Avaliação da operacionalização das tipologias de intervenção 1.4 e 9.1.4 do Programa Operacional Potencial Humano Cursos de Especialização Tecnológica Relatório final Setembro 2011 2 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Índice Sumário Executivo ....................................................................................................7 Introdução ............................................................................................................. 17 Breve descrição do objecto de avaliação .................................................................... 19 Objectivos e questões chave da avaliação ................................................................. 21 Instrumentos metodológicos ..................................................................................... 23 Fontes de informação e metodologias de natureza qualitativa ................................... 23 Fontes de informação e metodologias de natureza quantitativa ................................. 27 Principais limitações das fontes de informação e metodologias de análise ................... 28 Resultados da avaliação ........................................................................................... 31 No âmbito dos objectivos e metas ......................................................................... 31 No âmbito das condições de elegibilidade e análise de mérito ................................... 42 No âmbito da articulação temático-regional ............................................................ 49 No âmbito das dinâmicas de procura e adequação ao mercado ................................. 53 No âmbito da tipologia de beneficiários e perfil esperado ......................................... 61 Conclusões e recomendações.................................................................................... 65 Anexos .................................................................................................................. 71 Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 3 4 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Índice de Gráficos, Quadros e Figuras Gráfico 1. Alunos Inscritos em Estabelecimentos do Ensino Superior (incluindo CET) ....... 34 Gráfico 2. Cursos candidatados e aprovados por tipologia de beneficiário ....................... 38 Gráfico 3. Resposta à questão C7 “Como avalia a implementação das tipologias 1.4 e 9.1.4 na fase concursal, tendo em consideração os seguintes aspectos “ ........................ 39 Gráfico 4. Cursos e acções aprovadas por NUTS II ...................................................... 40 Gráfico 5. Volume de formação aprovada por tipologia de beneficiário e NUTS II ............. 40 Gráfico 6. Taxa de Execução do Eixo 1 e Eixo 9 por tipologia ........................................ 41 Gráfico 7. Taxa de elegibilidade dos cursos ................................................................. 45 Gráfico 8. Taxa de mérito absoluto dos cursos e pontuação média dos projectos ............. 46 Gráfico 9. Resposta à questão C8 “Como avalia os seguintes aspectos do processo de candidatura às tipologias 1.4 e 9.1.4“................................................................ 47 Gráfico 10. Resposta à questão C9 “Como avalia os formulários de candidatura em relação aos seguintes aspectos“ ................................................................................... 47 Gráfico 11. Acções aprovadas por área de formação .................................................... 55 Gráfico 12. Relevância regional das qualificações correspondentes ao nível 5 do QNQ em 2009 ............................................................................................................. 58 Gráfico 13.Acções aprovadas por tipologia de beneficiário e área de formação ................ 62 Quadro 1. Articulação entre as questões e as dimensões de avaliação ........................... 22 Quadro 7. Entidades entrevistadas ............................................................................ 23 Quadro 8. Estudos de Caso – Candidatura da Escola Tecnológica AFTEBI ....................... 24 Quadro 9. Estudos de Caso – Candidatura do Centro de Formação Profissional CENFIM.... 25 Quadro 10. Estudos de Caso – Candidatura da Escola Profissional INETESE .................... 26 Quadro 11.Estudos de Caso – Candidatura do Instituto Politécnico de Tomar .................. 26 Quadro 12. Número de respostas ao Web Survey, por tipologia de beneficiário ............... 27 Quadro 13. Implementação da metodologia Web Survey .............................................. 28 Quadro 14. CET registados em Estabelecimentos do Ensino Superior ao abrigo do DL 88/2006 ........................................................................................................ 32 Quadro 15. CET autorizados em estabelecimentos de formação e ensino não superior ao abrigo do DL 88/2006 ..................................................................................... 32 Quadro 16. Alunos nos CET em funcionamento ........................................................... 32 Quadro 17. Candidaturas apresentadas e aprovadas .................................................... 37 Quadro 18. Indicadores de selectividade .................................................................... 43 Quadro 19. Horas de formação em contexto de trabalho (FCT) nos perfis profissionais do CNQ e nos CET ministradas nas entidades seleccionada para estudo de caso .......... 50 Quadro 20. Estudos de Caso: documentos e metodologias apresentados pela AFTEBI para fundamentar os critérios de selecção 1 a 5 ......................................................... 51 Quadro 21. Evolução do pessoal ao serviço com qualificação correspondente ao nível 5 do QNQ .............................................................................................................. 57 Quadro 22. Evolução das admissões de pessoal com qualificação correspondente ao nível 5 do QNQ ......................................................................................................... 58 Quadro 23. Pessoal ao serviço com qualificação correspondente ao nível 5 do QNQ por sector e NUTS II em 2009................................................................................ 59 Quadro 24. Acções aprovadas por tipologia de curso, tipologia de beneficiário e região .... 62 Quadro 25. Escolas Tecnológicas – indicadores de actividade ........................................ 63 Quadro 26. Principais conclusões da avaliação ............................................................ 66 Quadro 27. Conclusões e recomendações de natureza operacional ................................ 68 Quadro 28. Correspondência entre a classificação a 19 sectores e a CAE Rev. 3 a dois dígitos ........................................................................................................... 72 Quadro 29. Pessoal ao serviço com qualificação correspondente ao nível 5 do QNQ por CAE Rev. 3 a dois dígitos, 2009 ............................................................................... 74 Quadro 30. Acções aprovadas por área de formação e NUTS II ..................................... 76 Quadro 31. Acções aprovadas por área de formação, tipologia de curso e NUTS II .......... 77 Figura 1.Cursos em funcionamento em Estabelecimentos do Ensino Superior, 2009/2010 33 Figura 2. Fases do processo de selecção dos projectos candidatos ................................. 42 Figura 3. Processo de registo, criação e autorização de funcionamento de CET – Decreto-Lei nº 88/2006 .................................................................................................... 44 Figura 4. Quociente de localização industrial e acções aprovadas .................................. 56 Figura 5. Concentração do emprego e acções aprovadas .............................................. 56 Figura 6. Grelha de análise ....................................................................................... 71 Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 5 Ficha Técnica Título Estudo de avaliação da operacionalização das tipologias de intervenção 1.4 e 9.1.4 – Cursos de Especialização Tecnológica, do Programa Operacional Potencial Humano Relatório Relatório final Entidade Adjudicante Instituto de Gestão do Fundo Social Europeu Entidade Promotora Autoridade de Gestão do Programa Operacional Potencial Humano Autoria Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados (AM&A) Coordenação Global Nuno Vitorino Coordenação Executiva Sandra Primitivo Consultores Ana Caetano Luís Centeno Luís Costa Dalila Farinha António Marques José Vasconcelos 6 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Sumário Executivo Introdução O Sumário Executivo do Relatório Final do Estudo de Avaliação da Operacionalização das Tipologias de Intervenção 1.4 e 9.1.4 do Programa Operacional Potencial Humano – Cursos de Especialização Tecnológica (CET) adopta a mesma organização desse relatório, encontrando-se estruturado do modo seguinte: Objecto da avaliação; Os objectivos e as questões chave da avaliação; Abordagem metodológica adoptada, designadamente identificação dos instrumentos de recolha e análise de informação e fontes de informação utilizadas; Resultados da avaliação (apreciação avaliativa das problemáticas suscitadas por cada questão da avaliação); Conclusões e recomendações. Objecto da avaliação As tipologias de intervenção objecto da presente avaliação integram os Eixos Prioritários 1 – Qualificação Inicial e 9 – Lisboa, do Programa Operacional Potencial Humano (POPH). Reflectindo a prioridade atribuída ao desenvolvimento do potencial humano na estratégia do QREN, o POPH foi dotado com um volume significativo de recursos – cerca de 8,8 mil milhões de Euros, onde o financiamento comunitário através do Fundo Social Europeu (FSE) ascende a 6,1 mil milhões de Euros –, prosseguindo objectivos e implementando instrumentos de política de enorme relevância. O Eixo Prioritário 1 – Qualificação Inicial1 corresponde a uma parcela relevante do POPH, em termos financeiros (cerca de 2,6 e de 1,8 mil milhões de Euros de Financiamento Total e Comunitário, respectivamente), sendo concretizado através de diferentes tipologias de intervenção onde, para além dos CET, se inserem: formação profissional inicial em alternância; cursos profissionais e tecnológicos; cursos de educação e formação; apoio ao reequipamento e consolidação da rede de estabelecimentos de ensino; ensino artístico especializado. Independentemente da importância que se atribua aos CET, poderá compreender-se neste contexto – face à ambição inerente aos objectivos prosseguidos e à diversidade, complexidade e exigências específicas das tipologias de intervenção que integra – a relativamente reduzida expressão financeira dos CET: 80 milhões de Euros, correspondentes a cerca de 3% da dotação total do Eixo Prioritário 12. Objectivos e questões chave da avaliação O Estudo de Avaliação da Operacionalização das Tipologias de Intervenção 1.4 e 9.1.4 do Programa Operacional Potencial Humano – Cursos de Especialização Tecnológica (CET), enquadra-se num conjunto de avaliações operacionais que têm por finalidade contribuir para a melhoria da operacionalização dos Programas Operacionais (PO), através da análise das suas diferentes fases de implementação. O principal objectivo desta avaliação é aferir da adequação entre os mecanismos de operacionalização e a estratégia definida no PO Potencial Humano (POPH) para as tipologias referidas, visando a produção de conclusões e recomendações relativas à introdução de melhorias na regulamentação específica, divulgação, critérios de elegibilidade, admissibilidade e selecção das candidaturas, gestão interna e acompanhamento da execução. Os objectivos específicos da avaliação - avaliar os dispositivos montados para operacionalizar o arranque do PO e avaliar se a procura é adequada face aos objectivos definidos para as tipologias – e a generalidade das questões de avaliação reforçam o seu carácter operacional. Alguns dos aspectos a considerar na 1 O POPH integra, por razões justificadas pelos normativos e orientações comunitárias, dois Eixos Prioritários de âmbito territorial: Lisboa e Algarve. As considerações que se apresentam sobre os CET no contexto do EP 1 são aplicáveis à implementação dessa tipologia na Região de Lisboa. 2 A que acrescem 3,75 milhões de Euros no Eixo Prioritário 9., equivalentes a cerca de 1% da respectiva dotação. Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 7 análise das questões de avaliação (como, por exemplo, a concretização das metas definidas para a tipologia) e a própria delimitação do universo de análise no que respeita à perspectivação da trajectória de execução face aos indicadores de realização e resultados definidos, apontam, contudo, para um exercício de avaliação que assume também uma componente de natureza estratégica. O âmbito territorial da avaliação inclui as três regiões de convergência e a região de Lisboa, assumindo esta um carácter diferenciado (enquanto região inserida no Objectivo Competitividade Regional e Emprego) no que respeita aos ritmos previstos de execução (centrados no inicio do período de programação) e às limitações imposta na tipologia de beneficiários elegíveis (apenas Escolas Tecnológicas). O período de referência da avaliação decorre entre 2008 e 2009, abrangendo dois avisos de abertura de candidaturas. O conjunto de questões de avaliação apresentado corresponde a dimensões da avaliação diferenciadas. O quadro seguinte apresenta a articulação entre as questões e as dimensões de avaliação a utilizar, tendo em consideração os objectivos visados em cada questão. Quadro I. Articulação entre as questões e as dimensões de avaliação Nº Questões de avaliação Dimensões de avaliação Adequação Pertinência Eficácia A. Objectivos e metas QA.1 A procura é adequada à concretização dos objectivos das tipologias? QA2 As dinâmicas de procura geradas no arranque do PO vão no sentido das dimensões-chave identificadas? B. Condições de admissibilidade / elegibilidade e análise de mérito Os principais motivos da não aceitação de candidaturas por razões de QA.3 admissibilidade/elegibilidade sinalizam desajustamentos entre a oferta e a procura ou tem causas de natureza estrutural ou técnica? Que itens devem ser acrescentados à grelha de critérios de análise, a QA.4 aprovar pela Comissão de Acompanhamento, de modo a permitir uma análise mais dinâmica e discricionária? C. Articulação temático-regional QA.5 Os mecanismos de articulação temáticos-regionais podem ser melhorados? D. Dinâmicas de procura e adequação ao mercado QA.6 Os projectos aprovados vão de encontro às necessidades do mercado de trabalho face às áreas de formação apoiadas? E. Tipologia de beneficiários e perfil esperado A tipologia de beneficiários é adequada aos objectivos e às necessidades do QA.7 mercado de trabalho (são as entidades mais adequadas face à formação sectorial desenvolvida)? Instrumentos metodológicos A abordagem metodológica encontra-se ancorada num leque diversificado de metodologias e instrumentos de recolha de dados, de análise de informação quantitativa e qualitativa, de avaliação e de difusão e capacitação organizacional. Fontes de informação e metodologias de análise de natureza qualitativa Entrevistas individuais semiestruturadas As entrevistas decorreram entre Abril e Julho de 2011, seguindo um modelo semiestruturado, com base num guião pré-definido. Foram entrevistados responsáveis da AG do POPH (ouvindo, separadamente, a Comissão Directiva e os Secretários Técnicos relevantes), dos serviços instrutores, de entidades formadores nas várias tipologias previstas no quadro regulamentar e de representantes de entidades com relevância no âmbito do objecto de avaliação. 8 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Recolha e análise documental Estas actividades de back-office consistiram na identificação, selecção, recolha e análise de relatórios de execução, documentos de gestão, regulamentos, avisos de abertura de candidaturas, normas e circulares, formulários de candidatura, estudos técnicos e outros documentos, relacionados com os CET, bem como regulamentação nacional e comunitária relativa ao QREN, ao POPH e aos fundos estruturais. Estudos de Caso Os quatro estudos de caso realizados cobrem as diferentes tipologias de promotores e abordam, portanto, temáticas e realidades distintas: Associação para a Formação Tecnológica e Profissional da Beira interior – AFTEBI Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica - CENFIM Associação para o Ensino e Formação - INETESE Instituto Politécnico de Tomar - IPT Foram analisadas no âmbito dos estudos de caso as características dos projectos candidatados, os aspectos operacionais associados ao ciclo de vida da candidatura (como decorreram as fases de candidatura, análise e contratação), bem como as características das formações já executadas e dos alunos abrangidos. Para tal foi utilizada a informação disponível na regulamentação, em documentos programáticos, no Sistema de Integrado de Informação do Fundo Social Europeu (SIIFSE), bem como elementos adicionais a recolhidos através da auscultação dos promotores. Fontes de informação e metodologias de análise de natureza quantitativa Recolha e análise estatística A recolha de dados provenientes Sistema Integrado de Informação do Fundo Social Europeu (SIIFSE), complementada por outra informação estatística oriunda de diversas fontes oficiais, constituiu uma metodologia basilar para a elaboração do estudo de avaliação. Os dados recolhidos junto do SIIFSE reportam-se à data de 14 de Fevereiro de 2011. Em termos de informação estatística privilegiaram-se os dados do INE, dos Quadros de Pessoal do Ministério do Trabalho e da Segurança Social, do IEFP e da Direcção-Geral do Ensino Superior. Web Survey No âmbito da presente avaliação foi efectuado um inquérito em suporte online aos promotores de projectos candidatados aos avisos de 2008 e 2009, independentemente dos seus projectos terem sido ou não aprovados, sem prejuízo do conteúdo do inquérito ter sido, naturalmente, adaptado, à decisão de aprovação. Principais limitações das fontes de informação e metodologias de análise As lacunas de informação são particularmente evidentes no tratamento necessário para responder às questões de avaliação QA4 e QA5. Com efeito, a resposta a estas questões dependia significativamente da disponibilização de informação sobre os critérios de selecção aplicados na análise de mérito (candidaturas sujeitas a esta análise, independentemente da sua posterior aprovação ou reprovação). No que respeita à informação quantitativa obtida através de outras fontes, não foi possível obter junto da DGES dados sobre o número de pedidos de registo e autorização de CET apreciados pela Comissão Técnica para Formação Tecnológica Pós-Secundária, nem sobre a periodicidade e regularidade das reuniões desta Comissão. Sublinha-se também a limitação da informação obtida através do Web Survey: apesar dos esforços desenvolvidos pela Equipa de Avaliação e pelo Secretariado Técnico do POPH na monitorização e acompanhamento da inquirição - apoio via telefone e e-mail a algumas entidades que encontraram dificuldades em aceder e/ou a responder ao questionário, iniciativas de apelo à participação, através de mensagens de correio electrónico e contactos telefónicos – a reduzida taxa de resposta limitou o potencial analítico do Web Survey. No plano qualitativo, refira-se finalmente que a insuficiência de elementos formais de avaliação da empregabilidade e de acompanhamento dos percursos de inserção dos formandos no mercado de trabalho por parte de muitas das instituições formadoras prejudica o aprofundamento da avaliação da adequação da formação CET às necessidades do mercado. Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 9 Resultados da avaliação Apresenta-se no quadro seguinte uma síntese dos resultados da avaliação, estruturada de acordo com a ordenação das questões de avaliação. Quadro II: Síntese dos resultados de avaliação A. Objectivos e metas (QA.1 e QA.2) O estímulo à oferta de cursos profissionalizantes, com o duplo objectivo de elevar os níveis de qualificação da população e dar resposta às necessidades crescentes do tecido socioeconómico em termos de quadros intermédios, é claramente coerente com a regulamentação específica dos CET. No conjunto de entrevistas realizadas aos stakeholders foi reconhecido, de forma unânime a pertinência e relevância dos CET no actual sistema de educação e formação, muito em particular junto de dois públicos: jovens que terminaram o ensino secundário e que optam por concluir um percurso de especialização tecnológica antes de entrarem no mercado de trabalho; adultos com experiência profissional para, quem os CET constituem uma oportunidade de actualização, especialização ou reconversão das suas competências, potenciadora de uma melhoria da sua inserção no mercado de trabalho. Verificando-se objectivamente que o volume de procura ultrapassou claramente as dotações financeiras disponíveis em ambos os avisos e, portanto, que o estímulo à procura não tem sido uma preocupação da AG, deve-se reconhecer que o perfil das candidaturas admitidas por tipologia de beneficiário poderia ter sido consideravelmente diferente caso os mencionados procedimentos de aprovação de CET anteriores à candidatura tivessem sido desenvolvidos de forma diferente e com maior celeridade. Tendo em consideração o número de formandos aprovados no aviso de 2009 é muito provável que o indicador para a tipologia 1.4. seja atingido em 2010. No que respeita à tipologia 9.1.4 a dotação orçamental foi esgotada logo no primeiro aviso, o que indicia uma forte desadequação entre as dotações e as metas previstas. Considerando a totalidade de aprovações, pedidos de pagamento e reembolsos até ao final de Maio de 2011 a tipologia 1.4 apresenta taxas de execução e realização mais baixas que a média do Eixo 1. A tipologia 9.1.4 destaca-se no quadro do Eixo 9, com taxas de execução e realização relativamente elevadas. B. Condições de admissibilidade / elegibilidade e análise de mérito (QA.3 e QA.4) Candidataram-se, no conjunto dos dois avisos em avaliação, 303 projectos, dos quais 207 não foram admitidos por questões de elegibilidade (68%), na sua esmagadora maioria por não deterem o registo prévio ou autorização de funcionamento dos cursos candidatos. A grelha de análise reflecte, com clareza, a valorização da natureza profissionalizante dos CET, não só porque entre os critérios com maior pontuação se encontram os relativos à empregabilidade, ao contributo dos cursos para o desenvolvimento económico e social local e regional e à participação do tecido económico na proposta de desenvolvimento da oferta formativa, mas, também, porque a AG do POPH optou por retirar da grelha utilizada em 2009 o único critério que pontuava a opção de prosseguimento de estudos no ensino superior uma vez concluída a formação. Do ponto de vista dos beneficiários inquiridos os procedimentos envolvidos na apresentação e apreciação das candidaturas são avaliados de forma muito positiva, com excepção da celeridade na respectiva apreciação. Sublinha-se o contraste entre o elevado nível médio de pontuação dos projectos na análise técnico-pedagógica e o reconhecimento por parte da AG e Secretariado Técnico do POPH sobre a vulnerabilidade técnica dos instrumentos de diagnóstico de necessidade de formação e acompanhamento dos formandos após a conclusão do curso apresentados por diversas entidades em ambos os avisos. Atendendo à relativamente reduzida dotação orçamental alocada aos CET, e tendo presente que os montantes solicitados em candidatura excedem a dotação disponível, a aplicação estrita do princípio do mérito relativo – isto é, a hierarquização de acordo com a pontuação obtida e a aprovação de todos os cursos apresentados em cada projecto candidatado, até ao limite da dotação orçamental – limitaria significativamente a dimensão do universo de entidades apoiadas. Como confirmado nas entrevistas realizadas com os responsáveis no POPH, a AG optou por limitar os montantes propostos através da redução do número de cursos propostos em cada projecto / candidatura, bem como do número de turmas em cada curso. Todos os projectos que ultrapassaram o limiar mínimo de 50 pontos viram, em ambos os avisos, pelo menos uma das acções propostas aprovada. C. Articulação temático-regional (QA.5) A criação de instrumentos de gestão integrada da oferta de educação e formação que permitam uma maior regulação da adequação das respostas promovidas às necessidades territoriais da economia depende, fundamentalmente, da criação de condições para participação do tecido empresarial na concepção e execução da formação, bem como da produção de informação sobre as necessidades de formação, a qualidade da oferta e o percurso dos ex-formandos. A grelha de análise das candidaturas valoriza fortemente estes factores, em coerência com os objectivos descritos no quadro regulamentar e estratégico do POPH. Ainda que seja inquestionável a utilidade da grelha de análise como instrumento de harmonização da análise, foi reconhecido pela AG e Secretariado Técnico que a sua utilização está fortemente condicionada pela apresentação de estudos, inquéritos, ou outros documentos por parte dos promotores, cuja qualidade é considerada muito variável. Esta apreciação contrasta com o nível relativamente elevado da pontuação média obtida pelos projectos, o que indicia que o nível de exigência na analise técnica terá sido reduzido em função da limitação da informação disponibilizada nas candidaturas e/ou que a pontuação obtida em critérios mais facilmente mensuráveis terá compensado o pior desempenho nos critérios de selecção eminentemente qualitativos ou mais exigentes em termos da fundamentação apresentada. Os estudos de caso e as entrevistas ao stakeholders revelam, de uma forma global, que as entidades formadoras são muito sensíveis à importância de maximizar a correspondência entre a formação e as necessidades efectivas de qualificações e que manifestam disporem de capacidade para sistematizar informação muito rica sobre a empregabilidade dos seus ex-formandos e as necessidades de formação do tecido empresarial. No entanto, que a recolha desta informação tende a basear-se mais em contactos informais e/ou esporádicos com formandos, empresários, autarquias e associações do que num trabalho sistematizado e regular de auscultação e participação dos respectivos. A formação em contexto de trabalho é, neste âmbito, reconhecida como um dos mais valiosos mecanismos de articulação temático-regional porque permite obter em tempo útil feedback das empresas sobre as competências dos formandos e sobre necessidades futuras. 10 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados D. Dinâmicas de procura e adequação ao mercado (QA.6) Da análise da distribuição dos cursos aprovados por áreas de formação, parecem resultar sinais de resposta às necessidades de sectores que ao longo da última década ganharam relevância no desempenho exportador da economia portuguesa, com destaque para as formações nas áreas da Electrónica e da Automação e da Metalurgia e Metalomecânica; por outro lado, o peso relevante de cursos oferecidos nas profissões da área do turismo pode consubstanciar relevância estratégica na promoção de actividades produtivas transaccionáveis, relativamente às quais é consensual a importância da continuidade (e intensificação) do investimento. Não obstante o peso destas áreas de formação no total de acções apoiadas, deve-se também sublinhar que as aprovações “tocam” num leque muito alargado de áreas de formação. A aprovação de acções apresenta também uma elevada capilaridade na cobertura das NUTS III do Continente. A análise da adequação da oferta formativa proporcionada pelos CET apoiados pelo POPH confronta-se com a reduzida expressão dos detentores de formações correspondentes ao nível 5 do QNQ na estrutura de qualificações da população activa portuguesa. Deve de qualquer modo assinalar-se que a evolução do número de trabalhadores com qualificação correspondentes ao nível 5 do QNQ é muito expressiva. Apesar desta dinâmica ser positiva, importa tomar em consideração que se registam mais de 8.000 alunos inscritos em CET no ano 2008/2009. Admitindo, como hipóteses, que a cobertura pelos Quadros de Pessoal corresponde a cerca de 50% do emprego total em Portugal e que essa percentagem se aplica ao emprego de profissionais com qualificações correspondentes ao nível 5 do QNQ, deveria então verificar-se um aumento do stock correspondente a este nível de qualificação em cerca de 4.000 unidades - e não pouco mais de 2.000, como os Quadros de Pessoal evidenciam. Esta relativização parece indiciar que uma proporção extremamente elevada de formandos CET - eventualmente excessiva face aos objectivos estratégicos visados pelo POPH - opta por prosseguir estudos após conclusão dos cursos As qualificações correspondentes ao nível 5 do QNQ encontram-se concentrados num pequeno conjunto de sectores. O sector dos serviços às empresas representa 37% do total do pessoal ao serviço com qualificação correspondente ao nível 5 do QNQ no Continente; juntando os sectores da distribuição e comércio, construção e educação saúde e cultura chega-se a 80%. Dado o elevado peso assumido pelas áreas de formação mais associadas ao sector industrial - nomeadamente a electrónica e automação, metalurgia e metalomecânica – e ao turismo e lazer no conjunto de acções aprovadas, reconhece-se o potencial contributo dos apoios comunitários para um maior equilíbrio entre o peso relativo que os serviços às empresas e os restantes sectores assumem no total de trabalhadores com qualificações correspondentes ao nível 5 do QNQ e para a qualificação dos sectores produtores de bens e serviços transaccionáveis. No entanto, a responsabilidade dos CET nesse processo de transformação será, na perspectiva da equipa de avaliação, muito limitado, desde logo devido à reduzida dimensão quantitativa do stock de diplomados CET. Acresce que concretização deste potencial dependerá, naturalmente, de especificidades dos mercados regionais e locais, as quais a equipa de avaliação considera que não são plenamente integrados no processo de criação de CET e de aprovação dos apoios comunitários. De facto, no plano qualitativo, a insuficiência de elementos formais de avaliação da empregabilidade e de acompanhamento dos percursos de inserção dos formandos no mercado de trabalho por parte de muitas das instituições formadoras inviabiliza o aprofundamento da avaliação da adequação da formação CET às necessidades do mercado. Apesar da apreciação generalizada dos stakeholders que as taxas de empregabilidade dos alunos de CET são elevadas, e que a oferta de formações deste tipo é adequada e relevante face às características e necessidades do tecido económico e empresarial português, nas entrevistas e estudos de caso realizados apresentaram também com alguma regularidade indicações no sentido de que, para a generalidade das empresas, a detenção de um diploma CET não é reconhecida como atribuindo, pelo menos em algumas áreas profissionais, uma qualificação diferenciada face a trabalhadores com formação de nível secundário – indiciando que, na perspectiva dos empregadores, a detenção de um curso profissional de nível secundário ou de um diploma CET não corresponde necessariamente a efectiva diferenciação profissional e salarial. E. Tipologia de beneficiários e perfil esperado (QA.7) O perfil das aprovações por tipologia de beneficiário e por área de formação, reflecte, naturalmente, as diferenças verificadas nos registos e autorizações de funcionamento dos CET. Os dados apresentados revelam claramente que os CET apoiados pelo POPH em 2008 e 2009 conhecem significativa concentração na tipologia correspondente à oferta realizada pelas Escolas Tecnológicas, corporizando a concepção original deste tipo de formação por parte de entidades vocacionadas para esta modalidade de qualificação, seguida pela oferta propiciada pela tipologia de actores Estabelecimentos do Ensino Superior, em particular Institutos Politécnicos, que evidenciam, na perspectiva de alguns stakeholders, uma abordagem e vocação dos CET significativamente distinta. Assinala-se igualmente a reduzida adesão das Escolas Secundárias e dos Centros de Formação do IEFP a este modelo formativo, que apenas participam nesta oferta de qualificações após entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 88/2006. Confirma-se o papel determinante das Escolas Tecnológicas na oferta das áreas formativas mais associadas ao sector industrial. Em contraste, verifica-se que quase 50% da oferta formativa propiciada por Estabelecimentos do Ensino Superior se concentra em áreas que podem ser classificadas como terciárias e transversais (Ciências informáticas; Enquadramento na organização/empresa; Finanças, banca e seguros; Gestão e administração; Audiovisuais e produção dos media; Ciências empresariais; Contabilidade e fiscalidade; Serviços pessoais; Marketing e publicidade; Secretariado e trabalho administrativo). A ausência de informação sistematizada e generalizada sobre a empregabilidade dos diplomados por CET, desagregada pela tipologia de entidade promotora, limita, como já foi referido, o potencial conclusivo da presente análise. Síntese das conclusões e recomendações A legislação vigente sobre os CET explicita uma ambiguidade relevante para a respectiva concepção e operacionalização, correspondente a não clarificar (ou a pretender conciliar) a sua vocação prioritária enquanto formação profissional de quadros qualificados ou como veículo para prosseguimento de estudos no ensino superior. As ambiguidades que marcam a sua natureza profissionalizante ou de prosseguimento de estudos, a integração dos CET nos sistemas de educação e de formação profissional, a diminuição da relevância que parece ser-lhes atribuída por algumas das tutelas políticas e o Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 11 reforço quantitativo dos CET que parecem especialmente vocacionados para o prosseguimento de estudos poderá comprometer a sua vocação na formação de profissionais qualificados e, consequentemente, a respectiva sustentabilidade e continuidade. A avaliação permitiu também confirmar a percepção, certamente fundamentada, dos operadores desta tipologia formativa sobre a persistência do insuficiente reconhecimento, por parte de empresas e de empresários, do valor decorrente da integração de profissionais qualificados. Estas conclusões, necessariamente merecedoras de instrumentos de política adequados, não deverão todavia justificar a desvalorização desta oferta formativa, em particular porque as debilidades que revela são argumentos importantes para prosseguir e, mesmo, reforçar o investimento na qualificação dos recursos humanos. Neste contexto, o quadro seguinte apresenta as principais conclusões da avaliação, estruturadas de acordo com a ordenação das questões de avaliação, nos termos do caderno de encargos. Quadro III: Principais conclusões da avaliação A. Objectivos e metas A procura foi muito significativa face à dimensão dos recursos financeiros alocados às tipologias, e permitiu a concretização das metas. As dinâmicas de procura gerada reflectem o reconhecimento, por parte dos stakeholders, da relevância e pertinência dos CET no sistema de educação e formação e face às necessidades do tecido empresarial. Reconhece-se entre os stakeholders a necessidade de clarificação dos objectivos prioritários dos CET. B. Condições de admissibilidade / elegibilidade e análise de mérito O principal motivo de não admissibilidade/elegibilidade sinaliza desajustamentos entre a oferta e a procura (a procura foi muito superior às disponibilidades financeiras) bem como desajustamento de natureza técnica, relacionados com nos procedimentos de registo, criação e autorização de funcionamento dos CET. Os critérios de selecção são adequados e pertinentes. A análise de mérito das candidaturas foi fortemente constrangida pelas limitações da informação disponibilizada. A necessidade do reforço da selectividade permanece pertinente. C. Articulação temático-regional Persistem debilidades na articulação temático-regional. A recolha e análise da informação que deveria estar na base da articulação temático-regional não é feita de forma extensiva e sistemática por parte dos operadores de formação. D. Dinâmicas de procura e adequação ao mercado A avaliação das áreas de formação apoiadas, numa perspectiva da sua adequação ao perfil produtivo regional, é globalmente positiva, mas identifica-se uma significativa margem de melhoria na selecção das acções com um maior envolvimento do tecido empresarial na sua concepção e operacionalização. E. Tipologia de beneficiários e perfil esperado As decisões de operacionalização das tipologias e o perfil das acções apoiada contribuem, no que respeita à tipologia de beneficiários, para a manutenção de uma oferta diversificada de CET, mas identifica-se uma significativa margem de melhoria na selecção dos beneficiários com a oferta formativa mais adequada face à procura social e económica. As conclusões do estudo de avaliação inicialmente apresentadas fundamentam recomendações que visam superar as ambiguidades detectadas, especialmente concretizáveis pela revisão de orientações legislativas e estratégicas actualmente em vigor. Referimo-nos, por um lado, à conveniência que a equipa de avaliação atribui – aliás com apoio generalizado das informações e reflexões recolhidas nos stakeholders – à clarificação da vocação prioritária dos CET que, tomando em consideração as características e as debilidades do tecido económico, deverá privilegiar as suas responsabilidades na formação profissional de quadros qualificados. 