POLÍTICAS E GESTÃO ESCOLAR: REFLEXOS SOBRE A IMPLANTAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PDE EM ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE CAMPO GRANDE – MATO GROSSO DO SUL Maria Edinalva Nascimento (UCDB) [email protected] Tânia Vital da Silva Gomes (UCDB) [email protected] RESUMO O Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) é uma proposta de planejamento estratégico a ser desenvolvida pelas escolas públicas por meio de um modelo gerencial. Esta pesquisa objetivou investigar a participação da comunidade escolar no processo de implantação e implementação do PDE. A investigação materializou-se na perspectiva de uma pesquisa de caráter documental, e ainda, utilizou-se a aplicação de um questionário com base em um roteiro de questões abertas, a onze sujeitos de duas escolas da rede municipal de ensino do município de Campo Grande/MS. O recorte histórico deu-se no período compreendido entre 1998 a 2006. O estudo revelou um grau de dificuldade no desenvolvimento do Plano no interior da unidade escolar, pois a planificação do conjunto de procedimentos a serem executados, no andamento das ações, deve ser obrigatoriamente fruto dos dados levantados em um dado momento. Devido à dinâmica do espaço escolar, muitas das ações, no momento de sua concretização, não atendem mais a situação que as gerou. Quanto à participação dos segmentos da comunidade escolar, as respostas ao questionário revelaram a dificuldade no envolvimento dos segmentos para a aplicação do referido Plano e as divergências de opinião acerca da participação. O Plano foi considerado burocrático e restrito, limitando a autonomia da escola. Palavras-chave: Participação, Planejamento Coletivo, Plano de Desenvolvimento da Escola. Considerações iniciais O objetivo deste trabalho foi investigar a participação da comunidade escolar no processo de materialização do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE), uma proposta de planejamento estratégico a ser desenvolvida pelas escolas públicas municipais da cidade de Campo Grande-MS por meio de um modelo gerencial, cujo recorte histórico abrange o período de 1998 a 2006. Os objetivos específicos da investigação consistem em mapear a implantação do PDE como parte da política educacional nas esferas federal e municipal; em investigar o processo de implementação do Plano no município de Campo Grande-MS; ainda, em analisar como ocorre a participação da comunidade escolar no processo de elaboração e implantação do Plano, identificando em que medida o PDE contribuiu para melhorar a ação de participação democrática da comunidade escolar. A localização espacial das escolas de ensino fundamental da Rede Municipal de Ensino de Campo Grande para essa pesquisa abrange uma escola localizada na periferia, denominada escola ―A‖, onde são atendidos os alunos de classe social baixa e a segunda, localizada na área central, atende alunos de classes sociais diversificadas aqui denominada de escola ―B‖. A problemática levantada neste estudo esteve ligada às questões do Planejamento Participativo, como referencial teórico-prático na implantação e elaboração do PDE. Uma vez que Xavier (2006) afirma ser o PDE [...] um plano gerencial, um poderoso e moderno instrumento de planejamento, já que este é o documento central do trabalho da escola, refletindo seu conjunto de intenções, lista de metas, atividades e instrumentos de acompanhamento, controle e avaliação, configurando-se como um plano de desenvolvimento ou melhoria da escola e neste sentido, o PDE possibilita aspectos dinâmicos (XAVIER, 2006, p. 10-11). O tempo de implantação do PDE no interior da escola, segundo Oliveira (2000) cobre um período de três a cinco anos, permanecendo em constante avaliação. As modificações para a implementação ocorrem anualmente, em função dos resultados obtidos ou de novas metas, pois o que se pretende é melhorar a qualidade do ensino na escola, não apenas para torná-la mais organizada ou para realização de uma série de ―atividades‖ ou, mesmo para introdução de algumas inovações didáticas. Portanto, presume-se ser um plano da