Faculdades Integradas do Vale do Ivaí
Instituto Superior de Educação - ISE
Credenciado pela Portaria MEC nº. 533 de 22/02/05 – D.O.U. – 23/02/2005
ROSANGELA APARECIDA DA SILVA VAGULA
ZENAIDE GONÇALVES
ENSINO E APRENDIZAGEM NAS AULAS DE MATEMÁTICA NO 6º
ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
IVAIPORÃ
2013
ROSANGELA APARECIDA DA SILVA VAGULA
ZENAIDE GONÇALVES
ENSINO E APRENDIZAGEM NAS AULAS DE MATEMÁTICA NO 6º
ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Monografia
apresentada
ao
Curso de Licenciatura
em
Matemática, para obtenção total de nota e parcial à aquisição
do título de Licenciado em Matemática pelas Faculdades
Integradas do Vale do Ivaí.
Orientadora: Prof. Esp. Dircéia Portela
IVAIPORÃ
2013
ROSANGELA APARECIDA DA SILVA VAGULA
ZENAIDE GONÇALVES
ENSINO E APRENDIZAGEM NAS AULAS DE MATEMÁTICA NO 6º
ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em
Matemática, para obtenção total de nota e parcial à aquisição
do título de Licenciado em Matemática pelas Faculdades
Integradas do Vale do Ivaí.
COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________________________
Coordenadora do Curso: Profª Ms. Kátia Regina Figueiredo Lemos
Faculdades Integradas do Vale do Ivaí
___________________________________________
Orientadora de Estágio: Profª Esp. Dircéia Portela
Faculdades Integradas do Vale do Ivaí
___________________________________________
Professor (a) Convidado (a)
Faculdades Integradas do Vale do Ivaí
IVAIPORÃ
2013
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus, pela força e sabedoria concedida.
A minha família pela confiança depositada. A orientadora pela paciência
demonstrada e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a elaboração
do mesmo.
Rosangela Ap. Da Silva Vagula
Para todos que acreditam que são capazes de mudar a própria realidade
por meio dos estudos.
E aqueles que contribuíram para que este trabalho fosse desenvolvido,
professores, alunos, amigos e familiares.
Zenaide Gonçalves
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou o meu caminho durante
esta caminhada. Agradeço também a toda minha família que sempre estiveram ao
meu lado nesta caminhada.
Aos professores que me acompanharam nesta graduação, em especial a
professora Dircéia pela paciência, apoio e por toda sua participação na realização
deste trabalho.
Aos amigos, pelas palavras compartilhadas nas horas difíceis, auxílio
para superar as dificuldades.
A todos, muito obrigada.
Rosangela Ap. da Silva Vagula
A todos que direta ou indiretamente cooperaram e apoiaram o
desenvolvimento deste trabalho de conclusão de curso, os meus agradecimentos,
ao meu esposo, a minha filha e os demais familiares, também aos meus amigos e os
professores do curso de licenciatura em Matemática, em especial a minha
companheira de trabalho Rosangela, e a professora orientadora Dircéia, cuja
contribuição foi imprescindível à concretização deste trabalho e acima de tudo a
força Suprema DEUS.
Zenaide Gonçalves
VAGULA, Rosangela Ap. da Silva; GONÇALVES, Zenaide. Ensino e
aprendizagem nas aulas de matemática no 6º ano do ensino
fundamental. Faculdades Integradas do Vale do Ivaí. Monografia do
Curso de Licenciatura em Matemática. Ivaiporã, 2013.
RESUMO
O presente trabalho aborda o tema: Ensino e aprendizagem nas aulas de
matemática no 6º ano do ensino fundamental. O mesmo tem por intuito observar e
conhecer como se dá o processo de ensino e aprendizagem na transição que ocorre
do 5° para o 6° ano do Ensino Fundamental, bem como analisar como é o trabalho
dos professores e equipe pedagógica em relação a este processo de transição. De
cunho bibliográfico abordaremos aspectos relevantes sobre, como se dá a entrada
desses alunos no ensino fundamental II, analisando suas características sócio educativas ao se deparar com outro processo de ensino diferenciado dos anos
iniciais do ensino fundamental, no qual os estudos eram dirigidos, na maior parte do
tempo por um só professor, diferentemente desta nova etapa de ensino.
Destacaremos estudos relativos ao desenvolvimento cognitivo desse aluno que se
encontra a faixa etária de 11 a 12 anos, aspecto relevante para o fator do
desenvolvimento da aprendizagem. Outras questões que foram abordadas neste
trabalho é o papel do professor de matemática ao trabalhar com esta nova demanda
de 6º ano; a valorização da relação professor – aluno em função dos aspectos sócio
– emocionais desse educando ingressante e, outro fator que se destaca em nossos
estudos são as questões de como desenvolver um processo de ensino que possa
amenizar a indisciplina nessa etapa. Nossa pesquisa de campo foi quali-quantitativa,
onde distribuímos questionários com a participação de dois pedagogos e dois
professores que trabalham com turmas de 6º ano, afim de conhecer o trabalho por
eles realizado desde o momento de acolher os alunos advindos do 5º ano, a
metodologia utilizada pelos docentes e a forma de como se dá o processo de
ensino e aprendizagem. Após análise das respostas verificamos que há uma
preocupação de toda comunidade escolar em acolher esses alunos e conduzir todo
este processo para melhor adaptação dos mesmos na nova etapa de escolaridade.
Palavras – chave: Aprendizagem. Aluno. 6º ano do Ensino Fundamental
Vagula, Rev. Rosangela da Silva, Gonçalves, Zenaide. Teaching and learning in
mathematics classes in the 6th grade of elementary school. Integrated College
Valley Ivaí. Monograph Degree in Mathematics. Ivaiporã, 2013.
ABSTRACT
This paper addresses the issue: teaching and learning in mathematics classes in the
6th grade of elementary school. The same is meant to observe and know how is the
process of teaching and learning that occurs in the transition from 5th to 6th grade of
elementary school , as well as analyzing how the work of teachers and teaching staff
in relation to this process transition . Of bibliographical discuss relevant issues on,
how is the entry of these students in elementary II, analyzing their socio - educational
to come across another case of differentiated instruction in the early years of
elementary school, in which the studies were conducted, in most of the time by a
single teacher, unlike the teaching of this stage. We will highlight studies on the
cognitive development of that student who meets the age group 11-12 years relevant
aspect to factor in the development of learning. Other issues that were addressed in
this work is the role of the mathematics teacher to work with this new demand for 6th
year, the development of the teacher - student relationship as a function of the socio
- emotional that student newcomer and another factor that stands out in our studies
are questions of how to develop a teaching process that can mitigate the indiscipline
that stage. Our field research was qualitative and quantitative, which distribute
questionnaires with the participation of two teachers and two teachers working with
groups of 6th year in order to know the work they performed from time to welcome
students coming from the 5th year, methodology used by the teachers and the way
how is the process of teaching and learning. After analyzing the responses we find
that there is a concern of every school community to welcome these students and
lead this process to better adapt them to the new stage of schooling.