12 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Referenciamos, por outro lado, as debilidades reveladas pelo Catálogo Nacional de Qualificações que conduziram à consagração de excepções à sua aplicação, enquanto condição de admissibilidade, em 2008 e 2009 – conclusão que fundamenta a recomendação de que, designadamente enquanto subsistirem dificuldades objectivas na respectiva inserção de CET, este referencial deve passar a constituir uma orientação, em vez de uma condicionante. Assinalamos ainda, tomando em consideração que o conhecimento das entidades formadoras sobre as necessidades e prioridades de formação e qualificação é insubstituível, que entendemos dever recomendar que a existente fragmentação institucional em cada tipologia de oferta de CET deverá ser superada, assegurando – designadamente através de acções pertinentes da ANQ enquanto entidade reguladora do sistema, a melhoria das condições existentes nas entidades formadoras para responderem a um quadro operacional de maior selectividade e o aumento das suas qualificações e competências, a partilha de experiências e a cooperação. Consideramos, finalmente, que – para além de recomendarmos a implementação de mecanismos generalizados de sistematização de diagnósticos locais de necessidades de formação e de instrumentos de avaliação da empregabilidade - os factores-chave de sucesso serão: • Garantir que a selecção específica da oferta por parte das entidades formadoras não decorre de objectivos de rentabilização dos recursos disponíveis e de fidelização de públicos mas, antes, do diagnóstico de efectivas necessidade de qualificações (tributário da qualidade nos mecanismos de auscultação e participação do tecido empresarial e de acompanhamento dos alunos após a formação); • Assegurar que o quadro regulamentar não constitui um entrave ao desenvolvimento da oferta formativa por parte de algumas tipologias de entidades formadoras, cujas tutelas evidenciam interpretar a orientação legislativa vigente como a consagração da vocação dos CET no contexto do Ensino Superior e do prosseguimento de estudos. Apresentam-se no quadro seguinte as conclusões e recomendações operacional, com indicação das correspondentes questões de avaliação. de natureza Importa explicitar que a natureza eminentemente operacional dos objectivos explicitados no Caderno de Encargos e nas questões de avaliação determinam que uma parte muito significativa das conclusões e recomendações que apresentamos seja coerente com essa orientação. Assumindo também portanto características predominantemente operacionais a respectiva concretização deverá integrar as responsabilidades da Autoridade de Gestão e Secretariado Técnico do POPH; o correspondente acompanhamento deverá ser exercido, no quadro do modelo de governação do POPH, pela Comissão de Acompanhamento. Como assinalámos no relatório, em particular nos parágrafos introdutórios deste capítulo, a avaliação revelou que dimensões relevantes da operacionalização dos CET no âmbito do POPH não decorrem de decisões de gestão mas, antes, de opções estratégicas consagradas em termos legislativos e regulamentares, que a Autoridade de Gestão e o Secretariado Técnico do POPH devem necessariamente respeitar e concretizar. Nas situações em que a prossecução das conclusões e recomendações da avaliação está condicionada por diplomas legislativos ou normas regulamentares, a respectiva concretização implicará alterações nesses diplomas e regulamentos, cuja legitimidade e responsabilidade cabe a órgãos políticos. Assinalamos todavia que, mesmo nestas situações, a Autoridade de Gestão deverá (aceitando as conclusões e recomendações apresentadas) promover a respectiva concretização – através, especialmente, do estabelecimento pró-activo de interacções com departamentos competentes da administração e com os membros do Governo – e assegurar o correspondente acompanhamento. Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 13 Quadro IV. Conclusões e recomendações de natureza operacional Conclusões QA. Recomendações 1. Os procedimentos de registo, criação e autorização de funcionamento dos CET, requisitos prévios que condicionam a sua elegibilidade ao POPH, constituem poderosos instrumentos da respectiva regulação, da competência do Ministério de Tutela subsequente a parecer da Comissão Técnica para a Formação Tecnológica Pós-Secundária (órgão coordenado pela Direcção-Geral do Ensino Superior). 2. Regista-se um aumento tendencialmente significativo da oferta de CET e, sobretudo, uma concentração crescentemente acentuada dos CET registados em Estabelecimentos do Ensino Superior, designadamente Politécnico, que especialmente valorizam o objectivo do prosseguimento de estudos (para o qual a fidelização de formandos desempenha uma função relevante). QA.1 3. Em traços gerais, as dinâmicas de procura verificadas nos dois primeiros avisos permitem QA.2 constatar que o perfil de candidaturas apresentadas e aprovadas corresponde ao esperado, tendo existido uma resposta muito positiva dos diversos grupos de beneficiários potenciais. Os instrumentos e plataformas de gestão das tipologias (formulários, grelha de análise, documentos solicitados no momento da candidatura, etc.) são avaliados de forma globalmente positiva pelos beneficiários, facto que também terá contribuído para a elevada procura. Continuar a estimular a oferta formativa de CET com uma clara vocação profissionalizante, cujos efeitos e impactos serão maximizados pela diversidade na natureza sectorial e/ou temática dos respectivos promotores, públicos e privados. 4. A descrição sintética da configuração actual dos CET evidencia um contraste significativo entre a procura potencial de apoio financeiro no quadro do POPH e a dimensão limitada dos recursos financeiros que neste âmbito se lhes encontram atribuídos. 5. Não obstante o reconhecimento da pertinência e relevância dos CET por parte dos stakeholders, as ambiguidades que marcam a sua natureza profissionalizante ou de prosseguimento de estudos, a integração dos CET nos sistemas de educação e de formação profissional, a diminuição da relevância que parece ser-lhes atribuída por algumas das tutelas políticas e o reforço quantitativo dos CET que parecem especialmente vocacionados para o prosseguimento de estudos poderá comprometer a sua vocação na formação de profissionais qualificados e, consequentemente, a respectiva sustentabilidade e continuidade. QA.2 QA.3 6. A concretização desta possibilidade teria consequências indesejáveis, uma vez que que o tecido económico se encontra significativamente carenciado de profissionais com formação técnica de alto nível, reunindo condições adequadas ao desempenho de funções profissionais altamente qualificadas e de chefia intermédia na indústria e nos serviços (incluindo na gestão pública, particularmente municipal, que surpreendentemente vem revelando reduzido interesse por parte das entidades promotoras de CET). 7. Candidataram-se, no conjunto dos dois avisos em avaliação, 303 projectos, dos quais 207 não foram admitidos por questões de elegibilidade (68%), na sua esmagadora maioria por não deterem o registo prévio ou autorização de funcionamento dos cursos candidatos. Embora o corte expressivo, em ambos os avisos, viesse a ser, em qualquer caso, consequência da significativa diferença entre as dotações orçamentais disponíveis e as exigências financeiras das candidaturas, o volume aparentemente surpreendente de ocorrências de inelegibilidade pelas razões referidas e a informação de que várias entidades se candidataram na expectativa que a autorização de funcionamento dos cursos fosse publicada antes do final do período de análise de admissibilidade, facto que não veio a verificar-se, confirma a conclusão que o prolongamento dos prazos de apreciação dos pedidos por parte da Comissão Técnica para a Formação Tecnológica Pós-Secundária, dos serviços instrutores e das tutelas tem tido um forte impacto no volume de oferta formativa disponível no mercado QA.3 Racionalizar a eficiência e a eficácia na utilização de recursos financeiros públicos, evitando consagrar situações de duplo financiamento como as que se verificaram relativamente a entidades do Ensino Superior Público. 8. As orientações estratégicas e os instrumentos de operacionalização pertinentes no âmbito do POPH reflectem, em coerência com a política pública consagrada na legislação nacional, a dupla natureza dos CET – formação profissionalizante e veículo de acesso ao prosseguimento dos estudos -, sem prejuízo da equipa de avaliação concluir que os respectivos critérios de selecção e os instrumentos de notação e análise de mérito das candidaturas evidenciam uma valorização da sua dimensão profissionalizante. 9. A avaliação realizada conclui que os critérios de selecção estabelecidos são adequados e pertinentes – sem prejuízo de concluir que a consagração de situações de excepção às condições de admissibilidade (como as verificadas relativamente à coerência com o Catálogo Nacional de Qualificações, entretanto ultrapassadas nos períodos de candidatura mais recentes) não configura uma boa prática de gestão. 10. Sublinha-se o contraste entre o elevado nível médio de pontuação dos projectos na análise técnico-pedagógica e o reconhecimento por parte da AG da vulnerabilidade técnica dos instrumentos de diagnóstico de necessidade de formação e acompanhamento dos formandos após a conclusão do curso apresentados por diversas entidades em ambos os avisos. 11. Os elementos recolhidos pela equipa de avaliação indiciam que o grau de exigência na análise técnico-pedagógica terá sido limitada pela qualidade da informação disponibilizada pelos beneficiários para a avaliação dos critérios de selecção com uma natureza mais qualitativa. O risco de fragmentação dos apoios comunitários parece ter sido mais regulado pela reduzida dotação orçamental alocada às tipologias do que por uma decisão clara e explícita de concentração de meios num número restrito de iniciativas que poderiam ser estruturantes. 14 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados QA.4 Aumentar a exigência do POPH na selecção das candidaturas, aplicando com rigor os critérios de selecção estabelecidos, tornando mais evidente a focalização em projectos que fundamentem de forma sistemática e regular o seu contributo para a qualificação e transformação do tecido produtivo. Melhorar a informação disponível em sistema, designadamente incorporando a notação de cada critério e subcritério de selecção atribuída a cada candidatura. Conclusões QA. Recomendações 12. As entidades formadoras são muito sensíveis à importância de maximizar a correspondência entre a formação e as necessidades efectivas de qualificações e manifestam disporem de capacidade para sistematizar informação muito rica sobre a empregabilidade dos seus ex-formandos e as necessidades de formação do tecido empresarial. Verificámos, no entanto, que a recolha desta informação tende a basear-se mais em contactos informais e/ou esporádicos com formandos, empresários, autarquias e associações do que num trabalho sistematizado e regular de auscultação e participação dos respectivos. QA.5 13. Embora o número de formandos e diplomados CET registe (sem prejuízo de manter uma expressão globalmente residual) um aumento muito significativo nos últimos anos, tendo aumentado de forma muito expressiva o stock destas qualificações registado nos Quadros de Pessoal, verifica-se que o aumento do emprego registado não é proporcional ao número de diplomados. Esta conclusão permite sustentar que uma parte muito significativa destes diplomados utiliza o CET como ano propedêutico de acesso ao Ensino Superior, o que não corresponde aos objectivos estratégicos desta oferta de qualificações. 14. As qualificações correspondentes ao nível 5 do QNQ têm um peso marginal na estrutura de emprego e encontram-se concentradas num pequeno conjunto de sectores. O sector dos serviços às empresas representa 37% do total do pessoal ao serviço com qualificação de nível 5 no Continente; juntando os sectores da distribuição e comércio, construção e educação saúde e cultura chega-se a 80%. 15. Reconhece-se o potencial contributo das tipologias em avaliação para um maior equilíbrio entre o peso relativo que os serviços às empresas e os restantes sectores assumem no total de trabalhadores com qualificações correspondentes ao nível 5 do QNQ e para a qualificação dos sectores produtores de bens e serviços transaccionáveis. 16. No entanto, a responsabilidade dos CET nesse processo de transformação será, na perspectiva da equipa de avaliação muito limitado, desde logo devido à reduzida dimensão quantitativa do stock de diplomados. Acresce que concretização deste potencial dependerá, naturalmente, de especificidades dos mercados regionais e locais, as quais a equipa de avaliação considera que não são plenamente consideradas durante o processo de criação de CET e de aprovação dos apoios comunitários, seja devido às debilidades de fundamentação da oferta formativa por parte das entidades promotoras, ou à permanência de uma lógica de sustentação de públicos pouco atenta à eficácia e eficiência da sua actuação nos mercados. 17. A insuficiência de elementos formais de avaliação da empregabilidade e de acompanhamento dos percursos de inserção dos formandos no mercado de trabalho por parte de muitas das instituições formadoras inviabiliza - sem prejuízo do reconhecimento de situações de excepção, onde se destacam as Escolas Tecnológicas – o aprofundamento da avaliação da adequação da formação CET às necessidades do mercado, quer do ponto de vista das necessidades presentes, quer sobretudo das necessidades emergentes a que o perfil de oferta para “nichos” que os CET deveriam poder responder por forma a maximizar a sua pertinência e eficiência. QA.6 QA.7 Promover a superação das insuficiências reveladas pelas instituições formadoras no conhecimento do mercado e no acompanhamento do percurso profissional dos formandos através da aplicação rigorosa dos critérios de selecção, valorizando simultaneamente a qualificação da oferta e das entidades formativas, designadamente sob responsabilidade da ANQ (em articulação com os demais serviços instrutores). 18. Sem prejuízo do papel essencial da ANQ na racionalização da oferta formativa e na divulgação de boas práticas, a equipa de avaliação considera que o recurso à identificação, pela ANQ, dos perfis profissionais mais procurados pelo mercado, compreensível face às debilidades reveladas pelas entidades formadoras, adopta necessariamente uma racionalidade nacional, que não satisfaz os objectivos prosseguidos pelos CET na qualificação do tecido económico regional e local, que são reconhecidos como adequados e pertinentes. 19. A avaliação evidencia que a criação de instrumentos de gestão integrada da oferta de educação e formação que permitam uma maior regulação da adequação das respostas promovidas às necessidades territoriais da economia depende, fundamentalmente, da criação de condições para participação do tecido empresarial na concepção e execução da formação, bem como da produção de informação por parte das entidades formadoras sobre as necessidades de formação, a qualidade da oferta formativa (do ponto de vista dos formandos, formadores e empresas receptoras de estagiários) e o percurso dos formandos, durante a após a formação. 20. As fontes empíricas correspondentes a entrevistas e a estudos de caso apontam para uma certa indiferenciação dos diplomados CET face a detentores de cursos de nível secundário, designadamente na perspectiva de que as empresas não distinguem no plano profissional e remuneratório os níveis de qualificação 4 e 5. 21. O não reconhecimento pelo mercado destas qualificações suscita - designadamente num contexto de fragilidade de instrumentos de política adequados à superação dessa situação - a questão da pertinência deste nível de formação, designadamente porque nenhuma evidência foi recolhida que permita evidenciar a existência de diferenciais positivos, em termos de empregabilidade, entre os CET e os cursos de formação profissional de nível secundário. Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 15 16 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Introdução O presente documento apresenta o Relatório Final Preliminar do Estudo de Avaliação da Operacionalização das Tipologias de Intervenção 1.4 e 9.1.4 do Programa Operacional Potencial Humano – Cursos de Especialização Tecnológica (CET). Enquadra-se num conjunto de avaliações operacionais que têm por finalidade contribuir para a melhoria da operacionalização dos Programas Operacionais (PO), através da análise das suas diferentes fases de implementação. Nos termos do respectivo Caderno de Encargos, o principal objectivo desta avaliação é “aferir da adequação entre os mecanismos de operacionalização e a estratégia definida no PO Potencial Humano (POPH) para as tipologias, produzindo conclusões e recomendações com vista à introdução de melhorias ao nível da regulamentação específica, divulgação, da elegibilidade/admissibilidade, dos critérios de selecção das candidaturas, da gestão interna e acompanhamento da execução da tipologia”. Os objectivos específicos da avaliação são, nos mesmos termos, os seguintes: “- Avaliar se a procura corresponde/é adequada aos objectivos definidos para as tipologias alvo deste exercício; - Avaliar os dispositivos montados para operacionalizar o arranque do Programa”. O relatório, que integra o respectivo Sumário Executivo, encontra-se estruturado do modo seguinte: Sistematiza, de forma sintética, após a presente Introdução, o objecto da avaliação; Apresenta, no capítulo seguinte, os objectivos e as questões chave da avaliação; Descreve, subsequentemente, a abordagem metodológica adoptada, procedendo à identificação dos instrumentos de recolha e análise de informação, bem como das fontes de informação utilizadas, e explicitando as mais significativas limitações da avaliação realizada; Os resultados da avaliação constituem o conteúdo do capítulo seguinte, procedendo-se à apreciação avaliativa das problemáticas suscitadas por cada questão de avaliação de acordo com a sistematização apresentada no Relatório Inicial, correspondente ao Roteiro Metodológico; O capítulo final procede à apresentação das conclusões e recomendações do estudo de avaliação. Apresentam-se em anexo, para além dos Critérios de Selecção e da Grelha de Análise de mérito das candidaturas, informações complementares, de natureza quantitativa. O Sumário Executivo será incluído na versão estabilizada do Relatório Final do Estudo de Avaliação da Operacionalização das Tipologias de Intervenção 1.4 e 9.1.4 do Programa Operacional Potencial Humano – Cursos de Especialização Tecnológica (CET). Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 17 18 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Breve descrição do objecto de avaliação As tipologias de intervenção objecto da presente avaliação integram os Eixos Prioritários 1 – Qualificação Inicial e 9 – Lisboa, do Programa Operacional Potencial Humano (POPH). Reflectindo a prioridade atribuída ao desenvolvimento do potencial humano na estratégia do QREN, o POPH foi dotado com um volume significativo de recursos – cerca de 8,8 mil milhões de Euros, onde o financiamento comunitário através do Fundo Social Europeu (FSE) ascende a 6,1 mil milhões de Euros –, prosseguindo objectivos e implementando instrumentos de política de enorme relevância. O Eixo Prioritário 1 – Qualificação Inicial3 corresponde a uma parcela relevante do POPH, não apenas em termos financeiros (cerca de 2,6 e de 1,8 mil milhões de Euros de Financiamento Total e Comunitário, respectivamente), mas sobretudo tomando em consideração os objectivos prosseguidos: Combater o insucesso e o abandono escolar precoce e prevenir a entrada de jovens com baixas qualificações no mercado de trabalho; Promover o nível secundário como patamar mínimo de qualificação para os jovens; Promover ofertas de formação de dupla certificação, integrando os objectivos de qualificação e inserção profissional e/ou o prosseguimento de estudos; Valorizar o ensino pós-secundário não superior e a qualificação de nível 4 – directamente relacionado com o objecto da avaliação; Promover a empregabilidade dos jovens; Incrementar a Igualdade de Oportunidades entre ambos os sexos. A prossecução destes objectivos é concretizada através de diferentes tipologias de intervenção onde, para além dos Cursos de Especialização Tecnológica, se inserem: Formação profissional inicial em alternância; Cursos Profissionais e Tecnológicos; Cursos de Educação e Formação; Apoio ao reequipamento e consolidação da rede de estabelecimentos de ensino; Ensino Artístico Especializado. Independentemente da importância que se atribua aos Cursos de Especialização Tecnológica, poderá compreender-se neste contexto – face à ambição inerente aos objectivos prosseguidos e à diversidade, complexidade e exigências específicas das tipologias de intervenção que integra – a relativamente reduzida expressão financeira dos CET: 80 milhões de Euros, correspondentes a cerca de 3% da dotação total do Eixo Prioritário 14. Deveremos assinalar que a natureza dos Cursos de Especialização Tecnológica (CET) lhes confere uma situação particular nos sistemas de educação e de formação profissional. Criados originariamente no âmbito do PEDIP, com o objectivo de suprir as insuficiências qualitativas e quantitativas do tecido económico em termos de profissionais altamente qualificados, os CET encontram-se actualmente definidos como formações pós-secundárias não superiores que conferem, uma vez concluídos com sucesso, qualificação do nível 55, propiciando também o reconhecimento do nível secundário de educação aos formandos não titulares dessa habilitação; como no sistema de educação e em muitas outras tipologias do sistema de formação profissional, os CET permitem ainda o prosseguimento de estudos no ensino superior universitário ou politécnico. Como verificaremos ao longo deste relatório, correspondem portanto a uma componente do sistema de ensino que já não é secundária mas que ainda não é superior; e, também, a 3 O POPH integra, por razões justificadas pelos normativos e orientações comunitárias, dois Eixos Prioritários de âmbito Territorial: Lisboa e Algarve. Os conteúdos destes dois Eixos não têm autonomia estratégica face aos restantes sete Eixos Prioritários do POPH, correspondendo à selecção das tipologias de intervenção consideradas mais relevantes nessas regiões. As considerações que se apresentam sobre os CET no contexto do EP 1 são, consequentemente, aplicáveis à implementação dessa tipologia na Região de Lisboa. 4 A que acrescem 3,75 milhões de Euros no Eixo Prioritário 9., equivalentes a cerca de 1% da respectiva dotação. 5 De acordo com o Quadro Nacional de Qualificações (QNQ), aprovado pela Portaria n.º 782/2009, de 23 de Julho. Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 19 uma componente do sistema de formação que vem crescentemente assumindo, designadamente em termos quantitativos, as suas potencialidades enquanto viabilizadora do prosseguimento de estudos no ensino superior. 20 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Objectivos e questões chave da avaliação O Estudo de Avaliação da Operacionalização das Tipologias de Intervenção 1.4 e 9.1.4 do Programa Operacional Potencial Humano – Cursos de Especialização Tecnológica (CET), enquadra-se num conjunto de avaliações operacionais que têm por finalidade contribuir para a melhoria da operacionalização dos Programas Operacionais (PO), através da análise das suas diferentes fases de implementação: regulamentação, divulgação, elegibilidade, selecção, gestão interna e execução e acompanhamento. O principal objectivo desta avaliação é aferir da adequação entre os mecanismos de operacionalização e a estratégia definida no PO Potencial Humano (POPH) para as tipologias referidas, visando a produção de conclusões e recomendações relativas à introdução de melhorias na regulamentação específica, divulgação, critérios de elegibilidade, admissibilidade e selecção das candidaturas, gestão interna e acompanhamento da execução. Os objectivos específicos da avaliação - avaliar os dispositivos montados para operacionalizar o arranque do PO e avaliar se a procura é adequada face aos objectivos definidos para as tipologias – e a generalidade das questões de avaliação reforçam o seu carácter operacional. Alguns dos aspectos a considerar na análise das questões de avaliação (como, por exemplo, a concretização das metas definidas para a tipologia) e a própria delimitação do universo de análise no que respeita à perspectivação da trajectória de execução face aos indicadores de realização e resultados definidos, apontam, contudo, para um exercício de avaliação que assume também uma componente de natureza estratégica. As avaliações operacionais e as estratégicas comungam do mesmo propósito de apresentar recomendações para melhorar o seu desempenho, incidindo ambas sobre as intervenções dos Programas Operacionais. Diferenciam-se todavia, de modo significativo, na perspectiva adoptada (ou na focalização) das avaliações: enquanto os exercícios de natureza estratégica privilegiam a análise dos contributos das operações para os objectivos e prioridades prosseguidos, os de natureza operacional priorizam a análise da implementação das intervenções. Neste contexto, a equipa de avaliação toma em consideração a dupla vertente: centrando a análise no modelo de implementação e operacionalização das tipologias em apreço, mas considerando a análise dos resultados como uma dimensão complementar, na medida, nomeadamente, em que possa espelhar, de forma efectiva, um melhor ou pior desempenho dos mecanismos de operacionalização das tipologias. As questões de avaliação evidenciam uma clara preocupação com a concretização dos objectivos (e alcance das metas) das tipologias em avaliação e com a adequação, para esse efeito, das tipologias de beneficiários (os potenciais e os que efectivamente aderiram ao PO no período em análise). A necessidade de confirmar a adequação/correspondência entre a oferta de cursos financiados pelo Programa e a procura revelada pelo mercado de trabalho em cada região parece também ser uma preocupação fundamental da gestão do Programa, facto que se justifica, no nosso entender, quer por razões de eficácia da intervenção num contexto que sofreu alterações significativas, quer pela própria natureza e génese dos CET. Neste enquadramento, reforça-se a importância do desenvolvimento de uma avaliação integrada, multidimensional e multiparticipada (stakeholders relevantes), que produza sugestões e recomendações com vista à melhoria do desempenho obtido pelas tipologias em análise e, consequentemente, pelo PO. A avaliação foi, portanto, realizada numa lógica pluralista e participativa, no sentido de maximizar a aplicação dos seus resultados, designadamente em termos de conclusões e recomendações. A elaboração do estudo de avaliação privilegiou a produção de informação, de conclusões e de recomendações que desejamos possam ser úteis para todas as partes envolvidas: a Autoridade de Gestão (AG), a Comissão Ministerial de Coordenação do PO, a Comissão de Acompanhamento, o Instituto de Gestão do Fundo Social europeu (IGFSE), o Observatório do QREN e a Comissão Europeia, bem como para as entidades que desenvolvem estes cursos e os seus parceiros, as entidades públicas com responsabilidades na formação, na educação e no emprego, os empregadores e seus representantes e os destinatários finais dos cursos. O âmbito territorial da avaliação inclui as três regiões de convergência e a região de Lisboa, assumindo esta um carácter diferenciado (enquanto região inserida no Objectivo Competitividade Regional e Emprego) no que respeita aos ritmos previstos de execução (centrados no inicio do período de programação) e às limitações imposta na tipologia de beneficiários elegíveis (apenas Escolas Tecnológicas). Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 21 O período de referência da avaliação decorre entre 2008 e 2009, abrangendo dois avisos de abertura de candidaturas. A abordagem metodológica adoptada no exercício de avaliação tomou em consideração os objectivos já explicitados e, adoptando uma perspectiva multimétodo, assente na recolha e tratamento de informação qualitativa e quantitativa com base em fontes de informação diversas, envolvendo os stakeholders. A forte articulação entre algumas questões de avaliação justificou, como referido no Relatório Metodológico oportunamente apresentado, a sua sistematização em grandes grupos temáticos: objectivos e metas; condições de admissibilidade/elegibilidade e análise de mérito; articulação temático-regional; dinâmicas de procura e adequação ao mercado; e tipologias de beneficiários e perfil esperado. O conjunto de questões de avaliação apresentado corresponde a dimensões da avaliação diferenciadas e pressupõe a capacidade da equipa de avaliação para observar e analisar a operacionalização das intervenções em causa sob diferentes perspectivas. O quadro seguinte apresenta a articulação entre as questões e as dimensões de avaliação a utilizar, tendo em consideração os objectivos visados em cada questão. Quadro 1. Articulação entre as questões e as dimensões de avaliação Dimensões de avaliação Nº Questões de avaliação Adequação Pertinência Eficácia A. Objectivos e metas QA.1 A procura é adequada à concretização dos objectivos das tipologias? QA2 As dinâmicas de procura geradas no arranque do PO vão no sentido das dimensões-chave identificadas? B. Condições de admissibilidade / elegibilidade e análise de mérito Os principais motivos da não aceitação de candidaturas por razões de QA.3 admissibilidade/elegibilidade sinalizam desajustamentos entre a oferta e a procura ou tem causas de natureza estrutural ou técnica? Que itens devem ser acrescentados à grelha de critérios de análise, a QA.4 aprovar pela Comissão de Acompanhamento, de modo a permitir uma análise mais dinâmica e discricionária? C. Articulação temático-regional QA.5 Os mecanismos de articulação temáticos-regionais podem ser melhorados? D. Dinâmicas de procura e adequação ao mercado QA.6 Os projectos aprovados vão de encontro às necessidades do mercado de trabalho face às áreas de formação apoiadas? E. Tipologia de beneficiários e perfil esperado A tipologia de beneficiários é adequada aos objectivos e às necessidades do QA.7 mercado de trabalho (são as entidades mais adequadas face à formação sectorial desenvolvida)? 22 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Instrumentos metodológicos A abordagem metodológica encontra-se ancorada num leque diversificado de metodologias e instrumentos de recolha de dados, de análise de informação quantitativa e qualitativa, de avaliação e de difusão e capacitação organizacional. A selecção e a aplicação destas metodologias e instrumentos resultam de uma leitura criteriosa das implicações técnicas e metodológicas decorrentes de cada questão de avaliação, de modo a que sejam aplicadas, em cada uma delas, as ferramentas de recolha, análise e avaliação mais adequadas. Fontes de informação e metodologias de natureza qualitativa As ferramentas de natureza qualitativa seleccionadas pela Equipa de avaliação para concretização dos objectivos do estudo de avaliação nas suas diferentes fases de operacionalização são apresentadas nos parágrafos seguintes. Entrevistas individuais semiestruturadas As entrevistas decorreram entre Abril e Julho de 2011, seguindo um modelo semiestruturado, com base num guião pré-definido. Foram entrevistados responsáveis da AG do POPH (ouvindo, separadamente, a Comissão Directiva e os Secretários Técnicos relevantes), dos serviços instrutores, de entidades formadores nas várias tipologias previstas no quadro regulamentar e de representantes de entidades com relevância no âmbito do objecto de avaliação. Quadro 2. Entidades entrevistadas Data Entidade Entrevistados 02-05-2011 Agência Nacional para a Qualificação - ANQ Luís Capucha 20-04-2011 Associação Nacional de Escolas Profissionais - ANESPO Carlos Vieira 18-05-2011 Associação para a Formação Tecnológica e Profissional da Beira interior AFTEBI Cristina Reis 22-06-2011 Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica CENFIM Vítor Dias 13-05-2011 Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos - CCISP Constantino Rei 01-06-2011 Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas - CRUP António Rendas João Borges 16-06-2011 Comissão Directiva do POPH Alexandra Vilela 01-06-2011 Direcção Geral do Ensino Superior - DGES António Mourão Dias Sofia Mota 02-05-2011 Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação - IAPMEI Maria Helena Cunha Filipa Janeiro 28-07-2011 Instituto de Educação Técnica de Seguros – INETESE Augusto Pascoal 31-05-2011 Instituto Politécnico de Tomar - IPT Pina de Almeida 30-06-2011 Secretariado Técnico do POPH Manuela Mauritti Carla Marques Manuel Moura Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 23 Recolha e análise documental Estas actividades de back-office consistiram na identificação, selecção, recolha e análise de relatórios de execução, documentos de gestão, regulamentos, avisos de abertura de candidaturas, normas e circulares, formulários de candidatura, estudos técnicos e outros documentos, relacionados com os CET, bem como regulamentação nacional e comunitária relativa ao QREN, ao POPH e aos fundos estruturais. Estudos de Caso Os quatro estudos de caso realizados cobrem as diferentes tipologias de promotores e abordam, portanto, temáticas e realidades distintas. Foram analisadas no âmbito dos estudos de caso as características dos projectos candidatados, os aspectos operacionais associados ao ciclo de vida da candidatura (como decorreram as fases de candidatura, análise e contratação), bem como as características das formações já executadas e dos alunos abrangidos. Para tal foi utilizada a informação disponível na regulamentação, em documentos programáticos, no Sistema de Integrado de Informação do Fundo Social Europeu (SIIFSE), bem como elementos adicionais a recolhidos através da auscultação dos promotores. A selecção dos estudos de caso assentou em dois critérios: por um lado, procurou-se, como já foi referido, cobrir diferentes tipologias de promotores, bem como um leque diversificado de áreas de formação; por outro lado, teve-se em atenção a representatividade das entidades na respectiva tipologia, tanto em termos do número de cursos e alunos (com base no inquérito realizado pela ANQ) como da sua experiencia na oferta deste tipo de formação. Apresentam-se de seguida os quatro estudos de caso seleccionados. Associação para a Formação Tecnológica e Profissional da Beira interior AFTEBI A AFTEBI é uma Associação privada de utilidade pública, que tem por objectivos promover e cooperar em acções de desenvolvimento regional e sectorial, designadamente a formação especializada de curta, média ou longa duração, destinada à preparação de jovens e pessoal das empresas com formação tecnológica específica, visando criar especialistas de nível intermédio. A AFTEBI iniciou a sua actividade no último semestre de 1997. Nos sete pólos da AFTEBI – Covilhã, Castelo Branco, Vila Nova de Famalicão, Guarda, Pombal, Trancoso e Vouzela – são oferecidos os seguintes CET: Comércio de Moda, Gestão de Redes e Sistemas Informáticos, Desenvolvimento de Produtos Multimédia, Industrialização de Produto Moda, Ultimação Têxtil, Qualidade Alimentar, Qualidade Ambiente e Segurança, Energia Eólica e Tecnologia, Tratamento de Água e Efluentes, Manutenção Industrial, Automação Robótica e Controlo Industrial. Quadro 3. Estudos de Caso – Candidatura da Escola Tecnológica AFTEBI Ano da Nº Candidatura Projecto Estado do Projecto Região Nº Cursos Data Submissão Apresentados Aprovados Designação dos Cursos Tipologia de Formação Manutenção Industrial Automação, Robótica e Controlo Industrial Energia Eólica e Tecnologias 2009 029466/ 2009/14 26-02Aprovado Centro 2010 8 7 Desenvolvimento de Software e Administração de Sistemas Qualidade, Ambiente e Segurança Desenvolvimento de Produtos Multimédia Gestão de Redes e Sistemas Informáticos 24 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Formação adicional Nº Acções Local de Realização das Acções Apresentados Aprovados 20 12 Custos (milhares de euros) Apresentadas Aprovadas Apresentados Aprovados Covilhã, Guarda, Vouzela, Castelo Branco Covilhã, Guarda, Vouzela, Castelo Branco 5.086 2.950 Fonte: SIIFSE Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica CENFIM O CENFIM foi criado conjuntamente pelas duas Associações do Sector do Norte e do Sul, hoje designadas: AIMMAP - Associação dos Industriais Metalúrgicos Metalomecânicos e Afins de Portugal e ANEMM - Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas e Electromecânicas e pelo IEFP - Instituto do Emprego e Formação Profissional, em 15 de Janeiro de 1985. Nos treze núcleos do CENFIM - Amarante, Arcos de Valdevez, Caldas da Rainha, Ermesinde, Lisboa, Marinha Grande, Oliveira de Azeméis, Peniche, Porto, Santarém, Sines, Torres Vedras e Trofa – é oferecido um amplo conjunto de formações dirigidas às empresas (Formação à Medida, Formação Contínua - Aperfeiçoamento, Formação Modular Certificada, Centro Novas Oportunidades, Apoio Técnico e Organizacional), a adultos (Formação Modular Certificada, Centro Novas Oportunidades, Cursos de Educação e Formação de Adultos, Formação de Formadores a Distância e Presencial, Formação-Acção, Recursos Técnico-Pedagógicos) e a jovens (Cursos de Educação e Formação de Jovens, Cursos de Aprendizagem e Cursos de Especialização Tecnológica). A oferta de formativa correspondente ao nível 5 do QNQ compreende os seguintes cursos: Gestão da produção, Manutenção industrial, Energias renováveis, Tecnologia mecatrónica, Tecnologia mecânica, Refrigeração e climatização. Quadro 4. Estudos de Caso – Candidatura do Centro de Formação Profissional CENFIM Ano da Candidatura Nº Projecto Estado do Projecto Região Nº Cursos Data Submissão Apresentados Aprovados Designação dos Cursos Tipologia de Formação Energias Renováveis 2009 029993/ 2009/14 Não admitido Norte 09-10-209 3 0 Tecnologia Mecânica Formação adicional Tecnologia Mecatrónica Local de Realização das Acções Nº Acções Custos (milhares de euros) Apresentados Aprovados Apresentadas Aprovadas Apresentados Aprovados 8 0 Ermesinde 2.167 0 Fonte: SIIFSE Associação para o Ensino e Formação - INETESE Na INETESE existem duas realidades de formação e ensino distintas, embora em grande medida complementares. A primeira, pensada pelo então Sindicato dos Trabalhadores de Seguros do Sul e Regiões Autónomas em 1990, como uma Escola Profissional, tutelada pelo Ministério da Educação, deu origem ao INETESE – Instituto de Educação Técnica de Seguros. A outra realidade mais recente, desenvolvida em exclusivo pela INETESE – Associação para o Ensino e Desenvolvimento, prende-se com a formação de activos. Noutro contexto, a INETESE criou também o CEFOPI -Centro de Formação Contínua de Professores dos ensinos básico e secundário, homologado em 2009 pelo Conselho Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 25 Científico da Formação Contínua de Professores, que neste momento proporciona mais de 30 acções de formação acreditadas para efeitos de progressão na carreira docente. O INETESE - Instituto de Educação Técnica de Seguros, enquanto Escola Profissional, tem sede em Lisboa e delegações em, Castelo Branco, Évora, Leiria, Faro, Funchal, Angra do Heroísmo e Ponta Delgada e oferece cursos profissionais de nível III e IV, com destaque para o CET Banca e Seguros. Quadro 5. Estudos de Caso – Candidatura da Escola Profissional INETESE Ano da Candidatura Nº Projecto Estado do Projecto Região Data Submissão 2008 006074 /2008/14 Aprovado Alentejo 13-032008 Local de Realização das Acções Nº Acções Nº Cursos Tipologia Designação de dos Cursos Apresentados Aprovados Formação 1 1 Banca e Seguros Formação adicional Custos (milhares de euros) Apresentados Aprovados Apresentadas Aprovadas Apresentados Aprovados 2 1 ÉVORA ÉVORA 533 252 Fonte: SIIFSE Instituto Politécnico de Tomar - IPT Em 1994 foi criada a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Tomar (ESTGT), que sucedeu à então extinta Escola Superior de Tecnologia de Tomar. O carácter pluridisciplinar da então ESTGT conferia-lhe vocação para adquirir o estatuto de Instituto politécnico, o que veio a concretizar-se a 1 de Janeiro de 1997, com duas escolas integradas: a Escola Superior de Tecnologia de Tomar (ESTT) e a Escola Superior de Gestão de Tomar (ESGT). A Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA) foi criada como escola superior integrada no IPT, tendo iniciado as suas actividades lectivas no ano escolar de 1999/2000. A oferta de formativa correspondente ao nível 5 do QNQ compreende os seguintes cursos: Condução de Obra, Desenvolvimento de Produtos Multimédia, Tecnologia e Programação de Sistemas de Informação, Sistemas de Informação Geográfica, Automação, Robótica e Controlo Industrial, Instalações Eléctricas e Automação Industrial, Energia e Biocombustíveis, Aplicações Informáticas de Gestão, Técnicas e Gestão de Turismo, Gestão da Qualidade, Banca e Seguros, Contabilidade e Gestão, Electrónica Médica, Fabricação Automática e Projecto de Construções Mecânicas. Quadro 6.Estudos de Caso – Candidatura do Instituto Politécnico de Tomar Nº Cursos Ano da Nº Estado do Data Região Designação dos Cursos Candidatura Projecto Projecto Submissão Apresentados Aprovados Tipologia de Formação Desenvolvimento de Produtos Multimédia Aplicações Informáticas de Gestão Banca e Seguros 2008 012102/ Aprovado Centro 2007/14 28-022008 8 8 Tecnologia e Formação Programação de adicional Sistemas de Informação Formação Instalação e adicional Manutenção de Redes e Sistemas Informáticos Instalações Eléctricas e Automação Industrial Aplicações Informáticas de Gestão 26 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Nº Acções Local de Realização das Acções Apresentados Aprovados 8 8 Apresentadas Aprovadas Tomar, Torres Novas, Sertã, Abrantes Tomar, Torres Novas, Sertã, Abrantes Custos (milhares de euros) Apresentados Aprovados 978 978 Fonte: SIIFSE Fontes de informação e metodologias de natureza quantitativa As ferramentas de natureza quantitativa seleccionadas pela Equipa de avaliação para concretização dos objectivos do estudo de avaliação nas suas diferentes fases de operacionalização são apresentadas nos parágrafos seguintes. Recolha e análise estatística A recolha de dados provenientes Sistema Integrado de Informação do Fundo Social Europeu (SIIFSE), complementada por outra informação estatística oriunda de diversas fontes oficiais, constituiu uma metodologia basilar para a elaboração do estudo de avaliação. Os dados recolhidos junto do SIIFSE reportam-se à data de 14 de Fevereiro de 2011. Em termos de informação estatística privilegiaram-se os dados do INE, dos Quadros de Pessoal do Ministério do Trabalho e da Segurança Social, do IEFP e da Direcção-Geral do Ensino Superior. Foram utilizadas técnicas de tratamento estatístico que permitiram transformar os dados quantitativos recolhidos a partir do sistema de informação PO em indicadores de desempenho (indicadores de realização física e financeira, indicadores de resultados, caracterização do perfil dos beneficiários), que contribuem decisivamente para a prossecução dos objectivos do estudo. A análise espacial apresentou especial interesse no presente estudo de avaliação tendo em consideração a diversidade de dados a tratar de acordo com a segmentação regional. Web Survey No âmbito da presente avaliação foi efectuado um inquérito em suporte online a todos os promotores de projectos candidatados aos avisos de 2008 e 2009, independentemente dos seus projectos terem sido ou não aprovados, sem prejuízo do conteúdo do inquérito ter sido, naturalmente, adaptado, à decisão de aprovação. Apresenta-se de seguida a desagregação do número de inquéritos lançados e de respostas por tipologia de beneficiário (relativizadas face ao universo inquirido e às entidades com projectos aprovados), bem como a metodologia de implementação do Web Survey. Quadro 7. Número de respostas ao Web Survey, por tipologia de beneficiário Entidades inquiridas Tipologia de entidade Entidades inquiridas com pelo menos um projecto aprovado Entidades que responderam ao inquérito Nº % no Total Nº % no Total Nº (1) (2) (3) (4) (5) % no Total % nas entidades inquiridas % nas entidades inquiridas com projectos aprovados (6) (7)=(5)/(1) (8)=(5)/(3) Estabelecimentos de educação e ensino secundário 19 11% 1 3% 0 0% 0% 0% Escolas profissionais 38 21% 2 5% 5 13% 13% 250% Estabelecimentos de ensino superior 35 20% 18 47% 16 41% 46% 89% Centros de formação profissional 6 3% 2 5% 1 3% 17% 50% Escolas tecnológicas 7 4% 7 18% 5 13% 71% 71% Escolas do Instituto de Turismo 1 1% 1 3% 1 3% 100% 100% 72 40% 7 18% 11 28% 15% 157% 178 100% 38 100% 39 100% 22% 103% Outras entidades formadoras Total Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 27 Quadro 8. Implementação da metodologia Web Survey Concepção do questionário A formulação do enunciado de questões a aplicar no inquérito iniciou-se quando da elaboração do Relatório Inicial. Antes da publicação e divulgação do Web Survey, procedeu-se à sua validação com a AG e com o Grupo de Acompanhamento do Estudo (que validou os questionários aquando do parecer sobre o Relatório Inicial, apontando apenas algumas preocupações relativamente a determinadas questões, que foram posteriormente reflectidas no questionário, e à representatividade da amostra). Produção do questionário online Antes de publicar o Web Survey e de enviar via e-mail o pedido de participação, procedeu-se a uma fase de testes para avaliar a qualidade do inquérito e a fiabilidade da base de dados estruturada para receber as respectivas respostas. Partindo do enunciado de questões procedeu-se à construção do formulário em formato HTML, utilizando para o efeito uma aplicação Web. Preparação de mailing Publicação e divulgação Acompanhamento e monitorização Recolha, sistematização e análise dos dados Depois de solicitada a informação respeitante ao universo de entidades que apresentaram candidaturas, independentemente destas terem sido aprovadas, a AG do POPH forneceu uma base de dados com os contactos e-mail para os quais foi enviado um pedido de participação. No dia 16 de Março de 2011 procedeu-se à publicação online do inquérito e ao envio de e-mails a 189 promotores, explicitando o âmbito do inquérito e a hiperligação a que as entidades poderiam aceder para responder. Após a publicação e divulgação do Web Survey, procedeu-se à monitorização e acompanhamento da inquirição, tendo sido dado apoio via telefone e e-mail a algumas entidades que encontraram dificuldades em aceder e/ou a responder ao questionário. A partir do dia 24 de Março foram desencadeadas várias iniciativas de apelo à participação, através de mensagens de correio electrónico e contactos telefónicos. Após a submissão do questionário por parte dos respondentes, as respostas foram automaticamente carregadas e sistematizadas numa base de dados online. Foram validadas 39 respostas, num universo de 178 entidades inquiridas (taxa de resposta de 22%). Apesar de ter sido desencadeada uma iniciativa de apelo à participação dirigida aos estabelecimentos de educação e ensino públicos e particulares ou cooperativos que ministram cursos de nível secundário não foi recepcionada qualquer resposta válida desta tipologia de beneficiários. Após o encerramento do período de aceitação de respostas, procedeu-se à exportação dos dados recolhidos pela aplicação online em formato compatível com folha de cálculo (Excel) e à produção de tabelas e gráficos incorporados no presente Relatório. Principais limitações das fontes de informação e metodologias de análise Ciente do papel que a informação recolhida pelo SIIFSE tem para o processo avaliativo, a Equipa de Avaliação procurou, desde o arranque dos trabalhos, concertar esforços com a AG e o Secretariado Técnico no sentido de obter a informação necessária, tendo recebido toda a colaboração solicitada. Ao longo do mês de Novembro e Dezembro de 2010 a equipa de avaliação recebeu um conjunto de ficheiros com informação sobre os projectos candidatos e apoiados. No dia 0102-2010 foi efectuado um pedido de esclarecimento acerca da informação recepcionada em particular sobre as variáveis “Estado do projecto” e “Motivo de indeferimento/arquivo”. Para além dos esclarecimentos, foi também efectuado um pedido de informação incidindo sobre a tipologia de beneficiários, a área de formação dos cursos candidatos, a designação dos cursos e a pontuação obtida pelos projectos em cada critério de selecção, variáveis não incluídas nos primeiros ficheiros enviados pelo Secretariado Técnico e consideradas cruciais na resposta a todas as questões de avaliação. Entre 15-02-2011 e 16-02-2011 a Equipa de Avaliação recebeu parte da informação pedida; a 17-03-20011 o Secretariado Técnico a confirmou que a informação sobre a pontuação obtida em cada critério de selecção não estava inserida no SIIFSE. Entre 18-032011 e 21-03-2001 a Equipa de Avaliação recebeu a restante informação em falta, com excepção da variável “Área de formação” que só viria a ser recepcionada a 16-04-2011. A 14-07-2011 a Equipa de Avaliação reuniu com o Secretariado Técnico com o objectivo de avaliar algumas incongruências detectadas entre a informação quantitativa e qualitativa recolhida. No seguimento da reunião, forma confirmadas algumas lacunas na informação recolhida, nomeadamente as que respeitavam ao número de cursos e acções candidatadas pelas entidades que viram os seus projectos aprovados, e que foram colmatadas até ao dia 25-07-2011. As lacunas de informação são particularmente evidentes no tratamento necessário para responder às questões de avaliação QA4 e QA5. Com efeito, a resposta a 28 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados estas questões dependia significativamente da disponibilização de informação sobre os critérios de selecção aplicados na análise de mérito (candidaturas sujeitas a esta análise, independentemente da sua posterior aprovação ou reprovação). No que respeita à informação quantitativa obtida através de outras fontes, não foi possível obter junto da DGES dados sobre o número de pedidos de registo e autorização de CET apreciados pela Comissão Técnica para Formação Tecnológica Pós-Secundária, nem sobre a periodicidade e regularidade das reuniões desta Comissão. Sublinha-se também a limitação da informação obtida através do Web Survey: apesar dos esforços desenvolvidos pela Equipa de Avaliação e pelo Secretariado Técnico do POPH na monitorização e acompanhamento da inquirição - apoio via telefone e e-mail a algumas entidades que encontraram dificuldades em aceder e/ou a responder ao questionário, iniciativas de apelo à participação, através de mensagens de correio electrónico e contactos telefónicos – a reduzida taxa de resposta limitou o potencial analítico do Web Survey. No plano qualitativo, refira-se finalmente que a insuficiência de elementos formais de avaliação da empregabilidade e de acompanhamento dos percursos de inserção dos formandos no mercado de trabalho por parte de muitas das instituições formadoras prejudica o aprofundamento da avaliação da adequação da formação CET às necessidades do mercado. Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 29 30 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Resultados da avaliação No âmbito dos objectivos e metas QA1. As dinâmicas de procura geradas no arranque do PO vão no sentido das dimensões-chave identificadas? QA2. A procura é adequada à concretização dos objectivos das tipologias? As duas questões de avaliação em apreço visam analisar como os objectivos estratégicos do POPH, em particular os associados às tipologias em avaliação, se articulam com as dimensões-chave identificadas – entendidas como os objectivos enunciados no Regulamento Específico (RE) dos CET -, verificando também em que medida as procuras geradas vão ao encontro dos mesmos objectivos (estratégicos do POPH e explicitados no RE dos CET). Procede-se, para este feito, à revisitação da análise de relevância, pertinência e coerência estratégica das tipologias efectuada na avaliação ex-ante do POPH, validando as opções tomadas. A análise da procura dirigida ao Programa centra-se em dois vectores principais: o tipo de beneficiários que concorreu e as características das candidaturas apresentadas. As questões remetem-nos para análise, nestas duas vertentes, da expectativa de concretização das metas das tipologias e para o relacionamento entre a adesão às tipologias e a operacionalização dos instrumentos adoptados (divulgação, avisos, regulamentos específicos, etc.). Avaliação Os CET são cursos pós-secundários não superiores correspondentes ao nível 5 do QNQ. No contexto de um tecido empresarial com fortes vulnerabilidades em termos de quadros intermédios qualificados, e de um mercado de trabalho em constante e rápida mutação que se caracteriza por dinâmicas conjunturais e territoriais muito variadas, os CET assumem uma natureza relativamente flexível, ágil e diversificada face a outros percursos qualificantes e profissionalizantes. De facto, os CET articulam uma variedade de tipos de qualificação – o plano de formação dos CET integra uma componente de formação geral e científica, uma componente de formação tecnológica e uma componente de formação em contexto de trabalho – de instituições – os cursos são ministrados em Estabelecimentos do Ensino Superior, Estabelecimentos do Ensino Secundário, Centros de Formação Profissional e Escolas Tecnológicas e outras instituições de formação acreditadas pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social – e, até, de tutelas6 – os pedidos de criação e autorização dos CET são dirigidos aos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, da Educação, do Trabalho e Solidariedade Social ou ao da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento, conforme a natureza da instituição de formação. A aprovação num CET confere ao formando um diploma de especialização tecnológica e oferece, adicionalmente, a possibilidade de inscrição no ensino superior, através de concurso especial, cabendo a cada Estabelecimento do Ensino Superior fixar quais os CET que facultam acesso a cada um dos seus cursos superiores. OS CET foram criados no início dos anos 90 nas Escolas Profissionais (Decreto-Lei nº 70/93, de 10 de Março, regulamentado pela Portaria nº 1227/95, de 10 de Outubro) como formações pós-secundárias não superiores de carácter profissionalizante, acessíveis a formandos com uma qualificação profissional prévia. A revisão desta regulamentação, através da Portaria nº 989/99, de 3 de Novembro, procede à aproximação dos CET ao modelo actual, permitindo uma maior flexibilidade curricular e dando a possibilidade de acesso específico ao Ensino Superior, sem prejuízo de reafirmar a consagração do objectivo prioritário de aproximação às necessidades do mercado de trabalho e da inserção profissional dos formandos: “permite-se também, sem que seja posto em causa o objectivo prioritário da inserção profissional, que aos diplomados de cursos de especialização tecnológica seja dada a possibilidade de acesso específico ao ensino superior, desde que com experiência profissional demonstrada durante um período posterior à conclusão da formação de especialização regulada por este diploma” (Portaria nº 989/99). Os sinais de uma maior articulação entre níveis académicos e de qualificação profissional e de reforço do papel dos Estabelecimentos do Ensino Superior na oferta de formação profissional, dados pelas primeiras alterações à Portaria nº 989/99, viriam a ser confirmados e clarificados com a aprovação do Decreto-Lei nº 88/2006, de 23 de Maio. 6 O presente relatório utiliza a nomenclatura ministerial adoptada nos instrumentos legislativos e regulamentares em vigor. Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 31 Entre as alterações mais significativas do regime em vigor face ao anterior destacam-se: A abertura dos CET a um maior número de públicos, nomeadamente, numa lógica de facilitação da mobilidade profissional e de adaptabilidade a diferentes percursos profissionais, a titulares de diplomas de especialização tecnológica e de ensino superior em áreas com dificuldades de empregabilidade e que desejam preparar-se para outras saídas profissionais e a indivíduos com idade igual ou superior a 23 anos cujas capacidades e competências sejam reconhecidas com validas para a inscrição num CET ministrado num Estabelecimento do Ensino Superior; A modificação do regime de acesso ao ensino superior para os titulares dos CET, prevendo que os titulares de um diploma de especialização tecnológica possam concorrer à matrícula e inscrição no ensino superior através de um concurso especial. Em consequência destas alterações, junta-se ao objectivo primordial de inserção dos formandos no mercado de trabalho imediatamente após a conclusão do curso, o correspondente a promover a entrada no mercado de trabalho em momento posterior, remetendo para o curto prazo o prosseguimento dos estudos. Esta nova dimensão da acção formativa dos Estabelecimentos do Ensino Superior conheceu um forte desenvolvimento nos últimos anos, tendo sido particularmente importante no ensino politécnico do subsistema público e no ensino universitário do sistema privado: entre 2008 e 2010 foram registados 385 CET, dos quais cerca de 70% em Estabelecimentos do Ensino Superior e 41% no Ensino Politécnico do subsistema público. Considerando os últimos dados divulgados pelas diferentes tutelas (2008/2009) verifica-se que o Ensino Superior Politécnico corresponde a cerca de 67% dos alunos inscritos, valor que surge ainda mais elevado no inquérito realizado em 2010 pela ANQ (74%) Quadro 9. CET registados em Estabelecimentos do Ensino Superior ao abrigo do DL 88/2006 Tipo de Instituição Privado Publico Tipo de Ensino 2007 2009 2010 2011 6 9 11 6 9 Politécnico Universitário Politécnico Universitário Total Ensino Superior A aguardar publicação 2008 Total 41 24 20 15 4 22 85 51 62 28 69 30 28 268 5 4 7 13 9 5 43 56 96 64 108 49 64 437 Fonte: Direcção Geral do Ensino Superior; dados actualizados até 27-05-2011 Quadro 10. CET autorizados em estabelecimentos de formação e ensino não superior ao abrigo do DL 88/2006 Tipo de Instituição 2008 2009 2010 Total 31 7 15 53 Escolas Tecnológicas e do Instituto de Turismo de Portugal Estabelecimentos de Ensino Secundário e Profissional Centros de Formação Profissional 2 (1) Total 33 21 23 27 14 41 34 50 117 Fonte: Direcção Geral do Ensino Superior; dados actualizados até 16-12-2010; (1) Inclui outras instituições de formação acreditadas pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social Quadro 11. Alunos nos CET em funcionamento Alunos 2008/09 Tipo de Instituição Nº Ensino Superior Centros de Formação Profissional Escolas Tecnológicas e do Instituto de Turismo de Portugal Estabelecimentos de Ensino Secundário e Profissional Total 5.832 Alunos 2009/10 % 67% Nº % 6.993 74% 223 71% 143 2% 250 3% 13 4% 2.639 30% 1.997 21% 71 23% 102 1% 229 2% 8 3% 8.716 100% 9.469 100% 315 100% Fonte: Dados 2008/09 – GPEARI/MCTES, IEFP/MTSS, IAPMEI/MEID e ANQ; Dados 2009/10 – ANQ, Inquérito aos CET 2009/2010 32 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Cursos em funcionamento 2009/10 Nº % A oferta de CET apresenta uma cobertura territorial relativamente equilibrada, fruto em grande medida da implantação da rede de Institutos Superiores Politécnicos fora dos grandes centros urbanos do litoral. Figura 1.Cursos em funcionamento em Estabelecimentos do Ensino Superior, 2009/2010 Legenda Nº Cursos Sistema de Ensino Superior 1-4 Público Universitário 5 - 10 Público Politécnico 11 - 22 Privado Universitário Privado Politécnico Fonte: Equipa de Avaliação com base em dados do GPEARI/MCTES Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 33 A estratégia de captação de alunos “não tradicionais” por parte dos Institutos Superiores Politécnicos - em que os alunos de CET são apenas uma parte, à qual se somam, designadamente, os alunos que acedem ao ensino superior por via dos concursos dirigidos à população com mais de 23 anos – tem tido um sucesso assinalável, contribuindo para a travagem ou até mesmo a inversão da tendência de diminuição da população estudantil nestas instituições: o número de alunos inscritos em Institutos Superiores Politécnicos públicos, que entre 2002 e 2006 tinha diminuído cerca de 7%, tem aumentado gradualmente nos últimos anos, para o que terá contribuído a inscrição de alunos em CET que, no ano lectivo de 2009/2010, já representava cerca de 4% do total de alunos inscritos nestas instituições. Gráfico 1. Alunos Inscritos em Estabelecimentos do Ensino Superior (incluindo CET) 450 000 Privado Politécnico Privado Universitário Público Politécnico Público Universitário 400 000 350 000 300 000 250 000 200 000 150 000 100 000 50 000 0 00-01 01-02 02-03 03-04 04-05 05-06 06-07 07-08 08-09 09-10 Ano lectivo Fonte: GPEARI/MCTES; Inclui os inscritos em todas as formações ministradas em Estabelecimentos do Ensino Superior (desde que tenham duração igual ou superior a 2 semestres e 60 ECTS ou 300 horas e sejam sujeitas a avaliação No sistema politécnico destaca-se, pela dimensão quantitativa, a oferta do Instituto Superior Politécnico de Leiria, que em 2009/2010 tinha cerca 1400 alunos inscritos em 23 cursos com um leque muito alargado de áreas de formação, seguindo-se os de Tomar e Bragança. No sistema universitário salienta-se, em primeiro lugar, a Universidade de Aveiro (com 537 alunos inscritos em 14 cursos), seguida pelo Instituto Superior da Maia, com 336 alunos. Entre as Escolas Tecnológicas – a segunda tipologia com o maior número de alunos inscritos em CET – destaca-se, de acordo com o inquérito realizado pela ANQ, a AFTEBI com 501 alunos e a FORESP com 227 alunos no ano lectivo de 2009/2010. 