escola, que integra todos os seus setores ou serviços, sistematizando-os com um elevado grau de participação e consenso na sua elaboração, em que seus participantes assumem compromissos para ajudar a implementá-lo. Dois pontos conceituais centrais estão presentes no PDE - o conceito de planejamento e o de participação. A origem do PDE e sua implantação nas escolas públicas municipais de Campo Grande Os dados do Banco Mundial (2005) apontam que o Brasil tem uma população de 176,6 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto (PIB) que em 2004 chegou a R$ 1,8 trilhão, R$ 9.743,00 per capita. Em 2002, existiam no país 52,3 milhões de pobres (pessoas com renda familiar mensal menor que meio salário mínimo per capta), o equivalente a 30,6% da população, tendo diminuído, desde 1992, nove pontos percentuais. Já a pobreza extrema (renda familiar mensal menor que um quarto de salário mínimo per capta) atingia em 2002 11,6% dos brasileiros, ou 20 milhões de pessoas. Conforme os critérios da metodologia de cálculo do Banco Mundial, o Brasil se apresenta bastante próximo de cumprir o primeiro objetivo das Metas do Milênio da ONU, firmadas em 2000, isto é, reduzir pela metade o número de pessoas que ganham menos de um dólar por dia até 2015. Apesar de os números indicarem uma gradual melhora na renda dos mais pobres de 1992 a 2002, com especial intensidade nos anos 1994 e 1995, o índice de pobreza ainda é alarmante, e a extrema (e crescente) concentração de renda aponta o Brasil como o segundo país mais desigual do planeta, atrás apenas de Serra Leoa na África. Em1992, os 20% mais ricos se apropriaram de 55,7% da riqueza nacional; em 1996, de 55,8%; e em 2002, de 56,8%. Na região Nordeste os 20% mais ricos se apropriam mais da renda regional do que os 20% mais ricos do Sudeste — 62,6% contra 53,9%. (BRASIL, 2004, p. 15 e 16). Levando em consideração os dados acima, o Brasil se tornou um dos maiores clientes do Banco Mundial, tendo contraído desde 1949 empréstimos que chegaram a US$ 30 bilhões conforme dados do Banco Mundial (2005, p.7) que foram aplicados nos setores de proteção social, finanças e leis, justiça e administração pública assim como em políticas setoriais, tais como saúde, agricultura e educação. Assim, foram realizados progressos na educação, por meio das políticas educacionais, como a redução das taxas de analfabetismo da população, o aumento das taxas de atendimento escolar e a ampliação da escolaridade média. Esses progressos educacionais, contudo, atingem as regiões brasileiras de forma desigual, onde se destacam as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste em franca desvantagem em face das demais regiões Sul e Sudeste. Na tentativa de reduzir as disparidades regionais - social e educacional, o Fundo de Fortalecimento da Escola (FUNDESCOLA), um programa oriundo de um acordo de financiamento entre o Banco Mundial (BM) e o Ministério da Educação (MEC) e de responsabilidade do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), entrou em cena, celebrando parcerias entre as secretarias estaduais e municipais de educação nos estados envolvidos. A disponibilização dos recursos destina-se a essas regiões para serem utilizados pelos estados e municípios no atendimento aos programas de formação continuada de professores; na implantação de metodologia específica para as escolas rurais; na aquisição de novos equipamentos e mobiliários; na construção e reformas de salas de aula e sanitários de escolas públicas e, também, para implantação e consolidação do Plano de Desenvolvimento da Escola e do Planejamento Estratégico das Secretarias de Educação. Essas iniciativas objetivam a permanência das crianças na escola até que concluam o ensino fundamental. As reformas focalizam o ensino e a aprendizagem, bem como, as práticas gerenciais das escolas e dos sistemas (secretarias de educação). Entretanto, a importância do PDE assinala na ênfase do recurso financeiro para a ―escola com foco no aluno‖. Nesse contexto, a adesão das escolas ao Programa ocorreu pela atração da idéia de modernização da gestão e fortalecimento da