Key - words: Learning. Student. 6th grade of elementary school
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
2 A ENTRADA DO ALUNO NO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL ................ 11
3 COMO FUNCIONA O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DO ALUNO AO
INGRESSAR NO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL II ..................................... 14
4 A ATUAÇÃO DOCENTE NO DESENVOLVIMENTO DESSAS CRIANÇAS ......... 17
4.1 ASPECTOS DA INTERAÇÃO PROFESSOR - ALUNO ................................... 18
4.1.1 Aspectos sócios - emocionais entre professor e alunos .....................19
4.1.2 Processo de ensino x indisciplina .........................................................21
5 MÉTODO............................................................................................................... 23
5.1 COLETA DOS DADOS ....................................................................................23
5.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS AOS PROFESSORES
...............................................................................................................................23
5.3 O ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO ........................................................26
6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 29
7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 31
ANEXOS ................................................................................................................... 33
9
1 INTRODUÇÃO
O objetivo do presente trabalho será analisar e refletir sobre o processo
de transição dos alunos do 5º ano do Ensino Fundamental I para o 6º ano do Ensino
Fundamental II, momento em que se percebe uma descontinuidade no processo de
ensino – aprendizagem resultando em fatores que podem interferir na adaptação
dos estudantes na nova fase de escolarização, mudanças que caracterizam um
rompimento nos objetivos, procedimentos, organização didática, interação professor
– aluno e até mesmo alterações físicas e emocionais; a maior dificuldade para os
educandos nessa etapa é a organização, o aumento no número de professores, os
conteúdos curriculares, metodologias diferenciadas e o relacionamento professor –
aluno.
A transição para o 6° ano provoca nos alunos medo, angústias e
inseguranças levando-os ao fracasso escolar, aumentando os índices de reprovação
e evasão. Estudos de autores como Demerval Saviani e Rosa Fátima Souza
apontam uma crise na série em questão demonstrando urgência de reorganização
na prática pedagógica, melhoria na relação entre alunos e profissionais da educação
para que todos possam se envolver e desenvolver numa relação de confiança,
colaboração e apoio em comum. Ao chegar ao 6º ano além de se depararem com
vários professores, os alunos precisam se acostumar rapidamente com a forma
como os professores ensinam mais focados nos conteúdos do que nas
necessidades dos alunos, as consequências dessa transição são maiores na
Matemática.
Cabe ao professor valorizar a Matemática, tornando-a uma disciplina
prazerosa, criativa e útil, garantindo assim, a participação e o interesse dos
educandos, a fim de proporcionar um aprendizado eficiente e de qualidade. Segundo
Freire (1997), o professor precisa ser mediador do conhecimento, sensível e crítico,
aprendiz permanente e organizador do trabalho na escola, um orientador, um
cooperador de sentido. No ensino da Matemática se faz necessário que os
educadores se envolvam com o firme compromisso de auxiliar na formação dos
educandos, no sentido de solucionar as dificuldades do cotidiano escolar. Para isso
é importante que o professor como mediador do ensino e aprendizagem provoque
em seus alunos o interesse em conhecer e aprender Matemática mostrando que
10
todos são capazes de aprender, mas cada um tem tempo e momentos diferentes. O
professor precisa estar junto com seus alunos procurando meios e formas para a
construção e produção dos conhecimentos.
Na transição do 5º ano do Ensino Fundamental I, para o 6 º no do Ensino
Fundamental II, é visível a descontinuidade no processo de ensino aprendizagem,
para compreendermos o que realmente acontece nessa passagem realizaremos
uma pesquisa com professores e pedagogos que trabalham com turmas do 6º ano
em duas escolas, tendo como objetivo verificar a organização da escola para
receber os alunos do 6º ano, o convívio, a interação, a relação-professor aluno, as
conquistas e dificuldades encontradas pelos alunos e professores das turmas de 6º
ano do Ensino fundamental II.
Sabendo que esta pesquisa será de ordem quali- quantitativa, por isso,
para a coleta e análise dos dados usaremos como instrumentos questionários
dirigidos a dois pedagogos e dois professores de duas Instituições de Ensino
públicas distintas das cidades de Lidianópolis e Cruzmaltina, Estado – Pr, a fim de
adquirirmos informações a respeito de como é feito a acolhida dos alunos advindos
dos 5º anos para o 6º anos do Ensino Fundamental, bem como verificar como é
planejado o processo de ensino nas aulas de Matemática quanto a demanda destes
educandos, tanto nas orientações dos pedagogos quanto as ações pedagógicas
dos professores durante o ano letivo em relação ao processo de ensino e
aprendizagem desses alunos.
11
2 A ENTRADA DO ALUNO NO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
É necessário que tomemos como um dos focos deste trabalho de
pesquisa o ingresso do aluno advindo do 5º ano dos anos iniciais do Ensino
Fundamental para o 6º ano, sabendo que é em torno dos 11 anos de idade que
acontece esse processo, idade que coincide com a fase da puberdade, onde ocorre
o início da adolescência, que é caracterizada por intensas alterações físicas e
emocionais e inaugura um grande drama: a ruptura com o universo infantil e o
surgimento de um indivíduo de quem se requer uma série de novas adaptações e
que ainda não sabem bem como reagir e se posicionar diante de tantas
transformações. Nessa fase a escola deixa de ser o único centro de referência da
sua vida, surgem novos interesses, o que leva ao desinteresse e atitudes que
refletem no desempenho escolar do aluno. Ocorrem as mudanças no humor,
comportamento, estilo de agir e até mesmo de se vestir, muitos se acham o centro
de todas as atenções.
Já vida social, este aluno passará por transformações na sua linguagem
em relação ao meio em que está inserido onde o mesmo demonstra interesse pelo
mundo adulto e, na vida escolar, na transição que vivencia do 5º para o 6º ano há
uma ruptura com uma estrutura em que o mesmo não estava habituado: não ter
mais a professora única, serão vários professores; nova rotina; dinâmica diferente
para administrar as tarefas, bem como o tempo; várias matérias e horários
estabelecidos para cada uma, com conteúdos mais aprofundados com assuntos que
ainda não foram vivenciados, muitos componentes curriculares, o que pode gerar
ansiedade, medo e angustia, toda essa transformação requer uma série de
adaptações e auxílio. Por conta disso, Silva (1997) destaca:
Que é inegável que a organização didática estabelecida pelo sistema
escolar para essas séries está diretamente ligada a maioria das diferenças
e das dificuldades enfrentadas. O aluno tem que adaptar-se rápido as
mudanças da unidocência para pluridocência, e ainda perceber que cada
professor tem uma personalidade diferente. (p.111).
