vêm a matemática como uma repetição, ficam quietos e não perguntam nada. Para a professora y as maiores dificuldades é a própria adaptação, visto que no ano anterior seus alunos eram acostumados com apenas um professor e agora precisam se adaptar com hora / aula e ver cinco professores e disciplinas diferentes ao dia. Em seguida, cabe ressaltar que a forma com que o professor trabalha em sala é um fator muito importante para analisar o rendimento e o interesse dos alunos nas aulas de matemática. Então fizemos o seguinte questionamento: Qual a metodologia que você utiliza para aplicar suas aulas? O professor x afirmou que costuma trabalhar em grupos e fazer explicações voltadas para realidade deles e a professora y relatou que se utiliza de uma metodologia expositiva e relacionada com o concreto, que segundo ela é melhor forma com que seus alunos assimilam o conteúdo. Quando questionados quanto aos recursos didáticos por eles utilizados, o professor x disse utilizar jogos e cartazes e a professora y nos relatou que para cada conteúdo utiliza de um material diferente: ensina operações com material dourado, tangram para as formas geométricas, além de ensiná-los a manusear esquadros, com passo e transferidor, mas também usa livro didático, dominó, quebra-cabeça, bingos, etc. Nos relatou ainda que sua aula é muito expositiva e que seus alunos se mostram atraídos. Na sétima questão perguntamos: Você faz algum atendimento individualizado para os alunos com dificuldades nos conteúdos de matemática? O professor x nos relatou que sim, sendo realizado através das salas de apoio, onde é trabalhado os conteúdos que está em defasagem, assim a professora dessa sala junto com ele definem estratégias para ajudar o aluno. Mas a pergunta não foi esta queríamos saber como ele faz esse atendimento em sala. 25 Já professora y nos respondeu que quando percebe um atraso quanto a aprendizagem de seu aluno, procura selecionar atividades que o levem a sanar as dúvidas. Quando perguntamos: E a escola oferece algum tipo de apoio pedagógico para esses alunos com dificuldade? Como é feito este trabalho? O professor x não mostrou clareza em sua resposta, respondeu que sim, porém, não relatou qual. A professora Y afirmou que não. Segundo ela, o ano passado havia a sala de apoio, porém este ano foi extinta da escola e agora ela busca recuperar seus alunos por sua conta e preocupação que tem com os alunos, mas não tem apoio nenhum para realizar este trabalho. Na última questão, perguntamos: Os alunos questionam sobre os conteúdos ministrados? Como você faz para esclarecer essas dúvidas? O professor x nos relatou que sim, mas demorou muito para eles terem essa atitude de questionar, tinha vergonha, porém ele não nos respondeu como faz os esclarecimentos. A professora y relatou que seus alunos a questionam bastante e na busca de respondê-los apresenta novos exemplos e sempre os relaciona com a realidade. Diante dessa análise, é relevante destacar que a matemática é um saber fazer, onde a forma de trabalhar predomina em relação ao conteúdo. Se o professor quiser priorizar a construção do conhecimento e obtiver uma aprendizagem significativa de seus alunos precisa ser dinâmico, criativo e inovador, ensinando seus alunos a superar desafios e ultrapassar os limites necessários para seu conhecimento. Toda ação dentro da sala de aula influenciara no desenvolvimento de seus alunos. Segundo Zabala: É preciso insistir que tudo quanto fazemos em aula, por menor que seja, incide em maior ou menor grau na formação de nossos alunos. A maneira de organizar a aula, o tipo de incentivos, as expectativas que depositamos, os materiais que utilizamos, cada uma destas decisões veicula determinadas experiências educativas, e é possível que nem sempre estejam em consonância com o pensamento que temos a respeito do sentido e do papel que hoje em dia tem a educação (ZABALA, 1998, p. 29) De acordo com as respostas que obtivemos de nossos entrevistados, concluímos que o professor X, aquele do método tradicional que usa apenas quadro e giz, mostrando que suas aulas são monótonas e repetitivas, em muitas perguntas 26 não vimos clareza em suas respostas. Quanto ao professor Y, percebemos o amor com que ensina, busca inovar, trabalha com o concreto o que faz despertar maior interesse de seus alunos. 