autonomia financeira da escola, mediante a adoção do planejamento estratégico, buscando elevar o grau de envolvimento e compromisso de todos os segmentos da escola com os resultados educacionais. Assim, nessa perspectiva, a escola passa a ser responsável pela melhoria da qualidade de ensino. Em Campo Grande, os dados levantados por Ferro (2005, p.125) o PDE foi implantado em Campo Grande/MS e seu entorno, denominado Zona de Atendimento Prioritário 1 (ZAP 1) que abrangeu ―Campo Grande, Bandeirantes, Corguinho, Rochedo, Sidrolândia, e Terenos‖. O detalhamento da metodologia de planejamento para o PDE, em todas as suas fases, encontra-se no manual ―Como elaborar o Plano de Desenvolvimento da Escola: Aumentando o Desempenho da Escola por Meio do Planejamento Eficaz‖, escrito por José Amaral Sobrinho em parceria com Antonio Carlos da Ressurreição Xavier, em 1998, e a sua terceira edição reformulada e publicada em 2006. Em relação as exigências para a escola pública implantar o PDE, conforme o manual do Plano de Desenvolvimento da Escola (BRASIL, 1998), faz-se necessário observar: a - ter acima de 200 alunos no ensino fundamental; b - possuir condições mínimas de funcionamento; c - possuir direção com liderança forte; d - possuir Unidade Executora. Segundo dados obtidos na Secretaria Municipal de Educação/SEMED, apenas 20 escolas municipais1 foram contempladas com o PDE em meados de junho de l998. As vinte escolas aderiram e mobilizaram-se para dar início ao plano, com o apoio da SEMED, que criou uma equipe no interior da Secretaria, ou seja, um Grupo de Desenvolvimento da Escola (GDE), para acompanhar a elaboração, execução e avaliação do PDE nas escolas municipais de Campo Grande. Para iniciar o processo de elaboração, cada escola constituiu o Grupo de Sistematização (GS), composto pelo diretor, orientador educacional, supervisor escolar, secretário geral e um professor representante de cada turno de funcionamento da instituição, o grupo em questão indica o coordenador do PDE. Iniciou-se com o estudo do manual pelo GS e sua divulgação á comunidade escolar, informando e esclarecendo a todos sobre o processo de elaboração e sua importância para a melhoria da escola. Cada escola organizou-se internamente para propiciar a participação dos segmentos no processo de elaboração, de acordo com o manual do PDE e orientações do GDE, esse último, pressionava para que as etapas de sua elaboração fossem cumpridas dentro do prazo pré-estabelecido. Conforme dados coletados na Secretaria Municipal de Educação, o Programa foi expandido a outras unidades escolares a partir do ano de 2000. A cada ano, o percentual de participação financeira do Fundescola decresce. Em contrapartida, 1 Escolas Municipais que implantaram o PDE em Campo Grande/MS: José Rodrigues Benfica, João Nepomuceno, Plínio Mendes dos Santos, Marina Couto Fortes, Leire Pimentel de Carvalho Correa, Iracema de Souza Mendonça, Licurgo Oliveira Bastos, Adair de Oliveira , Antonio José Paniago, Brígida Ferraz Fóss, Danda Nunes, Ernesto Garcia, Geraldo Castelo, Isauro Bento, João Evangelista Vieira de Almeida, Pe. José de Anchieta, Múcio Teixeira Jr., Dr. Tertuliano Meirelles, Manoel Inácio de Souza, Abel Freire de Aragão. aumenta a participação financeira do Município. Em 2007, das 87 escolas da Prefeitura de Campo Grande, 85 foram inseridas no Programa com 100% dos recursos oriundos da Prefeitura, com exceção de duas escolas que por terem sido inauguradas no início de 2007 e não foram incluídas. Conforme demonstração da tabela 1. A busca pela qualidade do ensino segue uma tendência mundial dos sistemas públicos de educação, em contraposição à excessiva burocracia dos sistemas centralizadores que deixam as escolas sem ação, tirando-lhes o direito de participar do processo de sua governança. Oliveira (2002) pontua que os exercícios associados à elaboração do PDE, certamente, encontrariam méritos, entre eles: ensinou a escola a fazer diagnóstico, permitiu o planejamento participativo, oportunizou a análise de meios-fins e ajudou a estabelecer metas de desempenho. Planejamento participativo: o significado