E conforme ressalta este autor sobre a adaptação deste aluno na nova
série o mesmo enfatiza que:
Parece evidente que o que está em jogo na passagem das 4ª séries (5°
12
ano) para 5ª série (6° ano) é muito mais do que o número de professores ou
disciplinas. Está em jogo fazeres diferentes, está implicando saberes
diversos, objetivos distintos, intenções e crenças. (SILVA, 1977.p.112).
Por isso, fica evidente a ruptura do processo de ensino em relação à
passagem do aluno de uma série para a outra em que um dos fatores é essa
mudança da unidocência para pluridocência, ou seja, é de que não terá somente um
professor para lhe auxiliar, e sim vários professores que contribuirão de maneira
distinta em sua aprendizagem. Tal problema abrange não só a relação professor –
aluno, mas também a estrutura escolar, metodologias de ensino e a relação escola e
família.
Assim, outro aspecto importante na sua vida social/escolar é a presença e
apoio da família. A família precisa assumir papel de coadjuvantes importantes, que
sugerem, dão exemplos e apoiam em um caminho de conquista de autonomia.
Devem participar de reuniões, conhecer os professores e perguntar para a criança,
com real interesse e disposição para ouvir, como foi à aula, o que foi ensinado e o
que ela achou de mais interessante em seu dia. Buscar a interação com a escola,
professores, coordenação pedagógica, para juntos encontrararem meios de
solucionar
probemas
relacionados
à
adaptação,
organização
pedagógica,
dificuldades de aprendizegens, indisciplina e outros conflitos que interferem no
processo de ensino aprendizagem. Levando em consideração que família e escola
buscam atingir os mesmos objetivos, preparar a criança para o mundo, deve estes
comungar os mesmos ideais para que possam vir a superar dificuldades e conflitos
que diariamente angustiam os profissionais da escola e também os próprios alunos
e seus pais.
“A escola nunca educará sozinha, de modo que a responsabilidade
educacional da família jamais cessará. Uma vez escolhida à escola,
a relação com ela apenas começa. É preciso o diálogo entre escola,
pais e filhos”. (Reis, 2007, p.6).
Tendo em vista formação do aluno requer um conjunto de ações que
envolvem seus responsáveis e todos os profissionais da educação, podemos
destacar que o papel da coordenação da escola também é de suma importância,
oferecendo o aluno apoio e incentivo, atuando como mediador e facilitador em todas
as interações ocorridas na escola, visando alcançar os objetivos almejados, que é o
pleno desenvolvimento do educando, o mesmo deve intermediar os conflitos
13
escolares; orientar os pais nas atitudes a serem tomadas em relação ao estudo de
seus filhos; apoiar e atender as famílias. Portanto, como afirma Giacaglia; Penteado
(2010) estes profissionais que contribuem no processo de interação entre
professores, alunos e pais, atuam:
Como elemento de ligação entre escola e a família, esses profissionais
devem manter a comunicação constante com ela, respeitando os seus
valores e procurando obter sua colaboração, já que ambos têm por objetivo
o bem estar o desenvolvimento e a formação do educando”. ( p. 150).
No ambiente escolar o coordenador pedagógico desenvolve ações
voltadas para questões como valores, atitudes, emoções e sentimentos, trabalhando
com assuntos que dizem respeito ás escolhas e relacionamentos. Precisam ter
atitudes importantes, tais como: atender bem os pais dos alunos que venham a fazer
visitas na escola; recepcionar os alunos; realização de dinâmicas; proporcionar
esclarecimentos aos envolvidos no processo educativo das singularidades de cada
uma das fases pelos quais passa os educandos e as possíveis implicações nas
questões pedagógicas e juntamente com os professores atua em parceria ouvindo,
dialogando e orientado os pais e responsáveis, tudo isso para ensinar os alunos a
enfrentar desafios dessa nova etapa da vida escolar com autonomia e segurança.
A seguir, ressaltaremos outro ponto importante deste trabalho afim de que
possamos entender como funciona o raciocínio deste aluno nas aulas de
matemática ao ingressar no 6º ano. Tomaremos como base e como fator de
entendimento o desenvolvimento cognitivo nesta faixa etária conforme as
contribuições de Piaget.
14
3 COMO FUNCIONA O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DO ALUNO AO
INGRESSAR NO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL II
Para entendermos como o aluno do 6º ano desenvolve seu raciocínio nas
aulas de matemática é válido destacar a princípio, a necessidade de compreender
como funciona o processo mental do aluno ao passar do 5º ano para o 6ºano do
Ensino Fundamental, sendo assim é de extrema importância conhecer em que etapa
do desenvolvimento cognitivo a criança se encontra ao ingressar no 6ºano,
principalmente, nas aulas de matemática. O cognitivo pertence ou está relacionado
ao conhecimento, o qual por sua vez é o conjunto de informações armazenadas por
intermédio da experiência ou da aprendizagem. O desenvolvimento cognitivo ou
cognoscitivo enfoca-se nos processos do pensamento e no comportamento que
reflete esses processos. Este desenvolvimento resulta dos esforços que a criança
faz para compreender e agir no mundo. A cognição envolve fatores diversos como o
pensamento, a linguagem, a percepção, a memória e o raciocínio, que fazem parte
do desenvolvimento intelectual. Raciocínio este indispensável na disciplina de
matemática.
Piaget define o desenvolvimento cognitivo como sendo um processo de
equilibrações
sucessivas.
Entretanto,
esse
processo
embora
contínuo,
é
caracterizado por diversas fases, etapas ou períodos. Cada etapa define o momento
de desenvolvimento ao longo do qual a criança constrói certas estruturas cognitivas.
Segundo Piaget, o desenvolvimento passa por quatro etapas distintas: a sensória –
motora (0-24 meses), pré – operatória (2- 7 anos), a operatória – concreta (7- 11/12
anos) e a operatório – formal (12 anos em diante).
Por isso, podemos compreender que a nossa criança do 5º ano ao
ingressar no 6º ano de Ensino Fundamental II, se encontra na etapa operatório –
concreta que ocorre por volta dos (7 – 11/12 anos), período este, conforme cita
Piaget (1973):
É marcado por grandes aquisições intelectuais, observa-se um marcante
declínio do egocentrismo e um crescente incremento do pensamento lógico.
Isto é, em função da capacidade adquirida de formação de esquemas
conceituais e mentais verdadeiros, a realidade passará a ser estruturada
pela razão e não mais pela assimilação egocêntrica como ocorria na fase
anterior. (p. 37)
15
Neste período criança será capaz de lidar com as questões de raciocínio
lógico matemático construindo conceitos por atingir a aquisição da capacidade de
conservação de quantidades. Terá como base o conhecimento real, correto e
adequado de objetos e situações da realidade externa (esquemas conceituais) e
poderá trabalhar com eles de modo lógico, ou seja, já conseguem relacionar os
conteúdos escolares com a matemática vivenciada fora do contexto escolar por meio
de jogos ou situações reais.