34 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados O enquadramento dos CET no QREN é efectuado nos Eixos Prioritários 1 e 9 do POPH, revelando uma concentração destes apoios face ao verificado no QCA III, onde o financiamento se processava através de vários Programas Operacionais (POEFDS, PRIME, POCI2010, PRODEP III). Os CET são apoiados nas tipologias 1.4. (para as regiões de convergência) e 9.1.4. (região de Lisboa), com base nas seguintes dotações. Quadro 6: Dotação das tipologias 1.4 e 9.1.4 no POPH Eixo Prioritário Dotação 2007/2013 Eixo 1 – Qualificação Inicial 2.637.142.857 € 1.4 Cursos de Especialização Tecnológica 80.000.000 € Eixo 9 – Lisboa 3% 355.965.474 € 9.1.4 Cursos de Especialização Tecnológica 3.750.000 € 1% Fonte: Relatório Mensal de Gestão Financeira, situação reportada a Maio 2011 O objectivo global de elevar a qualificação dos jovens é claramente enunciado no POPH, apontando-se como patamar mínimo de qualificação de jovens e de adultos o nível secundário de ensino e de formação profissional; é especialmente destacada a importância da diversificação e expansão das ofertas de natureza profissionalizante de dupla certificação, no quadro da estratégia de combate ao insucesso escolar e à saída precoce do sistema educativo antes da conclusão do secundário, bom como da valorização da experiência profissional adquirida na vida activa. O estímulo à oferta de cursos profissionalizantes, com o duplo objectivo de elevar os níveis de qualificação da população e dar resposta às necessidades crescentes do tecido socioeconómico em termos de quadros intermédios, é claramente coerente com a regulamentação específica dos CET, constante do Despacho n.º 18232/2008, de 8 de Julho de 2008. Quadro 7: Objectivos estratégicos das tipologias em avaliação Eixo Prioritário I do POPH Regulamento Específico CET Objectivos Gerais Artigo 3º - Objectivos Combater o insucesso e o abandono escolar precoce e prevenir a entrada de jovens com baixas qualificações no mercado de trabalho; Promover o nível secundário qualificação para os jovens; como patamar mínimo de Promover ofertas de formação de dupla certificação, integrando os objectivos de qualificação e inserção profissional e/ou o prosseguimento de estudos; Valorizar o ensino pós-secundário não superior e a qualificação de nível IV7; Promover a empregabilidade dos jovens; Incrementar a Igualdade de Oportunidades entre ambos os sexos. Objectivos Específicos Promover o desenvolvimento de formações qualificantes pós-secundárias, caracterizadas por promover uma formação técnica de alto nível e incluir conhecimentos e capacidades que pertencem ao nível superior; Desenvolver competências pessoais e profissionais adequadas ao exercício profissional qualificado; Promover percursos formativos que integrem os objectivos de qualificação e inserção profissional e permitam o prosseguimento de estudos; Promover a recuperação escolar e a requalificação profissional. Elevar os níveis de qualificação escolar e profissional dos jovens, com vista à sua inserção profissional e/ou prosseguimento de estudos; Valorizar o ensino pós-secundário não superior e a qualificação de nível IV Não obstante a avaliação globalmente positiva da coerência dos objectivos estratégicos das tipologias 1.4 e 9.1.4, foram levantadas na avaliação ex-ante um conjunto de questões sobre a coerência, relevância e pertinência do Eixo Prioritário 1, cuja discussão, no caso específico dos CET, não deverá ser negligenciada, independentemente de ultrapassar largamente o objecto da presente avaliação. 7 Entendido como correspondente ao nível 5 do QNQ. Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 35 Caixa de Texto 1: Análise do Grau de Convergência da Avaliação Ex-Ante do eixo Prioritário 1 com o Regulamento Específico, critérios de selecção e instrumentos de notação das tipologias 1.4 e 9.1.4 Relevância: “O objectivo de valorização das formações pós-secundárias não superiores, vulgo CET, implica a extensão da possibilidade da sua oferta às escolas profissionais e às escolas secundárias de cariz mais profissionalizante, em articulação com o ensino superior, como já sucedeu e com reconhecido sucesso, não acantonando a sua oferta nas instituições de Ensino Superior.” Pertinência: “A lógica da oferta aqui criticada, mantém-se como a lógica predominante no novo QREN, de tal modo a lógica dos actores, das dinâmicas socioeconómicas e da procura local está subvalorizada.” Coerência externa: “Há duas áreas onde as metodologias de alcance dos objectivos não estão claras: sobre que rede e sobre que articulação horizontal e local se vai erguer esta nova oferta de qualificação; qual o papel do sector privado da economia e das PME na promoção do acesso e no usufruto destas qualificações para a inovação e competitividade empresarial”. Fonte: Avaliação ex-ante do PO PH Na avaliação ex-ante do POPH não é realizada uma análise de coerência, pertinência e relevância das tipologias 1.4 e 9.1.4 em particular, mas antes do Eixo 1 na sua globalidade. Ainda assim, identifica-se uma preocupação transversal com a qualidade da oferta de dupla certificação e com a operacionalização da sua dimensão profissionalizante, em particular da articulação com o tecido económico e social. As orientações estratégicas e os instrumentos de operacionalização pertinentes no âmbito do POPH reflectem, em coerência com a política pública consagrada na legislação nacional, a dupla natureza dos CET – formação profissionalizante e veículo de acesso ao prosseguimento dos estudos -, sem prejuízo da equipa considerar, designadamente tendo em conta os resultados dos diversos instrumentos de avaliação utilizados, que os respectivos critérios de selecção e os instrumentos de notação e análise de mérito das candidaturas evidenciarem uma valorização da sua dimensão profissionalizante. De facto, o RE não só abre no artigo 7º o financiamento a todas as entidades autorizadas a ministrar CET, como é reforçada nos critérios de selecção (artigo 9º) a relevância da formação proposta face às necessidades locais, regionais e nacionais, determinada, designadamente, pelas perspectivas de empregabilidade; do contributo para o desenvolvimento de sectores considerados estratégicos; da participação de empresas de referência, nomeadamente potenciais empregadoras, na formulação da proposta e desenvolvimento da oferta formativa; da qualidade comprovada e grau de sucesso escolar e profissional das formações realizadas na entidade formadora, avaliadas, designadamente, através das taxas de empregabilidade; da existência de mecanismos facilitadores da inserção profissional dos diplomados e ou de acompanhamento do seu percurso no período pós – formação. A valorização da dimensão profissionalizante viria também a ser confirmada na grelha de análise das candidaturas, destacando-se a pontuação atribuída à taxa de empregabilidade e à adequação da oferta formativa ao desenvolvimento de sectores estratégicos, valendo no seu conjunto um máximo de 30 pontos num total de 100. Não obstante os documentos de operacionalização afirmarem explicitamente o propósito e relevância do acompanhamento dos diplomados no período pós-formação e dos contactos regulares com o tecido empresarial local e regional, como condição essencial para avaliar a procura dirigida aos cursos por parte de potenciais alunos e empregadores, as actividades realizadas no âmbito da presente avaliação não permitem fundamentar a eventual (e, na perspectiva da equipa de avaliação, desejável) conclusão de que as referidas orientações sejam efectivamente prosseguidas em todas as dimensões que se justificaria concretizar. Sem prejuízo da identificação de casos pontuais em que o diagnóstico de necessidades de formação e a avaliação da empregabilidade constituem actividades regulares das entidades formadoras, permitindo construir uma série longa de dados (situação de que são exemplo destacado as Escolas Tecnológicas) as informações recolhidas durante as entrevistas realizadas indicia que estas actividades ou se encontram numa fase incipiente na maioria das entidades, ou são realizadas de forma não sistemática e meramente reactiva, na sequência tanto dos estágios profissionais dos alunos como de interacções desenvolvidas por iniciativa de empresas ou outras instituições. No conjunto de entrevistas realizadas aos stakeholders foi reconhecido, de forma unânime a pertinência e relevância dos CET no actual sistema de educação e formação, muito em particular junto de dois públicos: jovens que terminaram o ensino secundário e que optam por concluir um percurso de especialização tecnológica antes de entrarem no mercado de trabalho; adultos com experiência profissional para, quem os CET constituem uma oportunidade de actualização, especialização ou reconversão das suas competências, potenciadora de uma melhoria da sua inserção no mercado de trabalho. Veja-se o exemplo do CET Banca e Seguros ministrado na escola profissional INETESE, analisado no âmbito dos estudos de caso: segundo o director pedagógico da escola, a forte competitividade que caracteriza o mercado de trabalho no sector da banca e seguros incentiva os profissionais a prosseguirem a sua formação, verificando-se que a maioria dos alunos continua a exercer a sua actividade profissional durante a formação e que uma parte significativa (cerca de 30% no caso do pólo de Lisboa) opta, após a conclusão do CET, por prosseguir para o ensino superior em horário pós-laboral de forma a conciliar a formação com a sua actividade profissional. 36 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados No entanto, foi também reconhecida a crescente adesão de um terceiro público a esta modalidade de dupla certificação: jovens que reconhecem nos CET uma possibilidade de simultaneamente concluírem o ensino secundário (no caso de jovens que, tendo estado inscritos no 12º ano de um curso de ensino secundário, ainda não o concluíram), ganharem o direito a concorrer ao ensino superior por via de um concurso especial e garantirem algumas equivalências a disciplinas de uma licenciatura. Ainda que não existiam fontes estatísticas oficias que permitam identificar a proporção dos alunos inscritos em CET que logo, após a conclusão da formação, prosseguem os estudos no ensino superior, sem passarem pelo mercado de trabalho, foi reconhecido de forma sistemática e transversal nas entrevistas aos stakeholders, designadamente nas instituições do Ensino Superior, a tendência para os CET serem encarados por uma parte significativa dos inscritos como um “ano zero” de uma licenciatura e cada vez mais assumirem, designadamente em termos quantitativos, as suas potencialidades enquanto um percurso viabilizador do prosseguimento de estudos no ensino superior e, consequentemente, enquanto um instrumento de optimização dos recursos de alguns Estabelecimentos de Ensino Superior que desde 2002/2003 vinham a sofrer com a contracção da população estudantil. Num quadro regulamentar favorecedor da permeabilidade entre as diferentes modalidades de ensino e formação, a equipa de avaliação considera dever ser garantido, em primeiro lugar, que os CET não são desvirtuados por objectivos de captação de alunos por parte de Estabelecimentos do Ensino Superior, que pouco têm a ver com os objectivos de direccionar a aprendizagem para uma efectiva inserção no mercado de trabalho; e, em segundo lugar, que os CET são ministrados por entidades que dispõem ou se encontram em condições de mobilizar os recursos físicos, técnicos e pedagógicos necessários para desenvolver cursos de dupla certificação deste nível. Deveremos assinalar, a este propósito, que os objectivos das tipologias 1.4 e 9.1.4 explicitados na regulamentação específica são, globalmente, avaliados de forma muito positiva pelas entidades que apresentaram candidaturas aos avisos de 2008 e 2009 nas respostas ao inquérito online lançado no quadro da presente avaliação; é, todavia, o objectivo “Desenvolver competências pessoais e profissionais adequadas ao exercício profissional qualificado” que suscita opiniões mais positivas, indiciando o reconhecimento por parte dos promotores da pertinência e relevância do estimulo à oferta formativa de CET com vocação profissionalizante, cujos efeitos e impactos serão maximizados pela diversidade na natureza sectorial e/ou temática dos respectivos promotores, bem como do seu carácter público e/ou privado, sem com isso prejudicar as oportunidades que os CET propiciam no prosseguimento de estudos. Esta percepção foi também confirmada nos estudos de caso, tendo sido sublinhado que os CET vieram responder a uma necessidade duradoura do tecido empresarial e que objectivo de produção de profissionais qualificados e dotados de alguma autonomia não deverá ser desvirtuado. Este reconhecimento, que deverá estar presente em qualquer reflexão sobre os CET, articula-se fortemente com a segunda questão de avaliação, que pretende analisar em que medida a tipologia de beneficiários que concorreu às tipologias e o volume/valor de candidaturas submetidas se revelam adequados à prossecução dos objectivos e metas previstos em sede de concepção. A resposta à questão de avaliação exige, desde logo, a definição do “perfil esperado” de candidaturas, sendo do entendimento da equipa de avaliação que, definindo o “perfil esperado” como as características das candidaturas no quadro dos objectivos estabelecidos para os CET, a análise avaliativa realizada evidencia que as candidaturas apresentadas/aprovadas concorrem para o respectivo cumprimento desde que o desempenho financeiro e físico programado seja concretizado. Nesse sentido importa aferir a intensidade da procura dirigida aos avisos, avaliar a adequação dos instrumentos de operacionalização do PO e das tipologias no sentido de promover dinâmicas de procura conducentes à concretização dos objectivos e metas previstos em sede de concepção e avaliar o grau de concretização das mesmas. Quadro 12. Candidaturas apresentadas e aprovadas Ano do Aviso Candidaturas Nº Nº Projectos Cursos Aprovações Custos (milhares euros) Nº Cursos Custos (milhares euros) Nº Acções Nº Formandos Volume Formação (milhares de horas) 2008 190 524 141.459 114 25.438 140 2567 4.741 2009 113 252 73.078 90 24.218 123 2145 3.670 Total 303 776 214.537 204 49.656 263 4712 8.411 Fonte: SIIFSE Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 37 Entre 2008 e 2009 foram lançados, no quadro das tipologias 1.4 e 9.1.4, dois avisos para apresentação de candidaturas: no primeiro, que incidiu sobre as duas tipologias, o período de candidatura decorreu no primeiro trimestre de 2008 e foi aberto a todas as entidades previstas na regulamentação específica (com excepção das candidaturas à região de Lisboa, onde apenas foram aceites candidaturas apresentadas por Escolas Tecnológicas); no segundo, que incidiu apenas sobre a tipologia 1.4, o período de candidaturas decorreu em Setembro e Outubro e não foram consideradas candidaturas apresentadas por Estabelecimentos do Ensino Superior Público. Aos avisos lançados em 2008 e 2009 foram apresentados um total de 303 candidaturas, perfazendo um montante de custo total candidatado na ordem dos 215 milhões de euros, o que ilustra uma forte dinâmica de procura face à dotação financeira programada para estas tipologias. Ainda assim, a limitação das tipologias de entidades consideradas no aviso de 2009 teve um evidente efeito no volume de procura: em 2008 foram apresentados 190 projectos, correspondentes a 524 cursos; os Estabelecimentos do Ensino Superior candidataram 185 cursos, o que corresponde a 35% do total. Em 2009 foram apresentados 113 projectos, correspondentes a 252 cursos. De acordo com a informação recolhida pela equipa de avaliação, a opção pela limitação das tipologias de beneficiários elegíveis no âmbito do aviso de abertura de candidaturas de 2009 atendeu aos limitados recursos financeiros disponíveis, decorrente da reduzida dotação alocada às tipologias, e ao facto desta oferta formativa ser considerada na fórmula de cálculo referente à base de financiamento do ensino superior, em função do número de alunos efectivamente inscritos e, portanto, ser devidamente assegurado pelo OE. Gráfico 2. Cursos candidatados e aprovados por tipologia de beneficiário 100% 5% 90% 15% 2% 2% 3% 2% 15% 25% 80% 13% 32% Estabelecimentos de educação e ensino secundário Escolas profissionais 70% 7% 35% 60% 4% Estabelecimentos de ensino superior 16% 50% 5% 40% 56% 4% 32% Escolas tecnológicas 15% 30% 3% 20% 22% 10% 42% 13% 13% Candidaturas Aprovações Candidaturas Aprovações Aviso 2008 Escolas do Instituto de Turismo 12% 3% 0% Centros de formação profissional (IEFP) Outras entidades formadoras Aviso 2009 Fonte: SIIFSE Na análise das razões de não admissibilidade, destaca-se claramente como o não cumprimento do número 1 do artigo 4º do regulamento específico, onde se determina que só são elegíveis os cursos regulados pelo Decreto-Lei nº 88/2006, de 23 de Maio (ou seja, os CET registados/autorizados nos termos previstos neste diploma). O incumprimento deste requisito de admissibilidade foi também identificado nas entrevistas aos stakeholders, evidenciando-se vários casos de entidades que apresentaram candidaturas na expectativa que a autorização de funcionamento dos cursos fosse publicado antes do final do período de análise de admissibilidade, facto que não veio a verificar-se devido ao prolongamento dos prazos de apreciação dos pedidos por parte da Comissão Técnica para a Formação Tecnológica Pós-Secundária, dos serviços instrutores e das tutelas. As informações recolhidas e tratadas, as interacções estabelecidas com stakeholders e as reflexões desenvolvidas pela equipa de avaliação permitem portanto fundamentar uma 38 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados consideração avaliativa relevante: que a oferta dos apoios do POPH aos CET tem sido condicionada não apenas pela aplicação de requisitos de admissibilidade e de selectividade das candidaturas apresentados mas, também, pelo processo de aprovação de CET, cujas consequências são acentuadas pela tendência de alargamento dos prazos de apreciação mencionados, com impactos no volume de procura dirigida e admitida os dois avisos. Verificando-se objectivamente que o volume de procura ultrapassou claramente as dotações financeiras disponíveis em ambos os avisos e, portanto, que o estímulo à procura não tem sido uma preocupação da AG, deve-se reconhecer que o perfil das candidaturas admitidas por tipologia de beneficiário poderia ter sido consideravelmente diferente caso os mencionados procedimentos de aprovação de CET anteriores à candidatura tivessem sido desenvolvidos de forma diferente e com maior celeridade. O impacto destas questões procedimentais sobre o volume de candidaturas apresentadas e admitidas surge, neste quadro, reforçado relativamente a outras variáveis na implementação da fase concursal das tipologias, nomeadamente a divulgação dos avisos, a clareza e frequência dos mesmos e a disponibilidade da AG para prestar esclarecimentos, as quais mereceram uma apreciação globalmente satisfatória pelas entidades inquiridas e pela equipa de avaliação. A articulação entre o prazo de abertura de candidaturas e a abertura do ano lectivo foi a única variável alvo de críticas mais recorrentes nas entrevistas a alguns dos stakeholders, ainda que não se possa concluir que tenha funcionado como um desincentivo à apresentação de candidaturas. Gráfico 3. Resposta à questão C7 “Como avalia a implementação das tipologias 1.4 e 9.1.4 na fase concursal, tendo em consideração os seguintes aspectos “ Disponibilidade do POPH para prestar esclarecimentos durante o período de abertura do aviso Adequação dos prazos para a apresentação das candidaturas definidos nos avisos de abertura de concurso Clareza dos avisos de abertura de concurso Frequência dos avisos de abertura de concurso Divulgação dos avisos de abertura de concurso 0% Muito Adequado Adequado 20% Pouco Adequado 40% 60% 80% Nada Adequado 100% NS/NR Fonte: Web Survey Não obstante a redução em cerca de 52% do número de cursos candidatados entre o aviso de 2008 e o de 2009, o volume de cursos aprovados não diminuiu na mesma proporção: em 2009 foram aprovados 90 cursos, face aos 114 em 2008, o que representa uma quebra de 21%. De facto, tanto a taxa de elegibilidade (rácio entre o número de projectos admitidos e candidatos) como a de aprovação dos projectos (rácio o número de projectos aprovados e admitidos) aumentaram no aviso de 2009 face ao do ano anterior. Se no conjunto de candidaturas apresentadas se verificou, entre 2008 e 2009, a previsível diminuição do peso dos Estabelecimentos do Ensino Superior, fruto da mudança das condições de elegibilidade, no conjunto das aprovações destacam-se outras alterações: Em 2008 a maioria dos cursos aprovados foram ministrados por Escolas Tecnológicas e do Instituto de Turismo de Portugal (79 cursos num total de 114), seguindo-se os Estabelecimentos do Ensino Superior com 29 cursos aprovados; Em 2009, o peso das várias tipologias de beneficiários no total de aprovações é mais equilibrado: o conjunto das Escolas Tecnológicas e do Instituto de Turismo de Portugal continua a liderar em termos do número de cursos aprovados (41 cursos num total de 90), mas com uma menor distância face ao ensino superior (29 cursos). Dada a alteração das condições de elegibilidade, verifica-se uma transferência das aprovações do Ensino Superior Público para o Privado; Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 39 A alteração das condições de elegibilidade parece ter tido também um impacto sobre a cobertura territorial dos cursos aprovados: em 2008, a região Centro representava a maior percentagem de cursos e volume de formação aprovada, com uma forte presença dos Institutos Superiores Politécnicos públicos (em particular os de Leiria e de Tomar), bem como das Escolas Tecnológicas. No aviso de 2009 a região Norte passa a concentrar a maior percentagem de formação aprovada, com um peso dos Estabelecimentos Privados de Ensino Superior significativamente mais elevado do que o registado em 2008. Gráfico 4. Cursos e acções aprovadas por NUTS II 300 Nº Cursos candidatos Nº Cursos aprovados 250 200 150 100 Legenda 50 Nº Acções 1-3 4-5 6 - 10 11 - 25 0 Alentejo Centro Lisboa Norte Alentejo Centro Aviso 2008 Norte 2008 2009 Aviso 2009 Fonte: Equipa de Avaliação com base em dados do SIIFSE Aviso 2009 Norte Centro 4% 1% Gráfico 5. Volume de formação aprovada por tipologia de beneficiário e NUTS II 33% 7% 17% Alentejo 12% 11% 24% 50% 7% 61% Lisboa 5% 20% 37% Alentejo Estabelecimentos de educação e ensino secundário Escolas profissionais Estabelecimentos de ensino superior 16% 7% 100% 2% Centro 18% 47% 27% Norte Aviso 2008 32% Centros de formação profissional (IEFP) Escolas tecnológicas 36% 34% 25% Escolas do Instituto de Turismo 66% Outras entidades formadoras 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Fonte: SIIFSE 40 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados 90% 100% Uma das principais problemáticas da presente questão passa por aferir a forma como as candidaturas aprovadas contribuem para a concretização do desempenho físico e financeiro programado, concorrendo assim para o cumprimento do “perfil esperado”: no que respeita à tipologia 1.4, a meta de 2500 alunos abrangidos em média por ano, só veio a ser atingida em 2009. Na tipologia 9.1.4 o número de formando abrangidos tem permanecido ligeiramente aquém da meta de 500 alunos em média por ano. Tendo em consideração o número de formandos aprovados no aviso de 2009 é muito provável que o indicador para a tipologia 1.4. seja atingido em 2010. No que respeita à tipologia 9.1.4 a dotação orçamental foi esgotada logo no primeiro aviso, o que indicia uma forte desadequação entre as dotações e as metas previstas. Considerando a totalidade de aprovações, pedidos de pagamento e reembolsos até ao final de Maio de 2011 a tipologia 1.4 apresenta taxas de execução e realização mais baixas que a média do Eixo 1. A tipologia 9.1.4 destaca-se no quadro do Eixo 9, com taxas de execução e realização relativamente elevadas. Gráfico 6. Taxa de Execução do Eixo 1 e Eixo 9 por tipologia 1.1. Sistema de Aprendizagem 30% Eixo 1 1.2. Cursos Profissionais 49% 1.3. Cursos de Educação e Formação de Jovens 39% 1.4. Cursos de Especialização Tecnológica 33% 1.5. Reequipamento dos Estabelecimentos de Ensino 28% 1.6. Ensino Artístico Especializado Eixo 9 9.1.1. Sistema de Aprendizagem 9.1.2. Cursos Profissionais 56% 9.1.3. Cursos de Educação e Formação de Jovens 9.1.4. Cursos de Especialização Tecnológica 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Nota: Taxa de Execução = despesa validada/despesa programada Fonte: Relatório Mensal de Gestão Financeira reportada a Maio 2011 Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 41 No âmbito das condições de elegibilidade e análise de mérito QA3. Os principais motivos da não aceitação de candidaturas por razões de admissibilidade/elegibilidade sinalizam desajustamentos entre a oferta e a procura ou tem causas de natureza estrutural ou técnica? QA4. Que itens devem ser acrescentados à grelha de critérios de análise, a aprovar pela Comissão de Acompanhamento, de modo a permitir uma análise mais dinâmica e discricionária? Estas questões de avaliação visam, numa primeira fase, identificar quais os critérios de elegibilidade dos promotores e projectos definidos nos regulamentos que constituíram restrição activa para a não-aceitação de candidaturas e analisar as causas que estão na base da apresentação de candidaturas não elegíveis tendo em conta os objectivos das tipologias; e, numa segunda fase, avaliar o grau de discriminação dos projectos apresentados proporcionado pelos critérios de selecção aprovados pela Comissão de Acompanhamento do POPH para as tipologias em avaliação e identificar critérios que possam ser adicionados aos actualmente em vigor, de forma a proporcionar um maior grau de discricionariedade se isso se revelar necessário e vantajoso. As limitações que se verificam na informação quantitativa disponível – especialmente resultantes de não se encontrarem inseridos no sistema de informação do POPH os dados sobre a pontuação obtida pelas candidaturas em cada critério de análise - implicam que a avaliação da capacidade de discriminação e hierarquização dos diferentes critérios e subcritérios de análise de mérito das candidaturas assuma uma natureza qualitativa, baseada na informação recolhida nas entrevistas aos stakeholders. Como forma complementar de validar a pertinência e coerência dos critérios de selecção, foi desenvolvida uma avaliação comparativa dos níveis de elegibilidade e de selectividade, recorrendo ao cálculo de indicadores. Avaliação O processo de selecção dos projectos candidatos inicia-se com a análise das condições de elegibilidade das entidades e dos cursos, que não foram idênticas nos dois avisos para apresentação de candidaturas objecto da presente avaliação. Figura 2. Fases do processo de selecção dos projectos candidatos 1º Fase [Condições Gerais de Elegibilidade] 2º Fase [Mérito Absoluto ] 3º Fase [Mérito Relativo] 303 projectos candidatos Condições gerais de elegibilidade As entidades beneficiárias devem reunir os seguintes requisitos: a) Regularmente constituídas e devidamente registadas; b) Contabilidade organizada; c) Situação regularizada em matéria de impostos e de contribuições para a segurança social; d) Situação regularizada em matéria de restituições no âmbito dos financiamentos do FSE; e) Certificadas nos domínios para os quais solicitam apoio financeiro ou recorrerem a entidades formadoras certificadas. 207 projectos não admitidos + 2 projectos desistidos São elegíveis os CET regulados pelo Decreto –Lei n.º 88/2006, realizados de acordo com os referenciais do Catálogo Nacional de Qualificações (CNQ). Aviso 2008: • Tipologia 1.4 : aberta a todas as entidades previstas na regulamentação específica para formação a iniciar em 2008, para as regiões Norte, Centro e Alentejo • Tipologia 9.1.4: aberta exclusivamente a Escolas Tecnológicas para formação a iniciar e a desenvolver em 2008 e a realizar em 2009. • Excepcionalmente, durante o ano de 2008, foram financiados CET não integrados no CNQ Aviso 2009: • Tipologia 1.4: não é elegível a formação desenvolvida por Estabelecimento do Ensino Superior Público; Formação a iniciar em 2009 num conjunto de áreas prioritárias explícitas no Aviso de Concurso, para as regiões Norte, Centro e Alentejo • Excepcionalmente, durante o ano de 2008, poderão ser financiados CET não integrados no CNQ, desenvolvidos pelas Escolas Tecnológicas e pelas Escolas de Hotelaria e Turismo 42 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados 94 projectos sujeitos 16 projectos não aprovados a análise de mérito + 9 projectos desistidos ou Apreciação de qualidade efectuada à luz dos critérios estabelecidos no Art.º. 9º do Regulamento Específico, ponderados na grelha de análise. Nos termos da referida análise o limiar técnico de aceitabilidade para efeitos de aprovação, foi fixado em 50 pontos da referida grelha. revogados 69 projectos aprovados Hierarquização é efectuada de acordo com a aplicação dos critérios de selecção; a dotação orçamental determina o ponto de corte entre os projectos susceptíveis e aprovação e os não aprovados. Segue-se a análise técnico-pedagógica das candidaturas apresentadas, consubstanciada na análise e avaliação dos planos de formação, com vista à respectiva hierarquização dos projectos, a partir da determinação do seu mérito. Com o objectivo de harmonizar de critérios de avaliação, a AG do POPH estabeleceu uma grelha de análise e um conjunto de orientações para a sua aplicação. Uma vez seleccionados os projectos com mérito absoluto, isto é os que pelo menos atingem um limiar mínimo de pontuação na análise técnicopedagógica (fixado em 50 pontos), procede-se à identificação dos que são propostos para aprovação através da respectiva hierarquização (em função da pontuação obtida na análise técnico-pedagógica) e da comparação entre as correspondentes necessidades de cofinanciamento e a dotação orçamental correspondente à candidatura. Candidataram-se, no conjunto dos dois avisos em avaliação, 303 projectos, dos quais 207 não foram admitidos por questões de elegibilidade (68%), na sua esmagadora maioria por não deterem o registo prévio ou autorização de funcionamento dos cursos candidatos. Quadro 13. Indicadores de selectividade Taxa de Aprovação Líquida [Aprovados/ Elegíveis] 80% 22% 50% 44% 98% 36% 82% 2008 524 230 185 114 44% 2009 252 110 108 90 Aprovados Taxa de Mérito Absoluto [Mérito absoluto/ Elegíveis] Taxa de Aprovação Bruta [Aprovados/ Candidatos] Candidatos Elegíveis Com mérito absoluto Taxa de Elegibilidade [Elegíveis/ Candidatos] Ano do Aviso Cursos Acções 2008 748 378 313 140 51% 83% 19% 37% 2009 333 161 159 123 48% 99% 37% 76% 2008 141.459.455 71.042.212 53.474.301 25.437.732 50% 75% 18% 36% 2009 73.077.518 36.837.680 36.369.631 24.217.862 50% 99% 33% 66% Custo Total Nota: Consideram-se como elegíveis e com mérito absoluto todos os cursos e acções incluídos em projectos elegíveis e com mérito absoluto. No total de projectos aprovados não são considerados os projectos revogados ou desistidos após a proposta de aprovação; Fonte: SIIFSE Embora o corte expressivo, em ambos os avisos, viesse a ser, em qualquer caso, consequência da significativa diferença entre as dotações orçamentais disponíveis e as exigências financeiras das candidaturas, o volume aparentemente surpreendente de ocorrências de inelegibilidade pelas razões referidas conduziu a equipa de avaliação a procurar esclarecimentos nas entrevistas aos stakeholders e nos estudos de caso realizados – tendo recebido com frequência a informação de que várias entidades se candidataram na expectativa que a autorização de funcionamento dos cursos fosse publicado antes do final do período de análise de admissibilidade, facto que não veio a verificar-se devido ao prolongamento dos prazos de apreciação dos pedidos por parte da Comissão Técnica para a Formação Tecnológica Pós-Secundária, dos serviços instrutores e das tutelas. Caixa de Texto 2: Estudos de Caso – análise de elegibilidade da candidatura do CENFIM ao aviso de 2009 No âmbito do aviso lançado em 2009 para a tipologia 1.4 o CENFIM candidatou treze cursos. No momento da candidatura estava em fase de publicação um despacho conjunto dos Ministérios da Economia e da Inovação, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e do Trabalho e da Solidariedade Social que determinava a transferência dos CET de gestão da produção industrial, gestão da manutenção, energias renováveis, tecnologia mecatrónica, refrigeração e climatização e tecnologia mecânica, desenvolvidos pela escola tecnológica Associação para a Formação Tecnológica de Engenharia Mecânica e Materiais (AFTEM), para o CENFIM. Este despacho surgia na sequência de um acordo de entendimento entre o IEFP, a Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal e a Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas e Electromecânicas. Apesar dos esforços do CENFIM no sentido do assegurar a publicação do despacho em tempo útil, viabilizando consequentemente a autorização para funcionamento dos CET, essa publicação não se concretizou até ao termo do período de análise de admissibilidade, pelo que os cursos não foram considerados elegíveis. Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 43 Dado que, de acordo com o quadro regulamentar em vigor, os Estabelecimentos do Ensino Superior beneficiam do privilégio de poderem, após o respectivo registo prévio, criar um CET, enquanto é exigido às restantes instituições uma autorização para criação e funcionamento dos cursos, o prolongamento dos prazos de apreciação de, conforme os casos, registo ou autorização de CET, pode ter um impacto diferenciado na quantidade de cursos oferecidos em cada momento, conforme a tipologia de entidade formadora. O entendimento generalizado dos stakeholders auscultados é que estas diferenças nos processos prévios e condicionadores das candidaturas ao POPH, que aliás envolvem também formas distintas de apreciação, pelas tutelas, sobre a relevância, dimensão e perfil da oferta de CET, ajudam a explicar que a dimensão e o ritmo de crescimento da oferta no ensino superior seja significativamente superior ao verificado nos restantes tipos de entidades que podem ministrar CET. Veja-se o exemplo da Escola Profissional INETESE que na altura da entrevista realizada pela equipa de avaliação, tinha dois processos em desenvolvimento há cerca de um ano – um de criação de um novo CET e um segundo de renovação da autorização de funcionamento – sem que existissem expectativas em relação a uma possível data de decisão da tutela. Figura 3. Processo de registo, criação e autorização de funcionamento de CET – Decreto-Lei nº 88/2006 CRIAÇÃO E AUTORIZAÇÃO DE FUNCIONAMENTO Decisão Escolas Tecnológicas e do Instituto de Turismo de Portugal Centros de Formação Profissional e outras entidades IAPMEI IEFP Entidades do Ensino Superior Instrução, apreciação do processo e decisão ANQ Audição da Comissão Instrução e apreciação do processo Escolas Profissionais e de Ensino Secundário REGISTO Decisão e publicação no Diário da República DGES Submissão do parecer da Comissão Artigo 31º Submissão do parecer da entidade instrutora (nº 2 e nº 2 do artigo 37º) Comissão Técnica para a Formação Tecnológica Pós-Secundária Submissão do parecer da Comissão Artigo 31º Ministério da Educação Ministério da Economia e da Inovação Ministério do Trabalho e Solidariedade Social Decisão e publicação no Diário da República A análise da taxa de elegibilidade dos cursos revela a existência de diferenças significativas entre as tipologias de beneficiários. De facto, as taxas de elegibilidade reflectem a evolução do número de CET registados e autorizados nas diferentes tipologias de entidades formadoras: as taxas de elegibilidade foram mais elevadas nas Escolas Tecnológicas e no Instituto de Turismo de Portugal, reflectindo a longa experiência desta tipologia de beneficiários na oferta de formação de natureza profissionalizante, bem como nos Estabelecimentos do Ensino Superior, fruto da sua forte aposta nos CET logo após a publicação do Decreto-Lei 88/2006, bem como das diferenças que se registam, em benefício destas entidades, no processo de registo de CET. 44 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Gráfico 7. Taxa de elegibilidade dos cursos Aviso 2009 Escolas profissionais 4% 3% 8% Estabelecimentos de educação e ensino secundário 100% Estabelecimentos de ensino superior 73% 29% Centros de formação profissional (IEFP) 100% Escolas tecnológicas 94% 100% Escolas do Instituto de Turismo 100% 15% 3% Outras entidades formadoras Aviso 2008 33% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: SIIFSE Como referido, as candidaturas que reúnem as condições de elegibilidade são, subsequentemente, sujeitos à análise de mérito técnico-pedagógico, de acordo com os critérios e a metodologia apresentados em anexo. A grelha de análise reflecte, com clareza, a valorização da natureza profissionalizante dos CET, não só porque entre os critérios com maior pontuação se encontram os relativos à empregabilidade, ao contributo dos cursos para o desenvolvimento económico e social local e regional e à participação do tecido económico na proposta de desenvolvimento da oferta formativa, mas, também, porque a AG do POPH optou por retirar da grelha utilizada em 2009 o único critério que pontuava a opção de prosseguimento de estudos no ensino superior uma vez concluída a formação. Em ambos os avisos a grande maioria dos projectos que reuniram as condições de elegibilidade mereceram uma avaliação de mérito superior ao liminar mínimo de 50 pontos, destacando-se em particular a elevado rácio entre os cursos com mérito absoluto e os cursos considerados elegíveis no aviso de 2009 (99%). Saliente-se, de facto, que a pontuação média obtida pelos projectos na análise técnicopedagógica foi, para a generalidade das tipologias de beneficiários no aviso de 2009, mais elevada do que a verificada em 2008, indiciando uma melhor preparação dos promotores para as condições e exigências do período de candidatura. Em 2008, os Estabelecimentos de Ensino Superior corresponderam à tipologia de beneficiários com uma menor taxa de mérito absoluto das candidaturas, bem como menor pontuação média, circunstância que deve ser interpretada na perspectiva avaliativa tendo em conta, por um lado, o elevado número de projectos elegíveis apresentados por esta tipologia de beneficiários, e, por outro, a menor articulação entre a formação proposta por entidades do Ensino Superior e a forte valorização da natureza profissionalizante da formação na grelha de análise. No aviso de 2009 apenas foram aceites nesta tipologia de beneficiários candidaturas de entidades privadas, que, pela natureza e racionalidade empresarial das suas actividades, poderão estar melhor preparadas para argumentar sobre as taxas de empregabilidade dos seus cursos e a abertura ao tecido económico e social, não sendo portanto surpreendente que a pontuação média obtida tenha aumentado significativamente. Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 45 Gráfico 8. Taxa de mérito absoluto dos cursos e pontuação média dos projectos Estabelecimentos de educação e ensino secundário Escolas profissionais Estabelecimentos de ensino superior Outras entidades formadoras Centros de formação profissional (IEFP) Escolas do Instituto de 87 100% 81 100% 72 100% 55 67% 88% 100% 100% 100% 100% Escolas tecnológicas 100% 100% Centros de formação profissional (IEFP) 70 100% Turismo Escolas tecnológicas 81 100% 90 92 100% 77 100% 100% Escolas do Instituto Estabelecimentos de de Turismo ensino superior Escolas profissionais Outras entidades Estabelecimentos de formadoras educação e ensino… 80 100% 100% 88% 73 100% 100% 100% 0%0%20% 40% 60% 100% 25% 50% 75%80% 100% Aviso 2009 90 100% 100% 67%100% 78 0 20 40 60 80 100 Aviso 2008 Fonte: SIIFSE Apesar do esforço revelado pela AG e Secretariado Técnico do POPH na definição e aplicação de uma grelha de análise do mérito das candidaturas relativamente complexa, bem articulada com os objectivos explicitados nos documentos de programação e regulamentação, e muito aberta aos contributos das entidades candidatas na defesa dos pontos fortes das suas candidaturas, a informação recolhida pela equipa de avaliação não permite tirar a desejável conclusão que o princípio da selectividade e focalização dos investimentos, concretizado através de critérios rigorosos de selecção e de hierarquização de candidaturas, tenha sido plenamente adoptado. Deveremos de facto sublinhar o contraste entre o elevado nível médio de pontuação dos projectos na análise técnico-pedagógica e o reconhecimento por parte da AG e Secretariado Técnico do POPH sobre a vulnerabilidade técnica dos instrumentos de diagnóstico de necessidade de formação e acompanhamento dos formandos após a conclusão do curso apresentados por diversas entidades em ambos os avisos. Ainda que não seja possível, pelas razões referidas, avaliar a aplicação da grelha de análise de uma forma desagregada por critério, parece-nos que este contraste justifica uma profunda ponderação sobre o grau de exigência que deve ser adoptado na análise técnicopedagógica. 46 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Gráfico 9. Resposta à questão C8 “Como avalia os seguintes aspectos do processo de candidatura às tipologias 1.4 e 9.1.4“ Celeridade na apreciação das candidturas Adequação dos critérios de selecção Clareza dos critérios de selecção Condições de elegibilidade do projecto Condições de elegibilidade do promotor Clareza da informação solicitada na preparação da candidatura 0% Muito positivo Positivo 20% Negativo 40% 60% Muito Negativo 80% 100% NS/NR Gráfico 10. Resposta à questão C9 “Como avalia os formulários de candidatura em relação aos seguintes aspectos“ Utilidade dos guias de apoio e informação do site para preenchimento, instrução e submissão das candidaturas Requisitos documentais que devem acompanhar a candidatura Pertinência da informação solicitada sobre o projecto Pertinência da informação solicitada sobre o promotor Adequação dos formulários aos requisitos dos avisos de abertura de concurso Facilidade de preenchimento (do ponto de vista da plataforma electrónica) Facilidade de preenchimento (do ponto de vista do conteúdo) 0% Muito positivo Positivo 20% Negativo 40% 60% Muito Negativo 80% 100% NS/NR Fonte: Web Survey Do ponto de vista dos beneficiários inquiridos os procedimentos envolvidos na apresentação e apreciação das candidaturas são avaliados de forma muito positiva, com excepção da celeridade na respectiva apreciação - em que a proporção de respostas negativas é se aproxima dos 50%. Neste quadro globalmente positivo, a clareza e adequação dos critérios de selecção destacam-se também por uma avaliação ligeiramente menos positiva, facto que deverá ser lido á luz de decisão da AG de reduzir o número de acções e os custos propostos em alguns projectos que atingiram o patamar mínimo de mérito absoluto. A análise avaliativa realizada evidencia que, atendendo à relativamente reduzida dotação orçamental alocada aos CET, e tendo presente que os montantes solicitados em candidatura excedem a dotação disponível, a aplicação estrita do princípio do mérito relativo – isto é, a hierarquização de acordo com a pontuação obtida e a aprovação de todos os cursos apresentados em cada projecto candidatado, até ao limite da dotação orçamental – limitaria significativamente a dimensão do universo de entidades apoiadas. Como confirmado nas entrevistas realizadas com os responsáveis no POPH, a AG optou por limitar os montantes propostos através da redução do número de cursos propostos em Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 47 cada projecto / candidatura, bem como do número de turmas em cada curso. Todos os projectos que ultrapassaram o limiar mínimo de 50 pontos viram, em ambos os avisos, pelo menos uma das acções propostas aprovada. Veja-se por exemplo o primeiro aviso de abertura de candidatura: foram aprovados 32 projectos e 140 acções, com uma pontuação média por projecto a variar entre um máximo de 93,5 pontos e um mínimo de 55; se a AG tivesse aprovado a totalidade de acções propostas em cada projecto, os 17 projectos melhor classificados teriam totalizado as mesmas 140 acções, com uma pontuação média por projecto a variar entre um máximo de 93,5 pontos e um mínimo de 75. Se, por um lado, esta opção permitiu apoiar um conjunto mais alargado de entidades (muitas das quais dependem fortemente do acesso ao Fundo Social Europeu para manterem a sua oferta formativa), a metodologia de análise utilizada não permite, por outro lado, validar o mérito relativo dos cursos efectivamente apoiados. De facto, não só a análise técnico-pedagógica é efectuada por projecto – não existindo, portanto, uma hierarquia dos cursos e respectivas acções que tenha permitido uma selecção rigorosa dos cursos / acções efectivamente apoiados – como foram identificados vários casos de entidades que solicitaram a alteração dos cursos apresentados nas candidaturas. Estas alterações foram, naturalmente, justificadas pelas entidades, mesmo que o processo de aprovação não tenha avaliado o seu mérito relativo, nomeadamente face a outros cursos / acções não aprovados. 48 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados No âmbito da articulação temático-regional QA5. Os mecanismos melhorados? de articulação temáticos-regionais podem ser Os CET têm subjacente o princípio de adequação às necessidades do tecido económico nacional, regional e local e, em particular, de articulação com o tecido empresarial do(s) sector(es) para que os formandos se orientam em termos de emprego. Estes princípios são aliás também assumidos no processo de criação e registo dos CET, em que é exigida uma fundamentação da necessidade e da adequação da oferta formativa à procura social e empresarial. No POPH a articulação temática/regional é objecto de valorização significativa nos critérios de selecção dos projectos, designadamente no que respeita i) à relevância da formação face às necessidades de recursos humanos qualificados a nível local, regional e nacional, ii) à adequação ao desenvolvimento dos sectores e actividades estratégicas, iii) ao grau de envolvimento da(s) entidade(s) formadoras no contexto económico, social e cultural e iv) às parcerias efectuadas pela entidade promotora na proposta e desenvolvimento da oferta formativa (com destaque para as parcerias com empresas). Na resposta à presente questão de avaliação pretende-se avaliar a forma como as candidaturas apresentadas respondem a uma dimensão estratégica central das tipologias 1.4 e 9.1.4: a articulação estreita dos cursos com o tecido económico envolvente, numa dupla lógica sectorial e regional. A limitação da informação quantitativa disponível – fruto, em grande medida, da já mencionada falta de informação sobre a pontuação obtida pelas candidaturas em cada critério de análise, que não está inserida no sistema de informação do POPH - determina que a avaliação dos mecanismos de articulação temático-regionais assuma uma natureza eminentemente qualitativa, baseada na informação recolhida nas entrevistas aos stakeholders e nos estudos de caso realizados. Avaliação A multiplicidade de processos formativos desenquadrados das efectivas necessidades de desenvolvimento individual e organizacional, designadamente no contexto das especificidades do tecido empresarial regional e local, num quadro de ausência de um referencial de certificação de competências, foi uma das principais fragilidades apontadas pelos resultados da avaliação realizada no âmbito do QCA III. O risco de reproduzir esta fragilidade no actual período de programação é acentuado pela gravidade dos problemas de desemprego em Portugal e, consequentemente, pela tentação de utilizar a formação subsidiada como um amortecedor de desemprego, sem que os Fundos Estruturais induzam ganhos de produtividade. Com o objectivo de minimizar esta fragilidade e este risco, aumentando a relevância da formação profissional apoiada pelo POPH face às necessidades de recursos humanos qualificados, bem como a respectiva adequação aos processos de modernização e desenvolvimento dos sectores e actividades estratégicas, a AG do POPH estabeleceu condições de elegibilidade e de selectividade exigentes no âmbito das tipologias 1.4. e 9.1.4: O reconhecimento, por um lado, da necessidade de um esforço de estruturação e regulação da oferta formativa justificou a decisão de condicionar os apoios aos CET à observância dos referenciais do Catálogo Nacional de Qualificações (CNQ), componente central do Sistema Nacional de Qualificações desenvolvida pela ANQ, indispensável – de acordo com os documentos estratégicos pertinentes - para orientar a procura e a oferta formativa e validar a sua certificação; O reconhecimento, por outro lado, que as especificidades locais e regionais exigem a promoção de instrumentos com uma capacidade efectiva para adaptar a configuração das respostas formativas aos contextos territoriais, justificou a criação de uma grelha de análise fortemente valorizadora da adaptação do perfil dos cursos e da respectiva geometria dos actores ao tecido económico e social local. O CNQ constitui um instrumento de gestão estratégica das qualificações de nível não superior e de regulação da oferta formativa de dupla certificação, que integra referenciais de qualificação únicos para a formação de dupla certificação e para os processos de reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC). O processo de construção do Catálogo, que exige uma profunda ponderação sobre as diversas qualificações e competências, deverá permitir (em conjunto com a eliminação de redundâncias) a correcção de lacunas de oferta formativa em áreas chave para a competitividade e modernização da economia, para o desenvolvimento pessoal e social do indivíduo e para o desenvolvimento da economia e das empresas. Face à relevância dos objectivos estratégicos prosseguidos, a equipa de avaliação considera pertinente a opção de incluir, como condição de elegibilidade dos CET, a respectiva integração no Catálogo - posição aliás partilhada por um número significativo dos Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 49 entrevistados. Assinalamos, todavia, que a operacionalização do Catálogo Nacional de Qualificações revelou algumas dificuldades no âmbito dos CET. Por um lado, esta condição de elegibilidade foi excepcionada nos dois avisos para apresentação de candidaturas objecto da presente avaliação, por razões justificadas pela circunstância dos CET registados/autorizados se encontrarem ainda parcialmente integrados no Catálogo. Tendo em conta, de acordo com as informações recolhidas no POPH, a expectativa de que estas situações de não integração se tornassem cada vez mais residuais, no aviso de 2009 a referida excepção abrangeu apenas a formação desenvolvida pelas Escolas Tecnológicas e pelas Escolas de Hotelaria e Turismo; para os cursos já integrados no Catálogo, este aviso previu que as entidades apresentassem as candidaturas de acordo com os correspondentes referenciais. Por outro lado, sem prejuízo da pertinência estratégica do Catálogo para a gestão das tipologias em análise, nem dos progressos entretanto concretizados em termos de articulação entre a oferta de formação pós-secundária não superior autorizada e/ou registada e os referenciais do CNQ, foram identificadas nas entrevistas realizadas aos stakeholders algumas preocupações por parte dos operadores de formação CET, que a equipa de avaliação partilha e que entende merecerem reflexão – designadamente no que respeita à sua consideração da inclusão dos CET no Catálogo como condição de elegibilidade ao POPH: Os Estabelecimentos do Ensino Superior Público (que não foram elegíveis nos avisos de 2009 e 2010), sublinharam a sua autonomia, reconhecida na Portaria nº 781/2009, para a criação de CET com outros referenciais para além dos previstos no Catálogo. Considerando a equipa que este quadro de elegibilidade não coloca em risco a autonomia dos Estabelecimentos do Ensino Superior, as excepções às condições de elegibilidade e a situação particular destas entidades face à obrigatoriedade de respeito pelo CNQ evidencia, como foi reconhecido transversalmente pelos stakeholders, a necessidade de alterar o quadro regulamentar estabelecido pelo Decreto-Lei nº 88/2006, designadamente no sentido de clarificar os referenciais aplicáveis às diferentes tipologias de entidades formadoras na oferta de CET. Foi igualmente referida como preocupação, pela generalidade dos entrevistados, o risco dos referenciais previstos no Catálogo “nivelarem a oferta por baixo”, nomeadamente em termos do número de horas de formação total e da proporção das componentes de formação tecnológica e em contexto de trabalho face ao total. Assinalamos, a título de exemplo, ter sido salientado no estudo de caso INETESE que, apesar do CET ser ministrado de acordo com os referenciais do CNQ, a decisão de aumentar o número de horas de formação de contexto de trabalho é frequente, seja devido a uma apreciação do percurso individual dos formandos ou até, como resposta a pedidos de empresas receptoras de estagiários, que consideram insuficientes as 400 horas previstas como período de estágio. Quadro 14. Horas de formação em contexto de trabalho (FCT) nos perfis profissionais do CNQ e nos CET ministradas nas entidades seleccionada para estudo de caso Catálogo Nacional de Qualificações IPT AFTEBI Perfis Profissionais Horas de FCT Gestão da Produção (Supervisor de Produção) – indústria metalúrgica e metalomecânica 560 Gestão de Turismo 450 600 Aplicações Informáticas de Gestão 400 600 Automação, Robótica e Controlo Industrial 560 600 Banca e Seguros 400 400 Condução de Obra 400 600 Desenvolvimento de Produtos Multimédia 500 360 600 Gestão de Redes e Sistemas Informáticos 400 420 600 Industrialização de Produto Moda 560 Tecnologia Mecatrónica 535 Tecnologias e Programação de Sistemas de Informação 400 Fonte: Catálogo Nacional de Qualificações 50 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados INETESE CENFIM Horas de FCT previstas nos CET 560 560 400 600 535 360 Ainda no que respeita às actividades desenvolvidas pela ANQ no sentido de promover uma melhor articulação entre a oferta formativa apoiada e as necessidades do tecido económico-social local e regional, a identificação dos perfis profissionais mais procurados pelo mercado de trabalho conduziu à definição de áreas de educação e formação prioritárias no aviso de abertura de candidaturas de 2009. A definição destas áreas de educação e formação prioritárias considerou, em primeiro lugar as constantes no Catálogo que já integravam referenciais correspondentes ao nível 5 do QNQ, tendo, complementarmente, procurado contemplar os campos de actividade profissional que, convergindo com necessidades do mercado de trabalho, não sobrepunham os perfis e referenciais de formação adoptados com os existentes em qualificações de nível superior e/ou de nível III. Sem prejuízo do papel essencial da ANQ na racionalização da oferta formativa e na divulgação de boas práticas, a equipa de avaliação considera que o recurso à identificação, pela ANQ, dos perfis profissionais mais procurados pelo mercado, compreensível face às debilidades reveladas pelas entidades formadoras, adopta necessariamente uma racionalidade nacional, que – sem prejuízo da possibilidade de utilização de „bolsas de Unidades de Formação de Curta Duração‟ para consideração de especificidades económicas, designadamente locais e regionais - não satisfaz os objectivos prosseguidos, que são adequados e pertinentes. De facto, considera-se que a criação de instrumentos de gestão integrada da oferta de educação e formação que permitam uma maior regulação da adequação das respostas promovidas às necessidades territoriais da economia depende, fundamentalmente, da criação de condições para participação do tecido empresarial na concepção e execução da formação, bem como da produção de informação por parte das entidades formadoras sobre as necessidades de formação, a qualidade da oferta formativa (do ponto de vista dos formandos, formadores e empresas receptoras de estagiários) e o percurso dos formandos, durante a após a formação. A grelha de análise das candidaturas aos avisos em avaliação valoriza fortemente estes factores, em coerência com os objectivos descritos no quadro regulamentar e estratégico do POPH. Ainda que seja inquestionável a utilidade da grelha de análise como instrumento de harmonização da análise, permitindo designadamente limitar os potenciais efeitos negativos de apreciações subjectivas e/ou discricionárias, foi reconhecido pela AG e Secretariado Técnico que a sua utilização está fortemente condicionada, em particular no contexto da problemática em apreço, pela apresentação de estudos, inquéritos, ou outros documentos por parte dos promotores, cuja qualidade é considerada muito variável. Quadro 15. Estudos de Caso: documentos e metodologias apresentados pela AFTEBI para fundamentar os critérios de selecção 1 a 5 Análise detalhada da oferta de formação profissional (cursos, escolas, Critérios 1 e 2: Relevância da formação etc.) e do emprego (evolução quantitativa, perfis, etc.), diferenciada de proposta face às necessidades locais, acordo com o curso e baseada em fontes oficiais e estudos de regionais e nacionais e contributo para o organismos sectoriais, nomeadamente o Instituto para a Qualidade na desenvolvimento de sectores estratégicos Formação, DGES, ANQ, INE, MTSS. Critérios 3 e 4: Envolvimento institucional da entidade formadora no tecido económico, social e cultural e participação de empresas de referência na formulação da proposta e desenvolvimento da oferta formativa, bem como seu acompanhamento e avaliação Dez Membros fundadores: autarquias, associações empresariais, centro tecnológico; Protocolos de colaboração estabelecidos com 21 entidades: Associações Empresariais, Centro Tecnológico, Centro de Formação Profissional, Escolas Profissionais, Estabelecimentos de Ensino Superior e empresas. A concepção do programa formativo e a implementação dos cursos é precedida de uma análise diagnóstico que envolve as empresas potenciais empregadoras no sector de actividade dos cursos em questão (comprovado por pareceres enviados em anexo). Durante a formação: Questionário de avaliação final respondido pelo coordenador pedagógico, coordenador local e por todos os formandos Durante o estágio: Reuniões regulares entre o orientador e o tutor de estágio indicado pela empresa receptora. Critérios 5 e 6: Qualidade e nível de sucesso escolar e profissional das formações e mecanismos facilitadores da inserção profissional e/ou acompanhamento de seu percurso no período pós-formação Após a formação: Questionário de avaliação final do estágio respondido pelo orientador e tutor de estágio e pelo formando; registo da situação perante o emprego do formando no final do estágio; após o estágio e com periodicidade anual todas as empresas receptoras de estagiários são contactados telefonicamente o inquiridos sobre as necessidades de formação; um ano após a conclusão da formação e com periodicidade anual todos os diplomados são contactados telefonicamente e inquiridos sobre o seu percurso profissional. A descrição das metodologias utilizadas inclui os instrumentos de notação utilizados (inquéritos, fichas de avaliação, guiões, etc.). Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 51 A equipa de avaliação constatou, nas entrevistas ao Secretariado Técnico do POPH e nos estudos de caso, que as Escolas Tecnológicas se destacam neste contexto como a tipologia de entidades formadoras que, pela sua missão e experiência na oferta de cursos desta natureza, têm desenvolvido um trabalho mais sistemático e com maior qualidade de produção de informação sobre as necessidade de formação, a qualidade dos cursos e o percurso profissional dos formandos. Com poucas excepções, as restantes tipologias de beneficiários revelaram debilidades na sistematização das metodologias e instrumentos de diagnóstico de necessidades e de auscultação e acompanhamento dos formandos, o que dificultou a análise técnicopedagógica dos projectos – sendo referido nas mencionadas entrevistas que, não podendo, por um lado, excluir da análise as candidaturas de entidades formadoras para quem a implementação destes mecanismos exige recursos físicos, técnicos e financeiros difíceis de suportar, é por outro lado preocupante que Estabelecimentos do Ensino Superior, que dispõem de centros de estudos, unidades de investigação e gabinetes de apoio ao estudante, não se destaquem pela qualidade da fundamentação das candidaturas apresentadas, designadamente pelos estudos e documentos apresentados. A equipa de avaliação salienta, consequentemente, que a apreciação da AG e do Secretariado Técnico sobre a qualidade da informação a que os técnicos tiveram acesso para avaliar a adequação dos CET candidatos à procura social e empresarial de qualificações, contrasta com o nível relativamente elevado da pontuação média obtida pelos projectos. Este contraste indicia que o nível de exigência na analise técnica terá sido reduzido em função da limitação da informação disponibilizada nas candidaturas e/ou que a pontuação obtida em critérios mais facilmente mensuráveis (por exemplo os critérios 1.2., 3.1 e 3.2) terá compensado o pior desempenho nos critérios de selecção eminentemente qualitativos ou mais exigentes em termos da fundamentação apresentada. A equipa de avaliação considera que as debilidades evidenciadas pelas entidades formadoras neste domínio não devem determinar menores graus de exigência na análise de candidaturas. A possibilidade da elevação do nível de exigência em relação à qualidade dos projectos provocar menores níveis de procura e de aprovação não pode, no entanto, ser negligenciada, pelo que se sublinha a necessidade de reforço do papel da AG e da ANQ na divulgação e preparação prévia das entidades promotoras para um quadro de maior selectividade. Os estudos de caso e as entrevistas ao stakeholders revelam, de uma forma global, que as entidades formadoras são muito sensíveis à importância de maximizar a correspondência entre a formação e as necessidades efectivas de qualificações e que manifestam disporem de capacidade para sistematizar informação muito rica sobre a empregabilidade dos seus ex-formandos e as necessidades de formação do tecido empresarial. Verificámos, no entanto, que a recolha desta informação tende a basear-se mais em contactos informais e/ou esporádicos com formandos, empresários, autarquias e associações do que num trabalho sistematizado e regular de auscultação e participação dos respectivos. A formação em contexto de trabalho é, neste âmbito, reconhecida como um dos mais valiosos mecanismos de articulação temático-regional porque permite obter em tempo útil feedback das empresas sobre as competências dos formandos e sobre necessidades futuras. A equipa de avaliação considera que, sendo o conhecimento das entidades formadoras sobre as necessidades e prioridades de formação e qualificação insubstituível, o sistema que enquadra cada uma das tipologias não propicia as condições para superar a fragmentação entre essas entidades – com consequências sobre a reduzida sistematização da informação, que dificulta seriamente a articulação temático-regional a um nível mais agregado, tanto em termos sectoriais como territoriais. Sublinha-se novamente o papel que a ANQ poderá exercer – em conjunto e em articulação com os demais serviços instrutores na superação destas circunstâncias que, na perspectiva da equipa de avaliação, será mais relevante e adequado do que o prosseguimento de uma estratégia de identificação de grandes áreas de formação a apoiar. 52 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados No âmbito das dinâmicas de procura e adequação ao mercado QA.6 Os projectos aprovados vão de encontro às necessidades do mercado de trabalho face às áreas de formação apoiadas? A resposta a esta questão de avaliação é, por um lado, tributária de duas linhas convergentes de análise: Caracterizar, do ponto de vista temático e regional, a oferta formativa associada aos projectos aprovados. Avaliar em que medida as áreas de formação dos projectos aprovados correspondem àquelas onde se podem identificar, à luz das tendências de contratação dos últimos anos, necessidades efectivas do mercado de trabalho. Implica, por outro lado, uma análise comparativa entre duas dimensões: a estrutura de áreas de formação apoiadas no âmbito dos projectos aprovados (no total e por regiões) e as necessidades do mercado de trabalho (com idêntica segmentação) relativamente a qualificações deste nível. Não se trata, naturalmente, de realizar uma análise de correspondência directa (em volume) entre estas duas dimensões, uma vez que existem quer CET em funcionamento que não foram apoiados pelo POPH (designadamente desenvolvidos por instituições do Ensino Superior Público), quer indivíduos já portadores destas qualificações (empregados, desempregados e mesmo estudantes), que também são potencialmente candidatos às ofertas de emprego que ocorrem no mercado. Adicionalmente, alguns dos diplomados em CET apoiados pelo PO podem optar por não ingressar no mercado de trabalho logo após a conclusão do curso, prosseguindo os estudos e entrando em momento posterior no mercado. A resposta à questão de avaliação divide-se, consequentemente, em duas partes: procedeu-se, por um lado, ao cruzamento do padrão de especialização regional com a distribuição dos CET aprovados por área de formação, tendo sempre em atenção que alguns perfis profissionais “encaixam” transversalmente em diversos sectores e que, portanto, esta análise deverá ser feita com prudência; concretizou-se, por outro lado, uma análise de inserção dos trabalhadores com qualificações correspondentes ao nível 5 do QNQ no mercado de trabalho, com recurso aos dados dos Quadros de Pessoal. Com excepção de uma análise global de enquadramento que incide sobre a totalidade do território nacional, a análise mais desagregada por região e por sector incidiu sobre o território continental. A análise sectorial assentou numa desagregação a 19 sectores cuja correspondência com a Classificação de Actividade Económicas (CAE, Rev. 3) é explicitada em anexo. Avaliação A resposta à questão de avaliação é condicionada pela reduzida expressão quantitativa dos formandos CET, em particular numa envolvente marcada por profundas e rápidas transformações no tecido produtivo, crescentemente dominado pelos serviços, significativamente influenciado pelos efeitos da crise económica e financeira e onde é ainda significativa a relevância de dimensões culturais da gestão empresarial adversas, com alguma frequência, ao enquadramento, ao reconhecimento e à recompensa de profissionais qualificados. No quadro da alteração do perfil produtivo português ao longo da última década, os principais "ganhadores" (em termos do valor acrescentado bruto) foram as actividades não transaccionáveis mais directamente associadas ao funcionamento do Estado e à provisão de bens e serviços públicos e de infra-estruturas. As restantes actividades que revelaram dinamismo foram a construção e o imobiliário, os serviços aos consumidores e as actividades de lazer e comunicação associadas ao consumo das famílias. As componentes das cadeias, metálica e química, associadas às exportações de bens transaccionáveis, cada vez mais relevantes no desempenho exportador, tiveram um ganho modesto. Os principais "perdedores" nesta transformação estrutural foram as actividades ligadas ao núcleo-duro dos bens transaccionáveis, como as cadeias industriais da floresta e do têxtil. As actividades chave da qualidade do "habitat", como a energia e o ambiente e os transportes, conheceram recuos, tal como o comércio associado aos consumo, apesar de uma "revolução" interna com a grande expansão da moderna distribuição alimentar, mista e especializada. Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 53 Caixa de Texto 3: Evolução do padrão de especialização da economia portuguesa A evolução recente do padrão de especialização da economia portuguesa exprime uma articulação específica entre uma adaptação com traços positivos, embora a um ritmo insuficiente, aos desafios e tendências do comércio mundial e uma transformação interna, polarizada, directa ou indirectamente, pela intervenção do Estado, caracterizada pela afirmação das actividades de bens e serviços não transaccionáveis. A análise do desempenho do sector exportador permite destacar as seguintes grandes conclusões: ● A ligeira perda de quota de mercado nas exportações mundiais foi acompanhada por uma recomposição substancial da estrutura das exportações industriais marcada por uma regressão substancial do peso relativo dos produtos de baixa tecnologia e um avanço, também substancial, do peso relativo dos produtos de média-baixa tecnologia. Os produtos de maior intensidade tecnológica e os associados às TIC e à refinação de petróleo conheceram uma trajectória ascendente sustentada mas ainda pouco expressiva. ● O grau de abertura das actividades industriais em Portugal, determinado pelo peso das exportações na produção total, registou uma ligeira progressão (passando de cerca de 38% para 42% entre 2000 e 2008), mas exprime uma dicotomia entre um grupo de actividades mais dinâmicas e sofisticadas (produtos de alta e média-alta tecnologia e produtos associados às TIC), claramente orientadas para os mercados externos (onde as exportações alcançam os 70/90% em 2008) e um grupo de actividades de menor sofisticação e menor valor acrescentado (produtos de baixa e média-baixa tecnologia), muito mais orientadas para o mercado doméstico (onde as exportações se ficam pelos 30% em 2008); ● A consolidação do défice externo na balança de produtos industriais, nesta primeira década do século XXI, foi determinada pelo “colapso” do excedente tradicional nas actividades de baixa tecnologia, que se reduziu para menos de metade (+9,2%, em 2000, +4,4%, em 2008), uma vez que o défice nas actividades mais exigentes em tecnologia e informação se reduziu, ao contrário, ligeiramente (passando de -7,9% para -7,5%) e o défice nas actividades de média-baixa tecnologia se converteu num excedente (passando de -1,3% para +1,7%). Estas tendências evidenciam que a emergência das componentes mais inovadoras e com maior capacidade concorrencial da economia portuguesa ainda não compensam a degradação das suas componentes menos sólidas e competitivas. O desafio central é, portanto, o da viabilização das alterações nas políticas públicas e nas estratégias empresariais que permitam acelerar e reequilibrar a evolução do padrão de especialização da economia portuguesa, na sua dupla dimensão de tipos de actividades e tipos de negócios, gerando uma muito maior coesão económica. A análise da evolução do perfil de especialização da economia portuguesa por grandes actividades e funções macroeconómicas permite destacar, pelo seu lado, as seguintes grandes conclusões: Estrutura da economia portuguesa em 2005 (VAB em % e ranking) A confirmação de uma transformação estrutural muito significativa da economia portuguesa que, para além de reflectir o processo generalizado de terciarização e urbanização das economias mais desenvolvidas à escala mundial, evidencia, sobretudo, a dimensão muito relevante que as administrações públicas e os serviços públicos de educação e saúde, a par das actividades polarizadas pela construção e pelo imobiliário, foram adquirindo. Os serviços colectivos públicos ocupam o 1º lugar no ranking da contribuição para o PIB se fragmentarmos a construção e o imobiliário nas duas funções macroeconómicas que servem (investimento em 3º lugar e consumo em 5º lugar); A confirmação do grande caminho que é necessário percorrer nas actividades de exportação que ocupam, todas, rankings situados entre o 11º e o 18º lugar. Importa notar que o processo de terciarização também fez aqui o seu caminho, uma vez que os serviços assumem uma posição de liderança nas exportações quando fragmentamos as exportações industriais nas diferentes cadeias produtivas que as alimentam. A enorme dimensão das transformações estruturais concretizadas desde a plena adesão à União Europeia (1986) que alteraram duradouramente a configuração, peso e poder das múltiplas actividades económicas com expressão na economia portuguesa e geraram dois desequilíbrios principais no crescimento económico potencial. Em primeiro lugar surge o desequilíbrio entre a coesão social e competitividade, traduzido na dimensão assumida pelos serviços colectivos face às actividades transaccionáveis, e em segundo lugar surge o desequilíbrio entre as actividades produtivas valorizadoras de recursos endógenos (agricultura, pescas e indústria) e as actividades de serviços e lazer associadas ao consumo. Fonte: AM&A, Relatório CGD sobre o desenvolvimento da economia portuguesa, 2010; as grandes funções macroeconómicas consideradas foram o Consumo Privado (C) e Público (G), a Formação Bruta de Capital Fixo (I) e as Exportações (X). O contributo de cada ramo de actividade foi calculado com um modelo input-output. 54 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Da análise da distribuição dos cursos aprovados por áreas de formação, parecem resultar sinais de resposta às necessidades de sectores que ao longo da última década ganharam relevância no desempenho exportador da economia portuguesa, com destaque para as formações nas áreas da Electrónica e da Automação e da Metalurgia e Metalomecânica (na sua maioria ministradas por Escolas Tecnológicas); por outro lado, o peso relevante de cursos oferecidos nas profissões da área do turismo pode consubstanciar relevância estratégica na promoção de actividades produtivas transaccionáveis, relativamente às quais é consensual a importância da continuidade (e intensificação) do investimento. Não obstante o peso destas áreas de formação no total de acções apoiadas, deve-se também sublinhar que as aprovações “tocam” num leque muito alargado de áreas de formação. Gráfico 11. Acções aprovadas por área de formação Ciências informáticas Electrónica e automação Turismo e lazer Metalurgia e metalomecânica Hotelaria e restauração Enquadramento na organização/empresa Finanças, banca e seguros Gestão e administração Indústrias alimentares Audio-visuais e produção dos media Tecnologia dos processos químicos Protecção do ambiente Electricidade e energia Construção civil e engenharia civil Indústrias do têxtil, vestuário calçado e couro Tecnologia de protecção do ambiente Serviços pessoais Indústrias transformadoras Contabilidade e fiscalidade Ciências empresariais Trabalho social e orientação Engenharia e técnicas afins Secretariado e trabalho administrativo Marketing e publicidade 0 10 20 30 40 50 Fonte: SIIFSE A aprovação de acções apresenta também uma elevada capilaridade na cobertura das NUTS III do Continente. Sendo assinalável a concentração no Grande Porto de um grande número de acções (25% do total), estes dados revelam também que apenas as NUTS III Baixo Alentejo e Península de Setúbal não apresentam aprovações, no conjunto das Regiões Convergência. Quando se analisa a distribuição dos CET por áreas de formação nas diferentes NUTS III verificam-se algumas assimetrias que seguramente resultam da natureza das entidades promotoras dos cursos: Sublinha-se a forte concentração de cursos na área da metalurgia, metalomecânica, electrónica e automação ao longo do território litoral mais industrializado, o que indicia a articulação entre as Escolas Tecnológicas e o tecido industrial, que está frequentemente na génese destas entidades e que continua a reflectir-se nas áreas de formação em que apostam. Pelo contrário, os territórios mais industrializados do Alentejo – com destaque para a região de Sines, mas também para o Alto Alentejo - são menos cobertos por aprovações, o que, novamente, deverá ser lido á luz da distribuição territorial da rede de Escolas Tecnológicas. O conjunto de acções na área dos serviços às empresas – gestão e administração, ciências informáticas, banca e seguros, enquadramento na empresa – apresentam uma distribuição territorial mais desconcentrada, mas, ainda assim, com uma forte presença nas zonas com maior densidade empresarial e de emprego, com destaque para as regiões do Grande Porto, Entre Douro e Vouga e Lisboa. As acções aprovadas na área do turismo – hotelaria e restauração, turismo e lazer – apresentam também uma expressiva articulação com os territórios definidos no Plano Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 55 Estratégico Nacional do Turismo como principais pólos de atracção (nomeadamente, a região do Grande Porto/Douro e Oeste), ainda que não possa ser deixado de referir que a opção da AG de não admitir as candidaturas da região do Algarve levanta questões sobre o contributo dos apoios para o encontro entre a procura e oferta de qualificações neste sector. Figura 4. Quociente de localização industrial e acções aprovadas Figura 5. Concentração do emprego e acções aprovadas Material de transporte Indústria automóvel Construção Naval Indústria química, metálica, electrónica e mecânica Indústria química, metálica, material de construção e material de transporte Indústria química, metálica, electrónica e mecânica, material de construção e material de transporte Legend N3 Material de transporte Gest 0 1-2 Legend Indústria química, metálica, material de construção 3-5 N3 Gest N3 0 Fbs Material de construção 1-2 3-4 3-5 Indústria electrónica e mecânica, material de transporte Indústria química, material de transporte 5-9 N3 Fbs N3 Enq 1 - 2 Legend Legenda 3-2 4 1 Legenda Quociente de localização N3 Concentração do emprego 3-4 Gest 5 - 9 Indústria química 0 5-9 Área de formação N3 Nº Acções Gestão 1 - 2e administração Enq N3 Nº acções Finanças, banca e seguros Cinf 31 -- 52 Enquadramento na empresa 3-2 4 1 Electrónica e automação Metalurgia e metalomecânica N3 Ciências 3 - 4 informáticas Fbs 5-9 N3 1 5-2 9 Cinf N3 3-4 QL 1-2 5-9 3 - -450 27 N3 51 - 75 Nota: Quociente de localização: Peso do sector X na estrutura de emprego concelhia/Peso do sector X 5-9 Enq 76 - 100 na estrutura de emprego nacional; se QL> 100 o concelho é especializado no sector X. Foram 1-2 101 - 200 N3 considerados para o cálculo do QL os sectores da indústria química, electrónica e mecânica, metálica, QL 3 - 4 material de transporte e material de construção 27 - 50 5 - 9 (2009) e SIIFSE Fonte: Equipa de Avaliação com base em dados dos Quadros de Pessoa/MTSS 51 - 75 N3 76 - 100 Cinf 101 - 200 Sublinham-se, no entanto, as limitações do potencial conclusivo1 - 2desta análise, muito em -4 particular no caso de formações que dão resposta a necessidade 3sentidas transversalmente 5-9 pelo tecido empresarial, de que é exemplo a formação em Ciências Informáticas que assume um peso muito expressivo no total de acções aprovadas N3 (19%). QL Uma outra perspectiva relevante na apreciação dos CET apoiados27 pelo POPH respeita à sua - 50 51 - 75 vocação predominante, como orientação eminentemente formativa pós-secundária 76 - 100 especializada ou como instrumento de oferta de formação com dupla certificação. No 101 - 200 conjunto dos períodos de candidatura considerados na presente avaliação, a maioria dos CET aprovados contempla formação adicional, propiciando condições de enquadramento como cursos de formação com dupla certificação. A análise da adequação da oferta formativa proporcionada pelos CET apoiados pelo POPH confronta-se com a reduzida expressão dos detentores de formações correspondentes ao nível 5 do QNQ na estrutura de qualificações da população activa portuguesa. Esta análise quantitativa revela reduzidas potencialidades de interpretação interessante, não apenas porque este nível de qualificações representa apenas cerca de 0,4% do total de trabalhadores registados nos Quadros de Pessoal, mas também porque o comportamento dos dados ao longo do tempo suscita dificuldades de interpretação. As referidas dificuldades decorrem sobretudo da circunstância de os Quadros de Pessoal não terem natureza censitária, a que poderão adicionar-se erros de preenchimento (porventura associados ao insuficiente reconhecimento das qualificações adquiridas), pelo que as variações absolutas registadas podem resultar exclusivamente de alterações no universo das empresas respondentes. No caso de uma característica tão particular e 56 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados numericamente pouco expressiva como as qualificações correspondentes ao nível 5 do QNQ deve ter-se uma prudência acrescida na análise dos dados disponíveis. Deve de qualquer modo assinalar-se que a evolução do número de trabalhadores com qualificação correspondentes ao nível 5 do QNQ é muito expressiva, quase triplicando nos 7 anos observados nos dados do quadro seguinte. Destaca-se, igualmente, a taxa de rotação muito elevada que é registada para o conjunto de trabalhadores com este nível de qualificação: mais de metade dos cerca de 13.000 trabalhadores registados em 2008 tinha um vínculo com menos de 2 anos, embora dois terços destes tenham entrado nesse ano no mercado. Apesar desta dinâmica ser positiva, importa tomar em consideração que se registam mais de 8.000 alunos inscritos em CET no ano 2008/2009. Admitindo, como hipóteses, que a cobertura pelos Quadros de Pessoal corresponde a cerca de 50% do emprego total em Portugal e que essa percentagem se aplica ao emprego de profissionais com qualificações correspondentes ao nível 5 do QNQ, deveria então verificar-se um aumento do stock correspondente a este nível de qualificação em cerca de 4.000 unidades - e não pouco mais de 2.000, como os Quadros de Pessoal evidenciam. Esta relativização parece indiciar que uma proporção extremamente elevada de formandos CET - eventualmente excessiva face aos objectivos estratégicos visados pelo POPH - opta por prosseguir estudos após conclusão dos cursos. Quadro 16. Evolução do pessoal ao serviço com qualificação correspondente ao nível 5 do QNQ Pessoal ao serviço Variação do pessoal ao serviço Pessoal admitido em 2007 e 2008 Taxa de rotação total 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 3.269.583 3.222.797 3.117.082 3.083.948 2.911.678 2.855.203 2.820.254 46.786 105.715 33.134 172.270 56.475 34.949 1.130.353 34,57% Pessoal ao serviço com qualificação de nível 5 12.901 10.842 8.116 8.263 7.607 6.289 Variação do pessoal ao serviço com qualificação de nível 5 2.059 2.726 -147 656 1.318 1.479 Pessoal admitido em 2007 e 2008 com qualificação de nível 5 6.862 0,34% 0,26% 0,27% 0,26% 0,22% Taxa de rotação total 4.810 53,19% Peso do pessoal ao serviço com qualificação de nível 5 no total 0,39% 0,17% Nota: dados respeitam ao território nacional Fonte: Quadros de Pessoal/MTSS Os dados apresentados no gráfico seguinte sintetizam elementos importantes para a análise da relevância das qualificações correspondentes ao nível 5 do QNQ no mercado de trabalho, desagregados por NUTS II e III. Verifica-se que o emprego com nível de qualificação 5 observa valores percentuais semelhantes em quase todas as NUTS III, com excepção da Grande Lisboa, onde o peso é significativamente superior à média (pese ainda assim o seu carácter marcadamente residual em termos do número absoluto de trabalhadores) - e sem prejuízo da constatação de valores comparativamente muito baixos em sub-regiões menos desenvolvidas (como o Tâmega, a Beira Interior Sul e o Baixo Alentejo), onde a relevância percentual deste nível de qualificação corresponde a apenas 50% da média nacional. Merece por outro lado destaque o elevado ritmo de crescimento que as qualificações correspondentes ao nível 5 do QNQ têm algumas sub-regiões: para além da situação, já assinalada, da Grande Lisboa, algumas NUTS III do Centro e do Norte apresentam, no stock de empregados com este nível de qualificação, valores muito importantes nas admissões em 2009 (em particular Dão Lafões, Serra da Estrela, Minho-Lima e Tâmega). Embora se trate, com excepção das grandes bacias de emprego de Lisboa e do Porto, de contingentes pequenos, constata-se um crescimento significativo do número de trabalhadores com qualificação correspondente ao nível 5 do QNQ um pouco por todo o país. Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 57 Gráfico 12. Relevância regional das qualificações correspondentes ao nível 5 do QNQ em 2009 6.000 0,70% Pessoal ao serviço com qualificação de nível 5 % Pessoal ao serviço com qualificação de nível 5 no total regional 0,60% 5.066 5.000 0,30% 1.758 2.000 429 237 51 71 67 93 580 301 117 79 29 71 19 34 215 302 89 267 424 139 126 285 293 465 169 1.000 459 0,20% 0,10% Norte Lisboa Alentejo Algarve Lezíria do Tejo Baixo Alentejo Alentejo Central Alto Alentejo Alentejo Litoral Península de Setubal Grande Lisboa Oeste Centro Médio Tejo Cova da Beira Beira Interior Sul Serra da Estrela Beira Interior Norte Pinhal Interior Sul Dão Lafões Pinhal Litoral Pinhal Interior Norte Baixo Mondego Baixo Vouga Douro Alto Trás-os-Montes Entre Douro e Vouga Tâmega Grande Porto Ave 0,00% Cávado 0 Minho Lima Pessoal ao Serviço nível 5 (Nº) Média Portugal Continental: 0,4% 0,40% 3.000 % Pessoal ao Serviço nível 5 0,50% 4.000 Algarve Quadro 17. Evolução das admissões de pessoal com qualificação correspondente ao nível 5 do QNQ Pessoal ao Admissões serviço de 2007 a 2009 2009 Norte Alto Trás-os-Montes Ave Cávado Douro Entre Douro e Vouga Grande Porto Minho Lima Tâmega Centro Baixo Mondego Baixo Vouga Beira Interior Norte Beira Interior Sul Cova da Beira Dão Lafões Médio Tejo Oeste Pinhal Interior Norte Pinhal Interior Sul Pinhal Litoral Serra da Estrela Lisboa Grande Lisboa Península de Setúbal Alentejo Alentejo Central Alentejo Litoral Alto Alentejo Baixo Alentejo Lezíria do Tejo Algarve Total % Admissões médias anuais no total Pessoal ao Admissões % serviço de 2007 a Admissões (nível 5) 2009 de nível 5 2009 (nível 5) no total % Admissões médias anuais no total do nível 5 1.069.378 411.437 12,8% 3.694 2.145 0,52% 19,4% 31.232 12.765 13,6% 139 81 0,63% 19,4% 166.034 56.142 11,3% 465 247 0,44% 17,7% 123.783 47.140 12,7% 459 244 0,52% 17,7% 39.326 17.281 14,6% 126 78 0,45% 20,6% 90.459 28.512 10,5% 285 161 0,56% 18,8% 409.080 163.068 13,3% 1.758 1.031 0,63% 19,5% 59.229 23.595 13,3% 169 116 0,49% 22,9% 150.235 62.934 14,0% 293 187 0,30% 21,3% 623.944 230.747 12,3% 1.947 1.105 0,48% 18,9% 84.606 31.423 12,4% 267 139 0,44% 17,4% 117.297 40.761 11,6% 424 261 0,64% 20,5% 21.938 7.434 11,3% 71 34 0,46% 16,0% 16.724 6.324 12,6% 29 18 0,28% 20,7% 20.343 6.823 11,2% 79 48 0,70% 20,3% 68.615 27.470 13,3% 215 144 0,52% 22,3% 57.545 21.114 12,2% 117 59 0,28% 16,8% 100.360 40.982 13,6% 301 151 0,37% 16,7% 28.925 9.766 11,3% 89 49 0,50% 18,4% 7.953 2.680 11,2% 34 14 0,52% 13,7% 91.558 33.426 12,2% 302 176 0,53% 19,4% 8.080 2.544 10,5% 19 12 0,47% 21,1% 980.352 431.891 14,7% 5.646 3.507 0,81% 20,7% 817.894 360.473 14,7% 5.066 3.197 0,89% 21,0% 162.458 71.418 14,7% 580 310 0,43% 17,8% 180.870 74.695 13,8% 519 274 0,37% 17,6% 40.623 15.563 12,8% 93 56 0,36% 20,1% 24.589 11.492 15,6% 67 34 0,30% 16,9% 24.134 8.786 12,1% 71 32 0,36% 15,0% 26.411 11.198 14,1% 51 28 0,25% 18,3% 65.113 27.656 14,2% 237 124 0,45% 17,4% 144.237 69.633 16,1% 429 236 0,34% 18,34% 2.998.781 1.218.403 13,5% 12.235 7.267 0,60% 19,8% Fonte: Quadros de Pessoal/MTSS 58 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Os dados apresentados no quadro seguinte permitem reforçar a constatação de que não só as qualificações correspondentes ao nível 5 do QNQ têm um peso marginal na estrutura de emprego, como se encontram concentrados num pequeno conjunto de sectores. O sector dos serviços às empresas representa 37% do total do pessoal ao serviço com qualificação correspondente ao nível 5 do QNQ no Continente; juntando os sectores da distribuição e comércio, construção e educação saúde e cultura chega-se a 80%. Existem no entanto algumas especificidades regionais que importam assinalar, até porque podem resultar de especificidades territoriais da oferta formativa. Quadro 18. Pessoal ao serviço com qualificação correspondente ao nível 5 do QNQ por sector e NUTS II em 2009 Norte Nº Agricultura, Silvicultura e Pesca Extractivas Alimentares Centro % Nº % Lisboa Nº % Alentejo Nº % Algarve Nº % 15 0,4% 44 2,3% 19 0,3% 60 11,6% 7 1,6% 7 0,2% 5 0,3% 2 0,0% 2 0,4% 1 0,2% 55 1,5% 48 2,5% 27 0,5% 19 3,7% 1 0,2% 167 4,5% 12 0,6% 6 0,1% 0 0,0% 0 0,0% Madeira, Cortiça e Mobiliário 43 1,2% 28 1,4% 14 0,2% 2 0,4% 1 0,2% Papel e Publicações 60 1,6% 21 1,1% 72 1,3% 40 7,7% 1 0,2% Químicas 42 1,1% 30 1,5% 23 0,4% 6 1,2% 0 0,0% Metálicas Têxtil, Vestuário e Calçado 103 2,8% 104 5,3% 40 0,7% 7 1,3% 4 0,9% Mecânicas e Electrónicas 87 2,4% 54 2,8% 74 1,3% 4 0,8% 4 0,9% Material de Transporte 20 0,5% 8 0,4% 10 0,2% 7 1,3% 0 0,0% Material de Construção 21 0,6% 32 1,6% 12 0,2% 5 1,0% 3 0,7% 406 11,0% 240 12,3% 629 11,1% 56 10,8% 82 19,1% Energia, Água e Saneamento 18 0,5% 13 0,7% 10 0,2% 1 0,2% 2 0,5% Transportes e Comunicações 68 1,8% 50 2,6% 161 2,9% 14 2,7% 5 1,2% 721 19,5% 353 18,1% 710 12,6% 66 12,7% 79 18,4% Construção Distribuição e Comércio Serviços Empresariais 1108 30,0% 453 23,3% 2821 50,0% 108 20,8% 98 22,8% Hotelaria e Restauração 132 3,6% 110 5,6% 168 3,0% 28 5,4% 82 19,1% Educação, Saúde e Cultura 592 16,0% 331 17,0% 840 14,9% 86 16,6% 59 13,8% 29 0,8% 11 0,6% 8 0,1% 8 1,5% 0 0,0% Administrações Públicas Fonte: Quadros de Pessoal/MTSS Salienta-se no Norte e no Centro a importância deste nível de qualificação na indústria transformadora, muito em particular na indústria têxtil no Norte e na indústria metálica no Centro; em Lisboa, os serviços às empresas representam metade do pessoal ao serviço com qualificação correspondente ao nível 5 do QNQ; no Alentejo merece destaque a agricultura e a indústria do papel e publicações; no Algarve é o sector da hotelaria e restauração que mais se evidencia no padrão nacional. A questão que importa eventualmente manter para discussão é a de saber se deveríamos esperar uma maior diversificação regional dos padrões de concentração, ou se é aceitável, numa lógica de avaliação da adequação da oferta à transformação do perfil produtivo, que esta formação, que se espera seja bastante diferenciada, mantenha o perfil do mercado como ele existe. Acresce que os resultados da análise fina da inserção de diplomados de nível 5 na actividade económica não são apenas surpreendentes - podendo mesmo colocar em causa a pertinência da oferta de qualificações que tem vindo a ser realizada através dos CET ao longo do tempo – designadamente no enquadramento propiciado por características ainda significativas no tecido económico, como a dificuldade de reconhecimento do valor da qualificação profissional para a produção, ou por debilidades estruturais que se têm agravado, como o crescimento do trabalho temporário; mesmo que esta apreciação avaliativa não respeite necessariamente ou, mesmo, não provavelmente a cursos financiados pelo POPH, a oferta formativa beneficiou seguramente de uma muito relevante contribuição de fundos públicos (nomeadamente no caso de Estabelecimentos do Ensino Superior). Assinalamos, por um lado, o relativamente reduzido número de empregos com qualificação correspondente ao nível 5 do QNQ em actividades industriais, revelando os Quadros de Pessoal que a maioria dos titulares com qualificação profissional deste nível encontra emprego principalmente em actividades de serviços. Acresce que o sector de actividade que mais emprega estes profissionais é as 78 “Actividades de Emprego” (que engloba as Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 59 empresas de trabalho temporário e subcontratação). Esta constatação pode indiciar uma afectação de profissionais com qualificação de nível 5 a empregos temporários ou de subcontratação. Todavia, a referida concentração no sector “Actividades de Emprego” de profissionais com qualificações correspondentes ao nível 5 do QNQ suscita dúvidas sobre a razoabilidade e objectividade dos dados de suporte, seja pela proporção extremamente elevada que revelam (cerca de cinco vezes superior à média nacional, uma vez que esta secção da CAE corresponde a 3,1% do total, o que já pode ser considerado elevado, e se eleva 15,4% do total titulares de qualificação de nível 5), seja porque não se verifica nos anos anteriores (devendo aliás ser assinalado que a análise dos microdados dos Quadros de Pessoal permite constatar que um único estabelecimento classificado na CAE 78 inscreve 1.012 trabalhadores com este nível de qualificação em 2008, circunstância que não se verificava no ano imediatamente anterior). As importantes informações que os dados dos Quadros de Pessoal fornecem sobre os trabalhadores com este nível de qualificação, e as pistas interpretativas que sugerem, devem ser consequentemente utilizadas, na perspectiva da equipa de avaliação, com muita prudência. Dado o elevado peso assumido pelas áreas de formação mais associadas ao sector industrial - nomeadamente a electrónica e automação, metalurgia e metalomecânica – e ao turismo e lazer no conjunto de acções aprovadas, reconhece-se o potencial contributo dos apoios comunitários para um maior equilíbrio entre o peso relativo que os serviços às empresas e os restantes sectores assumem no total de trabalhadores com qualificações correspondentes ao nível 5 do QNQ e para a qualificação dos sectores produtores de bens e serviços transaccionáveis. No entanto, a responsabilidade dos CET nesse processo de transformação será, na perspectiva da equipa de avaliação, muito limitado, desde logo devido à reduzida dimensão quantitativa do stock de diplomados CET. Acresce que concretização deste potencial dependerá, naturalmente, de especificidades dos mercados regionais e locais, as quais a equipa de avaliação considera que não são plenamente integrados no processo de criação de CET e de aprovação dos apoios comunitários, devido às debilidades de fundamentação da oferta formativa por parte das entidades promotoras, ou à permanência de uma lógica de sustentação de públicos pouco atenta à eficácia e eficiência da sua actuação nos mercados. De facto, no plano qualitativo, a insuficiência de elementos formais de avaliação da empregabilidade e de acompanhamento dos percursos de inserção dos formandos no mercado de trabalho por parte de muitas das instituições formadoras inviabiliza o aprofundamento da avaliação da adequação da formação CET às necessidades do mercado, quer do ponto de vista das necessidades presentes, quer sobretudo das necessidades emergentes a que o perfil de oferta para “nichos” que os CET deveriam poder responder por forma a maximizar a sua pertinência e eficiência. Apesar da apreciação generalizada dos stakeholders que as taxas de empregabilidade dos alunos de CET são elevadas, e que a oferta de formações deste tipo é adequada e relevante face às características e necessidades do tecido económico e empresarial português, nas entrevistas e estudos de caso realizados apresentaram também com alguma regularidade indicações no sentido de que, para a generalidade das empresas, a detenção de um diploma CET não é reconhecida como atribuindo, pelo menos em algumas áreas profissionais, uma qualificação diferenciada face a trabalhadores com formação de nível secundário – indiciando que, na perspectiva dos empregadores, a detenção de um curso profissional de nível secundário ou de um diploma CET não corresponde necessariamente a efectiva diferenciação profissional e salarial. No estudo de caso da INETESE, por exemplo, foi referido que os alunos que completam um curso profissional de nível 4 e os alunos que completam um CET são admitidos na carreira profissional ao mesmo nível. Também no estudo de caso do Instituto Politécnico de Tomar foi mencionado que a definição de uma qualificação de nível 5 implica um elevado grau de autonomia no exercício da actividade profissional, o qual tende a não ser reconhecido pelos empregadores. Se, como as informações assim recolhidas indicam, o mercado não diferencia claramente o valor das qualificações profissionais e das competências adicionais adquiridas nos CET face a outros percursos de formação profissional, importa discutir com frontalidade e seriedade a qualidade da formação e a pertinência da oferta deste tipo de qualificações, sobretudo num contexto em que proliferação de diplomas e percursos escolares e profissionais é parte do problema com que as empresas e os indivíduos se confrontam no momento de tomar as suas decisões de recrutamento e de percursos educativos e formativos. O aprofundamento desta problemática deverá tomar em consideração o contributo do Quadro Nacional de Qualificações para ultrapassar a dificuldade associada à falta de reconhecimento pelo mercado das qualificações e competências adquiridas, designadamente ao identificar explicitamente os resultados da aprendizagem associados a cada nível de qualificação. 60 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados No âmbito da tipologia de beneficiários e perfil esperado QA7. A tipologia de beneficiários é adequada aos objectivos e às necessidades do mercado de trabalho (são as entidades mais adequadas face à formação sectorial desenvolvida?) A resposta a esta questão de avaliação compreende o tratamento das seguintes problemáticas: Avaliar se existem diferenças relevantes nos projectos candidatados entre diferentes tipos de actores Avaliar se o desempenho das diferentes tipologias de beneficiários tem diferenças relevantes face aos objectivos das tipologias em avaliação e aos objectivos do PO. Avaliar se os promotores dos projectos aprovados pelo POPH são as entidades mais adequadas para promover a formação oferecida, tendo em consideração os cursos que foram objecto de aprovação. Nesse sentido a equipa elaborou a resposta à questão de avaliação a partir das três componentes de análise / objectivos específicos acima referidos, no sentido de propiciar uma resposta às duas dimensões presentes na respectiva formulação: relação entre tipologias de beneficiários e o mercado de trabalho e adequação dessas tipologias de actores à formação sectorial desenvolvida. Foi consequentemente realizada a análise dos dados disponíveis no Sistema de Informação do POPH sobre as candidaturas aprovadas, designadamente no que respeita à análise do mérito e às áreas de formação, bem como de outras informações disponíveis sobre os resultados alcançados (taxas de aproveitamento e empregabilidade), segmentadas pelas diferentes tipologias de beneficiários. Os resultados destas análises foram, subsequentemente, objecto de validação, em particular de triangulação nas entrevistas e nos estudos de caso realizados. A resposta à presente questão de avaliação articula-se fortemente com a análise já enunciada no primeiro e no segundo grupo de questões de avaliação, nomeadamente no que respeita à análise da coerência entre o perfil de beneficiários e os objectivos das tipologias e à análise da elegibilidade e do mérito das candidaturas desagregada por tipologia de beneficiário. Avaliação Coexistem, como referido, no conjunto de entidades que oferecem CET, quatro tipos de instituições, integradas em quatro sistemas: as Escolas Tecnológicas (que correspondem às entidades originalmente promotoras dos Cursos Tecnológicos que deram origem aos CET); os Centros de Formação, no âmbito do IEFP; as Escolas do Ensino Secundário (que promovem os CET no âmbito do seu esforço de promoção das ofertas formativas profissionalizantes de dupla certificação); e, as Estabelecimentos do Ensino Superior, públicas e privadas, em especial os Institutos Politécnicos. O Instituto de Turismo de Portugal e outras entidades formadoras acreditadas pelo IEFP constituem outras tipologias de actores que, no essencial, correspondem a formas de inserção no sistema CET equivalentes às Escolas Tecnológicas e aos Centros de Formação do IEFP, respectivamente. Para além das diferenças já assinaladas nas anteriores questões de avaliação em relação ao processo e ao ritmo de criação e registo de CET por tipologia de beneficiário, assinala-se também significativas diferenças em relação às áreas de formação oferecidas: nas Escolas Tecnológica e nos Centros de Formação Profissional destaca-se o peso dos registos nas áreas da engenharia e técnicas afins e informática; nas Escolas Profissionais e de Ensino Secundário verifica-se uma forte adesão à formação nas áreas do turismo e lazer e informática; nos Estabelecimentos do Ensino Superior a oferta distribui-se por um leque significativamente mais alargado de áreas de formação. A equipa de avaliação assinala, com surpresa, a ausência de CET orientados especificamente para a gestão e administração autárquicas, sem prejuízo de vários cursos poderem ser profissionalmente enquadrados pelas autarquias. O perfil das aprovações por tipologia de beneficiário e por área de formação, reflecte, naturalmente, as diferenças verificadas nos registos e autorizações de funcionamento dos CET. Os dados apresentados revelam claramente que os CET apoiados pelo POPH em 2008 e 2009 conhecem significativa concentração na tipologia correspondente à oferta realizada pelas Escolas Tecnológicas, corporizando a concepção original deste tipo de formação por parte de entidades vocacionadas para esta modalidade de qualificação, seguida pela oferta Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 61 propiciada pela tipologia de actores Estabelecimentos do Ensino Superior, em particular Institutos Politécnicos, que evidenciam, na perspectiva de alguns stakeholders, uma abordagem e vocação dos CET significativamente distinta. Assinala-se igualmente a reduzida adesão das Escolas Secundárias e dos Centros de Formação do IEFP a este modelo formativo, que apenas participam nesta oferta de qualificações após entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 88/2006. Destaca-se da análise desta informação o peso elevado dos CET com dupla certificação8 (correspondente a 62%), em particular os promovidos pelo Instituto de Turismo (91%), bem como a relevância desta característica nos Estabelecimentos do Ensino Superior e nas Escolas Tecnológicas (em ambos os casos, cerca de 65%). Não poderemos deixar de considerar um pouco estranha a ocorrência, com a frequência indicada, de CET com dupla certificação nos Estabelecimentos do Ensino Superior, designadamente porque estas instituições atribuem consequentemente diplomas do Ensino Secundário. Quadro 19. Acções aprovadas por tipologia de curso, tipologia de beneficiário e região Tipologia do Curso Região CET sem formação adicional Alentejo Centro Lisboa Norte Estab. Educação Escolas e Ensino Profissionais Secundário 2 6 3 7 Escolas do Instituto de Turismo Outras entidades Total formadoras 3 11 10 3 3 26 11 55 14 100 8 Subtotal CET com formação adicional Centros de Formação Escolas Profissional Tecnológicas (IEFP) Estab. Ensino Superior 5 1 10 1 27 5 6 23 4 45 1 2 1 1 23 36 Alentejo Centro Lisboa Norte 8 3 4 16 76 18 18 Subtotal Total 15 2 65 0 2 43 0 85 31 2 163 5 8 66 4 130 34 16 263 Fonte: SIIFSE Gráfico 13.Acções aprovadas por tipologia de beneficiário e área de formação Serviços Saúde e protecção social Engenharia, indústrias transformadoras e construção Ciências, matemática e informática Ciências sociais, comércio e direito Artes e humanidades 0% 20% 40% Estabelecimentos de educação e ensino secundário 60% 80% 100% Escolas profissionais Estabelecimentos de ensino superior Escolas tecnológicas 18 30 Centros de formação profissional (IEFP) Escolas do Instituto de Turismo Outras entidades formadoras Fonte: SIIFSE 8 Entendida, nos termos do Art.