da realidade coletivamente construída Como fora apresentado anteriormente, o PDE é uma proposta de planejamento estratégico a ser desenvolvido pelas escolas por meio de um modelo gerencial. Esse conceito de planejamento estratégico, utilizado por diversas organizações comerciais, públicas e não-governamentais, é tomado como base para a idéia que se tem do PDE. Entre os autores que acreditam na eficiência deste tipo de planejamento, cita-se Oliveira (2002), que afirma que toda idéia de planejamento tem como objetivo tentar reduzir incertezas sobre o futuro e a idéia de planejamento estratégico implica em definir prioridades e em articular meios para lograr os resultados prioritários. Ressalta-se a participação coletiva como característica importante para que se elaborem ações que venham a incidir nas práticas escolares, particularmente o desempenho dos alunos. A idéia comum e subjacente a qualquer proposta de PDE deveria ser a de induzir a escola a fazer um diagnóstico de sua situação, para estabelecer as prioridades estratégicas que lhe permitam alcançar seus objetivos e estabelecer metas concretas definidas de forma quantitativa. As práticas de elaboração de PDE frequentemente estão associadas aos conceitos de planejamento participativo e as técnicas do movimento da qualidade total. Gandim (1994) corrobora com a idéia em que o planejamento participativo, enquanto instrumento e metodologia, abre espaços para a questão política, onde a qualidade, a missão e a participação são especialmente valorizadas. Este processo procura alcançar, na prática, o operacional e o estratégico, organizandoos num todo que se constitui no que Paulo Freire (1995) chama de processo de açãoreflexão. Ainda, Gandim (1994) identifica três níveis em que essa participação pode ser exercida: o primeiro nível é a colaboração, o segundo nível é o da decisão e o terceiro nível é o da construção em conjunto. Entretanto, aponta três desastres que, nos dias de hoje, acompanham o conceito de participação, a saber: a manipulação das pessoas pelas autoridades interessadas, por meio da simulação de participação; a utilização de metodologias inadequadas e a falta de compreensão do que seja realmente participação. Análises e considerações deste estudo Com o objetivo de verificar como a participação coletiva ocorre na Rede Municipal de Ensino de Campo Grande no processo de implantação e implementação do PDE, levantamos informações em duas escolas, sobre como se deu a participação de professores, diretores, orientadores educacionais e supervisores escolares, no processo de sua implantação e elaboração, procurando compreender essa participação como um processo democrático. As escolas pesquisadas foram selecionadas preferencialmente, por executarem o PDE durante sete anos consecutivos, por pertencerem da rede municipal de ensino e se situarem em regiões central e periférica. A primeira, denominada neste trabalho de Escola ―A‖, está localizada em um bairro da periferia, atendendo alunos de nível social baixo. A escola ―B‖ atende alunos com níveis sociais baixos e médios em área central da cidade. Considerando que o primeiro grupo a ser constituído para a elaboração do PDE na escola, é o Grupo de Sistematização (GS) e toda a equipe pedagógica é orientada a fazer parte deste grupo no processo de implantação do plano, conforme descrito no manual do PDE. Sobre o Grupo de Sistematização do PDE, Xavier (2006) esclarece: Grupo de sistematização do PDE: composto pela liderança formal da escola (diretor, vice-diretor, coordenador pedagógico, orientador, secretário). É aconselhável que o grupo conte também com representantes dos professores. (XAVIER 2006, p.27). A elaboração do PDE foi considerada como algo trabalhoso e burocrático por alguns sujeitos da Escola ―A‖ e também pela Escola ―B‖. Nas palavras do supervisor escolar da Escola ―B‖: ―Foi razoável. Parte do grupo tinha receio, por achar que se tratava de mais um projeto burocrático e a outra parte achava que seria bom pra escola por trazer recursos para a escola‖. Ao se questionar como ocorreu a participação de cada segmento nesse