Assim, a tendência lúdica do pensamento típico da
idade anterior quando o real e o fantástico se misturavam nas explicações
fornecidas pela criança será substituída por uma atitude crítica. A criança não irá
tolerar contradições em seu pensamento e ação como antes, mas irá sentir
necessidade de explicar logicamente suas ideias e ações.
Outra questão importante são as ações que devemos observar nestes
alunos, pois as ações físicas, típicas da inteligência sensório – motora ainda
necessária na fase pré – operacional, passam a ser internalizadas, passam a ocorrer
mentalmente. Daí o nome dado à fase: operações concretas, a criança irá solucionar
problemas mentalmente. No estágio operatório concreto a criança começa a
construir conceitos, através de estrutura lógica, consolida a conservação de
quantidade e constrói o conceito de número. Seu pensamento apesar de lógico,
ainda está centrado nos conceitos do mundo físico, os conhecimento matemáticos
são resultantes das relações com o mundo, segundo Piaget (1972):
É uma construção, resultado de uma ação mental da criança sobre o
mundo, o mesmo não é inerente ao objeto, ele é construído a partir das
relações que a criança elabora na sua atividade de pensar o mundo.
Portanto, ele não pode ser ensinado por repetição ou verbalização.
Contudo, da mesma forma que o conhecimento físico, ele também é
construído a partir das ações sobre os objetos.(p. 48)
Em se tratando do raciocínio lógico na matemática temos que após o
aluno alcançar o período das operações mentais por volta dos 11 anos de idade, os
mesmos são capazes de abstrair e interpretar informações, o próximo passo é
buscar as relações existentes entre os conteúdos apresentados e os conhecimentos
já adquiridos, para isso é necessário uma boa base teórica de matemática firmada
na interação do aluno com aprendizagem, isto é, a matemática trabalhada na escola
relacionada com a realidade dos indivíduos. Piaget afirma em sua teoria que:
16
O conhecimento lógico matemático, incluindo o número e a aritmética, é
construído ou “criado” por cada criança de dentro para fora, na interação
com o ambiente, ou seja, o conhecimento lógico matemático não é
adquirido diretamente do ambiente por internalização, é necessária a
interação para que a criança construa internamente este conceito.
(KUNAST ET. AL. 2006, APUD PIAGET, 1970).
Nesse período as operações mentais consistem em transformações
reversíveis (toda operação pode ser invertida) que implicam da aquisição da noção
de conservação ou invariância, o julgamento deixa de ser dependente da percepção
e torna-se conceitual. A criança entende, portanto, tanto a operação direta como a
inversa como fazendo parte de um mesmo sistema, e isto consolida o pensamento
da criança numa estrutura lógico matemática e não psicológica.
Quanto
ao
desenvolvimento
social,
que
não
somente
ocorre
paralelamente ao intelectual, mas que se constitui em um dos seus fatores
motivadores apresenta um progresso significativo, ocorrerá à diminuição do
egocentrismo social e o aumento da flexibilidade mental, a linguagem será
totalmente socializada. Assim, vemos uma criança que caminha lenta, mas
decisivamente, de um estado de indiferença, de desorganização, para a
compreensão lógica e adequação da realidade que lhe permite perceber-se como
indivíduo entre outros, como um elemento de um universo que pouco a pouco passa
a estruturar-se pela razão. O pensamento é sem dúvida, para Piaget, um dos
aspectos centrais na adaptabilidade do homem ao seu meio circundante.
De posse desses conhecimentos, destacamos a seguir, a ação docente
no desenvolvimento dessas crianças durante as aulas de matemática.
17
4 A ATUAÇÃO DOCENTE NO DESENVOLVIMENTO DESSAS CRIANÇAS
Tomando como foco a aprendizagem dos alunos do 6º ano em relação
aos conteúdos de Matemática, é válido ressaltar a importância do papel do professor
em função do desenvolvimento das aprendizagens dos alunos, enfatizando que as
relações entre professores e alunos, as formas de comunicação, os aspectos
afetivos e emocionais, a dinâmica das manifestações na sala de aula fazem parte
das condições organizativas do trabalho docente. A interação professor– aluno é um
aspecto fundamental da organização da situação didática, tendo em vista alcançar
os objetivos do processo de ensino: a transmissão e a assimilação dos
conhecimentos, hábitos e habilidades. Entretanto, esse não é o único fator
determinante da organização do ensino, razão pela qual ele precisa ser estudado
em conjunto com outros fatores, principalmente a forma da aula (atividade individual,
coletiva, em pequenos grupos e fora da classe).
Conforme Piaget, o educador não é o detentor do saber, mas, o facilitador
do processo ensino aprendizagem. O aluno não é um mero receptor de
conhecimento, mas, o agente ativo que constrói o conhecimento. A relação
professor-aluno deve ser de respeito mutuo e cooperação. Segundo Piaget, o
trabalho coletivo socializa, estabelece laço de afetividade e permite a criança
perceber-se como parte de uma coletividade, superando seu egocentrismo.
O que se evidencia para o aluno do 6° ano é que os laços afetivos ficaram
em segundo plano, e o que importa agora é somente o seu intelectual. Conforme
cita Wadsworth (1997) quanto ao desenvolvimento mental dessa criança e a
afetividade:
“Ao analisar os processos de desenvolvimento mental da criança, Piaget
afirma que a inteligência e a afetividade são indissociáveis. Caminhando em
direção as estruturas de funcionamento integrando a criança reinventa o
mundo e desenvolve a inteligência e a afetividade por meio da construção
do próprio conhecimento”. (p. 165).
Por isso, o autor ressalta que a afetividade ajuda na construção do
próprio conhecimento desta criança que frequenta o 6º ano.
Podemos ressaltar dois aspectos fundamentais na interação professor alunos: o aspecto cognoscitivo e o aspecto sócio – emocional, que devem ser
valorizado na relação que ocorre no ato do processo de transmissão de
conhecimentos explicitados a seguir.
18
4.1 ASPECTOS DA INTERAÇÃO PROFESSOR - ALUNO
Na interação professor – aluno supõe-se que o primeiro ajuda inicialmente
o segundo na tarefa de aprender, porque essa ajuda logo lhes possibilitará pensar
com autonomia. Para aprender o aluno precisa ter ao seu lado alguém que o auxilie
a nos diferentes momentos da situação de aprendizagem e que lhe responda de
forma a ajudá-lo a evoluir no processo, alcançando um nível mais elevado de
conhecimento, por meio da interação o aluno vai construindo novos conhecimentos,
habilidades e significações.
Os comportamentos do professor e dos alunos estão, portanto, dispostos
em uma rede de interações envolvendo comunicação e complementação de papeis,
onde expectativas recíprocas são colocadas. Nessas interações é importante que o
professor procure colocar – se no lugar dos alunos para compreendê-los, ao mesmo
tempo em que os alunos podem, com ajuda do professor, conhecer as opiniões, os
propósitos e as regras que este busca estabelecer para o grupo – classe.