5.3 O ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO É importante percebermos que o resultado positivo ou negativo do trabalho escolar, da qualidade de ensino e do rendimento do aluno não está ligado somente aos conhecimentos dentro da sala de aula. A escola possui um grupo de profissionais que trabalham para o bom funcionamento de todo estabelecimento educacional. Dentre estes profissionais, queremos ressaltar o trabalho do pedagogo que é responsável pela articulação e promoção do processo pedagógico no ambiente escolar, articulado com a gestão administrativa, financeira, cultural dos alunos e que trabalha de forma coletiva com os professores, dando-os assistência em todo processo de ensino e aprendizagem; que tem uma função sócio- política, evidenciada em afirmações segundo Rangel: Confirmam- se, então, a ideia e o principio de que o supervisor não e um ‘’técnico’’ encarregado da eficiência do trabalho e muito menos, um ‘’controlador’’ de ‘’produção’’, sua função e seu papel assumem uma posição social e politicamente maior, de líder, de coordenador, que estimula o grupo a compreensão- contextualizada e critica- de suas ações e, também, de seus direitos. (RANGEL, 1997, p.151) Para conhecermos como ocorre o acompanhamento da Equipe Pedagógica em relação aos alunos que passam pela transição do 5º para o 6º ano nos utilizamos de um questionário e entrevistamos duas pedagogas de escolas diferentes. Iniciamos perguntando a elas: Em quantos períodos trabalha na escola? E quantas turmas de 6º ano a escola atende? Queríamos perceber por quanto tempo permanecia na escola e se conhecia as turmas por elas atendidas. A Pedagoga A relatou trabalhar 40 horas semanais e atender dois 6º anos e a outra trabalha 20 horas e uma turma de 6º ano. Quando o aluno de 5º ano chega no 6º, ele passa por uma série de adaptações, quanto à quantidade de aulas, professores, um conteúdo mais amplo, 27 etc. Então fizemos a seguinte pergunta: Quando os alunos do 5º ano inserem no 6º ano, como estes são acolhidos pela escola? A pedagoga A respondeu recebê-los com naturalidade, respeitando seu período de adaptação. A pedagoga B relatou que a escola os vê como alunos de idade inferior às demais turmas, dando uma atenção especial e segurança para que o aprendizado possa acontecer da melhor maneira possível. Na terceira questão perguntamos: Você vê receio por parte dos alunos quando se deparam com as mudanças que encontram nesta transição de 5º para o 6º ano? A pedagoga A nos respondeu que sentem sim receio, mas passa com o tempo. Da pedagoga B obtivemos uma resposta muito satisfatória, ela nos respondeu que depende da forma com que foi trabalhado com eles do 1º até o 5º anos e a forma que são acolhidos no 6º, além disso, ela disse que trabalhar com esse receio por parte dos alunos cabe também a família. A família precisa ser participativa nesse processo, saber como seu filho foi acolhido na outra escola e como está se adaptando faz com que o aluno se sinta mais seguro. Quando questionadas a respeito do relacionamento professor - aluno, ambas relataram que tem sido bom, e que é estabelecido um bom vínculo entre eles o que vem ajudando tanto no ensino quanto na aprendizagem dos alunos. O pedagogo também faz orientações pedagógicas, ajudando o professor no seu trabalho. Quando questionadas sobre isso, a pedagoga A relatou que só faz reuniões previstas em calendário escolar se há defasagem na aprendizagem, analisa-se o que é preciso aperfeiçoar na prática docente. Já a pedagoga B relatou que sempre que necessário faz reuniões sim e faz um acompanhamento contínuo por meio de fichas, visando diagnosticar como vai cada aluno. Concordamos com essa pedagoga, pois se há algum problema com os alunos, já vai sendo encaminhado para uma solução, quanto mais esperar, mais se complicará a situação do aluno. Perguntamos se há orientações específicas para os professores da disciplina de matemática. Ambas relataram que as orientações são gerais para todas 28 as disciplinas e se houver problemas específicos os alunos são encaminhados para a sala de apoio. Uma delas relatou que a professora de sua escola é ótima e vem conduzindo muito bem a turma e esta não está apresentando dificuldade na disciplina. Para finalizar a entrevista perguntamos: Como faz para auxiliar o trabalho do professor de matemática da sua escola? A pedagoga A relatou que procura conversar com os professores, que a colocam a par do desenvolvimento de cada aluno. Acompanha as notas e tem o hábito de escrever algo para os alunos dizendo se precisa melhorar ou parabenizando-o pelo seu desenvolvimento, estas ações estão gerando bons resultados. A pedagoga B afirmou que até o presente momento não precisou intervir em nada, devido ao bom trabalho realizado pela professora. Foi possível constatar que ambas as pedagogas se preocupam com os alunos. Nesse processo de transição sabem acolher os alunos, trabalham na adaptação dos mesmos. Quanto ao rendimento dos alunos, vimos uma preocupação maior por parte da pedagoga B, que procura conhecer cada aluno e tem uma ficha individual de cada um e intervém quando necessário, ao contrário da pedagoga A que só resolve os problemas de defasagem em reuniões que estão marcadas no calendário escolar. Ao se tratar do auxilio dado ao professor, ambas nos convenceram dar o suporte necessário ao docente. Essa passagem de 5º para o 6º ano é um desafio para alunos, então é preciso que se faça um trabalho coletivo com toda a comunidade escolar, visando encontrar meios para solucionar os problemas que viram a surgir. 