processo, as respostas das escolas pesquisadas reforçaram as dificuldades na mobilização da escola em proporcionar um ambiente participativo e enfatizam que a participação foi pequena e se resumiu as respostas em questionários, sugestões para aquisição de materiais e o cumprimento de metas estabelecidas. Conforme Diretor da Escola ―A‖: ―A participação dos segmentos no processo foi bem pequena, visto que se resumiu nas respostas das questões e quando responsáveis pelas ações, nem sempre são feitas‖. A resistência maior em participar, deu-se com o segmento dos pais, devido as dificuldades em comparecer às reuniões organizadas para este fim. A fala da Orientadora da Escola ―A‖ esclarece: ―Os pais, devido às dificuldades de comparecerem na escola‖. Quanto ao envolvimento do Corpo Docente, o Diretor da Escola ―A‖, manifesta sua insatisfação: ―O corpo docente, ainda que representantes deste corpo façam parte do grupo de sistematização, nem sempre os demais se envolvem nas ações, talvez por descompromisso para com as propostas elencadas no PDE‖. Verificou-se que houve convergência entre os entrevistados das duas escolas, no que diz respeito ao desânimo de alguns segmentos que atribuiu à sobrecarga de trabalho no ambiente da escola, pois a implementação do PDE modificou a rotina escolar, devido aos prazos pré-estabelecidos para entrega de tarefas e cumprimento de ações que o programa e o GDE exigiam. Fica evidente na fala dos sujeitos que o PDE trouxe mudanças na escola nos últimos anos. Para eles os maiores benefícios foram: - a viabilização da aquisição de materiais para a utilização na escola; - a sistematização do trabalho escolar com a organização de sua rotina; - o direcionamento do trabalho didático com base em dados estatísticos, bem como os resultados de desempenho para atingir os objetivos propostos; - e, ainda, a tentativa de planejamento em conjunto. Quanto ao planejamento coletivo dentro da escola, responderam os entrevistados, que não ocorreu da forma ampla e contínua como julgavam acontecer. Ao serem questionados como avaliam a autonomia da escola, após a implantação e implementação do PDE, as escolas pesquisadas apontaram que a autonomia embasada no PDE é limitada e restrita. Muito embora a palavra autonomia em sua semântica venha atribuir maior abrangência de poderes, é uma prática que não acontece na realidade, segundo declarações feitas por unanimidade pelos sujeitos das escolas. Segundo eles, o poder de decisão na prática, não lhes pertence, mas sim à SEMED. A metodologia Os procedimentos metodológicos da pesquisa documental e da empiria foram alinhavados pela pesquisa bibliográfica, descritiva e qualitativa. A pesquisa de campo desenvolveu-se durante o mês de abril de 2007, com a aplicação de questionários aos seguintes sujeitos da investigação: dois professores, três diretores, três supervisores, três orientadores, que foram selecionados para participar da pesquisa. Como critério de seleção dos sujeitos forma analisados as seguintes proposições: o tempo mínimo de seis anos em serviço na mesma escola onde atuam, compreendendo os anos de execução do PDE e/ou, também, permaneceram na mesma escola até a data da pesquisa. Assim, a pesquisa está estruturada em três capítulos com a seguinte sistematização: no primeiro capítulo, com base nos manuais publicados pelo MEC, FUNDESCOLA, IPEA, UNESCO. Buscou-se esclarecer a trajetória do Programa FUNDESCOLA. O detalhamento de seu principal projeto, o PDE deu-se por meio do Manual do Plano de Desenvolvimento da Escola, escrito por José Amaral Sobrinho e Antonio Carlos da Ressurreição Xavier (1998) e esta mesma obra reformulada em 2006 em sua terceira edição, entre outros. Descreveu-se também, nesse capítulo, como ocorreu a implantação do PDE no município de Campo Grande, por meio de dados coletados na SEMED e de outros estudos relacionados à temática desta pesquisa. No segundo capítulo, apresentou-se os conceitos de planejamento e participação coletiva abordados por diferentes autores, no sentido de esclarecer o objeto de pesquisa. O terceiro capítulo analisou-se e descreveu-se a