Na troca de experiências o professor procura entender, os motivos e
dificuldades dos aprendizes, suas maneiras de sentir e reagir diante de certas
situações, fazendo com que suas interações em sala de aula prossigam de modo
produtivo, superando obstáculos que surgem no processo de construção partilhada
de conhecimentos. Nesse processo, professor e aprendizes se respeitam como
pessoa, como sujeitos únicos que possuem experiências diversas dentro de uma
mesma cultura. Conforme corrobora Freire (2000):
Devemos pensar num novo professor, mediador do conhecimento, sensível
e crítico, aprendiz permanente e organizador do trabalho na escola, um
orientador, um cooperador, curioso e, sobretudo, um construtor de sentido.
Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades desde o
começo do processo ou a sua construção {...} É preciso que, pelo contrário,
desde o começo do processo, vá ficando cada vez mais claro que, embora
diferentes entre si, quem forma se forma e reforma ao formar e quem é
formado forma-se e forma ao ser formado {...} Não há docência sem
discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que
os conotam, não se reduzem à condição de objeto um do outro. Quem
ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprende. (FREIRE,
1997, apud GADOTTI, 2000).
Por isso, de acordo com o autor, outro fator relevante desta interação é o
processo cognoscitivo onde transcorre no ato de ensinar e no de aprender, tendo em
19
vista a transmissão e assimilação de conhecimentos. Nesse sentido, ao ministrar
aulas, o professor sempre tem em vista, o objetivo da aula, conteúdos, problemas,
exercícios. Os alunos por sua vez, dispõem de um grau determinado de
potencialidade cognoscitivo conforme o nível de desenvolvimento mental, idade,
experiências de vida, conhecimentos já assimilados. Por isso, o professor deve
cuidar de apresentar os objetivos, os temas de estudo e as tarefas numa forma de
comunicação compreensível e clara. Para isso o professor de matemática deve
diagnosticar por meio de suas atividades diárias o conhecimento que os alunos já
assimilaram, para adaptar sua metodologia de ensino, buscando provocar nos
mesmos o interesse de conhecer e desenvolver cada vez mais o raciocínio
matemático.
O trabalho do professor não é apenas transmitir informações, mas
também de ouvir os alunos, dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a
expressar-se, a expor opiniões e dar respostas, assim será possível perceber como
estão reagindo a atuação do professor, às dificuldades que encontram na
assimilação do conhecimento e ajudam diagnosticar as causas que dão origem a
essas dificuldades.
Para atingir uma boa interação entre professor aluno, além de conhecer
os aspectos cognoscitivos dos mesmos, também é preciso levar em conta os
aspectos sócios emocionais que envolvem a dinâmica na sala de aula, explicitados a
seguir.
4.1.1 Aspectos sócios - emocionais entre professor e alunos
Destacam-se aqui os vínculos afetivos entre professor e alunos, como
também às normas e exigências objetivas que reagem a conduta dos alunos na aula
(disciplina). A interação deve estar voltada para a atividade de todos os alunos em
torno dos objetivos e do conteúdo da aula.
Na sala de aula o professor exerce uma autoridade, fruto de qualidades
intelectuais, morais e técnicas. Ela é um atributo da condição profissional do
professor e é exercida como um estímulo e ajuda o desenvolvimento independente
dos alunos. O professor estabelece objetivos sociais e pedagógicos, seleciona e
organiza os conteúdos, escolhe métodos, organiza a classe, entretanto essas ações
20
docentes devem orientar os alunos para que respondam a elas como sujeitos ativos
e independentes.
Autoridade e autonomia são pólos do processo pedagógico, exercendo
um papel de mediação entre aluno e sociedade. A autonomia do aluno traz consigo
a individualidade e liberdade, entretanto a liberdade individual está condicionada
pelas
exigências
grupais
e
pelas
exigências
pedagógicas,
implicando
a
responsabilidade. Nesse sentido, a liberdade é o fundamento da autoridade e a
responsabilidade é a síntese da autoridade e da liberdade.
Do ponto de vista das relações entre autoridade e autonomia, a interação
professor-aluno não está livre de conflitos. Uma das dificuldades mais comuns
enfrentadas pelo professor é o que se costuma chamar de controle da disciplina. A
disciplina da classe está diretamente ligada ao estilo da prática docente, ou seja, à
autoridade profissional, moral e técnica do professor.
A autoridade profissional se manifesta no domínio da matéria que se
ensina métodos e procedimentos de ensino, na maneira de lidar com a classe e as
diferenças individuais, na capacidade de controlar e avaliar o trabalho dos alunos e
do docente. A autoridade moral é o conjunto da personalidade do professor, sua
dedicação profissional, sensibilidade, senso de justiça, traços de caráter. A
autoridade técnica constitui o conjunto de capacidades, habilidades e hábitos
pedagógicos didáticos para dirigir com eficácia a transmissão e assimilação dos
conhecimentos. Luna (1991) enfatiza que:
O professor com autoridade é também aquele que deixa transparecer as
razões pelas quais a exerce: não por prazer, não por capricho, nem mesmo
por interesse pessoais, mas por um compromisso genuíno com o processo
pedagógico, ou seja, com a construção de sujeitos que, conhecendo a
realidade, disponha-se a modificá-la em consonância com um projeto
comum. (p. 69)
Por isso, a disciplina da classe depende do conjunto dessas
características do professor, que lhe permitem organizar o processo de ensino tendo
como requisitos um bom plano de aula, principalmente quanto as aulas de
Matemática, a estimulação para a aprendizagem que suscite a motivação dos alunos
controle da aprendizagem incluindo avaliações do rendimento escolar, o conjunto de
normas e exigências que vão assegurar o ambiente de trabalho escolar ações e
comportamento dos alunos.
21
4.1.2 Processo de ensino x indisciplina
Em se tratando de alunos do 6º ano com características socioeducativas
que o aluno se encontra em relação a sua organização para a compreensão lógica e
adequação da realidade escolar onde se encontra, a maioria dos alunos apresentam
comportamento de relutas nas aulas de Matemática em função do amadurecimento
dos aspectos globais e princípios de abstrações em relação aos cálculos. Por isso, o
professor muitas vezes é o único que pode desenvolver no aluno a essencial
autoconfiança e os hábitos e métodos de estudo me relação a esta disciplina. A
comunidade educativa exige do professor cada vez mais competências e empenho
nessas áreas.
No início do ano, o professor apresenta aos alunos atividades,
pensamentos e estratégias para que estes possam ter melhor sucesso e ao longo do
ano o professor vai repetindo e sugerindo novas atividades para reforçar a utilização
dos métodos de estudo sugeridos.