29 6 CONCLUSÃO Ao finalizar esta pesquisa foi possível compreender que a disciplina de Matemática assume fator determinante no papel que se atribui ao seu ensino e ao sentido que se confere a essa disciplina no ato de ensiná-la. Neste trabalho queríamos pesquisar como se dá o processo de ensino (por parte dos professores) e aprendizagem (por parte do aluno) na transição do 5º para o 6º ano em relação à disciplina de Matemática, visto que esta disciplina envolve o raciocínio lógico, portanto, faz- se necessário conhecer como esta o cognitivo do aluno nesta fase de seus estudos, seu comportamento, conflitos vivenciados. Além disso, tínhamos o desejo de saber como a equipe pedagógica trabalha junto ao professor para conduzir este momento. Nas observações realizadas nos Estágios I e II percebemos que os alunos advindos do 5º ano necessitam de um atendimento especializado, pois para eles esse processo é algo novo, visto que para os mesmos a matemática é algo assustador, talvez por não gostarem da disciplina ou por a mesma não ter sido bem trabalhada nas séries iniciais ou por não terem tido um professor muito dedicado. Neste processo de transição, cabe ao professor ser criativo e dinâmico, fazer com que seu aluno sinta- se a vontade nesta nova fase de sua caminhada estudantil. Além disso, precisa ter amor naquilo que faz, se doar, pois ele é o mediador do conhecimento e o aluno , o protagonista principal de seu trabalho. Também verificamos através de nossas pesquisas que existe sim o professor que ainda trabalha de forma tradicional, mas que também há aquele que se preocupa com o desenvolvimento do aluno e busca desenvolver estratégias para facilitar o ensino e aprendizagem dos mesmos. A equipe pedagógica também é de suma importância neste processo, concluímos que esta é o elo entre professor e aluno, sendo também mediadora e intervensora de todas as interações ocorridas na escola, visando alcançar o desenvolvimento do aluno neste processo de ensino e aprendizagem. Para que essa transição ocorra de forma natural e que se obtenha grandes resultados, é muito importante que toda a comunidade escolar, saiba acolher os alunos advindos do 5º ano, elevar a auto estima dos mesmos. Encerramos nosso trabalho por aqui, mas entendemos que há meios possíveis para que este processo seja feito de forma natural tanto para os alunos quanto para toda 30 a comunidade escolar. 31 7 REFERÊNCIAS CAMPOS, Dinah Martins de Souza. Psicologia e desenvolvimento humano. Petrópolis: Vozes, 1997. Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico- Vários autores GIACAGLIA, L.R.A.; PENTEADO, W.M.A. Orientação educacional na prática: princípios, histórico, legislação, técnicas, instrumentos. 6 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010. IESDE BRASIL S.A. Psicologia e desenvolvimento. p 200 – Curitiba: IESDE, 2003. IESDE BRASIL S.A. Teorias da Aprendizagem. p 14 – Curitiba: IESDE, 2003. LIBÂNEO, José Carlos. Ensino de 2º grau, Pedagogia e práticas de ensino. São Paulo: Cortez, 1994. RANGEL, Mary. Supervisão Pedagógica/princípios e práticas. Campinas, SP: Papirus, 2001. SOUZA, Fátima R. Lições da Escola Primária. In: SAVIANI, Demerval. O legado educacional do século XX no Brasil. 2ª edição. Campinas SP: Autores associados Ltda, 2006. p. 109-161. ZABALA, A. A prática educativa como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998. Artigocientífico. uol.com. br/ Acesso em: 26/08/2013 Educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/fundamental Acesso em: 29/08/2013 FALCÃO FILHO, José Leão M. Supervisão: uma análise crítica das críticas. Coletânea vida na escola: o caminho e o saber coletivo. Belo Horizonte, p 42-49, ma/94. Disponível em: <http://www.ichsufop.br/cofonifes/anais/EDU/edu1601.html.> 32 Acesso em: 30/10/2013. LA TAILLE, Yves. A indisciplina e o sentimento de vergonha. In: Aquino. Julio Groppa (org.) Indisciplina na escola: Alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus,1996. Disponível em <http://www.pucpr.br/eventos/educere /educere2008 /anais/pdf/909555. pdf>. Acesso em 20/09/2013. LUNA (1991, p.69). Disponível em: <http://citacoesacademicas. blogspot.com. br/2011/07/indisciplina-na-escola-autoridade-do.html> Acesso em: 22/09/2013 PIAGET, J. (1972). Problemas de psicologia genética. Rio de Janeiro, Forense. Disponível em < http://www.cimm.ucr.ac.cr/ocs/index.php/ xiiiciaem/paper/ viewFile/ 2747/865> Acesso em: 25/10/2013 www.padregilberto.com.br/wserfiles/files/Informativo%25. Acesso em: 27/08/2013 33 ANEXOS Questionário 1) Quantas horas você trabalha como professor (a) e quantas turmas de 6º ano você tem com quantos alunos em cada uma? 2) Você faz algum trabalho diferenciado para receber os alunos que saem do 5º e se inserem no 6º ano? 3) Quais as dificuldades que você percebe nos alunos seja quanto a aprendizagem, seja quanto à adaptação? 4) Qual a metodologia que você utiliza para aplicar suas aulas? 5) Quais recursos você utiliza em suas aulas de Matemática? 6) Você faz algum atendimento individualizado para os alunos com dificuldades nos conteúdos de matemática? 7) E a escola oferece algum tipo de apoio pedagógico para esses alunos com dificuldade? Como é feito este trabalho? 8) Os alunos questionam sobre os conteúdos ministrados? Como você faz para esclarecer essas dúvidas?