implantação do PDE nas escolas pesquisados. Nas considerações finais foram sintetizados os resultados levantados na coleta de dados dos questionários aplicados. Considerações finais O conjunto de atribuições embasadas e apregoadas no Plano implantado nas escolas públicas mostrou-nos novos caminhos que transformaram a visão que tínhamos com relação ao desenvolvimento e funcionamento das Unidades Escolares. Ficou evidente, nas respostas dos sujeitos da pesquisa, que a participação se deu por meio de eventos desenvolvidos na escola. Foram realizadas assembléias, reuniões que visavam levantar sugestões para elaboração de ações para atingir metas que viessem alcançar resultados capazes de suprir as necessidades intimamente ligadas ao crescimento e desenvolvimento escolar. Nesse aspecto, constatou-se uma divergência de opiniões acerca do interesse participativo de cada escola. Esse contexto nos transporta a um universo de procedimentos a serem adotados pelas escolas que visam refletir e discutirem a respeito do evento como um todo, nas suas mais minuciosas participações e abrangência de todas as partes envolvidas e que possam oportunizar as praticas democráticas exigidas pelo Plano. Por outro lado, observou-se que a implantação do Plano foi considerada pelos participantes, burocrático e restrito, além de limitar a autonomia das escolas. A dificuldade em planejar coletivamente ainda persiste, uma vez que a rotatividade dos sujeitos no interior das escolas é constante, bem como os aspectos culturais da não participação comunitária, pois falta envolvimento e reflexão do que venha ser o fazer coletivo/conjunto, em que a participação democrática necessita da participação efetiva de todos. A escolarização constitui-se em uma das mazelas sociais, no intuito de compreender o ato educativo a partir do campo das políticas publicas educacionais. Sendo assim, os desafios são muitos, pois a escola enquanto instituição social deveria pensar de forma coletiva em detrimento de pensamentos individualizados. Referências BANCO MUNDIAL. Uma parceria de resultados: o Banco Mundial no Brasil. op.cit., 1 de fevereiro de 2005. p. 7. Disponível em: <http://www.acaoeducativa.org.br/downloads/bancomundial.pdf> Acesso em 20/02/07. BRASIL, Presidência da República. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – Relatório nacional de acompanhamento – O que são as linhas de pobreza e indigência? Brasília: Ipea, 2004. p. 15 e 16. BRASIL.Ministério da Educação e do Desporte. Manual do Plano de Desenvolvimento da Escola – PDE. Brasília: MEC, 1998. FERRO, Olga Maria dos Reis, A Participação De Professores Na Gestão da Escola Sob a Ótica do Mercado. In: SOUZA, Ana Aparecida Arguelho et alii.(orgs.). O Processo educativo na atualidade. Campo Grande: ed Uniderp, 2005. FREIRE, Paulo. Professora Sim, tia não: cartas a quem ouso ensinar. 6 ed. São Paulo, Olho d´Água.1995. FUNDESCOLA, Fundo de Fortalecimento da Escola. Normas para o financiamento de projetos educacionais no âmbito do FUNDESCOLA/Fundo de Fortalecimento da Escola, FUNDESCOLA, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FNDE. Brasília: FUNDESCOLA. MEC/FNDE, 2001. GANDIN, Danilo. A prática do planejamento participativo. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 1994. _________ . Planejamento como prática educativa. 7.ed. São Paulo: Loyola, 1994. OLIVEIRA, João Batista Araújo, CHADWICK, Clifton. Aprender e Ensinar. São Paulo: Global editora, 2000. OLIVEIRA, João Batista Araújo, CHADWICK, Clifton. A escola vista por dentro. São Paulo: Alfa Educativa, 2002. XAVIER, Antônio Carlos da Ressurreição; AMARAL SOBRINHO, José. Como elaborar o plano de desenvolvimento da escola. Brasília: FUNDESCOLA, 1998. XAVIER, Antônio Carlos da Ressurreição; AMARAL SOBRINHO, José. Como elaborar o plano de desenvolvimento da escola. 3. ed. Brasília: FUNDESCOLA, 2006. Anexo Tabela 1: Acompanhamento do crescimento da participação de escolas municipais atendidas desde o início do Programa na Rede Municipal de Ensino – Campo Grande: 1999 2000 2001 2003 2005 2007 20 75 79 83 84 85 Fonte: SEMED (elaboração para este trabalho)