O professor é o líder da sala e para os alunos é a imagem de um ideal,
seja ele positivo ou negativo. Uma de suas árduas tarefas é manter a disciplina na
sala de aula. A indisciplina é um dos grandes problemas enfrentados atualmente por
educadores brasileiros do ensino, muitos acabam desmotivados ou afastados de
suas atividades por diagnósticos de doenças laborativas diversas.
Quando se fala de indisciplina, abordam-se duas perspectivas. A primeira
relaciona-se a problemas advindos da própria escola, como práticas pedagógicas e
condutas do professor. A segunda vê a indisciplina como descumprimento das
normas impostas, seja por razões de “revolta” ou pelo simples fato de “não
conhecimento” da mesma. Nesse sentido, La Taille (2002), argumenta que:
A indisciplina escolar não envolve somente características encontradas fora
da escola como problemas sociais, sobrevivência precária e baixa qualidade
de vida, além de conflitos nas relações familiares, mas aspectos envolvidos
e desenvolvidos na escola como a relação professor- aluno; a possibilidade
de o cotidiano escolar ser permeado por um currículo oculto; entre outros.
Portanto, a indisciplina escolar pode ser atribuída a fatores externos e/ou
fatores que envolvem a conduta do professor, sua prática pedagógica e até
mesmo, práticas da própria escola que podem ser excludentes. (p. 09)
22
Os motivos da indisciplina podem ser extrínsecos à aula, tais como
problemas do cotidiano familiar, inserção social ou escolar. Proteção excessiva dos
pais e nesses casos o professor pouco pode fazer. Mas se demonstrar autoridade
de professor, tanto no que se refere ao conhecimento, quanto à postura em sala de
aula, sendo mais realista, dando confiança aos alunos, envolvendo-os nas
atividades propostas, sem perder a situação e sem se mostrar inutilmente
permissivo, é possível que consiga evitar alguns conflitos. Quanto mais eficaz e bem
organizada for uma aula, melhor será o comportamento dos alunos. O professor
precisa mostrar-se sério nas primeiras aulas, limitar as saídas durante a aula, não
permitir que se levantem do lugar ou troquem materiais sem que peçam autorização,
dispor os alunos em lugares fixos de modo a favorecer a cooperação e a
concentração, impor a lei de que quando um fala os outros escutem.
A motivação dos alunos para a aprendizagem através de conteúdos
significativos e compreensíveis para eles é fator preponderante na concentração e
atenção dos mesmos, pois se estes estiverem envolvidos nas tarefas, diminuirão as
oportunidades de distração e de indisciplina. Exemplo desta situação foi possível
constatar nos estágio I e II ,quando realizamos observações nos 6°ano do Ensino
Fundamental, onde alguns professores iniciavam suas aulas diretamente com
atividades de fixação “mecânica” sem uma breve retomada dos conceitos relativo ao
conteúdo abordado, o que para muitos alunos que não entenderam o processo a
aula se tornou desinteressante, abrindo deixas para que os mesmos conversassem
paralelamente e até trocassem insultos durante as aulas.
23
5 MÉTODO
5.1 COLETA DOS DADOS
Com o objetivo de investigar, conhecer e analisar as dificuldades
existentes na transição do 5º para o 6º ano na disciplina de Matemática, utilizamos
de uma pesquisa de ordem quali- quantitativa, sendo esta realizada em dois
municípios distintos, Lidianopolis- no Colégio Estadual D. Pedro I e em Cruzmaltina
no Colégio Estadual Padre Gualter Farias Negrão, com dois professores e duas
pedagogas. Entregamos a eles um questionário possuindo nove perguntas para o
pedagogo e dez questões para os professores, tentando perceber como se
desenvolve as orientações do Pedagogo em relação aos trabalhos dos professores
em sala de aula em função dos fatores de ensino e aprendizagem dos alunos
ingressantes no 6º ano do Ensino Fundamental.
5.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS AOS PROFESSORES
Para conhecer um pouco os professores, a forma com que recebem os alunos
vindos do 5º ano e a metodologia utilizada nas aulas de matemática usamos de um
questionário estruturado com as seguintes perguntas:
Primeira questão: Quantas horas você trabalha como professor (a) e quantas
turmas de 6º ano você tem com quantos alunos em cada uma?
Nesta questão queríamos saber a quantidade de alunos, pois, quanto maior for o
número, maiores as dificuldades para trabalhar o conteúdo e, quanto a carga horária
que exerce, se a mesma possibilita algum tempo para que possa planejar melhor
suas aulas e aprimorar seus conhecimentos.
O professor x nos respondeu que trabalha 42 horas semanais, dentre estas
com duas turmas de 6º ano, sendo uma com 18 alunos e outra com 20 alunos. A
professora y trabalha 40 horas, com uma turma de 6º ano com 12 alunos.
Questionamos a seguir: Você faz algum trabalho diferenciado para receber os
alunos que saem do 5º e se inserem no 6º ano?
Nesta questão tínhamos o objetivo se conhecer como é feita a acolhida
desses alunos e como o professor faz para que esse momento seja natural, bem
como a adaptação dos mesmos ao novo ambiente de ensino.
24
O professor x não nos deu uma resposta clara, dizendo que usa de materiais
concretos. Já a professora y nos relatou que costuma receber seus alunos com
algum tipo de jogo ou dinâmica com premiação na busca de conquistá-lo e tirar o
receio que possuem quanto às aulas de matemática.
Dessa forma, vemos a importância do professor ser criativo, dinâmico e não ficar
apenas se utilizando de quadro e giz.
Perguntamos então: Quais as dificuldades que você percebe nos alunos seja
quanto a aprendizagem, seja quanto à adaptação?
O professor x nos relatou que para seus alunos é dificultoso, pois vêm a
matemática como uma repetição, ficam quietos e não perguntam nada. Para a
professora y as maiores dificuldades é a própria adaptação, visto que no ano
anterior seus alunos eram acostumados com apenas um professor e agora precisam
se adaptar com hora / aula e ver cinco professores e disciplinas diferentes ao dia.
Em seguida, cabe ressaltar que a forma com que o professor trabalha em sala
é um fator muito importante para analisar o rendimento e o interesse dos alunos nas
aulas de matemática. Então fizemos o seguinte questionamento: Qual a metodologia
que você utiliza para aplicar suas aulas?
O professor x afirmou que costuma trabalhar em grupos e fazer explicações
voltadas para realidade deles e a professora y relatou que se utiliza de uma
metodologia expositiva e relacionada com o concreto, que segundo ela é melhor
forma com que seus alunos assimilam o conteúdo.
Quando questionados quanto aos recursos didáticos por eles utilizados, o
professor x disse utilizar jogos e cartazes e a professora y nos relatou que para cada
conteúdo utiliza de um material diferente: ensina operações com material dourado,
tangram para as formas geométricas, além de ensiná-los a manusear esquadros,
com passo e transferidor, mas também usa livro didático, dominó, quebra-cabeça,
bingos, etc. Nos relatou ainda que sua aula é muito expositiva e que seus alunos se
mostram atraídos.