º 4.º do Decreto-Lei n.º 88/2006, de 23 de Maio, como “conjugação de uma formação secundária, geral ou profissional, com uma formação técnica pós-secundária”. 62 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Os dados sistematizados no gráfico anterior confirmam o papel determinante das Escolas Tecnológicas na oferta das áreas formativas mais associadas ao sector industrial. Em contraste, verifica-se que quase 50% da oferta formativa propiciada por Estabelecimentos do Ensino Superior se concentra em áreas que podem ser classificadas como terciárias e transversais (Ciências informáticas; Enquadramento na organização/empresa; Finanças, banca e seguros; Gestão e administração; Audiovisuais e produção dos media; Ciências empresariais; Contabilidade e fiscalidade; Serviços pessoais; Marketing e publicidade; Secretariado e trabalho administrativo). A ausência de informação sistematizada e generalizada sobre a empregabilidade dos diplomados por CET, desagregada pela tipologia de entidade promotora, limita, como já foi referido, o potencial conclusivo da presente análise. Com efeito, ressalvando a notável excepção das entidades formativas correspondentes às Escolas Tecnológicas tuteladas pelo Ministério da Economia, as restantes entidades formadoras de CET não evidenciam, de modo geral, terem criado instrumentos de acompanhamento do percurso profissional dos seus formandos o que significa, objectivamente, que atribuem importância reduzida à instituição dessa ferramenta. As nove entidades que nesta perspectiva se evidenciam (8 Escolas Tecnológicas e o Instituto do Turismo de Portugal) realizaram em 2010 um estudo sobre o desempenho institucional, que contém alguns elementos importantes para a avaliação da empregabilidade dos formandos, sintetizados no quadro seguinte. Quadro 20. Escolas Tecnológicas – indicadores de actividade Diplomados com CET Empresas Rede Estágios Taxa Média de Prosseguimento Ensino Superior Taxa Média de Empregabilidade AESBUC 2.680 500 11% 72% AFTEBI 1.110 689 11% 84% ENTA 421 87 26% 87% ESTER 129 194 12% 84% FORESP 541 220 23% 88% NOVOTECNA Total 616 185 10% 90% 5.497 1.875 13% 80% Nota: Valores acumulados desde o início da actividade de cada escola Fonte: n-net Rede de Escolas Tecnológicas, Diagnóstico Institucional das Escolas Tecnológicas, Dezembro 2010. As Escolas Tecnológicas (que, como mencionado, correspondem à matriz inicial dos CET, ainda enquanto Cursos Tecnológicos promovidos e tutelados pelo Ministério da Indústria), apresentam características comuns que importa destacar: dimensão reduzida do número de formandos; rede de empresas associadas muito significativa; e, no que respeita mais especificamente à problemática em análise, taxas elevadas de transição para o mercado de trabalho e taxas muito significativas de empregabilidade. Não foi consequentemente possível obter elementos que permitam generalizar esta análise quanti e qualitativa da empregabilidade dos formandos, aspecto muito relevante, para não dizer central, da avaliação da adequação da formação ministrada às necessidades do mercado de trabalho. Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 63 64 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Conclusões e recomendações Assinalámos, nos capítulos iniciais deste relatório, que embora o presente Estudo de Avaliação da Operacionalização das Tipologias de Intervenção 1.4 e 9.1.4 do Programa Operacional Potencial Humano – Cursos de Especialização Tecnológica (CET) assuma objectivos de natureza eminentemente operacional, não só as finalidades prosseguidas por algumas das questões de avaliação evidenciam a valorização de componentes estratégicas como, sobretudo, o processo desenvolvido para a sua concretização revelou que as metodologias e os procedimentos adoptados em diversas vertentes da gestão das tipologias em apreço são condicionados por opções estratégicas. Estas opções estratégicas, que determinaram a configuração dos apoios aos CET pelo POPH, encontram-se fundamentalmente consagradas em termos legislativos, em particular no Decreto-Lei n.º 88/2006, de 23 de Maio – que, como se verifica aliás com alguma frequência no processo legislativo, procede a uma revisão significativa do edifício normativo precedente, sem todavia – em nosso entender – introduzir alterações radicais na sua concepção desta oferta formativa. Será assim relevante tomar em consideração que a origem dos CET remonta ao início dos anos 90, no quadro da resposta ao reconhecimento de que as carências na formação profissional de quadros qualificados limitavam a prossecução dos objectivos de transformação e modernização da economia portuguesa que constituíam o objectivo central do PEDIP (Programa Específico de Desenvolvimento da Economia Portuguesa). Não obstante a evolução legislativa dos CET entretanto verificada e, especialmente, a valorização do enquadramento desta oferta formativa no Ensino Superior consagrada pelo mencionado diploma legal (objectivamente evidenciada pelo processo de registo, criação e autorização de funcionamento, bem como pelas condições de prosseguimento de estudos nesse nível de ensino), este normativo – e o correspondente edifício regulamentar e operacional no POPH – mantém a afirmação de que o objectivo primordial dos CET corresponde a assegurar a inserção dos diplomados no mercado de trabalho. A conclusão decorrente destas constatações é, naturalmente, que a legislação vigente sobre os CET explicita uma ambiguidade relevante para a respectiva concepção e operacionalização, correspondente a não clarificar (ou a pretender conciliar) a sua vocação prioritária enquanto formação profissional de quadros qualificados ou como veículo para prosseguimento de estudos no ensino superior. A relevância desta ambiguidade é particularmente acentuada pela verificação de que subsistem na economia portuguesa, em termos globais, regionais e locais, enormes carências de profissionais qualificados, tanto no que respeita ao seu contributo para aumentar a eficiência do tecido económico, como para melhorar as condições da sua transformação e maior capacidade competitiva, transaccionável e internacionalizada. Importa assinalar, neste contexto, que a avaliação permitiu confirmar a percepção, certamente fundamentada, dos operadores desta tipologia formativa sobre a persistência do insuficiente reconhecimento, por parte de empresas e de empresários, do valor decorrente da integração de profissionais qualificados; esta circunstância, necessariamente merecedora de instrumentos de política adequados, não deverá todavia justificar a desvalorização desta oferta formativa, em particular porque as debilidades que revela são argumentos importantes para prosseguir e, mesmo, reforçar o investimento na qualificação dos recursos humanos. O modelo regulamentar e operacional que enquadra os CET no POPH incorpora, para além das determinações legislativas referidas, as orientações estratégicas decorrentes do Acordo para a Reforma da Formação Profissional (celebrado em 2007, em sede de concertação social), designadamente no que respeita à generalização do nível secundário como patamar mínimo de qualificação e à garantia de que toda a oferta de cursos profissionalizantes de jovens permita a obtenção de dupla certificação, subsequentemente, prosseguidas pelo Catálogo Nacional de Qualificações. O estudo de avaliação constatou, para além da assunção consensualizada das referidas orientações estratégicas por parte dos stakeholders, que a gestão do PO promoveu a consagração de excepções relevantes à observância do CNQ nas candidaturas a apoio financeiro aos CET nos períodos de candidaturas de 2008 e 2009. A ocorrência desta situação configura obviamente o reconhecimento de debilidades na construção do Catálogo Nacional de Qualificações, que deveriam ter justificada flexibilidade na definição da inerente condição de elegibilidade. Neste contexto, o quadro seguinte apresenta as principais conclusões da avaliação, estruturadas de acordo com a ordenação das questões de avaliação, nos termos do caderno de encargos. Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 65 Quadro 21. Principais conclusões da avaliação A. Objectivos e metas A procura foi muito significativa face à dimensão dos recursos financeiros alocados às tipologias, e permitiu a concretização das metas. As dinâmicas de procura gerada reflectem o reconhecimento, por parte dos stakeholders, da relevância e pertinência dos CET no sistema de educação e formação e face às necessidades do tecido empresarial. Reconhece-se entre os stakeholders a necessidade de clarificação dos objectivos prioritários dos CET. B. Condições de admissibilidade / elegibilidade e análise de mérito O principal motivo de não admissibilidade/elegibilidade sinaliza desajustamentos entre a oferta e a procura (a procura foi muito superior às disponibilidades financeiras) bem como desajustamento de natureza técnica, relacionados com nos procedimentos de registo, criação e autorização de funcionamento dos CET. Os critérios de selecção são adequados e pertinentes. A análise de mérito das candidaturas foi fortemente constrangida pelas limitações da informação disponibilizada. A necessidade do reforço da selectividade permanece pertinente. C. Articulação temático-regional Persistem debilidades na articulação temático regional. A recolha e análise da informação que deveria estar na base da articulação temático-regional não é feita de forma extensiva e sistemática por parte dos operadores de formação. D. Dinâmicas de procura e adequação ao mercado A avaliação das áreas de formação apoiadas, numa perspectiva da sua adequação ao perfil produtivo regional, é globalmente positiva, mas identifica-se uma significativa margem de melhoria na selecção das acções com um maior envolvimento do tecido empresarial na sua concepção e operacionalização. E. Tipologia de beneficiários e perfil esperado As decisões de operacionalização das tipologias e o perfil das acções apoiada contribuem, no que respeita à tipologia de beneficiários, para a manutenção de uma oferta diversificada de CET, mas identifica-se uma significativa margem de melhoria na selecção dos beneficiários com a oferta formativa mais adequada face à procura social e económica. As conclusões do estudo de avaliação apresentadas no início deste capítulo fundamentam recomendações que visam superar as ambiguidades detectadas, especialmente concretizáveis pela revisão de orientações legislativas e estratégicas actualmente em vigor. Referimo-nos, por um lado, à conveniência que a equipa de avaliação atribui – aliás com apoio generalizado das informações e reflexões recolhidas nos stakeholders – à clarificação da vocação prioritária dos CET que, tomando em consideração as características e as debilidades do tecido económico, deverá privilegiar as suas responsabilidades na formação profissional de quadros qualificados. Referenciamos, por outro lado, as debilidades reveladas pelo Catálogo Nacional de Qualificações que conduziram à consagração de excepções à sua aplicação, enquanto condição de admissibilidade, em 2008 e 2009 – conclusão que fundamenta a recomendação de que, designadamente enquanto subsistirem dificuldades objectivas na respectiva inserção de CET, este referencial deve passar a constituir uma orientação, em vez de uma condicionante. Assinalamos ainda, tomando em consideração que o conhecimento das entidades formadoras sobre as necessidades e prioridades de formação e qualificação é insubstituível, que entendemos dever recomendar que a existente fragmentação institucional em cada tipologia de oferta de CET deverá ser superada, assegurando – designadamente através de acções pertinentes da ANQ enquanto entidade reguladora do sistema, a melhoria das condições existentes nas entidades formadoras para responderem a um quadro operacional de maior selectividade e o aumento das suas qualificações e competências, a partilha de experiências e a cooperação. 66 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Consideramos, finalmente, que – para além de recomendarmos a implementação de mecanismos generalizados de sistematização de diagnósticos locais de necessidades de formação e de instrumentos de avaliação da empregabilidade - os factores-chave de sucesso serão: • Garantir que a selecção específica da oferta por parte das entidades formadoras não decorre de objectivos de rentabilização dos recursos disponíveis e de fidelização de públicos mas, antes, do diagnóstico de efectivas necessidade de qualificações (tributário da qualidade nos mecanismos de auscultação e participação do tecido empresarial e de acompanhamento dos alunos após a formação); • Assegurar que o quadro regulamentar não constitui um entrave ao desenvolvimento da oferta formativa por parte de algumas tipologias de entidades formadoras, cujas tutelas evidenciam interpretar a orientação legislativa vigente como a consagração da vocação dos CET no contexto do Ensino Superior e do prosseguimento de estudos. Apresentam-se no quadro seguinte as conclusões e recomendações operacional, com indicação das correspondentes questões de avaliação. de natureza Importa explicitar que a natureza eminentemente operacional dos objectivos explicitados no Caderno de Encargos e nas questões de avaliação determinam que uma parte muito significativa das conclusões e recomendações que apresentamos seja coerente com essa orientação. Assumindo também portanto características predominantemente operacionais a respectiva concretização deverá integrar as responsabilidades da Autoridade de Gestão e Secretariado Técnico do POPH; o correspondente acompanhamento deverá ser exercido, no quadro do modelo de governação do POPH, pela Comissão de Acompanhamento. Como assinalámos no relatório, em particular nos parágrafos introdutórios deste capítulo, a avaliação revelou que dimensões relevantes da operacionalização dos CET no âmbito do POPH não decorrem de decisões de gestão mas, antes, de opções estratégicas consagradas em termos legislativos e regulamentares, que a Autoridade de Gestão e o Secretariado Técnico do POPH devem necessariamente respeitar e concretizar. Nas situações em que a prossecução das conclusões e recomendações da avaliação está condicionada por diplomas legislativos ou normas regulamentares, a respectiva concretização implicará alterações nesses diplomas e regulamentos, cuja legitimidade e responsabilidade cabe a órgãos políticos. Assinalamos todavia que, mesmo nestas situações, a Autoridade de Gestão deverá (aceitando as conclusões e recomendações apresentadas) promover a respectiva concretização – através, especialmente, do estabelecimento pró-activo de interacções com departamentos competentes da administração e com os membros do Governo – e assegurar o correspondente acompanhamento. Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 67 Quadro 22. Conclusões e recomendações de natureza operacional Conclusões 1. QA. Recomendações Os procedimentos de registo, criação e autorização de funcionamento dos CET, requisitos prévios que condicionam a sua elegibilidade ao POPH, constituem poderosos instrumentos da respectiva regulação, da competência do Ministério de Tutela subsequente a parecer da Comissão Técnica para a Formação Tecnológica Pós-Secundária (órgão coordenado pela Direcção-Geral do Ensino Superior). 2. 3. Regista-se um aumento tendencialmente significativo da oferta de CET e, sobretudo, uma concentração crescentemente acentuada dos CET registados em Estabelecimentos do Ensino Superior, designadamente Politécnico, que especialmente valorizam o objectivo do prosseguimento de estudos (para o qual a fidelização de formandos desempenha uma função relevante). 4. Em traços gerais, as dinâmicas de procura verificadas nos dois primeiros avisos permitem QA.1 QA.2 constatar que o perfil de candidaturas apresentadas e aprovadas corresponde ao esperado, tendo existido uma resposta muito positiva dos diversos grupos de beneficiários potenciais. Os instrumentos e plataformas de gestão das tipologias (formulários, grelha de análise, documentos solicitados no momento da candidatura, etc.) são avaliados de forma globalmente positiva pelos beneficiários, facto que também terá contribuído para a elevada procura. Continuar a estimular a oferta formativa de CET com uma clara vocação profissionalizante, cujos efeitos e impactos serão maximizados pela diversidade na natureza sectorial e/ou temática dos respectivos promotores, públicos e privados. 5. A descrição sintética da configuração actual dos CET evidencia um contraste significativo entre a procura potencial de apoio financeiro no quadro do POPH e a dimensão limitada dos recursos financeiros que neste âmbito se lhes encontram atribuídos. 6. Não obstante o reconhecimento da pertinência e relevância dos CET por parte dos stakeholders, as ambiguidades que marcam a sua natureza profissionalizante ou de prosseguimento de estudos, a integração dos CET nos sistemas de educação e de formação profissional, a diminuição da relevância que parece ser-lhes atribuída por algumas das tutelas políticas e o reforço quantitativo dos CET que parecem especialmente vocacionados para o prosseguimento de estudos poderá comprometer a sua vocação na formação de profissionais qualificados e, consequentemente, a respectiva sustentabilidade e continuidade. 7. A concretização desta possibilidade teria consequências indesejáveis, uma vez que que o QA.2 QA.3 tecido económico se encontra significativamente carenciado de profissionais com formação técnica de alto nível, reunindo condições adequadas ao desempenho de funções profissionais altamente qualificadas e de chefia intermédia na indústria e nos serviços (incluindo na gestão pública, particularmente municipal, que surpreendentemente vem revelando reduzido interesse por parte das entidades promotoras de CET). 8. Candidataram-se, no conjunto dos dois avisos em avaliação, 303 projectos, dos quais 207 não foram admitidos por questões de elegibilidade (68%), na sua esmagadora maioria por não deterem o registo prévio ou autorização de funcionamento dos cursos candidatos. Embora o corte expressivo, em ambos os avisos, viesse a ser, em qualquer caso, consequência da significativa diferença entre as dotações orçamentais disponíveis e as exigências financeiras das candidaturas, o volume aparentemente surpreendente de ocorrências de inelegibilidade pelas razões referidas e a informação de que várias entidades se candidataram na expectativa que a autorização de funcionamento dos cursos fosse publicada antes do final do período de análise de admissibilidade, facto que não veio a verificar-se, confirma a conclusão que o prolongamento dos prazos de apreciação dos pedidos por parte da Comissão Técnica para a Formação Tecnológica Pós-Secundária, dos serviços instrutores e das tutelas tem tido um forte impacto no volume de oferta formativa disponível no mercado QA.3 Racionalizar a eficiência e a eficácia na utilização de recursos financeiros públicos, evitando consagrar situações de duplo financiamento como as que se verificaram relativamente a entidades do Ensino Superior Público. 9. As orientações estratégicas e os instrumentos de operacionalização pertinentes no âmbito do POPH reflectem, em coerência com a política pública consagrada na legislação nacional, a dupla natureza dos CET – formação profissionalizante e veículo de acesso ao prosseguimento dos estudos -, sem prejuízo da equipa de avaliação concluir que os respectivos critérios de selecção e os instrumentos de notação e análise de mérito das candidaturas evidenciam uma valorização da sua dimensão profissionalizante. 10. A avaliação realizada conclui que os critérios de selecção estabelecidos são adequados e pertinentes – sem prejuízo de concluir que a consagração de situações de excepção às condições de admissibilidade (como as verificadas relativamente à coerência com o Catálogo Nacional de Qualificações, entretanto ultrapassadas nos períodos de candidatura mais recentes) não configura uma boa prática de gestão. 11. Sublinha-se o contraste entre o elevado nível médio de pontuação dos projectos na análise técnico-pedagógica e o reconhecimento por parte da AG da vulnerabilidade técnica dos instrumentos de diagnóstico de necessidade de formação e acompanhamento dos formandos após a conclusão do curso apresentados por diversas entidades em ambos os avisos. 12. Os elementos recolhidos pela equipa de avaliação indiciam que o grau de exigência na análise técnico-pedagógica terá sido limitada pela qualidade da informação disponibilizada pelos beneficiários para a avaliação dos critérios de selecção com uma natureza mais qualitativa. O risco de fragmentação dos apoios comunitários parece ter sido mais regulado pela reduzida dotação orçamental alocada às tipologias do que por uma decisão clara e explícita de concentração de meios num número restrito de iniciativas que poderiam ser estruturantes. 68 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados QA.4 Aumentar a exigência do POPH na selecção das candidaturas, aplicando com rigor os critérios de selecção estabelecidos, tornando mais evidente a focalização em projectos que fundamentem de forma sistemática e regular o seu contributo para a qualificação e transformação do tecido produtivo. Melhorar a informação disponível em sistema, designadamente incorporando a notação de cada critério e subcritério de selecção atribuída a cada candidatura. Conclusões QA. Recomendações 13. As entidades formadoras são muito sensíveis à importância de maximizar a correspondência entre a formação e as necessidades efectivas de qualificações e manifestam disporem de capacidade para sistematizar informação muito rica sobre a empregabilidade dos seus ex-formandos e as necessidades de formação do tecido empresarial. Verificámos, no entanto, que a recolha desta informação tende a basear-se mais em contactos informais e/ou esporádicos com formandos, empresários, autarquias e associações do que num trabalho sistematizado e regular de auscultação e participação dos respectivos. QA.5 14. Embora o número de formandos e diplomados CET registe (sem prejuízo de manter uma expressão globalmente residual) um aumento muito significativo nos últimos anos, tendo aumentado de forma muito expressiva o stock destas qualificações registado nos Quadros de Pessoal, verifica-se que o aumento do emprego registado não é proporcional ao número de diplomados. Esta conclusão permite sustentar que uma parte muito significativa destes diplomados utiliza o CET como ano propedêutico de acesso ao Ensino Superior, o que não corresponde aos objectivos estratégicos desta oferta de qualificações. 15. As qualificações correspondentes ao nível 5 do QNQ têm um peso marginal na estrutura de emprego e encontram-se concentradas num pequeno conjunto de sectores. O sector dos serviços às empresas representa 37% do total do pessoal ao serviço com qualificação de nível 5 no Continente; juntando os sectores da distribuição e comércio, construção e educação saúde e cultura chega-se a 80%. 16. Reconhece-se o potencial contributo das tipologias em avaliação para um maior equilíbrio entre o peso relativo que os serviços às empresas e os restantes sectores assumem no total de trabalhadores com qualificações correspondentes ao nível 5 do QNQ e para a qualificação dos sectores produtores de bens e serviços transaccionáveis. 17. No entanto, a responsabilidade dos CET nesse processo de transformação será, na perspectiva da equipa de avaliação muito limitado, desde logo devido à reduzida dimensão quantitativa do stock de diplomados. Acresce que concretização deste potencial dependerá, naturalmente, de especificidades dos mercados regionais e locais, as quais a equipa de avaliação considera que não são plenamente consideradas durante o processo de criação de CET e de aprovação dos apoios comunitários, seja devido às debilidades de fundamentação da oferta formativa por parte das entidades promotoras, ou à permanência de uma lógica de sustentação de públicos pouco atenta à eficácia e eficiência da sua actuação nos mercados. 18. A insuficiência de elementos formais de avaliação da empregabilidade e de acompanhamento dos percursos de inserção dos formandos no mercado de trabalho por parte de muitas das instituições formadoras inviabiliza - sem prejuízo do reconhecimento de situações de excepção, onde se destacam as Escolas Tecnológicas – o aprofundamento da avaliação da adequação da formação CET às necessidades do mercado, quer do ponto de vista das necessidades presentes, quer sobretudo das necessidades emergentes a que o perfil de oferta para “nichos” que os CET deveriam poder responder por forma a maximizar a sua pertinência e eficiência. QA.6 QA.7 Promover a superação das insuficiências reveladas pelas instituições formadoras no conhecimento do mercado e no acompanhamento do percurso profissional dos formandos através da aplicação rigorosa dos critérios de selecção, valorizando simultaneamente a qualificação da oferta e das entidades formativas, designadamente sob responsabilidade da ANQ (em articulação com os demais serviços instrutores). 19. Sem prejuízo do papel essencial da ANQ na racionalização da oferta formativa e na divulgação de boas práticas, a equipa de avaliação considera que o recurso à identificação, pela ANQ, dos perfis profissionais mais procurados pelo mercado, compreensível face às debilidades reveladas pelas entidades formadoras, adopta necessariamente uma racionalidade nacional, que não satisfaz os objectivos prosseguidos pelos CET na qualificação do tecido económico regional e local, que são reconhecidos como adequados e pertinentes. 20. A avaliação evidencia que a criação de instrumentos de gestão integrada da oferta de educação e formação que permitam uma maior regulação da adequação das respostas promovidas às necessidades territoriais da economia depende, fundamentalmente, da criação de condições para participação do tecido empresarial na concepção e execução da formação, bem como da produção de informação por parte das entidades formadoras sobre as necessidades de formação, a qualidade da oferta formativa (do ponto de vista dos formandos, formadores e empresas receptoras de estagiários) e o percurso dos formandos, durante a após a formação. 21. As fontes empíricas correspondentes a entrevistas e a estudos de caso apontam para uma certa indiferenciação dos diplomados CET face a detentores de cursos de nível secundário, designadamente na perspectiva de que as empresas não distinguem no plano profissional e remuneratório os níveis de qualificação 4 e 5. 22. O não reconhecimento pelo mercado destas qualificações suscita - designadamente num contexto de fragilidade de instrumentos de política adequados à superação dessa situação - a questão da pertinência deste nível de formação, designadamente porque nenhuma evidência foi recolhida que permita evidenciar a existência de diferenciais positivos, em termos de empregabilidade, entre os CET e os cursos de formação profissional de nível secundário. Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 69 70 | Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados Anexos Figura 6. Grelha de análise Critério de Selecção e Metodologia de Análise Valoração 1. Relevância da formação proposta face às necessidades loca, regionais e nacionais 15 1.1. Fundamentação da oferta 7,5 Baseada na apresentação de estudos, inquéritos, ou outros documentos justificativos que permitam verificar da necessidade da formação, bem como a existência de pareceres (ex. IEFP, Associações Empresariais, Câmaras Municipais, Entidades Privadas, etc.) 1.2. Procura social do curso 7,5 Verificar dos níveis de frequência dos ciclos de formação anteriores - a média de alunos que iniciaram os 4 últimos ciclos de formação 2. Contributo para o desenvolvimento de sectores ou actividades consideradas estratégicas no plano socioeconómico 15 2.1. A oferta formativa proposta adequa-se ao desenvolvimento dos sectores ou actividades estratégicas 15 Baseada na apresentação de estudos, inquéritos ou outros documentos enquadradores justificativos 3. Envolvimento institucional da entidade formadora no tecido económico, social e cultural 3.1. Participação em redes de cooperação/projectos de parcerias 10 5 Baseada na apresentação de documentos que confirmem a participação em redes de cooperação/projectos de parceria 3.2. Integração do tecido económico, social e cultural no Conselho Consultivo da Entidade Formadora 5 Verificar com base na composição do Conselho Consultivo 4. Participação de empresas de referência na formulação da proposta e desenvolvimento da oferta formativa, bem como seu acompanhamento e avaliação 4.1. Envolvimento na proposta de empresas externas à entidade formadora 5 4.2. Envolvimento de empresas no acompanhamento e avaliação da oferta formativa 5 10 Verificar a partir da fundamentação apresentada pela entidade. Devem-se excluir empresas que unicamente participem no projecto como receptoras de formandos durante a formação prática em contexto de trabalho 5. Qualidade e nível de sucesso escolar e profissional das formações 25 5.1. Sucesso escolar e empregabilidade 20 A aferir a partir dos elementos fornecidos pela entidade 5.2. Mecanismos de recuperação em situações de insucesso escolar 5 Verificar a partir da informação prestada pela entidade. Verificar a referência a equipas de acompanhamento multidisciplinares e a sua intervenção ao longo do processo formativo, designadamente na realização de reuniões com vista à planificação de actividades de natureza transversal e definição de estratégias e instrumentos de recuperação dos formandos. 5.3. (2008) Prosseguimento de Estudos Critério incluído apenas na grelha de análise do aviso de 2008 6. Mecanismos facilitadores da inserção profissional e/ou acompanhamento de seu percurso no período pós-formação 10 6.1. Implementação de processo de monitorização durante a formação, a inserção profissional e o acompanhamento do percurso dos diplomados 5 6.2. Monitorização dos processos Analisar, a partir da informação prestada pela entidade, a existência de departamentos/serviços responsáveis pelo acompanhamento dos formandos durante a formação e facilitadores da sua integração na vida activa, efectuando o seu acompanhamento pós-formação (ex. Gabinetes UNIVA, etc.), nomeadamente metodologias de acompanhamento após a formação, com que objectivos e qual o tratamento dos resultados obtidos. Contributo para o desenvolvimento de competências profissionais no domínio das novas tecnologias de informação e 7. 