Na sétima questão perguntamos: Você faz algum atendimento individualizado
para os alunos com dificuldades nos conteúdos de matemática?
O professor x nos relatou que sim, sendo realizado através das salas de
apoio, onde é trabalhado os conteúdos que está em defasagem, assim a professora
dessa sala junto com ele definem estratégias para ajudar o aluno. Mas a pergunta
não foi esta queríamos saber como ele faz esse atendimento em sala.
25
Já professora y nos respondeu que quando percebe um atraso quanto
a aprendizagem de seu aluno, procura selecionar atividades que o levem a sanar as
dúvidas.
Quando perguntamos: E a escola oferece algum tipo de apoio
pedagógico para esses alunos com dificuldade? Como é feito este trabalho?
O professor x não mostrou clareza em sua resposta, respondeu que
sim, porém, não relatou qual.
A professora Y afirmou que não. Segundo ela, o ano passado havia a
sala de apoio, porém este ano foi extinta da escola e agora ela busca recuperar seus
alunos por sua conta e preocupação que tem com os alunos, mas não tem apoio
nenhum para realizar este trabalho.
Na última questão, perguntamos: Os alunos questionam sobre os
conteúdos ministrados? Como você faz para esclarecer essas dúvidas?
O professor x nos relatou que sim, mas demorou muito para eles terem
essa atitude de questionar, tinha vergonha, porém ele não nos respondeu como faz
os esclarecimentos. A professora y relatou que seus alunos a questionam bastante e
na busca de respondê-los apresenta novos exemplos e sempre os relaciona com a
realidade.
Diante dessa análise, é relevante destacar que a matemática é um
saber fazer, onde a forma de trabalhar predomina em relação ao conteúdo. Se o
professor
quiser priorizar
a construção do
conhecimento e obtiver
uma
aprendizagem significativa de seus alunos precisa ser dinâmico, criativo e inovador,
ensinando seus alunos a superar desafios e ultrapassar os limites necessários para
seu conhecimento.
Toda
ação
dentro da
sala de
aula
influenciara
no
desenvolvimento de seus alunos. Segundo Zabala:
É preciso insistir que tudo quanto fazemos em aula, por menor que seja,
incide em maior ou menor grau na formação de nossos alunos. A maneira
de organizar a aula, o tipo de incentivos, as expectativas que depositamos,
os materiais que utilizamos, cada uma destas decisões veicula
determinadas experiências educativas, e é possível que nem sempre
estejam em consonância com o pensamento que temos a respeito do
sentido e do papel que hoje em dia tem a educação (ZABALA, 1998, p. 29)
De acordo com as respostas que obtivemos de nossos entrevistados,
concluímos que o professor X, aquele do método tradicional que usa apenas quadro
e giz, mostrando que suas aulas são monótonas e repetitivas, em muitas perguntas
26
não vimos clareza em suas respostas. Quanto ao professor Y, percebemos o amor
com que ensina, busca inovar, trabalha com o concreto o que faz despertar maior
interesse de seus alunos.
5.3 O ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO
É importante percebermos que o resultado positivo ou negativo do
trabalho escolar, da qualidade de ensino e do rendimento do aluno não está ligado
somente aos conhecimentos dentro da sala de aula. A escola possui um grupo de
profissionais que trabalham para o bom funcionamento de todo estabelecimento
educacional. Dentre estes profissionais, queremos ressaltar o trabalho do pedagogo
que é responsável pela articulação e promoção do processo pedagógico no
ambiente escolar, articulado com a gestão administrativa, financeira, cultural dos
alunos e que trabalha de forma coletiva com os professores, dando-os assistência
em todo processo de ensino e aprendizagem; que tem uma função sócio- política,
evidenciada em afirmações segundo Rangel:
Confirmam- se, então, a ideia e o principio de que o supervisor não e um
‘’técnico’’ encarregado da eficiência do trabalho e muito menos, um
‘’controlador’’ de ‘’produção’’, sua função e seu papel assumem uma
posição social e politicamente maior, de líder, de coordenador, que estimula
o grupo a compreensão- contextualizada e critica- de suas ações e,
também, de seus direitos. (RANGEL, 1997, p.151)
Para conhecermos como ocorre o acompanhamento da Equipe
Pedagógica em relação aos alunos que passam pela transição do 5º para o 6º ano
nos utilizamos de um questionário e entrevistamos duas pedagogas de escolas
diferentes.
Iniciamos perguntando a elas: Em quantos períodos trabalha na
escola? E quantas turmas de 6º ano a escola atende?
Queríamos perceber por quanto tempo permanecia na escola e se
conhecia as turmas por elas atendidas.
A Pedagoga A relatou trabalhar 40 horas semanais e atender dois 6º
anos e a outra trabalha 20 horas e uma turma de 6º ano.
Quando o aluno de 5º ano chega no 6º, ele passa por uma série de
adaptações, quanto à quantidade de aulas, professores, um conteúdo mais amplo,
27
etc. Então fizemos a seguinte pergunta: Quando os alunos do 5º ano inserem no 6º
ano, como estes são acolhidos pela escola?
A pedagoga A respondeu recebê-los com naturalidade, respeitando
seu período de adaptação.
A pedagoga B relatou que a escola os vê como alunos de idade inferior
às demais turmas, dando uma atenção especial e segurança para que o
aprendizado possa acontecer da melhor maneira possível.
Na terceira questão perguntamos: Você vê receio por parte dos alunos
quando se deparam com as mudanças que encontram nesta transição de 5º para o
6º ano?
A pedagoga A nos respondeu que sentem sim receio, mas passa com
o tempo.
Da pedagoga B obtivemos uma resposta muito satisfatória, ela nos
respondeu que depende da forma com que foi trabalhado com eles do 1º até o 5º
anos e a forma que são acolhidos no 6º, além disso, ela disse que trabalhar com
esse receio por parte dos alunos cabe também a família.
A família precisa ser participativa nesse processo, saber como seu filho
foi acolhido na outra escola e como está se adaptando faz com que o aluno se sinta
mais seguro.
Quando questionadas a respeito do relacionamento professor - aluno,
ambas relataram que tem sido bom, e que é estabelecido um bom vínculo entre eles
o que vem ajudando tanto no ensino quanto na aprendizagem dos alunos.
O pedagogo também faz orientações pedagógicas, ajudando o
professor no seu trabalho. Quando questionadas sobre isso, a pedagoga A relatou
que só faz reuniões previstas em calendário escolar se há defasagem na
aprendizagem, analisa-se o que é preciso aperfeiçoar na prática docente. Já a
pedagoga B relatou que sempre que necessário faz reuniões sim e faz um
acompanhamento contínuo por meio de fichas, visando diagnosticar como vai cada
aluno.
Concordamos com essa pedagoga, pois se há algum problema com os
alunos, já vai sendo encaminhado para uma solução, quanto mais esperar, mais se
complicará a situação do aluno.
Perguntamos se há orientações específicas para os professores da
disciplina de matemática. Ambas relataram que as orientações são gerais para todas
28
as disciplinas e se houver problemas específicos os alunos são encaminhados para
a sala de apoio. Uma delas relatou que a professora de sua escola é ótima e vem
conduzindo muito bem a turma e esta não está apresentando dificuldade na
disciplina.
Para finalizar a entrevista perguntamos: Como faz para auxiliar o
trabalho do professor de matemática da sua escola?
A pedagoga A relatou que procura conversar com os professores, que
a colocam a par do desenvolvimento de cada aluno. Acompanha as notas e tem o
hábito de escrever algo para os alunos dizendo se precisa melhorar ou
parabenizando-o pelo seu desenvolvimento, estas ações estão gerando bons
resultados.
A pedagoga B afirmou que até o presente momento não precisou
intervir em nada, devido ao bom trabalho realizado pela professora.
Foi possível constatar que ambas as pedagogas se preocupam com os
alunos. Nesse processo de transição sabem acolher os alunos, trabalham na
adaptação dos mesmos. Quanto ao rendimento dos alunos, vimos uma preocupação
maior por parte da pedagoga B, que procura conhecer cada aluno e tem uma ficha
individual de cada um e intervém quando necessário, ao contrário da pedagoga A
que só resolve os problemas de defasagem em reuniões que estão marcadas no
calendário escolar. Ao se tratar do auxilio dado ao professor, ambas nos
convenceram dar o suporte necessário ao docente.
Essa passagem de 5º para o 6º ano é um desafio para alunos, então é
preciso que se faça um trabalho coletivo com toda a comunidade escolar, visando
encontrar meios para solucionar os problemas que viram a surgir.
29
6 CONCLUSÃO
Ao finalizar esta pesquisa foi possível compreender que a disciplina de
Matemática assume fator determinante no papel que se atribui ao seu ensino e ao
sentido que se confere a essa disciplina no ato de ensiná-la.
Neste trabalho queríamos pesquisar como se dá o processo de ensino
(por parte dos professores) e aprendizagem (por parte do aluno) na transição do 5º
para o 6º ano em relação à disciplina de Matemática, visto que esta disciplina
envolve o raciocínio lógico, portanto, faz- se necessário conhecer como esta o
cognitivo do aluno nesta fase de seus estudos, seu comportamento, conflitos
vivenciados. Além disso, tínhamos o desejo de saber como a equipe pedagógica
trabalha junto ao professor para conduzir este momento.
Nas observações realizadas nos Estágios I e II percebemos que os
alunos advindos do 5º ano necessitam de um atendimento especializado, pois para
eles esse processo é algo novo, visto que para os mesmos a matemática é algo
assustador, talvez por não gostarem da disciplina ou por a mesma não ter sido bem
trabalhada nas séries iniciais ou por não terem tido um professor muito dedicado.
Neste processo de transição, cabe ao professor ser criativo e dinâmico, fazer com
que seu aluno sinta- se a vontade nesta nova fase de sua caminhada estudantil.
Além disso, precisa ter amor naquilo que faz, se doar, pois ele é o mediador do
conhecimento e o aluno , o protagonista principal de seu trabalho.
Também verificamos através de nossas pesquisas que existe sim o
professor que ainda trabalha de forma tradicional, mas que também há aquele que
se preocupa com o desenvolvimento do aluno e busca desenvolver estratégias para
facilitar o ensino e aprendizagem dos mesmos. A equipe pedagógica também é de
suma importância neste processo, concluímos que esta é o elo entre professor e
aluno, sendo também mediadora e intervensora de todas as interações ocorridas na
escola, visando alcançar o desenvolvimento do aluno neste processo de ensino e
aprendizagem.
Para que essa transição ocorra de forma natural e que se obtenha
grandes resultados, é muito importante que toda a comunidade escolar, saiba
acolher os alunos advindos do 5º ano, elevar a auto estima dos mesmos.
Encerramos nosso trabalho por aqui, mas entendemos que há meios possíveis para
que este processo seja feito de forma natural tanto para os alunos quanto para toda
30
a comunidade escolar.
31
7 REFERÊNCIAS
CAMPOS, Dinah Martins de Souza. Psicologia e desenvolvimento humano.
Petrópolis: Vozes, 1997.
Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico- Vários autores
GIACAGLIA, L.R.A.; PENTEADO, W.M.A. Orientação educacional na prática:
princípios, histórico, legislação, técnicas, instrumentos. 6 ed. São Paulo:
Cengage Learning, 2010.
IESDE BRASIL S.A. Psicologia e desenvolvimento. p 200 – Curitiba: IESDE, 2003.
IESDE BRASIL S.A. Teorias da Aprendizagem. p 14 – Curitiba: IESDE, 2003.
LIBÂNEO, José Carlos. Ensino de 2º grau, Pedagogia e práticas de ensino. São
Paulo: Cortez, 1994.
RANGEL, Mary. Supervisão Pedagógica/princípios e práticas. Campinas, SP:
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SOUZA, Fátima R. Lições da Escola Primária. In: SAVIANI, Demerval. O legado
educacional do século XX no Brasil. 2ª edição. Campinas SP: Autores associados
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Artigocientífico. uol.com. br/ Acesso em: 26/08/2013
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32
Acesso em: 30/10/2013.
LA TAILLE, Yves. A indisciplina e o sentimento de vergonha. In: Aquino. Julio
Groppa (org.) Indisciplina na escola: Alternativas teóricas e práticas. São Paulo:
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Disponível em < http://www.cimm.ucr.ac.cr/ocs/index.php/ xiiiciaem/paper/ viewFile/
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www.padregilberto.com.br/wserfiles/files/Informativo%25. Acesso em: 27/08/2013
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ANEXOS
Questionário
1) Quantas horas você trabalha como professor (a) e quantas turmas de 6º ano
você tem com quantos alunos em cada uma?
2) Você faz algum trabalho diferenciado para receber os alunos que saem do 5º
e se inserem no 6º ano?
3) Quais as dificuldades que você percebe nos alunos seja quanto a
aprendizagem, seja quanto à adaptação?
4) Qual a metodologia que você utiliza para aplicar suas aulas?
5) Quais recursos você utiliza em suas aulas de Matemática?
6) Você faz algum atendimento individualizado para os alunos com dificuldades
nos conteúdos de matemática?
7) E a escola oferece algum tipo de apoio pedagógico para esses alunos com
dificuldade? Como é feito este trabalho?
8) Os alunos questionam sobre os conteúdos ministrados? Como você faz para
esclarecer essas dúvidas?
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Ensino e Aprendizagem nas Aulas de Matemática no 6º