5 comunicação Verificar a partir da fundamentação apresentada pela entidade, se estão previstas actividades ou outros mecanismos que permitam aos formandos adquirir e desenvolver as suas competências nos domínios das novas tecnologias da informação e comunicação. 8. Garantia de instrumentos adequados a assegurar a igualdade de oportunidades 5 O processo de recrutamento deverá ser de ampla divulgação, realizado em diferentes suportes (ex. papel e digital) e com recurso a diversos meios (folhetos, imprensa escrita, mailings), bem como a diversos locais de divulgação (escolas, associações, locais recreativos), de modo a garantir que os destinatários têm acesso a esta informação. 9. Mecanismos para a prossecução dos objectivos para a igualdade de oportunidades e de género 5 Valorizar os instrumentos que permitam cumprir uma verdadeira igualdade de género, nomeadamente, dando prioridade ao sexo subrepresentado na área profissional em causa e lutar contra a discriminação fundamentada no género (discriminação positiva). Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 71 Quadro 23. Correspondência entre a classificação a 19 sectores e a CAE Rev. 3 a dois dígitos Classificação 19 Sectores CAE Rev. 3 CAE Rev3 Agricultura, Silvicultura e Pesca 01 Agricultura, produção animal, caça e actividades dos serviços relacionados 02 Silvicultura e exploração florestal 03 Pesca e aquicultura 05 Extracção de hulha e lenhite 06 Extracção de petróleo bruto e gás natural 07 Extracção e preparação de minérios metálicos 08 Outras indústrias extractivas 09 Actividades dos serviços relacionados com as indústrias extractivas 10 Indústrias alimentares 11 Indústria das bebidas 12 Indústria do tabaco 13 Fabricação de têxteis 14 Indústria do vestuário 15 Indústria do couro e dos produtos do couro 16 Indústrias da madeira e da cortiça e suas obras, excepto mobiliário; Fabricação de obras de cestaria e de espartaria 31 Fabrico de mobiliário e de colchões 17 Fabricação de pasta, de papel, de cartão e seus artigos 18 Impressão e reprodução de suportes gravados 58 Actividades de edição 19 Fabricação de coque, produtos petrolíferos refinados e de aglomerados de combustíveis 20 Fabricação de produtos químicos e de fibras sintéticas ou artificiais, excepto produtos farmacêuticos 21 22 Fabricação de produtos farmacêuticos de base e de preparações farmacêuticas Fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas 24 Indústrias metalúrgicas de base 25 Fabricação de produtos metálicos, excepto máquinas e equipamentos 32 Outras indústrias transformadoras Fabricação de equipamentos informáticos, equipamento para comunicações e produtos electrónicos e ópticos Extractivas Alimentares Têxtil, Vestuário e Calçado Madeira, Cortiça e Mobiliário Papel e Publicações Químicas Metálicas 26 Mecânicas e Electrónicas Material de Transporte Material de Construção Construção Energia, Água e Saneamento Transportes, Logística e Comunicações Distribuição e Comércio Serviços Empresariais 27 Fabricação de equipamento eléctrico 28 Fabricação de máquinas e de equipamentos, n.e. 33 Reparação, manutenção e instalação de máquinas e equipamentos 95 30 Reparação de computadores e de bens de uso pessoal e doméstico Fabricação de veículos automóveis, reboques, semi-reboques e componentes para veículos automóveis Fabricação de outro equipamento de transporte 23 Fabrico de outros produtos minerais não metálicos 41 Promoção imobiliária (desenvolvimento de projectos de edifícios); construção de edifícios 42 Engenharia civil 43 Actividades especializadas de construção 35 Electricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio 36 Captação, tratamento e distribuição de água 37 Recolha, drenagem e tratamento de águas residuais 38 Recolha, tratamento e eliminação de resíduos; valorização de materiais 39 Descontaminação e actividades similares 49 Transportes terrestres e transportes por oledutos ou gasodutos 50 Transportes por água 51 Transportes aéreos 52 Armazenagem e actividades auxiliares dos transportes (inclui manuseamento) 53 Actividades postais e de courier 61 Telecomunicações 45 Comércio, manutenção e reparação, de veículos automóveis e motociclos 46 Comércio por grosso (inclui agentes), excepto de veículos automóveis e motociclos 47 Comércio a retalho, excepto de veículos automóveis e motociclos 62 Consultoria e programação informática e actividades relacionadas 29 Classificação 19 Sectores Hotelaria e Restauração Educação, Saúde e Cultura Administrações Públicas CAE Rev. 3 CAE Rev3 63 Actividades dos serviços de informação 64 Actividades de serviços financeiros, excepto seguros e fundos de pensões 65 Seguros, resseguros e fundos de pensões, excepto segurança social obrigatória 66 Actividades auxiliares de serviços financeiros e dos seguros 68 Actividades imobiliárias 69 Actividades jurídicas e de contabilidade 70 Actividades das sedes sociais e de consultoria para a gestão 71 Actividades de arquitectura, de engenharia e técnicas afins; actividades de ensaios e de análises técnicas 72 Actividades de investigação científica e de desenvolvimento 73 Publicidade, estudos de mercado e sondagens de opinião 74 Outras actividades de consultoria, científicas, técnicas e similares 77 Actividades de aluguer 78 Actividades de emprego 79 Agências de viagem, operadores turísticos, outros serviços de reservas e actividades relacionadas 80 Actividades de investigação e segurança 81 Actividades relacionadas com edifícios, plantação e manutenção de jardins 82 Actividades de serviços administrativos e de apoio prestados às empresas 96 Outras actividades de serviços pessoais 55 Alojamento 56 Restauração e similares 59 Actividades cinematográficas, de vídeo, de produção de programas de televisão, de gravação de som e de edição de música 60 Actividades de rádio e de televisão 75 Actividades veterinárias 85 Educação 86 Actividades de saúde humana 87 Actividades de apoio social com alojamento 88 Actividades de apoio social sem alojamento 90 Actividades de teatro, de música, de dança e outras actividades artísticas e literárias 91 Actividades das bibliotecas, arquivos, museus e outras actividades culturais 92 Lotarias e outros jogos de aposta 93 Actividades desportivas, de diversão e recreativas 94 Actividades das organizações associativas 97 Actividades das famílias empregadoras de pessoal doméstico 98 Actividades de produção de bens e serviços pelas famílias para uso próprio 84 Administração Pública e Defesa; Segurança Social Obrigatória 99 Actividades dos organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 73 Quadro 24. Pessoal ao serviço com qualificação correspondente ao nível 5 do QNQ por CAE Rev. 3 a dois dígitos, 2009 Nível 5 CAE Rev. 3 (dois dígitos) 01 Agricultura, produção animal, caça e actividades dos serviços relacionados Nº Total % Nº 126 0,27% 46.957 15 0,23% 6.425 03 Pesca e aquicultura 4 0,06% 7.031 07 Extracção e preparação de minérios metálicos 1 0,08% 1.315 16 0,16% 10.240 02 Silvicultura e exploração florestal 08 Outras indústrias extractivas 9 09 Actividades dos serviços relacionados com as indústrias extractivas 0 0,00% 22 10 Indústrias alimentares 131 0,16% 83.261 11 Indústria das bebidas 19 0,17% 11.337 12 Indústria do tabaco 0 0,00% 505 13 Fabricação de têxteis 68 0,14% 47.025 14 Indústria do vestuário 77 0,09% 88.476 15 Indústria do couro e dos produtos do couro 40 0,10% 39.491 16 Ind. madeira e cortiça e obras, exc/mob.; Fabr.obras cestaria e espartaria 41 0,14% 29.404 17 Fabricação de pasta, de papel, de cartão e seus artigos 20 0,18% 10.957 107 0,59% 17.995 18 Impressão e reprodução de suportes gravados 19 Fabr. coque, prod. petrolíferos refinados e de aglom. de combustíveis 20 Fabr. prod.quím. e fibras sint. ou artificiais, exc/ prod.farmacêuticos 21 Fabr. de prod. farmacêuticos de base e de preparações farmacêuticas 0 0,00% 2.004 44 0,35% 12.444 4 0,07% 6.135 22 Fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas 53 0,23% 23.152 23 Fabrico de outros produtos minerais não metálicos 73 0,16% 44.915 24 Indústrias metalúrgicas de base 10 0,11% 9.085 199 0,26% 77.276 26 Fabr.equip.informáticos,equip.p/comunicações e prod.electrónicos e ópticos 15 0,15% 9.753 27 Fabricação de equipamento eléctrico 45 0,25% 17.754 28 Fabricação de máquinas e de equipamentos, n.e. 63 0,30% 20.822 29 Fabr.veíc.automóveis, reboques, semi-reboques e comp.p/veíc.automóveis 37 0,13% 29.129 8 0,19% 4.204 31 Fabrico de mobiliário e de colchões 47 0,14% 33.325 32 Outras indústrias transformadoras 49 0,42% 11.626 33 Reparação, manutenção e instalação de máquinas e equipamentos 81 0,60% 13.540 35 Electricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio 8 0,10% 7.667 36 Captação, tratamento e distribuição de água 8 0,19% 4.259 25 Fabricação de produtos metálicos, excepto máquinas e equipamentos 30 Fabricação de outro equipamento de transporte 37 Recolha, drenagem e tratamento de águas residuais 38 Recolha, tratamento e eliminação de resíduos; valorização de materiais 39 Descontaminação e actividades similares 41 Promoção imobiliária (desenvolvimento de projectos de edifícios); construção de edifícios 42 Engenharia civil 4 0,26% 1.527 23 0,18% 12.913 1 0,85% 117 907 0,51% 177.243 91 0,17% 54.039 43 Actividades especializadas de construção 415 0,37% 113.334 45 Comércio, manutenção e reparação, de veículos automóveis e motociclos 160 0,20% 81.277 46 Com. grosso (inclui agentes), exc/ de veículos automóveis e motociclos 788 0,41% 193.415 47 Comércio a retalho, excepto de veículos automóveis e motociclos 981 0,30% 321.748 49 Transportes terrestres e transportes por oledutos ou gasodutos 131 0,15% 88.747 2 0,13% 1.589 51 Transportes aéreos 22 0,24% 9.280 52 Armazenagem e activ. auxiliares dos transportes(inclui manuseamento) 84 0,30% 28.317 50 Transportes por água 53 Actividades postais e de courier 11 0,07% 16.056 55 Alojamento 218 0,50% 43.843 56 Restauração e similares 302 0,17% 174.664 58 Actividades de edição 67 0,54% 12.338 59 Activ. cinematográficas, vídeo, prod. de programas de televisão, gravação de som e edição de música 57 1,39% 4.110 60 Actividades de rádio e de televisão 19 0,39% 4.842 Nível 5 CAE Rev. 3 (dois dígitos) 61 Telecomunicações 62 Consultoria e programação informática e actividades relacionadas 63 Actividades dos serviços de informação 64 Activ. de serv. financeiros, exc/ seguros e fundos de pensões Nº Total % Nº 48 0,32% 14.771 299 1,09% 27.340 44 1,49% 2.952 176 0,25% 70.366 65 Seguros, resseguros e fundos de pensões, exc/ seg. social obrigatória 72 0,65% 11.155 66 Actividades auxiliares de serviços financeiros e dos seguros 63 0,73% 8.584 68 Actividades imobiliárias 222 0,87% 25.656 69 Actividades jurídicas e de contabilidade 430 1,16% 37.001 70 Actividades das sedes sociais e de consultoria para a gestão 180 0,66% 27.325 71 Activ. arquitectura, engenharia e técnicas afins; activ. de ensaios e análises técnicas 389 1,29% 30.210 72 Actividades de investigação científica e de desenvolvimento 32 0,91% 3.514 73 Publicidade, estudos de mercado e sondagens de opinião 109 0,92% 11.844 74 Outras actividades de consultoria, científicas, técnicas e similares 143 1,88% 7.609 75 Actividades veterinárias 16 0,82% 1.950 77 Actividades de aluguer 41 0,50% 8.183 1.880 2,04% 92.296 110 1,44% 7.635 27 0,07% 39.475 78 Actividades de emprego 79 Agências de viagem, operadores turísticos, out. serv. de reservas e activ. relacionadas 80 Actividades de investigação e segurança 81 Activ. relacionadas c/ edifícios, plantação e manutenção de jardins 54 0,08% 71.501 206 0,50% 40.797 56 0,26% 21.336 85 Educação 480 0,68% 70.160 86 Actividades de saúde humana 491 0,61% 80.717 87 Actividades de apoio social com alojamento 181 0,29% 62.973 88 Actividades de apoio social sem alojamento 197 0,36% 54.790 90 Activ. teatro, música, dança e outras activ. artísticas e literárias 71 2,25% 3.154 91 Activ. das bibliotecas, arquivos, museus e outras activ. culturais 12 0,78% 1.544 4 0,17% 2.308 99 0,63% 15.807 281 0,66% 42.811 19 0,48% 3.936 111 0,35% 32.114 0 0,00% 37 12.235 0,41% 2.998.781 82 Activ. de serv. administrativos e de apoio prestados às empresas 84 Administração Pública e Defesa; Segurança Social Obrigatória 92 Lotarias e outros jogos de aposta 93 Actividades desportivas, de diversão e recreativas 94 Actividades das organizações associativas 95 Reparação de computadores e de bens de uso pessoal e doméstico 96 Outras actividades de serviços pessoais 99 Activ. org. internacionais e outras instituições extra-territoriais Total Fonte: Quadros de Pessoal, MTSS Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 75 Quadro 25. Acções aprovadas por área de formação e NUTS II Região Área de formação Alentejo Centro Lisboa Total Norte % Ciências informáticas 4 15 8 22 49 18,6% Electrónica e automação 1 12 5 11 29 11,0% Turismo e lazer 4 10 13 27 10,3% Metalurgia e metalomecânica 14 25 9,5% Hotelaria e restauração 10 8 18 6,8% Enquadramento na organização/empresa 13 4 17 6,5% 6 4 14 5,3% Finanças, banca e seguros 4 4 Gestão e administração Indústrias alimentares 1 7 3 3 7 13 4,9% 4 1 5 11 4,2% 4 10 3,8% Audiovisuais e produção dos media 6 Tecnologia dos processos químicos 3 1 5 9 3,4% Protecção do ambiente 3 1 4 8 3,0% Construção civil e engenharia civil 3 4 7 2,7% Electricidade e energia 3 4 7 2,7% Indústrias do têxtil, vestuário calçado e couro 0 5 5 1,9% Ciências empresariais 1 1 2 0,8% Contabilidade e fiscalidade 1 1 2 0,8% 0 1 2 0,8% 2 0 2 0,8% 2 Indústria transformadora 1 Serviços pessoais Tecnologia de protecção do ambiente 2 0,8% Engenharia e técnicas afins 1 1 0,4% Marketing e publicidade 1 1 0,4% Secretariado e trabalho administrativo 1 1 0,4% 1 0,4% Ciências do ambiente 0 0,0% Floricultura e jardinagem 0 0,0% Produção agrícola e animal 0 0,0% Protecção de pessoas e bens 0 0,0% 263 100,0% Trabalho social e orientação Total 1 15 102 26 120 Fonte: SIIFSE CET sem formação adicional Alentejo Centro Lisboa Ciências informáticas 4 1 2 12 Electrónica e automação 1 4 1 Turismo e lazer 3 1 Metalurgia e metalomecânica 1 Norte Centro Lisboa 19 14 6 10 30 7 13 8 4 4 16 5 9 8 18 6 7 4 8 18 3 7 8 15 8 1 9 2 1 4 1 5 3 7 Hotelaria e restauração 3 Enquadramento na organização/empresa 5 3 8 4 3 10 Finanças, banca e seguros 3 CET com formação adicional Alentejo 1 1 9 Gestão e administração 1 1 6 8 Indústrias alimentares 1 1 2 4 4 5 5 Audiovisuais e produção dos media Tecnologia dos processos químicos 1 2 1 6 2 3 Norte Dupla certificação Área de formação/Região/Tipo de curso Formação profissional Quadro 26. Acções aprovadas por área de formação, tipologia de curso e NUTS II 5 1 1 1 3 2 4 6 Protecção do ambiente 1 1 1 3 2 3 5 Construção civil e engenharia civil 2 1 3 1 3 4 1 1 3 3 6 5 5 Electricidade e energia Indústrias do têxtil, vestuário calçado e couro 0 Ciências empresariais 1 Contabilidade e fiscalidade Indústria transformadora 1 1 1 0 1 1 Serviços pessoais 0 Tecnologia de protecção do ambiente 0 Engenharia e técnicas afins 1 1 1 1 2 1 2 2 2 1 2 0 Marketing e publicidade 0 1 1 Secretariado e trabalho administrativo 0 1 1 Trabalho social e orientação 1 0 Ciências do ambiente 0 0 Floricultura e jardinagem 0 0 Produção agrícola e animal 0 0 Protecção de pessoas e bens 0 0 Total Geral 1 11 26 8 55 100 4 76 18 65 163 Fonte: SIIFSE Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 77 Inquérito aos promotores de candidaturas às tipologias 1.4 e 9.1.4 (CET) do Programa Operacional Potencial Humano A. CARACTERIZAÇÃO DA ENTIDADE PROMOTORA 1. Designação da entidade: NIF __________ 2. Identifique a tipologia de beneficiário em que se enquadra: [ ] Estabelecimento de educação e ensino público, particular ou cooperativo que ministra cursos de nível secundário [ ] Escola profissional pública ou privada [ ] Estabelecimento de ensino superior público, particular ou cooperativo [ ] Centros de formação profissional, de gestão directa e participada sob coordenação do IEFP [ ] Escolas tecnológica [ ] Escola do Instituto de Turismo [ ] Outra entidade formadora certificada 3. Identifique os Cursos de Especialização Tecnológica que tinha registados em 2008 e/ou 2009: Nome Área Educação e Ano de Formação (1) Registo Entidade a quem remeteu o pedido de criação e autorização de funcionamento dos CET (2) De acordo com o Catálogo Nacional das Áreas de Educação e Formação Ministério da Educação, Ministério do Trabalho e Segurança Social ou Ministério da Economia e Inovação B. AVALIAÇÃO DOS OBJECTIVOS DOS CET 1. Classifique o contributo das medidas 1.4 e 9.1.4 do POPH para cada um dos seguintes objectivos: Objectivos Promover o desenvolvimento de formações qualificantes póssecundárias, caracterizadas por promover uma formação técnica de alto nível e incluir conhecimentos e capacidades que pertencem ao nível superior Desenvolver competências pessoais e profissionais adequadas ao exercício profissional qualificado Promover percursos formativos que integrem os objectivos de qualificação e inserção profissional e permitam o prosseguimento de estudos Promover a recuperação escolar e a requalificação profissional Muito positivo Positivo Negativo Muito negativo Não sabe () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () 2. Avalie as medidas 1.4 e 9.1.4 do POPH relativamente aos seguintes critérios: Parâmetros de análise Adequação às necessidades das entidades promotoras Adequação às necessidades do tecido empresarial local/regional Adequação ao actual contexto socioeconómico, designadamente no que respeita ao potencial de empregabilidade dos alunos Muito adequado Adequado Pouco adequado Nada adequado Não sabe () () () () () () () () () () () () () () () 3. A entidade realiza CET sem apoio financeiro do POPH? [ ] Sim [ ] Não [ ] Não sabe/Não responde 4. A entidade recorre a algum instrumento/actividade de diagnóstico de necessidades de formação no âmbito dos CET? [ ] Sim [ ] Não [ ] Não sabe/Não responde Em caso afirmativo, por favor indique que tipo de instrumento/actividade e a periodicidade com que é actualizado: 5. A entidade recorre a algum instrumento/actividade de acompanhamento dos alunos dos CET pós-formação? [ ] Sim [ ] Não [ ] Não sabe/Não responde Em caso afirmativo, por favor indique qual: 6. A entidade estabeleceu alguma parceria/protocolo com empresas ou outras entidades do tecido económico local/regional? [ ] Sim [ ] Não [ ] Não sabe/Não responde Em caso afirmativo, por favor indique qual: C. ELABORAÇÃO E SUBMISSÃO DE CANDIDATURAS 1. Indique o número de cursos que candidatou aos seguintes avisos: Tipologia 1.4 Tipologia 9.1.4 (Lisboa) Aviso 2008 Aviso 2009 2. A sua instituição desistiu de candidatar algum projecto às medidas 1.4 ou 9.1.4 do POPH? [ ] Sim [ ] Não [ ] Não sabe/Não responde 3. Em caso afirmativo, que razões estiveram na base da desistência? (Possibilidade de resposta múltipla) [ ] A entidade não cumpria as condições de elegibilidade previstas no aviso [ ] O curso não cumpria as condições de elegibilidade previstas no aviso [ ] Devido à complexidade e morosidade do(s) processo(s) de candidatura [ ] Não sabe/Não responde [ ] Outra (Qual?) ________________________________________________________________________________ 4. Identifique a(s) forma(s) como tomou conhecimento do POPH e sobre a possibilidade de apresentar candidaturas: (Possibilidade de resposta múltipla) [ ] Publicações, material de divulgação ou anúncios [ ] Notícias em meios de comunicação social [ ] Site do Programa Operacional ( www.poph.qren.pt ) [ ] Eventos públicos associados à divulgação das oportunidades de financiamento [ ] Contacto directo com a Autoridade de Gestão [ ] Não sabe/Não responde [ ] Outra (Qual?) __________________________________________________ _______________ 5. Considera que os meios de divulgação utilizados e os seus conteúdos são adequados para que potenciais beneficiários tomem conhecimento da possibilidade de apresentar candidaturas às tipologias 1.4 e 9.1.4? [ ] Sim [ ] Não [ ] Não sabe/Não responde 6. Na sua opinião, que eventuais melhorias poderiam ser introduzidas a este nível, no sentido de promover e aumentar os níveis de conhecimento por parte de potenciais beneficiários relativamente ao POPH e em particular às tipologias 1.4 e 9.1.4? Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 79 7. Como avalia a implementação das tipologias 1.4 e 9.1.4 na fase concursal, tendo em consideração os seguintes aspectos: Parâmetros de análise Divulgação dos avisos de abertura de concurso Frequência dos avisos de abertura de concurso Clareza dos avisos de abertura de concurso Adequação dos prazos para a apresentação das candidaturas definidos nos avisos de abertura de concurso Disponibilidade do POPH para prestar esclarecimentos durante o período de abertura do aviso Muito adequado Adequado Pouco adequado Nada adequado Não sabe () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () Se considerou alguns aspectos pouco ou nada adequados, por favor indique as razões subjacentes a tal opinião. 8. Como avalia os seguintes aspectos do processo de candidatura às medidas 1.4 ou 9.1.4: Parâmetros de análise Clareza da informação solicitada na preparação da candidatura Condições de elegibilidade do promotor Condições de elegibilidade do projecto Clareza dos critérios de selecção Adequação dos critérios de selecção Celeridade na apreciação das candidaturas Muito positivo Positivo Negativo Muito negativo Não sabe () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () Se considerou alguns aspectos negativos ou muito negativos, por favor indique as razões subjacentes a tal opinião. 9. Como avalia os formulários de candidatura tendo em consideração os seguintes aspectos: Parâmetros de análise Facilidade de preenchimento (do ponto de vista do conteúdo) Facilidade de preenchimento dos formulários (do ponto de vista da plataforma electrónica) Adequação dos formulários aos requisitos dos avisos de abertura de concurso Pertinência da informação solicitada sobre o promotor Pertinência da informação solicitada sobre o projecto Requisitos documentais que devem acompanhar a candidatura Utilidade dos guias de apoio e informação do site para preenchimento, instrução e submissão das candidaturas Muito Positivo Positivo Negativo Muito Negativo Não sabe () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () () Se considerou alguns aspectos negativos ou muito negativos, por favor indique as razões subjacentes a tal opinião. 10. Alguma das candidaturas que apresentou foi reprovada? [ ] Sim [ ] Não [ ] Não sabe/Não responde 11. Em caso afirmativo, indique a razão transmitida pelo POPH: (Possibilidade de resposta múltipla) [ ] Entidade não cumpriu os requisitos de elegibilidade previstos nos avisos [ ] Curso não cumpriu os requisitos de elegibilidade previstos nos avisos [ ] Candidatura foi considerada elegível mas não passou na fase de análise do mérito ( ) Dotação financeira insuficiente [ ] Outra (Qual?) _______ D. IMPLEMENTAÇÃO DOS PROJECTOS APROVADOS E EXPECTATIVAS FUTURAS 1. A implementação do(s) projecto(s) aprovado(s) foi afectada por algum dos seguintes problemas? (Possibilidade de resposta múltipla) [ ] Atraso na aprovação/contratação do(s) projectos(s) [ ] Atraso nos pagamentos do financiamento público [ ] Dificuldades de relacionamento com o POPH [ ] Procura insuficiente por parte dos potenciais alunos face às expectativas/previsões iniciais [ ] Dificuldades financeiras para suportar o auto-financiamento dos projectos [ ] Dificuldades na contratação de pessoal técnico/formadores [ ] Outro (Qual?) _______ 2. Qual a sua expectativa relativamente ao impacto da formação sobre a empregabilidade/qualificação dos alunos que frequentaram CET apoiados pelo POPH? Parâmetros de análise Muito Positivo Positivo Negativo Muito Negativo Não sabe Potencial de empregabilidade local/regional Potencial de empregabilidade nacional Potencial de prosseguimento de estudos no nível superior () () () () () () () () () () () () () () () 3. Se quiser dar a sua opinião sobre outras questões relacionadas com os CET pode fazê-lo nas seguintes linhas. MUITO OBRIGADO! As suas respostas foram consideradas. A empresa Augusto Mateus & Associados agradece a sua colaboração! Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 81 Respostas ao inquérito aos promotores de candidaturas às tipologias 1.4 e 9.1.4 (CET) do Programa Operacional Potencial Humano A. CARACTERIZAÇÃO DA ENTIDADE PROMOTORA Designação da entidade Academia José Moreira da Silva, Cooperativa de Estudos de Economia Social, Crl (Escola Profissional de Economia Social) AESBUC - Escola de Tecnologia e Gestão Industrial (ETGI) AFTEBI - Associação para a Formação Tecnológica e Profissional da Beira Interior Alquimia da Cor, Produções Digitais, Ldª ARCA / EUAC - Escola Universitária das Artes de Coimbra ATEC- Associação de Formação para a Indústria CENFIM - Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica Centro Social Paroquial de Santa Eulália - Vizela Comoiprel - Ciprl D.E.F.P - Desenvolvimento, Ensino e Formação Profissional, Lda EISnt-Engenharia Informática e Sistemas, Novas Tecnologias, Lda. ENSIGAIA - Educação e Formação, Soc.Unipessoal, Lda Entidade Instituidora do ISLA Vila Nova de Gaia ESTER - Associação para a Formação Tecnológica no Sector das Rochas Ornamentais e Industriais Forave - Associação para a Educação Profissional do Vale do Ave Foresp - Associação para a Formação e Especialização Tecnológica (Escola Tecnológica de Vale de Cambra) Fundação Ensino e Cultura Fernando Pessoa Fundação Minerva - Cultura - Ensino e Investigação Científica Fundação Terras de Santa Maria da Feira HOMENS E MÉTODOS - Formação Profissional e Desenvolvimento Organizacional, Lda. IAFE - Instituto da Empresa INETESE - Associação para o Ensino e Formação Informeeting-Sociedade de Informática e Contabilidade, Lda. Instituto Piaget - Cooperativa para o Desenvolvimento Humano, Integral e Ecológico, CRL. Instituto Piaget - Escola Superior de Educação Jean Piaget/Nordeste INSTITUTO POLITÉCNICO DE LEIRIA INSTITUTO POLITÉCNICO DE SANTARÉM Instituto Politécnico de Tomar Instituto Superior de Estudos Interculturais e Interdisciplinares de Mirandela Instituto Superior de Estudos Interculturais e Transdiciplinares - Santo André Instituto Piaget IPC / ISEC ISLA - Instituto Superior de Leiria, Sociedade Unipessoal, Lda. ISLA - Santarém, Educação e Cultura, Lda LUSOINFO - Sistemas de Informação, Lda Nexus, Lda Novotecna - Associação para o Desenvolvimento Tecnológico Outwit - Consultoria Empresarial,Lda Singesco - Sociedade de Informática, Gestão e Contabilidade, Lda. Turismo de Portugal, I. P. Universidade de Évora Identifique a tipologia de beneficiário em que se enquadra: Tipologia Estabelecimentos de educação e ensino secundário Escolas profissionais Estabelecimentos de ensino superior Centros de formação profissional (IEFP) Nº 0 5 16 1 Escolas tecnológicas 5 Escolas do Instituto de Turismo 1 Outras entidades formadoras 11 B. AVALIAÇÃO DOS OBJECTIVOS DOS CET Classifique o contributo das medidas 1.4 e 9.1.4 do POPH para cada um dos seguintes objectivos: Promover o desenvolvimento de formação qualificantes pós-secundárias, caracterizadas por promover uma formação técnica de alto nível e incluir conhecimentos e capacidades que pertencem ao nível superior Desenvolver competências pessoais e profissionais adequadas ao exercício profissional qualificado Promover percursos formativos que integrem os objectivos de qualificação e inserção profissional e permitam o prosseguimento de estudos Promover percursos formativos que integrem os objectivos de qualificação e inserção profissional e permitam o prosseguimento de estudos Muito positivo Positivo 26 Negativo Muito Negativo Ns/NR Total 12 1 39 30 8 1 39 24 14 1 39 20 15 2 39 2 Avalie as medidas 1.4 e 9.1.4 do POPH relativamente aos seguintes critérios: Adequação às necessidades das entidades promotoras Adequação às necessidades do tecido empresarial local/regional Adequação ao actual contexto socioeconómico, designadamente no que respeita ao potencial de empregabilidade dos alunos Muito adequado Adequado Nada adequado Pouco adequado NS/NR Total 12 22 1 3 1 39 19 18 1 1 39 22 15 1 1 39 A entidade realiza CET sem apoio financeiro do POPH? Nº Sim 15 Não 22 NS/NR 2 Total 39 A entidade recorre a algum instrumento/actividade de diagnóstico de necessidades de formação no âmbito dos CET? Nº Sim 33 Não NS/NR 3 Total 39 3 A entidade recorre a algum instrumento/actividade de acompanhamento dos alunos dos CET pós-formação? Nº Sim 26 Não 2 NS/NR 11 Total 39 A entidade estabeleceu alguma parceria/protocolo com empresas ou outras entidades do tecido económico local/regional? Nº Sim 34 Não 2 NS/NR 3 Total 39 C. ELABORAÇÃO E SUBMISSÃO DE CANDIDATURAS A sua instituição desistiu de candidatar algum projecto às medidas 1.4 ou 9.1.4 do POPH? Nº Sim 6 Não 32 NS/NR 1 Total 39 Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 83 Em caso afirmativo, que razões estiveram na base da desistência? (Possibilidade de resposta múltipla) A entidade não cumpria as condições de elegibilidade previstas no aviso Nº 3 O curso não cumpria as condições de elegibilidade previstas no aviso 1 Devido à complexidade e morosidade do(s) processo(s) de candidatura 2 Outra 3 Identifique a(s) forma(s) como tomou conhecimento do POPH e sobre a possibilidade de apresentar candidaturas: (Possibilidade de resposta múltipla) Publicações, material de divulgação ou anúncios Nº 19 Notícias em meios de comunicação social 7 Site do Programa Operacional (www.poph.qren.pt) 36 Eventos públicos associados à divulgação das oportunidades de financiamento 9 Contacto directo com a Autoridade de Gestão do POPH 5 Outra 4 Considera que os meios de divulgação utilizados e os seus conteúdos são adequados para que potenciais beneficiários tomem conhecimento da possibilidade de apresentar candidaturas às tipologias 1.4 e 9.1.4? Nº Sim 35 Não 4 Total 39 Como avalia a implementação das tipologias 1.4 e 9.1.4 na fase concursal, tendo em consideração os seguintes aspectos: Muito Adequado Adequado Pouco Adequado Divulgação dos avisos de abertura de concurso 13 21 Frequência dos avisos de abertura de concurso 13 Clareza dos avisos de abertura de concurso Adequação dos prazos para a apresentação das candidaturas definidos nos avisos de abertura de concurso Disponibilidade do POPH para prestar esclarecimentos durante o período de abertura do aviso Nada Adequado NS/NR Total 4 1 39 21 4 1 39 3 26 7 2 1 39 10 19 7 1 2 39 6 20 10 2 1 39 Como avalia os seguintes aspectos do processo de candidatura às medidas 1.4 ou 9.1.4: Muito positivo Positivo Negativo Muito Negativo NS/NR Total 8 28 2 0 1 39 9 24 3 1 2 39 Condições de elegibilidade do projecto 8 24 4 1 2 39 Clareza dos critérios de selecção 7 24 7 0 1 39 5 26 7 0 1 39 4 18 12 2 3 39 Clareza da informação solicitada na preparação da candidatura Condições de elegibilidade do promotor Adequação dos critérios de selecção Celeridade na apreciação das candidaturas Como avalia os formulários de candidatura tendo em consideração os seguintes aspectos: Muito positivo Positivo Negativo 8 28 2 8 24 4 6 29 Pertinência da informação solicitada sobre o promotor 7 Pertinência da informação solicitada sobre o projecto Facilidade de preenchimento (do ponto de vista do conteúdo) Facilidade de preenchimento (do ponto de vista da plataforma electrónica) Adequação dos formulários aos requisitos dos avisos de abertura de concurso Requisitos documentais que devem acompanhar a candidatura Utilidade dos guias de apoio e informação do site para preenchimento, instrução e submissão das candidaturas Muito Negativo NS/NR Total 1 39 2 39 2 2 39 28 1 3 39 6 27 3 3 39 7 25 6 1 39 9 22 5 2 39 1 1 Alguma das candidaturas que apresentou foi reprovada? Sim Nº 19 Não 16 NS/NR 4 Total 39 Em caso afirmativo, indique a razão transmitida pelo POPH: (Possibilidade de resposta múltipla) Nº Entidade não cumpriu os requisitos de elegibilidade previstos nos avisos 4 Curso não cumpriu os requisitos de elegibilidade previstos nos avisos 6 Candidatura foi considerada elegível mas não passou na fase de análise do mérito 2 Dotação financeira do aviso insuficiente 2 Outra 8 D. IMPLEMENTAÇÃO DOS PROJECTOS APROVADOS E EXPECTATIVAS FUTURAS A implementação do(s) projecto(s) aprovado(s) foi afectada por algum dos seguintes problemas? (Possibilidade de resposta múltipla) Nº Atraso(s) na aprovação/contratação do(s) projecto(s) 14 Atraso nos pagamentos do financiamento público 1 Procura insuficiente por parte dos potenciais alunos face às expectativas/previsões iniciais 4 Qual a sua expectativa relativamente ao impacto da formação sobre a empregabilidade/qualificação dos alunos que frequentaram CET apoiados pelo POPH? Muito positivo Positivo NS/NR Total Potencial de empregabilidade local/regional 18 14 7 39 Potencial de empregabilidade nacional 12 20 7 39 Potencial de prosseguimento de estudos na nível superior 19 13 7 39 Avaliação dos Cursos de Especialização Tecnológica no Programa Operacional Potencial Humano | 85 AM&A Lisboa R. Laura Alves, 12 - 3º Andar 1050-138 Lisboa T. +351 21 351 14 00 F. +351 21 354 43 12 AM&A Porto Rua Cunha Júnior, 41-A, 2.º 4250-186 PORTO T. +351 22 508 98 55 F. +351 22 508 98 57 [email protected] www.amconsultores.pt [email protected] www.amconsultores.pt